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A PRÁTICA DA ATIVIDADE FÍSICA NA MELHORA DA QUALIDADE DE VIDA
EM CRIANÇAS CARDIOPATAS
JACQUELINE MARTINS PATATAS1, PATRÍCIA SILVESTRE DE FREITAS2
RESUMO:
Introdução: Promover a atividade física na infância melhora a coordenação motora, aumenta
a auto-estima e promove uma experiência social positiva. Objetivo: verificar a melhora da
coordenação motora, através da melhora da qualidade de vida de crianças cardiopatas.
Materiais e Métodos: a amostra foi constituída de 6 crianças de ambos os gêneros,
portadoras de cardiopatias congênitas, com 9 ± 1,7 anos de idade, 29,27 ± 5,4 kg de massa
corporal, 135 ± 5 cm de estatura. As mesmas foram submetidas a um programa de atividade
física específica, três vezes por semana. O programa consistia em atividades lúdicas voltadas
para o treinamento psicomotor. O instrumento utilizado para avaliar as aptidões motoras das
crianças foi a Bateria KTK (Kiphard e Schilling, 1974), sendo utilizado três das quatro tarefas
da mesma: Trave de Equilíbrio (T1); Saltos Laterais (T2); Transferências sobre Plataformas
(T3). Resultados: Foi utilizado o programa Statistic for Windows 5.0 para o tratamento dos
dados, para a comparação entre os pré-testes e os pós testes de cada tarefa e do quociente
motor foi utilizado o teste t de Student para variáveis dependentes, com nível de significância
(p<0,05). O teste t demonstrou haver diferença estatisticamente significante, entre o quociente
motor do pré e do pós-teste e de cada tarefa proposta. Conclusão: A partir dos resultados
encontrados, podemos concluir que a alteração positiva ocorrida nos escores dos testes
subseqüentes ao tratamento aplicado, (treinamento psicomotor) pode ter sido causado por ele,
dessa forma, sugere-se uma investigação mais profunda do problema a fim de que se continue
comprovando que a atividade psicomotora para crianças cardiopatas é realmente eficaz na
melhora da coordenação motora dessas crianças.
Palavras-chave: Atividade Física, crianças cardiopatas, coordenação motora.
1
Bolsista PIBIC/CNPq/UFU; aluna do curso de Educação Física da Universidade Federal de Uberlândia;
[email protected];
2 Professora da Faculdade de Educação Física da Universidade Federal de Uberlândia – MG; E-mail:
patrí[email protected].
2
ABSTRACT:
Introduction: Promoting physical activity in childhood improves motor coordination,
increases self-esteem and promotes a positive social experience. Aim: To verify the
improvement of motor coordination, through improved quality of life of children cardiopathy
participants of a programme of specific physical activity. Methods: 6 children of both
genders, suffering from congenital heart diseases. They were subjected to a specific program
of physical activity, three times a week. The program consisted of recreational activities
geared to the training psychomotor. The instrument used to measure motor skills of children
was the Battery KTK (Kiphard and Schilling, 1974), and used three of the four tasks of the
same, which consists of the following tests: Balance Bar (T1); Jumping Side (T2); Transfers
on Platforms (T3). The total score, obtained by adding the points of each task was confronted
with data scheduled according to age of each child testing to achieve its motor quotient.
Results: T Student Test was used for the statistical treatment of the before and after training
protocols measures, with significance (p<0,05). The group has been statically improved in all
measures.
Physical Activity, children cardiopathy, motor coordination.
Actividad física, Niños cardiopatía, Coordinación motora.
3
condicionamento físico de pessoas com
INTRODUÇÃO:
Sob o ponto de vista da saúde,
Dias da Silva e De Marchi (1997) afirmam
limitações e/ou deficiências em todas as
faixas de idade (DOLL-TEPPER, 1996).
que a qualidade de vida de um indivíduo
doente
ou
mesmo
deficiente
está
Segundo Bueno e Resa (1995), a
Educação Física Adaptada para pessoas
diretamente relacionada com o grau de
com
limitação que esta doença ou deficiência
diferencia da Educação Física em seus
traz para o cotidiano de vida dessa pessoa.
conteúdos,
Os mesmos autores entendem, também,
métodos e formas de organização que
que a qualidade de vida se encaixa dentro
podem ser aplicados ao indivíduo com
de uma dimensão pluridimensional, uma
necessidades especiais. É um processo de
vez que engloba, da mesma forma, todos
atuação docente com planejamento e
os aspectos da vida pessoal e que foram
atuação visando a atender às necessidades
atingidos
de seus educandos.
pela
doença
e/ou
seqüela,
extrapolando, desta forma, a simples
limitação física (COSTA, 2000).
necessidades
A
mas
especiais,
compreende
Educação
preocupado
em
não
técnicas,
Física
atender
se
tem
os
se
grupos
Qualidade de vida deixou de
especiais. Nessa perspectiva, as crianças
representar apenas uma vida sem doenças
com cardiopatias congênitas têm sido um
físicas, mas, acima de tudo, a busca da
grupo de interesse que necessita de um
felicidade e a satisfação pessoal em todos
melhor estudo e pesquisa que possibilite à
os
área atuar com mais propriedade.
aspectos
da
vida,
no
âmbito
profissional, social, fisiológico, emocional
As
cardiopatias
congênitas
e espiritual, em um conjunto de equilíbrio
consistem em defeitos estruturais presentes
harmonioso (COSTA, 2000).
desde a vida fetal ou ao nascimento.
Nessa perspectiva, a área de
Apesar de estarem relacionadas a várias
Educação Física desde 1980, vem abrindo
causas
seu campo de trabalho para as pessoas com
medicamentos
necessidades
da
químicos e físicos, na maioria dos casos
termo
não se consegue uma firme correlação
Educação
especiais
física
por
Adaptada.
meio
O
como
infecção,
e
atuação
uso
de
“Atividade Física Adaptada” engloba os
entre
âmbitos da educação física, do esporte, do
(LUPOGLAZOFF, et al, 1996).
lazer,
reabilitação,
saúde
e
a
anomalia
e
sua
de
agentes
causa
4
Assim, pode-se assegurar que,
interatrial
(CIA),
comunicação
segundo Atik (1974), nessa faixa etária, as
interventricular (CIV) e as que favorecem
cardiopatias não só revelam aspectos
obstrução ao livre escoamento do fluxo
clínicos
se
sangüíneo, como estenose pulmonar (EP)
distinguem pela freqüência das mesmas. A
estenose emórtica (EAo) e coartação da
classificação das cardiopatias, em base de
aorta. Finalmente, as disritmias cardíacas
formas clínicas de exteriorização, visa a
(bloqueios
uma
taquiarritmias, distúrbios de condução,
diferentes
orientação
como
mais
também
racional
no
atrioventriculares,
reconhecimento e diagnóstico de más
etc.)
formações cardíacas, dada a peculiar
possíveis
dificuldade observada nesses pacientes.
cardiovasculares, embora muitas vezes não
Insuficiência cardíaca, cianose, sopro e
haja evidência de alterações anatômicas
disritmias
mais
(ATIK et al, 1981).
importantes formas de manifestação clínica
Conforme
cardíacas
são
as
devem
ser
consideradas
complicações
de
Moraes
como
anomalias
(2005)
as
que os portadores de lesão cardíaca
doenças
demonstram nessa fase. Markowitz (1977)
tratadas de diversas formas, entre elas
já
classificação
destaca-se a execução de programas
baseada nessas formas, excluindo as
sistemáticos de exercícios físicos, que são
disritmias.
importantes como fatores terapêuticos e/ou
havia
proposto
uma
A cianose é elemento expressivo
cardiovasculares
podem
ser
preventivos, os quais quando executados
no diagnóstico e, sobretudo na distinção de
deforma
certos tipos de cardiopatias. Citam-se
produzem alterações que resultam em
como referência a tetralogia de Fallot (TF),
adaptações do “sistema cardiovascular”, as
atresia pulmonar (AP), atresia tricúspide
quais podem amenizar ou eliminar os
(AT), TGV e cardiopatias complexas (CC),
efeitos
onde predomina o “shunt” de sangue de
desencadeados pelas cardiopatias.
