3º Simposio Iberoamericano de Ingeniería de Residuos
2º Seminário da Região Nordeste sobre Resíduos Sólidos
AVALIAÇÃO DO IMPACTO AMBIENTAL GERADO PELAS INDÚSTRIAS DE
CURTUME – VISITA AO CENTRO DE TECNOLOGIA DO COURO E
CALÇADO ALBANO FRANCO
Igor Souza Ogata(1)
Graduando em Engenharia Sanitária Ambiental pela Universidade Estadual da Paraíba. Graduando em
Engenharia Elétrica pela Universidade Federal de Campina Grande. Técnico em Eletroeletrônica pelo SENAI
– Prof. Stênio Lopes.
Franklin Antonio de Oliveira
Graduando em Engenharia Sanitária Ambiental pela Universidade Estadual da Paraíba.
Narcísio Cabral de Araújo
Graduando em Engenharia Sanitária Ambiental pela Universidade Estadual da Paraíba.
Endereço(1): Rua Coronel João Figueiredo, 78 - Bodocongó – Campina Grande - Paraíba - CEP: 58430-180 Brasil - Tel: +55 (83) 8750-3292 - Fax: +55 (83) 3321-0967 - e-mail: [email protected].
RESUMO
Através de uma visita feita ao Centro de Tecnologia do Couro e Calçado Albano Franco - CTCC, localizado
na cidade de Campina Grande – PB, foi desenvolvido este trabalho que visa avaliar o potencial poluidor da
indústria de curtume, com base nos processos aplicados no setor de curtimento do CTCC que beneficia a pele
em todos os seus estágios de comercialização salgado, wet blue, crust e acabado, com ênfase nos rejeitos
gerados em cada etapa do processo sejam eles sólidos, líquidos ou gasosos, preocupando-se também com as
medidas de tratamento e reutilização encontrados no setor da estação de tratamento do CTCC onde todo o
efluente é reaproveitado no processo de produção, ressaltando-se também medidas propostas por literatura
para melhorar a gestão ambiental da empresa principalmente em relação ao tratamento e fim dado aos resíduos
sólidos gerados no setor de curtimento.
PALAVRAS-CHAVE: Indústria de Curtume, Rejeitos do Curtimento, Eficiência Industrial, Poluição
Industrial.
INTRODUÇÃO
O setor coureiro nacional em 2009 somou 834 empresas que empregam mais de 46 mil pessoas e movimentam
cerca de R$4 bilhões por ano, segundo o site couromoda.com, os dois principais estados produtores são o Rio
Grande do Sul e São Paulo, participando com 27,00% e 23,19% da produção nacional respectivamente
(REVISTA DO COURO, 2009), no entanto os estados da região centro-oeste vem aumentando continuamente
sua participação na produção nacional, graças ao tamanho do rebanho no local e a entrada dos frigoríficos no
mercado de curtimento.
Os couros brasileiros são muito apreciados no mercado externo, tendo como principais países compradores
China, Itália, Hong Kong e Estados Unidos, é importante destacar o crescimento de países como Líbano,
Paraguai e Suíça que aumentaram em mais de 200% suas importações do couro brasileiro em 2008 para 2009
(REVISTA DO COURO, 2010). Nesse último ano a receita referente à exportação foi de US$1,16 bilhões,
segundo a REVISTA DO COURO (2010) isso representa uma diminuição de 38% em relação ao ano de 2008,
tal decréscimo pode ser explicado pela crise econômica que assolou o mundo em 2008 e como não podia ser
diferente afetou negativamente o mercado coureiro quebrando um crescimento de nove anos seguidos, essa
situação forçou a queda dos preços abrindo novos mercados apesar de estar em meio a uma crise. Na figura 1
pode-se constatar tal fenômeno onde apesar do aumento da quantidade física exportada em alguns meses de
2009 a quantidade monetária é bem menor que o mesmo período em 2008, sendo assim o governo brasileiro
trabalha em algumas medidas para amenizar o efeito da crise e dar suporte para que a indústria retome a
competitividade conseguida até 2007, entre elas se destaca a redução da carga tributária, aumento do mercado
interno (cerca de 40% ao ano) e facilidade de crédito principalmente para melhorar tecnologicamente a
indústria quanto ao acabamento dado ao couro, exportando mais couros em estado crust e acabado ao invés
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de wet blue, a forma mais comercializada pelo Brasil, pois estes estados tem um maior valor agregado,
chegando até a 1300% do valor do estado de comercialização do couro mais barato, o salgado.
