UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO Influência do Ruído em uma Usina de Reciclagem de Resíduos de Construção Civil Trabalho de Conclusão de Curso submetido à Universidade Estadual de Ponta Grossa para obtenção do título de Especialista em Engenharia de Segurança do Trabalho Departamento de Engenharia Civil ADRIANE THEODORO SANTOS ALFARO JEAN CARLO ALFARO NICEU ALVES PEREIRA FILHO Prof. Carlos Luciano Sant’ Ana Vargas, D. Eng. Coordenador do EngSeg 2004 Banca Examinadora: Prof. Dr Marcos Rogério Széliga Orientador Prof ª. Esp. Isabel Cristina de Souza Honesko Prof. Esp. Luiz Carlos Lavalle Filho Membros PONTA GROSSA, agosto de 2005 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA SETOR DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL ADRIANE THEODORO SANTOS ALFARO JEAN CARLO ALFARO NICEU ALVES PEREIRA FILHO Influência do Ruído em uma Usina de Reciclagem de Resíduos de Construção Civil PONTA GROSSA 2005 ADRIANE THEODORO SANTOS ALFARO JEAN CARLO ALFARO NICEU ALVES PEREIRA FILHO Influência do Ruído em uma Usina de Reciclagem de Resíduos de Construção Civil Monografia apresentada ao Curso de Especialização em Engenharia de Trabalho – Segurança do Universidade Estadual de Ponta Grossa, como requisito parcial para obtenção do Título de Especialista em Engenharia de Segurança. Orientador: Prof. Dr. Marcos Rogério Széliga PONTA GROSSA * 2005 * Dedicamos este trabalho à todos que nos auxiliaram e que souberam compreender a nossa ausência em nossos lares devido a dedicação deste. SUMÁRIO Resumo ............................................................................................................ 06 Introdução ........................................................................................................ 07 1. Objetivo ........................................................................................................ 12 2. Localização e composição do equipamento de britagem ....................... 13 2.1 – Alimentador vibratório apoiado....................................................... 13 2.2 – Britador de Mandíbula ................................................................... 14 2.3 – Moinho de martelos ....................................................................... 15 2.4 – Peneira vibratória apoiada 1 ......................................................... 16 2.5 – Peneira vibratória apoiada 2 ......................................................... 17 2.6 – Transportador de correia 1 ........................................................... 17 2.7 – Transportador de correia 2 ........................................................... 18 2.8 – Transportador de correia 3 ........................................................... 19 2.9 – Painel elétrico de comando e proteção dos motores .................... 19 2.10 – Eletroimã suspenso ..................................................................... 19 3. Medidas de prevenção à emissão de ruídos............................................. 23 3.1 – Exposição permissível ao ruído .................................................... 26 4. Controle de ruído ........................................................................................ 29 4.1 – Guia para detecção do problema .................................................. 29 4.2 – Programa de redução do ruído ..................................................... 31 4.2.1 – Avaliação da exposição ao ruído ......................................... 32 4.2.2 – Situação audiométrica dos operários ................................... 32 4.2.3 – Níveis de ruído nos postos de trabalho ................................ 32 4.2.4 – Tipo de ruído ........................................................................ 33 4.2.5 – Ruído de fundo e entorno(vizinhança) ................................. 33 4.2.6 – Antecedentes audiométricos ................................................ 34 4.2.7 – Novas audiometrias ............................................................. 34 4.2.8 - Mapeamento ......................................................................... 34 4.2.9 – Medida de controle .............................................................. 