24/Abr/2013 – Aula 19 Equação de Schrödinger. Aplicações: 1º – partícula numa caixa de potencial 29/Abr/2013 – Aula 20 Continuação da aula anterior 2º – partícula num poço de potencial finito 3º – oscilador harmónico simples 4º – barreira de potencial, probabilidade de transmissão. Efeito de túnel quântico: decaimento alfa. 1 Aula anterior Equação de Schrödinger A expressão geral (clássica) da equação das ondas para ondas que se deslocam ao longo do eixo x é 2 1 2 x2 v2 t 2 em que v é a velocidade da onda e depende do espaço (x) e do tempo (t ) No caso mais simples, é possível separar a dependência no espaço da dependência no tempo: (x, t ) = (x) cos t Substituindo na equação das ondas, vem cos t 2 x 2 - 2 v 2 cos t 2 x 2 - 2 v 2 2 Aula anterior Equação de Schrödinger (cont.) Substituindo na equação das ondas obtém-se a Equação de Schrödinger na sua forma mais simples, independente do tempo, para uma partícula com movimento ao longo de x : 2 - 2m d 2 x dx 2 U pot x x Etotal x Equação de Schrödinger d 2 x dx 2 - 2m 2 E -U 3 Aula anterior Aplicações da equação de Schrödinger 1º – partícula numa caixa de potencial A equação de Schrödinger permite explicar os sistemas atómico e nuclear, onde os métodos clássicos falham Equação de Schrödinger para uma partícula numa caixa: d 2 x dx 2 - 2m 2 E -U A energia potencial nas paredes da caixa é nula e as paredes são infinitas U (x) = 0 para 0 x L U (x) = para x 0 e x L 4 Aula anterior 1º – partícula numa caixa, verificação da solução 1ª condição fronteira : (x) = 0 para x = 0 É verificada (sen 0 = 0) 2ª condição fronteira : (x) = 0 para x = L É verificada se k L for um múltiplo Como se definiu k 2mE , tem-se, a partir desta condição k L 2mE Energia de , ou seja, se k L = n , com n inteiro L n A energia mínima é > 0 5 Aula anterior 1º – partícula numa caixa, verificação da solução (cont.) x A sen k x k L 2mE L n n x x A sen L Para determinar A vai ser necessário usar a condição de normalização: dx 1 2 6 Aula anterior 1º – partícula numa caixa, verificação da solução (cont.) x 2 n x sen L L (finalmente…) 7 2º – partícula num poço de potencial finito Consideremos uma partícula cuja energia potencial é nula na região 0 < x < L (poço) e igual a U (valor finito) fora dessa região. Para determinar as características desta partícula é necessário resolver a equação de Schrödinger: d 2 x dx 2 - 2m 2 E -U No caso da partícula numa caixa de lados infinitos, a função de onda era nula nas paredes. Mas, neste caso, como as paredes representam um potencial finito, a função de onda já não vai ser nula . 8 2º – partícula num poço de potencial finito (cont.) Regiões I e III d 2 2 C dx 2 UE em que C2 = 2m(U-E)/ h 2 é uma constante positiva Soluções desta equação: matemática física 9 2º – partícula num poço de potencial finito (cont.) Matemática A solução geral desta equação é do tipo = A eCx + B e -Cx , em que A e B são constantes. Física Na região I ( x < 0 ), B e-Cx aumenta exponencialmente com x < 0; esta situação não tem significado físico B = 0 . Na região III ( x > L ), A eCx aumenta exponencialmente com x > L; esta situação não tem significado físico A = 0 . Portanto, as soluções nas regiões I e III são: Ι AeC x ΙIΙ B e-C x 10 2º – partícula num poço de potencial finito (cont.) Região II U<E d 2 dx 2 D em que D é uma constante negativa A solução geral desta equação é do tipo I I = F sen (kx) + G cos (kx), em que F e G são constantes. As funções de onda na região II são sinusoidais. 