1 A PRÁTICA DA ATIVIDADE FÍSICA NA MELHORA DA QUALIDADE DE VIDA EM CRIANÇAS CARDIOPATAS JACQUELINE MARTINS PATATAS1, PATRÍCIA SILVESTRE DE FREITAS2 RESUMO: Introdução: Promover a atividade física na infância melhora a coordenação motora, aumenta a auto-estima e promove uma experiência social positiva. Objetivo: verificar a melhora da coordenação motora, através da melhora da qualidade de vida de crianças cardiopatas. Materiais e Métodos: a amostra foi constituída de 6 crianças de ambos os gêneros, portadoras de cardiopatias congênitas, com 9 ± 1,7 anos de idade, 29,27 ± 5,4 kg de massa corporal, 135 ± 5 cm de estatura. As mesmas foram submetidas a um programa de atividade física específica, três vezes por semana. O programa consistia em atividades lúdicas voltadas para o treinamento psicomotor. O instrumento utilizado para avaliar as aptidões motoras das crianças foi a Bateria KTK (Kiphard e Schilling, 1974), sendo utilizado três das quatro tarefas da mesma: Trave de Equilíbrio (T1); Saltos Laterais (T2); Transferências sobre Plataformas (T3). Resultados: Foi utilizado o programa Statistic for Windows 5.0 para o tratamento dos dados, para a comparação entre os pré-testes e os pós testes de cada tarefa e do quociente motor foi utilizado o teste t de Student para variáveis dependentes, com nível de significância (p<0,05). O teste t demonstrou haver diferença estatisticamente significante, entre o quociente motor do pré e do pós-teste e de cada tarefa proposta. Conclusão: A partir dos resultados encontrados, podemos concluir que a alteração positiva ocorrida nos escores dos testes subseqüentes ao tratamento aplicado, (treinamento psicomotor) pode ter sido causado por ele, dessa forma, sugere-se uma investigação mais profunda do problema a fim de que se continue comprovando que a atividade psicomotora para crianças cardiopatas é realmente eficaz na melhora da coordenação motora dessas crianças. Palavras-chave: Atividade Física, crianças cardiopatas, coordenação motora. 1 Bolsista PIBIC/CNPq/UFU; aluna do curso de Educação Física da Universidade Federal de Uberlândia; [email protected]; 2 Professora da Faculdade de Educação Física da Universidade Federal de Uberlândia – MG; E-mail: patrí[email protected]. 2 ABSTRACT: Introduction: Promoting physical activity in childhood improves motor coordination, increases self-esteem and promotes a positive social experience. Aim: To verify the improvement of motor coordination, through improved quality of life of children cardiopathy participants of a programme of specific physical activity. Methods: 6 children of both genders, suffering from congenital heart diseases. They were subjected to a specific program of physical activity, three times a week. The program consisted of recreational activities geared to the training psychomotor. The instrument used to measure motor skills of children was the Battery KTK (Kiphard and Schilling, 1974), and used three of the four tasks of the same, which consists of the following tests: Balance Bar (T1); Jumping Side (T2); Transfers on Platforms (T3). The total score, obtained by adding the points of each task was confronted with data scheduled according to age of each child testing to achieve its motor quotient. Results: T Student Test was used for the statistical treatment of the before and after training protocols measures, with significance (p<0,05). The group has been statically improved in all measures. Physical Activity, children cardiopathy, motor coordination. Actividad física, Niños cardiopatía, Coordinación motora. 3 condicionamento físico de pessoas com INTRODUÇÃO: Sob o ponto de vista da saúde, Dias da Silva e De Marchi (1997) afirmam limitações e/ou deficiências em todas as faixas de idade (DOLL-TEPPER, 1996). que a qualidade de vida de um indivíduo doente ou mesmo deficiente está Segundo Bueno e Resa (1995), a Educação Física Adaptada para pessoas diretamente relacionada com o grau de com limitação que esta doença ou deficiência diferencia da Educação Física em seus traz para o cotidiano de vida dessa pessoa. conteúdos, Os mesmos autores entendem, também, métodos e formas de organização que que a qualidade de vida se encaixa dentro podem ser aplicados ao indivíduo com de uma dimensão pluridimensional, uma necessidades especiais. É um processo de vez que engloba, da mesma forma, todos atuação docente com planejamento e os aspectos da vida pessoal e que foram atuação visando a atender às necessidades atingidos de seus educandos. pela doença e/ou seqüela, extrapolando, desta forma, a simples limitação física (COSTA, 2000). necessidades A mas especiais, compreende Educação preocupado em não técnicas, Física atender se tem os se grupos Qualidade de vida deixou de especiais. Nessa perspectiva, as crianças representar apenas uma vida sem doenças com cardiopatias congênitas têm sido um físicas, mas, acima de tudo, a busca da grupo de interesse que necessita de um felicidade e a satisfação pessoal em todos melhor estudo e pesquisa que possibilite à os área atuar com mais propriedade. aspectos da vida, no âmbito profissional, social, fisiológico, emocional As cardiopatias congênitas e espiritual, em um conjunto de equilíbrio consistem em defeitos estruturais presentes harmonioso (COSTA, 2000). desde a vida fetal ou ao nascimento. Nessa perspectiva, a área de Apesar de estarem relacionadas a várias Educação Física desde 1980, vem abrindo causas seu campo de trabalho para as pessoas com medicamentos necessidades da químicos e físicos, na maioria dos casos termo não se consegue uma firme correlação Educação especiais física por Adaptada. meio O como infecção, e atuação uso de “Atividade Física Adaptada” engloba os entre âmbitos da educação física, do esporte, do (LUPOGLAZOFF, et al, 1996). lazer, reabilitação, saúde e a anomalia e sua de agentes causa 4 Assim, pode-se assegurar que, interatrial (CIA), comunicação segundo Atik (1974), nessa faixa etária, as interventricular (CIV) e as que favorecem cardiopatias não só revelam aspectos obstrução ao livre escoamento do fluxo clínicos se sangüíneo, como estenose pulmonar (EP) distinguem pela freqüência das mesmas. A estenose emórtica (EAo) e coartação da classificação das cardiopatias, em base de aorta. Finalmente, as disritmias cardíacas formas clínicas de exteriorização, visa a (bloqueios uma taquiarritmias, distúrbios de condução, diferentes orientação como mais também racional no atrioventriculares, reconhecimento e diagnóstico de más etc.) formações cardíacas, dada a peculiar possíveis dificuldade observada nesses pacientes. cardiovasculares, embora muitas vezes não Insuficiência cardíaca, cianose, sopro e haja evidência de alterações anatômicas disritmias mais (ATIK et al, 1981). importantes formas de manifestação