Figura 1: Exportação Brasileira de Couros e Peles no Ano de 2008 e 2009. Fonte: REVISTA DO
COURO NOV e DEZ 2009.
Como foi citado anteriormente as formas de comercialização do couro são: salgado, wet blue, crust e
acabado, em ordem crescente de beneficiamento e valor agregado. Os curtumes podem ser classificados
quanto ao estado de comercialização do couro ao qual ele beneficia. O curtume de wet blue beneficia até o
estado wet blue, o curtume semi-acabado beneficia até o estado crust e o curtume integrado até o estado
acabado. Geralmente a comercialização do estado salgado é feito pelos frigoríficos e matadores.
O fato é que o mercado de beneficiamento do couro torna a crescer e com ele os impactos ambientais gerados
pelo processo produtivo, desta forma serão mostrados os principais impactos do curtimento de couro baseado
nos processos do Centro de Tecnologia do Couro e Calçado Albano Franco – CTCC, bem como as medidas
ambientais tomadas pelo centro e as medidas propostas por literatura para melhorar a gestão ambiental da
empresa.
PROCESSO PRODUTIVO
Será tomado como base o processo produtivo do Centro de Tecnologia do Couro e Calçado Albano Franco,
para ilustrar as indústrias de curtimento. O CTCC está localizado no bairro de Bodocongó, na cidade de
Campina Grande, estado da Paraíba. É um curtume-escola que tanto beneficia peles para comercialização,
quanto desenvolve estudos e ministra aulas para cursos técnicos relacionados com o curtimento e utilização do
couro em confecção de artefatos.
Na figura 2 é apresentado um fluxograma das etapas de fabricação do couro até o estado acabado.
Inicialmente existe uma etapa chamada de barraca, onde o couro será preparado para o transporte e
conservação, caso a pele seja curtida de 6 a 12 horas após a esfola (retirada da pele do animal morto) não é
necessária esta etapa, pois a atividade microbiana não é suficiente para degradar a pele. No entanto, se for
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demorar mais tempo o couro passa por um pré-tratamento chamado cura, onde a pele é salgada diminuindo a
atividade microbiana, mas também a desidratando e dissolvendo algumas proteínas solúveis, contudo a cura só
conserva a pele por no máximo um mês, pois após esse período a atividade microbiana aumenta muito e
ocorrem avarias na pele pela dissolução das proteínas pelo sal. Depois desse processo a pele encontra-se no
primeiro estágio de comercialização o salgado.
Barraca
Ribeira
Curtimento
Pré-remolho
Mineral
Acabamento
Enxugamento
Rebaixamento
Remolho
Divisão
Caleiro
Neutralização
Descarne
Recurtimento
Recorte
Tingimento
Descalcinação
Engraxe
Purga
Secagem
Piquel
Expedição
Amaciamento
Medição
Togliamento
Prensa
Lixamento
Acabamento
Impregnação
Desempoamento
Figura 2: Fluxograma do Processo Produtivo de Curtimento de Couro
A ribeira é o macro-processo que vem depois da barraca, ele consiste nos processos de pré-remolho, remolho,
caleiro, descarne, recorte, descalcinação, purga e píquel. Na ribeira ocorre à limpeza da pele e a preparação da
mesma para o curtimento. Todos esses processos, exceto o descarne e o recorte que são processos mecânicos,
utilizam um equipamento chamado fulão, mostrado na figura 3,que consiste num tanque geralmente de
madeira que gira em torno do próprio eixo dando banhos no couro para misturar substâncias ao mesmo. Na
ribeira a pele é reidratada, alcalinizada, retirada o pelo, a epiderme, a hipoderme, aparas não aproveitáveis
(rabo, pescoço e patas) e depois acidificadas para que ocorra um melhor curtimento, os principais produtos
químicos utilizados nesses processos são: tensoativos, sulfeto de sódio, cal, ácido fórmico e ácido sulfúrico.
