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ZERO HORA SEGUNDA-FEIRA, 30 DE NOVEMBRO DE 2009
G 24/01/2006 – Inicia-se a disputa do Sindicam pela exclusividade no transporte de
contêineres na orla portuária. Os motoristas,
ligados ao sindicato, paralisam o transporte de
contêineres reivindicando o direito. Uma das
empresas resolve desafiar o sindicato e envia
os seus caminhões, protegidos pela BM. Os
veículos foram apredejados. Nos dias seguintes, manifestantes são detidos.
06/01/2006 – Termina a greve pela
exclusividade no transporte de contêineres
na orla. A vitória do Sindicam é parcial. As
empresas que também querem o mercado
concordam em diminuir o número de seus
caminhões. Nos meses seguintes, vários
pequenos movimentos grevistas contribuíram para que o Sindicam terminasse o ano
com mais de 90% de exclusividade.
20/08/2008 – Um automóvel Kadet que levava
funcionários de uma empresa em disputa de mercado
com o Sindicam foi atingido
por pedradas e tiros na orla
portuária.
G
G
Fontes: Polícia Civil, Polícia Federal, Brigada Militar, Setcergs, Agtrra e Sindicam.
Adubo fecunda
uma nova briga
ENTREVISTA
Paulo Ricardo Quaresma, presidente do Sindicato dos
Transportadores Autônomos de Bens de Rio Grande (Sindicam)
“Nós usamos nossas
armas: a greve”
Paulo Ricardo Quaresma, 51 anos, ajudou a transformar o Sindicato
dos Transportadores Autônomos de Bens de Rio Grande (Sindicam)
em uma organização poderosa, conseguindo a exclusividade no
transporte de contêneires dentro do porto. Durante duas horas, ele
falou com Zero Hora, em Rio Grande:
Zero Hora – O Sindicam está
envolvido em uma guerra por
frete com as transportadoras?
Paulo Ricardo Quaresma – Não
diria que se trata de uma guerra. É
uma disputa por mercado. Nós já
nos consolidamos como os transpordores exclusivos de contêineres
na parte interna do porto, temos
378 caminhões trabalhando. Agora,
montamos uma central de fretes e
vamos partir para disputar o mercado externo, que é o transporte de
contêineres entre o porto e o dono
de mercadoria.
ZH – Como foi conquistada a
exclusividade do transporte interno de contêineres?
Quaresma – Com duros embates. Em 2000, fundamos o sindicato e começamos a operar em 2004
lutando contra várias empresas que
tentavam retirar do caminhoneiro
autônomo o transporte interno. Paramos o porto várias vezes. Houve
enfrentamentos duros nas rodovias,
PAULO RICARDO QUARESMA
presidente do Sindicam
‘‘
Em um enfrentamento,
há excessos, mas não
como eles falam
mas acabamos vencendo.
ZH – Hoje, há uma média diária de 533 contêineres sendo
transportados entre o porto e os
donos das cargas. Qual a fatia de
vocês?
Quaresma – Transportamos mil
deles durante o mês. E faço a seguinte observação: 50% desse transporte
é feito por caminhoneiros autônomos, contratados pelas transportadoras. Sendo que 75% deles são filiados ao nosso sindicato.
ZH – O que isso significa?
G 08/10/2009
– Sob o comando do Sindicam, os caçambeiros que
transportam adubo tentam parar. No dia
seguinte, uma caçamba é queimada. O
sindicato anuncia que tem a intenção de
controlar esse tipo de transporte no porto, que até agora é feito por autônomos.
Quaresma explica a disputa
Quaresma – Que estamos no
jogo. Claro que o Sindicam não
tem como competir pelas regras
das grandes transportadoras, que
baixam o custo do frete usando
caminhões maiores. Então, nós
usamos nossas armas: a greve.
ZH – O uso das forças policiais não seria porque, nos últimos cinco anos, há dezenas
de boletins de ocorrências na
polícia apontando a direção
do Sindicam como a culpada
pela destruição de caminhões,
agressões a motoristas e outros
crimes contra o direito de ir e
vir?
Quaresma – Tudo isso resultou em vários processos nos
quais não conseguiram provar
que os danos foram causados por
nós. Sabe por que não conseguem
provas? É porque na maioria desse episódios, eles aproveitam a
situação para se livrar dos caminhões velhos acionando o seguro
com a desculpa que fomos nós os
causadores dos danos. Claro que
durante um enfretamento sempre
há excessos, mas não como eles
falam.
O presidente do Sindicato dos
Transportadores Autônomos de
Bens de Rio Grande (Sindicam),
Paulo Ricardo Quaresma, disse que
a instituição está de olho no transporte dos produtos químicos usados para fazer adubo. Os produtos
chegam em navios e são levados
por caçambas para as fábricas que
os misturam e fazem o adubo.
Esse tipo de transporte funciona
de julho até o final de outubro, período em que as empresas preparam o adubo para vender aos agricultores. O período é chamado de
safra pelos caçambeiros que operam uma frota de 200 veículos. A
maioria é dona do próprio veículo
e não é associada ao Sindicam.
Eles têm um acordo com seis
empresas que exploram o transporte do adubo. Até outubro, Quaresma nunca havia manifestado
interesse em filiar os caçambeiros.
Isso mudou no final de setembro,
quando o presidente do Sindicam
foi procurado por um proprietário
de caçamba que havia se desentendido com uma das empresas.
– No final, fiquei convencido de
que teríamos de entrar nesse tipo
de transporte para proteger os autônomos, que estão a mercê dessas
empresas – disse Quaresma.
A disputa está sendo acompanhada pela delegada Ligia Furlanetto, da 1ª DP de Rio Grande. Organizado pelo Sindicam, um grupo
de caçambeiros liderou uma greve
contra as seis empresas de trans-
porte, reinvidicando reserva de
50% dos fretes para os autônomos.
Os empresários não concordaram.
A paralisação acabou na noite de 9 de outubro. Na ocasião, o
motorista Nei Silva havia deixado
a caçamba estacionada nas proximidades de sua casa. Uma pessoa,
que a delegada ainda não conseguiu identificar, colocou fogo no
caminhão. Quaresma foi apontado
por caçambeiros como autor do
incêndio, que teria sido feito como
um recado para aqueles que resistisse à filiação ao Sindicam.
Em depoimento à delegada, o
presidente do Sindicam afirma que
o incêndio havia sido armado. A
delegada Ligia segue investigando.
O proprietário da caçamba diz que
o veículo já foi consertado e voltou
a ser usado no trabalho.
– Jamais fui contra ou a favor do
Sindicam. Acredito que só queimaram a minha caçamba porque foi
a primeira que encontraram pela
frente – afirma, sem querer se identificar.
O proprietário da maior empresa
transportadora de adubo concordou em falar com ZH, preservando
a identidade. Disse que o sistema
de transporte de adubo funciona
assim há 30 anos e só vê um motivo para o Sindicam se interessar:
política.
Quaresma nega, mas adverte:
– Na próxima safra de adubo,
vamos ter o controle dos caçambeiros.
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Nós usamos nossas armas: a greve