clínica Conforme cardíacas são as devem ser consideradas complicações de Moraes como anomalias (2005) as que os portadores de lesão cardíaca doenças demonstram nessa fase. Markowitz (1977) tratadas de diversas formas, entre elas já classificação destaca-se a execução de programas baseada nessas formas, excluindo as sistemáticos de exercícios físicos, que são disritmias. importantes como fatores terapêuticos e/ou havia proposto uma A cianose é elemento expressivo cardiovasculares podem ser preventivos, os quais quando executados no diagnóstico e, sobretudo na distinção de deforma certos tipos de cardiopatias. Citam-se produzem alterações que resultam em como referência a tetralogia de Fallot (TF), adaptações do “sistema cardiovascular”, as atresia pulmonar (AP), atresia tricúspide quais podem amenizar ou eliminar os (AT), TGV e cardiopatias complexas (CC), efeitos onde predomina o “shunt” de sangue de desencadeados pelas cardiopatias. adequada de e regularmente possíveis distúrbios direita para a esquerda. A presença de De acordo com Raglin (1990), sopro cardíaco, sem qualquer outro sinal, alguns estudos científicos apontam que valoriza a existência de algum defeito indivíduos com derrame ou outras doenças cardíaco. Nesse consenso, existem aquelas crônicas e que praticam regularmente que produzem “shunt” de sangue da exercícios esquerda para a direita como comunicação qualidade de vida, pois dormem melhor, físicos adquirem melhor 5 alimentam-se melhor, permanecendo mais repouso são distúrbios metabólicos, perda tranqüilos e apresentam uma sensível de massa muscular, redução do volume melhora na sua auto-estima. plasmático e conseqüentemente déficit da Souza (1994) afirma, também, função cardíaca, reduzindo volume de que o aumento do nível de beta endorfína ejeção e débito cardíaco (LUNT et al, produzida através de atividades físicas de 2003). intensidade baixa ou moderada, quando Contudo, a participação em encontrada em quantidade aumentada no programas de exercício supervisionado sistema nervoso central e na corrente deve ser parte na terapia de reabilitação. O sanguínea, pode aliviar também o processo exercício traz benefícios tanto na melhora depressivo. Porém, não podemos afirmar da capacidade funcional e redução da que a atividade física seja a solução para demanda de oxigênio para qualquer nível todos de atividade física como na redução do os problemas psicológicos e emocionais, mas podemos considerar, com risco base nas pesquisas já existentes, que o adquiridas (DEANFIELD et al, 2003). de doenças cardiovasculares exercício físico regular pode trazer uma O intuito da prática da atividade relevante contribuição na sua qualidade de física é propiciar o desenvolvimento global vida geral (COSTA, 2000). da criança, identificar a necessidade e a A preocupação da Educação capacidade de cada um quanto às suas Física em atender grupos de crianças com possibilidades de ação e adaptação para as cardiopatias é recente. Sabe-se, porém, que atividades diárias, visando também o as atividades recreativas na fase da reconhecimento de suas potencialidades e infância são de fundamental importância sua integração na sociedade. na abordagem de aspectos emocionais Para Bouchard e Shephard (1993) inerentes ao ser humano, que podem influir a atividade física é todo e qualquer significamente tanto nos aspectos motores movimento do corpo produzido pelos quanto no relacionamento interpessoal. respectivos grupamentos musculares e que As crianças com doença cardíaca congênita muitas vezes são submetidos a demanda um aumento do gasto energético de reserva. hospitalizações freqüentes, permanecendo Adotamos o termo Atividade confinados na cama por longos períodos. Física, como sinônimo de Exercício Físico, As conseqüências do prolongado tempo em apesar da diferença conceitual entre 6 atividade física e exercício físico que de em uma atividade profissional e garantindo acordo com Caspersen et al., (1985) é qualidade de vida (ARAÚJO, et al, 2004). definido, de forma mais restritiva, como O progresso terapêutico tem uma atividade física planejada, estruturada aumentado a sobrevida desses pacientes e, e repetitiva, cujo objetivo principal é a combinado manutenção das variáveis da aptidão física, populacional, tem possibilitado que esses da pacientes sejam encontrados cada vez mais performance física fundamentando-se referentes ao e nos tipo da saúde, princípios de atividade com o crescimento na prática diária (MARON et al, 2001). O desenvolvimento motor é desenvolvida, intensidade, freqüência e fundamental, considerando que a criança duração na realização (COSTA, 2000). desenvolve sua linguagem no intercâmbio A prática da atividade física tem com o ambiente, pela exploração ativa por sido apontada por pesquisadores como meio da manipulação dos objetos, da Dishman (1994) como um dos principais repetição das ações, pelo domínio do elementos na prevenção de várias doenças próprio corpo e controle do esquema cardiovasculares, redução da ansiedade e corporal e pelas relações que estabelece no sintomas de depressão, entre outras. ambiente (LAMÔNICA, 2004). Os avanços terapêuticos têm O ato de explorar o movimento no aumentado a sobrevida das crianças com brincar e o poder da imaginação das cardiopatias atualmente crianças é algo que se pode perceber no observa-se um maior número de crianças cotidiano do mundo infantil. As crianças com cardiopatias complexas que mantém trazem consigo a facilidade de improvisar cianose ou com problemas cardíacos e experimentar brincando, o que gera residuais que atingem a idade adulta. diversidade Nestes indivíduos, o acompanhamento repertório motor. Entretanto, não é raro médico e, muitas vezes, o uso de observar crianças que manifestam certas medicações será um cuidado para a vida dificuldades em seus movimentos quando toda, cabe a equipe de profissionais dar interagem com o meio onde vivem como, suporte para que possam manter um bom por exemplo, na orientação espacial e estado de saúde física e também auxiliar na temporal (LAZZOLI, et al, 1998). congênitas e inserção social possibilitando engajamento de movimentos no seu A habilidade motora grossa é classicamente definida por Clark (1994) 7 como a que envolve em sua manifestação a em longo prazo para acumular pelo menos mobilização de grandes grupos musculares 30 minutos ou mais de atividade física de produtores de força do tronco, braços e intensidade moderada na maioria, ou, em pernas. Esse tipo de habilidade está todos os dias da semana, preferencialmente intimamente relacionado às mais variadas atividades voltadas para a ludicidade. ações utilizadas cotidianamente, como Todo programa de atividades correr, pular, trotar, chutar, entre tantas devem conter desafios a todos os alunos, outras (ULRICH, 2000; CLARCK, 1994). permitir a participação de todos, respeitar Sua aquisição possibilita diretamente o suas limitações, promover autonomia e desenvolvimento enfatizar o potencial no domínio motor de habilidades mais especializadas, sobretudo as atividades (PEDRINELLI, 1994). esportivas e/ou programas de exercícios físicos sistematizados (GALLAHUE, 2005). Aliados a todos esses benefícios nos aspectos psicológicos, devemos, também considerar os efeitos que a As evidências sugerem ainda que atividade física pode proporcionar em a atividade física possa proteger contra o relação desenvolvimento da doença coronariana interferindo positivamente na saúde física e (JENNINGS et al., 1989), melhorar a capacidade funcional. Diante disso, Freitas probabilidade do risco de morte por (2002) afirma que apesar de ser muito doenças cardiovasculares (AGITA SÃO difícil elaborarmos uma fórmula pronta e PAULO, indivíduos acabada de um programa de atividade submetidos a programas de atividades física para pessoas especiais pretender físicas parecem ser mais ativos, auto- realizar atividades físicas, quer seja com a suficientes, emocionalmente amadurecidos finalidade de prevenção dos fatores de e auto realizados (DUARTE; ALPIERI, risco, reabilitação, lazer. 1998), e os 1993). aos ganhos fisiológicos, Autores relatam que a atividade Especialistas acreditam que a física tem grande importância na maioria dos benefícios da atividade física terapêutica dos pacientes, devendo ser pode ser obtida com a realização de iniciada precocemente, se possível, ainda atividades recreativas e de intensidade na fase hospitalar, dando prosseguimento moderada. Para Nieman (1999) devem ser pós-alta hospitalar, o que propicia retorno estabelecido para as crianças um objetivo ao estilo de vida anterior e melhor 8 qualidade de vida. Exercícios físicos de atividade física regular, em crianças melhoram a aptidão cardiovascular e cardiopatas, aumentam relacionado a autoconfiança quando praticados por um período prolongado, promovendo adaptações morfológicas e principalmente com as habilidades motoras. • Verificaram-se os benefícios da prática funcionais no que diz respeito ao sistema da atividade física quanto aos aspectos cardiovascular e ao sistema muscular emocionais das crianças submetidas ao (TITOTO, 2005). estudo. Portanto, a preocupação desta • Foram analisados os benefícios da pesquisa foi desenvolver programas de prática regular da atividade física reabilitação cardíaca com o propósito de quanto aos aspectos sociais do grupo proporcionar aos pacientes um retorno de estudo. mais precoce às atividades diárias e com melhor qualidade de vida, objetivando a prática regular dos exercícios físicos através de um programa estruturado, com segurança e no NIAFS (Núcleo Interdisciplinar de aprimorando nos aspectos físicos, motores Atividade Física e Saúde) em conjunto e sociais das crianças cardiopatas, na com o CENESP (Centro de Excelência procura Nacional em Esportes) no Campus da esboçar também O presente trabalho foi realizado o de visando MATERIAIS E MÉTODOS: uma possível contribuição para os profissionais da Faculdade Educação Física e da área da Saúde em Universidade geral que trabalham com esse grupo. FAEFI-UFU. O objetivo desta pesquisa foi demonstrar a contribuição de um programa de atividade física regular para a melhora da coordenação motora, através da melhora da qualidade de vida de crianças cardiopatas da cidade de Uberlândia. de Educação Federal Física de Sendo da Uberlândia o mesmo caracterizado como uma pesquisa quase experimental. De acordo com a temática e a modalidade da pesquisa, foram abordadas metodologias de caráter quantitativo, relacionada à causa e efeito da prática da atividade física, e uma análise mais • Avaliaram-se os benefícios físicos, qualitativa (observação do pesquisador através da aplicação de um programa quanto à prática dos exercícios propostos), 9 valorizando e respeitando devida o fato de a criança não estar participando produção do conhecimento em Educação de outros programas de atividade física. Física. Todos Inicialmente, tratados a partir os de a dados os participantes iniciaram no foram programa após a assinatura do terno de procedimentos consentimento livre e esclarecido pelos descritivos de média e desvio-padrão. Para pais ou responsáveis. a comparação entre o Pré e o Pós-teste foi aplicado o teste t de Student para variáveis dependentes. testes O programa de atividade física foi realizados foram considerados valores aplicado pelos próprios pesquisadores, três estatisticamente significativos aqueles com vezes por semana, no campus da Faculdade nível de significância de p<0,05 entre o de Educação Física, sendo utilizado todo o quociente motor do pré e do pós-teste de complexo para a realização das aulas. O cada programa tarefa Para todos proposta. E os Programa de atividade física: também a consistia em atividades pontuação dos sujeitos em todas as tarefas esportivas e recreativas, voltadas sempre e do quociente motor individual. As para o caráter lúdico, portanto, foram informações no propostas atividades funcionais, nas quais programa Statistic for Windows 5.0 para o as crianças conseguiam o domínio do tratamento dos dados. próprio corpo e controle do esquema foram processadas corporal, Amostra: A pesquisa foi realizada com 6 relacionando com as mais variadas ações utilizadas no cotidiano, como correr, pular, entre tantas outras e crianças de ambos os gêneros portadoras principalmente desenvolvendo de cardiopatias congênitas, com 9 ± 1,7 habilidades motoras. Segundo anos de idade, 29,27 ± 5,4 kg de massa (2004), treinamento deve o corporal, 135 ± 5 cm de estatura, programa residentes na cidade de Uberlândia. Todas funcional e realizado em um ambiente as crianças foram indicadas por médicos adequado. O envolvimento dos professores pediatras cardiologistas do Hospital das possibilita a criação de um ambiente Clínicas da UFU. As mesmas apresentaram educativo familiar e afetivamente seguro, indicação médica e encaminhamento para além as atividades físicas, sendo requisito básico programa. de de Souza suas validar ecologicamente ser o 10 A sessão de treinamento tinha que os jogos e as brincadeiras ocupem um duração de uma hora, sendo realizada com lugar de destaque nos programas que supervisão atendem essa população. direta e constante dos pesquisadores. As aulas foram previamente Pode-se afirmar, então, que a planejadas e estruturadas de forma para recreação, através de atividades afetivas e que os alunos progredissem a cada treino e psicomotoras, constitui-se num fator de recebiam feedback dos pesquisadores após equilíbrio na vida das pessoas, expresso na cada execução. interação entre o espírito e o corpo, a As atividades variavam