35 5. Metodologia de trabalho ............................................................................ 36 6. Medições realizadas ................................................................................... 37 7. Conclusão ................................................................................................... 38 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 39 LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 – Veículo descarregando o resíduo de construção civil ..................... 08 Figura 2 – Material já triado que será enviado à Usina Recicladora ................. 09 Figura 3 – Blocos fabricados na Usina com material reciclado ........................ 10 Figura 4 – Piso intertravado fabricado com material reciclado ......................... 11 Figura 5 – Alimentação da Usina ...................................................................... 14 Figura 6 – Britador de mandíbula ..................................................................... 15 Figura 7 – Moinho de martelos ......................................................................... 16 Figura 8 – Correia transportando material ....................................................... 18 Figura 9 – Planta da recicladora de entulho ..................................................... 20 Figura 10 – Planta da recicladora de entulho ................................................... 21 Figura 11 – Vista da recicladora de entulho ..................................................... 22 Figura 12 – Barreira vegetal cercando o empreendimento ............................... 25 Figura 13 – Efeito do ruído no corpo humano .................................................. 30 Figura 14 – Vizinhança da Usina de Reciclagem ............................................. 33 RESUMO Devido à atual preocupação em preservar o meio ambiente, a legislação referente aumenta a cada dia e uma dessas novas é a Resolução nº 307 do CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) , que estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos oriundos da construção civil que entendese como os provenientes de reformas, reparos e demolições de obras de construção civil tais como: tijolos, blocos cerâmicos, concreto em geral, solos, rochas, metais, resinas, colas, tintas, madeiras, argamassa, telhas, caliça, ou seja os chamados de entulho de obra. Para que os programas, planos e projetos de gerenciamento desses resíduos sejam elaborados com sucesso, necessita-se primeiramente de um cadastramento e licenciamento da área para recebimento deste material. Este trabalho visa medir a influência do ruído no interior de uma usina de reciclagem de construção civil bem como no seu entorno, ou seja, vizinhança. Com o resultado deste trabalho, os responsáveis pelo plano diretor do município poderão prever áreas onde será autorizada a implantação deste tipo de empreendimento no que diz respeito ao ruído e uma vez implantada, quais os equipamentos de proteção individual que os funcionários deverão fazer uso e quais medidas mitigadoras deverão ser implantadas. Palavras-chave: meio ambiente, CONAMA, entulho, ruído, protetores auriculares, decibéis 7 INTRODUÇÃO Desde o início dos tempos, o homem fez uso dos recursos ambientais, notadamente do solo, para fixação das sociedades, geração de riqueza e descarte dos resíduos gerados por suas atividades. Toda e qualquer atividade humana gera produção de resíduos e a alteração do meio que o cerca. Uma das grandes dificuldades ambientais nos dias de hoje, refere-se ao destino dos resíduos sólidos gerados pelas indústrias, resíduos domésticos e, principalmente, resíduos gerados pelas demolições e construções de obras civis. Estes últimos, representam problemas sérios para os municípios quando dispostos irregularmente, originando enchentes ocasionadas por assoreamento dos córregos, prejuízo à paisagem, obstrução dos logradouros públicos e proliferação de doenças. Além de representar um custo significativo para o recolhimento destes resíduos dispostos ilegalmente (Pinto, 1999). A Secretaria de Defesa do Meio Ambiente (SEDEMA) fechou as inúmeras áreas de descarte e através de uma conscientização dos coletores de entulho (caçambeiros) e um projeto que trata da gestão sustentável, determinou somente uma área de descarte localizada nas proximidades do Bairro Algodoal – Piracicaba. Aliado a este projeto, fez-se um trabalho de educação ambiental junto à população residente próxima aos bota foras irregulares da cidade, auxiliando assim no controle de doenças oriundas do abandono destas áreas. 