EFEITO DE INSETICIDAS APLICADOS NAS SEMENTES DE SOJA,
NA PRESENÇA DO CORÓ Phyllophaga cuyabana
(COLEOPTERA: MELOLONTHIDAE).
Crebio José Ávila1, Luciane Modenez Saldivar Xavier2
Dentre as pragas que atacam a soja, destacam-se as larvas subterrâneas
rizófagas de besouros melolontídeos, também denominados de coros, bicho-bolo ou
pão-de-galinha, os quais, embora possam ocorrer durante todo o ciclo da cultura,
causam danos mais severos durante os estádios iniciais de desenvolvimento das
plantas (Gassen, 1989, Ávila & Gomez, 2003). Os danos causados pelos corós à
soja são indiretos, pois esses insetos ao consumirem as raízes, prejudicam a
capacidade das plantas de absorverem água e nutrientes, o que afeta,
consequentemente, o seu potencial produtivo. O coró-da-soja, Phyllophaga
cuyabana, espécie que tradicionalmente ocorre em lavouras do Paraná (Oliveira et
al., 1992, Santos, 1992), tem sido também constatado nos estados de Mato Grosso
do Sul e Mato Grosso (Ávila & Gomez, 2001). O presente estudo teve como objetivo
avaliar o efeito de inseticidas aplicados nas sementes de soja visando ao controle do
coró Phyllophaga cuyabana.
Os experimentos foram conduzidos em lavouras de soja sitiadas no município
de Maracaju, MS, durante as safras de 2003/04 e 2004/05. As sementes de soja
foram tratadas com as doses e produtos especificados nas Tabelas 1 e 2. Os
experimentos foram instalados em áreas de plantio direto infestadas com larvas de
Phyllophaga cuyabana no solo. A semeadura contendo os diferentes tratamentos foi
realizada mecanicamente, colocando-se cerca de 15 sementes da cultivar BRS 133
por metro linear de sulco. Os experimentos foram conduzidos no delineamento de
blocos casualizados contendo quatro e seis repetições, respectivamente, para o
ensaio da safra 2003/04 e 2004/05.
Avaliou-se o stand após a completa emergência das plantas nas diferentes
unidades experimentais (parcelas). Os ensaios foram conduzidos até a colheita da
soja, realizando-se na área experimental os tratos culturais recomendados pela
Comissão de Pesquisa de Soja da Região Central do Brasil. Os valores obtidos de
stand e de rendimento de grãos foram submetidos à análise se variância e as
médias dos tratamentos comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
No ensaio da safra 2003/04, os maiores valores de stand foram observados
com os inseticidas thiamethoxan e imidacloprid, seguidos pelos tratamentos com a
mistura imidacloprid + thiodicarb, os quais asseguram, respectivamente, valores de
stand superiores ao tratamento testemunha. Todavia, os maiores rendimentos de
grãos foram constatados com o inseticida fipronil e com a mistura imidacloprid +
thiodicarb, em todas as três doses testadas, seguidos por thiamethoxan e
imidacloprid (Tabela 3). Já no ensaio conduzido na safra 2004/05, os maiores
valores de stand inicial da soja foram observados com o inseticida clothianidin e nos
tratamentos com imidacloprid (42 e 72 g i.a. ha-1), os quais asseguram,
respectivamente, valores relativos de 59, 40 e 47% superiores ao da testemunha,
1
Eng. Agr., Doutor em Entomologia, Embrapa Agropecuária Oeste, Caixa Postal 661, 79804-970, Dourados – MS. E-mail:
[email protected]
2 Bióloga, Mestre em Entomologia, Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), Caixa Postal 533, 79804-970,
Dourados – MS.
sem, no entanto, diferirem estatisticamente, entre si. Com relação ao rendimento de
grãos, verificou-se que nos tratamentos em que as sementes foram tratadas com o
inseticida imidacloprid, nas três doses testadas, e com clothianidin apresentaram os
maiores valores de rendimento de grãos, superando a produtividade do tratamento
testemunha em níveis relativos que variam de 97 a 128% (Tabela 4). No tratamento
com thiamethoxan, o rendimento de grãos não diferiu, significativamente, daquele
observado na testemunha, embora fosse superior em 65% a esta.
