Capítulo 02: Ações em Estruturas de Madeira
2.3.4 Ações variáveis – efeito do vento
A pouco tempo atrás, no final da década de 70, as normas referentes ao
cálculo do efeito do vento em edificações eram simples. Os acidentes ocorriam,
porém, com menos frequência, pois as estruturas correntes até então,
contavam, principalmente, com sua rigidez decorrente do excessivo peso
próprio. Com a evolução das mesmas e, consequentemente, a redução do peso
próprio, os efeitos dinâmicos passaram a ser mais relevantes, tornando
necessária a evolução dos documentos normativos. Desta forma, o assunto
tratado neste item está baseado nas recomendações contidas na NBR
6123:1988 - “Forças devidas ao vento em edificações”. Sua apresentação tem o
objetivo de registrar alguns dos conceitos mais importantes sobre o tema, a
serem utilizados no oportuno desenvolvimento do projeto de uma estrutura de
cobertura.
2.3.4.1
Vento “na natureza”
De um modo sumário e simplificado, é possível considerar o vento como
sendo a movimentação das massas de ar em razão das diferenças de pressão e
de temperatura na atmosfera. É possível, também, definir o vento como um fluxo
de ar, denominadas rajadas ou turbulências. Estas rajadas apresentam
velocidade do ar superior à média e são responsáveis pelas forças que atuarão
nas edificações. Como estimativa, pode-se adotar a Tabela de Beuafort, que
relaciona a velocidade do vento com os efeitos produzidos.
TABELA 2.4 - Valores do fator “S2”.
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Velocidade do vento
Intervalo
Média
(m/s)
(km/h)
0,0-0,5
1
0,5-1,7
4
1,7-3,3
8
3,3-5,2
15
5,2-7,4
20
7,4-9,8
30
9,8-12,4
40
12,4-15,2
50
15,2-18,2
60
9
18,2-21,5
70
Ventania
10
11
12
21,5-25,5
25,5-29,0
>29,0
80
90
105
Ventania forte
Vent. destrutiva
Furacão
Grau
Descrição do
vento
Calmaria
Sopro
Brisa leve
Brisa fraca
Brisa moderada
Bisa viva
Brisa forte
Ventania fraca
Vent. moderada
Efeitos devidos ao vento
---------Fumaça sobe na vertical
Sente-se o vento nas faces
Movem-se as folhas das árvores
Movem-se pequenos ramos e as bandeiras se estendem
Movem-se ramos maiores
Movem-se arbustos
Dobram os galhos fortes
Difícil de caminhar, galhos quebram-se e troncos oscilam
Objetos leves são deslocados, quebram-se arbustos e
galhos grossos
Árvores são arrancadas e postes são quebrados
Avarias severas
Calamidades
Capítulo 02: Ações em Estruturas de Madeira
Um outro aspecto caracteriza a ação do vento: o caráter aleatório de sua
intensidade, de sua direção e de sua duração, o que deverá ser levado em
consideração na elaboração de projetos estruturais. Quando se procura
quantificar as forças devidas à ação do vento nas edificações, sabe-se que um
dos parâmetros mais importantes é a velocidade com a qual o vento estará
atuando. Diversas variáveis têm influência na velocidade do vento, podendo-se
destacar entre elas: a posição geográfica onde será situada a edificação; a
altura da edificação e a sua projeção em planta; aspectos topográficos: local em
aclive, local plano, terreno em fundo de vale ou em encostas de montanhas; a
rugosidade do terreno, ou seja, disposição e altura média dos obstáculos
existentes à passagem do vento. Segundo Davenport (1961), a referida
velocidade varia em função destes fatores até atingir a altura gradiente (zg altura da camada-limite da atmosfera, entre 250 e 600 metros), sendo neste
patamar, definida a velocidade gradiente (160 km/h). Também afirma que,
quanto maior a rugosidade do terreno, maior a altura gradiente, conforme
apresentado na figura a seguir.