8 A cidade de Piracicaba gera em torno de 620 toneladas por dia de material proveniente de pequenas demolições, reformas, resíduos domésticos e principalmente resíduos gerados da construção civil. O resíduo é encaminhado a uma área (Figura 1) onde é feita uma pré-seleção, todo o material de construção é destinado ao reciclador da Empresa Municipal de Desenvolvimento Habitacional de Piracicaba – EMDHAP (Figura 2) , que processa diariamente de 130 a 170 toneladas por dia de material reciclado. Figura 1 – Veículo descarregando o Resíduo de Construção Civil 9 Figura 2 – Material já triado que será enviado à Usina Recicladora. O material processado é destinado a várias secretarias para utilização como base e sub-base para pavimentação, revestimento primário, e reforço de sub-leito de vias, cobertura de células intermediárias de resíduos em aterro sanitários, serviços de drenagem, pedrisco, areia sendo que parte deste material é destinada para a fabricação de artefatos de cimento (Figura 3) e pisos intertravados (Figura 4). 10 Figura 3 – Blocos fabricados na Usina com material reciclado 11 Figura 4 – Piso intertravado fabricado com material reciclado As instalações de reciclagem permitem substituir aterros esgotáveis por áreas permanentes e tem equipamentos robustos e duráveis, que processam e reciclam resíduos sólidos urbanos com custo de implantação acessível, além de se estar retirando menos material da natureza. 12 O projeto respeita a resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA , nº 307 de 5 de Julho de 2002, a qual prevê que todo município deverá estabelecer diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos da construção civil visando minimizar os impactos ambientais. 1 OBJETIVO O objetivo principal do presente trabalho é o estudo da influência do ruído no processo do reaproveitamento do resíduo sólido de construção civil junto ao homem (trabalhador) e ao meio ambiente incluindo a vizinhança, dando ao principal agente, uma atenção e uma preocupação no tocante a sua saúde e segurança. Os problemas com o ruído são de muito tempo conhecido, BERNARDINO RAMAZZINI (Pai da Medicina do Trabalho) em 1700 descrevia nas doenças dos Bronzistas “... observa-se esses artífices todos sentados sobre pequenos colchões postos no chão, trabalhando constantemente encurvados, usando martelos , a princípio de madeira, depois de ferro, e batendo o bronze novo, para dar-lhe a ductilidade desejada. Primeiramente, o contínuo ruído danifica o ouvido, e depois toda a cabeça; tornando-se um pouco surdos e podem ficar completamente surdos, porque o tímpano do ouvido perde sua tensão natural com a incessante percussão que repercute, por sua vez, para os lados, no interior da orelha, perturbando e debilitando todos os órgãos da audição ...”. (BERGAMO – Higiene do trabalho – Riscos Físicos) 13 Com relação ao entorno da usina, vale ressaltar que a propagação do som no ar se espalha de maneira uniforme e em todas as direções, diminuindo em amplitude conforme se afasta da fonte. Um vez determinado a intensidade do ruído localizado e de entorno, deverão ser apresentadas sugestões mitigadoras, bem como sistemas de proteção às pessoas expostas que não atender às Normas Regulamentadoras n° 9 e 15. 2 LOCALIZAÇÃO E COMPOSIÇÃO DO EQUIPAMENTO DE BRITAGEM Esta unidade industrial está localizada à Avenida Cristóvão Colombo – Bairro Guamium na cidade de Piracicaba no estado de São Paulo. A unidade produz agregado reciclado na forma de bica corrida, para uso em pavimentação, areia, pedrisco e pedra 1, oriundos dos materiais resultantes da construção civil para uso diversos, incluindo a produção de artefato de cimento e argamassa como tijolos etc. 2.1 Alimentador vibratório apoiado - 01 (Um) – marca MAQBRIT, modelo AV 20040 equipado com motor elétrico blindado de 5 Hp – IV pólos, 220/380 V (Figura 5); - Mesa vibratória suspensa por molas helicoidais, com caixa vibratória; 14 Figura 5 – Alimentação da Usina 2.2 Britador de mandíbulas - 01 (Um) – modelo BM 42.30, marca FAÇO, capacidade de até 20 m³/hora, equipado com motor elétrico de 25 Hp – VI pólos e polia em V (Figura 6). 