de acordo afetividade e a energia, o indivíduo e o com cada esporte ou exercício praticado, grupo, promovendo a totalidade do ser porém sempre enfatizando as tarefas humano (CHICON, 1999). realizadas no teste desta pesquisa, ou seja, exercícios trabalhar que o tinha como equilíbrio; objetivo equilíbrio Antes do início do programa foi aplicado o pré-teste, três tarefas da Bateria em KTK que foram avaliadas nessa pesquisa, e marcha para trás; equilíbrio sobre uma após o término do programa de atividade perna; saltos laterais, saltos à distância e física o pós-teste com o intuito de verificar em altura; velocidade em saltos laterais; uma melhora, ou progresso na coordenação agilidade; o domínio da lateralidade e a motora das crianças depois de participarem estruturação espaço-temporal das crianças. do programa de atividade física. O treinamento incluiu diversas atividades dentro das modalidades esportivas, tais como a Ginástica Olímpica, Natação, Basquete e Futebol, utilizamos Teste de Coordenação Motora Para Crianças - KTK (KIPHARD e SCHILLING, 1974): O também a Psicomotricidade, que contribuiu teste KTK consiste na de maneira expressiva para a formação e realização de quatro tarefas motoras, estruturação porém, para esta pesquisa utilizamos três do esquema corporal e incentivou a prática do movimento em tarefas todas as etapas do programa. Por meio das equilíbrio em marcha à retaguarda, saltos atividades, se laterais e transferência sobre plataformas. divertirem, criaram, interpretaram e se Para Gorla (2001), esse teste envolve todos relacionaram umas com as outras. Por isso, os aspectos característicos de um estado de cada vez mais os educadores recomendam coordenação as crianças, além de desta bateria, motora, as que quais tem são: como 11 componentes o equilíbrio, o ritmo, a pós-teste), utilizou-se o teste KTK de lateralidade, a velocidade e a agilidade. KIPHARD e SCHILLING (1974). De A partir da publicação do manual acordo com os resultados, verificou-se uma do teste KTK por Kiphard e Schilling confiabilidade de 95%, como diferença (1974), alguns estudos e pesquisas foram significativa favorável, com relação à realizados com o intuito de verificar os hipótese, confirmando-a, portanto, ao nível critérios de autenticidade científica de um de p<0,05. O presente estudo sugere novas teste, ou seja, validade, fidedignidade, investigações comparativas e abordando objetividade, padrão e padronização. Os outras variáveis pertinentes. estudos com o teste KTK foram utilizados Fernandes (1999) realizou um como instrumentos para obter informações estudo com o objetivo de comparar e de variáveis das capacidades motoras diagnosticar globais, para estruturar programas de coordenado de 110 crianças de escolas educação física, verificar a validade com regulares. outros testes entre outros (GORLA, 2007). utilizados o Teste de Coordenação Motora o desempenho Como instrumentos motor foram Como pudemos observar, existem KTK de Kiphard e Schilling (1974) e uma vários estudos utilizando o teste KTK, entrevista semi-estruturada contendo dados relataremos, então, alguns estudos sobre o relativos teste, de acordo com Gorla (2007): habitacional No estudo de Bianchetti e Pereira (1994), realizaram uma análise à identificação, na escola, inserção clubes e associações. As análises revelaram um da predomínio de classificação normal para contribuição de um programa de atividades ambas às escolas, com superioridade para o físicas no desenvolvimento da coordenação sexo masculino. corporal de crianças deficientes auditivas, Santos et al. (1999), procurou-se de 7 a 9 anos de idade. A amostra avaliar o nível de desenvolvimento da constituiu-se de 8 crianças deficientes coordenação motora em um grupo de sete auditivas, de ambos os sexos, da do crianças portadoras de deficiência mental município de Maringá - Paraná. Ao grupo leve, moderada e severa e não portadora de foi aplicado um programa específico (36 deficiência mental, inscrito no projeto de sessões). Como instrumento de medida, extensão "Ginástica Olímpica - Esporte de para avaliar a situação inicial e final da Base", do Centro de Educação Física e capacidade de coordenação corporal (pré e Desportos da Universidade Estadual de 12 Londrina. A faixa etária dos participantes final das tarefas do KTK utilizadas nesta foi de cinco a nove anos de idade. Para pesquisa (GORLA, 2007). verificar os efeitos das atividades de ginástica olímpica sobre a coordenação Tarefa 1 - Trave de Equilíbrio: motora dos participantes, foram coletados dados utilizando-se o Teste de Coordenação Motora Para Crianças - KTK Objetivo: estabilidade do equilíbrio em marcha para trás sobre a trave. antes e depois da intervenção. Conforme a Material: Foram utilizadas três verificação do teste KTK, o grupo obteve traves de 3 metros de comprimento e 3 cm na primeira avaliação um coeficiente motor de altura, com larguras de 6 cm, 4,5 cm e 3 regular. Após a intervenção, no re-teste, o cm. coeficiente motor mostrou índice normal. Na parte inferior são presos Verificou-se assim, que a prática da pequenos travessões de 15 x 1,5 x 5 cm, ginástica olímpica, dentro da proposta de espaçados de 50 em 50 cm. Com isso, as trabalho, do traves alcançam uma altura total de 5 cm. desenvolvimento da coordenação motora Como superfície de apoio para saída, dos participantes. coloca-se à frente da trave, uma plataforma influenciou na melhora medindo 25 x 25 x 5 cm. As três traves de equilíbrio são colocadas paralelamente. Procedimentos A análise do desempenho da criança dá-se por meio de medidas quantitativas do movimento, Tarefa 02 - Saltos Laterais: Objetivo: Velocidade em saltos sendo registrado o número de passos na marcha à alternados. Material: Uma plataforma de retaguarda, o de saltos laterais e o de transposições realizadas. No KTK, apenas um avaliador foi designado para apontar e registrar a pontuação das crianças em cada tarefa. madeira (compensado) de 60 x 50 x 0,8 cm, com um sarrafo divisório de 60 x 4 x 2cm e um Cronômetro. Tarefa O teste dura cerca de 10 a 15 minutos para ser administrado. A sala de teste deve ser de mais ou menos 4x5 metros. Descrevemos a seguir, a forma 03 - Transferência Sobre Plataforma: Objetivo: estruturação espaço-temporal. lateralidade; 13 Material: Foram utilizados para o teste, 2 plataformas de 25 x 25 x 5 cm e um cronômetro. a próxima passagem válida (são três tentativas válidas em cada trave). Avaliação da tarefa: para cada As plataformas são colocadas lado trave, são contabilizados três tentativas a lado com uma distância entre elas de 5 válidas, o que perfaz um total de nove cm. Na direção de deslocar é necessário tentativas. Conta-se a quantidade de apoios uma área livre de 5 a 6 metros. (passos) sobre a trave no deslocamento