GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO
SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE DE SÃO PAULO
COORDENAÇÃO DOS INSTITUTOS DE PESQUISA
CENTRO DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA
“PROF ALEXANDRE VRANJAC”
DIVISÃO DE DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS
“PREVENÇÃO
DE DOENÇAS
CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS”
(DCNT)
e de seus FATORES DE RISCO”
GUIA BÁSICO
para AGENTES DE SAÚDE
2ª EDIÇÃO ATUALIZADA
2002
1
NOTA
A Divisão de Doenças Crônicas Não Transmissíveis,
do Centro de Vigilância Epidemiológica “Prof. Alexandre
Vranjac”
da Secretaria de Estado da Saúde do Estado de São Paulo
foi criada por Decreto nº 28.233 em 3 de março de 1989,
para coordenar as ações de prevenção e controle
de doenças crônicas não transmissíveis no estado de São
Paulo.
2
GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO
GERALDO ALCKMIN
GOVERNADOR DE ESTADO
SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE DE SÃO PAULO
JOSÉ DA SILVA GUEDES
SECRETÁRIO DE ESTADO
COORDENAÇÃO DOS INSTITUTOS DE PESQUISA
JOSÉ DA ROCHA CARVALHEIRO
COORDENADOR
CENTRO DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA
“PROF ALEXANDRE VRANJAC”
JOSÉ CÁSSIO DE MORAES
DIRETOR TÉCNICO
DIVISÃO DE DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS
ANA MARIA SANCHES
DIRETORA TÉCNICA
ELABORAÇÃO
Equipe Técnica - DIVISÃO DE DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS
Equipe Técnica e de apoio administrativo
ADRIANA BOUÇAS RIBEIRO
AFRICA ISABEL DE LA CRUZ PEREZ NEUMANN
ANA MARIA PLUCIENNIK
ANA MARIA SANCHES
ARTUR JAQUES GOLDFEDER
CARLOS FERNANDO BITTENCOURT NEUMANN
DALVA MARIA DE OLIVEIRA VALENCICH
IZABEL CRISTINA RIOS
JOSÉ RAIMUNDO SICA
LENILZA MOURA DOS SANTOS
LÚCIA ELISA PRESTES SALVE
LUIZ FRANCISCO MARCOPITO
MARCO ANTONIO DE MORAES
MARIA APARECIDA PACHECO
MARIA CÉLIA GUERRA MEDINA
MARIA NATIVIDADE SABINO
MÍRIAN MATSURA SHIRASSU
RODOLFO BRUMINI
SÉRGIO SÃO FINS RODRIGUES
SIDNEY FEDERMANN
ORGANIZAÇÃO da segunda edição
AFRICA ISABEL DE LA CRUZ PEREZ NEUMANN
MARIA CÉLIA GUERRA MEDINA
ANA MARIA SANCHES
MARCO ANTONIO DE MORAES
MARIA APARECIDA PACHECO
1. INTRODUÇÃO
3
RISCO em epidemiologia significa a probabilidade de que pessoas sadias, expostas
a certas condições, adquiram uma doença. São chamados de fatores e condições de
risco para uma determinada doença as situações ou “causas” que levam à doença.
Estes fatores que estão associados a um risco aumentado de adoecer são chamados de
fatores de risco.
As Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) são um grupo de enfermidades
cujo processo de instalação no organismo geralmente se inicia com alterações, sem que
o indivíduo perceba e que demoram anos para se manifestar. Geralmente não há cura
porque as lesões causadas são irreversíveis, levando a complicações com graus
variáveis de incapacidade ou morte, sendo que as principais são as do aparelho
circulatório (hipertensão arterial, infarto do miocárdio e outras doenças do coração,
derrame ou acidente cerebrovascular), os diversos tipos de câncer, o diabetes, as
doenças pulmonares obstrutivas crônicas (como o enfisema e bronquite crônica), as
doenças osteo-articulares (como a osteoporose e as artroses), a obesidade, as
dislipidemias (excesso de gordura no sangue),entre outras.
Cerca de 300 pessoas morrem diariamente por estas enfermidades somente no
estado de São Paulo e cerca de 40% nem chegam a completar 60 anos de idade. Os
principais fatores e condições de risco para as DCNT são alguns hábitos como o
tabagismo, o consumo exagerado de bebidas alcoólicas, alimentação inadequada, a
falta de atividade física, o estresse, a tendência genética e algumas condições de vida e
de trabalho, entre outras.
Somente uma parte das pessoas (cerca de 20%) têm alguma causa genética ou
outra alteração orgânica de nascimento considerados como risco para estas
enfermidades e, mesmo com a presença do determinante genético, nem sempre a
doença se instala. Na grande maioria das vezes as doenças são a conseqüência dos
demais riscos mencionados e todos eles por sua vez estão relacionados às formas e
possibilidades de se viver nos nossos dias.
Os hábitos e situações de vida, como o estresse, associados à pobreza, à violência,
aos problemas com o transporte nas grandes cidades, à falta de trabalho ou trabalho
excessivo ou até as más condições - na cidade ou no campo, o consumo exagerado de
alimentos industrializados, de cigarros e bebidas; além de pouca atividade física e
pouco tempo para relaxar contribuem para aumentar o risco de desenvolver estas
doenças. Em geral, o risco é muito superior nas populações de baixa escolaridade e
renda, desempregados e naqueles submetidos a piores condições de trabalho.
Está provado que é possível modificar a exposição a tais riscos e que estas
modificações se tornam mais fáceis de acontecer quando são estimuladas de forma
coletiva: nos locais de trabalho, dentro e fora da unidade de saúde, nas escolas e nas
organizações comunitárias. É importante salientar que para modificar hábitos e
costumes leva-se tempo e que algumas condições também precisam estar ao alcance
das comunidades: a disponibilidade de alimentos saudáveis em escolas e locais de
trabalho, locais para realizar atividades físicas, melhores condições de trabalho e
estudo, maior acesso à cultura e lazer para adultos, crianças, enfim, para as famílias.
Este manual é dedicado aos agentes de saúde e outros trabalhadores das unidades
de saúde, que no seu dia a dia têm a oportunidade de orientar famílias e comunidades
quanto aos riscos e, principalmente, quanto às possibilidades de mudança desta
realidade para uma vida mais longa e com mais saúde !
4
2.
FATORES E CONDIÇÕES DE RISCO PARA DCNT
Os fatores e condições de risco para DCNT são muitos e geralmente as pessoas estão
expostas a mais de um deles. Uma pessoa nesta situação passa a ter um risco maior do
que a simples soma dos mesmos; é como se os riscos não apenas se somassem, mas
se multiplicassem. Didaticamente, os fatores de risco são separados em quatro grupos:
- constitucionais: idade, sexo, raça e hereditariedade – não passíveis de
modificações (até o presente momento): a criança já nasce com problemas que podem
se manifestar mais tarde;
- comportamentais: hábitos alimentares errôneos, hábito de fumar, inatividade
física, consumo de álcool entre outros, passíveis de modificações;
- sócioeconômico-culturais e psicossociais: renda, escolaridade, ocupação,
classe social, condições ambientais, nível de estresse, entre outras - também são
passíveis de modificações – só obtidas mediante transformações profundas da
sociedade;
- doenças ou distúrbios metabólicos - geradas por uma combinação dos fatores
constitucionais e comportamentais/ambientais que aumentam as chances de
desenvolvimentos das DCNT: quantidades anormais de colesterol, triglicérides, glicose
no sangue e fatores que alteram a coagulação sangüínea; pressão arterial aumentada,
entre outros; sobrepeso/obesidade, diabetes mellitus (DM).
O gráfico seguinte mostra a mortalidade proporcional por algumas DCNT no estado
de São Paulo - 1998, para ambos os sexos e todas as idades.
Gráfico 1. Mortalidade proporcional por DCNT no estado de São Paulo,
ambos os sexos, todas as idades, 1998.