15 Figura 6 – Britador de mandíbulas 2.3 Moinho de martelos - 01 (Um) – marca MAQBRIT, modelo MM 6080/16 equipada com motor elétrico blindado de 100 Hp – IV pólos (Figura 7). 16 Figura 7 – Moinho de martelos 17 2.4 Peneira vibratória apoiada 1 - 01 (Um) – marca MAQBRIT , modelo PVA 25010/ 2A equipada com motor elétrico blindado de 5 Hp – IV pólos 220/380 V, polias e correias em V como se mostra na Figura 7. .2.5 Peneira vibratória apoiada 2 - 01 (Um) Marca MAQBRIT, modelo PVA 30010/ 2 A , equipada com motor elétrico blindado de 10 Hp – IV pólos 220/380V polias e correias em V, com 2 telas. 2.6 Transportador de correia 1 - 01 (Um) Marca MQBRIT, modelo TC 20”x 15,5 m, esteira com largura de 20”e comprimento de 15,5 m de centro a centro de tambores, completo, inclusive redutor de velocidade tipo eixo vazado e motor elétrico blindado de 5 Hp – IV pólos, 220/380 V polias e correias em V (Figura 8). 18 Figura 8 – Correia transportando material 2.7 Transportador de correia 2 - 01 (Um) Marca MAQBRIT, modelo TC 20”x 16m, esteira com largura de 20”e 16 m de comprimento de centro a centro de tambores, completo, inclusive 19 redutor de velocidade tipo eixo vazado e motor elétrico blindado de 5 Hp – IV pólos, 200/380V polias e correias em V. 2.8 Transportadores de correia 3 - 03 (Três) Marca MAQBRIT, modelo TC 16”x15m, esteira com largura de 16”e comprimento de 15m de centro a centro de tambores, completo, inclusive redutor de velocidade tipo eixo vazado e motor elétrico blindado de 3Hp – IV pólos 220/380 V, polias e correias em V. 2.9 Painel elétrico de comando e proteção dos motores - Painel de controle de todo o equipamento, chave de segurança e quadro de comando. 2.10 Eletroimã suspenso - Para correia transportadora, de limpeza manual, regime de trabalho contínuo. Nas Figuras 9, 10 e 11, vemos o esquema da planta da usina. 20 Figura 9 – Planta da Recicladora de Entulho 21 Figura 10 – Planta da Recicladora de Entulho 22 Figura 03 – Vista da Recicladora de Entulho Figura 04 – Vista 1 da Recicladora de Entulho Figura 11 – Vista da Recicladora de Entulho 23 3 MEDIDAS DE PREVENÇÃO À EMISSÃO DE RUÍDOS No convívio do dia a dia das grandes cidades, acostuma-se e nem sempre percebe-se os níveis elevados de ruído. Porém, se a exposição for permanente às fontes de ruído no ambiente de trabalho, as pessoas não só terão dificuldades de concentração como poderão sofrer danos irreversíveis à saúde: aumento do ritmo cardíaco, constrição (fechamento) dos vasos sanguíneos periféricos, aceleração do ritmo respiratório, diminuição das atividades dos órgãos da digestão, cansaço, irritação, insônia, dor de cabeça, redução da audição (surdez temporária, surdez definitiva e trauma acústico), aumento da pressão arterial e redução da atividade cerebral, com a conseqüente diminuição da atenção. Em uma Usina de Reciclagem de Resíduos de Construção Civil, têm-se inúmeros geradores de ruídos. Na chegada do resíduo, já se tem o próprio veículo transportador gerando ruído, ao descarregar, o próprio escorregamento do mesmo na caçamba provoca barulho. Em seguida, a máquina (uma pá carregadeira) utilizada para alimentar a usina, também gera ruído BM, MM, A usina, uma vez alimentada, necessita de vários motores e correias transportadoras de material, aumentando ainda mais a carga de ruído no sistema. Quase metade dos trabalhadores acometida do agravo, nota algum grau de zumbido nos ouvidos. Podem aparecer em qualquer estágio da perda auditiva. Em trabalhadores com perdas auditivas leves, o zumbido costuma ser a primeira manifestação da doença. Zumbidos severos podem ser incapacitantes e provocar o afastamento definitivo de ambientes com ruído. 