O Retratista José Alberto Nunes (1829-1890) Em 1863 a carreira de José Alberto Nunes atinge o seu ponto mais elevado, quando os seus serviços são requisitados pela Associação Comercial do Porto. Este organismo era um dos mais importantes da cidade, uma vez que ao representar “tudo o que era negociante” se tornara “a verdadeira voz dos interesses económicos do Porto oitocentista” 28. Considerava-se que o seu Palácio da Bolsa unia a elegancia, a nobreza, e justas proporções da arquitetura clássica, com a singeleza e bom gosto das decorações modernas 29. Foi para decorar um dos salões mais emblemáticos deste edifício (o dos retratos), que José Alberto Nunes pintou a imagem de D. Pedro IV. Podia agora orgulhar-se de ter uma obra sua num edifício que era a autêntica sala de visitas da cidade e ao lado de telas de Francisco José Resende, João António Correia e Francisco Pinto da Costa 30, grandes nomes da pintura portuense da época. Em 1866, Nunes participa na nona exposição trienal das Belas Artes, com os retratos de João António da Rocha, João Joaquim de Faria Teives e de três meninos 31. A crítica elogia a execução e colorido destas imagens 32. Nos anos setenta, instala-se definitivamente no Porto. O seu atelier encontra-se agora na rua Gonçalo Cristovão, proximo da Laboriosa 33. É qualificado como distincto pintor retratista, tornando-se muito popular na velha urbe 34. A Ordem de São Francisco encomenda-lhe os retratos de D. Manuel Bento Rodrigues, Baltazar José Martins, João Ribeiro de Faria Trauske 35, José 28 ALVES, 2010: 59. 29 PEREIRA; RODRIGUES, 1911: 930. 30 ANÓNIMO, 1863: 2. 31 Catalogo das Obras Apresentadas na 9.ª Exposição Triennal e Discurso pronunciado pelo Ill.mo e Ex.mo Snr. Conde de Samodães, vice-inspector da Academia Portuense das Bellas-Artes na respectiva sessão publica e distribuição de premios da mesma Academia, no dia 31 do mez d’Outubro de 1866, Porto, Typographia de Manoel José Pereira, 1866, pp. 23-24. 32 X, 1866: 2-3. 33 ANÓNIMO, 1872: 3. 34 ANÓNIMO, 1875: 2. 35 ANÓNIMO, 1870: 2. 181