11 2º – partícula num poço de potencial finito (cont.) As constantes A , B , F e G podem ser determinadas a partir das condições nas fronteiras : continuidade das funções de onda nas fronteiras As funções de onda têm que ser iguais (e as suas derivadas também) nas zonas de transição. x 0 : x L : I I d e e dx d I dx d I dx d II dx 12 2º – partícula num poço de potencial finito (cont.) Fora da caixa: funções de onda exponenciais I = A eCx , III = B e-Cx No interior: funções de onda sinusoidais II = F sen (kx) + G cos (kx) Funções de onda simulação Funções de onda Densidades de probabilidade 13 2º – partícula num poço de potencial finito (cont.) As constantes A , B , F e G podem ser determinadas a partir das condições nas fronteiras : continuidade das funções de onda nas fronteiras As funções de onda têm que ser iguais (e as suas derivadas também) nas zonas de transição. x 0 : Ι ΙI e x L : ΙI ΙII e d Ι dx d ΙI dx d ΙI dx d ΙII dx 14 3º – oscilador harmónico simples Considere uma partícula sujeita a uma força de restituição linear dada por F = - k x . x é o deslocamento relativamente à posição de equilíbrio (x = 0) e k é uma constante. Quando a partícula é deslocada da sua posição de equilíbrio e libertada, começa a oscilar em torno de x = 0 com um movimento harmónico (movimento semelhante ao dos átomos numa rede cristalina). 15 3º – oscilador harmónico simples (cont.) Classicamente, a energia potencial U do sistema é igual a 1 1 U k x2 2 m x2 2 2 com a frequência angular de vibração dada por k m A energia total E do sistema é a soma das energias cinética e potencial: 1 Etotal Ecinética U k A2 2 em que A é a amplitude do movimento. 16 3º – oscilador harmónico simples (cont.) Classicamente, todos os valores de energia E são permitidos Quanticamente, é necessário resolver a eq. de Schrödinger com U = ½ 2x 2m para determinar os níveis de energia permitidos : d 2 x dx d 2 x dx 2 2 - 2m 2 E -U 2m 1 - 2 E - m 2 x 2 2 17 3º – oscilador harmónico simples (cont.) Uma das soluções da eq. de Schrödinger para este caso é do tipo = B e – C x2 m C 2 E0 2 Esta solução particular corresponde ao estado de menor energia do sistema (estado fundamental - ground state ). Os estados de maior energia (excitados) podem ser obtidos a partir do estado fundamental: 1 En n 2 com n = 1 , 2 , … 18 3º – oscilador harmónico simples (cont.) A diferença de energia entre estados consecutivos é igual a En - En-1 h Se a partícula estiver num certo estado e passar para o estado de energia imediatamente abaixo, vai perder um quantum de energia – exactamente a quantidade de energia de um fotão. Níveis de energia simulação Diagrama de níveis de energia. Os níveis estão igualmente espaçados (com separação ) e o estado fundamental tem energia E0 = /2 19 3º – oscilador harmónico simples (cont.) Curvas a vermelho Curvas a azul Densidades de probabilidade para os estados com n = 0, 1 e 2. Probabilidades clássicas correspondentes às mesmas energias. Do ponto de vista quântico, em certas regiões sobre o eixo x , a probabilidade de encontrar a partícula é nula. Classicamente, a partícula está mais tempo nas amplitudes extremas (maior probabilidade). 20 4º – barreira de potencial Se uma partícula estiver num poço de potencial com paredes finitas, as suas funções de onda penetram as paredes. Energia Consideremos agora o caso de uma partícula que incide numa barreira de potencial suficientemente fina. A resolução da equação de Schrödinger permite obter as funções de onda desta partícula. Barreira de potencial simulação 21 4º – barreira de potencial (cont.) A resolução da eq. de Schrödinger aplicada às regiões I, II e III, com as condições fronteira para cada região (as funções de onda têm de ser contínuas nas separações), conduz às seguintes soluções: Regiões I e III ( E > U = 0 ) Região II ( E < U ) Energia Funções de onda sinusoidais. Funções de onda exponenciais (decrescentes) . Como a probabilidade de encontrar a partícula numa dada região é proporcional a | |2 , então existe uma probabilidade finita, não nula, de encontrar a partícula na região III . 