24 Entende-se por exames audiológicos de referência e seqüenciais o conjunto de procedimentos necessários para avaliação da audição do trabalhador. Podemos citar: a) anamnese clínico ocupacional; b) exame otológico; c) exame audiométrico realizado segundo os termos previstos na NR-7; d) outros exames audiológicos complementares solicitados a critério médico O exame dos ouvidos é realizado através da otoscopia. Uma vez que a perda auditiva relacionada ao trabalho ocorre no ouvido interno, sem qualquer manifestação visível através da membrana timpânica, a otoscopia normal é o resultado esperado ao se examinar o trabalhador. Outro exame indicado para avaliar a audição do ser humano, por razões técnicas e legais é um exame subjetivo, sujeito a interferências de diversos fatores, mas tem se revelado útil e confiável no acompanhamento dos trabalhadores. A perda auditiva por níveis de pressão sonora elevados as alterações dos limiares auditivos, do tipo neuro–sensorial. Decorrente da exposição ocupacional sistemática a níveis de pressão sonora elevados.d Inicia em altas freqüências, geralmente em 4000 ou 6000 Hertz, e com o passar dos anos pode comprometer freqüências mais baixas. A diminuição das perdas auditivas relacionadas ao trabalho, faz-se principalmente pela melhoria dos ambientes de trabalho, com a eliminação ou o controle rigoroso dos riscos existentes. Aliado a tudo isso, a unidade de reciclagem tem uma outra preocupação, não afetar o meio ambiente do entorno, onde se encontram construções residenciais e cujos moradores necessitam ter sua saúde auditiva e seu sossego preservado. 25 Esta preocupação justifica-se por se tratar de um projeto onde visa melhorar as condições ambientais no interior da usina e em seu entorno. Algumas providências são necessárias para manter o nível de emissão de ruídos dentro dos padrões estabelecidos pela legislação ambiental do município e a NR 15 anexos 1 e 2 , a se constatar nas medições, índices prejudiciais à saúde dos envolvidos citados acima. Sendo assim, a adoção de algumas medidas também ajuda a manter baixa a emissão ruídos tais como: - implantação de barreira vegetal alta e densa para contenção de ruídos (Figura - 9); - Implantação de barreira vegetal baixa que, em conjunto com a alta, contribui para o isolamento acústico (Figura 12); - Adoção de revestimento especial emborrachado em todos os pontos de transferência do material em processamento; - Aplicação de manta anti-ruído revestindo o moinho de martelo. 26 Figura 12 – Barreira vegetal cercando o empreendimento 3.1 Exposição permissíveis ao ruído A tabela 1 apresenta os critérios adotados como limite de exposição ao ruído para diversas Normas Nacionais de países. Tabela 1 - Limite de exposição ocupacional ao ruído conforme as Normas Nacionais de diversos países. PAÍS Nível de Ruído Tempo de exposição Taxa de Nível Nível Ruído de dB(A) (h) (1) Divisão Máximo Impacto (dB) dB(A) dB(A) ■ Alemanha Oc. 90 8 ■ Alemanha Or. 85 8 □ Alemanha 85 8 3 27 ■ Japão 90 8 ● França (2) 90 40 3 ● Bélgica 90 40 5 110 140 ● Inglaterra 90 8 3 135 150 □ Inglaterra 83 8 3 ● Itália 90 8 5 115 140 ▲ Itália 90 - 3 115 ● Dinamarca 90 40 3 115 ■ Suecia 8 40 3 115 ■ USA – OSHA 90 8 5 115 140 ■ USA – Niosh 8 8 5 115 140 ● Canadá 90 8 5 115 ● Austrália 90 8 3 115 ● Austrália 85 8 3 ● Holanda 80 8 □ Holanda 80 8 3 □ Espanha 85 8 3 ▲ Turquia (2) 95 70 – 90 8 3 □ Finlândia 85 8 3 □ Hungria 85 8 3 □ Nova Zeland 85 3 3 □ Israel 85 8 3 □ Noruega 85 8 3 ■ Brasil 85 8 5 □ China ■ Segundo GERGES ( 1988 ) , ● Segundo HAY ( 1975 ), ▲ Segundo HAY ( 1982), Segundo SOBRAC ( 1995 ) (1) Tempo de exposição diária ou semanal (2) Estabelece nível contínuo de prevenção = 85 dB(A) (3) Estabelece nível contínuo de prevenção = 80 dB(A) 115 130 28 OSHA : Occupational Safety and Health Administration NIOSH: National Institute for Occupational Safety and Health Os Limites de Tolerância para Exposição de Ruídos no Brasil segue a NR-15 – Anexo 1, de acordo com a portaria 3214, de 08/06/78 “atividades e operações insalubres” e de seus anexos (Tabela 2). Tabela 2 – Limites de Tolerância de Exposição de Ruídos no Brasil NÍVEL DE RUÍDO MÁXIMA EXPOSIÇÃO DIÁRIA PERMISSÍVEL DB (A) HORAS 85 8 86 7 87 6 88 5 89 4 H 30 MIN 29 90 4 91 3 H 30 MIN 92 3 93 2 H 40 MIN 94 2 H 15 MIN 95 2 96 1 H 45 MIN 98 1 H 15 MIN 100 1 102 45 MIN 104 35 MIN 105 30 MIN 106 25 MIN 108 20 MIN 110 15 MIN 112 10 MIN 114 08 MIN 117 07 MIN 4 CONTROLE DE RUÍDO 4.1 Guia para detecção do problema O diagrama apresentado abaixo mostra uma maneira