adequada
de
e
regularmente
possíveis
distúrbios
direita para a esquerda. A presença de
De acordo com Raglin (1990),
sopro cardíaco, sem qualquer outro sinal,
alguns estudos científicos apontam que
valoriza a existência de algum defeito
indivíduos com derrame ou outras doenças
cardíaco. Nesse consenso, existem aquelas
crônicas e que praticam regularmente
que produzem “shunt” de sangue da
exercícios
esquerda para a direita como comunicação
qualidade de vida, pois dormem melhor,
físicos
adquirem
melhor
5
alimentam-se melhor, permanecendo mais
repouso são distúrbios metabólicos, perda
tranqüilos e apresentam uma sensível
de massa muscular, redução do volume
melhora na sua auto-estima.
plasmático e conseqüentemente déficit da
Souza (1994) afirma, também,
função cardíaca, reduzindo volume de
que o aumento do nível de beta endorfína
ejeção e débito cardíaco (LUNT et al,
produzida através de atividades físicas de
2003).
intensidade baixa ou moderada, quando
Contudo,
a
participação
em
encontrada em quantidade aumentada no
programas de exercício supervisionado
sistema nervoso central e na corrente
deve ser parte na terapia de reabilitação. O
sanguínea, pode aliviar também o processo
exercício traz benefícios tanto na melhora
depressivo. Porém, não podemos afirmar
da capacidade funcional e redução da
que a atividade física seja a solução para
demanda de oxigênio para qualquer nível
todos
de atividade física como na redução do
os
problemas
psicológicos
e
emocionais, mas podemos considerar, com
risco
base nas pesquisas já existentes, que o
adquiridas (DEANFIELD et al, 2003).
de
doenças
cardiovasculares
exercício físico regular pode trazer uma
O intuito da prática da atividade
relevante contribuição na sua qualidade de
física é propiciar o desenvolvimento global
vida geral (COSTA, 2000).
da criança, identificar a necessidade e a
A
preocupação
da
Educação
capacidade de cada um quanto às suas
Física em atender grupos de crianças com
possibilidades de ação e adaptação para as
cardiopatias é recente. Sabe-se, porém, que
atividades diárias, visando também o
as atividades recreativas na fase da
reconhecimento de suas potencialidades e
infância são de fundamental importância
sua integração na sociedade.
na abordagem de aspectos emocionais
Para Bouchard e Shephard (1993)
inerentes ao ser humano, que podem influir
a atividade física é todo e qualquer
significamente tanto nos aspectos motores
movimento do corpo produzido pelos
quanto no relacionamento interpessoal.
respectivos grupamentos musculares e que
As crianças com doença cardíaca
congênita muitas vezes são submetidos a
demanda um aumento do gasto energético
de reserva.
hospitalizações freqüentes, permanecendo
Adotamos o termo Atividade
confinados na cama por longos períodos.
Física, como sinônimo de Exercício Físico,
As conseqüências do prolongado tempo em
apesar
da
diferença
conceitual
entre
6
atividade física e exercício físico que de
em uma atividade profissional e garantindo
acordo com Caspersen et al., (1985) é
qualidade de vida (ARAÚJO, et al, 2004).
definido, de forma mais restritiva, como
O
progresso
terapêutico
tem
uma atividade física planejada, estruturada
aumentado a sobrevida desses pacientes e,
e repetitiva, cujo objetivo principal é a
combinado
manutenção das variáveis da aptidão física,
populacional, tem possibilitado que esses
da
pacientes sejam encontrados cada vez mais
performance
física
fundamentando-se
referentes
ao
e
nos
tipo
da
saúde,
princípios
de
atividade
com
o
crescimento
na prática diária (MARON et al, 2001).
O
desenvolvimento
motor
é
desenvolvida, intensidade, freqüência e
fundamental, considerando que a criança
duração na realização (COSTA, 2000).
desenvolve sua linguagem no intercâmbio
A prática da atividade física tem
com o ambiente, pela exploração ativa por
sido apontada por pesquisadores como
meio da manipulação dos objetos, da
Dishman (1994) como um dos principais
repetição das ações, pelo domínio do
elementos na prevenção de várias doenças
próprio corpo e controle do esquema
cardiovasculares, redução da ansiedade e
corporal e pelas relações que estabelece no
sintomas de depressão, entre outras.
ambiente (LAMÔNICA, 2004).
Os
avanços
terapêuticos
têm
O ato de explorar o movimento no
aumentado a sobrevida das crianças com
brincar e o poder da imaginação das
cardiopatias
atualmente
crianças é algo que se pode perceber no
observa-se um maior número de crianças
cotidiano do mundo infantil. As crianças
com cardiopatias complexas que mantém
trazem consigo a facilidade de improvisar
cianose ou com problemas cardíacos
e experimentar brincando, o que gera
residuais que atingem a idade adulta.
diversidade
Nestes indivíduos, o acompanhamento
repertório motor. Entretanto, não é raro
médico e, muitas vezes, o uso de
observar crianças que manifestam certas
medicações será um cuidado para a vida
dificuldades em seus movimentos quando
toda, cabe a equipe de profissionais dar
interagem com o meio onde vivem como,
suporte para que possam manter um bom
por exemplo, na orientação espacial e
estado de saúde física e também auxiliar na
temporal (LAZZOLI, et al, 1998).
congênitas
e
inserção social possibilitando engajamento
de
movimentos
no
seu
A habilidade motora grossa é
classicamente definida por Clark (1994)
7
como a que envolve em sua manifestação a
em longo prazo para acumular pelo menos
mobilização de grandes grupos musculares
30 minutos ou mais de atividade física de
produtores de força do tronco, braços e
intensidade moderada na maioria, ou, em
pernas. Esse tipo de habilidade está
todos os dias da semana, preferencialmente
intimamente relacionado às mais variadas
atividades voltadas para a ludicidade.
ações utilizadas cotidianamente, como
Todo programa de atividades
correr, pular, trotar, chutar, entre tantas
devem conter desafios a todos os alunos,
outras (ULRICH, 2000; CLARCK, 1994).
permitir a participação de todos, respeitar
Sua aquisição possibilita diretamente o
suas limitações, promover autonomia e
desenvolvimento
enfatizar o potencial no domínio motor
de
habilidades
mais
especializadas, sobretudo as atividades
(PEDRINELLI, 1994).
esportivas e/ou programas de exercícios
físicos
sistematizados
(GALLAHUE,
2005).
Aliados a todos esses benefícios
nos
aspectos
psicológicos,
devemos,
também considerar os efeitos que a
As evidências sugerem ainda que
atividade física pode proporcionar em
a atividade física possa proteger contra o
relação
desenvolvimento da doença coronariana
interferindo positivamente na saúde física e
(JENNINGS et al., 1989), melhorar a
capacidade funcional. Diante disso, Freitas
probabilidade do risco de morte por
(2002) afirma que apesar de ser muito
doenças cardiovasculares (AGITA SÃO
difícil elaborarmos uma fórmula pronta e
PAULO,
indivíduos
acabada de um programa de atividade
submetidos a programas de atividades
física para pessoas especiais pretender
físicas parecem ser mais ativos, auto-
realizar atividades físicas, quer seja com a
suficientes, emocionalmente amadurecidos
finalidade de prevenção dos fatores de
e auto realizados (DUARTE; ALPIERI,
risco, reabilitação, lazer.
1998),
e
os
1993).
aos
ganhos
fisiológicos,
Autores relatam que a atividade
Especialistas acreditam que a
física
tem
grande
importância
na
maioria dos benefícios da atividade física
terapêutica dos pacientes, devendo ser
pode ser obtida com a realização de
iniciada precocemente, se possível, ainda
atividades recreativas e de intensidade
na fase hospitalar, dando prosseguimento
moderada. Para Nieman (1999) devem ser
pós-alta hospitalar, o que propicia retorno
estabelecido para as crianças um objetivo
ao estilo de vida anterior e melhor
8
qualidade de vida. Exercícios físicos
de atividade física regular, em crianças
melhoram a aptidão cardiovascular e
cardiopatas,
aumentam
relacionado
a
autoconfiança
quando
praticados por um período prolongado,
promovendo adaptações morfológicas e
principalmente
com
as
habilidades
motoras.