à retaguarda com a seguinte indicação: a Execução do teste KTK (KIPHARD e criança está parada sobre a trave, o SCHILLING, 1974): primeiro pé de apoio não é tido como Trave de Equilíbrio: a tarefa ponto de valorização. Só a partir do consiste em caminhar à retaguarda sobre momento do segundo apoio é que se três traves de madeira com espessuras começa a contar os pontos. O avaliador diferentes. São válidas três tentativas em deve contar alto a quantidade de passos até cada deslocamento que um pé toque o solo ou até que sejam (passos) não é permitido tocar o solo com atingidos 8 pontos. A máxima pontuação os pés no chão. possível será de 72 pontos. O resultado trave. Durante o Antes das tentativas válidas, a criança pode tentar fazer a tarefa para se será igual ao somatório de apoios à retaguarda nas nove tentativas. adaptar à trave, no qual realiza um Anota-se o valor de cada tentativa deslocamento à frente e outro à retaguarda, correspondente a cada trave, fazendo-se a andando em toda a extensão da trave. soma horizontal de cada uma. Depois de Durante as tentativas não-válidas, somar as colunas horizontais, faz-se a a criança deve equilibrar-se, andando para soma na vertical, obtendo-se desta forma o trás, em toda a extensão da trave (no caso valor bruto da tarefa. Após realizar esse de tocar o pé no chão, continuar no mesmo procedimento, ponto), para que possa estimar melhor a Quociente Motor da tarefa através da distância a ser passada e familiarizar-se utilização das tabelas originais do estudo mais com o processo de equilíbrio. de Kiphard e Schilling (1974). obtém-se o valor do Se a criança tocar o pé no chão em qualquer tentativa válida, a mesma Saltos Laterais: a tarefa consiste deverá voltar à plataforma de início e fazer em saltitar de um lado para o outro, com os 14 dois pés ao mesmo tempo, o mais rápido possível, durante 15 segundos. Transferências sobre Plataforma: a tarefa consiste em deslocar- O avaliador demonstra a tarefa, se sobre as plataformas que estão saltitando por cima do sarrafo divisório de colocadas no solo, em paralelo, uma ao um lado para o outro, com os dois pés ao lado da outra, com um espaço de cerca de mesmo 12,5 cm entre elas. O tempo de duração tempo. Deve ser evitada a passagem alternada dos pés. será de 20 segundos, e a criança terá duas Caso a criança tocar o sarrafo tentativas para a realização da tarefa. divisório, sair da plataforma ou parar O avaliador demonstra a tarefa da durante um momento, a tarefa não deve ser seguinte maneira: fica de pé sobre a interrompida, porém, o avaliador deve plataforma da direita colocada a sua frente; instruir criança: pega a da esquerda com as duas mãos e a “Continue! Continue!”. No entanto, se o coloca a seu lado direito, passando a pisar indivíduo não se comportar de acordo com sobre ela, livrando sua esquerda, e assim a instrução dada, a tarefa é interrompida e sucessivamente. A transferência lateral reiniciada. No total, são executadas duas pode ser feita para a direita ou para a passagens válidas. esquerda, de acordo com a preferência do imediatamente Registra-se o a número de saltitamentos dados, em duas passagens de indivíduo. Essa direção deve ser mantida nas duas passagens válidas. 15 segundos (saltitando para um lado, Caso ocorram interferências conta-se um ponto; voltando, conta-se externas durante a execução que desviem a outro). Como resultado final da tarefa, atenção do indivíduo, a tarefa deve ser teremos a somatória de saltitamentos das interrompida. No caso de haver apoio das duas passagens válidas, somando esses mãos, toque de pés no chão, queda ou valores na horizontal, obtendo-se o valor quando a plataforma for pega apenas com bruto esse uma das mãos, o avaliador deve instruir a do criança a continuar e, se necessário, fazer da tarefa. procedimento, Após obtém-se realizar o valor Quociente Motor da tarefa através da uma utilização das tabelas originais do estudo interrompe a tarefa. de Kiphard e Schilling (1974). rápida correção verbal, sem São executadas duas passagens de 20 segundos, devendo ser mantido um 15 intervalo de pelo menos 10 segundos entre elas. Podemos observar a melhora significante dos sujeitos na execução de Conta-se tanto o número de todos os três exercícios realizados, transferência das plataformas, quanto as do parecendo não haver dúvidas acerca da corpo, em um tempo de 20 segundos. influência Conta-se 1 ponto quando a plataforma livre desenvolvidas no programa, na melhoria for apoiada do outro lado; 2 pontos quando do a criança passar com os dois pés para a consequentemente plataforma livre, e assim sucessivamente. habilidades São somados os pontos de duas passagens portadoras de cardiopatias congênitas. válidas. da prática desempenho no atividades pós-teste na motoras Conforme das melhora dessas e das crianças demonstrado no Somando os valores na horizontal Gráfico 01, o teste 2 (Saltos Laterais), das duas passagens válidas, obtém-se o obteve um maior percentual de melhora no valor bruto da tarefa. Após realizar esse pós-teste, o desenvolvimento dessa forma procedimento, de obtém-se o valor do movimentos coordenados em Quociente Motor da tarefa através da velocidade apresentam uma margem de utilização das tabelas originais do estudo rendimento significativo. Esses resultados, de Kiphard e Schilling (1974). provavelmente, se devem à facilidade de execução RESULTADOS E DISCUSSÃO: estimulada desta tarefa podendo e melhorada com ser mais facilidade através de exercícios específicos Os resultados desta pesquisa demonstram que o grupo de crianças cardiopatas obteve submetidas resultados significativos em todas à intervenção estatisticamente as variáveis analisadas. Conforme estão demonstrados no Gráfico 01, os resultados médios de cada tarefa no pré e no pós-teste e no Gráfico 02, os resultados médios do Quociente Motor no pré e pós-teste. no decorrer do programa. 