de determinar a existência do problema do ruído, portanto, a conseqüente necessidade de se aplicar 30 um programa de redução do barulho e de proteção auditiva. As etapas a serem seguidas são as seguintes: Dificuldade de Comunicação Zumbido no ouvido Necessidade De Providência Avaliação Primária Níveis Abaixo de 80 dB (A) Níveis Acima de 80 dB (A) Níveis Acima de 85 dB (A) Não existem problemas Com ruído Irritação Redução da eficiência Possível perda auditiva Problemas Auditivos Nova avaliação em 12 meses, ou em qualquer alteração na indústria Executar um programa de redução do ruído ambiental e de proteção auditiva 31 Figura 13 – Efeito de ruído no corpo humano 32 Na Figura 13, têm-se os efeitos nocivos ao ser humano, causados pelo excesso de ruídos. 4.2 Programa de redução do ruído Recomenda-se que, qualquer empresa que possua níveis de ruído acima de 80 dB(A), implante um programa de redução de ruído e proteção auditiva. Essa recomendação se torna uma exigência de lei quando os níveis ultrapassam os 85 dB (A). Inicia-se um programa de redução dos níveis de ruído, fazendo uma medição mais precisa e dentro dos padrões das Normas. PROGRAMA DE REDUÇÃO DO RUÍDO Avaliação da Exposição Ao Ruído Níveis de Ruído nos Postos de Trabalho Tipo de Ruído Situação Audiológica Dos Operários Ruído de Fundo e Entorno Mapeamento Medidas De Controle Antecedentes Audiométricos Novas Audiometrias 33 4.2.1 Avaliação da exposição ao ruído É a medição, com precisão, dos níveis de ruído dos postos de trabalho dos operários. Deve-se avaliar o som direto da máquina ao trabalhador, o ruído do ambiente (ruído de fundo) e o ruído do entorno (vizinhança). É importante lembrar da precisão do equipamento e da sua calibração antes das medições. 4.2.2 - Situação audiométrica dos operários Numa empresa onde existe níveis de ruído elevados, a saúde auditiva de seus trabalhadores deve ser acompanhada por profissionais da área de otorrinolaringologia (médico ou fonoaudiólogo). 4.2.3 Níveis de ruído nos postos de trabalho Devem ser efetuadas cinco medições em cada local de trabalho e obtida a média ( NR 15 ). É importante lembrar da regulagem do medidor de acordo com o tipo de ruído, das precauções durante a medição e dos cuidados com o medidor. 34 4.2.4 Tipo de ruído As medições devem ser feitas de acordo com o tipo do ruído. Para ruídos contínuos, usamos o medidor na curva “A “ e resposta “LENTA” para ruídos flutuante, usamos um dos métodos que represente as variações de nível. Os ruídos de impacto devem ser medidos conforme as regras da NR 15. 4.2.5 Ruído de fundo e entorno (vizinhança) A avaliação do ruído de fundo durante as medições, também é importante na determinação das fontes de ruído. Já as medições no entorno, são importantes para avaliar se os vizinhos estão se sentindo incomodados com o funcionamento do empreendimento em questão (Figura 14). Figura 14 – Vizinhança da Usina de Reciclagem 35 4.2.6 Antecedentes audiométricos A anamnese (histórico clínico) e os resultados audiométricos dos operários (principalmente o audiograma de admissão), são preciosas informações sobre a audição e a sensibilidade auditiva de cada trabalhador. O Engenheiro de Segurança deve estar atento no sentido de detectar estas situações. 4.2.7 Novas audiometrias Se o programa de redução do ruído e proteção auditiva estiver sendo implantado, é importante que obtenha os audiogramas de todos os trabalhadores e iniciam-se avaliações periódicas (de 12 em 12 meses). 4.2.8 Mapeamento A confecção dos mapas de ruído é uma das melhores maneiras de definirmos a forma de controle. Um mapa de ruído é uma planta em que são mostradas as instalações e traçada sobre ela as curvas que unem todos os pontos de mesmo nível de ruído. É importante identificar no mapa o local de trabalho de cada operário. 