Neoplasias - cânceres 16,5%
D. Ap. Circulatório 33,5%
D. Ap. respiratório 10,3
D. Ap. Digestório 5,3%
D. endócrinas 4%
outras 46,9%
Fonte: SES, 2000.
Os estudos estatísticos mostram que atualmente a obesidade é responsável por
50% dos casos de diabetes, 30% de hipertensão, e um valor não calculado de vários
tipos de câncer. O hábito de fumar, por sua vez, responde por 30% de todos tipos de
câncer, sendo que é responsável único por 90% dos casos de câncer de pulmão, 25%
dos casos de doença isquêmica do coração e 95% dos casos de enfisema pulmonar. As
condições sócio econômicas por si só são responsáveis por 50% das mortes por
doenças cardiovasculares (hipertensão, infarto, derrame e outras doenças do coração).
Estes são apenas alguns dados que mostram que o problema destes riscos na
população são graves e precisam ser controlados e evitados.
5
2 .1
HÁBITO DE FUMAR
Atualmente existem no mundo cerca de 1 bilhão e 200 milhões de fumantes, que
consomem por ano uma média de 6 trilhões de unidades de cigarro, levando a
conseqüências desastrosas, sendo o tabagismo cada vez mais reconhecido como um grave
problema de saúde pública, devido a enorme complexidade de danos causados à saúde, à
economia, ao meio ambiente, e à sociedade de uma maneira geral .
Desde o seu cultivo, passando pelo processo de beneficiamento, fabricação, distribuição,
venda e principalmente o consumo, o tabaco e seus derivados ocasionam uma enormidade
de malefícios.
O consumo do cigarro é responsável por 90% dos casos de câncer de pulmão e está
ligado à origem de tumores malígnos em oito órgãos (boca, laringe, pâncreas, rins e bexiga,
além do pulmão, colo de útero e esôfago). Também ao uso de cigarro podemos relacionar
85% da mortes por doença pulmonar obstrutiva crônica (enfisema e bronquite crônica), 25%
das mortes por doença coronariana e 25% das mortes por doença cerebrovascular.
Um único cigarro possui 4.720 substâncias tóxicas, sendo que as mais conhecidas são a
nicotina (responsável pela dependência química), o alcatrão (responsável pelos cânceres) e
o monóxido de carbono. Quanto maior é o número de cigarros fumados por dia e o tempo
que se fuma, maior a possibilidade destas doenças. Entretanto, só um cigarro por dia já é
prejudicial!
Diante do quadro em que o tabagismo é o maior fator isolado de adoecimento e morte no
mundo, e que muitos trabalhadores em geral passam 80% de seu tempo em ambientes
fechados, expostos à poluição tabagística ambiental, além do fato de estar aumentando o
consumo de cigarros em crianças, jovens e mulheres, torna-se necessário implementar
medidas que visem a redução da exposição da população a esse grave fator, com objetivo de
melhorar a qualidade de vida: nas unidades de saúde, ambientes de trabalho, escolas e
comunidade em geral.
Para controlar o tabagismo devemos usar tanto a abordagem preventiva como a curativa
(tratamento). A abordagem preventiva envolve programas educacionais coletivos, incluindo
ações quanto às propagandas direta e indireta de cigarros e ações no nível de atenção
primária à saúde; a abordagem curativa envolve programas de ajuda para deixar de fumar.
Ajudar um indivíduo a deixar de fumar envolve principalmente o aconselhamento do
profissional de saúde que poderá ser realizado através de uma abordagem mínima em uma
consulta feita pelo médico, enfermeiro ou ainda outro profissional de saúde. Também envolve
a abordagem intensiva que implica em sessões especializadas para ajudar na cessação do
tabagismo.
A prevenção do tabagismo é o principal passo para o controle do tabagismo, mas sempre
vale a pena ajudar um paciente a deixar de fumar, em qualquer momento da sua vida, não
importando sua idade ou condição clínica.
2.2. HÁBITOS ALIMENTARES
Inúmeros estudos realizados nas últimas décadas têm demonstrado o importante papel
da alimentação, causando ou prevenindo doenças.
A população brasileira tem, ultimamente, mudado seu hábitos alimentares... e mudado
para pior! O consumo do doces, refrigerantes, massas, bolachas tem aumentado bastante.
Entretanto, o consumo de arroz, feijão, frutas e verduras vem diminuindo muito. Portanto, a
qualidade da alimentação do brasileiro está se tornando inadequada.
Mediante dieta adequada em quantidade e qualidade, o organismo adquire a energia e os
nutrientes necessários para o bom desempenho de suas funções e para a manutenção de
um bom estado de saúde. De longa data conhecem-se os prejuízos decorrentes, quer do
consumo alimentar quantitativamente insuficiente, quer do excessivo.
6
Os alimentos que causam ao organismo efeitos nocivos são vários, porém, em relação
às DCNT destacam-se principalmente, os alimentos e/ou preparações que contém gordura
de origem animal e sal - quando consumidos em grande quantidade e diariamente.
São considerados protetores os alimentos que contém ácidos graxos insaturados:
poliinsaturados - ômega-3, ômega-6, entre outros - e monoinsaturados - ômega 9. Os
alimentos fontes destas substâncias são os óleos vegetais – soja, milho, algodão, oliva,
entre outros – e os peixes – sardinha, salmão, cavala, atum, entre outros.
O consumo de alimentos vegetais – cereais, leguminosas, frutas em geral, verduras e
legumes podem reduzir os riscos para várias doenças. Isto tem sido atribuído, em parte, à
presença das fibras alimentares, de algumas vitaminas e das substâncias antioxidantes
presentes nestes alimentos.
Os bons hábitos alimentares devem começar na infância. Muitas pessoas só começam a
comer frutas, outros vegetais e a diminuir o consumo de alimentos ricos em gorduras, sal e
açúcar depois do surgimento de alguma doença – preparam sua “comidinha” separada,
enquanto a família continua sob o risco de uma alimentação inadequada.
A Divisão de Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DDCNT/CVE/SES, criou o
Programa “Alimentação saudável na prevenção de DCNT”, com o logotipo: “Turma da saúde
– os amigos da boa alimentação” para estimular o consumo de uma alimentação saudável
pela população em geral, capacitando profissionais da rede da saúde, de empresas e de
escolas e promover a divulgação de informações sobre os riscos de uma alimentação
inadequada.
QUADRO 1. FATORES LIGADOS À ALIMENTAÇÃO QUE AUMENTAM O RISCO DE
DCNT
COMPONENTES
GORDURAS
SATURADAS
E COLESTEROL
SAL (SÓDIO)
NITROSAMINAS/
NITRITOS E NITRATOS
ALCATRÃO/ SULFITO
AFLATOXINAS
(fungo)
ÁLCOOL
ALIMENTOS
RISCO
Carnes gordas, embutidos,
Queijos amarelos,
frutos do mar,
miúdos, gema de ovo
Preparo dos alimentos,
enlatados, embutidos,
temperos prontos
Defumados, churrascos,
sucos de fruta em garrafas
Câncer de mama, cólon,
próstata, aterosclerose,
derrame, infarto
Alimentos mofados
(amendoim e outros grãos)
Pinga, cerveja,
uísque, vodka
Câncer de fígado
Câncer de estômago,
pressão alta,
Doenças do coração
Câncer do trato digestório
(estômago, cólon)
Câncer de fígado, boca,
esôfago,
laringe, pressão alta, derrame
Fonte: WHO, 1990; HALLIWELL, 1994/ 1997; WILLET, 1994/1998; LARSEN, 1999.