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Figura 3 – Baterias de Fulões do Centro de Tecnologia do Couro e Calçado Albano Franco - CTCC
O curtimento é um processo a parte que também utiliza o fulão para misturar curtentes ao couro, tornando-o
inerte e imputrescível, esse curtimento pode ser mineral usando o cromo, vegetal usando extratos de casca de
angico e sintéticos usando resinas. No CTCC como na maioria dos curtumes brasileiros o curtimento mineral
com cromo é o mais utilizado, já que confere uma boa qualidade ao couro e é bem mais barato que os outros
curtentes, essa matéria-prima liga-se as proteínas acidificadas da pele impedindo sua biodegradação e gerando
o couro, que é a pele já curtida.
O Acabamento é outro macro-processo que engloba os processos de enxugamento, rebaixamento, divisão,
neutralização, recurtimento, tingimento, engraxe, secagem, amaciamento, togliamento, lixamento,
desempoamento, impregnação, acabamento, prensa, medição e expedição. Nesse macro-processo o couro
toma características mais elaboradas de maciez, toque, brilho, cor, resistência a tração, estiramento, espessura
e marcação, caracterizando os estados mais trabalhados (crust e acabado), que vão até as etapas de
recurtimento e prensa respectivamente. O fulão continua sendo utilizado mais uma gama maior de
equipamentos é englobada no macro-processo. Os principais produtos químicos utilizados nos processos são:
bicarbonato de sódio, ácido fórmico, cromo, óleos, resinas e pigmentos.
IMPACTOS AMBIENTAIS
Para curtir uma tonelada de pele é necessário em média 500kg de produtos químico, 15 à 40m3 de água e 2600
à 11700kWh de energia elétrica, produzindo apenas 250kg de couro acabado segundo dados de PACHECO
(2005). Logo 77,5% da matéria-prima e insumos são transformados em rejeitos sólidos, líquidos e gasosos de
grande potenciais poluidor, mostrando que o processo atual de beneficiamento do couro é bem ineficiente.
Os efluentes gerados correspondem basicamente, em quantidade, a totalidade da água utilizada no processo de
produção do couro, a maior parte dos efluentes são gerados no macro-processo de ribeira, PACHECO (2005)
caracteriza esses efluentes como muito alcalinos e esbranquiçados graças ao excesso de cal, em suspensão
encontra-se pêlo, pele, gordura e sangue, em solução tem-se sais (sulfetos, sulfatos, cloretos, sódio e cálcio),
proteínas, aminoácidos e tensoativos. É um rejeito com alta carga orgânica e quantidade de sólidos suspensos
e dissolvidos, diminuindo drasticamente a quantidade de oxigênio dissolvido no corpo d’água receptor, uma
vez que a degradação da matéria orgânica consumirá muito do oxigênio e o aumento da turbidez graças aos
sólidos impedirá a fotossíntese das algas que são a principal fonte de oxigênio do meio, levando o corpo
d’água a um estado de anaerobiose diminuindo drasticamente a biodiversidade do meio, os tensoativos
mudarão a característica de tensão superficial da água causando problemas de troca de gases entre o meio
aquático e atmosférico bem como afeta o ciclo biológico de algumas espécies de insetos e peixes que usam a
superfície da água para se reproduzirem, ainda tem os sulfetos que não oxidados produzem gás sulfídrico,
muito tóxico ao ser humano.
Os efluentes da operação de curtimento são turvos, de cor verde escura, com pH ácido e alta carga de DBO e
DQO, pode-se encontrar cloreto de sódio, ácido fórmico e sulfúrico, e cromo na sua forma trivalente
(PACHECO, 2005). Tais características consomem muito o oxigênio do corpo d’água receptor, no entanto
bem menos que os efluentes provenientes da ribeira, contudo o maior problema está relacionado com a
concentração de cromo, que na sua forma trivalente é muito estável, mas quando oxidado para a forma
tetravalente é muito prejudicial, sendo assim, ele bioacumula e biomagnifica aumentando sua concentração
durante a cadeia alimentar, o cromo como a maioria dos metais pesados traz problemas reprodutivos, de má
formação fetal e mutagênica.
