FACULDADE SENAI DE TECNOLOGIA MECATRÔNICA
CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM MECATRÔNICA INDUSTRIAL
PÓS-GRADUAÇÃO EM PROJETO, MANUFATURA E ANÁLISE DE
ENGENHARIA AUXILIADOS POR COMPUTADOR (CAD/CAM/CAE)
FERNANDO TELLI ATHAIDE
ANÁLISE ERGONÔMICA NO PROJETO DA CARTEIRA INFORMATIZADA PARA
AMBIENTES DE ENSINO MULTIDISCIPLINARES
SÃO CAETANO DO SUL
2014
FERNANDO TELLI ATHAIDE
ANÁLISE ERGONÔMICA NO PROJETO DA CARTEIRA INFORMATIZADA PARA
AMBIENTES DE ENSINO MULTIDISCIPLINARES
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado
a Faculdade SENAI de Tecnologia Mecatrônica
como requisito parcial para obtenção do título
de Especialista em Projeto, Manufatura e
Análise de Engenharia Auxiliados por
Computador (CAD/CAM/CAE).
Orientador: Professor Aderval Ferreira de Lima
Filho
SÃO CAETANO DO SUL
2014
Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação
Faculdade SENAI de Tecnologia Mecatrônica
A886a
Athaide, Fernando Telli
Análise ergonômica no projeto da carteira informatizada para
ambientes de ensino multidisciplinares / Fernando Telli Athaide. -São Caetano do Sul, 2014.
97 f. : il., color.
Inclui bibliografia.
Monografia (Especialização) – Faculdade SENAI de Tecnologia
Mecatrônica.
Orientador: Aderval Ferreira de Lima Filho
1. Desenho 2. CAD 3. Projeto 4. Carteira informatizada 5.
Ergonomia. I. Título.
CDD 620.00420285
FERNANDO TELLI ATHAIDE
ANÁLISE ERGONÔMICA NO PROJETO DA CARTEIRA INFORMATIZADA PARA
AMBIENTES DE ENSINO MULTIDISCIPLINARES
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado a Banca Examinadora como
requisito parcial para obtenção do título de Especialista em Projeto, Manufatura e
Análise de Engenharia Auxiliados por Computador (CAD/CAM/CAE).
___________________________
Fernando Telli Athaide
Orientador
___________________________
Prof. Aderval Ferreira de Lima Filho
Banca examinadora
___________________________
Prof. Dagoberto Gregório
___________________________
Prof. Nelson Wilson Paschoalinoto
São Caetano do Sul, _____ de ________________________2014.
A minha família e amigos que sempre me
fortalece em todos os momentos
importantes da vida.
AGRADECIMENTOS
Aos professores e colegas de curso, que contribuíram para a realização deste
trabalho com muita dedicação e conhecimento.
Agradecimentos especiais ao professor Aderval Ferreira de Lima Filho pela
orientação, compreensão, incentivo e principalmente pela paciência dispensada no
desenvolvimento deste trabalho.
A toda equipe da Faculdade SENAI de Tecnologia Mecatrônica.
Meus sinceros agradecimentos ao Serviço Nacional de Aprendizagem
Industrial – SENAI e a todos os colaboradores e colegas que fazem desta respeitada
instituição o maior meio de transformação social e educacional do país, contribuindo
para o fortalecimento da indústria nacional e principalmente para o crescimento
intelectual das pessoas.
“O que sabemos é uma gota, o que ignoramos
é um oceano”.
Isaac Newton
RESUMO
O presente trabalho descreve o desenvolvimento do projeto de uma carteira
informatizada para sala de desenho técnico mecânico. O objetivo deste projeto é
obter um recurso que atenda em um único ambiente de ensino e aprendizagem, o
desenvolvimento de aulas aplicando todas as técnicas de desenhos e a utilização
dos recursos computacionais para desenvolver projetos em softwares CAD. Aliado a
estas novas tecnologias e novos produtos, o estudo ergonômico se torna atuante
neste projeto. Um método ergonômico de registro e análise postural foi aplicado no
ambiente de ensino utilizando a carteira informatizada, onde são desenvolvidas
atividades com computadores, desenhos técnicos e aulas teóricas e será abordado
neste trabalho. As conclusões obtidas após a análise permitem aprimorar o projeto e
também avaliar as melhores e mais corretas posturas nestes ambientes de ensino.
Palavras-chave: Desenho. CAD. Projeto. Carteira informatizada. Ergonomia.
ABSTRACT
This project describes the design development of a computerized desk for technical
drawing mechanical room. The objective of this project is to obtain a resource that
meets in a unique environment for teaching and learning, developing lessons
applying all technical drawings and the use of computational resources to develop
projects in CAD software. Allied to these new technologies and new products,
ergonomic study becomes active in this project. An ergonomic method of registration
and postural analysis was applied in the teaching environment using computerized
desk, where activities are developed with computers, technical drawings and lectures
and will be addressed in this work. The conclusions reached after analysis help
enhance the project and also assess the best and most correct postures in these
learning environments.
Keywords: Drawing. CAD. Project. Computerized desk. Ergonomic.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 – Projeto desenvolvido em sistema CAD bidimensional de pequeno porte 22
Figura 2 – Projeto desenvolvido em sistema CAD paramétrico de médio porte........ 23
Figura 3 - Projeto desenvolvido em sistema CAD de grande porte ........................... 24
Figura 4 – Desenho técnico esquemático do projeto ................................................ 27
Figura 5 - Dimensionamento do conjunto aluno composto por cadeira e carteira ..... 29
Figura 6 – Dimensionamento da carteira .................................................................. 31
Figura 7 – Dimensionamento da cadeira ................................................................... 32
Figura 8 – Dimensionamento e medidas de ergonômicas da posição da prancheta 33
Figura 9 – Altura da prancheta utilizada com as cadeiras alta e baixa ...................... 34
Figura 10 – Inclinação do tampo da prancheta para área de desenho ..................... 34
Figura 11 – Inclinação do tampo da prancheta para desenho técnico ...................... 35
Figura 12 – Largura e profundidade do tampo da prancheta .................................... 35
Figura 13 – Variação da inclinação do tampo da prancheta ..................................... 36
Figura 14 – Medidas normalizadas das folhas em desenho técnico. ........................ 36
Figura 15 – Leiaute e medidas normalizadas das folhas em desenho técnico ......... 37
Figura 16 – Medidas referenciais da condição ergonomicamente aceitável na
posição sentada ........................................................................................................ 39
Figura 17 – Dimensões básicas do projeto ............................................................... 40
Figura 18 – Posições e informações do projeto ........................................................ 41
Figura 19 – Carteira informatizada completa com todos os Hardwares especificados
.................................................................................................................................. 42
Figura 20 – Leiaute esquemático da sala de aula ..................................................... 44
Figura 21 – Leiaute físico da sala de aula ................................................................. 45
Figura 22 – Abertura da tampa principal ................................................................... 46
Figura 23 – Imagem da carteira informatizada - Escola SENAI “Morvan Figueiredo”47
Figura 24 – Imagem da carteira informatizada - Escola SENAI “A. Jacob Lafer” ...... 48
Figura 25 – Gráfico da estatura dos participantes ..................................................... 48
Figura 26 – Estimativas de comprimento em função da estatura .............................. 49
Figura 27 – Gráfico da avaliação da carteira informatizada ...................................... 50
Figura 28 – Gráfico da avaliação da cadeira giratória ............................................... 51
Figura 29 – Gráfico da avaliação do teclado e mouse .............................................. 51
Figura 30 – Gráfico da avaliação do monitor de vídeo .............................................. 52
Figura 31 – Gráfico da avaliação do leiaute da sala.................................................. 52
Figura 32 – Gráfico final dos resultados da pesquisa ................................................ 53
Figura 33 – Pontuações dos segmentos do corpo para o grupo A............................ 57
Figura 34 – Pontuações dos segmentos do corpo para o grupo B............................ 58
Figura 35 – Posição para aula teórica ....................................................................... 61
Figura 36 – Posição ideal do modelo virtual .............................................................. 62
Figura 37 – Posição do modelo virtual para aula teórica ........................................... 65
Figura 38 – Posição real de trabalho com a carteira informatizada........................... 66
Figura 39 – Posição do modelo real para aula teórica .............................................. 69
Figura 40 – Posição para aula de desenho ............................................................... 71
Figura 41 – Posição ideal do modelo virtual .............................................................. 72
Figura 42 – Posição do modelo virtual para aula de desenho ................................... 75
Figura 43 – Posição real de trabalho com a carteira informatizada........................... 76
Figura 44 – Posição do modelo real para aula de desenho ...................................... 79
Figura 45 – Sistema de regulagem de inclinação da carteira informatizada ............ 81
Figura 46 – Posição para aula de informática e CAD ................................................ 82
Figura 47 – Posição ideal do modelo virtual ............................................................. 83
Figura 48 – Posição do modelo virtual para aula de desenho ................................... 86
Figura 49 – Posição real de trabalho com a carteira informatizada........................... 87
Figura 50 – Posição para aula teórica ....................................................................... 90
Figura 51 – Sistema de regulagem de altura da carteira informatizada .................... 91
LISTA DE TABELAS
Tabela 01 – Resultados da pesquisa ................................................................... 52
Tabela 02 – Contração Muscular ......................................................................... 58
Tabela 03 – Força e Carga................................................................................... 58
Tabela 04 – Intervenção ....................................................................................... 58
Tabela 05 – Ajustes de Inclinação........................................................................ 80
Tabela 06 – Ajustes de Altura .............................................................................. 91
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABNT
Associação Brasileira de Normas Técnicas
CAD
Desenho Auxiliado por Computador
CAE
Análise de Engenharia Auxiliada por Computador
CAI
Inspeção Auxiliada por Computador
CAM
Manufatura Auxiliada por Computador
IEA
Associação Internacional de Ergonomia
ISO
Organização Internacional de Normalização
MIT
Instituto de Tecnologia de Massachusetts
RULA
Análise Rápida de Membros Superiores
LISTA DE SÍMBOLOS
2D
Bidimensional
3D
Tridimensional
b
Largura (milímetros)
h
Altura (milímetros)
t
Profundidade (milímetros)
r
Raio (milímetros)
a
Inclinação (graus)
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 16
1.1 OBJETIVO.............................................................................................................. 16
1.2 OBJETIVOS SECUNDÁRIOS ..................................................................................... 16
1.3 JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA DO PROJETO ............................................................. 17
1.4 METODOLOGIA ...................................................................................................... 17
2 FUNDAMENTAÇÃO TÉCNICA ............................................................................. 19
2.1 O DESENVOLVIMENTO E A EVOLUÇÃO DAS TECNOLOGIAS CAD ................................. 19
2.2 CLASSIFICAÇÕES DOS SOFTWARES CAD ................................................................. 21
2.2.1 Sistemas CAD de pequeno porte ..................................................................... 21
2.2.2 Sistemas CAD de médio porte ......................................................................... 22
2.2.3 Sistemas CAD de grande porte ........................................................................ 23
3 A ERGONOMIA NO PROJETO ............................................................................. 25
3.1 A ERGONOMIA EM AMBIENTES DE ENSINO COM COMPUTADORES ................................ 25
4 ELABORAÇÃO E NORMALIZAÇÃO DO PROJETO ........................................... 27
4.1 DIMENSIONAMENTOS DA MESA ................................................................................ 30
4.2 DIMENSIONAMENTOS DA CADEIRA ........................................................................... 31
4.3 DIMENSIONAMENTOS DA PRANCHETA ...................................................................... 33
5 DESENVOLVIMENTO DO PROJETO ................................................................... 38
5.1 DIMENSIONAMENTO TÉCNICO DO PROJETO ............................................................... 38
5.2 DIMENSIONAMENTO DAS POSIÇÕES DO PROJETO ...................................................... 40
5.3 ORGANIZAÇÃO E DISPOSIÇÃO DO LEIAUTE DA SALA .................................................. 43
6 AVALIAÇÃO ERGONÔMICA DO PROJETO........................................................ 47
6.1 ANÁLISE GRÁFICA DAS AVALIAÇÕES E DOS RESULTADOS DA PESQUISA ...................... 50
6.2 AVALIAÇÃO GERAL DO PROJETO E CONCLUSÕES ...................................................... 53
7 APLICAÇÃO DOS ESTUDOS ERGONÔMICOS NO PROJETO .......................... 55
7.1 O MÉTODO DE ANÁLISE RULA - RAPID UPPER LIMB ASSESSMENT ............................ 55
7.1.1 Membros superiores – Grupo A ....................................................................... 56
7.1.2 Membros Superiores – Grupo B ....................................................................... 58
7.2 A DEFINIÇÃO DO MÉTODO RULA NO PROJETO ......................................................... 60
7.3 APLICAÇÕES DO MÉTODO RULA NO PROJETO ........................................................ 60
7.3.1 Carteira Informatizada – Posição para aula teórica .......................................... 60
7.3.1.1 Análise ergonômica do modelo virtual – Posição para aula teórica .............. 63
7.3.1.1.1 Membros superiores – Grupo A ................................................................. 63
7.3.1.1.2 Membros Superiores – Grupo B ................................................................. 63
7.3.1.1.3 Análise da Contração Muscular, Forças e Cargas ..................................... 64
7.3.1.1.4 Resultados Finais da Análise ..................................................................... 64
7.3.1.2 Análise ergonômica do modelo real – Posição para aula teórica .................. 66
7.3.1.2.1 Membros superiores – Grupo A .............................................................. 67
7.3.1.2.2 Membros Superiores – Grupo B.............................................................. 67
7.3.1.2.3 Análise da Contração Muscular, Forças e Cargas ..................................... 68
7.3.1.2.4 Resultados Finais da Análise ..................................................................... 68
7.3.1.3 Conclusões e comparações das análises ................................................. 70
7.3.2 Carteira Informatizada – Posição para aula de desenho .................................. 70
7.3.2.1 Análise ergonômica do modelo virtual – Posição para aula de desenho ...... 73
7.3.2.1.1 Membros superiores – Grupo A ................................................................. 73
7.3.2.1.2 Membros Superiores – Grupo B ................................................................. 73
7.3.2.1.3 Análise da Contração Muscular, Forças e Cargas ..................................... 74
7.3.2.1.4 Resultados Finais da Análise ..................................................................... 74
7.3.2.2 Análise ergonômica do modelo real – Posição para aula de desenho ......... 76
7.3.2.2.1 Membros superiores – Grupo A ................................................................. 77
7.3.2.2.2 Membros Superiores – Grupo B ................................................................. 77
7.3.2.2.3 Análise da Contração Muscular, Forças e Cargas .................................... 78
7.3.2.2.4 Resultados Finais da Análise .................................................................... 78
7.3.2.3 Conclusões e comparações das análises ................................................. 80
7.3.3 Carteira Informatizada – Posição para aula de informática e CAD .................. 82
7.3.3.1 Análise ergonômica do modelo virtual – Posição para aula de informática e
CAD ........................................................................................................................... 84
7.3.3.1.1 Membros superiores – Grupo A ................................................................. 84
7.3.3.1.2 Membros Superiores – Grupo B ................................................................. 84
7.3.3.1.3 Análise da Contração Muscular, Forças e Cargas ..................................... 85
7.3.3.1.4 Resultados Finais da Análise ..................................................................... 85
7.3.3.2 Análise ergonômica do modelo real – Posição para aula de informática e
CAD .......................................................................................................................... 87
7.3.3.2.1 Membros superiores – Grupo A ................................................................. 88
7.3.3.2.2 Membros Superiores – Grupo B ................................................................. 88
7.3.3.2.3 Análise da Contração Muscular, Forças e Cargas ..................................... 89
7.3.3.2.4 Resultados Finais da Análise ..................................................................... 89
7.3.3.3 Conclusões e comparações das análises ..................................................... 90
8 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 93
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 94
ANEXO A – PESQUISA DE CAMPO ........................................................................ 96
16
1 INTRODUÇÃO
No ensino moderno de desenho técnico mecânico, o uso das tecnologias de
Desenho Assistido por Computador (CAD) é imprescindível para o aprendizado dos
conceitos teóricos, tais como projeções geométricas e modelamento geométricos,
visando o desenvolvimento de habilidades espaciais e o domínio da linguagem
técnica e das ferramentas de projeto.