7
QUADRO 2. FATORES LIGADOS À ALIMENTAÇÃO QUE PROTEGEM DAS DCNT
COMPONENTES
ALIMENTOS
PROTEÇÃO
VITAMINA A
(beta caroteno)
Vegetais e frutas amareloalaranjados
e vegetais de folha verde-escuras
Câncer de pulmão, laringe,
próstata, estômago
VITAMINA C
Laranja, limão, cajú,
kiwi, morango
Câncer de estômago, boca,
pulmão, doenças do coração
VITAMINA E
Óleos vegetais, abacate,
nozes, alho, cebola
Câncer de pulmão, boca,
doenças do coração
SELÊNIO
Castanha do pará,
aves, peixes
Câncer do trato digestório,
pulmão, glândulas, próstata
FIBRAS
Frutas e verduras,
cereais integrais
Câncer de cólon,
doenças do coração,
controlar a glicemia
GORD. MONO
INSATURADA E
ÁC. GR. ÔMEGA 3
Azeite de Oliva, canola,
Peixes
Prevenir doenças
do coração
FITOQUÍMICOS
Flavonóides
Alimento de origem vegetal
(alho, cebola, uva, berinjela, etc)
Prevenir doenças
do coração
Fonte: WHO, 1990; HALLIWELL, 1994/ 1997; WILLET, 1994/1998; LARSEN, 1999.
2.3 SEDENTARISMO
Não há dúvidas de que o sedentarismo é uma das principais causas para o
favorecimento e manutenção do aumento do peso corporal, sendo que este excesso de peso
leva a outros sérios problemas. Vários estudos comprovam que a atividade física tem um
efeito positivo nos riscos de enfermidades cardiovasculares, no tratamento primário ou
complementar da arteriosclerose, no perfil dos lipídeos plasmáticos, na manutenção da
densidade óssea, prevenindo a osteoporose), na redução das dores lombares, no diabetes,
além de benefícios psicológicos a curto prazo (melhora da auto-imagem, do humor e do autoconceito) e a longo prazo (diminuição da ansiedade, do estresse e da depressão).
Já foi constatado também que, em indivíduos ativos a prevalência de certos tipos de
câncer é menor. Mesmo pessoas que foram sedentárias até os 40 anos mas, a partir de
então, passaram a adotar um estilo de vida ativo, tiveram um ganho médio de dois anos e
meio na expectativa de vida. O ambiente da sociedade moderna tem um papel
desencorajador para a prática da atividade física como, por exemplo: os avanços
tecnológicos na área do lazer (televisão, eletrodomésticos, computadores, controles
8
remotos), aumentando o tempo diário em atividades sedentárias. Frente as atuais evidencias
podemos estimar que o mesmo padrão de vida sedentária vai continuar e piorar no futuro,
portanto, novas estratégias devem ser implementadas para aumentar a atividade física da
população. É importante saber que:
Atividade física é qualquer movimento do corpo produzido pelo músculo esquelético que
resulta em um incremento do gasto energético.
Exercício é uma atividade física planejada e estruturada com o propósito de melhorar ou
manter o condicionamento físico.
Esporte é uma atividade física que envolve competição.
Vários programas de intervenção tem sido incentivados no mundo para difundir na
população o aumento da atividade física. O único pais em desenvolvimento com uma
proposta concreta é o Brasil com o Programa Agita São Paulo, que pelo impacto alcançado
(mais de 30 milhões de pessoas/mensagem em um ano) tem recebido um reconhecimento
internacional, particularmente da Organização Mundial da Saúde (OMS).
A proposta deste programa para o incremento do nível de atividade física é, a longo prazo
promover mudanças que aumentem a atividade diária rotineira e mantenham a ocupação
do tempo livre, praticando exercícios de baixa intensidade em lugar de estimular o exercício
vigoroso ocasional que leve à exaustão. Alguns exemplos populares incluem: passear com o
cachorro, cuidar do jardim, dançar, pedalar, limpar vidros, lavar o carro, varrer, nadar,
caminhar , evitar de usar o carro, preferir realizar atividades em pé ao invés de sentado, usar
escada ao invés do elevador, etc.;
As pessoas que trabalham sentadas ou paradas muito tempo devem ser estimuladas a
andar a pé, subir escadas - evitando elevador ou escada rolante, por exemplo. Porém, quem
precisa diminuir o peso corporal deve seguir orientação de um profissional para verificar o
tipo de exercício mais adequado.
A atividade deve ser prazerosa de forma a estimular uma participação regular e
desestimular o comportamento sedentário, promovendo e estimulando uma variedade de
atividades físicas nas crianças para que estas se tornem fisicamente ativas na idade adulta.
Situações que estimulem atividades, como campeonatos para os diversos tipos de esportes e
aproveitamento de espaços ociosos na comunidade são fundamentais para o envolver e
estimular nossas crianças!
2.4. CONSUMO DE ÁLCOOL
As bebidas alcoólicas possuem etanol, uma substância tóxica que lesa órgãos como o
cérebro, o coração, o fígado e o pâncreas. Não há dúvidas de que as bebidas alcoólicas, em
grandes quantidades e por tempo prolongado, são prejudiciais. Quem exagera corre o risco
de se viciar e pode arruinar sua vida.
As bebidas alcoólicas provocam pressão alta e podem tirar o efeito dos medicamentos
usados para baixar a pressão. Entre 5 e 10% dos homens têm pressão alta causada pelo alto
consumo de bebidas alcoólicas, ou seja, beber mais do que 30 g de etanol/dia, o que
eqüivale a beber, por dia, mais que uma cerveja, um copo grande de vinho ou 1-2 doses de
pinga, uísque ou vodca.
Outro ponto importante é o tipo de bebida: as fermentadas (vinho, cerveja),
principalmente o vinho, que possui substâncias chamadas flavonóides, que protegem as
artérias.
Os pesquisadores acreditam que o etanol, em pequenas quantidades, pode elevar o
nível do "colesterol bom" no sangue. Esse tipo de colesterol, chamado HDL-colesterol, ajuda
9
a “limpar” a gordura que se acumula nas artérias, evitando o seu endurecimento. Mas é bom
lembrar que: tomar bebidas alcoólicas não é tratamento para prevenir infarto!
Tomar bebidas alcoólicas em pequenas quantidades é beber cerca de 10 g/dia de etanol,
o que eqüivale a beber, por dia, um copo de cerveja, um cálice pequeno de vinho.
É bom lembrar também que as bebidas alcoólicas tem muitas calorias: uma garrafa de
cerveja tem, mais ou menos, 300 calorias; um copo de vinho, 100 calorias; uma dose de
uísque, pinga ou conhaque, 150 calorias! Além disso, retardam os reflexos, impossibilitando
a direção de veículos, podendo provocar acidentes.
2.5. ESTRESSE
O ESTRESSE é uma reação que todos os animais têm para se defender de situações de
perigo. Se imaginarmos que para salvar a pele diante de um animal feroz precisamos pensar
e agir rápido para correr ou estancar um possível sangramento, podemos compreender o
que muda no organismo diante de uma situação estressante.
Primeiro, é necessário que o coração e os pulmões aumentem a atividade, que mais
açúcar e gorduras cheguem ao sangue para fornecer energia para a ação acelerada: dos
músculos, principalmente ... “pernas pra que te quero”...
O fato é que as situações que provocam estresse, raramente são solucionadas com uma
corrida ou uma luta física. No entanto, o organismo não pode identificar essas sutis
diferenças e fazem o coração bater mais depressa, a respiração fica mais intensa, muita
adrenalina vai para a corrente sangüínea: tudo coordenado por várias áreas do nosso
cérebro.
Nas atuais condições de vida a maioria das pessoas passa quase que diariamente por
muitas situações de estresse e este sistema acaba sendo acionado várias vezes. Esse
excesso crônico ou agudo de situações “estressantes” acaba desregulando o sistema todo e
provocando várias doenças, como a pressão alta, infarto, derrame, diabetes, infecções,
vários tipos de câncer, depressão, perda da memória, tendência a dependência ao álcool,
tabaco e outras drogas.
Grande parte do estresse ocorre por conta de situação como a pobreza extrema, más
condições e/ou excesso de trabalho ou a falta dele, situações de desentendimentos, conflitos
e até provocado pelo recebimento de más notícias que nos chegam de toda forma, como
também do nosso jeito de encarar a vida...
Muitas soluções ou, pelo menos, alívio têm sido alcançadas por meio de projetos
comunitários, programas governamentais ou não-governamentais. Muitas empresas têm
adotado forma de administração participativa, com redução do estresse do trabalhador.
