XII Congresso da Sociedad Española de Malherbologia (SEMh) /XIX Congresso da Asociacion
Latinoamericana de Malezas (ALAM)/ II Congresso Iberico de Ciencias de las Malezas(IBMC),
Lisboa 10 a 13 de Novembro: Vol 1: 39-42; ISBN: 978-972-8669-44-7
Infestantes do olival com interesse potencial na limitação natural da traça-da-oliveira, Prays
oleae
A. Nave1, A. Crespí1, M. Campos2, L.M. Torres1
1
CITAB – Centro de Investigação e de Tecnologias Agro-Ambientais e Biológicas, Universidade
de Trás-os-Montes e Alto Douro, 5001-801, Vila Real, Portugal, [email protected].
2
CSIC, Estación Experimental del Zaidín, Profesor Albareda nº 1. 18008, Granada, Espanha,
[email protected]
Resumo:
A drástica supressão das infestantes associadas ao olival, praticada em muitas
regiões, é apontada como afectando adversamente as populações de
antagonistas dos inimigos da cultura, e consequentemente a sua eficaz
actuação sobre estes. Entre estes inimigos, destaca-se pela sua importância
económica, a traça-da-oliveira, Prays oleae (Bernard). Esta espécie, apesar de
possuir um rico complexo de inimigos naturais, pode causar prejuízos
importantes ao olival, assumindo nalguns condicionalismos, o estatuto de
praga-chave. No contexto mencionado, este trabalho representa um primeiro
passo na identificação/selecção de um conjunto de espécies da flora infestante
do olival potencialmente interessantes para valorizar a acção de dois
importantes inimigos naturais da traça-da-oliveira, nas condições da Beira
Interior, o parasitóide Chelonus elaeaphilus e o predador Chrysoperla carnea.
Em Outubro e Novembro de 2008 efectuaram-se inventários florísticos em 36
olivais localizados nos distritos da Guarda, Viseu e Castelo Branco. No total
das amostragens identificaram-se 100 espécies. Destas seleccionaram-se 21
para posterior avaliação, tendo como base diversos critérios (e.g. informação
bibliográfica sobre o seu interesse na valorização das espécies em análise,
multifuncionalidade, época de floração e historial da sua ocorrência no olival).
Palavras chave: Chelonus elaeaphilus; Chrysoperla carnea; néctar; pólen
INTRODUÇÃO
O olival é uma cultura com grande importância nos países meridionais da UE, não só dos
pontos de vista económico e social, mas também, pela área que ocupa, em termos ambientais e
paisagísticos. A traça-da-oliveira, Prays oleae (Bernard), é um dos principais inimigos da cultura,
assumindo por vezes o estatuto de praga-chave, apesar de as suas populações estarem sujeitas a
um rico complexo de antagonistas. Segundo se admite, esta situação dever-se-á, em grande parte,
ao facto de estes organismos não serem suficientemente eficazes por não disporem, no espaço
e/ou no tempo, das fontes de alimento (designadamente pólen e néctar) de que necessitam em
certas fases da sua vida (JERVIS et al., 1992). Para suprir esta carência poder-se-á, como
defendem alguns autores, proceder à sementeira, na cultura ou na sua proximidade, de plantas
produtoras de flor, exóticas (MAINGAY et al., 1991; LÖVEI et al., 1993). Contudo, trabalhos
recentes sugerem que, desde que adequadamente seleccionadas, as plantas autóctones podem ser
tão valiosas como as exóticas, com a vantagem de estarem adaptadas localmente e de a sua
utilização poder contribuir para incrementar a biodiversidade natural (FIEDLER & LANDIS,
2007 a; b). No contexto apresentado, deu-se início a um trabalho tendo por objectivo identificar
um conjunto de espécies da flora infestante do olival potencialmente interessantes no fomento da
acção de dois importantes agentes de limitação natural da traça-da-oliveira, o parasitóide
Chelonus eleaphilus (Silvestri) e o predador Chrysoperla carnea (Stephens), através da sua
utilização no estabelecimento de infra-estruturas ecológicas, de acordo com as orientações de
BÖLLER et al. (2004).
MATERIAL E MÉTODOS
Em Outubro e Novembro de 2008 efectuaram-se inventários florísticos em 36 olivais
localizados nos distritos da Guarda, Viseu e Castelo Branco, com o objectivo de identificar as
espécies em floração nesse período. A distribuição dos olivais por distrito foi a seguinte: a)
Guarda, 29 olivais distribuídos pelos concelhos de Mêda, Guarda, Gouveia, Seia, Trancoso,
Figueira de Castelo Rodrigo, Celorico da Beira e Pinhel; b) Castelo Branco, cinco olivais
distribuídos pelos concelhos de Belmonte, Covilhã e Fundão, e c) Viseu, dois olivais, localizados
no concelho de Penedono. Em 64% dos olivais praticavam-se as regras da Produção Integrada, e
nos restantes 36%, as da Agricultura Biológica. Para a realização dos inventários, delimitaram-se
em cada um dos olivais, 10 unidades de amostragem com 1m2 de superfície e contabilizaram-se
as plantas que estavam em floração (número total e número de exemplares de cada espécie).