FIGURA 2.4 – Perfis da velocidade média do vento (km/h), em função da rugosidade do terreno
Capítulo 02: Ações em Estruturas de Madeira
Como sugestão, Davenport (1961) apresenta uma expressão para
determinar à velocidade média do vento (vz) para uma altura qualquer (z),
limitada a altura gradiente. Tem-se:
( ) ................................................(2.2)
Onde “α” depende da rugosidade do terreno.
Para a engenharia estrutural, além da velocidade média do vento, é
necessário determinar as flutuações (rajadas). As rajadas são efeitos localizados
e de curta duração, por isso atingem valores superiores à velocidade média.
Tais efeitos são os mais empregados em estruturas usuais, porém serão
avaliados através de ações estáticas equivalentes, ao contrário das estruturas
mais esbeltas (por exemplos: torres, pontes, etc), onde os efeitos dinâmicos são
mais preponderantes e a velocidade média torna-se mais crítica.
Intuitivamente, é possível imaginar que o vento ao incidir sobre uma
edificação irá exercer uma ação sobre a mesma e, consequentemente, terá sua
trajetória modificada. A visualização desta trajetória pode ser representada
esquematicamente através das linhas de fluxo, conforme a figura abaixo.
FIGURA 2.5 - Linhas de fluxo para um edifício com cobertura de duas águas
Capítulo 02: Ações em Estruturas de Madeira
Para entender este efeito, considera-se que a duração da rajada seja
suficiente para abranger todo o campo aerodinâmico no entorno da edificação
em estudo, considerando sua extensão na horizontal e na vertical. Para tanto,
idealizou-se um modelo simplificado, no formato de uma cápsula (turbilhão),
atuando ao redor da edificação, conforme figura abaixo.
FIGURA 2.6 – Dimensões de um turbilhão em relação a uma edificação
É cabível registrar que, quanto mais veloz a rajada, menor será seu
tempo de atuação na edificação e menor o turbilhão formado. Sabendo-se que
os anemógrafos ou anemômetros em uso no Brasil só medem velocidades de
rajadas até três segundos e, considerando que, os efeitos de curta duração são
críticos para determinar as pressões locais (postes, painéis, estruturas isoladas)
e em pequenas edificações (coberturas em geral), a NBR 6123:1988 adotou
este tempo de rajada como referência. Vale observar que, para edificações
maiores, o mesmo documento normativo considera tempos de rajadas de maior
duração (5 e 10s) e, por conseguinte, menores valores da velocidade média.
Estes e alguns outros fatores necessários à quantificação das forças
devidas ao vento são discutidos com mais detalhes nos itens a seguir, partindose das prescrições contidas na NBR 6123:1988.
2.3.4.2
Velocidade básica do vento (V0)
É um parâmetro diretamente relacionado às circunstâncias em que são
feitas as medidas da velocidade do vento. Os equipamentos para tais medidas
(anemômetros/anemógrafos)
e
as
condições
para
sua
instalação
são
padronizados, tais como: localizados em terrenos planos e posicionados a 10
metros de altura; sem obstruções que venham a interferir na velocidade do
Capítulo 02: Ações em Estruturas de Madeira
vento; leitura da velocidade média do vento, sobre três segundos. Assim sendo,
fica estabelecido o padrão de referência, a partir do qual são feitas as
necessárias correções para cada caso específico de edificação. A partir das
informações obtidas, a NBR 6123:1988, através do “gráfico de isopletas”, indica
as velocidades básicas do vento, considerando as seguintes premissas: valores
de rajadas com duração de três segundos; período de retorno da rajada mais
crítica é de 50 anos; 63% de probabilidade de exceder a rajada mais crítica, no
período de retorno considerado.
Figura 2.7 – Gráfico das isopletas. Fonte NBR 6123:1988
As
velocidades
apresentadas
no
gráfico
da
figura
2.12
foram
determinadas a partir do tratamento estatístico aplicado aos dados obtidos em
49 estações meteorológicas espalhadas por todas as regiões do país, conforme
registrado no Anexo C da NBR 6123:1988.