Porém, as soluções mais definitivas dependem de políticas econômicas e sociais que
atendam às necessidades de educação, emprego e moradia das pessoas.
Algumas atitudes individuais podem reduzir o nível do estresse. A maioria das pessoas
que conseguiu mudar esta situação começou modificando a maneira de pensar e agir:
Refletir mais antes de agir - isto pode nos ajudar a separar o que é realmente
importante, deixando de se incomodar com o que não é importante;
Muitos problemas são coletivos e têm de ser resolvidos junto com a família, os colegas
de trabalho, os vizinhos e amigos - este é um ponto importante: participar!
Ter um tipo de relaxamento: um momento de boa música ou outra atividade de que
goste muito;
Aprender coisas novas, voltar a estudar... além de se divertir, são formas positivas para
reduzir o estresse. Procure administrar o tempo: para a família, o lazer e o estudo, não
só o trabalho.
10
2.6.
HIPERTENSÃO ARTERIAL
PRESSÃO ARTERIAL é a força que o sangue exerce nas paredes das artérias. São
usados para definir esta força: pressão sistólica - quando o coração contrai (bate) e
empurra o sangue e a pressão diastólica - quando o coração está em descanso (entre
batimentos). A pressão arterial aumenta quando o coração bate mais rápido ou as artérias
ficam mais estreitas ou há retenção de líquidos no organismo (edema, inchaço).
Cerca de 16 milhões de brasileiros tem pressão alta. É o problema de saúde pública mais
comum em todos os países e se não for tratada leva a várias doenças, sendo a mais comum
a de origem cardiovascular.
A pressão alta, muitas vezes não apresenta qualquer sintoma, por isso é chamada de
"assassino silencioso"! Não pode ser curada, mas pode ser controlada, sendo que a
prevenção e o tratamento diminuem os riscos de sobrecarregar o coração e os vasos
sangüíneos e assim, evita-se o derrame e o infarto. A pressão arterial descontrolada pode
também danificar os rins.
Os estudos mais recentes mostram que consumir alimentos vegetais – ricos em potássio
e magnésio, assim como tomar 1-2 copos de leite ou seus derivados todos os dias – ricos em
cálcio ajudam a diminuir a pressão alta.
Tabela 1. Classificação diagnóstica da hipertensão arterial (adultos < 18 anos de
idade)
PADiastólica (mmHg) PASistólica (mmHg)
Classificação
< 85
< 130
Normal
85-89
130-139
Normal limítrofe
90-99
140-159
Hipertensão leve (estágio 1)
100-109
160-179
Hipertensão moderada (estágio 2)
> 110
> 180
Hipertensão grave (estágio 3)
< 90
> 140
Hipertensão sistólica isolada
Fonte: III Consenso Brasileiro de Hipertensão Arterial – CBHA, 1998.
O que mais deve ser feito, já que a hipertensão não pode ser curada, mas pode ser
controlada ?
manter o peso adequado, pois o sobrepeso/obesidade é, reconhecidamente, o maior
fator de risco;
reduzir o consumo de sal (sódio);
manter-se ativo; limitar o consumo de bebidas alcoólicas;
comer alimentos ricos em potássio, cálcio e magnésio.
A alimentação pode contribuir muito na redução da hipertensão: ter uma alimentação
balanceada, contendo quantidades adequadas de frutas, verduras e laticínios “magros”.
(ver mais dicas sobre alimentação no capítulo seguinte)
2.7.
DISLIPIDEMIAS
11
São distúrbios metabólicos que ocorrem nos chamados “transportadores” das gorduras
que circulam na corrente sangüínea. O tratamento efetivo é capaz de impedir o
desenvolvimento da placa da ateroma, a formação do trombo e lesões nos vasos
sangüíneos.
Hipercolesterolemia: é o aumento do colesterol total e/ou LDL-colesterol na corrente
sangüínea.
O colesterol é um tipo de gordura produzida no fígado encontrada normalmente no
sangue e em todas as células do corpo. Também está presente em alguns alimentos,
principalmente nos de origem animal. O colesterol depende de um “transportador” quando
está no sangue – as lipoproteínas. Dependendo da proteína, formam-se diferentes tipos de
colesterol: o LDL (lipoproteína de baixa densidade) e o HDL (lipoproteína de alta densidade)
são os mais importantes.
O LDL é chamado "colesterol ruim" porque, em excesso no sangue, pode formar placas
de gordura que provocam o entupimento das artérias – aterosclerose – responsável pelo
infarto (ataque cardíaco) e acidente vascular cerebral – AVC (derrame cerebral). É adquirido
pela ingestão de alimentos gordurosos de origem animal.
O HDL - chamado de "colesterol bom" - ajuda a retirar o LDL do sangue, evitando o
entupimento das artérias e suas conseqüências.
As pessoas que têm colesterol elevado geralmente não sentem nada... Assim, a melhor
coisa a fazer a partir dos 20 anos de idade é fazer a dosagem de colesterol no sangue,
conforme orientação médica.
QUADRO 3. CLASSIFICAÇÃO DIAGNÓSTICA DAS DISLIPIDEMIAS.
(valores de referência dos lípides para indivíduos com mais de 20 anos de idade).
LÍPIDES mg/dl
ÓTIMO
DESEJÁVEL
LIMITROFES
ALTO
Colesterol total
< 200
-
200- 239
> 240
LDL colesterol
< 100
100-129
130-159
160 – 189
HDL colesterol
> 60
-
ATÉ 40
Triglicérides
< 150
150 - 200
-
MUITO ALTO
> 190
-
201- 499
> 500
Fonte: III Diretrizes Brasileiras Sobre Dislipidemias e Diretriz de Prevenção da Aterosclerose,
2001.
Fatores de riscos para o aumento do colesterol:
• Consumo excessivo de alimentos gordurosos
• Excesso de peso
• Sedentarismo
• Hereditariedade
• Pressão alta
• Estresse
-
• Tabagismo
Cuidados especiais para reduzir o colesterol no sangue:
além de controlar o peso (se estiver “gordinho” trate de emagrecer!).
praticar exercícios com orientação de profissional qualificado e...parar de fumar!
(ver mais dicas sobre alimentação no capítulo seguinte)
Hipertrigliceridemia é o aumento dos triglicérides - outro tipo de gordura – quilomícrons –
no sangue. Geralmente ocorre em pessoas que tem algum distúrbio na metabolização dos
açúcares.
12
-
O cuidado da hipertrigliceridemia inclui, além das recomendações anteriores:
reduzir o consumo de açúcares e derivados (pão, bolos, massas, etc.) e bebidas
alcoólicas e tratar o diabetes, se presente.
2.8.
DIABETES MELLITUS
O diabetes é um erro inato do metabolismo com manifestações diversas, onde o
denominador comum é o aumento da glicose, um açúcar circulante na corrente sanguínea.
Esta elevação da glicose ocorre, na maioria das vezes, por diminuição na produção de
insulina ou por dificuldade na ação deste hormônio.
A insulina, é o principal responsável pelo aproveitamento e metabolização da glicose
pelas células do nosso organismo, com finalidade de gerar energia. É produzida pelo
pâncreas e sua falta ou ação deficiente acarreta modificações importantes no metabolismo
das proteínas, das gorduras, sais minerais, água corporal e principalmente da glicose.
As formas mais comuns são diabetes tipo 1 e diabetes tipo 2, ambos com conotação
familiar. O tipo 1 é mais comum na criança e juventude, e em geral, necessita de aplicação
diária de insulina para sua sobrevivência. Já o tipo 2, aparece mais após os 40 anos de idade
e em cerca de 90% das vezes a pessoa é obesa. O diabetes tipo 2 é cerca de 8 a 10 vezes
mais comum que o tipo 1 e pode responder ao tratamento com dieta e exercício físico. Outras
vezes vai necessitar de medicamentos orais e por fim, a combinação destes com a insulina.