Os efluentes provenientes do macro-processo de acabamento tem cores variadas graças aos pigmentos
utilizados, tem um pH baixo e uma certa concentração do cromo graças ao recurtimento, sua DBO e DQO são
altas (PACHECO, 2005), tem a segunda maior carga orgânica dos quatro grandes processos perdendo apenas
para a ribeira, isso graças aos solventes usados na pigmentação do couro serem de origem orgânica e pela
utilização de óleos e resinas que darão características mais nobres ao couro, também causa um consumo
excessivo de oxigênio do corpo receptor.
As emissões gasosas advindas do curtimento do couro provêm da barraca, da ribeira e do acabamento. A
barraca emite graças à decomposição da pele, amônia, esse gás causa asfixia interferindo no transporte de
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oxigênio, a ribeira produz gás sulfídrico, gás com odor de ovo podre é corrosivo e também causa asfixia, já no
acabamento os principais gases são os solventes orgânicos e aerossóis que comprometem a camada de ozônio,
bem como também gera material particulado vindo do lixamento e desempoamento do couro, este geralmente
afeta apenas os operadores destas máquinas.
As aparas, a carnaça, o lodo da estação de tratamento de esgoto (ETE), o sal da barraca e os farelos são os
principais resíduos sólidos do processo de beneficiamento do couro, as aparas vem do processo de recorte e os
farelos do lixamento e desempoamento esses resíduos ocupam muito volume e são inertes, a carnaça composta
principalmente de gordura e em segunda ordem pêlo e epiderme, ou seja, matéria orgânica putrescível que se
não for tratada com rigor contaminará o solo, a atmosfera e a água, o sal pode aumentar a salinidade do solo se
for despejado de forma descuidada impedindo-o de ser usado para certas atividades como a agricultura, por
fim temos o lodo que também é composto de matéria orgânica putrescível e biomassa, no entanto é onde fica
concentrado todo o cromo residual dos banhos de curtimento, logo os tratamentos convencionais com lagoas
não são eficientes no tratamento do cromo, apenas o retiram da fase líquida.
MEDIDAS MITIGATÓRIAS
O processo produtivo da indústria de couro como foi mostrado gera um leque de impactos ambientais muito
significativos, sendo necessário haver medidas para diminuir ou até mesmo evitar essas poluições, a maioria
dos empreendedores acham que as medidas mitigatórias implicam em custos a fundo perdido e tecnologia
muito avançada, o que não necessariamente é verdade, a aplicação de uma política ambiental por parte da
empresa treinando e educando seus colaboradores trará benefícios econômicos como a diminuição de gastos
com insumos e matéria-prima, isso a curto prazo e com custos ínfimos. No entanto, para que a empresa entre
num patamar maior de competitividade em relação à questão ambiental, tomando medidas de produção mais
limpa, ecologia industrial e até mesmo de desenvolvimento sustentável fica imprescindível a mudança técnica,
que muitas vezes pode sair caro, mas também trarão resultados mais expressivos, algumas dessas medidas
serão citadas a seguir.