Capítulo 02: Ações em Estruturas de Madeira
2.3.4.3
Velocidade característica do vento (Vk)
A determinação deste parâmetro se verifica a partir da velocidade básica
do vento e dos seguintes aspectos:
*Topografia do local da obra: condições específicas que podem provocar
alterações significativas na velocidade do vento, como aclives e fundos de vale,
por exemplo;
*Rugosidade do terreno: leva em conta a existência ou não de obstáculos
(naturais ou artificiais), sua altura e sua disposição no entorno da obra, os quais
podem modificar a velocidade do vento;
*Dimensões da edificação: são variáveis importantes uma vez que o tempo da
rajada será diretamente proporcional às mesmas;
*Tipo de ocupação da edificação a ser construída: trata-se de um parâmetro
(estabelecido convencionalmente) que leva em consideração os riscos de vida
existentes no caso de ocorrer ruína da edificação.
Portanto, a velocidade característica do vento “Vk”, dada em m/s, é:
(2.3)
a)Fator (S1): Topografia
O fator “S1“ leva em consideração as variações do relevo do terreno as
quais conduzem ao aumento ou à diminuição da velocidade básica do vento. A
NBR 6123:1988 considera basicamente três situações: terreno plano ou pouco
ondulado (ponto A), vales profundos protegidos do vento (ponto C) e taludes e
morros (ponto B).
FIGURA 2.8 – Alteração das linhas de fluxo devido a topografia
Capítulo 02: Ações em Estruturas de Madeira
Para estas situações, a NBR 6123:1988 recomenda os seguintes valores:
*Terreno plano ou fracamente acidentado: S1  10
, (Pontos “A” e “C” da figura
2.9 e Ponto “A” da figura 2.8);
*Vales protegidos do vento: S1  0,9 (Ponto “C” da figura 2.8);
*Taludes e morros: “S1“ é determinado a partir do ângulo () de inclinação do
talude ou do morro, da altura (z) medida a partir da superfície do terreno no local
da construção e da diferença de nível (d) entre a base e o topo do talude ou
morro (Pontos B da figura 2.9). “S1” é determinado pelas expressões:
1a Situação: para   30  S`1  10
,


z
2a Situação: para 60    170  S1  10
,   2,5   tg   30   10
,
d






z
3a Situação: para   450  S1  10
,   2,5   0,31  10
,
d


FIGURA 2.9 – Taludes e morros
Para valores entre 3 e 6 e entre 17 e 45, o valor de “S1” é determinado
por interpolação linear.
Capítulo 02: Ações em Estruturas de Madeira
b)Fator (S2): Rugosidade do terreno e dimensões da edificação
O fator “S2” considera os aspectos particulares de uma determinada
edificação no que tange às suas dimensões e à rugosidade do terreno onde será
construída. Veja a tabela abaixo.
TABELA 2.5 Valores do fator “S2”.
Fonte: NBR 6123:1988.
A NBR 6123/1988 estabelece cinco categorias para a rugosidade dos
terrenos, conforme transcrição a seguir, sendo que para cada edificação é
necessário adotar uma categoria para a definição do fator “S2”:
Capítulo 02: Ações em Estruturas de Madeira
*Categoria I
São as superfícies lisas de grandes dimensões, com mais de cinco
quilômetros de extensão, medidos na direção e no sentido do vento incidente.
Exemplos: mar calmo; lagos e rios; pântanos sem vegetação.
*Categoria II
São os terrenos abertos em nível ou aproximadamente em nível, com
poucos obstáculos isolados, como árvores e edificações baixas. Exemplos:
zonas costeiras planas; pântanos com vegetação rala; campos de aviação;
pradarias; fazendas sem sebes ou muros.
*Categoria III
São os terrenos planos ou ondulados com obstáculos, como sebes e
muros, poucos quebra-ventos de árvores, edificações baixas e esparsas.
Exemplos: granjas e casas de campo; fazendas com sebes e muros; subúrbios a
considerável distância do centro das cidades, com casas baixas e esparsas. A
cota média do topo dos obstáculos é considerada igual a 3 metros.