No caso de um paciente com diabetes do tipo 2 ter de usar insulina no tratamento, não o
transforma em paciente com diabetes tipo 1 - são doenças diferentes. Existem outros tipos
específicos de diabetes: o que aparece na gravidez é o diabetes gestacional. Hoje são
conhecidos mais de 20 tipos de enfermidades, que cursam com hiperglicemia e portanto, são
catalogadas como Diabetes Mellitus.
Os sintomas mais comuns são: sede excessiva, excesso de urina, muita fome, cansaço e
emagrecimento. Muitos adultos tem diabetes e não sabem, pois tem sintomas muitas vezes
vagos como formigamento nas mãos e pés, dormências, peso ou dores nas pernas,
infecções repetidas na pele e mucosas. Portanto, é importante pesquisar diabetes em todas
as pessoas com mais de 40 anos de idade.
O diabetes pode ser detectado através de testes simples que pesquisam a presença de
açúcar na urina ou que avaliam a quantidade de açúcar no sangue. Mas o diagnóstico deve
ser comprovado através do exame laboratorial de sangue (glicemia), que pode ser realizado
em três condições:
- glicemia pela manhã em jejum de, pelo menos, 8 horas (uma noite) e o resultado igual ou
superior a 126mg/dl é sugestivo de diabetes;
- glicemia - 2 horas após sobrecarga com 75g de glicose (a glicose é ingerida com água,
após jejum de uma noite; o sangue é colhido 2 horas após para dosagem da glicose), o
resultado igual ou superior a 200mg/dl é sugestivo de diabetes;
- glicemia casual (sangue colhido em qualquer horário do dia, sem relação com alimentação)
- apenas nas pessoas que estão apresentando quadro clínico sugestivo de diabetes (muita
fome, muita sede e muita urina) e o resultado igual ou superior a 200mg/dl é sugestivo de
diabetes.
- um resultado positivo por qualquer critério acima, deverá ser referendado nos dias
subsequentes por uma nova glicemia de jejum ou 2 horas pós-sobrecarga.
O diabetes tem tratamento e pode ser controlado. Hoje temos evidências que a
manutenção da glicemia normal ou próximo do normal, leva ao desaparecimento dos
sintomas e previne as complicações. Assim a qualidade de vida da pessoa é restabelecida e
sua produtividade no trabalho é normal.
13
Diversos estudos têm comprovado que, em indivíduos com predisposição para o diabetes, a
atividade física sistemática pode ajudar na prevenção, além de auxiliar na manutenção do
peso ideal. (ver mais dicas sobre atividade física no capítulo seguinte)
2.9.
OBESIDADE
A obesidade é atualmente um dos mais graves problemas de saúde pública. Sua
prevalência vem crescendo acentuadamente nas últimas décadas, inclusive nos países em
desenvolvimento, o que levou a doença à condição de epidemia global.
A obesidade e/ou o sobrepeso podem resultar da ação isolada ou conjunta de diferentes
fatores: genéticos, endócrinos, ambientais, culturais, socioeconômicos, psicossociais, mas na
maioria das vezes é o resultado de um consumo de alimentos maior do que o necessário,
combinado com um modo de vida sedentário, ou seja, sem que haja gasto energético
compatível. Daí, a energia proveniente dos alimentos que não é utilizada, é transformada em
gordura para poder ser armazenada – no tecido adiposo.
A obesidade pode iniciar-se a qualquer idade, porém foram identificados alguns períodos
mais
críticos:
a) no inicio na infância - durante o primeiro ano de vida - o tamanho das células adiposas
quase se duplica e não o número; entre os 5-7 anos de idade, pode ocorrer aumento
progressivo do número de células adiposas);
b) na adolescência, devido a alterações hormonais - hiperplasia dos adipócitos;
c) no inicio na idade adulta - aumento no tamanho das células:
- na mulher - no período da gestação
- no homem - estilo de vida sedentário, tendo sido muito ativo na adolescência.
As pessoas com sobrepeso ou obesidade, comparados às pessoas de peso normal, tem
chance maior de apresentar doenças como a hipertensão arterial, o diabetes, as doenças de
coluna e outras articulações, vários tipos de câncer, cálculos biliares e o aumento de
gorduras no sangue, como colesterol. Por meio da diminuição de peso corporal
(emagrecimento) pode-se conseguir a diminuição no TAMANHO celular, mas o número de
células permanece o mesmo.
Para determinarmos o peso ideal o método mais usado e recomendado pela Organização
Mundial de Saúde é o Índice de Massa Corpórea (IMC). Obtemos esse índice dividindo o
peso (em quilogramas) pela altura (em metros), elevada ao quadrado: IMC = Peso / Altura
x Altura
Ex.: Uma pessoa com peso de 95Kg e 1,75m de altura, tem um IMC de 31 kg/m2
(IMC: 95Kg / 1,75m x 1,75m ⇒ 95kg / 3,0625m2 = 31,0 Kg/m2)
Quando o IMC é maior que 25 Kg/m2 diz-se que a pessoa está acima do “peso ideal” sobrepeso. Se o IMC for maior que 30 Kg/m2, a pessoa é considerada obesa, como no
exemplo acima.
Na seqüência está uma tabela que mostra a classificação da obesidade, segundo o IMC
e risco de comorbidades, de acordo com os critérios da Organização Mundial de Saúde, para
adultos, com mais de 18 anos de idade (1997); acoplou-se a tais critérios, as etapas, níveis
de prevenção e tratamento indicados pelo Consenso Latino Americano sobre Obesidade.
É muito importante observar a distribuição de gordura pelo corpo, pois o risco para
saúde é diferente se esta gordura se acumula na metade superior do corpo, se a localização
é no abdome ou se predomina na metade inferior do corpo.
Para uma distinção prática, adota-se como referência o nível do umbigo: se a gordura
predominar acima dele, dá-se o nome de “obesidade andróide” ou “em forma de maçã”. Se a
gordura predominar abaixo do umbigo, denomina-se “ginóide” ou “em forma de pêra”. A
obesidade de tipo central - também chamada de abdominal - predomina no abdome (barriga);
esta é a de maior risco para doenças do coração (infarto).
14
A razão cintura/quadril (RCQ) também é muito utilizada e é estabelecida dividindo-se os
valores encontrados para as referidas circunferências:
RCQ = Perímetro da cintura / Perímetro do quadril.
Se para a mulher for maior do que 0,80 e para o homem for maior do que 0,95 significa que
são portadores de obesidade central (abdominal, visceral ou andróide), isto é, apresentam
deposição de gordura predominantemente no quadril. Se os valores são inferiores a 0,75 em
mulheres e 0,85 em homens, considera-se que a distribuição da gordura é ginóide.
Tabela 2. Classificação diagnóstica obesidade (adultos com mais de 18 anos de idade),
segundo o IMC, risco de comorbidades e providências.
2
Classificação
IMC (kg/m2)
Risco de comorbidades
Providências
Baixo peso
< 18,5
Baixo, embora aumenta o
risco de outros
problemas clínicos
Alimentação saudável, adequada
e atividade física regular
Intervalo
normal
18,5 - 24,9
Peso saudável
Pré obeso
25,0-29,9
Moderado
Alimentação saudável
e atividade física regular
Alimentação saudável,
adequada,ativ. Física regular
+farmacoterapia se
comorbidades
Alimentação saudável, adequada
e terapia farmacológica
Idem anterior +
possibilidade de cirurgia
Obeso
30,0-34,9
Alto
Classe I
Obeso
35,0-39,9
Muito alto
Classe II
Obeso
> 40,0
Extremo
Idem anterior + Cirurgia
classe III
Fonte: 0MS, 1997; Consenso Latino Americano sobre Obesidade
Tabela 3. Classificação dos riscos de complicações metabólicas associadas
a obesidade, segundo sexo, em função da circunferência da cintura.
SEXO
Aumentada
Homem
94 cm
Mulher
80 cm
Fonte: Consenso Latino Americano sobre Obesidade
Muito Aumentada
102 cm
88 cm
Vários estudos sugerem que somente a medida da circunferência da cintura/abdome, é
uma forma prática e sensível, que reflete se há riscos para enfermidade cardiovascular e
outras formas de enfermidades crônicas.