•
Verificaram-se os benefícios da prática
funcionais no que diz respeito ao sistema
da atividade física quanto aos aspectos
cardiovascular e ao sistema muscular
emocionais das crianças submetidas ao
(TITOTO, 2005).
estudo.
Portanto, a preocupação desta
•
Foram analisados os benefícios da
pesquisa foi desenvolver programas de
prática regular da atividade física
reabilitação cardíaca com o propósito de
quanto aos aspectos sociais do grupo
proporcionar aos pacientes um retorno
de estudo.
mais precoce às atividades diárias e com
melhor qualidade de vida, objetivando a
prática regular dos exercícios físicos
através de um programa estruturado, com
segurança
e
no NIAFS (Núcleo Interdisciplinar de
aprimorando nos aspectos físicos, motores
Atividade Física e Saúde) em conjunto
e sociais das crianças cardiopatas, na
com o CENESP (Centro de Excelência
procura
Nacional em Esportes) no Campus da
esboçar
também
O presente trabalho foi realizado
o
de
visando
MATERIAIS E MÉTODOS:
uma
possível
contribuição para os profissionais da
Faculdade
Educação Física e da área da Saúde em
Universidade
geral que trabalham com esse grupo.
FAEFI-UFU.
O objetivo desta pesquisa foi
demonstrar a contribuição de um programa
de atividade física regular para a melhora
da coordenação motora, através da melhora
da
qualidade
de
vida
de
crianças
cardiopatas da cidade de Uberlândia.
de
Educação
Federal
Física
de
Sendo
da
Uberlândia
o
mesmo
caracterizado como uma pesquisa quase
experimental.
De acordo com a temática e a
modalidade da pesquisa, foram abordadas
metodologias
de
caráter
quantitativo,
relacionada à causa e efeito da prática da
atividade física, e uma análise mais
•
Avaliaram-se os benefícios físicos,
qualitativa (observação do pesquisador
através da aplicação de um programa
quanto à prática dos exercícios propostos),
9
valorizando
e
respeitando
devida
o fato de a criança não estar participando
produção do conhecimento em Educação
de outros programas de atividade física.
Física.
Todos
Inicialmente,
tratados
a
partir
os
de
a
dados
os
participantes
iniciaram
no
foram
programa após a assinatura do terno de
procedimentos
consentimento livre e esclarecido pelos
descritivos de média e desvio-padrão. Para
pais ou responsáveis.
a comparação entre o Pré e o Pós-teste foi
aplicado o teste t de Student para variáveis
dependentes.
testes
O programa de atividade física foi
realizados foram considerados valores
aplicado pelos próprios pesquisadores, três
estatisticamente significativos aqueles com
vezes por semana, no campus da Faculdade
nível de significância de p<0,05 entre o
de Educação Física, sendo utilizado todo o
quociente motor do pré e do pós-teste de
complexo para a realização das aulas. O
cada
programa
tarefa
Para
todos
proposta.
E
os
Programa de atividade física:
também
a
consistia
em
atividades
pontuação dos sujeitos em todas as tarefas
esportivas e recreativas, voltadas sempre
e do quociente motor individual. As
para o caráter lúdico, portanto, foram
informações
no
propostas atividades funcionais, nas quais
programa Statistic for Windows 5.0 para o
as crianças conseguiam o domínio do
tratamento dos dados.
próprio corpo e controle do esquema
foram
processadas
corporal,
Amostra:
A pesquisa foi realizada com 6
relacionando
com
as
mais
variadas ações utilizadas no cotidiano,
como correr, pular, entre tantas outras e
crianças de ambos os gêneros portadoras
principalmente
desenvolvendo
de cardiopatias congênitas, com 9 ± 1,7
habilidades motoras.
Segundo
anos de idade, 29,27 ± 5,4 kg de massa
(2004),
treinamento
deve
o
corporal, 135 ± 5 cm de estatura,
programa
residentes na cidade de Uberlândia. Todas
funcional e realizado em um ambiente
as crianças foram indicadas por médicos
adequado. O envolvimento dos professores
pediatras cardiologistas do Hospital das
possibilita a criação de um ambiente
Clínicas da UFU. As mesmas apresentaram
educativo familiar e afetivamente seguro,
indicação médica e encaminhamento para
além
as atividades físicas, sendo requisito básico
programa.
de
de
Souza
suas
validar
ecologicamente
ser
o
10
A sessão de treinamento tinha
que os jogos e as brincadeiras ocupem um
duração de uma hora, sendo realizada com
lugar de destaque nos programas que
supervisão
atendem essa população.
direta
e
constante
dos
pesquisadores. As aulas foram previamente
Pode-se afirmar, então, que a
planejadas e estruturadas de forma para
recreação, através de atividades afetivas e
que os alunos progredissem a cada treino e
psicomotoras, constitui-se num fator de
recebiam feedback dos pesquisadores após
equilíbrio na vida das pessoas, expresso na
cada execução.
interação entre o espírito e o corpo, a
As atividades variavam de acordo
afetividade e a energia, o indivíduo e o
com cada esporte ou exercício praticado,
grupo, promovendo a totalidade do ser
porém sempre enfatizando as tarefas
humano (CHICON, 1999).
realizadas no teste desta pesquisa, ou seja,
exercícios
trabalhar
que
o
tinha
como
equilíbrio;
objetivo
equilíbrio
Antes do início do programa foi
aplicado o pré-teste, três tarefas da Bateria
em
KTK que foram avaliadas nessa pesquisa, e
marcha para trás; equilíbrio sobre uma
após o término do programa de atividade
perna; saltos laterais, saltos à distância e
física o pós-teste com o intuito de verificar
em altura; velocidade em saltos laterais;
uma melhora, ou progresso na coordenação
agilidade; o domínio da lateralidade e a
motora das crianças depois de participarem
estruturação espaço-temporal das crianças.
do programa de atividade física.
O treinamento incluiu diversas
atividades
dentro
das
modalidades
esportivas, tais como a Ginástica Olímpica,
Natação, Basquete e Futebol, utilizamos
Teste de Coordenação Motora Para
Crianças - KTK (KIPHARD e
SCHILLING, 1974):
O
também a Psicomotricidade, que contribuiu
teste
KTK
consiste
na
de maneira expressiva para a formação e
realização de quatro tarefas motoras,
estruturação
porém, para esta pesquisa utilizamos três
do
esquema
corporal
e
incentivou a prática do movimento em
tarefas
todas as etapas do programa. Por meio das
equilíbrio em marcha à retaguarda, saltos
atividades,
se
laterais e transferência sobre plataformas.
divertirem, criaram, interpretaram e se
Para Gorla (2001), esse teste envolve todos
relacionaram umas com as outras. Por isso,
os aspectos característicos de um estado de
cada vez mais os educadores recomendam
coordenação
as
crianças,
além
de
desta
bateria,
motora,
as
que
quais
tem
são:
como
11
componentes o equilíbrio, o ritmo, a
pós-teste), utilizou-se o teste KTK de
lateralidade, a velocidade e a agilidade.