16 Resultados Médios de cada tarefa entre pré e pós-teste 80 68 71,3 67,5 60 49,3 40 42,3 37 Pré Pós 20 T2 T3 Pós T1 Pré 0 Gráfico 01 – Resultados das médias das tarefas entre pré e pós-teste. A melhoria dos resultados do Quanto melhor for o repertório grupo, que pode ser observado na Tabela motor das crianças, maiores serão as 01, pode dever-se ao fato deste programa possibilidades ser constituído por uma maior variedade de aperfeiçoamento atividades, o que segundo Hirtz e Holtz obtidos pelo Teste t, mostrados na Tabela (1987) é um pressuposto essencial para o 01, nos quais se apresentam como valores treino das capacidades coordenativas. Em estatisticamente termos globais, verificaram-se, tal como reafirmar a idéia de que com o treinamento era esperado, mudanças significativas nos das habilidades motoras pode representar níveis de expressão da capacidade de um coordenação motora, como demonstrado nos resultados corporal das crianças submetidas ao treinamento psicomotor. As aulas tiveram, portanto, efeitos positivos no desenvolvimento multidimensional. desta aptidão de desenvolvimento motor, cujos significativos, aperfeiçoamento na e valores podem coordenação dessa pesquisa. Tendo a idade como referência, de acordo com a Tabela 01, é possível constatar que as crianças de sete anos obtiveram maiores índices de acerto nos 17 testes, comparando-as com as crianças de necessita de agilidade, força e a habilidade dez anos. Isso pode ser explicado pelo fato de saltar, onde as crianças cardiopatas que de ser nestes períodos, de sete a oito anos participaram da pesquisa em todas as de idade, que as crianças alcançam um faixas etárias obtiveram uma melhora nível maior de estabilidade motora. nessa habilidade. Para a execução da habilidade De acordo com a Tabela 01 que motora do pular (saltar), a criança deve mostra os valores individuais, o sujeito de apresentar controle das partes do corpo em 11 anos de idade apresentou melhores movimento. Os fatores de produção de resultados quando comparado com as força de agilidade, velocidade e energia, crianças de 9 e 10 anos, isso pode ser são do explicado que, conforme Gallahue e desempenho motor. Os fatores de controle Ozmuz (2001), crianças desta faixa etária motor (equilíbrio e coordenação) são de estão no período posterior da infância ou particular pré-adolescência. considerados determinantes importância no início da Esse período é infância, quando a criança está obtendo caracterizado por aumentos lentos, porém controle de suas habilidades motoras estáveis, na altura e no peso, e por um fundamentais. Os fatores de produção de progresso em direção à maior organização força tornam-se mais importantes depois dos sistemas sensorial e motor. As que a criança obtém controle de seus habilidades movimentos fundamentais e passa para a gradualmente sendo refinadas com a fase motora especializada da infância integração sensório-motora em constante posterior harmonia, de modo que no final desse (GALLAHUE & OZMUZ, 2001). perceptivo-motoras vão período a criança desempenha numerosas Ficando, então, visível o maior resultado encontrado por esta pesquisa, a melhora muito significante no pós-teste da tarefa Saltos Laterais (T2), cuja tarefa habilidades sofisticadas. 18 Tabela 01 - Resultados individuais de cada tarefa e resultados do teste t entre pré e pósteste da Bateria KTK (Kiphard e Schilling, 1974). Sujeito Idade T1 - Pré T1 - Pós T2 - Pré I 10 68 71 59 77 37 40 II 7 69 72 37 58 33 39 III 9 66 71 31 58 34 40 IV 11 72 72 70 93 53 56 V 10 66 71 53 62 35 42 VI 7 67 71 46 57 30 37 Média 9 68 71,33 49,33 67,5 37 42,33 Desvio Padrão ± 1,7 ± 2,28 ± 0,52 ± 14,38 ± 14,57 ± 8,17 ± 6,89 Teste t __ 0, 007 Os resultados da comparação de T2 - Pós T3 - Pré T3 - Pós 0, 0014 0, 0009 habilidades motoras fundamentais nas cada tarefa e do quociente motor no pré e áreas pós-teste são apresentados na tabela 02 e estabilidade, até o ponto em que estas também ilustrados no Gráfico 02. O teste t sejam contínuas e eficientes, pois a para variáveis dependentes demonstrou oportunidade de explorar e experimentar, haver estatisticamente pelo movimento corporal, os objetos do significante, para p<0,05, entre o quociente ambiente, serve para melhorar a eficiência motor do pré e do pós-teste de cada tarefa perceptivo-motora. diferença proposta. de locomoção, manipulação e Fica evidente a importância do Todos os sujeitos participantes da papel que a atividade física implica no pesquisa aumentaram seu Quociente Motor trabalho com crianças cardiopatas, visando no pós-teste de todas as tarefas, deste uma modo, Gallahue e Ozmun (2001) ressaltam treinamento das destrezas motoras. que se devem oportunidades oferecer para às que crianças refinem intervenção voltada para o 19 A criança sente necessidade de Dessa forma, podemos atribuir os movimentar-se, sendo que, por meio do resultados positivos, como o aumento do exercício, ocorre um aumento qualitativo Quociente Motor dos sujeitos no pós-teste, na coordenação de movimento, pois uma ao programa de treinamento aplicado, cujo criança que não se exercita não adquire a objetivo foi o treinamento psicomotor, a experiência de movimento (LaGRANGE, fim 1977). coordenação Possivelmente a tarefa mais complexa e que exigiu mais esforço dos executantes durante a realização do teste, de conseguir uma motora melhora das na crianças cardiopatas e consequentemente a melhora de sua qualidade de vida. Nesse contexto, como o foi o T3, Transferências sobre Plataformas. treinamento foi específico para aprimorar Pode ser observado na Tabela 02 que as habilidades motoras, consistiu em apesar de toda dificuldade envolvida, as exercícios que estimularam a criança a crianças evoluíram em uma proporção descobrir significativa para o pós-teste. principalmente A tarefa de deslocamento sobre plataformas do teste de coordenação suas potencialidades, através da repetição, chegando assim a uma execução cada vez mais perto da ideal. corporal caracterizou um tipo de avaliação Segundo Diem e Scholtzmethner de velocidade, combinada com um grau (1978), citados por Gorla (2007), pelo elevado de complexidade, pois necessitou exercício repetido de um movimento, do uso simultâneo de todos os segmentos instalam-se corporais e a coordenação da ação de transformando-o transferir com as mãos plataformas que aprendido. Quanto mais variada for a avançam a partir de trocas constantes, formação de estereótipos, tanto maior será passando sucessivamente de cima de uma a capacidade de movimento do indivíduo, para outra. Além disso, é necessário tentar ou quanto mais cedo e maior a coleção de avançar o máximo possível em distância, experiências motoras, tanto menor será o incluindo velocidade, que é limitada pelo perigo de deficiência ou insuficiências de próprio uso do aparelho, constituindo-se coordenação. em desempenho (GORLA, 2007). motor condicionado. um estereótipo em motor, movimento 20 Tabela 02 - Resultados do Quociente Motor de 3 testes da Bateria KTK (Kiphard e Schilling, 1974) no pré e pós-teste. Trave de Equilíbrio (T1) Saltos Laterais (T2) Transferências sobre Plataformas (T3) QM1_PRE 120,7 ± 6,7 QM2_PRE 92 ± 18,6 QM3_PRE 86,6 ± 15 QM1_POS 124,5 ± 6,7 QM2_POS 117,8 ± 19,6 QM3_POS 98,5±14,5 p 0,010 p 0,003 p 0,001 Resultados Médios do Quociente Motor entre pré e pós-teste 98,5 86,67 QM3 Pós 117,8 QM2 Pré 92 124,5 120,7 QM1 0 50 100 150 Gráfico 02 – Resultados das médias do Quociente Motor entre pré e pós-teste. A criança precisa contar com um sentimentos, crianças mais retraídas ambiente que a prepare e a estimule para conseguem diminuir a timidez e esse usar capacidades. conjunto de benefícios tende a