22 4º – barreira de potencial (cont.) Isto significa que a partícula tem uma probabilidade finita de penetrar a barreira, ainda que a energia da barreira seja superior à da própria partícula. - O quadrado da função de onda indica a probabilidade da partícula atravessar a barreira, não a sua energia. Energia Qual será a energia da partícula após ter penetrado a barreira? - O comprimento de onda da função de onda é que indica o momento e, portanto, a energia da partícula. 23 4º – barreira de potencial, probabilidade de transmissão Nas condições deste problema, a energia é a mesma antes e depois de atravessar a barreira. A probabilidade da partícula passar através da parede pode ser calculada a partir da função de onda que, por sua vez, vai ser calculada através da equação de Schrödinger. Essa probabilidade pode ser descrita em termos de um coeficiente de transmissão (T ) e de um coeficiente de reflexão (R ): O coeficiente de transmissão mede a probabilidade da partícula penetrar a barreira. | |2 para a região II 24 4º – barreira de potencial, probabilidade de transmissão (cont.) O coeficiente de reflexão é igual à probabilidade da partícula ser reflectida pela barreira. Dado que a partícula só pode ser transmitida ou reflectida T R 1 Uma solução (aproximada) da equação de Schrödinger (quando a barreira for suficientemente alta ou larga) é dada por: T e 2 L , com 2m U - E k1 - k2 R 2 k1 k2 2 e 25 Um electrão com uma energia de 2 eV encontra uma barreira de potencial com uma amplitude de 5 eV. Determine a probabilidade do electrão atravessar a barreira se a largura desta for igual a a) 1,0 nm (aproximadamente 10 diâmetros atómicos) b) 0,5 nm (aproximadamente 5 diâmetros atómicos) A probabilidade do electrão atravessar a barreira (por efeito de túnel) é dada por 2m U - E 2 L T e Neste caso: U - E 5 - 2 3 eV 4,8 .10 -19 J 2 9,11.10 -31 kg 4,8.10 -19 J 9 -1 8,9.10 m 1,05.10 -34 Js 26 Um electrão com uma energia de 2 eV encontra uma barreira de potencial com uma amplitude de 5 eV. Determine a probabilidade do electrão atravessar a barreira se a largura desta for igual a: a) 1,0 nm (aproximadamente 10 diâmetros atómicos). b) 0,5 nm (aproximadamente 5 diâmetros atómicos). a) L = 1,0 nm b) L = 0,5 nm T e - 2 L T e - 2 L e - 2 8,9.109 1.10-9 e - 2 8,9.109 0,5.10-9 1,86.10-8 1,36.10-4 Diminuindo a largura da barreira para metade, a probabilidade do electrão a atravessar aumenta 10 4 vezes. 27 Efeito de túnel quântico: decaimento alfa Um exemplo (natural) do efeito de túnel quântico é o decaimento (radioactivo) das partículas alfa. Este tipo de decaimento radioactivo (decaimento alfa) acontece quando um núcleo radioactivo (por ex, urânio 238) emite uma partícula alfa ( constituída por 2 protões + 2 neutrões ). O potencial nuclear é uma combinação dum poço de potencial (causado pela força atractiva nuclear) e duma barreira de potencial (causada pela repulsão de Coulomb). A partícula alfa é “apanhada” no poço com uma energia de cerca de 5 MeV. 28 Efeito de túnel quântico: decaimento alfa (cont.) Do ponto de vista quântico, a partícula pode penetrar na barreira (A B) – efeito de túnel. Classicamente, a partícula alfa não pode “escapar” do núcleo. É possível determinar o efeito de túnel se se calcular: • a função de onda dentro do núcleo; • a função de onda fora do núcleo; • a probabilidade de a partícula atravessar a barreira. 29 Efeito de túnel quântico: decaimento alfa (cont.) Dentro do núcleo Fora do núcleo Para o Urânio 238, o tempo médio para que uma partícula alfa ligada ao núcleo possa escapar por efeito de túnel é de 4,5.10 9 anos … 30