KIPHARD e SCHILLING (1974). De
A partir da publicação do manual
acordo com os resultados, verificou-se uma
do teste KTK por Kiphard e Schilling
confiabilidade de 95%, como diferença
(1974), alguns estudos e pesquisas foram
significativa favorável, com relação à
realizados com o intuito de verificar os
hipótese, confirmando-a, portanto, ao nível
critérios de autenticidade científica de um
de p<0,05. O presente estudo sugere novas
teste, ou seja, validade, fidedignidade,
investigações comparativas e abordando
objetividade, padrão e padronização. Os
outras variáveis pertinentes.
estudos com o teste KTK foram utilizados
Fernandes (1999) realizou um
como instrumentos para obter informações
estudo com o objetivo de comparar e
de variáveis das capacidades motoras
diagnosticar
globais, para estruturar programas de
coordenado de 110 crianças de escolas
educação física, verificar a validade com
regulares.
outros testes entre outros (GORLA, 2007).
utilizados o Teste de Coordenação Motora
o
desempenho
Como
instrumentos
motor
foram
Como pudemos observar, existem
KTK de Kiphard e Schilling (1974) e uma
vários estudos utilizando o teste KTK,
entrevista semi-estruturada contendo dados
relataremos, então, alguns estudos sobre o
relativos
teste, de acordo com Gorla (2007):
habitacional
No estudo de Bianchetti e Pereira
(1994),
realizaram
uma
análise
à
identificação,
na
escola,
inserção
clubes
e
associações. As análises revelaram um
da
predomínio de classificação normal para
contribuição de um programa de atividades
ambas às escolas, com superioridade para o
físicas no desenvolvimento da coordenação
sexo masculino.
corporal de crianças deficientes auditivas,
Santos et al. (1999), procurou-se
de 7 a 9 anos de idade. A amostra
avaliar o nível de desenvolvimento da
constituiu-se de 8 crianças deficientes
coordenação motora em um grupo de sete
auditivas, de ambos os sexos, da do
crianças portadoras de deficiência mental
município de Maringá - Paraná. Ao grupo
leve, moderada e severa e não portadora de
foi aplicado um programa específico (36
deficiência mental, inscrito no projeto de
sessões). Como instrumento de medida,
extensão "Ginástica Olímpica - Esporte de
para avaliar a situação inicial e final da
Base", do Centro de Educação Física e
capacidade de coordenação corporal (pré e
Desportos da Universidade Estadual de
12
Londrina. A faixa etária dos participantes
final das tarefas do KTK utilizadas nesta
foi de cinco a nove anos de idade. Para
pesquisa (GORLA, 2007).
verificar os efeitos das atividades de
ginástica olímpica sobre a coordenação
Tarefa 1 - Trave de Equilíbrio:
motora dos participantes, foram coletados
dados
utilizando-se
o
Teste
de
Coordenação Motora Para Crianças - KTK
Objetivo:
estabilidade
do
equilíbrio em marcha para trás sobre a
trave.
antes e depois da intervenção. Conforme a
Material: Foram utilizadas três
verificação do teste KTK, o grupo obteve
traves de 3 metros de comprimento e 3 cm
na primeira avaliação um coeficiente motor
de altura, com larguras de 6 cm, 4,5 cm e 3
regular. Após a intervenção, no re-teste, o
cm.
coeficiente motor mostrou índice normal.
Na parte inferior são presos
Verificou-se assim, que a prática da
pequenos travessões de 15 x 1,5 x 5 cm,
ginástica olímpica, dentro da proposta de
espaçados de 50 em 50 cm. Com isso, as
trabalho,
do
traves alcançam uma altura total de 5 cm.
desenvolvimento da coordenação motora
Como superfície de apoio para saída,
dos participantes.
coloca-se à frente da trave, uma plataforma
influenciou
na
melhora
medindo 25 x 25 x 5 cm. As três traves de
equilíbrio são colocadas paralelamente.
Procedimentos
A análise do desempenho da
criança dá-se por meio de medidas
quantitativas
do
movimento,
Tarefa 02 - Saltos Laterais:
Objetivo: Velocidade em saltos
sendo
registrado o número de passos na marcha à
alternados.
Material: Uma plataforma de
retaguarda, o de saltos laterais e o de
transposições realizadas. No KTK, apenas
um avaliador foi designado para apontar e
registrar a pontuação das crianças em cada
tarefa.
madeira (compensado) de 60 x 50 x 0,8
cm, com um sarrafo divisório de 60 x 4 x
2cm e um Cronômetro.
Tarefa
O teste dura cerca de 10 a 15
minutos para ser administrado. A sala de
teste deve ser de mais ou menos 4x5
metros. Descrevemos a seguir, a forma
03
-
Transferência
Sobre
Plataforma:
Objetivo:
estruturação espaço-temporal.
lateralidade;
13
Material: Foram utilizados para o
teste, 2 plataformas de 25 x 25 x 5 cm e
um cronômetro.
a próxima passagem válida (são três
tentativas válidas em cada trave).
Avaliação da tarefa: para cada
As plataformas são colocadas lado
trave, são contabilizados três tentativas
a lado com uma distância entre elas de 5
válidas, o que perfaz um total de nove
cm. Na direção de deslocar é necessário
tentativas. Conta-se a quantidade de apoios
uma área livre de 5 a 6 metros.
(passos) sobre a trave no deslocamento à
retaguarda com a seguinte indicação: a
Execução do teste KTK (KIPHARD e
criança está parada sobre a trave, o
SCHILLING, 1974):
primeiro pé de apoio não é tido como
Trave de Equilíbrio: a tarefa
ponto de valorização. Só a partir do
consiste em caminhar à retaguarda sobre
momento do segundo apoio é que se
três traves de madeira com espessuras
começa a contar os pontos. O avaliador
diferentes. São válidas três tentativas em
deve contar alto a quantidade de passos até
cada
deslocamento
que um pé toque o solo ou até que sejam
(passos) não é permitido tocar o solo com
atingidos 8 pontos. A máxima pontuação
os pés no chão.
possível será de 72 pontos. O resultado
trave.
Durante
o
Antes das tentativas válidas, a
criança pode tentar fazer a tarefa para se
será igual ao somatório de apoios à
retaguarda nas nove tentativas.
adaptar à trave, no qual realiza um
Anota-se o valor de cada tentativa
deslocamento à frente e outro à retaguarda,
correspondente a cada trave, fazendo-se a
andando em toda a extensão da trave.
soma horizontal de cada uma. Depois de
Durante as tentativas não-válidas,
somar as colunas horizontais, faz-se a
a criança deve equilibrar-se, andando para
soma na vertical, obtendo-se desta forma o
trás, em toda a extensão da trave (no caso
valor bruto da tarefa. Após realizar esse
de tocar o pé no chão, continuar no mesmo
procedimento,
ponto), para que possa estimar melhor a
Quociente Motor da tarefa através da
distância a ser passada e familiarizar-se
utilização das tabelas originais do estudo
mais com o processo de equilíbrio.
de Kiphard e Schilling (1974).
obtém-se
o
valor
do
Se a criança tocar o pé no chão
em qualquer tentativa válida, a mesma
Saltos Laterais: a tarefa consiste
deverá voltar à plataforma de início e fazer
em saltitar de um lado para o outro, com os
14
dois pés ao mesmo tempo, o mais rápido
possível, durante 15 segundos.
Transferências
sobre
Plataforma: a tarefa consiste em deslocar-
O avaliador demonstra a tarefa,
se
sobre
as
plataformas
que
estão
saltitando por cima do sarrafo divisório de
colocadas no solo, em paralelo, uma ao
um lado para o outro, com os dois pés ao
lado da outra, com um espaço de cerca de
mesmo
12,5 cm entre elas. O tempo de duração
tempo.
Deve
ser
evitada
a
passagem alternada dos pés.
será de 20 segundos, e a criança terá duas
Caso a criança tocar o sarrafo
tentativas para a realização da tarefa.
divisório, sair da plataforma ou parar
O avaliador demonstra a tarefa da
durante um momento, a tarefa não deve ser
seguinte maneira: fica de pé sobre a
interrompida, porém, o avaliador deve
plataforma da direita colocada a sua frente;
instruir
criança:
pega a da esquerda com as duas mãos e a
“Continue! Continue!”. No entanto, se o
coloca a seu lado direito, passando a pisar
indivíduo não se comportar de acordo com
sobre ela, livrando sua esquerda, e assim
a instrução dada, a tarefa é interrompida e
sucessivamente. A transferência lateral
reiniciada. No total, são executadas duas
pode ser feita para a direita ou para a
passagens válidas.
esquerda, de acordo com a preferência do
imediatamente
Registra-se
o
a
número
de
saltitamentos dados, em duas passagens de
indivíduo. Essa direção deve ser mantida
nas duas passagens válidas.