perdurar por Participando de um programa de atividade toda a vida. Gorla (2007) reafirma dizendo física ela adquire habilidades, se socializa que quanto mais ricas forem as situações com outras crianças, aprende a dominar vividas, melhor será o desenvolvimento do todas as suas 21 esquema corporal. Consequentemente, uma De acordo com a Tabela 03 que melhora na qualidade de vida geral da mostra pontuação individual do QM o os criança. resultados desta pesquisa, parece que as É nesse âmbito que a Educação Física assume um papel de fundamental crianças se mostraram com uma boa coordenação. importância, pois representa o ambiente que mais movimentos propicia a diversos execução e de orientados, Para Harter (1981), citado por Gorla, crianças bem coordenadas, que desempenham tarefas podendo contribuir significativamente para sucesso, as o desenvolvimento psicomotor (Gorla sentimentos positivos, tais como: alegria, 2007). prazer e auto-competência. Por outro lado, Vale ressaltar que as crianças com as são crianças motoras que com com experimentam fracos níveis de cardiopatias congênitas participantes da coordenação, pesquisa tiveram a vivência de um provavelmente, por níveis baixos de programa estruturado e orientado de percepção de competência e ansiedade no atividade física, e conforme a Tabela 03, é domínio físico. Em conseqüência, se as possível notar que cada uma evoluiu seu crianças evitam atividades que envolvam QM no pós-teste, sendo cada valor movimentos, relacionado com a idade dos sujeitos. corporais com o meio serão limitadas e Para Hurtado movimentos naturais, praticados, permitem (1983), quando os bem caracterizam-se, as suas experiências logo afetarão o desenvolvimento da sua autopercepção. modificações Analisando as tarefas do teste de benéficas, em especial, ao organismo da coordenação motora KTK, tarefas de criança nas áreas cognitiva, afetiva e movimento psicomotora, pois quando são solicitadas estabilidade, direcionalidade e equilíbrio atividades de natureza física, criativa, necessitam intelectual e social, a estrutura de criança concentração, ou seja, a tarefa 1, Trave de ajusta-se ao esforço físico por meio da Equilíbrio. ação muscular, que se traduz em uma coordenação motora de gestos e que de requerem um certo precisão, grau de O equilíbrio é fundamental para a coordenação motora. movimentos mais equilibrados e bem (1984), mau definidos. construção do esquema corporal, porque um Segundo equilíbrio Raso afeta a 22 traz como conseqüência a perda da consciência de certas partes do corpo. Quanto mais defeituoso é o equilíbrio, mais energia se gasta, resultando em conseqüências psicológicas, como ansiedade e insegurança. Levando em considerações essas afirmações, por se tratar de uma atividade que contém muitas variáveis, pode, então, esclarecer, o porquê da menor variabilidade tanto do quociente motor, quanto da pontuação individual, de todos os sujeitos participantes, percebido pelos valores das médias e do teste t. (Tabela 03). Portanto, para ressaltar a importância da prática da atividade física como meio para melhorar e avaliar a coordenação motora de crianças, Kiphard e Schilling (1974), afirmar que a análise das capacidades físicas e condicionais tais como a força, a velocidade, a flexibilidade e a agilidade, permite estabelecer uma relação com os aspectos perceptivocoordenativos. 23 Tabela 03 – Pontuação do Quociente Motor individual dos sujeitos do estudo e resultados do teste t entre pré e pós-teste da Bateria KTK (Kiphard e Schilling, 1974). Sujeito Idade QM1 Pré QM1 Pós QM2 Pré QM2 Pós QM3 Pré QM3 Pós I 10 116 119 99 123 76 82 II 7 118 122 65 96 77 90 III 9 128 133 82 121 96 110 IV 11 121 121 109 145 112 119 V 10 112 119 83 94 73 87 VI 7 129 133 114 128 86 103 Média 9 120,7 124,5 92 117,8 86,67 98,5 Desvio Padrão ± 1,7 ± 6,7 ± 6,7 ± 18,6 ± 19,6 ± 15 ± 14,5 Teste t __ 0,01 0,003 desenvolvidos CONCLUSÃO: 0,001 com o propósito de proporcionar aos pacientes um retorno A partir dos resultados mais precoce às atividades diárias e com encontrados, podemos concluir que a melhor qualidade de vida, objetivando a alteração positiva ocorrida nos escores dos prática regular dos exercícios físicos com testes subseqüentes ao tratamento aplicado, segurança e baixos custos. através do treinamento psicomotor, em crianças com cardiopatias É de grande importância que congênitas, continue sendo desenvolvidas pesquisas na sugere que se continue uma intervenção, área da Educação Física, bem como o juntamente de desenvolvimento de protocolos, de projetos programas de atividades físicas específicas e de programas de reabilitação cardíaca. que possam possibilitar cada vez mais uma Sugerindo assim que novas investigações melhora na qualidade de vida dessas devem ser realizadas na tentativa de crianças. consolidar melhor os conhecimentos nesta com a área médica, Atualmente diversos programas de reabilitação cardíaca vêm sendo linha de pesquisa. 24 model and key concepts. 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Physical activity, beneficiai motor and detrimental SportMedicine, v. 9, n.6, 1990. effects. development age and sex differences. Miami, Symposia Specialists, 1978. 28 ANEXOS 29 Anexo I Termo de Consentimento Livre e Esclarecido 30 TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO O seu filho(a) está sendo convidado para participar da pesquisa “A Prática da Atividade Física na Melhora da Qualidade de Vida em Crianças Cardiopatas”. Sob a responsabilidade da pesquisadora Prof. Dr. Patrícia Silvestre de Freitas. Nesta pesquisa nós estamos buscando entender as contribuições da atividade física recreativa na promoção da qualidade de vida em crianças com cardiopatias da cidade de Uberlândia. Na participação da pesquisa as crianças farão atividades físicas recreativas no Campus da Faculdade de Educação Física da UFU, as aulas serão realizadas 2 (duas) vezes na semana, com duração de 50 (cinqüenta) minutos. Em nenhum momento as crianças serão identificadas. Os resultados da pesquisa serão publicados e ainda assim a sua identidade será preservada. A divulgação da pesquisa é para fins didáticos e científicos não implicará em sua identificação. O participante não terá nenhum ônus e ganho financeiro por participar da pesquisa, não receberá nenhum tipo de remuneração com sua participação e veiculação dos resultados da pesquisa. Não haverá nenhum risco à integridade física, moral e social das crianças. Os benefícios da participação da pesquisa estão na melhora na qualidade de vida das crianças submetidas ao estudo, através de atividades físicas recreativas. A qualquer momento o participante e/ou os pais ou responsáveis legais podem desistir de participar da pesquisa e podem retirar o seu consentimento. A recusa não trará nenhum prejuízo