7º UNICULT
EM UM AMANHECER
Autor(es)
KARINE OLIVEIRA DA CUNHA
Desenvolvimento
PSEUDÔNIMO: Violinista
Em um amanhecer
Acordou bem cedo e à janela observava um beija-flor que serenamente tocava as flores que enfeitavam o jardim, a casa de campo
ficava entre as colinas, olhou pela janela aquele campo, os pés de ipês -amarelos que rodeavam a casa, floridos estavam, o cantar dos
pássaros, suspirou diante de toda aquela paisagem, há muito tempo havia planejado esse descanso, havia deixado para trás a correria
da empresa, as negociações com multinacionais, as responsabilidades que faziam parte da correria do seu dia-a-dia.
Desceu as escadas, a família ainda dormiam, foi até o jardim, caminhou lembrou-se do tempo em que se dedicava a pintura, resolveu
tentar passar para tela lembranças, misturou algumas cores e levemente ia pincelando aqueles detalhes daquela paisagem e se
recordando.
“ Que em um amanhecer, em meio ao orvalho, grama seca, animais magros pastavam ainda o que restava nos ralos capins.
Apesar de toda aquela estiagem, a família vivia numa pequena casa que persistia, resistia enquanto um vento soprava a poeira que
cobria todo o lugar, dando-lhe uma nova cor, a secura da estiagem se fazia mais que presente, e Antônio armazenava água, o sol
radiava seu calor, onde um dia houve um dia um pequeno córrego de água agora pedras, matos se faziam presentes, e a família ali
recolhiam gravetos, superavam as dificuldades, caminhando naquele sertão, fazendo parte de todo aquele cenário. Certa tarde as
crianças avistaram ao longe uma revista jogada solitária naquela longa estrada de terra que se perdia no horizonte daquele sertão.
A mãe preparou algo para comer, as crianças folheavam a velha revista com olhares curiosos, eram fotos de modernos prédios,
mobília de casas, carros, olhavam com interesse tanta novidade que se faziam tão distante. Em meio a tanta seca, a mãe ia todos os
dias, como de costume a um varal pendurar as roupas bem acabadas pelo tempo, as crianças corriam naquele sertão, apostavam
corrida, riam, o cachorro de estimação tentava alcançá-las. A casinha ficava distante da cidade em meio daquelas árvores que se
perdiam como miragem num sertão tão seco. A noite chegou, ouvia-se o choro do caçula Juninho, a fome não o deixava dormir. A
mãe levantou e lhe deu algo para beber.
A manhã chegou e, com ela, um vento forte de poeira arrastava folhas secas, as roupas penduradas no arame pareciam querer voar.
Antônio ouviu o grito do seu cavalo, tentava ver algo, mas não conseguia
o grito aumentava, saiu em meio aquela nuvem de poeira e foi até a cerca aonde tinha feito um cercado para o animal. Ao ver o
animal caído embaixo das tábuas se desesperou, a esposa veio lhe ajudar, andavam quilômetros para pegar água, para casa, além de
um cachorro de estimação, tinham duas cabras. A noite olhavam-se para o alto dentro da pequena casa de tábua, viam as estrelas no
céu tão brilhantes, tão distantes. No outro dia, lá ia o pai leva-los na escola, eram quilômetros andando, saíam ainda pela madrugada,
Juninho quando se cansava ia nas costas do pai de cavalinho. Haviam aprendido a conviver ali transformando as dificuldades em
aprendizagem, usavam como ferramentas o que o sertão lhe proporcionavam.
Outra noite chegou e Mariana com o lampião aceso caprichava no desenho da sua tão querida companheira, um botão de rosa que
havia ganhado da professora eram riscos e rabiscos.
- Filha! Ainda está acordada!
- Mãe! Olha que lindo esse botão de rosa que ganhei da professora.
-È lindo mesmo, ande dormir, amanhã temos que levantar bem cedo.
-Mãe! Um dia poderei ter um jardim de rosas?
-Acho que sim, agora ande vamos dormir!
Juninho adoeceu, no fim de semana a tia Iolanda veio buscar o menino para levar para cidade, morava em uma pequena cidade longe
dali, viam ao longe aquela carroça desaparecendo naquela longa estrada, lá ia o pequeno Juninho. Lágrimas rolavam nos seus rostos, o
pai nervoso ficara, desceu para o quintal, começou a fazer um carrinho de madeira, todas as manhãs muito cedo saía. Antônio
demorava mais para voltar para casa, eram quilômetros empurrando o carrinho de madeira até um pequeno lugarejo, para vender
artefatos que fazia com pequenos galhos secos, queria juntar dinheiro para ir para cidade.
Com o dinheiro que Antônio juntou durante dias, foram para cidade, Junhinho lá na porta estava, grande era a felicidade. Ficaram ali
por alguns dias, em meio à correria do desenvolvimento, Mariana olhava para tudo atentamente, caminhavam entre aquelas pessoas
com passos apressados, na feira alguns gritando para vender hortaliças, Antônio e a família durante anos não vinham na cidade,
acostumados a viver em meio a paisagem tão distante e deserta que se perdem em lugarejos ou casinhas solitárias que escondem o
costume de famílias que se expressam timidamente através de seus costumes, gostos, sonhos, dificuldades e perseverança.
A família de Antônio logo voltaria para casa lá no sertão, em meio a toda aquela seca. Ao longe a tia Iolanda ia os perdendo de vista,
iam caminhando e aguardando vir um outro amanhecer naquele distante sertão!”
Recebeu o telefonema do irmão que estavam vindo para o aniversário do sobrinho, já fazia alguns meses que não vinham visitar a
família, trabalhava como tecnólogo numa cidade à beira do mar, nos finais de semana costumava velejar com a esposa e as filhas,
estaria de férias, Juninho como ainda era chamado passou antes na floricultura dos pais.
Mariana acabou de pintar e observou a família com carinho, o café da manhã já estava servido ali em uma grande mesa, toda família
estava reunida na casa da fazenda, a mãe de Mariana mimava os netos, frutas, pães tudo feito com capricho pela tia Iolanda que
segurava no colo seu neto caçula, a mãe veio até a filha as duas olharam para a tela com carinho, pois muitas eram as lembranças e
momentos que em meio a toda modernização ainda se lembravam daqueles momentos de um amanhecer no sertão!
Abraçadas foram se juntar ao resto da família à mesa.
Após alguns dias Mariana e a família voltaram para casa, em meio a toda correria do desenvolvimento, na sua sala, como diretora da
empresa, colocou na parede aquela sua tela daquela pequena e querida casinha . . .
FIM
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