36 4.2.9 Medida de controle São as providências que devem ser tomadas, tendo em mãos o levantamento dos níveis de ruído e da situação audiológica dos empregados. Para controlar ou reduzir o nível de emissão de ruído de máquinas e equipamentos, diversos procedimentos podem ser utilizados, tais como: - a escolha de fontes de energia e de transmissão que permitam regulagens de velocidades, pois este fator contribui muito para que a máquina seja mais silenciosa; - instalar motores e transmissões elétricas mais silenciosas; - blindar as partes ruidosas das máquinas. Importante papel atribui-se à manutenção e modificações das instalações existentes, uma vez que se pode diminuir ou eliminar os ruídos gerados pelo impacto ou atrito de partes, causados por defeitos de operação ou manutenção inadequada. Neste caso podemos ter uma manutenção preventiva simples e eficaz como: - manter lubrificadas e em bom estado as engrenagens; - reduzir a altura de queda dos produtos para recipientes e contentores; - amortecer os choques com uso de revestimento de borracha ou plástico de grande resistência a desgaste; Correia - Não utilizar correias velhas, elas devem ter boa elasticidade - substituir correias dentadas por trapezoidais; 37 - manter tensão adequada. A vibração das máquinas pode ser causada ou acentuada por um desgaste de partes metálicas, desbalanceamento da máquina ou até mesmo por causa de um parafuso mal apertado. 5 METODOLOGIA DE TRABALHO Fundamentada nas especificações da Norma Regulamentadora nº 15 – Anexo 1, da Portaria nº 3214/78, a qual estabelece Limites de Tolerância (LT) para ruído contínuo ou intermitente, onde 85 dB (A) corresponde ao nível de ruído máximo para exposição em uma jornada de trabalho máximo de 08 horas diárias. Para determinação dos níveis de pressão sonora em decibéis (decibelímetro) marca SIMPSON modelo 886-2 com número de série 008759, operando no circuito de compensação “A“ e resposta lenta (SLOW) para ruído contínuo ou intermitente e circuito de compensação “C “ e resposta rápida (FAST) para ruído de impacto, cujas medições foram efetuadas nos locais de trabalho de maior permanência, com leituras feitas na altura e próximas ao ouvido do trabalhador. O equipamento foi aferido antes das medições com Calibrador marca SIMPSON , modelo 890-2. 38 6 MEDIÇÕES REALIZADAS Foram realizadas algumas medições de níveis de pressão sonora na recicladora de entulho. A primeira medição foi realizada em 20 de maio de 2005 pelo técnico de segurança Sérgio Trevisan e obteve-se os seguintes resultados (Tabela 3): Tabela 3 - Medições de pressão sonora na usina de reciclagem de entulho Local Máquina com carga dB (A) Média dB (A) Esteira antes mandíbula(TC1) 89/90/93/92/93 91 Esteira pós mandíbula(TC2) 88/90/87/89/88 88 Moinho 95/90/93/94/92 92 Peneira classif I (PV1) 91/92/93/92/92 92 Peneira classif II (PV2) 91/90/92/91/90 91 Reciclad pto 01 (2,0m de TC2) 74/74/75/74/75 74 Reciclad pto 02 (3,0m de TC1) 63/64/64/63/64 64 Reciclad pto 03 (1,0m de BM) 87/86/88/87/87 87 Britador Mandíbula 99/98/99/99/98 99 Entorno 01 (Resid a 10,0m) 48/47/48/49/49 48 Entorno 02 (Resid a 20,0m) 25/24/23/24/23 24 Entorno 03 (Resid a 30,0m) 11/11/12/11/12 11 39 7 CONCLUSÃO A utilização do Equipamento de Proteção Individual (EPI) como o protetor auricular pelos funcionários, fará com que os mesmos fiquem adequadamente protegido dos níveis de ruído (quando este estiver acima de 85 dB (A)) , portanto a sua jornada de trabalho poderá ser de 8.00 horas. Devido os valores serem bastante alternados recomenda-se medições através de dosímetro. Com relação ao entorno, neste caso não houve problemas, pois segundo a NBR 10151, que prevê um limite para área predominantemente industrial (área em questão) para ambiente externo de 70 DB (diurno) e 60 DB (noturno): e os máximos valores encontrados foram 48, 24 e 11 não causando desconforto aos moradores pois os valores estão abaixo dos limites estabelecidos pela referida norma. Vale lembrar que o empreendimento em questão não possui atividade noturna e possue barreiras vegetais (cuidados já citados para que esses valores não sejam excedentes). 7.1 Intervenção sobre o operador 7.1.1 Redução do tempo de exposição - Redução da jornada de trabalho; - Reorganização do trabalho; 40 - Aumento das pausas 7.1.2 Proteção sobre o indivíduo - Protetores auriculares; - PCA – Programa de conservação auditiva Existem diversos tipos de protetores auriculares que podem ser usados conforme o tipo e aplicação desejável. Os principais tipos são os circum-auriculares (conchas) e os de inserção (plug). 