*Categoria IV
São os terrenos cobertos por obstáculos numerosos e pouco espaçados
em zona florestal, industrial ou urbanizados. Exemplos: parques e bosques com
muitas árvores; cidades pequenas e arredores; subúrbios densamente
construídos de grandes cidades; áreas industriais plena ou parcialmente
desenvolvidas. A cota média do topo dos obstáculos é igual a 10 metros.
*Categoria V
São os terrenos cobertos por obstáculos numerosos, de grande altura e
pouco espaçados. Exemplos: florestas com árvores altas de copas isoladas;
centros das grandes cidades; complexos industriais bem desenvolvidos. Nesta
categoria, a cota média do topo dos obstáculos é considerada igual a 25 metros.
Na definição de “S2” também devem ser consideradas as dimensões da
edificação. A NBR 6123:1988 define três classes para as edificações e seus
elementos, conforme transcrição a seguir:
Capítulo 02: Ações em Estruturas de Madeira
*Classe A
Pertencem a esta classe todas as unidades de vedação, seus elementos
de fixação e as peças individuais de estruturas sem vedação; toda as
edificações ou suas partes nas quais a maior dimensão horizontal (planta) ou
vertical (superfície frontal) não exceda 20 metros.
*Classe B
Pertencem a esta classe todas as edificações ou suas partes nas quais a
maior dimensão horizontal (planta) ou vertical (superfície frontal) esteja
compreendida no intervalo entre 20 e 50 metros.
*Classe C
Pertencem a esta classe todas as edificações ou suas partes nas quais a
maior dimensão horizontal ou vertical (superfície frontal) exceda 50 metros.
Na tabela 2.5 estão apresentados os valores de “S2” para algumas alturas
de edificações. Nesta tabela, “z” representa a altura, em metros, medida a partir
da superfície do terreno.
c)Fator (S3): Estatístico
O fator “S3” é baseado em conceitos estatísticos, levando em
consideração a vida útil esperada para a edificação e o grau de segurança
requerido. De acordo com definição anterior, a velocidade básica do vento
apresenta um período de recorrência médio de cinqüenta anos. A probabilidade
de que tal velocidade seja igualada ou excedida é de 63%. Estes dois
parâmetros são considerados adequados para edificações usuais, tais como as
destinadas a moradias, hotéis, escritórios, entre outras (Grupo 2). A partir desta
consideração e na ausência de outros documentos específicos, adotam-se os
valores convencionais do fator “S3” dado pela NBR 6123:1988, conforme os
grupos de edificações:
*Grupo 1
São as edificações cuja ruína total ou parcial pode afetar a segurança ou
a possibilidade de socorro a pessoas após tempestades destrutivas, como é o
Capítulo 02: Ações em Estruturas de Madeira
caso de hospitais, quartéis de bombeiros e de forças de segurança, centrais de
comunicação. Nesta condições, S3  110
, .
*Grupo 2
São as edificações para hotéis, residências; edificações para comércio e
indústria com alto fator de ocupação. Nestas condições, S3  100
, .
*Grupo 3
São as edificações e instalações industriais com baixo fator de ocupação.
Ex: depósitos, silos, construções rurais. Nestas condições, S3  0,95 .
*Grupo 4
São as vedações (as telhas, os vidros, os painéis). Assim, S3  0,88 .
*Grupo 5
Edificações temporárias; edificações dos grupos 1 a 3 durante a fase de
construção. Nestas condições, S3  0,83 .
Para outros níveis de probabilidade de ocorrência e períodos de
recorrências (TR), consulta-se o Anexo “B” da NBR 6123:1988.
2.3.4.4
Pressão de obstrução ou Pressão dinâmica do vento (q)
No âmbito da NBR 6123:1988, pressão de obstrução é aquela exercida
pela velocidade característica do vento, nas condições normais de temperatura e
pressão. Portanto, o valor da pressão dinâmica do vento é expresso por:
q  0,613Vk2 (N/m2) ou q 
0,613Vk2
(kN/m2).....................(2.4)
1000
A pressão de obstrução será considerada sempre perpendicular à
superfície da estrutura.