O projeto de uma carteira informatizada para sala de desenho vem fazer esta
união, onde em um único ambiente de ensino e aprendizagem, podem ser aplicadas
todas as técnicas de desenvolvimento de desenhos e a utilização dos recursos
computacionais para desenvolver projetos em softwares CAD.
1.1 Objetivo
Desenvolver um projeto de uma carteira informatizada que possibilite o
aprendizado em diferentes disciplinas, tais como, desenho técnico mecânico,
ferramentas computacionais CAD e as diversas aplicações na área de informática de
forma integrada utilizando o mesmo ambiente de ensino.
O projeto deve seguir normas dimensionais e ergonômicas a fim de
possibilitar o máximo conforto para os usuários que apresentem diferentes alturas e
massa corporal.
1.2 Objetivos Secundários
Os objetivos secundários do projeto são:
a) obter por meio de análises dimensionais as medidas ideais para a
carteira informatizada;
b) possibilitar o conforto para o usuário durante o desenvolvimento das
atividades;
c) aplicar um estudo ergonômico utilizando o método de Análise Rápida
de Membros Superiores (RULA) para obter a aprovação e verificar os
ajustes necessários no projeto;
d) utilizar um software CAD como ferramenta de desenvolvimento deste
projeto.
17
1.3 Justificativa e Relevância do Projeto
Aliado aos novos produtos em desenvolvimento nas indústrias, o estudo
ergonômico torna-se atuante nestes projetos. Este estudo é de extrema importância
na avaliação deste projeto, pois pode-se mensurar o comportamento das posturas
dos alunos utilizando este novo equipamento colocado nos ambientes de ensino.
Ao contrário do que geralmente se supõe, o trabalho na posição sentada e
com computadores pode originar uma série de dores e complicações. A ergonomia
tem importância ao minimizar ou eliminar casos de fadiga e “stress” decorrente das
atividades laborais. Esta é a situação que se pretende estudar, pois no trabalho com
computadores e nas aulas teóricas em sala, é imprescindível uma análise mais
detalhada, já que exige dos alunos uma permanência prolongada com o corpo
quase estático. O método utilizado foi escolhido por ser de fácil aplicação e servir
também para outros setores produtivos.
1.4 Metodologia
Para uma melhor compreensão dos assuntos abordados, este trabalho está
dividido da seguinte forma:
a) o capítulo 2 trata de toda a fundamentação teórica e do desenvolvimento
e evolução das tecnologias CAD existentes no mercado de trabalho;
b) o capitulo 3 traz toda parte conceitual da ergonomia no projeto e também
nos ambientes de ensino com computadores;
c) o capítulo 4 aborda todos os aspectos de normalização necessária para o
dimensionamento do projeto, bem como a concepção do mobiliário
referenciada nas normas técnicas da Associação Brasileira de Normas
Técnicas (ABNT) para se estabelecer seus parâmetros principais;
d) o capítulo 5 trata da aplicabilidade e do desenvolvimento do projeto, que
baseado nos parâmetros normativos e nas necessidades de transformar
um único ambiente multidisciplinar, traz todos requisitos necessários para
este produto inovador;
e) o capítulo 6 apresenta a pesquisa de campo realizada com os usuários,
apontando o grau de satisfação sobre todos os aspectos ergonômicos do
projeto;
18
f) o último capítulo e mais relevante deste trabalho aborda o método de
análise rápida dos membros superiores e a aplicação no projeto. Para a
aplicação do método, foram analisadas as posições do modelo virtual e do
modelo real na carteira informatizada. O modelo virtual foi desenvolvido no
software Autodesk Inventor Professional, utilizando os recursos de
modelagem e restrições de montagem do software. Todos os graus de
liberdade de movimentação nas juntas do modelo foram posicionados
simulando um ambiente real de trabalho. Após estas análises e
comparações, foi realizada a conclusão do trabalho.
19
2 FUNDAMENTAÇÃO TÉCNICA
O ensino do desenho técnico no Brasil começou no fim do século XVIII, e foi
ganhando espaço devido à demanda gerada pelo desenvolvimento industrial. No
entanto, por causa da mudança na diretriz de ensino governamental, o desenho
técnico deixou de fazer parte dos currículos nos níveis fundamental e médio,
restringindo o assunto somente a algumas escolas e aos cursos técnicos e de
aprendizagem industrial. Outra questão foi à mudança curricular nas escolas
técnicas brasileiras, que diminuíram a carga horária da disciplina de desenho nos
cursos de aprendizagem e de formação técnica, impondo outros desafios ao ensino.
Devido a vantagens do uso de CAD como rapidez e precisão, a tecnologia
difundiu-se no meio empresarial, e evoluiu de forma acelerada, causando uma
mudança irreversível nas práticas profissionais. Mas ainda existem muitas
dificuldades na transição do ensino de Desenho Técnico Mecânico usando
instrumentos tradicionais e sistemas CAD. Atualmente o uso destas tecnologias já é
bastante difundido e existem diversos softwares que permitem funções essenciais na
área de Engenharia das empresas, porém, vale ressaltar que é primordial na área de
ensino que os alunos desenvolvam o desenho a mão livre baseado nas normas
técnicas (MORAES, 2001, p. 24-33).
2.1 O desenvolvimento e a evolução das tecnologias CAD
As primeiras aplicações de computadores para auxiliar as etapas de
engenharia tiveram início na década de 50, quando o Instituto de Tecnologia de
Massachusetts (MIT) iniciou a discussão sobre as tecnologias CAD e Manufatura
Auxiliada por Computador (CAM). Os sistemas CAD desta geração se limitavam
apenas à descrição de entidades geométricas em duas dimensões, à criação e
manipulação de desenhos em terminais gráficos monocromáticos (BÉZIER, 1993).
Contudo, nesta época estes sistemas CAD já propiciavam várias vantagens,
como:
a) possibilidade de envio, ou recebimento de desenhos por processos
eletrônicos;
b) melhor gerenciamento dos desenhos;
c) precisão do dimensionamento;
20
d) maior rapidez na recuperação, modificação ou atualização de
desenhos.
A utilização de sistemas CAD foi, por anos, limitada a aplicação em grandes
empresas, como aeroespacial e automobilística. Isto ocorria, direta ou indiretamente,
pelos custos envolvidos, desde software e hardware até a qualificação da mão de
obra, requerendo usuários com maior grau de instrução. Ao final da década de 90,
com o desenvolvimento de um sistema operacional robusto para aplicação em
computadores, houve uma migração das empresas que desenvolviam seus sistemas
CAD e CAM baseados em sistema operacional UNIX. Este fato, além de reduzir o
custo de Hardware, reduziu também à necessidade de usuários extremamente
especializados. A interface padrão Windows é bastante interativa, tornando mais
intuitiva à utilização destes sistemas (KONG, 2003).
Por sua vez, os custos relacionados diretamente aos softwares CAD também
estão bastante acessíveis atualmente, tornando sua utilização viável mesmo para
pequenas empresas.
Os sistemas CAD atuais não se restringem apenas à geração e manipulação
de desenhos em duas dimensões. Este recurso é considerado somente uma
funcionalidade destes sistemas e representa apenas uma pequena parcela dos
possíveis benefícios a serem obtidos com a utilização desta tecnologia. Hoje, um
software CAD, pode representar uma potente e indispensável ferramenta para a
indústria moderna, permitindo, além da geração de desenhos 2D:
a) modelar produtos tridimensionais com formas complexas;
b) realizar análise de forma geométrica para auxiliar a manufatura;
c) realizar analise de interferências entre peças e conjuntos montado;
d) definir propriedades físicas, tais como volume e centro de massa do
produto;
e) comunicação
com
outros
softwares,
através
de
interfaces
padronizadas.
Com a evolução da tecnologia necessária para o desenvolvimento dos
sistemas CAD atingindo seu ápice, a facilidade de utilização destes sistemas, devido
à qualidade de sua interface, passa a ser um foco importante na concorrência entre
diferentes fornecedores.
21
2.2 Classificações dos softwares CAD
Embora exista uma grande variedade de sistemas CAD atualmente
disponíveis no mercado, estes softwares nem sempre são concorrentes diretos. Isto
significa que sistemas CAD desenvolvidos por diferentes fornecedores podem ser
aplicados em diferentes segmentos de mercado, representando maior versatilidade
de trabalho. Generalizando, pode-se dizer que vários sistemas são capazes de
realizar uma gama ampla de tarefas, entretanto, cada sistema CAD se adequa, ou
foi desenvolvido especificamente para atender determinada aplicação com maior
ênfase.
2.2.1 Sistemas CAD de pequeno porte
Esta classe de softwares CAD é composta por sistemas que apenas utilizam
representações geométricas em duas dimensões. Como características principais:
a) baixo custo de software e hardware;
b) aplicação genérica: mecânica, elétrica, civil, arquitetura;
c) comunicação de baixa ordem com outros sistemas.
Em geral, são sistemas utilizados para suprir as necessidades de desenhos
2D sem a necessidade de comunicar com outros softwares, substituindo diretamente
a prancheta de desenho (figura 01). Em determinados seguimentos, esta pode ser a
melhor opção (FIGUEIRA, 2003).