15
3.
MUDANÇA DE HÁBITOS ... PARA TER “QUALIDADE DE VIDA”
Existem várias evidências científicas apontando que o controle do consumo de
alimentos junto com atividade física regular são mais efetivos no controle do peso
corporal e, conseqüentemente, de outras doenças crônicas não transmissíveis (doenças do
aparelho circulatório, cânceres, diabetes, entre outros).
Considerando as doenças cardiovasculares como uma das principais causas de
mortalidade, as evidências apontam para as vantagens das mudanças do estilo de vida: o
indivíduo sedentário que passa a ser pelo menos um pouco mais ativo já diminuiria para 40%
o risco de morte por doenças cardiovasculares.
A proposta internacional é a promoção de um estilo de vida ativo estimulando a
população a totalizar pelo menos 30 minutos de atividade física por dia, de intensidade leve a
moderada, o equivalente a 2,4 a 3,2 km em 30 minutos de caminhada. Na maior parte dos
dias da semana e de forma contínua ou fracionada em outras atividades que possam ser
facilmente introduzidas na rotina diária: como jardinagem, consertos domésticos, dança e
atividades recreativas com crianças.
A atividade física deve ser planejada e supervisionada por pessoa competente: o tipo, a
quantidade e a qualidade de exercício deve ser adequada a cada pessoa e deve-se ter em
conta os seguintes fatores: idade, tipo de exercício, duração, freqüência, intensidade,
presença de outras doenças concomitantes e prevenção de recaídas.
Idade: mulheres na fase de menopausa a recomendação é de exercício de baixo impacto,
para evitar o risco de fraturas. Pessoas sedentárias devem realizar atividades de forma lenta
e progressiva.
Tipo de exercício: o mais adequado são os aeróbicos, no qual se utiliza grandes grupos
musculares, em forma continua e repetida: caminhada, ciclismo, natação, trote, ginastica, etc.
A que tem melhor possibilidade de aceitabilidade por parte das pessoas é a simples
caminhada, que apresenta múltiplas vantagens já que não requer treinamento prévio, se
pode realizar em qualquer lugar, não necessita roupa especial, não apresenta perigo
cardiovascular, e é tão eficaz como o trote e outros.
PLANEJAMENTO DO EXERCÍCIO
EXERCÍCIO
MINIMO
MAXIMO
FREQÜÊNCIA
3 vezes por semana
7 vezes por semana
DURAÇÃO
30 minutos
De acordo com a capacidade
individual
Duração: deve ser igual o superior a 30 minutos. Se é feita uma atividade diferente da
caminhada, deve ser indicado uma etapa de pré aquecimento de 10 minutos, para aquecer
os músculos. Após o término do exercício é necessário uma etapa de “esfriamento” de 5 a 10
minutos.
Freqüência: pelo menos três vezes por semana; entretanto se indica caminhada, esta deve
ser pelo menos praticada diariamente ou bem complementada com ela nos dias que não se
faz exercício. Os benefícios aparentes consistem em uma maior aderência e facilidade para a
prática. Seu efeito sobre a aptidão cardiorespiratoria e igualmente eficaz.
16
Intensidade: se desejamos realizar exercício físico aeróbico intenso deve-se verificar a
freqüência cardíaca durante o exercício.
Presença de outras doenças: atividade física inadequada pode ocasionar lesões do aparelho
ostioarticular; diabéticos podem apresentar hipoglicemias, neuropatía autônoma,
hemorragias e/ou desprendimento de retina...CUIDADO!!!
Prevenção da Recaída: os profissionais que cuidam da saúde devem ser encorajados a
perguntar a seus pacientes sobre a freqüência, duração, tipo e intensidade a atividade física
e fornecer avaliação e aconselhamento nutricional.
5
6
30 MINUTOS / DIA
RECOMENDAÇÃO
ATIVIDADE FÍSICA
+
PATE,
PATE, et
et alli,
alli, 1996
1996
8
Lavar carro
ATIVIDADES
NO TRABALHO
Empurrar
carrinho
Passear
cachorro
ATIVIDADES
EM CASA
Rastelar
OU
Maior parte dos dias
SUBIR E DESCER
JARDINAGEM
ESCADAS
10 min
10 min
AGITA São Paulo
LEVE OU
MODERADA
7
OU
ATIVIDADE FÍSICA CAMINHADA
30 min
REGULAR
30 minutos /dia
+
CONTÍNUO OU
ACUMULADO
MAIORIA DOS
DIAS DA SEMANA
3 CAMINHADAS
10 min
CAMINHAR
10 min
Limpar
vidro
Andar
Cuidar do Jardim
AGITA São Paulo
AGITA São Paulo
9
Arremessar
Pedalar
ATIVIDADES
DE LAZER
Caminhar
Dançar
Correr
Nadar
AGITA São Paulo
17
Descer um
ponto antes
Subir Escadas
Para verificar seu peso, pela fórmula do Índice de Massa Corporal:
IMC = Peso (kg) / Altura ² (m²) = _______/______x______ = _________ kg/ m²
(Veja a classificação na página ___ )
Para calcular seu peso "desejável": 22 x altura² = 22 x _____x _____ = _______kg
Para calcular quantas kcalorias você precisa consumir por dia, de acordo com seu peso
“desejável” e sua atividade física.
Quadro 3. Requerimentos calóricos diários, segundo sexo e tipo de atividade
profissional.
ATIVIDADE
Kcal/kg/peso
Tipo de atividade
Leve
Homens = 42
Profissionais liberais, estudantes,
Moderada
Intensa
Muito intensa
Mulheres = 36
donas de casa, executivos
Homens = 46
Operários de industria leve, motoristas,
Mulheres = 42
artesãos, costureiros
Homens = 54
Operários de industria pesada, agricultores,
Mulheres = 47
soldados, atletas, bailarinos
Homens = 62
Operários de industria muito pesada,
Mulheres = 55
lenhadores, estivadores
Fonte: FAO/OMS, 1989.
Ex.: peso desejável : 60 kg x 36 (mulher-atividade leve) = 2160 kcal / dia
COMO DEVE SE ALIMENTAR UMA PESSOA QUE NECESSITA COMER ~2000 KCAL/
DIA?
Quadro 4. Exemplo de padrão alimentar contendo nível calórico de ~2000 kcal / dia.
GRUPOS DE ALIMENTOS
Nº PORÇÕES
KCAL/ PORÇÃO
VALOR CALÓRICO
6
150
900
FRUTAS
2-4
35
70
HORTALIÇAS
3-4
15
60
LEGUMINOSAS
2
55
110
CARNE BOVINA, SUÍNA, PEIXE,
FRANGO, OVOS
2
190
380
PRODUTOS LÁCTEOS
2-3
120
240
AÇÚCARES *
1
110
110
ÓLEOS E GORDURAS *
1
73
73
PÃES/CEREAIS/RAÍZES/
TUBÉRCULOS-preferência
integrais
USADOS NO PREPARO DOS ALIMENTOS –são dispensável na alimentação.
18
Fonte: Depto. Agricultura EUA, 1992; Philippi, 1996.