2.3.4.5
Efeitos estáticos do vento
O efeito do vento é sempre considerado como ação dinâmica, pois a
velocidade do mesmo varia, temporalmente, de intensidade. Como ilustração, a
figura 2.10 mostra os efeitos do vento nas aberturas a barlavento e a sotavento.
Capítulo 02: Ações em Estruturas de Madeira
FIGURA 2.10 – Efeito do vento em função das aberturas (barlavento e sotavento).
Para a maioria das situações, o efeito do vento pode ser analisada
estaticamente, a partir dos coeficientes de pressão (externo e interno), de forma,
de força e de torção.
a)Coeficientes de pressão (cpe) e de forma (Ce), externos
Estes coeficientes foram definidos através do Teorema de Bernoulli
(fluído incompressível e escoamento (fluxo de ar) em regime permanente), ou
seja, a soma das pressões dinâmicas, estática e piezométrica é constante. Veja:
(2.5)
Onde,
*P: pressão estática;
*v: velocidade do ar;
*g: aceleração da gravidade;
*z: cota do ponto considerado;
*: massa espécifca do ar.
Para ações do vento em edificações é possível desprezar o efeito da
pressão piezométrica. Portanto,
(2.5a)
A partir da expressão (2.5a) e dos resultados dos ensaios de protótipos
realizados em túnel de vento pelo Professor Joaquim Blessmann, considerando
várias formas de edificações, foram cruciais para determinar os coeficientes (c pe)
e (Ce) explicitados pela NBR 6123/1988 - item 6 (Tabelas 4 e 5). Vale ressaltar
que, o parâmetro “Ce” é utilizado para direções do vento (0º e 90º), enquanto o
“cpe” é empregado para quaisquer direções do vento em relação a superfície.
Capítulo 02: Ações em Estruturas de Madeira
b)Coeficiente de força (Cg)
A força global que atua em uma estrutura é igual a soma vetorial de todas
as forças (forças: arrasto; sustentação; lateral; horizontal) que atuam em uma
edificação, conforme a figura abaixo.
FIGURA 2.11 – Forças aerodinâmicas sobre uma edificação
Desta forma, o Coeficiente de Força Global (Cg) é calculado,
(2.6)
A partir da decomposição da força global, tem-se:
b1)Coeficiente de arrasto (Ca)
É definido Força de Arrasto (Fa) como sendo a componente da Força
Global (Fg) na direção do vento. Sendo assim, determina-se o Coeficiente de
Arrasto (Ca),
(2.7)
b2)Coeficiente de sustentação (Cs)
É definido Força de Sustentação (Fs) como sendo a componente da Força
Global (Fg), perpendicular ao plano do horizonte. Sendo assim, determina-se o
Coeficiente de Sustentação (Cs),
(2.8)
Capítulo 02: Ações em Estruturas de Madeira
b3)Coeficiente Lateral (Cl)
É definida a Força Lateral (Fl) como sendo a componente da Força Global
(Fg) na direção perpendicular ao vento, contida no plano horizontal. Sendo
assim, determina-se o Coeficiente Lateral (Cl),
(2.9)
b4)Coeficiente Horizontal (Ch)
É definido Força Horizontal (Fh) como sendo a resultante das Força de
Arrasto e Lateral, contida no plano horizontal. Sendo assim, determina-se o
Coeficiente Horizontal (Ch),
(2.10)
c)Coeficiente de pressão interna (Cpi)
Na condição ideal onde uma edificação fosse totalmente impermeável ao
ar, a pressão no interior da mesma seria invariável no tempo, qualquer que fosse
a velocidade da corrente de ar na parte externa. Entretanto, nas muitas
situações reais, as paredes ou a cobertura das edificações, mesmo
consideradas fechadas, permitem a passagem do ar, evidenciando que as
situações idealizadas não se repetem usualmente na prática. Por isso o
coeficiente de pressão interna está diretamente relacionado com as possíveis
aberturas onde vento possa adentrar.
Para as situações previstas na NBR 6123/1988, a pressão interna é
considerada uniformemente distribuída no interior da edificação. Por isso, em
superfícies internas planas, tem-se
.