Para otimizar a produção de um curtume um dos aspectos que devem ser levados em conta é o controle dos
insumos aproveitados, especificamente os produtos químicos, a água e a energia. Os produtos químicos são
muito desperdiçados nos banhos, muitos deles são extremamente tóxicos para os seres vivos e toda a
quantidade extra não utilizada no processo se torna um custo para o tratamento ou irá degradar o meio
ambiente, colocar doses eficientes dos produtos químicos nos processos, manter um estoque condizente com a
produção e substituir os produtos químicos mais agressivos por outros menos tóxicos, evita o desperdício e a
degradação do meio, na REVISTA DO COURO (2009) um exemplo foi a troca de cal extraída do calcário,
muito mais impactante ao meio ambiente, por cal produzido pela calcinação da casca de ovo, 40% mais puro
em relação ao hidróxido de cálcio, desta forma utiliza-se menos cal no processo de caleiro obtendo uma
melhor depilação, PACHECO (2005) ainda cita a troca de outros produtos como, por exemplo, a troca de
sulfetos por enzimas e de sais de cromo por alumínio e titânio como também curtentes vegetais e artificiais. A
água é outro insumo de vital importância para o curtimento do couro, quase a totalidade da água captada
torna-se efluente, medidas de reuso é aparentemente a solução para o problema, o CTCC tem uma
metodologia muito interessante para essa prática, todo o efluente gerado no processo de curtimento conflui
para uma ETE onde o mesmo passará por uma peneira, retirando os restos de couro e pêlo, depois por caixas
de gordura onde é adicionado soda caustica, polieletrólitos e sulfato de alumínio e retirada a gordura do
efluente, depois passa por um decantador onde graças aos produtos químicos anteriormente somados ao
efluente os metais e os sólidos formam um lodo, que passará por um leito de secagem e depois é depositado
num aterro dentro do CTCC, por fim a parte líquida é tratada por um processo de lodo ativado onde grande
parte da carga orgânica é retirada tornando possível a reutilização do efluente no macro-processo de ribeira,
VIEIRA (2005) mostra em seu trabalho que com esse processo de tratamento-reutilização nos anos de 2002,
2003 e 2004 foi economizado cerca de 20% da água utilizada no centro e que de toda a água usada no centro
apenas incríveis 8,98% correspondem ao processo de curtimento, um dos processos industriais que mais
gastam água. O gasto com energia, insumo que movimenta o curtume, pode ser diminuído com a manutenção
das máquinas principalmente as caldeiras, as secadoras e as que utilizam vapor, a automação do processo é
muito eficiente no corte de custos energéticos, contudo é um investimento inicialmente muito caro.
Além do controle dos insumos empregados no processo produtivo é de suma importância modificar o próprio
processo, para alcançar uma redução significativa da geração de poluentes e tornar a fabricação mais eficiente.
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A barraca deve ter a menor quantidade possível de estoque, evitando a produção de amônia, sempre que
possível as peles devem ser curtidas entre 6 e 12 horas depois da esfola não necessitando da cura, caso a cura
seja imprescindível boa parte do sal pode ser recuperado através do batimento da pele, recuperando o sal que
pode ser utilizado novamente no processo de cura ou vendido para outro processo industrial, caso o sal esteja
sujo com sangue por exemplo, uma lavagem pode ser usada pois o sal estará em cristais de grandes diâmetros
e não ocorrerá sua dissolução, essa recuperação diminuirá a quantidade do composto no efluente final.
No macro-processo de ribeira podem-se destacar as etapas de caleiro, descarne, recorte, descalcinação e purga.
No processo de caleiro duas medidas podem ser tomadas, a reciclagem de banhos é uma alternativa onde o
efluente gerado em um banho é reaproveitado em outro apenas repondo a quantidade de água e produto
químico necessário ao processo, desta forma 50% da quantidade de sulfeto e 40% da cal comumente usada
pode ser economizada, essa é uma forma bem eficiente, pois os banhos sempre estão muito carregados de
produtos químicos (PACHECO, 2005), a outra medida é a recuperação dos pêlos que através de métodos onde
eliminam o excesso de sulfeto em contato com a pele, o pêlo é coletado e pode ser usado na confecção de
pinceis ou como fonte de nitrogênio em compostagens, diminuindo em cerca de 50% a DBO do efluente
gerado pela etapa de caleiro segundo PACHECO (2005). No descarne é importante fazer um pré-descarne
antes do procedimento de barraca, para diminuir a quantidade de gordura no efluente, a carnaça subproduto do
processo tem muita utilidade para produção de gelatina, cola, colágeno para uso medicinal, ração animal ou
para produzir energia em caldeiras, podendo gerar renda ao curtume. O recorte pode ser otimizado com a
automação do processo e sempre que possível fazê-lo antes do curtimento para economizar produtos
químicos. Na descalcinação e purga o emprego de CO2, em detrimento de ácidos orgânicos e compostos
nitrogenados, diminuem a DQO e a produção de amônia, garantindo um menor risco de eutrofização do corpo
receptor.