15 segundos (saltitando para um lado,
Caso
ocorram
interferências
conta-se um ponto; voltando, conta-se
externas durante a execução que desviem a
outro). Como resultado final da tarefa,
atenção do indivíduo, a tarefa deve ser
teremos a somatória de saltitamentos das
interrompida. No caso de haver apoio das
duas passagens válidas, somando esses
mãos, toque de pés no chão, queda ou
valores na horizontal, obtendo-se o valor
quando a plataforma for pega apenas com
bruto
esse
uma das mãos, o avaliador deve instruir a
do
criança a continuar e, se necessário, fazer
da
tarefa.
procedimento,
Após
obtém-se
realizar
o
valor
Quociente Motor da tarefa através da
uma
utilização das tabelas originais do estudo
interrompe a tarefa.
de Kiphard e Schilling (1974).
rápida
correção
verbal,
sem
São executadas duas passagens de
20 segundos, devendo ser mantido um
15
intervalo de pelo menos 10 segundos entre
elas.
Podemos
observar
a
melhora
significante dos sujeitos na execução de
Conta-se tanto o número de
todos
os
três
exercícios
realizados,
transferência das plataformas, quanto as do
parecendo não haver dúvidas acerca da
corpo, em um tempo de 20 segundos.
influência
Conta-se 1 ponto quando a plataforma livre
desenvolvidas no programa, na melhoria
for apoiada do outro lado; 2 pontos quando
do
a criança passar com os dois pés para a
consequentemente
plataforma livre, e assim sucessivamente.
habilidades
São somados os pontos de duas passagens
portadoras de cardiopatias congênitas.
válidas.
da
prática
desempenho
no
atividades
pós-teste
na
motoras
Conforme
das
melhora
dessas
e
das
crianças
demonstrado
no
Somando os valores na horizontal
Gráfico 01, o teste 2 (Saltos Laterais),
das duas passagens válidas, obtém-se o
obteve um maior percentual de melhora no
valor bruto da tarefa. Após realizar esse
pós-teste, o desenvolvimento dessa forma
procedimento,
de
obtém-se
o
valor
do
movimentos
coordenados
em
Quociente Motor da tarefa através da
velocidade apresentam uma margem de
utilização das tabelas originais do estudo
rendimento significativo. Esses resultados,
de Kiphard e Schilling (1974).
provavelmente, se devem à facilidade de
execução
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
estimulada
desta
tarefa
podendo
e
melhorada
com
ser
mais
facilidade através de exercícios específicos
Os
resultados
desta
pesquisa
demonstram que o grupo de crianças
cardiopatas
obteve
submetidas
resultados
significativos
em
todas
à
intervenção
estatisticamente
as
variáveis
analisadas. Conforme estão demonstrados
no Gráfico 01, os resultados médios de
cada tarefa no pré e no pós-teste e no
Gráfico 02, os resultados médios do
Quociente Motor no pré e pós-teste.
no decorrer do programa.
16
Resultados Médios de cada tarefa entre pré
e pós-teste
80
68 71,3 67,5
60
49,3
40
42,3
37
Pré
Pós
20
T2
T3
Pós
T1
Pré
0
Gráfico 01 – Resultados das médias das tarefas entre pré e pós-teste.
A melhoria dos resultados do
Quanto melhor for o repertório
grupo, que pode ser observado na Tabela
motor das crianças, maiores serão as
01, pode dever-se ao fato deste programa
possibilidades
ser constituído por uma maior variedade de
aperfeiçoamento
atividades, o que segundo Hirtz e Holtz
obtidos pelo Teste t, mostrados na Tabela
(1987) é um pressuposto essencial para o
01, nos quais se apresentam como valores
treino das capacidades coordenativas. Em
estatisticamente
termos globais, verificaram-se, tal como
reafirmar a idéia de que com o treinamento
era esperado, mudanças significativas nos
das habilidades motoras pode representar
níveis de expressão da capacidade de
um
coordenação
motora, como demonstrado nos resultados
corporal
das
crianças
submetidas ao treinamento psicomotor. As
aulas tiveram, portanto, efeitos positivos
no
desenvolvimento
multidimensional.
desta
aptidão
de
desenvolvimento
motor,
cujos
significativos,
aperfeiçoamento
na
e
valores
podem
coordenação
dessa pesquisa.
Tendo a idade como referência, de
acordo com a Tabela 01, é possível
constatar que as crianças de sete anos
obtiveram maiores índices de acerto nos
17
testes, comparando-as com as crianças de
necessita de agilidade, força e a habilidade
dez anos. Isso pode ser explicado pelo fato
de saltar, onde as crianças cardiopatas que
de ser nestes períodos, de sete a oito anos
participaram da pesquisa em todas as
de idade, que as crianças alcançam um
faixas etárias obtiveram uma melhora
nível maior de estabilidade motora.
nessa habilidade.
Para a execução da habilidade
De acordo com a Tabela 01 que
motora do pular (saltar), a criança deve
mostra os valores individuais, o sujeito de
apresentar controle das partes do corpo em
11 anos de idade apresentou melhores
movimento. Os fatores de produção de
resultados quando comparado com as
força de agilidade, velocidade e energia,
crianças de 9 e 10 anos, isso pode ser
são
do
explicado que, conforme Gallahue e
desempenho motor. Os fatores de controle
Ozmuz (2001), crianças desta faixa etária
motor (equilíbrio e coordenação) são de
estão no período posterior da infância ou
particular
pré-adolescência.
considerados
determinantes
importância
no
início
da
Esse
período
é
infância, quando a criança está obtendo
caracterizado por aumentos lentos, porém
controle de suas habilidades motoras
estáveis, na altura e no peso, e por um
fundamentais. Os fatores de produção de
progresso em direção à maior organização
força tornam-se mais importantes depois
dos sistemas sensorial e motor. As
que a criança obtém controle de seus
habilidades
movimentos fundamentais e passa para a
gradualmente sendo refinadas com a
fase motora especializada da infância
integração sensório-motora em constante
posterior
harmonia, de modo que no final desse
(GALLAHUE
&
OZMUZ,
2001).
perceptivo-motoras
vão
período a criança desempenha numerosas
Ficando, então, visível o maior
resultado encontrado por esta pesquisa, a
melhora muito significante no pós-teste da
tarefa Saltos Laterais (T2), cuja tarefa
habilidades sofisticadas.
18
Tabela 01 - Resultados individuais de cada tarefa e resultados do teste t entre pré e pósteste da Bateria KTK (Kiphard e Schilling, 1974).
Sujeito
Idade
T1 - Pré
T1 - Pós
T2 - Pré
I
10
68
71
59
77
37
40
II
7
69
72
37
58
33
39
III
9
66
71
31
58
34
40
IV
11
72
72
70
93
53
56
V
10
66
71
53
62
35
42
VI
7
67
71
46
57
30
37
Média
9
68
71,33
49,33
67,5
37
42,33
Desvio Padrão
± 1,7
± 2,28
± 0,52
± 14,38
± 14,57
± 8,17
± 6,89
Teste t
__
0, 007
Os resultados da comparação de
T2 - Pós T3 - Pré T3 - Pós
0, 0014
0, 0009
habilidades motoras fundamentais nas
cada tarefa e do quociente motor no pré e
áreas
pós-teste são apresentados na tabela 02 e
estabilidade, até o ponto em que estas
também ilustrados no Gráfico 02. O teste t
sejam contínuas e eficientes, pois a
para variáveis dependentes demonstrou
oportunidade de explorar e experimentar,
haver
estatisticamente
pelo movimento corporal, os objetos do
significante, para p<0,05, entre o quociente
ambiente, serve para melhorar a eficiência
motor do pré e do pós-teste de cada tarefa
perceptivo-motora.
diferença
proposta.