TABELA 1. Tratamentos utilizados no ensaio de controle químico do coró,
Phyllophaga cuyabana, na cultura da soja em Maracaju, MS. Safra 2003/2004.
Inseticida
Nome Técnico
Nome Comercial
Imidacloprid
Gaucho FS
Thiamethoxam
Cruiser WS
Imidacloprid + Thiodicarb
Cropstar FS
Imidacloprid + Thiodicarb
Cropstar FS
Imidacloprid + Thiodicarb
Cropstar FS
Fipronil
Standak FS
Testemunha
1
Produto comercial
C(%)
60
70
15+45
15+45
15+45
25
-
Dose/100 kg de sementes
g do i.a.
mL ou g do PC1
60
100
35
50
30+90
200
37,5+112,5
250
45+135
300
50
200
-
TABELA 2. Tratamentos utilizados no ensaio de controle químico do coró,
Phyllophaga cuyabana, na cultura da soja em Maracaju, MS. Safra 2004/2005.
1
Nome Técnico
Imidacloprid
Imidacloprid
Imidacloprid
Clothianidin
Thiamethoxam
Testemunha
Produto comercial
Inseticida
Nome Comercial
Gaucho FS
Gaucho FS
Gaucho FS
Poncho FS
Cruiser 700 WS
-
C(%)
60
60
60
60
70
-
Dose ha-1
g do i.a.
mL ou g do PC1
42
70
60
100
72
120
60
100
70
100
-
TABELA 3. Rendimento de grãos nos diferentes tratamentos do ensaio de
controle químico de coró, Phyllophaga cuyabana, na cultura da soja em
Maracaju, MS. Safra 2003/2004.
Tratamento
Rendimento de grãos
Nome Técnico
g do i.a.
kg ha-1
Sacos ha-1
1
Imidacloprid
60
2914 b
Thiamethoxam
35
2934 b
Imidacloprid + Thiodicarb
30+90
3166 ab
Imidacloprid + Thiodicarb
37,5+112,5
3360 ab
Imidacloprid + Thiodicarb
45+135
3533 ab
Fipronil
50
3983 a
Testemunha
2075 c
1
Médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si (Tukey, 5%).
TABELA 4. Rendimento de grãos nos diferentes tratamentos do ensaio de
controle químico de coró, Phyllophaga cuyabana, na cultura da soja em
Maracaju, MS. Safra 2004/2005.
Tratamento
Rendimento de grãos
Nome Técnico
g do i.a.
kg ha-1
Sacos ha-1
1
Imidacloprid
42
1840 ab
30,7
Imidacloprid
60
2016 ab
33,6
Imidacloprid
72
2132 a
35,5
Clothianidin
60
2044 ab
34,1
Thiamethoxam
70
1546 bc
25,8
Testemunha
935 c
15,6
1
Médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si (Tukey, 5%).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ÁVILA, C. J.; GOMEZ, S. A. Ocorrência de pragas de solo no Estado de Mato
Grosso do Sul. In: REUNIÃO SUL-BRASILEIRA SOBRE PRAGAS DE SOLO, 8.,
2001, Londrina. Anais... Londrina: Embrapa Soja, 2001. p. 36-41. (Embrapa Soja.
Documentos, 172).
ÁVILA, C. J.; GOMEZ, S. A. Efeito de inseticidas aplicados nas sementes e no
sulco de semeadura, na presença do coró-do-milho, Liogenys sp. Dourados:
Embrapa Agropecuária Oeste, 2003. 32 p. (Embrapa Agropecuária Oeste.
Documentos, 56).
GASSEN, D. N. Insetos subterrâneos prejudiciais às culturas no sul do Brasil.
Passo Fundo: EMBRAPA-CNPT, 1989. 49 p. (EMBRAPA-CNPT. Documentos, 13).
OLIVEIRA, L. J. et al. Coró pequeno da soja. Londrina: Embrapa-CNPSo, 1992. 4
p. (Embrapa-CNPSo. Documentos, 51).
SANTOS, B. Bioecologia de Phyllophaga cuyabana (Moser 1918) (Coleoptera:
Scarabaeidae), praga do sistema radicular da soja [Glycine max (L.) Merrill,
1917]. 1992. 111 f. Dissertação (Mestrado em Ciências) - Escola Superior de
Agricultura “Luiz de Queiróz”, Universidade de São Paulo, Piracicaba, 1992.
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