22
Figura 1 – Projeto desenvolvido em sistema CAD bidimensional de pequeno porte
Fonte: Dados do autor
2.2.2 Sistemas CAD de médio porte
Esta é considerada a classe de software CAD que está em maior ascensão
no mercado de trabalho. É composta por sistemas capazes, principalmente, de
representar objetos tridimensionais (figura 02), e entre outras características pode-se
citar:
a) modelamento tridimensional em geral sólidos ou superfícies;
b) objetos com volume, massa, centro de gravidade;
c) possibilidade de comunicação com outros sistemas;
d) geração de desenhos 2D diretamente do modelo 3D.
Duas características importantes encontradas, em geral, a partir desta classe
de sistemas CAD, são:
a) paramétrica: esta característica permite que todas as dimensões de um
produto modelado por um sistema CAD estejam relacionadas entre si,
através de um parâmetro. Quando se altera o valor numérico deste
parâmetro,
todos
os
valores
atrelados
a
ele
se
alteram
automaticamente. Sistemas com esta característica podem ser
aplicados na elaboração de uma família de peças;
23
b) associativa: os sistemas CAD com característica associativa permitem
a geração automática de desenhos de engenharia 2D, com vistas e
cotas para dimensionamento, partindo do modelo 3D. Qualquer
alteração posterior no modelo 3D, o sistema altera automaticamente o
desenho 2D (FIGUEIRA, 2003).
Figura 2 – Projeto desenvolvido em sistema CAD paramétrico de médio porte
Fonte: Embrape (2013)
2.2.3 Sistemas CAD de grande porte
São os sistemas mais robustos e englobam todos os recursos dos sistemas
anteriores (figura 03), acrescentando:
a) capacidade de modelamento híbrido;
b) recursos de visualização fotográfica;
c) cálculos matemáticos para desenvolvimento de projetos;
d) análises de engenharia;
e) integração com diversos módulos, CAM, Análise de Engenharia Auxiliada
por Computador (CAE) e Inspeção Auxiliada por Computador (CAI), em
um único software.
24
Figura 3 - Projeto desenvolvido em sistema CAD de grande porte
Fonte: Cimm (2014)
Esta é uma classificação genérica, e por se tratar de uma área em constante
evolução, poderá sofrer alterações de acordo com o desenvolvimento tecnológico.
Entretanto, esta classificação auxilia a compreensão correta desta tecnologia, e
consequentemente, em uma tomada de decisão, quando houver a necessidade de
se dimensionar um sistema CAD para determinada aplicação.
Com todas estas novas tecnologias necessárias para a capacitação e
formação de um profissional qualificado neste segmento de projetos mecânicos
surgem então à necessidade deste projeto, que visa tornar um ambiente de ensino
multidisciplinar para treinamentos, alinhado também a questão ergonômica desta
aprendizagem (FIGUEIRA, 2003).
25
3 A ERGONOMIA NO PROJETO
A palavra ergonomia vem do grego: ergon = trabalho e nomos = legislação,
normas. Desse modo, a ergonomia é definida como a ciência da configuração de
trabalho adaptada ao homem. Pode-se dizer que a ergonomia é uma ciência
aplicada ao projeto de máquinas, equipamentos, sistemas e tarefas, com o objetivo
de melhorar a segurança, saúde, conforto e eficiência no trabalho (DUL;
WEERDMEESTER, 2004). A definição formal da Ergonomia adotada pela
Associação Internacional de Ergonomia (IEA) é:
Ergonomia (ou fatores humanos) é uma disciplina científica que
estuda as interações dos homens com outros elementos do sistema,
fazendo aplicações da teoria, princípios e métodos de projeto, com o
objetivo de melhorar o bem-estar humano e o desempenho global do
sistema. (DUL, WEERDMEESTER, 2004, p.1)
A ergonomia estuda vários aspectos: a postura e os movimentos corporais
(sentados, em pé, empurrando, puxando e levantando cargas), fatores ambientais
(ruídos, vibrações, iluminação, clima, agentes químicos), informação (informações
captadas pela visão, audição e outros sentidos), relações entre mostradores e
controles, bem como cargos e tarefas (tarefas adequadas, interessantes). A
conjugação adequada desses fatores permite projetar ambientes seguros,
saudáveis, confortáveis e eficientes, tanto no trabalho quanto na vida cotidiana.
A ergonomia baseia-se em conhecimentos de outras áreas científicas, como a
antropometria, biomecânica, fisiologia, psicologia, toxicologia, engenharia mecânica,
desenho industrial, eletrônica, informática e gerência industrial. Ela reuniu,
selecionou e integrou os conhecimentos relevantes dessas áreas, para desenvolver
métodos e técnicas específicas para aplicação desses conhecimentos na melhoria
do trabalho e das condições de vida, tanto dos trabalhadores, como da população
em geral (DUL; WEERDMEESTER, 2004).
3.1 A ergonomia em ambientes de ensino com computadores
Os ambientes de ensino apresentam várias diferenças em relação a um posto
de trabalho corporativo de um escritório.
Nos ambiente de ensino, o aluno executa inúmeras tarefas ao mesmo tempo,
enquanto em um escritório, a pessoa deve permanecer com o corpo quase estático
26
durante horas, com a atenção fixa na tela do monitor e as mãos sobre o teclado,
realizando operações de digitação, muitas vezes repetitivas. Portanto, as condições
do ambiente de ensino com computadores em comparação com um posto de
trabalho coorporativo podem ser mais severas, apresentando inadaptações
ergonômicas de consequências bastante incômodas para os alunos. Estas
consequências se concentram principalmente na fadiga visual, nas dores
musculares do pescoço e ombros e dores nos tendões dos dedos. Como causas de
desconforto em ambientes de ensino com computadores, se destacam: altura do
teclado muito baixa em relação ao piso, altura do teclado muito alta em relação à
mesa, falta de apoios adequados para os antebraços e punhos, cabeça muito
inclinada para frente, pouco espaço lateral para as pernas e posicionamento
inadequado do teclado. Para atingir um conforto ergonômico, sugere-se que o aluno
deva se sentar bem, numa cadeira ergonomicamente bem projetada e numa relação
cadeira-acessórios também adequada.
Em ambientes de ensino com computadores, observa-se que as pessoas
tendem a ficar em posições inclinadas, ou seja, posições mais relaxadas. Desse
modo, para uma boa postura, recomendam-se cadeiras que possuam um encosto
com inclinação regulável entre 90º e 120º. É recomendado também, cadeiras com
assento regulável, bordas do assento arredondadas, pouco estofamento, giratória,
amortecimento vertical e cinco pés com rodas. O monitor deve ter mobilidade para
se adaptar a diferenças antropométricas dos alunos.
Para a ergonomia dos demais componentes, sugere-se que os pés devem estar
sempre apoiados no chão e que se deve haver espaço suficiente para as pernas
debaixo da mesa (IIDA, 2002).
27
4 ELABORAÇÃO E NORMALIZAÇÃO DO PROJETO
A partir de uma necessidade funcional de tornar um ambiente de ensino
multidisciplinar, surge uma primeira discussão técnica para elaboração de um projeto
de uma carteira informatizada que atendesse em um único laboratório as disciplinas
teóricas e práticas da área de desenho técnico, além de aulas teóricas dos demais
conteúdos programáticos dos cursos (figura 4).
Nesta análise, foi desenvolvido um desenho técnico esquemático para iniciar
as ações deste inovador projeto.
Figura 4 – Desenho técnico esquemático do projeto
Fonte: Dados do autor
Inicialmente foi desenvolvido um estudo esquemático desta carteira
respeitando apenas as condições ergonômicas dos alunos.
Estas condições ergonômicas estão preconizadas nas Normas Técnica NBR
14006 - Móveis escolares – Assentos e mesas para conjunto aluno de instituições
educacionais. Esta Norma estabelece os requisitos mínimos de mesas e cadeiras
28
para
instituições
de
ensino,
nos
aspectos
ergonômicos
de
acabamento,
identificação, estabilidade e resistência.
Para definir as classes dimensionais, foi utilizada como base a norma técnica
da Organização Internacional de Normalização (ISO) 5970 por ainda não haver
estudos antropométricos da população infanto-juvenil de abrangência nacional. As
dimensões mínimas de profundidade e largura do tampo da mesa foram definidas
como 450 mm x 600 mm. A superfície da mesa especificada nesta Norma é
horizontal. Entretanto, se for necessária uma superfície inclinada, esta não deve ter
uma inclinação maior do que 10°. A borda da mesa mais próxima ao aluno deve ter
a altura especificada para a mesa plana. A inclinação do assento deve ter no
máximo 4°. A superfície do assento pode ser plana ou ter conformações. Qualquer
conformação deve estar nos dois terços posteriores do assento. As dimensões para
o conjunto aluno estão estabelecidas na figura 05.
29
Figura 5 - Dimensionamento do conjunto aluno composto por cadeira e carteira
Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas (2003, p. 6)
30
4.1 Dimensionamentos da mesa
Descrição das principais dimensões de uma mesa para ambientes de ensino,
conforme figura 06: largura mínima do tampo - b1: menor distância entre as duas
laterais em tampos retangulares, ou de outras formas geométricas; largura mínima
do espaço para as pernas - b2: espaço livre sob o tampo delimitado pelas estruturas
laterais de apoio da mesa; altura do tampo - h1: distância medida entre o piso e a
face superior do tampo; altura mínima para movimentação das coxas - h2: distância
livre entre o piso e a superfície inferior da porta-objeto, ou entre o piso e a superfície
inferior do tampo, no caso de não haver porta-objeto. Deve ser medida na borda
frontal mais próxima do aluno; altura mínima para movimentação dos joelhos - h3:
distância livre entre o piso e a superfície inferior da porta-objeto, ou entre o piso e a
superfície inferior do tampo, no caso de não haver porta-objeto, medida na
profundidade t3; altura mínima para o posicionamento de obstáculos na área de
movimentação da perna - h4: medida no plano de simetria da mesa, identificado no
corte AA da figura 05; profundidade mínima do tampo - t1: menor distância medida
perpendicularmente à borda do tampo em contato com o usuário; profundidade
mínima do espaço para as pernas - t2: distância livre, na altura dos joelhos (h3),
medida a partir da borda da mesa mais próxima do usuário. É relativa à variável
antropométrica
do
comprimento
nádega-joelho;
profundidade
mínima
para
movimentação das pernas - t3: distância livre para a movimentação das pernas,
medida a partir da borda da mesa mais próxima do usuário na altura h4. Esta
medida é relativa à variável antropométrica do comprimento nádega-joelho,
acrescido de espaço que possibilite o aumento da angulação entre a perna e a coxa
alternância postural, sem nenhum obstáculo que impeça esta movimentação.
31
Figura 6 – Dimensionamento da carteira
Fonte: Associação (2003, p. 5)
4.2 Dimensionamentos da cadeira
Descrição das principais dimensões de uma cadeira para ambientes de
ensino conforme figura 07: largura mínima do assento - b3: distância entre as bordas
laterais superiores do assento, medida no terço mais próximo do encosto; largura
mínima do encosto - b4: distância horizontal entre as bordas laterais do encosto,
medida no seu plano horizontal mais proeminente; altura do assento - h5: altura do
ponto mais alto do assento ao solo, medida no plano da simetria da cadeira,
identificado no corte AA, tal como descrito na figura 05; altura máxima do vão entre a
superfície do assento e a base do encosto - h6: altura do ponto mais baixo do
assento até o ponto mais baixo do encosto, medida no plano de simetria da cadeira,
identificado no corte AA da figura 05. Deve ser assegurado espaço livre para a
região glútea na posição sentada para escrita; altura até a borda superior do encosto
- h7: altura do ponto mais baixo do assento até o ponto mais alto do encosto, medida
no plano de simetria da cadeira, identificado no corte AA da figura 05; altura da aba
frontal do assento - h8: altura máxima da aba junto à cavidade popliteal (curva
interna do joelho), de modo que não impeça a alteração da angulação entre a perna
32
e a coxa e consequente alternância postural; raio da aba frontal do assento - r1: raio
aproximado da aba frontal do assento. A curva não precisa ser um arco exato do
círculo; raio da curvatura da parte interna do encosto - r2: raio definido pela
curvatura da parte interna do encosto, medida no plano horizontal; profundidade
efetiva do assento - t4: distância da borda frontal do assento à projeção do ponto W,
medida no plano de simetria da cadeira, identificado no corte AA tal como descrito
na figura 05; ponto de referência para seta - w: altura máxima do ponto mais
proeminente do encosto, medida até o assento no plano de simetria da cadeira,
identificado no corte AA da figura 05; ângulo entre o assento e o encosto – seta:
ângulo entre o assento e o encosto, medido no plano de simetria da cadeira,
identificado no corte AA da figura 05; inclinação do assento – δ: ângulo medido
longitudinalmente, na linha de centro do assento, em relação à horizontal.
Figura 7 – Dimensionamento da cadeira
Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas (2003, p. 5)
33
Além das condições ergonômicas detalhadas acima, deve-se levar em
consideração as informações da Norma Técnica NBR 13963 - Móveis para escritório
– Móveis para desenho – Classificação e características físicas e dimensionais. Esta
Norma estabelece os requisitos mínimos das pranchetas para instituições de ensino,
nos aspectos dimensionais, de regulagem e de acionamentos.