7.1.2.1 Conchas circum-auriculares São formados por duas conchas atenuadoras de ruído cobrindo todo o pavilhão auricular e interligadas através de um arco tensor. Possuem bordas revestidas de um material macio para permitir um bom ajuste na região da orelha. A haste pode ficar posicionada sobre a cabeça, atrás da cabeça ou sob o queixo. Os protetores deste tipo são recomendados para as exposições intermitentes, devido a facilidade de remoção e colocação. Esse tipo de protetor é inadequado para exposição contínua, onde o pressionamento da área circum-auditiva apresenta grande desconforto, sendo provável a não utilização do protetor durante toda a jornada. Possuem atenuação média de 20 a 40 d(B), concentrada nas frequências médio – altas. Por ser muito pesado, causa desconforto no seu uso, particularmente pelo fato de que o poder de atenuação é tanto maior quanto 41 mais pesado for o material que o constitui e a pressão exercida sobre o arco que prende as duas conchas. 7.1.2.2 Protetores de inserção Os protetores de inserção são aqueles colocados no interior do canal externo do ouvido. Tendem a ser mais confortáveis que o circum-auriculares para exposição de longa duração, especialmente em ambientes quentes e úmidos. Três tipos: • Pré-moldado • Protetores auriculares descartáveis • Protetores tipo moldável A seguir têm-se as características e atenuação dos protetores auditivos. 42 TABELA 4: Características e atenuação indicativa de protetores auditivos Tipos de protetores Característica * Atenuação Inconvenientes auriculares Inserção multiuso Disponível vários em Dificuldade tamanhos. encontrar tamanho Feito de borracha, silicone, plástico ou de exato, 15 – 20 DB dificuldade em manter limpo polímeros expansivos Inserção descartável uso Disponível em 10 – 20 DB espuma, de custo A atenuação destes baixo devido aos protetores depende, materiais usados tanto (algodão do material utilizado, bem como parafinado, espuma da acomodação ao plástica e tipos canal do ouvido. O especiais de fibras tipo especial de de vidro. O protetor fibra de vidro é o é colocado no canal mais prático, mas do ouvido, certa tomara com para ser eficaz deve força, até ser colocado de forma do acordo canal. com instruções as do fabricante. Composto por duas Concha conchas de plástico revestidos por poliuretano e unidos por arco de metal Para 20 – 40 DB precisa ser ter eficaz certo peso e aderir bem à orelha 43 OBS: Quando da indicação do uso de protetor, deve ser levado em conta sua interferência na compreensão da voz e na percepção de sinais, importantes no trabalho. 44 45 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICAS Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 10151 – Avaliação do ruído em áreas habitadas, visando o conforto da comunidade – procedimentos. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 10152 – Níveis de ruído para conforto acústico. BELLUSCI, S.M. Doenças Profissionais ou do trabalho. São Paulo: Editora Senac – SP – 1995 CAMPOS, A . A . M. CIPA – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes: uma nova abordagem, 5 ed. São Paulo: Editora Senac, 2002, 263 p. ISBN: 857359-090-4. CARNEIRO, A . P.; BRUN, I. A . S.; CASSA, J. C. S. Reciclagem de entulho para produção de materiais de construção. Salvador: EDUFBA; Caixa Econômica Federal, 2001. 312 p. ISBN – 85-232-0226-9 CONAMA. Resolução N° 307, de 05/07/2002. DOU 17/07/2002. GERGES, S.N.Y. Controle de Vibrações e Ruídos Industrial – UFSC – Florianópolis – SC. GERGES. S. N. Y. Ruído – fundamentos e controle 1a ed. 1992 - UFSC – Florianópolis – SC. http://www.saudeetrabalho.com.br Acesso em; 06 abr.2005 – 14:40hs 46 Normas regulamentadoras. NR 7 – Programa de controle médico de saúde ocupacional Normas regulamentadoras. NR 9 – Programa de prevenção de riscos ambientais Normas regulamentadoras. NR 15 - Atividades e operações insalubres PINTO, T.P. Metodologia para a gestão diferenciada de resíduos sólidos da construção urbana. 1999, 189 f. Tese ( doutorado ). Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, São Paulo. SALIBA, Tiffi Messias. Manual prático de avaliação e controle de ruído: PPRA/TUFFI 2. ed. – São Paulo: LTr, 2001 nov. SANTOS, U.P.; MORATA, T.C.; OKAMOTO, V.A . Ruído Riscos e Prevenção. 2 ed. São Paulo: Editora Hucitec, 1996