de
locomoção,
manipulação
e
Fica evidente a importância do
Todos os sujeitos participantes da
papel que a atividade física implica no
pesquisa aumentaram seu Quociente Motor
trabalho com crianças cardiopatas, visando
no pós-teste de todas as tarefas, deste
uma
modo, Gallahue e Ozmun (2001) ressaltam
treinamento das destrezas motoras.
que
se
devem
oportunidades
oferecer
para
às
que
crianças
refinem
intervenção
voltada
para
o
19
A criança sente necessidade de
Dessa forma, podemos atribuir os
movimentar-se, sendo que, por meio do
resultados positivos, como o aumento do
exercício, ocorre um aumento qualitativo
Quociente Motor dos sujeitos no pós-teste,
na coordenação de movimento, pois uma
ao programa de treinamento aplicado, cujo
criança que não se exercita não adquire a
objetivo foi o treinamento psicomotor, a
experiência de movimento (LaGRANGE,
fim
1977).
coordenação
Possivelmente
a
tarefa
mais
complexa e que exigiu mais esforço dos
executantes durante a realização do teste,
de
conseguir
uma
motora
melhora
das
na
crianças
cardiopatas e consequentemente a melhora
de sua qualidade de vida.
Nesse
contexto,
como
o
foi o T3, Transferências sobre Plataformas.
treinamento foi específico para aprimorar
Pode ser observado na Tabela 02 que
as habilidades motoras, consistiu em
apesar de toda dificuldade envolvida, as
exercícios que estimularam a criança a
crianças evoluíram em uma proporção
descobrir
significativa para o pós-teste.
principalmente
A tarefa de deslocamento sobre
plataformas do teste de coordenação
suas
potencialidades,
através
da
repetição,
chegando assim a uma execução cada vez
mais perto da ideal.
corporal caracterizou um tipo de avaliação
Segundo Diem e Scholtzmethner
de velocidade, combinada com um grau
(1978), citados por Gorla (2007), pelo
elevado de complexidade, pois necessitou
exercício repetido de um movimento,
do uso simultâneo de todos os segmentos
instalam-se
corporais e a coordenação da ação de
transformando-o
transferir com as mãos plataformas que
aprendido. Quanto mais variada for a
avançam a partir de trocas constantes,
formação de estereótipos, tanto maior será
passando sucessivamente de cima de uma
a capacidade de movimento do indivíduo,
para outra. Além disso, é necessário tentar
ou quanto mais cedo e maior a coleção de
avançar o máximo possível em distância,
experiências motoras, tanto menor será o
incluindo velocidade, que é limitada pelo
perigo de deficiência ou insuficiências de
próprio uso do aparelho, constituindo-se
coordenação.
em
desempenho
(GORLA, 2007).
motor
condicionado.
um
estereótipo
em
motor,
movimento
20
Tabela 02 - Resultados do Quociente Motor de 3 testes da Bateria KTK (Kiphard e
Schilling, 1974) no pré e pós-teste.
Trave de Equilíbrio (T1)
Saltos Laterais (T2)
Transferências sobre
Plataformas (T3)
QM1_PRE
120,7 ± 6,7
QM2_PRE
92 ± 18,6
QM3_PRE
86,6 ± 15
QM1_POS
124,5 ± 6,7
QM2_POS
117,8 ± 19,6
QM3_POS
98,5±14,5
p 0,010
p 0,003
p 0,001
Resultados Médios do Quociente Motor entre
pré e pós-teste
98,5
86,67
QM3
Pós
117,8
QM2
Pré
92
124,5
120,7
QM1
0
50
100
150
Gráfico 02 – Resultados das médias do Quociente Motor entre pré e pós-teste.
A criança precisa contar com um
sentimentos,
crianças
mais
retraídas
ambiente que a prepare e a estimule para
conseguem diminuir a timidez e esse
usar
capacidades.
conjunto de benefícios tende a perdurar por
Participando de um programa de atividade
toda a vida. Gorla (2007) reafirma dizendo
física ela adquire habilidades, se socializa
que quanto mais ricas forem as situações
com outras crianças, aprende a dominar
vividas, melhor será o desenvolvimento do
todas
as
suas
21
esquema corporal. Consequentemente, uma
De acordo com a Tabela 03 que
melhora na qualidade de vida geral da
mostra pontuação individual do QM o os
criança.
resultados desta pesquisa, parece que as
É nesse âmbito que a Educação
Física assume um papel de fundamental
crianças se mostraram com uma boa
coordenação.
importância, pois representa o ambiente
que
mais
movimentos
propicia
a
diversos
execução
e
de
orientados,
Para Harter (1981), citado por
Gorla, crianças bem coordenadas, que
desempenham
tarefas
podendo contribuir significativamente para
sucesso,
as
o desenvolvimento psicomotor (Gorla
sentimentos positivos, tais como: alegria,
2007).
prazer e auto-competência. Por outro lado,
Vale ressaltar que as crianças com
as
são
crianças
motoras
que
com
com
experimentam
fracos
níveis
de
cardiopatias congênitas participantes da
coordenação,
pesquisa tiveram a vivência de um
provavelmente, por níveis baixos de
programa estruturado e orientado de
percepção de competência e ansiedade no
atividade física, e conforme a Tabela 03, é
domínio físico. Em conseqüência, se as
possível notar que cada uma evoluiu seu
crianças evitam atividades que envolvam
QM no pós-teste, sendo cada valor
movimentos,
relacionado com a idade dos sujeitos.
corporais com o meio serão limitadas e
Para
Hurtado
movimentos
naturais,
praticados,
permitem
(1983),
quando
os
bem
caracterizam-se,
as
suas
experiências
logo afetarão o desenvolvimento da sua
autopercepção.
modificações
Analisando as tarefas do teste de
benéficas, em especial, ao organismo da
coordenação motora KTK, tarefas de
criança nas áreas cognitiva, afetiva e
movimento
psicomotora, pois quando são solicitadas
estabilidade, direcionalidade e equilíbrio
atividades de natureza física, criativa,
necessitam
intelectual e social, a estrutura de criança
concentração, ou seja, a tarefa 1, Trave de
ajusta-se ao esforço físico por meio da
Equilíbrio.
ação muscular, que se traduz em uma
coordenação
motora
de
gestos
e
que
de
requerem
um
certo
precisão,
grau
de
O equilíbrio é fundamental para a
coordenação
motora.
movimentos mais equilibrados e bem
(1984),
mau
definidos.
construção do esquema corporal, porque
um
Segundo
equilíbrio
Raso
afeta
a
22
traz como conseqüência a perda da
consciência de certas partes do corpo.
Quanto mais defeituoso é o equilíbrio,
mais energia se gasta, resultando em
conseqüências
psicológicas,
como
ansiedade e insegurança.
Levando em considerações essas
afirmações, por se tratar de uma atividade
que contém muitas variáveis, pode, então,
esclarecer,
o
porquê
da
menor
variabilidade tanto do quociente motor,
quanto da pontuação individual, de todos
os sujeitos participantes, percebido pelos
valores das médias e do teste t. (Tabela
03).
Portanto,
para
ressaltar
a
importância da prática da atividade física
como meio para melhorar e avaliar a
coordenação motora de crianças, Kiphard e
Schilling (1974), afirmar que a análise das
capacidades físicas e condicionais tais
como a força, a velocidade, a flexibilidade
e a agilidade, permite estabelecer uma
relação com os aspectos perceptivocoordenativos.
23
Tabela 03 – Pontuação do Quociente Motor individual dos sujeitos do estudo e
resultados do teste t entre pré e pós-teste da Bateria KTK (Kiphard e Schilling, 1974).