Seguidamente colheu-se um exemplar de cada espécie, que foi acondicionado em fresco e
etiquetado, para confirmação da identificação em laboratório.
As espécies identificadas foram avaliadas em termos do seu potencial interesse na
valorização dos auxiliares em estudo com base num conjunto de critérios referidos na
bibliografia: a) atractividade para inimigos naturais e êxito obtido no incremento da sua
actividade (BUGG et al., 1989; MAINGAY et al., 1991; LAVANDERO et al., 2005;
AMBROSINO et al., 2006), b) período de floração (REBEK et al., 2005; WINKLER, 2005), c)
presença/adaptação em ecossistemas agrários (NENTWIG, 1998; NICHOLLS et al., 2000), e d)
multifuncionalidade (ROGERS & POTTER, 2004; SHREWSBURY et al., 2004; FIEDLER et
al., 2008).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
No total das amostragens identificaram-se 100 espécies, distribuídas por 29 famílias:
Amaranthaceae, Apiaceae, Asparagaceae, Asteraceae, Boraginaceae, Brassicaceae,
Campanulaceae, Caprifoliaceae, Caryophyllaceae, Cistaceae, Chenopodiaceae, Convolvulaceae,
Fabaceae, Ericaceae, Geraniaceae, Hypericaceae, Lamiaceae, Malvaceae, Oxalidaceae,
Phytolaccaceae, Plantaginaceae, Poaceae, Polygonaceae, Primulaceae, Scrophulariaceae,
Solanaceae, Thymelaeaceae, Urticaceae e Verbenaceae. A família representada por maior número
de espécies foi a Asteracea, com 27; seguiram-se, com um número muito menor de espécies, a
Fabaceae, com oito, a Brassicaceae e Poaceae, com sete e a Scrophulariaceae, com seis; as
famílias Caryophyllaceae, Geraniaceae e Lamiaceae, estiveram representadas por quatro
espécies, as Apiaceae, Boraginaceae e Plantaginaceae, por três, e as Amaranthaceae, Cistaceae,
Oxalidaceae, Polygonaceae, Solanaceae e Urticaceae, por duas; as restantes 12 famílias estiveram
representadas por uma única espécie. Dos diferentes tipos fisionómicos registados,
nanofanerófitas, caméfitas, geófitas, terófitas e hemicriptófitas, predominaram os dois últimos.
O número total de espécies inventariadas por olival situou-se entre seis e 22 e o número
de espécies por m2 variou de uma a seis. As espécies mais frequentes foram: Spergula arvensis
L., Hypochoeris radicata L., Solanum nigrum L., Conyza albida S. e Andryala integrifolia L.,
com presença em mais de 60% dos olivais.
As espécies seleccionadas para posterior avaliação, e correspondentes critérios foram:
Conopodium majus (Gouan) Loret (a, b, d), Daucus carota L. (a, d), Foeniculum vulgare Mill. (a,
d), Asparagus acutifolius L. (d), Andryala integrifolia L. (b, d), Chondrilla juncea L. (a, d),
Dittrichia viscosa (L.) Greuter (a, b), Sonchus asper (L.) Hill (a, b), Echium plantagineum L. (b),
Capsella bursa-pastoris (L.) Medik. (b), Raphanus raphanistrum L. (b, d), Lonicera hispanica
Boiss. et Reut. (d), Silene gallica L. (b), Spergula arvensis L. (b), Trifolium repens L. (b),
Hypericum perforatum L. (a, b, d), Calamintha baetica Boiss. et Reut (b, c, d), Lavandula
stoechas L. (d), Malva neglecta Wallr. (a, b, d), Anarrhinum bellidifolium (L.) Willd. (d) e
Linaria saxatilis (L.) Chaz. (b).
AGRADECIMENTOS
Trabalho realizado no âmbito da Bolsa nº 34394/2008 atribuída à primeira autora, pela
Fundação para a Ciência e Tecnologia, com apoio da Associação de Agricultores para Produção
Integrada de Frutos de Montanha.
BIBLIOGRAFIA
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Summary: OLIVE GROVE WEEDS WITH POTENTIAL INTEREST IN
THE NATURAL CONTROL OF THE OLIVE MOTH, PRAYS OLEAE.
The olive moth, Prays oleae (Bernard) is a serious pest of olives in the
Mediterranean basin, in spite of the rich complex of natural enemies that
attack its populations. This may be related to the very drastic vegetation
management practiced in many olive groves, which deprive natural enemies
from resources (e.g. nectar and pollen) they require for surviving. A project
was begun at Beira Interior in order to identify a set of native plants
potentially interesting in enhancing the effectiveness of two key natural
enemies of the olive moth: the parasitoid Chelonus elaeaphilus and the
predator Chrysoperla carnea. As a first step, in October and November of
2008 floristic inventories were done in 36 olive groves located in the districts
of Castelo Branco, Guarda and Viseu. One hundred species were identified.
From these 21 were selected for further evaluation, on the basis of the
ecosystem services based criteria (e.g. references on their interest in
increasing the role natural enemies, multifunctional role, flowering phenology
and occurrence on the olive grove ecosystem).
Key words: Chelonus elaeaphilus; Chrysoperla carnea; nectar; pollen
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