4.3 Dimensionamentos da prancheta
Descrição das principais dimensões de uma prancheta de desenho para
ambientes de ensino, conforme figuras 08, 09 e 10: altura da prancheta - h: distância
vertical medida do piso à face superior do tampo da prancheta, posicionado no plano
horizontal: h1: altura da prancheta utilizada com cadeira baixa e h2: altura da
prancheta utilizada com cadeira alta; largura da prancheta - l: distância horizontal
medida entre as bordas laterais do tampo da prancheta; profundidade da prancheta p: distância horizontal medida entre as bordas frontal e posterior do tampo da
prancheta, posicionado no plano horizontal; inclinação do tampo da prancheta - a:
ângulo de referência entre o tampo da prancheta e o plano horizontal, medido em
graus.
Figura 8 – Dimensionamento e medidas de ergonômicas da posição da prancheta
Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas (1997, p. 3)
34
Figura 9 – Altura da prancheta utilizada com as cadeiras alta e baixa
Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas (1997, p. 3)
Figura 10 – Inclinação do tampo da prancheta para área de desenho
Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas (1997, p. 3)
35
A altura da prancheta varia de acordo com o tipo de regulagem e da cadeira
que deverá ser utilizada, conforme apresentado na figura 11.
Figura 11 – Inclinação do tampo da prancheta para desenho técnico
Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas (1997, p. 3-4)
A largura e profundidade mais usuais de tampos para pranchetas variam de
acordo com os valores da figura 12.
Figura 12 – Largura e profundidade do tampo da prancheta
Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas (1997, p. 4)
36
A variação da inclinação do tampo deve contemplar ao menos o intervalo
indicado na figura 13, podendo, no entanto ultrapassá-lo.
Figura 13 – Variação da inclinação do tampo da prancheta
Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas (1997, p. 4)
A largura e profundidade utilizadas devem respeitar os espaços mínimos para
elaboração dos projetos de acordo com o tamanho dos formatos padronizados para
desenho técnico de acordo com a figura 14.
Figura 14 – Medidas normalizadas das folhas em desenho técnico.
Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas (1997, p. 4)
Todos os projetos desenvolvidos e impressos devem respeitar as dimensões
dos formatos preconizados na NBR 10068 – Folha de desenho – Leiautes e
dimensões.
Esta Norma padroniza as características dimensionais das folhas em branco e
impresso a serem aplicadas em todos os desenhos técnicos, conforme figura 15. Ela
também apresenta a disposição do leiaute da folha como posições de legenda e
margens.
37
Figura 15 – Leiaute e medidas normalizadas das folhas em desenho técnico
Fonte: Dados do autor
38
5 DESENVOLVIMENTO DO PROJETO
Baseado em todas as informações e dimensões exigidas nas normas técnicas
abordadas, foi desenvolvido um estudo para especificar as caraterísticas do projeto.
Com este estudo elaborado, foi desenvolvida a carteira informatizada utilizando o
software Autodesk Inventor Professional, que permitiu modelar as peças e
posteriormente montar utilizando as restrições de posição existentes do software.
Outro aspecto importante foi à utilização dos recursos de detalhamento
técnico bidimensional do projeto. Baseado nestes desenhos normalizados foi
possível realizar a produção destas peças que compõem a carteira informatizada,
bem como especificar todos os equipamentos de hardwares necessários para a
integração do projeto final.
5.1 Dimensionamento técnico do projeto
Todas as medidas do projeto respeitam as exigências estabelecidas nas
normas já citadas, porém foram estabelecidas algumas cotas máximas de
posicionamento.
Para a fixação do monitor na estrutura deve-se respeitar a dimensão máxima
de 1000 mm, pois este é um referencial ergonômico quando o usuário utiliza a
carteira informatizada. Da mesma forma, a dimensão máxima da carteira totalmente
aberta deverá ser de 1200 mm, para que o usuário não tenha dificuldades em
visualizar as explicações teóricas expostas no quadro ou na lousa à sua frente.
Estes referenciais estão baseados em algumas medidas proporcionais dos
indivíduos, conforme a figura 16 apresentada. Nesta figura, verifica-se que para uma
posição adequada dos indivíduos sentados devem-se respeitar as medidas
estabelecidas
para
(ROOZBAZAR, 1979).
se
obter
uma
condição
ergonomicamente
aceitável
39
Figura 16 – Medidas referenciais da condição ergonomicamente aceitável na posição sentada
Fonte: Roozbazar, 1979, apud Iida, 2003.
Para referenciar o estudo e estabelecer a medidas principais do projeto
analisa-se os seguintes aspectos: a altura do assento da cadeira deve ser
correspondente à altura representada pela letra A; o assento deve ter o comprimento
da coxa, relacionado na figura pela letra B; devemos sempre encostar os pés no
chão ou em algum apoio para os pés; o ângulo representado pela coxa e pela perna
deve ser de 90 graus; a altura do encosto da cadeira está relacionada com o
comprimento das costas, pontos representados pelas letras C e D; a coluna deve
estar apoiada no encosto da cadeira; a altura da mesa deve estar no mesmo plano
da altura da cintura representado pela letra C e o teclado deve estar na mesma
altura de I.
A partir destes dados dimensionais, se estabelece as condições das cotas
máximas para elaboração do projeto (figura 17). Ressalta-se que todo o projeto
possui regulagens que permitem ajustes da carteira em função da estatura dos
alunos.
40
Figura 17 – Dimensões básicas do projeto
Fonte: Dados do autor
5.2 Dimensionamento das posições do projeto
Para um melhor aproveitamento e estabilidade da carteira, a mesma deverá
ter uma abertura máxima da mesa de 100º e uma inclinação máxima de 45º do
tampo. A melhor posição ergonômica para utilização da carteira, de acordo com o
estudo desenvolvido é de uma inclinação de 30º do tampo, conforme ilustrado na
figura 18.
41
Figura 18 – Posições e informações do projeto
Fonte: Dados do autor
42
Completando o projeto desenvolvido, a carteira informatizada deverá conter
todos os hardwares necessários para sua montagem e correta utilização (figura 19).
Os periféricos (Mouse e Teclado) deverão utilizar a tecnologia de comunicação
wireless, tornando assim o projeto mais versátil e funcional.
Figura 19 – Carteira informatizada completa com todos os Hardwares especificados
Fonte: Dados do autor
43
5.3 Organização e disposição do leiaute da sala
Do ponto de vista da ergonomia, é imprescindível que exista uma definição de
um leiaute visando segurança, saúde e melhoria do desempenho dos alunos nesta
sala de aula.
A norma regulamentadora NR 17 – Ergonomia visa estabelecer parâmetros
que permitam a adaptação das condições de trabalho às características
psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar um máximo de conforto
e desempenho eficiente.
Nos locais de trabalho onde são executadas atividades que exijam solicitação
intelectual e atenção constantes, deve-se seguir as recomendações mínimas
estabelecidas, tais como temperatura efetiva entre 20 e 23°C, velocidade do ar não
superior a 0,75 m/s e umidade relativa do ar não inferior a 40%, para esta sala de
aula.
Outro aspecto fundamental para tais condições de trabalho é a iluminação
destes ambientes. Em toda a sala de aula deve haver iluminação adequada, natural
ou artificial, geral ou focalizada, apropriada às atividades desenvolvidas. Os níveis
mínimos de iluminação nos locais de trabalho são estabelecidos pela NBR 5413 –
Iluminância de Interiores.
O leiaute esquemático apresentado na figura 20 foi planejado com um espaço
mínimo de 60,00m² para atender 32 alunos de forma simultânea.
44
Figura 20 – Leiaute esquemático da sala de aula
Fonte: Dados do autor
Na figura 21 pode-se verificar que se respeitado o espaço planejado para o
projeto, este deverá atender a todos os requisitos preconizados na norma
regulamentadora NR 17 – Ergonomia em relação a conforto, saúde, segurança,
desempenho e principalmente aos aspectos de iluminação do ambiente.
45
Figura 21 – Leiaute físico da sala de aula
Fonte: Dados do autor
De semelhante modo, verifica-se na figura 22 que deverá ser respeitado uma
distância mínima de 0,8m á 1,0m entre as carteiras para que assim quando todas
permanecerem abertas apresente conforto em sua utilização, permitindo que o aluno
não seja prejudicado por falta de espaço na sala de aula, explorando de forma
ergonomicamente correta todas as posições possíveis do mobiliário.
46
Figura 22 – Abertura da tampa principal
Fonte: Dados do autor
47
6 AVALIAÇÃO ERGONÔMICA DO PROJETO
Em um primeiro momento, foi desenvolvido e aplicado um questionário para a
avaliação do projeto da carteira informatizada. Esta pesquisa visa analisar e avaliar
as condições do projeto inserido no próprio ambiente de ensino e aprendizagem.
Por meio destes questionários, é possível avaliar a carteira informatizada em
conjunto com a cadeira, o teclado, o monitor de vídeo, a interação, o leiaute, o apoio
para os pés e ainda o sistema de trabalho.
Este questionário foi submetido a um total de 48 participantes. A aplicação
aconteceu em duas escolas diferentes, sendo aplicado no dia 28 de Maio e 15 de
Agosto de 2014, na Escola SENAI “Morvan Figueiredo” no bairro da Mooca, no
município de São Paulo com um total de 32 alunos e no dia 22 de Agosto de 2014,
na Escola SENAI “A. Jacob Lafer” no município de Santo André com um total de 16
alunos. Para dirimir as dúvidas que pudessem surgir durante seu preenchimento, o
autor acompanhou todo o processo de avaliação. A figura 23 e 24 mostra uma
fotografia da carteira informatizada no ambiente estudado nestas escolas.
Figura 23 – Imagem da carteira informatizada - Escola SENAI “Morvan Figueiredo”
Fonte: Dados do autor
48
Figura 24 – Imagem da carteira informatizada - Escola SENAI “A. Jacob Lafer”
Fonte: Dados do autor
Antes de iniciar a pesquisa de campo, os participantes foram escolhidos de
forma aleatória, e num primeiro momento realizou-se um levantamento da estatura
de cada entrevistado. A partir da coleta de dados, chegou-se no gráfico da estatura
apresentado na figura 25.
Figura 25 – Gráfico da estatura dos participantes
Fonte: Dados do Autor
49
Quando se analisam as informações do gráfico, verifica-se que quase a
metade (48%) de todos os entrevistados possui estatura entre 1,65m e 1,70m. Da
mesma forma, quando analisada a faixa de estatura entre 1,65m á 1,75m, contata-se
que isto representa mais de dois terços (71%) de toda a população.
Para uma análise e avaliação dos resultados da pesquisa, serão levadas em
consideração as estimativas de comprimentos de partes do corpo sentado, em
função da estatura. Estes estudos realizados mostram que existe uma proporção de
cada membro do corpo humano em relação à altura, conforme as cotas mostradas
na figura 26 (ROOZBAZAR, 1979).
Figura 26 – Estimativas de comprimento em função da estatura
Fonte: Roozbazar, 1979, apud Iida, 2003.
A metodologia adotada para determinação da condição ergonômica do
ambiente de ensino foi a seguinte: fez-se a pesquisa levando em consideração o
grau de satisfação para cada um dos itens do projeto. Em seguida realizou-se uma
média aritmética dos resultados encontrados.
Em cada um dos itens pesquisados e também para o total de itens deste
questionário considera-se a seguinte pontuação: 81 a 100% dos pontos: condição
ergonômica excelente; 61 a 80% dos pontos: boa condição ergonômica; 41 a 60%
dos pontos: condição ergonômica razoável; 21 a 40% dos pontos: condição
50
ergonômica ruim; 0 a 20% dos pontos: condição ergonômica péssima. O
detalhamento desta pesquisa com as descrições do questionário estão no Anexo A.
6.1 Análise gráfica das avaliações e dos resultados da pesquisa
Conforme citado, por meio destes questionários foi possível avaliar a carteira
informatizada, a cadeira giratória, o teclado e mouse, o monitor de vídeo, e o leiaute
da sala. Para uma apresentação dos resultados da pesquisa, foi elaborado um
gráfico com o levantamento realizado para cada um destes itens.
O gráfico da figura 27 busca analisar a carteira informatizada, levando em
consideração as suas dimensões, regulagens, alturas apropriadas, materiais
utilizados, espaços, facilidades e funcionalidades. O questionário completo e
detalhado de cada item encontra-se no Anexo A – Pesquisa de Campo.
Figura 27 – Gráfico da avaliação da carteira informatizada
Fonte: Dados do autor
O gráfico da figura 28 expressa o resultado da análise da cadeira giratória, em
relação ao conforto, regulagens, acionamentos, qualidade dos materiais e assentos.
O questionário completo e detalhado de cada item encontra-se no Anexo A –
Pesquisa de Campo.