Sujeito
Idade QM1 Pré QM1 Pós QM2 Pré QM2 Pós QM3 Pré QM3 Pós
I
10
116
119
99
123
76
82
II
7
118
122
65
96
77
90
III
9
128
133
82
121
96
110
IV
11
121
121
109
145
112
119
V
10
112
119
83
94
73
87
VI
7
129
133
114
128
86
103
Média
9
120,7
124,5
92
117,8
86,67
98,5
Desvio
Padrão
± 1,7
± 6,7
± 6,7
± 18,6
± 19,6
± 15
± 14,5
Teste t
__
0,01
0,003
desenvolvidos
CONCLUSÃO:
0,001
com
o
propósito
de
proporcionar aos pacientes um retorno
A
partir
dos
resultados
mais precoce às atividades diárias e com
encontrados, podemos concluir que a
melhor qualidade de vida, objetivando a
alteração positiva ocorrida nos escores dos
prática regular dos exercícios físicos com
testes subseqüentes ao tratamento aplicado,
segurança e baixos custos.
através do treinamento psicomotor, em
crianças
com
cardiopatias
É de grande importância que
congênitas,
continue sendo desenvolvidas pesquisas na
sugere que se continue uma intervenção,
área da Educação Física, bem como o
juntamente
de
desenvolvimento de protocolos, de projetos
programas de atividades físicas específicas
e de programas de reabilitação cardíaca.
que possam possibilitar cada vez mais uma
Sugerindo assim que novas investigações
melhora na qualidade de vida dessas
devem ser realizadas na tentativa de
crianças.
consolidar melhor os conhecimentos nesta
com
a
área
médica,
Atualmente diversos programas
de
reabilitação
cardíaca
vêm
sendo
linha de pesquisa.
24
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28
ANEXOS
29
Anexo I
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
30
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
O seu filho(a) está sendo convidado para participar da pesquisa “A Prática da Atividade Física
na Melhora da Qualidade de Vida em Crianças Cardiopatas”. Sob a responsabilidade da
pesquisadora Prof. Dr. Patrícia Silvestre de Freitas.
Nesta pesquisa nós estamos buscando entender as contribuições da atividade física recreativa
na promoção da qualidade de vida em crianças com cardiopatias da cidade de Uberlândia. Na
participação da pesquisa as crianças farão atividades físicas recreativas no Campus da
Faculdade de Educação Física da UFU, as aulas serão realizadas 2 (duas) vezes na semana,
com duração de 50 (cinqüenta) minutos.
Em nenhum momento as crianças serão identificadas. Os resultados da pesquisa serão
publicados e ainda assim a sua identidade será preservada. A divulgação da pesquisa é para
fins didáticos e científicos não implicará em sua identificação. O participante não terá nenhum
ônus e ganho financeiro por participar da pesquisa, não receberá nenhum tipo de remuneração
com sua participação e veiculação dos resultados da pesquisa.
Não haverá nenhum risco à integridade física, moral e social das crianças. Os benefícios da
participação da pesquisa estão na melhora na qualidade de vida das crianças submetidas ao
estudo, através de atividades físicas recreativas. A qualquer momento o participante e/ou os
pais ou responsáveis legais podem desistir de participar da pesquisa e podem retirar o seu
consentimento. A recusa não trará nenhum prejuízo para o senhor e seu filho(a) nem em sua
relação com o pesquisador ou com a instituição. Você receberá uma cópia deste termo onde
consta o telefone e o endereço do pesquisador, podendo tirar suas dúvidas sobre a pesquisa e
sua participação, agora ou a qualquer momento.
Pesquisadora: Patrícia Silvestre de Freitas - Endereço: Av. Beijamin Constant, nº. 1286
Bairro: Aparecida - Fone: 3218 2910
Comitê de Ética em Pesquisa – CEP: Av. João Naves de Ávila, nº 2160 – Bloco J
Fone: 3239 4131
Uberlândia, ___ de _______________ de 2007.
______________________
Pais ou Responsáveis legais
31
Anexo II
KTK (KIPHARD e SCHILLING, 1974)
32
TESTE DE COODENAÇÃO MOTORA PARA CRIANÇAS KTK
ENERT J. KIPHARD; E. F. SCHILLING
OBSERVAÇÕES GERAIS PARA A APLICAÇÃO DO TESTE:
APLICAÇÃO DO TESTE:
O KTK terá um bom desenvolvimento e objetividade quando as observações para a realização
e os critérios forem bem observados, ele poderá ser aplicado por psicólogos como também
por professores ou pessoal correspondente.
LOCAL DE APLICAÇÃO:
O local de aplicação do teste deve ser o máximo possível livre de ruídos ou barulhos, com
aproximadamente 4x5 metros de área. O solo não deve ser escorregadio e nem muito duro
(não realizar em solo de pedra ou cimento). Como calçado recomenda-se tênis leve ou
descalço.
MATERIAL PARA A APLICAÇÃO DO TESTE:
3.1 TESTE DE EQUILÍBRIO DINÂMICO PARA TRÁS – TRAVE DE EQUILÍBRIO
3 traves de equilíbrio de 300cm de comprimento e 3cm de altura com largura de 3cm, 4,5cm e
6cm nos quais deverá ter uma travessa a cada 50cm (12x5x2), com as travessas, a trave de
equilíbrio deverá ter uma altura de 5 cm. No início da trave deve ser colocado uma pequena
prancha, utilizada no exercício n.º 4.
3.2 SALTO MONOPEDAL (UMA PERNA)
12 pranchas de espumas (50x20x5cm)
3.3 SALTOS LATERAIS
1 prancha de 100cm, dividida ao meio por uma travessa com as seguintes medidas:
Prancha: (60x50x0,8cm)
Travessa (60x4x2cm)
1 cronômetro
3.4 TRANSFERÊNCIA SOBRE PLATAFORMA
33
2 PRANCHAS (25x25x1,5cm) com quatro cantos (borracha ou outro material 3,7cm de
altura)
1 cronômetro
4.
REALIZAÇÃO DOS EXERCÍCIOS
4.1 EXERCÍCIO N.º 1: EQUILÍBRIO DINÂMICOPARA TRÁS – TRAVE DE
EQUILÍBRIO
PREPARAÇÃO: colocar as 3 traves de equilíbrio (6cm, 4,5cm e 3cm) no solo e no final a
prancha utilizada no exercício 4.
REALIZAÇÃO: o exercício consiste em andar para trás equilibrando-se em cada uma das
traves de equilíbrio, será permitido 3 tentativas para cada trave, o aplicador demonstrará sobre
a trave de 6cm para frente e depois para trás, repetindo o exercício em cada trave para que a
criança entenda o exercício. Será permitido uma tentativa para a criança antes do exercício,
para frente e para trás em cada trave. Nas 3 tentativas durante a realização do exercício, se a
criança tocar o solo com 1 ou 2 pés, deverá iniciar novamente a tentativa. Para a avaliação
será considerado 3 vezes o equilíbrio andando para trás em cada trave, sendo um total de 9
tentativas.
ORIENTAÇÃO PARA O EXERCÍCIO: nós vamos treinar agora uma vez o nosso equilíbrio,
você anda em uma destas traves até a tábua, OK? Ao chegar lá você fica um pouquinho em
uma das tábuas, depois você vem andando com muito cuidado para trás sem pisar do lado da
trave, depois do treino, você fica novamente sobre a tábua no final em vem andando para trás,
eu vou contar quantos passos você vai conseguir, quando você tocar o chão do lado da trave
com o pé, volte imediatamente para o início e comece de novo.
VALORIZAÇÃO DO EXERCÍCIO: a contagem deverá ser iniciada quando começa o
equilíbrio para trás da criança, da seguinte forma: a criança de pé tranqüila sobre a prancha, o
primeiro passo para trás não deverá ser pontuado, somente começar a contagem quando o 2º
pé deixar a prancha e tocar a trave. (aqui começa na realidade o equilíbrio). O aplicador
deverá contar alto os pontos (passos), será valorizado a contagem dos passos, até que 1 dos
pés ou ambos toquem o solo ou consiga 8 pontos (passos). Se a criança conseguir equilibrarse em toda a trave com menos de 8 passos deverá ser computado 8 pontos. No equilíbrio para
trás, o resultado das três tentativas por traves deverá ser anotadas e somadas. Por tentativa e
por trave, poderá ser conseguido o máximo de 8 pontos, o que dará um total de 3x3x8=72.