Quadro 5. Alimentos equivalentes
GRUPOS DE
ALIMENTOS
ALIMENTOS EQUIVALENTES
Arroz branco cozido - 4 col. sopa; Batata cozida/assada - 1 ½
unidade; Biscoito doce simples - 5 unid.;
Biscoito tipo “cream cracker” - 5 unid; Biscoito recheado - 2 unid;
Macarrão cozido - 3 ½ col sopa; Pãozinho caseiro - ½ unid;
Pão forma tradicional tipo “pullman” - 2 fatias;
Pão de queijo- 1 unid; Pão francês- 1 unid;
Torrada (pão francês) - 6 fatias finas
FRUTAS
Abacate - ¾ col sopa; Abacaxi - ½ fatia; Banana - ½ unid;
Goiaba - ¼ unid; Jabuticaba - 17 unid; Kiwi - ¾ unid;
Uva comum - 11 bagos; Laranja Bahia/Seleta - 4 gomos;
Laranja Pêra/Lima - 1 unid; Limão - 2 unid; Maçã - ½ unid;
Manga - ¼ unid; Melancia/melancia/mamão - 1fatia;
Morango - 9 unid; Pêra - ½ unid; Suco de laranja - ½ copo
requeijão
HORTALIÇAS Abobrinha cozida - 3 col sopa; Beterraba crua ralada - 2 col sopa;
Agrião, alface, almeirão, escarola, mostarda, rúcula - à vontade;
Brócolis cozido - 4 ½ col sopa; Cenoura cozida - 7 fatias ou ¾ col
sopa; Couve flor cozida - 3 ramos; Ervilha em conserva - 1 col
sopa;
Jiló cozido - 1 ½ col sopa; Palmito em conserva - 2 unid;
Pepino picado - 4 col sopa; Picles em conserva -5 col sopa;
Rabanete - 3 unid; Repolho cru - 6 col sopa; Vagem cozida - 2 col
sopa; Repolho cozido - 5 col sopa; Tomate comum - 4 fatias;
LEGUMINOSAS Ervilha seca cozida - 2 ½ col sopa;
Feijão cozido (50 % de caldo) - 1 concha; Feijão cozido/ Grão de
bico cozido/ Lentilha / feijão branco /soja cozida - 2 col. de sopa
Bacalhoada - ½ porção; Bife à role - 1 unid; Bife grelhado -1 unid;
CARNE
Carne cozida - 1 fatia; Peru tipo “blanquet” - 10 fatias;
BOVINA,
SUÍNA, PEIXE, Porco - lombo assado -1 fatia; Carne moída refogada - 5 col sopa;
Hambúrguer - 1 unid; Frango assado inteiro - 1 pedaço de peito ou
FRANGO,
1coxa/sobre grande; Filé grelhado (peixe, frango, vaca) - 1 unid
OVOS
média; ; Omelete simples – 1 unid
PRODUTOS
Iogurte natural - 2 copo de requeijão; Iogurte polpa de frutas - 1
LÁCTEOS
pote
Leite tipo B - 1 copo de requeijão; Queijo minas - 1 ½ fatia;
Ricota - 2 fatias; mussarela - 3 fatias; Queijo “polenguinho” - 2
unid; Queijo prato - 2 fatias; Requeijão cremoso - 1 ½ col sopa;
Vitamina de leite com frutas - 1 copo de requeijão
AÇÚCARES * Açúcar mascavo - 1col sopa; Açúcar refinado - 1 col sopa;
Doce industrializado tipo goiabada - ½ fatia; Karo - 2 col. sopa;
Mel - 2 ½ col sopa
ÓLEOS E
Azeite de oliva - 1 col sopa; Halvarina - 1col sopa; Margarina - ½
GORDURAS * col sopa; Margarina vegetal - ½ col sopa;
Óleo vegetal de girassol/milho/soja - 1 col sopa
PÃES /
CEREAIS/
RAÍZES E
TUBÉRCULOS
– preferir os
integrais
19
Quadro 6.
DICAS PARA UMA DIETA SAUDÁVEL
ALIMENTOS
PREFERIR
EVITAR
Carnes gordurosas, vísceras
(fígado, coração, miolo, miúdos),
embutidos (lingüiça salsicha e frios),
carnes de porco (bacon, torresmos),
pele de animais, camarão, lagosta,
mexilhão, ostra,...
Leite e iogurte integrais, queijos
amarelos e cremosos, manteiga, creme
de leite
CARNES EM
GERAL
Peixes, frango sem pele,
carnes magras.
Retirar toda a gordura visível.
LATICÍNIOS
Leite e iogurte desnatado,
queijo branco, ricota e cottage
OVOS
Clara de ovos,
substituir 2 claras = 1 ovo
Gema de ovo.
VEGETAIS E
FRUTAS
Frutas e verduras frescas
Verduras na manteiga, em forma de
frituras,
com molhos
Massas de bolo
sem gema de ovo,
Massas de bolo com gema de ovo,
sorvete e doces a base de frutas sorvetes com leite, doces com chocolate
Pães pobres em gordura,
e/ou chantilly,
DOCES, PÃES E
cereais integrais
biscoitos amanteigados, folhados,
SIMILARES
(aveia, trigo, farelo),
sorvetes cremosos
massas sem gema de ovo,
Pães com recheio, manteiga, croissants,
grão de bico, feijão, ervilha,
bolachas, massas com gema de ovo
lentilha, batata, arroz, mandioca.
Margarinas “moles” ou “light”,
Frituras, manteiga, óleo de coco e de
GORDURAS EM
óleos vegetais
dendê, maionese, gordura animal
GERAL
(soja, milho, canola e azeite de
(toucinho, banha),
oliva).
molhos com creme de leite.
Fonte: Dutra de Oliveira, 1998; III Diretrizes Brasileiras Sobre Dislipidemias e Diretriz de
Prevenção da Aterosclerose, 2001.
O Sal ou cloreto de sódio, é o tempero mais usado no preparo de alimentos. Os
brasileiros comem, mais ou menos, 10 g/dia!
A maioria das pessoas acha que o sal deixa a comida mais gostosa, mas se esquece de
que o gosto pelo sal não nasce com a pessoa. Comendo com sal desde criança é que as
pessoas adquirem esse gosto. Outro fato curioso é que as pessoas dizem que precisam de
sal senão "sentem-se fracas". A verdade é que nosso corpo precisa de muito pouco sal,
menos do que 6 g/dia, quantidade que geralmente existe nos próprios alimentos, sem contar
que os industrializados contem muito sal para sua conservação.
É recomendável que todas as pessoas, independentemente de a pressão ser alta, normal
ou baixa, não exagerem no sal. Essa orientação é mais importante para quem é sensível ao
sal e tem pressão alta, porque se a pessoa comer com muito sal poderá bloquear o efeito dos
remédios que baixam a pressão.
Por outro lado, dependendo do caso, não há necessidade de eliminar totalmente o sal. O
ideal é diminuir a quantidade colocada nos alimentos e evitar comer os alimentos embutidos,
queijos amarelos, temperos prontos...
20
Os produtos chamados “substitutos do sal” ou “sal light” podem ser úteis para algumas
pessoas. Quem toma certos tipos de remédios ou "sofre dos rins" não pode usar substitutos
do sal. O ideal é consultar o médico ou nutricionista antes de usá-los.
Onde está “escondido” o sal ???
⇒
Carnes processadas: embutidos em geral (presunto, mortadela, salsicha, lingüiça,
salame), bacon, carne seca, “nuggets”, e outros alimentos prontos;
⇒
Enlatados: vegetais (palmito, azeitona, milho..), peixes (atum, sardinha);
⇒
Queijos: duros e amarelos (parmesão, provolone, prato, etc.);
⇒
Temperos prontos: Arisco®, Sazón® Aji-no-moto®, sopas desidratadas, caldos e
estratos concentrados, amaciantes de carne, catchup, mostarda, maionese, molho de
soja, molho inglês, extrato de tomate, etc.;
⇒
Salgadinhos industrializados: chips, amendoim, coxinha, pastel, etc.;
⇒
Biscoitos, bolachas, pães,...
RECOMENDAÇÕES ADICIONAIS
1.
2.
3.
4.
5.
6.
CUIDADO COM AS QUANTIDADES: Muitas pessoas têm o hábito de comer sem
prestar atenção no que está fazendo e nem estão com fome. Outras, por exemplo
criaram o hábito de comer diante da televisão, ou trabalhando, sem reparar no sabor
nem na quantidade de comida. A primeira coisa a mudar é isso: mastigar bem e
perceber o sabor de cada alimento fica mais fácil controlar sua quantidade.
CINCO PORÇÕES DE FRUTAS E VERDURAS DIARIAMENTE: Isto é obrigatório para
se ter boa saúde – comer diariamente, pelo menos CINCO frutas ou verduras diferentes
(ex.: alface, tomate, cebola, banana e laranja) - é só variar como puder e conforme o
gosto.