51
Figura 28 – Gráfico da avaliação da cadeira giratória
Fonte: Dados do autor
O gráfico da figura 29 busca analisar o conjunto teclado e mouse, em relação
ao conforto, formatos, utilização e ergonomia. O questionário completo e detalhado
de cada item encontra-se no Anexo A – Pesquisa de Campo.
Figura 29 – Gráfico da avaliação do teclado e mouse
Fonte: Dados do autor
O gráfico da figura 30 expressa o resultado da análise do monitor de vídeo,
em relação à posição, altura, inclinação, controle de brilho e definição da imagem. O
questionário completo e detalhado de cada item encontra-se no Anexo A – Pesquisa
de Campo.
52
Figura 30 – Gráfico da avaliação do monitor de vídeo
Fonte: Dados do autor
O gráfico da figura 31 expressa o resultado da análise do leiaute da sala, em
relação à área e espaços de trabalho, distâncias entre as carteiras, posição das
tomadas, conforto térmico e sonoro. O questionário completo e detalhado de cada
item encontra-se no Anexo A – Pesquisa de Campo.
Figura 31 – Gráfico da avaliação do leiaute da sala
Fonte: Dados do autor
53
6.2 Avaliação geral do projeto e conclusões
Para uma apresentação final dos resultados da pesquisa, foi elaborado um
gráfico com a média aritmética dos valores encontrados em cada um dos itens
questionados. Estes valores finais e a média da avaliação do projeto estão
apresentados na figura 32.
Figura 32 – Gráfico final dos resultados da pesquisa
Fonte: Dados do autor
Tabela 1 – Resultados da pesquisa
Avaliação do Projeto
Média Geral
Avaliação da Carteira Informatizada
86,25 %
Avaliação da Cadeira Giratória
81,25 %
Avaliação do Teclado e Mouse
68,00 %
Avaliação do Monitor de Vídeo
89,00 %
Avaliação do Leiaute da Sala
82,50 %
AVALIAÇÃO GERAL DO PROJETO
81,40 %
Fonte: Dados do autor
54
Analisando os dados da pesquisa conclui-se com base nos questionários
aplicados que a carteira informatizada, a cadeira giratória, o monitor de vídeo e o
leiaute da sala apresentam uma condição ergonômica excelente, pois os resultados
estão no intervalo de 81 a 100% dos pontos estabelecidos para a média das alturas
estudadas. Com relação ao teclado e o mouse, estes apresentam uma condição
ergonômica boa, pois os resultados estão no intervalo de 61 a 80% dos pontos.
Deve-se considerar um menor índice na avaliação do teclado e mouse no
projeto, sendo que o principal argumento para esta baixa avaliação foi que o teclado
apresentava um formato especial com teclas menores. Este teclado foi projetado
para não ocupar muito espaço na parte interna da carteira informatizada e que pela
avaliação dos alunos poderia ser um pouco maior. Outro ponto importante a ser
considerado foi em relação ao mousepad que não possuía um apoio para descansar
o punho durante a utilização, e atualmente se encontram no mercado modelos que
apresentam este recurso.
Da mesma forma, analisou-se os resultados finais da pesquisa, e conclui-se
que na avaliação geral o projeto foi considerado ergonomicamente adequado,
atingindo um bom índice de satisfação na pesquisa de campo realizada.
55
7 APLICAÇÃO DOS ESTUDOS ERGONÔMICOS NO PROJETO
Para facilitar as medidas diretas do esforço envolvido na postura e possíveis
correções, pesquisadores desenvolveram métodos práticos de registro e análise de
postura. Além de serem necessárias tais medidas, é preciso também conhecer as
atividades, as cargas transportadas e o local de trabalho dos indivíduos. As medidas
dos ângulos entre partes do corpo, ou seus ângulos em relação ao ambiente, são
frequentemente requisitadas nos métodos de pesquisa (WILSON e CORLETT,
2005).
7.1 O método de análise RULA - Rapid Upper Limb Assessment
Análise Rápida dos Membros Superiores (RULA) é um método de análise
desenvolvido para o uso em investigações ergonômicas de locais de trabalho, onde
exista uma grande concentração de esforços dos membros superiores ligadas ao
trabalho. Este método não requer equipamento especial e oferece uma rápida
análise das posturas de pescoço, tronco e membros superiores junto com a função
muscular e a carga externa recebida pelo corpo (MCATAMNEY e CORLETT, 1993).
O método RULA foi criado para investigar a exposição de trabalhadores aos
fatores de risco associados às doenças dos membros superiores ligadas ao trabalho.
O método usa diagramas das posturas do corpo e três pontuações que permitem a
avaliação da exposição aos fatores de risco e foi desenvolvido para:
a) proporcionar a possibilidade de focalizar rapidamente uma população
de trabalhadores com vistas a identificar os riscos das doenças dos
membros superiores associadas ao trabalho;
b) identificar os esforços musculares associados à postura de trabalho,
empregando força e trabalhos estáticos ou repetitivos, os quais podem
contribuir para a fadiga muscular;
c) dar resultados os quais possam ser incorporados a uma abrangente
avaliação epidemiológica, física, mental, ambiental e dos fatores
organizacionais.
Esse método avalia a postura, força e movimentos associados com tarefas
sedentárias, como por exemplo, trabalho com computador. As 04 principais
aplicações do RULA são:
56
a) medição de risco musculoesquelético, usualmente como parte de uma
ampla investigação ergonômica;
b) comparação do esforço musculoesquelético entre design da estação de
trabalho atual e modificada;
c) avaliar
resultados
como
produtividade
ou
compatibilidade
de
equipamentos;
d) orientar trabalhadores sobre riscos musculoesqueléticos criados por
diferentes posturas de trabalho.
O método RULA baseia-se em observar e analisar os membros superiores e
inferiores. Com isso ele foi dividido em dois grupos: A e B. O primeiro abrange os
membros superiores, constituídos pelos braços, antebraços e punhos. No segundo
temos pescoço, tronco, pernas e pés.
As posturas são classificadas com base nas angulações entre os membros e
o corpo, obtendo-se pontuações que determinam o nível de ação a ser seguido. Aos
movimentos articulares foram atribuídas pontuações progressivas de tal forma que o
número 01 representa o movimento ou a postura com menor risco de lesão, ao
passo que valores mais altos, máximo de 07, representam riscos maiores de lesão
para o segmento corporal analisado (MCATAMNEY e CORLETT, 1993).
Uma baixa pontuação no método RULA não garante, entretanto, que o local
de trabalho esteja livre de riscos ergonômicos, assim como uma alta pontuação não
assegura que um problema severo existe. Esse método foi desenvolvido para
detectar posturas de trabalho ou fatores de risco que merecem maior atenção
(LUEDER, 1996). Os detalhamentos das pontuações serão descritos a seguir.
7.1.1 Membros superiores – Grupo A
Braços: a avaliação da postura do braço pontua-se, de acordo com a
amplitude do movimento durante a atividade valores que variam de 01 a 04. A essa
pontuação, deve-se adicionar 01 ponto quando o braço está abduzido ou o ombro
elevado; por outro lado deve-se subtrair 01 ponto se o braço está apoiado,
atenuando a carga.
Antebraços: semelhante à avaliação anterior, observa-se a postura dos
antebraços e atribui pontos que variam de 01 a 02. Sendo acrescentado 01 ponto
57
quando o antebraço cruza a linha media do corpo ou se existe um afastamento
lateral.
Punhos: ela é avaliada com a atribuição de pontos entre 01 e 03. Sendo que
se deve adicionar 01 ponto se o punho apresentar desvio lateral (radial ou ulnar).
Verifica-se a realização ou não de rotações do punho (prono-supinação) e as
pontuações devem ser: 01 ponto para amplitude média e 02 para rotações de
grandes amplitudes. Todas estas medições e informações estão apresentadas na
figura 33 (MCATAMNEY e CORLETT, 1993).
Figura 33 – Pontuações dos segmentos do corpo para o grupo A
Fonte: Osmond [2014]
58
7.1.2 Membros Superiores – Grupo B
Pescoço: Na análise da postura do pescoço são atribuídos pontos entre 01 e
04 de acordo com a amplitude dos movimentos na realização da atividade. Quando
o pescoço está inclinado ou rodado deve-se acrescentar 01 ponto.
Tronco: pontua-se entre 01 e 04, e de modo semelhante a analise do
pescoço acrescenta-se 01 quando o tronco estiver inclinado lateralmente ou rodado,
ou ainda se o indivíduo estiver sentado.
Pernas e Pés: na análise das pernas os pontos são atribuídos da seguinte
maneira: nota 01, se as pernas estiverem apoiadas e 02 quando não estão. Todas
estas medições e informações estão apresentadas na figura 34 (MCATAMNEY e
CORLETT, 1993).
Figura 34 – Pontuações dos segmentos do corpo para o grupo B.
Fonte: Osmond [2014]
59
Quando todas as pontuações dos segmentos dos grupos A e B tiverem sido
registradas, cruzam-se os valores obtidos, consultando a tabela 02 referente à
contração muscular e a tabela 03 referente à aplicação de força e carga. Através
deste cruzamento serão encontrados os valores para preencher o espaço da
pontuação geral na tabela 04.
Tabela 2 – Contração Muscular
Pontos
Contração Muscular
+1
Postura estática prolongada por período superior a 01min.
+1
Postura repetitiva, mais que 04 vezes por minuto.
0
Postura fundamentalmente dinâmica (postura estática inferior a 01min) e não repetitiva.
Fonte: MCatamney e Corlett (1993)
Tabela 3 – Força e Carga
Pontos
0
Valor da força
Tipo de aplicação
Inferior a 2 kg
Intermitente
+1
2 a 10 kg
Intermitente
+2
2 a 10 kg
Postura estática superior a 01min ou repetitiva mais que 04 vezes/min
+2
Superior a 10 kg
Intermitente
+3
Superior a 10 kg
Postura estática superior a 01min ou repetitiva mais que 4 vezes/min
+3
Qualquer
Aplicação brusca, repentina ou com choque.
Fonte: MCatamney e Corlett (1993)
Com base no valor encontrado referente à pontuação geral, pode-se
promover ações corretivas através da avaliação do resultado encontrado abaixo.
Tabela 4 – Intervenção
Pontos
Nível de Ação
Intervenção
01 ou 02
Nível 01
Postura aceitável, desde que não seja mantida por longos períodos.
pontos
03 ou 04
Nível 02
Postura a investigar e poderão ser necessárias alterações.
pontos
05 ou 06
Nível 03
Postura a investigar e alterar rapidamente.
pontos
07 pontos
Nível 04
Postura a investigar e alterar imediatamente.
ou mais
Fonte: MCatamney e Corlett (1993)
60
A grande vantagem deste método é fornecer uma classificação do posto de
trabalho quanto à prioridade de intervenção.
7.2 A definição do método RULA no projeto
O método RULA foi escolhido por melhor permitir fazer uma avaliação das
condições de ergonomia do projeto, baseando-se na observação direta das posturas
adotadas dos membros superiores: pescoço, tronco, braços, antebraços e punhos,
durante a execução das tarefas.
Para estas simulações, será utilizada uma simulação virtual para analisar a
posição ideal de trabalho em cada posição da carteira informatizada. Da mesma
forma, será simulada uma condição real de trabalho no produto.
Ao término destas simulações será realizada uma comparação entre o modelo virtual
gerado pelo software com o modelo real do projeto. Juntamente com cada
simulação, será emitido um relatório utilizando um aplicativo chamado “RULA Smart
Form” que deverá calcular a pontuação obtida na avaliação real. Com base nos
valores obtidos, será realizada a análise na tabela com os níveis de ação, para
assim aplicar as intervenções no estudo ergonômico do projeto caso sejam
necessárias.
7.3 Aplicações do Método RULA no projeto
Com base no projeto desenvolvido, serão realizadas as medições e
verificação da carteira informatizada nas 03 posições principais de utilização. Estas
posições serão o objeto de estudo da ergonomia, aplicando-se o método RULA para
uma avaliação no modelo digital e, posteriormente, no modelo real.
7.3.1 Carteira Informatizada – Posição para aula teórica
Inicialmente será estudada a posição que se destina para aulas teóricas.
Nesta posição a carteira informatizada encontra-se com o tampo totalmente fechado,
conforme figura 35.
61
Figura 35 – Posição para aula teórica
Fonte: Dados do autor
Para esta análise ergonômica do modelo virtual, posiciona-se o aluno na
condição de trabalho exigida para uma aula teórica conforme figura 36. Nesta
situação, realiza-se a análise e verifica-se as condições ideias para o trabalho. Ao
final, será gerado um relatório destas condições ideais e comparado o resultado com
a tabela 04 (Intervenção) para verificação do nível de intervenção necessária para
esta posição.
