O Estado do Maranhão - São Luís, 12 de abril de 2015 - domingo [email protected] Hoje é dia de rock - Alternativo 3 Fotos/Divulgação Odair José lança álbum de inéditas e surpreende com estilo mais rock’n’roll; o novo trabalho, intitulado Dia 16, chega às lojas pelo selo Saravá Disco O cantor e compositor Odair José se aproxima das novas gerações com o álbum de inéditas Dia 16; o nome do disco é uma referência à data de nascimento do compositor e a fatos importantes nesta data zendo uma base generosa. Gravado no estúdio Space Blues, em São Paulo, Dia 16 traz uma simplicidade no estilo e, principalmente, um Odair José muito à vontade, com uma leveza surpreendente. E tudo isso contribuiu para a qualidade técnica do trabalho, que envolve o ouvinte facilmente nas distorções de guitarras e na voz inspirada e visceral de Odair José. Max de Medeiros Especial para o Alternativo C om rifes de guitarras bastante arrojados, Odair José se reinventa e apresenta trabalho para um público jovem, bem distante da imagem românticobrega que perseguiu o artista durante décadas. É assim que o compositor oferece o seu mais novo disco de inéditas, Dia 16, lançado pelo selo Saravá Discos, produtora do maranhense Zeca Baleiro e que também lançou o trabalho anterior de Odair José, Praça Tiradentes. O título do novo trabalho é uma referência à data de nascimento desse goiano que veio ao mundo no dia 16 de agosto de 1948 no pequeno município de Morrinhos. Além disso, o título também faz referência a diversos fatos históricos marcantes ou mesmo episódios cotidianos que aconteceram no mundo num dia 16 qualquer. Foi com essa ideia que Caio Bars assinou o simples e moderno projeto gráfico do álbum, utilizando-se de letras com o efeito de uma máquina de escrever para enumerar diversos acontecimentos históricos, entres eles alguns ligados aos Rolling Stones, Bob Dylan, Elvis Presley, Led Zeppelin e Jimi Hendrix, claras referências musicais nesse novo trabalho. Aos 66 anos, Odair José parece ter ainda muito fôlego para se reinventar. Quando lançou em 2012 o disco Praça Tiradentes, interrompendo um hiato de seis anos sem gravar nenhuma inédita, ele trouxe uma diversidade musical contemporânea e inovou com parcerias autorais formidáveis como Zeca Baleiro, Arnaldo Antunes, Chico César e Carlinhos Brown. Já em Dia 16, ele parece ter apostado num som mais rock’n’roll para chamar a atenção do público jovem e que, porventura, não tenha vivenciado o auge de sucessos como Pare de tomar a pílula e Vou tirar você desse lugar. Ao todo, são 12 canções inéditas que mantêm uma característica intrínseca dos trabalhos de Odair José que é o lirismo romântico, mas, assim como já havia ensaiado em Praça Tiradentes, sempre coloridos com arranjos mais refinados do que os “bregas românticos” gravados por ele nas décadas passadas. As guitarras de Junior Freitas e Alexandre Fontanetti são as principais responsáveis pela diversidade de arranjos, que estão envolvidas ainda pela bateria de Caio Mancini fa- Faixas – A música de abertura do disco, homônima ao álbum, é a representação fiel do renascimento de Odair José para o mundo. Mais uma vez, o Dia 16 é marcado pela aparição do músico, desta vez não necessariamente num nascimento como em 1948, mas num processo de libertação. Odair já não é mais o mesmo, renasceu, e o ouvinte pode se surpreender no primeiro contato, pois o disco já começa com guitarras bem afiadas e arranjos de vocais arrebatadores. Nessa libertação, talvez os rótulos de “cantor das empregadas” ou “rei do brega” não caibam mais em Odair. A segunda faixa traz um ukulele, instrumento de origem havaiano, bem alinhado numa linha de baixo que dão dinamicidade à canção. Com a base de vocais, a música é um feliz encontro de Odair com esse novo estilo mais pop e moderno. A terceira faixa, Fera, é uma composição da década de 1970, originalmente elaborada para o polêmico disco O Filho de José e Maria, mas que não chegou a ser gravada. Nessa música, mais uma vez os solos de guitarras destacam-se de forma inesperada. A Moça e o Velho, quarta faixa do disco, traz a letra que mais se pode associar ao antigo Odair José. Falando de um relacionamento de uma jovem com um homem mais velho, ele retrata o preconceito que acompanha esse tipo de relacionamento. Assim como fez no passado ao tocar em temas como a prostituição e a pílula anticoncepcional, Odair volta a jogar luz sobre uma discussão social e procura quebrar paradigmas. O sofrimento também tem lugar nesse novo trabalho, em Me desculpe, na qual Odair fala sobre o fim de um relacionamento. Já em Sem Compromisso, sexta canção, destacando os vigorosos ornamentos de tecla- do e vocais, Odair escreve sobre outro tema social que é o sexo sem compromisso e defende a liberdade sexual. Os enfeites de teclado também se sobressaem em Lembro, a balada mais romântica do álbum. Retomando o embalo rock que direciona a obra como um todo, Começar do Zero é uma homenagem aos paulistanos, assim como em Morro do Vidigal, uma homenagem à saudade de Odair pelo seu passado no Rio de Janeiro, homenagem que também já havia sido feita no disco anterior ao intitular a obra de Praça Tiradentes, uma praça que fica no Centro do Rio. O disco D ia 16 se completa ainda com as canções Deixa rolar, uma boa mistura de estilos, Sai de mim, trazendo o arranjo mais simples e delicado, e Cores, que fecha o trabalho com violões apaixonantes tocados pelo próprio Odair José e por Alexandre Fontanetti. Mostrando-se muito em forma aos 66 anos para fazer um som jovem, relembrando as bandas de garagem, Odair parece abrir caminho para se firmar como um som cult para a nova geração. Com mais de 400 composições já gravadas, ele parece estar bem à vontade agora para fazer somente o que realmente gosta ou quer, sem pressões de gravadoras ou do mercado fonográfico. Em um Dia 16, Odair nasceu e agora renasceu, por isso, só podemos desejar vida longa a ele. Sem perder o romantismo, que é marca característica da carreira, o cantor Odair José experimentou novos arranjos e uma pegada mais rock para inspirar o novo trabalho