Diante disto, a NBR 6123/1987 admite, convencionalmente, que são
impermeáveis os seguintes elementos construtivos e vedações: lajes e cortinas
de concreto armado ou protendido; paredes de alvenaria, de pedra, de tijolos, de
blocos de concreto e similares, sem portas, janelas ou quaisquer outros
aberturas. Os demais elementos construtivos e vedações são considerados
permeáveis, devendo-se a respectiva permeabilidade à presença de aberturas
tais como: juntas entre painéis de vedação e entre telhas; frestas em portas e
Capítulo 02: Ações em Estruturas de Madeira
janelas; aparatos para permitir a ventilação em telhas e panos de telhados; vãos
abertos de portas e janelas; chaminés e lanternins.
O índice de permeabilidade de uma parte da edificação é definido como a
relação entre a área das aberturas e a área total desta parte. Como indicação
geral, o índice de permeabilidade corrente de uma edificação para moradia ou
escritório, com todas as janelas e portas fechadas, está compreendido entre
0,01 e 0,05%. Entende-se por abertura dominante aquele cuja área é igual ou
superior à área total das outras aberturas que constituem a permeabilidade
admitida sobre toda a superfície externa da edificação.
Portanto, para o cálculo da força interna, a NBR 6123/1988 define alguns
valores para o coeficiente de pressão interna “cpi”, considerando a direção do
vento e da localização das aberturas.
1o)Para edificações com paredes internas permeáveis, a pressão interna é
considerada uniforme, adotando-se para o os valores dados a seguir:
a)Edificações com duas faces opostas igualmente permeáveis, as outras faces
impermeáveis:
*Vento perpendicular a uma face permeável:
*Vento perpendicular a uma face impermeável:
b)Edificações com quatro faces igualmente permeáveis
Considerar o mais nocivo entre os valores:
ou
c)Edificações com abertura dominante em uma face, as outras com igual
permeabilidade:
c.1)Abertura dominante na face de barlavento
*Parâmetro “k1” indica a proporção entre a área da abertura
dominante e a área total das aberturas em todas as faces submetidas a
sucções externas,
TABELA 2.6 Coeficientes “Ci”
k1
Ci
1,0
+0,1
1,5
+0,3
2,0
+0,5
3,0
+0,6
6,0 ou mais
+0,8
Adaptada da NBR 6123:1988
Capítulo 02: Ações em Estruturas de Madeira
c.2)Abertura dominante na face de sotavento
*Adotar
, correspondente à referida face (tabela 2.4);
c.3)Abertura dominante em face paralela ao vento, fora das regiões com
alta sucção externa (aquelas hachuradas nas tabelas 2.4 e 2.5)
*Adotar,
correspondente à referida face (tabela 2.4);
c.4)Abertura dominante em face paralela ao vento, em região com alta
sucção externa (aquelas hachuradas nas tabelas 2.4 e 2.5)
*Parâmetro “k2” indica a proporção entre a área da abertura
dominante e a área total das outras aberturas situadas em todas as faces
submetidas a sucções externas,
TABELA 2.7 Coeficientes “Ci”
k2
Ci
0,25
-0,4
0,50
-0,5
0,75
-0,6
1,0
-0,7
1,5
-0,8
3,0 ou mais
-0,9
Adaptada da NBR 6123:1988
2o)Para edificações efetivamente estanques e com janelas fixas, com
probabilidade desprezível de serem rompidas por acidente, adotar para o
coeficiente de pressão interna “Cpi” o mais nocivo entre os valores dados a
seguir:
a)Considerar:
ou
Em resumo, o coeficiente de pressão interna é positivo quando ocorre
sobrepressão interna e negativo quando ocorre sucção interna.
2.3.4.6
Coeficientes de pressão e de forma: aplicação em edifício de
planta retangular e telhado de duas águas
Através dos ensaios, observaram-se que em regiões juntos às arestas
das paredes e do telhado, denominadas zonas de altas sucções, ocorrem
valores diferenciados dos coeficientes “Ce”. Tais valores, obtidos ponto a ponto,
levariam a um cálculo extremamente complicado. Para facilitar, as normas
técnicas recomendam valores médios.