62
Figura 36 – Posição ideal do modelo virtual
Fonte: Dados do autor
63
7.3.1.1 Análise ergonômica do modelo virtual – Posição para aula teórica
Realização da análise ergonômica do modelo virtual.
7.3.1.1.1 Membros superiores – Grupo A
Adotando o método RULA, verificou-se os seguintes aspectos.
Braços: Analisando a amplitude do movimento durante a atividade, verifica-se
uma baixa angulação neste movimento, correspondendo de 20º a 40º de flexão.
Pelo fato da posição do tronco estar inclinada e o braço apoiado, isso também
reduziria os esforços. Sendo assim, tem-se um total de 01 ponto.
Antebraços: Observando a postura dos antebraços, verifica-se uma baixa
angulação neste movimento, correspondendo de 60º a 100º de flexão. Percebe-se
que não existe rotação interna do braço e antebraço nos movimentos, decrescendo
assim os esforços. Sendo assim, tem-se um total de 01 ponto.
Punhos: Os punhos para esta posição encontra-se no intervalo mínimo ou
neutro de inclinação. Verifica-se que existe uma leve rotação interna do punho.
Sendo assim, tem-se um total de 02 pontos.
7.3.1.1.2 Membros Superiores – Grupo B
Adotando o método RULA, verificou-se os seguintes aspectos.
Pescoço: Na análise da postura do pescoço, a amplitude dos movimentos na
realização da atividade encontra-se no intervalo entre 0º a 10º graus de flexão. Notase que não existe uma grande torção ou rotação lateral. Sendo assim, obtém-se um
total de 01 ponto.
Tronco: Analisando a amplitude do movimento do tronco, este movimento
está compreendido no intervalo entre 0º á 20º graus de flexão. Da mesma forma
verifica-se que não existe uma grande torção ou rotação lateral. Sendo assim,
obtém-se um total de 02 pontos.
Pernas e Pés: Para esta análise das pernas e pés, observa-se que estes
devem estar apoiados. Sendo assim, obtém-se um total de 01 ponto.
64
7.3.1.1.3 Análise da Contração Muscular, Forças e Cargas
Para complementação do cálculo e verificação do resultado final, deve-se
adicionar as informações de contração muscular e aplicação de força e carga em
todo o movimento. Verifica-se nesta análise uma postura estática por um período
prolongado ou muita das vezes uma postura repetitiva, somando assim mais 01
ponto neste procedimento. Apesar da postura estática, a aplicação de cargas sobre
o movimento tende a ser intermitente e isentas de força, pois os alunos não
permanecem nas mesmas posições por um longo período de tempo, tendendo
assim a ser nula. Desta forma, não somariam pontuações para este item.
7.3.1.1.4 Resultados Finais da Análise
Após a análise de todas as posições e movimentos, colocou-se estes dados
no formulário de avaliação do método RULA, e verificou-se os dados como ilustrados
na figura 37.
65
Figura 37 – Posição do modelo virtual para aula teórica
Fonte: Ergonomics [2008]
Comparando os valores obtidos com a tabela 04 (Intervenção), pode-se
concluir que para a posição ideal do modelo virtual na posição da carteira para a
aula teórica, se encontra ergonomicamente como uma postura aceitável, desde que
não seja mantida por longos períodos.
66
7.3.1.2 Análise ergonômica do modelo real – Posição para aula teórica
Para este estudo e análise comparativa entre o modelo virtual e real,
investigou-se as atividades e as posturas adotados durante o trabalho dos alunos
com a carteira informatizada. Foram realizadas fotos destas posições (figura 38)
para o embasamento do estudo de ergonomia.
Figura 38 – Posição real de trabalho com a carteira informatizada
Fonte: Dados do autor
67
7.3.1.2.1 Membros superiores – Grupo A
Adotando o método RULA, verificou-se os seguintes aspectos:
Braços: Analisando a amplitude do movimento durante a atividade, verificouse uma baixa angulação neste movimento, correspondendo de 20º a 40º de flexão.
Pelo fato da posição do tronco estar levemente inclinada para trás e o braço
apoiado, isso também reduziria os esforços. Sendo assim, tem-se um total de 01
ponto. Nesta análise obteve-se a mesma pontuação do estudo realizado com o
modelo virtual.
Antebraços: Observando a postura dos antebraços, verificou-se uma baixa
angulação neste movimento, correspondendo de 60º a 100º de flexão. Percebe-se
que não existe rotação interna do braço e antebraço nos movimentos. Sendo assim,
tem-se um total de 01 ponto. Nesta análise obteve-se a mesma pontuação do estudo
realizado com o modelo virtual.
Punhos: Os punhos para esta posição encontra-se no intervalo mínimo ou
neutro de inclinação. Verifica-se que existe uma leve rotação interna do punho.
Sendo assim, tem-se um total de 02 pontos. Nesta análise obteve-se a mesma
pontuação do estudo realizado com o modelo virtual.
7.3.1.2.2 Membros Superiores – Grupo B
Adotando o método RULA, verificou-se os seguintes aspectos:
Pescoço: Na análise da postura do pescoço, a amplitude dos movimentos na
realização da atividade encontra-se no intervalo entre 0º a 10º graus de flexão. Notase que não existe uma grande torção ou rotação lateral. Sendo assim tem-se um
total de 01 ponto. Nesta análise obteve-se a mesma pontuação do estudo realizado
com o modelo virtual.
Tronco: Na análise da amplitude do movimento do tronco, verifica-se que
este se encontra levemente inclinado para trás, apoiado quase que totalmente no
encosto da cadeira giratória. Por esta postura apresentar ângulos negativos, será
pontuada na escala mínima da tabela. Verifica-se também que não existe uma
grande torção ou rotação lateral. Sendo assim tem-se um total de 01 ponto. Nesta
análise obteve-se uma pontuação diferente do estudo realizado com o modelo
virtual.
68
Pernas e Pés: Para esta análise das pernas e pés, observa-se que estes
devem estar apoiados. Sendo assim, tem-se um total de 01 ponto.
7.3.1.2.3 Análise da Contração Muscular, Forças e Cargas
Para este estudo, considerou-se os mesmos fatores já citados na condição
virtual de trabalho. Verifica-se nesta análise uma postura estática por um período
prolongado ou muita das vezes uma postura repetitiva, somando-se assim mais 01
ponto neste procedimento. Na postura estática, as aplicações de cargas sobre o
movimento tendem a ser intermitentes e isentas de força, pois os alunos não
permanecem nas mesmas posições por um longo período de tempo, tendendo
assim a ser nula. Desta forma não somariam pontuações para este item.
7.3.1.2.4 Resultados Finais da Análise
Após a análise de todas as posições e movimentos, colocou-se estes dados
no formulário de avaliação do método RULA, e verifica-se os dados como ilustrados
na figura 39.
69
Figura 39 – Posição do modelo real para aula teórica
Fonte: Ergonomics [2008]
70
Comparando os valores obtidos com a tabela 04 (Intervenção), pode-se
concluir que para a posição ideal do modelo virtual na posição da carteira para a
aula teórica, esta se encontra ergonomicamente com uma postura aceitável, desde
que não seja mantida por longos períodos.
7.3.1.3 Conclusões e comparações das análises
Comparando as análises entre o modelo real e o virtual, pode-se concluir que
as duas posturas encontra-se ergonomicamente aceitáveis. Os resultados obtidos
para esta posição em aula teórica mostram que o projeto atende a todos as
características do método de análise. Vale ressaltar que a única diferença existente
entre os modelos aconteceu na análise do tronco, onde verificou-se que este se
encontrava levemente inclinado para trás no modelo real, apoiado quase que
totalmente no encosto da cadeira giratória. Isto foi benéfico para a análise da
ergonomia no projeto, pois melhorou a postura de utilização da carteira
informatizada nesta posição.
7.3.2 Carteira Informatizada – Posição para aula de desenho
Neste momento será estudada a posição que se destina para aulas de
desenho técnico. Nesta posição a carteira informatizada encontra-se com o tampo
inclinado, com o avanço máximo de 45º graus, conforme designações previstas na
norma NBR 13963 – Móveis para escritório – Móveis para desenho – Classificação e
características físicas e dimensionais. Analisando esta posição na figura 40, pode-se
verificar que esta será a mais crítica na análise ergonômica adotando este método.
71
Figura 40 – Posição para aula de desenho
Fonte: Dados do autor
Para esta análise ergonômica do modelo virtual, posicionou-se o aluno na
condição de trabalho exigida para uma aula de desenho técnico, conforme figura 41.
Nesta situação, será realizada a análise e verificada as condições ideias para o
trabalho. Da mesma forma, como na etapa anterior, ao final será gerado um relatório
destas condições ideais e comparado o resultado com as informações da tabela 04
(Intervenção) para verificação do nível de intervenção necessária para esta posição.
72
Figura 41 – Posição ideal do modelo virtual
Fonte: Dados do autor
73
7.3.2.1 Análise ergonômica do modelo virtual – Posição para aula de desenho
Realização da análise ergonômica do modelo virtual.
7.3.2.1.1 Membros superiores – Grupo A
Adotando o método RULA, verificou-se os seguintes aspectos:
Braços: Analisando a amplitude do movimento durante a atividade de
desenhar, verifica-se uma grande angulação neste movimento, correspondendo de
45º a 90º de flexão. Em alguns casos, tem-se a possibilidade deste ângulo de flexão
ultrapassar os 90º, estabelecendo assim o ponto mais crítico desta análise. Pelo fato
da posição do tronco estar inclinada e o braço apoiado, isso também reduziria os
esforços. Sendo assim, obtém-se um total de 03 pontos.
Antebraços: Observando a postura dos antebraços, verifica-se uma baixa
angulação neste movimento, correspondendo de 60º a 100º de flexão. Porém nesta
posição, existe rotação interna do braço e antebraço em determinados momentos,
acrescentando esforços. Sendo assim, obtém-se um total de 02 pontos.
Punhos: Os punhos para esta posição encontra-se no intervalo entre -15º a
+15º de flexão ou extensão. Verifica-se que existe uma leve rotação interna do
punho, adicionando assim esforços ao movimento. Sendo assim, obtém-se um total
de 03 pontos.
7.3.2.1.2 Membros Superiores – Grupo B
Adotando o método RULA, verificou-se os seguintes aspectos:
Pescoço: Na análise da postura do pescoço, a amplitude dos movimentos na
realização da atividade encontra-se no intervalo entre 10º a 20º graus de flexão.
Nota-se que poderá existir uma torção ou rotação lateral nestes movimentos. Sendo
assim, tem-se um total de 03 pontos.
Tronco: Analisando a amplitude do movimento do tronco, este movimento
está compreendido no intervalo entre 0º a 20º graus de flexão em sua condição ideal
de trabalho. Da mesma forma verifica-se que não existe uma grande torção ou
rotação lateral. Sendo assim, tem-se um total de 02 pontos.
74
Pernas e Pés: Para esta análise das pernas e pés, observa-se que estes
devem estar apoiados. Sendo assim, tem-se um total de 01 ponto.
7.3.2.1.3 Análise da Contração Muscular, Forças e Cargas
Para complementação do cálculo e verificação do resultado final, deve-se
adicionar as informações de contração muscular e aplicação de força e carga em
todo o movimento. Diferentemente da posição anterior, verifica-se nesta análise uma
postura mais dinâmica e menos repetitiva, pois os alunos desenham utilizando
quase toda a extensão da mesa e trabalham com instrumentos, desta forma não
somariam pontuações para este item. A aplicação de cargas sobre o movimento
tende a ser intermitente, e verifica-se uma leve aplicação de força para
desempenhar os traçados e utilização de instrumentos de desenho. Sendo assim
temos um total de 01 ponto para aplicação de cargas e forças nos membros
superiores do grupo A (braços, antebraços e punhos).
7.3.2.1.4 Resultados Finais da Análise
Após a análise de todas as posições e movimentos, colocou-se estes dados
no formulário de avaliação do método RULA, e verifica-se os dados como ilustrados
na figura 42.
75
Figura 42 – Posição do modelo virtual para aula de desenho
Fonte: Ergonomics [2008]
Comparando os valores obtidos com a tabela 04 (Intervenção), conclui-se que
para a posição ideal do modelo virtual na posição da carteira para a aula de desenho
técnico, esta se encontra ergonomicamente como uma postura a ser investigada,
podendo ser necessárias alterações no desenvolvimento da atividade.
76
7.3.2.2 Análise ergonômica do modelo real – Posição para aula de desenho
Para este estudo e análise comparativa entre o modelo virtual e real,
investigou-se as atividades e as posturas adotados durante o trabalho dos alunos
com a carteira informatizada. Foram realizadas fotos destas posições (figura 43)
para o embasamento do estudo de ergonomia.