4.2 EXERCÍCIO N.º 2: SALTO MONOPEDAL (uma perna):
PREPARAÇÃO: as 12 pranchas de espuma devem estar preparadas umas sobre as outras no
solo.
34
REALIZAÇÃO: o exercício consiste em saltar com uma perna sobre uma ou mais pranchas
de espuma. O aplicador demonstra o exercício, saltando a espuma a uma distância de
aproximadamente 1,50cm com uma perna. A altura inicial para a tentativa válida, dependerá
do exercício de treinamento antes do teste, bem como da idade da criança. Será permitido o
treinamento anterior 2 vezes em cada perna. Para crianças de 5 a 6 anos será permitido como
treinamento 2 vezes 5 saltos por perna sem a prancha de espuma (altura 0cm). Após
conseguir saltar com 1 perna, aí começa o salto para a contagem com a altura de 5cm cada vez
com 1 perna (direita, esquerda). Se a criança não conseguir saltar com 1 perna, então deverá
ser iniciada com a altura zero.
Para crianças a partir de 6 anos de idade segue-se duas tentativas para treinamento na altura
de 5cm (1 prancha de espuma) para a perna direita e esquerda. Se a criança não conseguir no
treinamento, deverá iniciar então para a contagem da altura zero, se conseguir no treinamento,
inicia para a contagem com a altura relativa a sua idade. Se a 1ª tentativa válida na altura
recomendada de acordo com a idade não for conseguida, esta será invalidada, devendo a
criança iniciar então a 1ª tentativa com 5cm de altura.
ALTURA INICIAL RECOMENDADA DE ACORDO COM A IDADE:
6-7 anos: 5cm (1 prancha de espuma)
7-8 anos: 15cm (3 pranchas de espuma)
9-10 anos: 25cm (5 pranchas de espuma)
11-14 anos: 35cm (7 pranchas de espuma)
Para saltar o obstáculo de espuma, a criança deverá calcular uma distância de
aproximadamente 1,50m antes do salto, o aplicador deverá antes do salto, pressionar a
espuma para que a criança veja que não há risco. Depois do salto a criança deverá ainda saltar
no mínimo 2 vezes sobre a mesma perna, para cada altura por perna serão concedidas 3
tentativas válidas.
ORIENTAÇÃO DO EXERCÍCIO: você inicia aqui o salto com uma perna, experiente saltar a
espuma e depois dê no mínimo dois saltitos com a mesma perna. Durante todo o tempo você
não pode tocar o chão com a outra perna, senão cometerá um erro.
VALORIZAÇÃO DO EXERCÍCIO: para cada altura deverá ser valorizada a tentativa da
seguinte forma:
Sucesso: 1ª tentativa = 3 pontos
2ª tentativa = 2 pontos
3ª tentativa = 1 ponto
35
Para a altura inicial a partir de 5cm de altura, quando conseguido na 1ª tentativa, deverá ser
valorizado 3 pontos para cada altura imediatamente anterior. Não será validada a tentativa em
que a criança derrubar a espuma, tocar o solo com a outra perna ou não dar os 2 saltitos com a
mesma perna. Com insucesso nas 3 tentativas em uma determinada altura, a criança só poderá
continuar se tiver conseguido nas 2 alturas anteriores 5 pontos, caso contrário o exercício
deverá ser interrompido onde parou o último salto válido da perna direita e esquerda. Para 12
pranchas de espuma (60cm de altura) e a altura 0 (zero) 5 saltos podem ser conseguido o
máximo de 39 pontos por perna perfazendo um total de 78 pontos.
4.3 EXERCÍCIO N.º 3: SALTOS LATERAIS
PREPARAÇÃO: o aplicador deverá colocar a prancha para o salto lateral sobre o solo e
preparar o cronômetro.
REALIZAÇÃO DO TESTE: o exercício consiste em saltar lateralmente com as duas pernas
ao mesmo tempo sobre a travessa da prancha, o mais rápido possível durante um tempo de 15
segundos. O aplicador demonstra o exercício, como treinamento será permitido 5 saltos. O
salto não simultâneo com os dois pés deverá ser evitado ao máximo, mas não considerará erro
se a aterrissagem do outro lado for simultânea. Se a criança sair da prancha ou tocar na
travessa ou interromper momentaneamente os saltos, não deverá ser interrompida, pelo
contrário deverá ser estimulada a continuar, a não ser que tenha atrapalhado bastante, aí
deverá interromper a tentativa e iniciar novamente. Em um total será permitido 2 tentativas
válidas.
ORIENTAÇÃO DO EXERCÍCIO: você se posicione do lado da travessa com os dois pés
juntos e comece, quando eu der o sinal, a saltar, a saltar para um lado e outro o mais rápido
que puder até eu der o sinal de “pare”, se você tocar a travessa não pare, continue.
VALORIZAÇÃO DO EXERCÍCIO: deverá ser computado a contagem de saltos durante os
15 segundos (ida = 1, volta = 2). O número de saltos das 2 tentativas deverá ser somado.
4.4 EXERCÍCIO N.º 4: TRANSFERÊNCIA SOBRE PLATAFORMA
PREPARAÇÃO: as pranchas deverão estar no solo a uma distância aproximada de meia
prancha uma da outra. Na direção para onde deverá ser a caminhada é necessário um espaço
livre de 3-4 metros, um cronômetro deverá estar preparado.
REALIZAÇÃO DO EXERCÍCIO: O exercício consiste, em 2 tentativas, durante um tempo
de 20 segundos, modificar lateralmente a prancha o mais freqüente possível. Primeiramente o
aplicador deverá demonstrar, ele se coloca de pé sobre a prancha da direita, das duas que
estão à sua frente, posteriormente com as 2 mãos pega a da esquerda e coloca à sua direita,
logo após passa para esta, pegando a outra e colocando sempre à sua direita, e assim por
diante (a colocação para a direita ou esquerda poderá depender da vontade da criança). As
duas tentativas deverão ser feitas uma após a outra, com um intervalo de no mínimo 10
36
segundos. A contagem deverá ser feita em voz alta, depois da demonstração a criança poderá
fazer de 3 a 5 vezes para treinamento.
ORIENTAÇÃO DO EXERCÍCIO: você se coloca de pé sobre a prancha, pega a outra com as
duas mãos e a coloca do outro lado, depois você desce desta prancha para a outra, pega a que
estiver livre e passa para o lado e assim por diante, o mais rápido possível, até eu falar “pare”.
Você não poderá tocar o solo com os pés.
VALORIZAÇÃO DO TESTE: a contagem será feita durante 20 segundos da seguinte
maneira: 1 ponto quando a prancha da esquerda pegada pela criança tocar o chão do outro
lado; 2 pontos quando os pés trocarem de prancha; 3 pontos quando a prancha da esquerda for
colocada novamente assim por diante. O valor das duas tentativas deverá ser anotado e
somados posteriormente.
INTERPRETAÇÃO DO TESTE: através da soma do valor dos pontos em cada tentativa,
obtém-se para cada exercício do KTK uma soma do valor total, a qual se encontra a direita do
protocolo sob a sigla “RW”.
O valor total (RW) não significa ainda a performance da criança no teste, é necessário uma
comparação de acordo com a idade da criança. Para a interpretação utilizamos o “quociente
motor (M.Q.)”. Na tabela de normas, encontramos o valor do quociente motor equivalente
com a idade da criança. O quociente motor dos quatro exercícios deverão ser somados, onde
teremos então o “quociente motor total” do KTK, o qual servirá de base para a interpretação
do resultado do teste (ver tabela de norma geral).
Crianças com um resultado do quociente motor menor ou igual a 85, possuem um fraco
domínio de coordenação corporal, crianças com um “M.Q.” menor ou igual a 70, apresentam
provavelmente algum tipo de distúrbio de coordenação. Para a interpretação final, compara-se
o quociente motor total (M.Q.) do KTK com a classificação contida na tabela de classificação
da performance motora do KTK.
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