Capítulo 02: Ações em Estruturas de Madeira
A figura 2.12 mostra esquematicamente a variação dos valores, do
referido coeficiente, obtidos em laboratório, bem como os valores médios
recomendados por norma.
FIGURA 2.12 - Esquema da variação dos valores dos coeficientes “Ce”
No caso de superfícies em que ocorrem variações consideráveis de
pressão, as mesmas foram subdivididas e os coeficientes são dados para cada
uma das partes. Notou-se também que, em situações onde ocorra a incidência
inclinada do vento (geralmente 45 graus), tais coeficientes são ainda maiores.
Veja a figura 2.13.
....
FIGURA 2.13 - Região de elevados valores de pressão (coeficientes “cpe”)
Convém lembrar que a NBR 6123:1988 considera o vento a zero grau
atuando paralelamente à maior dimensão em planta (retangular), enquanto o
vento a 90 graus atua perpendicular à maior dimensão em planta (retangular).
Para o dimensionamento (telhas, caixilhos, elementos estruturais, etc), a
NBR 6123/1988 define o “cpe” (coeficiente de pressão) para as regiões de
elevados valores de pressão (zona de sucção) e o coeficiente de forma “Ce” para
Capítulo 02: Ações em Estruturas de Madeira
as demais regiões da edificação. As tabelas (2.8) e (2.9), apresentam tais
valores.
TABELA 2.8 – Coeficientes de pressão e de forma, externos, para telhados com duas águas,
simétricos, em edificações de planta retangular (Fonte: NBR 6123:1988)
...........
Capítulo 02: Ações em Estruturas de Madeira
Outras observações em relação à tabela 2.8 são apresentadas na NBR
6123:1988.
TABELA 2.9 - Coeficientes de pressão e de forma, externos, para paredes de edificações de
planta retangular.
Capítulo 02: Ações em Estruturas de Madeira
Outras observações em relação à tabela 2.9 são apresentadas na NBR
6123:1988.
2.3.4.7
Pressão efetiva ou resultante
A ação do vento em um ponto qualquer da edificação, introduz pressões
nas superfícies interna e externa. Este efeito é traduzido, através da NBR
6123/1988, por pressão efetiva (p),
............................................(2.11)
Sendo,
*
: pressão efetiva externa e interna, respectivamente.
Pode-se reescrever a expressão (2.11) através da definição dos
coeficientes de pressão externa
(
e interna
)
, ou seja,
(2.11a)
Valores positivos para pressão efetiva indicam o sentido de uma
sobrepressão na superfície e negativos indicam uma sucção na superfície.
2.3.4.8
Força devida ao vento – estruturas de cobertura
A força “F” devida ao vento que atuará nas estruturas ou nos
componentes da edificação depende da pressão dinâmica do vento “q” e da
diferença de pressão nas faces opostas da parte da edificação em estudo
(cobertura ou vedação, por exemplo). Assim sendo, tal força é dada pela
multiplicação entre a pressão efetiva e a área na qual ocorre a incidência do
vento,
(
)
Sendo,
*F: força externa à edificação, agindo na superfície plana de área “A”;
*Ce; Ci: coeficiente de forma externo e interno;
*q: pressão de obstrução.
(2.12)
Capítulo 02: Ações em Estruturas de Madeira
Desta maneira, os valores positivos para “F” indicam que esta força atua
para o interior (sobrepressão) e valores negativos indicam que esta força atua
para o exterior (sucção) da edificação.
Referências Bibliográficas
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (1988). NBR 6123 –
Forças devidas ao vento em edificações. Rio de Janeiro.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (1980). NBR 6120 –
Cargas para o cálculo de estruturas de edificações. Rio de Janeiro.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (2003) NBR 8681 –
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Projeto e execução de pontes de concreto armado e protendido. Rio de
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PITTA, J.A.A. Ações devidas vento em edificações. Série Apontamentos.
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capítulo 02.2 - UNEMAT – Campus Sinop