ESCOLHER ALIMENTOS BALANCEADOS: Isto significa que temos de comer de tudo,
em proporções adequadas: dar preferência aos cereais, legumes, frutas e verduras;
preferir carnes sem gorduras, frango sem a pele, peixes - pelo menos, uma vez por
semana; óleo de soja ou azeite. Preferir os alimentos cozidas, assados ou grelhadas evitar frituras!
ALIMENTAR-SE EM HORÁRIOS REGULARES: fazer de 3-4 refeições diárias (café da
manhã, almoço, lanche e jantar). Evitar comer fora de hora, “beliscar” entre as refeições
principais.
MANTER A CASA “À PROVA DE CALORIAS”: evitar comprar doces, bolachas,
refrigerantes e sorvetes.
COMBINAR ALIMENTOS DE GRUPOS DIFERENTES: Em caso de excesso de peso,
procure evitar na mesma refeição -carnes, leite, queijo, peixe, frango - com pão, arroz,
batata, macarrão e doces. O mais importante: combine estes alimentos com verduras
cruas ou cozidas. Na hora da sobremesa, preferir frutas!
Não substituir as refeições principais por “sanduiches”: geralmente são cheios de
alimentos gordurosos e ainda pecam pela falta de fibras e outros nutrientes encontrados
nos vegetais
21
4.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O crescimento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis e em especial as Doenças
Cardiovasculares constitui-se em importante PROBLEMA DE SAÚDE PÚBLICA deste
século, por sua elevada morbimortalidade, por suas repercussões na qualidade de vida.
Entretanto, mudanças neste perfil tem sido possíveis por meio da melhoria nas condições
de vida e nível de informação da população, bem como medidas de intervenção em
saúde por meio da redução da exposição a fatores de risco conhecidos que participam da
gênese destes agravos. Portanto, são necessárias medidas para conscientização da
população em relação à associação dieta/saúde.
Promover mudança de hábitos é tarefa árdua e difícil... é sabido que os fatores culturais
e a influência da mídia estão muito presentes. Mas... com a ajuda dos profissionais e com a
promoção e apoio de trabalhos em grupo e associações pode-se tornar mais fácil. É de
extrema importância que os ambientes estimulem os hábitos saudáveis: a alimentação nos
locais de trabalho e escolas, proibir o hábito de fumar na presença de crianças, incentivar a
atividade física...
De acordo com a experiência de outros países, mudanças de hábitos e comportamento
requerem esforço coletivo - políticas de saúde mais abrangentes objetivando uma
reestruturação do comércio de alimentos, a valorização de padrões de consumo alimentares
mais saudáveis, desencentivo às propagandas de cigarro, principalmente entre aqueles que
estão nas camadas mais pobres e com menor nível de instrução.
Vários programas de prevenção e promoção de saúde já foram desenvolvidos no mundo
todo, obtendo resultados positivos no controle de doenças crônicas:
o Programa americano “Health People 2000” tem como um de seus objetivos o aumento
do consumo de vegetais para cinco ou mais porções diárias;
o Programa Prevenir IAMSPE em parceria com a DDCNT/CVE/SES está implantando o
programa “Alimentação Saudável na Prevenção de Doenças Crônicas Não
Transmissíveis - TURMA DA SAÚDE - OS AMIGOS DA BOA ALIMENTAÇÃO ” - visando
promover mudanças de comportamento em relação aos hábitos alimentares, por meio de
palestras explicativas sobre o assunto aos funcionários; reuniões com as empresas
fornecedoras da alimentação aos funcionários das diversas secretarias, para a
adequação dos cardápios, entre outras ações.
Dentre os programas que deram certo, aqui e no exterior, há pontos comum:
as pessoas tiveram acesso à informação de qualidade e de fácil entendimento;
periodicamente, as pessoas foram “lembradas” das informações recebidas;
além da informação, receberam o estímulo de familiares, amigos e dos profissionais de
saúde;
Promover mudança de hábitos é tarefa árdua e difícil, mas com a ajuda dos profissionais
e com a promoção e apoio de trabalhos em grupo e associações pode-se tornar mais fácil.
Pode-se incentivar a formação de grupos para troca de receitas e preparo de comida
saudáveis, para redução de peso corporal; cessação do hábito de fumar e consumo
exagerado de bebidas alcoólicas; incentivo à atividades físicas (ex.:caminhada), que, além de
auxiliar na manutenção do peso corporal, reduz o estresse, entre outros benefícios!
O trabalho de prevenção deve ser perseverante, otimista e animador ...
e o agente de saúde papel fundamental!
22
5. REFERÊNCIAS
Consenso latino americano sobre obesidade. Rio de Janeiro, RJ 08 a 11 de outubro de 2000. [on
line]. Disponível em URL <http://www.abeso.org.br>. [2002 fev 10].
Craig WJ. Phytochemicals: guardians of our health. J Am Diet Assoc 1997; 97: 10 (2):S199-204.
De Angelis RC. Fome oculta, impacto para a população brasileira. São Paulo: Atheneu, 1999.
Dutra de Oliveira JE, Marchini JS. Ciências nutricionais. São Paulo: Sarvier, 1998.
Fundação IBGE. Pesquisa de orçamentos familiares 1987 e 1996 [on line]. Disponível em URL
<http://w.w.w.ibge.gov.br/sidra>. [2000 nov 10].
Hagdrup MD, Simões, EJ, Brownson RC. Fruit and vegetable consumption in Missouri: knowledge,
barriers and benefits. Am J Health Behav 1998; 22 (2): 90-100.
III Consenso Brasileiro de Hipertensão Arterial – CBHA, 1998. Campos do Jordão, SP, 12 a 15
de fevereiro de 1998. [on line]. Disponível em URL <http://www.cardiol.br/dha/consenso>. [2002 fev
15].
III Diretrizes Brasileiras Sobre Dislipidemias e Diretriz de Prevenção da Aterosclerose do
Departamento de Aterosclerose da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Arq Bras Cardiol. Volume
77 Suplemento III, 2001.
Leon A. Physical activity and cardiovascular health: a National Consensus. Human Kinetics;
1997. p. 57-66.
Matsudo V. Physical activity: passport for health. World Health Rep 1997; 50 (3): 16-7.
Monteiro CA, Mondini L, Costa RBL. Mudanças na composição e adequação nutricional da dieta
familiar nas áreas metropolitanas do Brasil. Rev Saúde Pública 2000; 34:251-8.
Neumann AICP, Philippi ST, Cruz ATR, Morimoto JM, Fisberg RM. A pirâmide alimentar na
orientação nutricional de indivíduos portadores de doenças cardiovasculares. Nutrire: rev Soc Bras
Alim Nut = J Brazilian Soc Food Nutr, São Paulo, SP.v.19/20, p. 7-17, 2000.
Philippi ST, Cruz AT, Latterza AR. Pirâmide alimentar adaptada: guia para escolha dos alimentos.
Rev Nutr. V. 12, n. 1, p. 65-80, 1999.
Secretaria de Estado da Saúde, Grupo Técnico de Informações de Saúde. Mortalidade do
município de São Paulo. São Paulo, 2000 [on line]. Disponível em URL <http://w.w.w.saude.sp.
gov.br >. [2000 nov 10].
Sociedade Brasileira de Cardiologia. 2º Consenso Brasileiro sobre Dislipidemias - AvaliaçãoDetecção-Tratamento. Arq Bras Cardiol 1996; 67:109-29.
US Department of Health and Human Services. Healthy people 2000. national health promotion
and disease prevention objectives. Washington (DC), 1991. (DHSS Publication PHS 91-50213).
World Health Organization. Obesity. Preventing and managing the global epidemy. Report of
the World Health Organization consultation on obesity, Geneve ,1997.
Willett WC. Nutritional epidemiology. 2
nd
ed. New York: Oxford University Press; 1998.
23
Download

mpõem um grupo de entidades que se caracterizam por apresentar