Figura 43 – Posição real de trabalho com a carteira informatizada
Fonte: Dados do autor
77
7.3.2.2.1 Membros superiores – Grupo A
Adotando o método RULA, verificou-se os seguintes aspectos:
Braços: Analisando a amplitude do movimento durante a atividade de
desenhar, verifica-se uma grande angulação neste movimento, correspondendo de
45º a 90º de flexão. Em alguns casos e dependendo da regulagem da carteira,
teremos a possibilidade deste ângulo de flexão ultrapassar os 90º, estabelecendo
assim o ponto mais crítico desta análise. Pelo fato da posição do tronco estar
inclinada e o braço apoiado, isso também reduziria os esforços. Sendo assim, temse um total de 03 pontos. Nesta análise obteve-se a mesma pontuação do estudo
realizado com o modelo virtual.
Antebraços: Observando a postura dos antebraços, verifica-se uma grande
angulação neste movimento, correspondendo em alguns momentos a ângulos
maiores que 100º de flexão. Por se tratar de movimentos dinâmicos dos antebraços
para desenhar, nesta análise será importante estabelecer como referencial o ponto
mais crítico destes movimentos. Ainda nesta posição, existe rotação interna do braço
e antebraço em determinados momentos, acrescentando mais esforços. Sendo
assim, tem-se um total de 03 pontos. Nesta análise obteve-se uma pontuação
diferente do estudo realizado com o modelo virtual.
Punhos: Os punhos para esta posição encontra-se no intervalo entre -15º a
+15º de flexão ou extensão. Verifica-se que existe uma leve rotação interna do
punho, adicionando assim esforços ao movimento. Sendo assim, tem-se um total de
03 pontos. Nesta análise obteve-se a mesma pontuação do estudo realizado com o
modelo virtual.
7.3.2.2.2 Membros Superiores – Grupo B
Adotando o método RULA, verificou-se os seguintes aspectos:
Pescoço: Na análise da postura do pescoço, a amplitude dos movimentos na
realização da atividade encontra-se em diversos momentos em angulações
superiores a 20º graus de flexão. Vale ressaltar que nesta análise será importante
estabelecer como referencial estes pontos mais crítico destes movimentos. Nota-se
também que podem existir uma torção ou rotação lateral nestes movimentos. Sendo
78
assim, tem-se um total de 04 pontos. Nesta análise obteve-se uma pontuação
diferente do estudo realizado com o modelo virtual.
Tronco: Analisando a amplitude do movimento do tronco, este movimento
está compreendido no intervalo entre 0º a 20º graus de flexão em sua condição ideal
de trabalho. Verifica-se nesta condição, que existe uma inclinação constante do
tronco, porém este não deverá ultrapassar esta a condição máxima estabelecida. Da
mesma forma verifica-se que não existe uma grande torção ou rotação lateral.
Sendo assim, tem-se um total de 02 pontos. Nesta análise obteve-se a mesma
pontuação do estudo realizado com o modelo virtual.
Pernas e Pés: Para esta análise das pernas e pés, observa-se que estes
devem estar apoiados. Sendo assim tem-se um total de 01 ponto.
7.3.2.2.3 Análise da Contração Muscular, Forças e Cargas
Para este estudo, são considerados os mesmos fatores já citados na
condição virtual de trabalho. Diferentemente da posição anterior, verifica-se nesta
análise uma postura mais dinâmica e menos repetitiva, pois os alunos desenham
utilizando quase toda a extensão da mesa e trabalham com instrumentos, desta
forma não somariam pontuações para este item. A aplicação de cargas sobre o
movimento tende a ser intermitente, e verifica-se uma leve aplicação de força para
desempenhar os traçados e utilização de instrumentos de desenho. Sendo assim
obteve-se um total de 01 ponto para aplicação de cargas e forças nos membros
superiores do grupo A (braços, antebraços e punhos).
7.3.2.2.4 Resultados Finais da Análise
Após a análise de todas as posições e movimentos, colocou-se estes dados
no formulário de avaliação do método RULA, e verifica-se os dados como ilustrados
na figura 44.
79
Figura 44 – Posição do modelo real para aula de desenho
Fonte: Ergonomics [2008]
Comparando os valores obtidos com a tabela 04 (Intervenção), pode-se
concluir que para a posição do modelo real na posição da carteira para a aula de
desenho técnico, esta se encontra ergonomicamente como uma postura a ser
investigada, e principalmente, alterada rapidamente no desenvolvimento da
atividade.
80
7.3.2.3 Conclusões e comparações das análises
Comparando as análises entre o modelo real e o virtual, pode-se concluir que
na condição virtual foi constatada uma postura que se encontra ergonomicamente a
ser investigada, podendo ser necessárias algumas alterações. Isto se comprovou na
analise da postura no modelo real, que é mais crítica do que o estudo virtual,
revelando uma necessidade imediata de mudanças na postura no desenvolvimento
da atividade. Houve alterações significativas no estudo do antebraço, verificando
uma grande angulação neste movimento no estudo real. Outra alteração aconteceu
na análise da postura do pescoço, onde a amplitude dos movimentos na realização
das atividades encontra-se com grandes angulações de flexão, ficando provada
assim esta postura está ergonomicamente incorreta.
Para a correção destas posturas, vale ressaltar que a carteira foi projetada
para possuir um ângulo máximo de inclinação de 45º conforme preconizado na
norma NBR 13963 – Móveis para escritório – Móveis para desenho. Desta forma
seria necessário realizar a regulagem da carteira informatizada para ângulos
inferiores a 30º, corrigindo assim a inclinação do antebraço e pescoço dos alunos,
tornando a posição muito mais ergonômica. Esta regulagem deverá ser realizada
pelo dispositivo que se encontra abaixo do tampo da carteira, conforme a figura 45.
Neste dispositivo é possível realizar a regulagem do tampo da carteira em 05
diferentes posições, com uma variação de 9º em cada uma destas regulagens.
Podemos verificar na tabela 5 estas possíveis inclinações para realizar tais ajustes.
81
Figura 45 – Sistema de regulagem de inclinação da carteira informatizada
Fonte: Dados do autor
Tabela 5 – Ajustes de Inclinação
Posições da Carteira
Inclinação
Posição 0
0,0º
Posição 1
0,0º a 9,0º
Posição 2
9,0º a 18,0º
Posição 3
18,0º a 27,0º
Posição 4
27,0º a 36,0º
Posição 5
36,0º a 45,0º
Fonte: Dados do autor
82
7.3.3 Carteira Informatizada – Posição para aula de informática e CAD
A seguir será estudada a posição que se destina para aulas de Informática e
CAD. Nesta posição a carteira informatizada encontra-se com o tampo totalmente
aberto, conforme figura 46.
Figura 46 – Posição para aula de informática e CAD
Fonte: Dados do autor
Para esta análise ergonômica do modelo virtual, posicionou-se o aluno na
condição de trabalho exigida para uma aula de informática e CAD, conforme figura
47. Nesta situação, será realizada a análise e verificada as condições ideias para o
trabalho. Da mesma forma, como na etapa anterior, ao final será gerado um relatório
destas condições ideais e comparado o resultado com as informações da tabela 04
(Intervenção) para verificação do nível de intervenção necessária para esta posição.
83
Figura 47 – Posição ideal do modelo virtual
Fonte: Dados do autor
84
7.3.3.1 Análise ergonômica do modelo virtual – Posição para aula de informática e
CAD
Realização da análise ergonômica do modelo virtual.
7.3.3.1.1 Membros superiores – Grupo A
Adotando o método RULA, verificou-se os seguintes aspectos:
Braços: Analisando a amplitude do movimento durante a atividade de
digitação e utilização do mouse, verifica-se uma baixa angulação neste movimento,
correspondendo de 20º a 45º de flexão. Dificilmente este ângulo de flexão deve
ultrapassar os 45º, estabelecendo desta forma o ponto mais crítico desta análise.
Pelo fato da posição do tronco estar inclinada e o braço apoiado, isso também
reduziria os esforços. Sendo assim, tem-se um total de 01 ponto.
Antebraços: Observando a postura dos antebraços, verifica-se uma baixa
angulação neste movimento, correspondendo de 60º a 100º de flexão. Porém, nesta
posição, existe rotação interna do braço e antebraço em determinados momentos,
acrescentando esforços. Sendo assim, tem-se um total de 02 pontos.
Punhos: Os punhos para esta posição encontra-se no intervalo entre -15º a
+15º de flexão ou extensão. Verifica-se que existe uma grande rotação interna do
punho, principalmente no lado onde se utiliza o mouse. Para esta análise, será
levado em consideração que o usuário é destro, sendo assim, estas rotações
acontecem mais do lado direito do corpo. Desta forma tem-se um total de 03 pontos
para o lado esquerdo e um total de 05 pontos para o lado direto do corpo.
7.3.3.1.2 Membros Superiores – Grupo B
Adotando o método RULA, verificou-se os seguintes aspectos:
Pescoço: Na análise da postura do pescoço, a amplitude dos movimentos na
realização da atividade encontra-se no intervalo entre 10º a 20º graus de flexão.
Nota-se que poderá existir uma torção ou rotação lateral nestes movimentos. Sendo
assim, obteve-se um total de 03 pontos.
Tronco: Analisando a amplitude do movimento do tronco, este movimento
está compreendido no intervalo entre 0º a 20º graus de flexão em sua condição ideal
85
de trabalho. Da mesma forma, verifica-se que não existe uma grande torção ou
rotação lateral. Sendo assim, obteve-se um total de 02 pontos.
Pernas e Pés: Para esta análise das pernas e pés, observa-se que estes
devem estar apoiados. Sendo assim obteve-se um total de 01 ponto.
7.3.3.1.3 Análise da Contração Muscular, Forças e Cargas
Para complementação do cálculo e verificação do resultado final, deve-se
adicionar as informações de contração muscular e aplicação de força e carga em
todo o movimento. Semelhante à posição da carteira para desenho técnico, verificase nesta análise uma postura mais dinâmica e menos repetitiva, pois os alunos
utilizam o computador para desenvolver projetos com softwares CAD e realizam
relatórios. Desta forma não somariam pontuações para este item. A aplicação de
cargas sobre o movimento tende a ser intermitente, verifica-se também uma leve
aplicação de força nos movimentos dos braços para digitação das informações no
teclado. Da mesma forma, o usuário necessita utilizar o pescoço e os movimentos
dos punhos constantemente no trabalho com computadores. Sendo assim tem-se
um total de 01 ponto para aplicação de cargas e forças nos membros superiores do
grupo A (braços, antebraços e punhos) e também 01 ponto para aplicação de cargas
e forças nos membros superiores do grupo B (pescoço, tronco e punhos).
7.3.3.1.4 Resultados Finais da Análise
Após a análise de todas as posições e movimentos, colocou-se estes dados
no formulário de avaliação do método RULA, e verifica-se os dados como ilustrados
na figura 48.
86
Figura 48 – Posição do modelo virtual para aula de desenho
Fonte: Ergonomics [2008]
Comparando os valores obtidos com a tabela 04 (Intervenção), pode-se
concluir que para a posição ideal do modelo virtual na posição da carteira para a
aula informática e CAD, esta se encontra ergonomicamente como uma postura a ser
investigada, podendo ser necessárias alterações no desenvolvimento da atividade.
87
7.3.3.2 Análise ergonômica do modelo real – Posição para aula de informática e
CAD
Para este estudo e análise comparativa entre o modelo virtual e real,
investigou-se as atividades e as posturas adotados durante o trabalho dos alunos
com a carteira informatizada. Foram realizadas fotos destas posições (figura 49)
para o embasamento do estudo de ergonomia.
Figura 49 – Posição real de trabalho com a carteira informatizada
Fonte: Dados do autor
88
7.3.3.2.1 Membros superiores – Grupo A
Adotando o método RULA, verificou-se os seguintes aspectos:
Braços: Analisando a amplitude do movimento durante a atividade de
digitação e utilização do mouse, verifica-se uma baixa angulação neste movimento,
correspondendo de 20º a 45º de flexão. Dificilmente este ângulo de flexão deve
ultrapassar os 45º, estabelecendo desta forma o ponto mais crítico desta análise.
Pelo fato da posição do tronco estar levemente inclinada e o braço apoiado, isso
também reduziria os esforços. Sendo assim, tem-se um total de 01 ponto. Nesta
análise obteve-se a mesma pontuação do estudo realizado com o modelo virtual.
Antebraços: Observando a postura dos antebraços, verifica-se uma baixa
angulação neste movimento, correspondendo de 60º a 100º de flexão. Analisando a
postura, o antebraço forma praticamente um ângulo reto de 90º em relação ao
ombro. Porém nesta posição, existe rotação interna do braço e antebraço em
determinados momentos, acrescentando esforços. Sendo assim, tem-se um total de
02 pontos. Nesta análise obteve-se a mesma pontuação do estudo realizado com o
modelo virtual.