Na REVISTA DO COURO (2010) é apresentado um trabalho onde 99,9 % do cromo trivalente residual de um
banho são recuperados, o método utilizado é a decromagem que consiste na secagem do lodo numa estufa até
atingir uma umidade relativa entre 12 a 15%, o resíduo é moído para homogeneizara uma granulometria de 3 a
5 milímetros, o resíduo é reumectado para facilitar a decromagem, o pH é ajustado e agentes de decromagem
são adicionados separando o cromo dos outros produtos do rejeito, uma lavagem é realizada para separar o
cromo dos outros produtos químicos, o cromo separado é homogeneizado com água e o pH é ajustado
alcalinamente, promovendo a decantação do cromo e consequente separação. Esse processo altamente
eficiente pode ser usado após o processo de curtimento com os banhos residuais ou nos lodos provenientes da
ETE que são ricos em cromo trivalente, como é o caso do CTCC onde apesar do tratamento dado ao efluente o
lodo é muito rico em cromo, sendo o processo muito ineficiente no tratamento do mesmo, apenas removendoo do meio líquido, Muniz (2002) mostra que o lodo gerado no processo de tratamento do efluente do CTCC,
aumenta a concentração de cromo trivalente à medida que o tempo passa uma vez que a umidade diminui,
estabilizando por volta de um ano sua concentração e demorando de 300 a 500 anos para ser degradado pelo
meio ambiente.
No macro-processo de acabamento se destacam os resíduos sólidos gerados nas etapas de rebaixamento,
lixamento e desempoamento que podem ser segregados para posterior utilização na formação de recouro para
confeccionar pequenos artigos, para fabricar solas e palmilhas, na construção civil como isolante térmico entre
outras funções dentro da indústria alimentícia, de cosmético e agropecuária, também se destaca o processo de
tingimento onde devem ser substituídos os solventes orgânicos por outros a base de água diminuindo as
emissões gasosas do processo.
CONCLUSÃO
Os processos aqui citados são baseados para curtumes em geral, podendo ser usados como alicerce para gerar
outros métodos, uma vez que cada curtume tem suas especificidades, logo diferentes maneiras de resolver seus
problemas. È necessário que a indústria de curtimento invista na modificação de seus processos, bem como
em pesquisas para criar novos métodos que diminuam ou até mesmo elimine os impactos negativos ao meio
ambiente, como também aumentar a eficiência do processo produtivo gerando uma maior margem de lucro
aos curtumes que podem se envolver com centros de pesquisas como as universidades e centros tecnológicos
do SENAI, desenvolvendo esses projetos.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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ISSN 0103-5827. Ano XXXV. Ed. 208. Jan. e Fev. 2010.
2. ABQTIC. REVISTA DO COURO. Revista Brasileira dos Químicos e Técnicos da Indústria do Couro.
ISSN 0103-5827. Ano XXXIV. Ed. 207. Nov. e Dez. 2010.
3. MUNIZ, A. C. S., BRITO, A. L. F. de, PRASAD, S. Planejamento Experimental para Avaliar o Tempo de
Armazenagem do Lodo Industrial. VI SIBESA. Espírito Santo, 2002. Disponível em:
<http://www.bvsde.paho.org/bvsacd/sibesa6/clv.pdf> Acesso em: 29 de Jun. de 2010.
4. Oferta
Maior
de
Couro
Bovino
no
Mercado
Interno.
Disponível
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<http://www.couromoda.com/index.php?http://www.couromoda.com/noticias/setor_gerais/Gnoticia_2909
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5. PACHECO, J. W. F. Curtumes. Serie P + L, 76 p., CETESB. São Paulo, 2005. Disponível em:
<http://www.cetesb.sp.gov.br/Tecnologia/producao_limpa/documentos/curtumes.pdf - tudo> Acesso em:
29 de Jun. de 2010.
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Industrial de Curtume com o Reuso do seu Efluente Tratado. XXIII CBESA. Mato Grosso do Sul, 2005.
Disponível em: <http://www.bvsde.paho.org/bvsacd/abes23/II-388.pdf> Acesso em: 29 de Jun. de 2010.
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