Punhos: Os punhos para esta posição encontra-se no intervalo entre -15º a
+15º de flexão ou extensão. Verifica-se que existe uma grande rotação interna do
punho, principalmente no lado onde se utiliza o mouse. Da mesma forma, como no
estudo virtual, para esta análise será levada em consideração que o usuário é
destro, sendo assim estas rotações acontecem em maior quantidade do lado direito
do corpo. Desta forma, tem-se um total de 03 pontos para o lado esquerdo e um total
de 05 pontos para o lado direto do corpo. Nesta análise obteve-se a mesma
pontuação do estudo realizado com o modelo virtual.
7.3.3.2.2 Membros Superiores – Grupo B
Adotando o método RULA, verificou-se os seguintes aspectos:
Pescoço: Na análise da postura do pescoço, a amplitude dos movimentos na
realização da atividade encontra-se no intervalo mínimo entre 0º a 10º graus de
flexão. Nota-se que poderá existir uma torção ou rotação lateral nestes movimentos.
Sendo assim, tem-se um total de 02 pontos. Nesta análise obteve-se uma pontuação
diferente do estudo realizado com o modelo virtual.
89
Tronco: Analisando a amplitude do movimento do tronco, este movimento
está compreendido no intervalo entre 0º a 20º graus de flexão em sua condição ideal
de trabalho. Verifica-se nesta condição, que existe uma inclinação constante do
tronco, porém este não deverá ultrapassar esta a condição máxima estabelecida. Da
mesma forma, verifica-se que não existe uma grande torção ou rotação lateral.
Sendo assim, tem-se um total de 02 pontos. Nesta análise obteve-se a mesma
pontuação do estudo realizado com o modelo virtual.
Pernas e Pés: Para esta análise das pernas e pés, observa-se que estes
devem estar apoiados. Sendo assim, tem-se um total de 01 ponto.
7.3.3.2.3 Análise da Contração Muscular, Forças e Cargas
Para este estudo, são considerados os mesmos fatores já citados na
condição virtual de trabalho. Semelhante à posição da carteira para desenho
técnico, verifica-se nesta análise uma postura mais dinâmica e menos repetitiva, pois
os alunos utilizam o computador para desenvolver projetos com softwares CAD e
realizam relatórios, desta forma não somariam pontuações para este item. A
aplicação de cargas sobre o movimento tende a ser intermitente, e verifica-se
também uma leve aplicação de força nos movimentos dos braços para digitação das
informações no teclado. Da mesma forma, o usuário necessita utilizar o pescoço e
os movimentos dos punhos constantemente no trabalho com computadores. Sendo
assim, tem-se um total de 01 ponto para aplicação de cargas e forças nos membros
superiores do grupo A (braços, antebraços e punhos) e também 01 ponto para
aplicação de cargas e forças nos membros superiores do grupo B (pescoço, tronco e
punhos).
7.3.3.2.4 Resultados Finais da Análise
Após a análise de todas as posições e movimentos, colocou-se estes dados no
formulário de avaliação do método RULA, e verifica-se os dados como ilustrados na
figura 50.
90
Figura 50 – Posição para aula teórica
Fonte: Ergonomics [2008]
Comparando os valores obtidos com a tabela 04 (Intervenção), pode-se
concluir que para o modelo real na posição da carteira para a aula informática e
CAD, esta se encontra ergonomicamente como uma postura a ser investigada,
podendo ser necessárias alterações no desenvolvimento da atividade.
7.3.3.3 Conclusões e comparações das análises
Comparando as análises entre o modelo real e o virtual, pode-se concluir que
na condição virtual foi constatada uma postura que se encontra ergonomicamente a
ser investigada, podendo ser necessárias algumas alterações. Quando se analisa a
postura no modelo real, verifica-se que aconteceram alterações apenas no estudo
91
da postura do pescoço, onde a amplitude dos movimentos na realização das
atividades encontra-se com angulações menores de flexão.
Para a correção destas posturas, a carteira foi projetada com um sistema de
regulagem de altura para um correto posicionamento em função da estatura de cada
aluno. Desta forma seria necessário realizar a regulagem da altura da carteira
informatizada, corrigindo assim a inclinação do pescoço e tronco dos alunos,
tornando a posição muito mais ergonômica. Esta regulagem deverá ser realizada
pelo dispositivo que se encontra nas colunas laterais do mobiliário, conforme a figura
51. Neste dispositivo é possível realizar a regulagem da altura da carteira em 10
diferentes posições, com uma variação de 15 mm em cada uma destas regulagens.
Podemos verificar na tabela 6 estas possíveis alturas para realizar tais ajustes.
Figura 51 – Sistema de regulagem de altura da carteira informatizada
Fonte: Dados do autor
Conforme apresentando na figura 16 (Medidas referenciais da condição
ergonomicamente aceitável na posição sentada) e na figura 26 (Estimativas de
comprimento em função da estatura), existem referenciais baseados em algumas
medidas proporcionais dos indivíduos e que para uma posição adequada dos alunos
sentados deve-se respeitar tais medidas para obter uma condição ergonomicamente
aceitável, sendo a altura mínima da carteira informatizada de 600 mm e máxima de
92
750 mm entre a base do mobiliário até a altura de apoio do teclado. Neste estudo
apresentado, deve-se utilizar as proporções na posição sentada, somando a altura
total entre a base de apoio dos pés até a coxa com a altura até o plano da cintura. É
necessário sempre encostar os pés no chão ou em algum apoio fixo e o ângulo
representado pela coxa e pela perna deve ser de 90 graus (ROOZBAZAR, 1979).
Tabela 6 – Ajustes de Altura
Posições da Carteira
Altura da mesa
Estaturas
Posição 0
600 mm
1,52 m á 1,56 m
Posição 1
615 mm
1,56 m á 1,60 m
Posição 2
630 mm
1,60 m á 1,64 m
Posição 3
645 mm
1,64 m á 1,68 m
Posição 4
660 mm
1,68 m á 1,72 m
Posição 5
675 mm
1,72 m á 1,76 m
Posição 6
690 mm
1,76 m á 1,80 m
Posição 7
705 mm
1,80 m á 1,84 m
Posição 8
720 mm
1,84 m á 1,88 m
Posição 9
735 mm
1,88 m á 1,92 m
Posição 10
750 mm
1,92 m á 1,96 m
Fonte: Dados do autor
93
8 CONCLUSÃO
O objetivo do estudo deste trabalho utilizando um método ergonômico de
registro e análise postural aplicado no ambiente de ensino utilizando a carteira
informatizada, onde são desenvolvidas atividades com computadores, desenhos
técnicos e aulas teóricas foram muito satisfatórios. Pode-se identificar posturas
críticas no desenvolvimento de cada uma das atividades em cada posição da
carteira. Este estudo mostrou que nenhuma postura assumida nas atividades é
plenamente aceitável e merecem uma investigação.
Verificou-se que o projeto da carteira foi desenvolvido para atender estas
necessidades ergonômicas, pois os alunos por meio dos dispositivos existentes
podem a qualquer momento realizar regulagens para assim minimizar posturas
inadequadas durante o trabalho.
Comprovou-se que aliado a estas novas tecnologias e aos novos produtos, o
estudo ergonômico se torna atuante em todos os projetos. Ao oferecer melhores
condições de trabalho aos alunos, a ergonomia reduz diversos problemas posturais
e, consequentemente, promove o aumento do bem-estar e da produtividade nestes
ambientes de ensino.
94
REFERÊNCIAS
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ensino de desenho. In: Simpósio Nacional de Geometria Descritiva e Desenho
Técnico, 16, International Conference on Graphics Engineering for Arts and Design,
5 (GRAPHICA´2003). Anais... Santa Cruz do Sul, 2003.
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Desenho – Leiautes e dimensões. Rio de Janeiro: ABNT, 1987. 7 p.
_______. NBR 13963 Móveis para escritório: móveis para desenho – Classificação,
características físicas e dimensionais. Rio de Janeiro: ABNT, 1997. 4 p.
_______. NBR 14006 Móveis escolares: assentos e mesas para conjunto aluno de
instituições educacionais. Rio de Janeiro: ABNT, 2003. 26 p.
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Simulação
por
elementos
finitos.
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Disponível
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CORNELL UNIVERSITY RULA. Worksheet. CuErgo.
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Disponível
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<http://www.theergonomicscenter.com/graphics/ErgoAnalysis
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95
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ROZENFELD, H. Integração de Empresas /CIM - CAPP (Computer Aided Process
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WILSON, J. R., L.CORLETT, E. N. Evaluation of Human Work: a practical
ergonomics methodology. 3 ed. Cornwall: CRC Press, 2005.
96
ANEXO A – PESQUISA DE CAMPO
Avaliação de Satisfação da Carteira Informatizada
Questionário de Avaliação
Dimensões apropriadas considerando os
diversos tipos de trabalho realizados pelo
01
trabalhador?
(Possibilita
abrir
espaço
suficiente para escrita, leitura e consulta a
documentos?).
02
03
Todas as regulagens estão ergonômicas e
de fácil posicionamento.
Altura do projeto está apropriada para o uso.
Altura regulável da carteira que permite
04
ajustes compatíveis com pessoas mais altas
ou com pessoas baixas está adequada.
05
06
07
08
09
10
11
12
Borda e quinas da mesa arredondadas.
Material do mobiliário e as cores do produto
estão adequados.
Espaços para as pernas são suficientemente
altos e reguláveis.
Espaços para as pernas são suficientemente
profundos.
Espaços para as pernas são suficientemente
largos.
Facilidade para o aluno entrar e sair no posto
de trabalho.
Travas para guarda dos equipamentos.
Os
fios
e
cabos
ficam
organizados
adequadamente, no interior do equipamento.
MÉDIA GERAL
Totalmente
Muito
Satisfeito
Satisfeito
Satisfeito
Insatisfeito
Muito
Insatisfeito
97
Avaliação de Satisfação da Cadeira Giratória
Questionário de Avaliação
01
02
Estofamento
da
cadeira
apresenta
Totalmente
Muito
Satisfeito
Satisfeito
Satisfeito
Insatisfeito
Satisfeito
Insatisfeito
Muito
Insatisfeito
uma
espessura e maciez adequadas e confortáveis.
Tecido da cadeira permite boa transpiração.
Altura regulável da cadeira permite ajustes
03
compatíveis com pessoas mais altas ou com
pessoas baixas.
04
Acionamento fácil de ser regulado de acordo
com a altura do aluno.
Apoio dorsal com regulagem da inclinação seja
05
por meio da regulagem própria, ou pelo
mecanismo de amortecimento.
06
07
O formato do apoio acompanha as curvaturas
normais da coluna, possibilitando conforto.
Os
que
permitem
uma
melhor
locomoção estão adequados.
Por
08
rodízios
amostragem,
mecanismos
de
percebe-se
regulagem
de
que
os
altura,
de
inclinação e da altura do apoio dorsal estão
ajustando corretamente para cada aluno.
MÉDIA GERAL
Avaliação de Satisfação do Teclado e Mouse
Questionário de Avaliação
01
02
03
04
05
Teclado fino e macio para digitação.
Configurado segundo padronização da ABNT
em Português.
Apresenta algum tipo de formato especial e que
complica a utilização de teclas e algarismos.
Possui um apoio no mousepad para descansar
o punho durante os movimentos.
Formato do mouse ergonômico para utilização.
MÉDIA GERAL
Totalmente
Muito
Satisfeito
Satisfeito
Muito
Insatisfeito
98
Avaliação de Satisfação do Monitor de Vídeo
Questionário de Avaliação
01
Monitor de vídeo localizado em frente ao aluno.
02
Altura está apropriada para o uso.
03
Inclinação e ajustes podem ser feitos facilmente.
04
Apresenta controle de brilho e de contraste.
Totalmente
Muito
Satisfeito
Satisfeito
Satisfeito
Insatisfeito
Satisfeito
Insatisfeito
Muito
Insatisfeito
A imagem permanece claramente e definida
05
quando
se
apresenta
no
ambiente
muita
luminosidade.
MÉDIA GERAL
Avaliação de Satisfação do Leiaute da Sala
Questionário de Avaliação
01
02
Existe
uma
área
mínima
de
4,0
metros
quadrados por aluno na sala de aula.
A distância entre a parte de trás de uma carteira
e o aluno mais próximo é maior que 0,80m
Quando necessário ligar algum equipamento
03
elétrico, as tomadas estão em alturas
adequadas.
Quando
04
necessário
conectar
um
CD
ou
Pendrive, o acesso é fácil aos respectivos
dispositivos no computador.
Existem interferências na sala de aula que
05
prejudicam o posicionamento do corpo em
relação à lousa.
06
07
08
O sistema de trabalho permite que o usuário
alterne sua postura ocasionalmente.
Temperatura da sala de aula está adequada,
variando entre 20ºC e 25ºC.
Nível
sonoro
para
este
ambiente
está
apropriado, sendo menor que 65 dB.
MÉDIA GERAL
Totalmente
Muito
Satisfeito
Satisfeito
Muito
Insatisfeito
Download

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