para o senhor e seu filho(a) nem em sua relação com o pesquisador ou com a instituição. Você receberá uma cópia deste termo onde consta o telefone e o endereço do pesquisador, podendo tirar suas dúvidas sobre a pesquisa e sua participação, agora ou a qualquer momento. Pesquisadora: Patrícia Silvestre de Freitas - Endereço: Av. Beijamin Constant, nº. 1286 Bairro: Aparecida - Fone: 3218 2910 Comitê de Ética em Pesquisa – CEP: Av. João Naves de Ávila, nº 2160 – Bloco J Fone: 3239 4131 Uberlândia, ___ de _______________ de 2007. ______________________ Pais ou Responsáveis legais 31 Anexo II KTK (KIPHARD e SCHILLING, 1974) 32 TESTE DE COODENAÇÃO MOTORA PARA CRIANÇAS KTK ENERT J. KIPHARD; E. F. SCHILLING OBSERVAÇÕES GERAIS PARA A APLICAÇÃO DO TESTE: APLICAÇÃO DO TESTE: O KTK terá um bom desenvolvimento e objetividade quando as observações para a realização e os critérios forem bem observados, ele poderá ser aplicado por psicólogos como também por professores ou pessoal correspondente. LOCAL DE APLICAÇÃO: O local de aplicação do teste deve ser o máximo possível livre de ruídos ou barulhos, com aproximadamente 4x5 metros de área. O solo não deve ser escorregadio e nem muito duro (não realizar em solo de pedra ou cimento). Como calçado recomenda-se tênis leve ou descalço. MATERIAL PARA A APLICAÇÃO DO TESTE: 3.1 TESTE DE EQUILÍBRIO DINÂMICO PARA TRÁS – TRAVE DE EQUILÍBRIO 3 traves de equilíbrio de 300cm de comprimento e 3cm de altura com largura de 3cm, 4,5cm e 6cm nos quais deverá ter uma travessa a cada 50cm (12x5x2), com as travessas, a trave de equilíbrio deverá ter uma altura de 5 cm. No início da trave deve ser colocado uma pequena prancha, utilizada no exercício n.º 4. 3.2 SALTO MONOPEDAL (UMA PERNA) 12 pranchas de espumas (50x20x5cm) 3.3 SALTOS LATERAIS 1 prancha de 100cm, dividida ao meio por uma travessa com as seguintes medidas: Prancha: (60x50x0,8cm) Travessa (60x4x2cm) 1 cronômetro 3.4 TRANSFERÊNCIA SOBRE PLATAFORMA 33 2 PRANCHAS (25x25x1,5cm) com quatro cantos (borracha ou outro material 3,7cm de altura) 1 cronômetro 4. REALIZAÇÃO DOS EXERCÍCIOS 4.1 EXERCÍCIO N.º 1: EQUILÍBRIO DINÂMICOPARA TRÁS – TRAVE DE EQUILÍBRIO PREPARAÇÃO: colocar as 3 traves de equilíbrio (6cm, 4,5cm e 3cm) no solo e no final a prancha utilizada no exercício 4. REALIZAÇÃO: o exercício consiste em andar para trás equilibrando-se em cada uma das traves de equilíbrio, será permitido 3 tentativas para cada trave, o aplicador demonstrará sobre a trave de 6cm para frente e depois para trás, repetindo o exercício em cada trave para que a criança entenda o exercício. Será permitido uma tentativa para a criança antes do exercício, para frente e para trás em cada trave. Nas 3 tentativas durante a realização do exercício, se a criança tocar o solo com 1 ou 2 pés, deverá iniciar novamente a tentativa. Para a avaliação será considerado 3 vezes o equilíbrio andando para trás em cada trave, sendo um total de 9 tentativas. ORIENTAÇÃO PARA O EXERCÍCIO: nós vamos treinar agora uma vez o nosso equilíbrio, você anda em uma destas traves até a tábua, OK? Ao chegar lá você fica um pouquinho em uma das tábuas, depois você vem andando com muito cuidado para trás sem pisar do lado da trave, depois do treino, você fica novamente sobre a tábua no final em vem andando para trás, eu vou contar quantos passos você vai conseguir, quando você tocar o chão do lado da trave com o pé, volte imediatamente para o início e comece de novo. VALORIZAÇÃO DO EXERCÍCIO: a contagem deverá ser iniciada quando começa o equilíbrio para trás da criança, da seguinte forma: a criança de pé tranqüila sobre a prancha, o primeiro passo para trás não deverá ser pontuado, somente começar a contagem quando o 2º pé deixar a prancha e tocar a trave. (aqui começa na realidade o equilíbrio). O aplicador deverá contar alto os pontos (passos), será valorizado a contagem dos passos, até que 1 dos pés ou ambos toquem o solo ou consiga 8 pontos (passos). Se a criança conseguir equilibrarse em toda a trave com menos de 8 passos deverá ser computado 8 pontos. No equilíbrio para trás, o resultado das três tentativas por traves deverá ser anotadas e somadas. Por tentativa e por trave, poderá ser conseguido o máximo de 8 pontos, o que dará um total de 3x3x8=72. 4.2 EXERCÍCIO N.º 2: SALTO MONOPEDAL (uma perna): PREPARAÇÃO: as 12 pranchas de espuma devem estar preparadas umas sobre as outras no solo. 34 REALIZAÇÃO: o exercício consiste em saltar com uma perna sobre uma ou mais pranchas de espuma. O aplicador demonstra o exercício, saltando a espuma a uma distância de aproximadamente 1,50cm com uma perna. A altura inicial para a tentativa válida, dependerá do exercício de treinamento antes do teste, bem como da idade da criança. Será permitido o treinamento anterior 2 vezes em cada perna. Para crianças de 5 a 6 anos será permitido como treinamento 2 vezes 5 saltos por perna sem a prancha de espuma (altura 0cm). Após conseguir saltar com 1 perna, aí começa o salto para a contagem com a altura de 5cm cada vez com 1 perna (direita, esquerda). Se a criança não conseguir saltar com 1 perna, então deverá ser iniciada com a altura zero. Para crianças a partir de 6 anos de idade segue-se duas tentativas para treinamento na altura de 5cm (1 prancha de espuma) para a perna direita e esquerda. Se a criança não conseguir no treinamento, deverá iniciar então para a contagem da altura zero, se conseguir no treinamento, inicia para a contagem com a altura relativa a sua idade. Se a 1ª tentativa válida na altura recomendada de acordo com a idade não for conseguida, esta será invalidada, devendo a criança iniciar então a 1ª tentativa com 5cm de altura. ALTURA INICIAL RECOMENDADA DE ACORDO COM A IDADE: 6-7 anos: 5cm (1 prancha de espuma) 7-8 anos: 15cm (3 pranchas de espuma) 9-10 anos: 25cm (5 pranchas de espuma) 11-14 anos: 35cm (7 pranchas de espuma) Para saltar o obstáculo de espuma, a criança deverá calcular uma distância de aproximadamente 1,50m antes do salto, o aplicador deverá antes do salto, pressionar a espuma para que a criança veja que não há risco. Depois do salto a criança deverá ainda saltar no mínimo 2 vezes sobre a mesma perna, para cada altura por perna serão concedidas 3 tentativas válidas. ORIENTAÇÃO DO EXERCÍCIO: você inicia aqui o salto com uma perna, experiente saltar a espuma e depois dê no mínimo dois saltitos com a mesma perna. Durante todo o tempo você não pode tocar o chão com a outra perna, senão cometerá um erro. VALORIZAÇÃO DO EXERCÍCIO: para cada altura deverá ser valorizada a tentativa da seguinte forma: Sucesso: 1ª tentativa = 3 pontos 2ª tentativa = 2 pontos 3ª tentativa = 1 ponto 35 Para a altura inicial a partir de 5cm de altura, quando conseguido na 1ª tentativa, deverá ser valorizado 3 pontos para cada altura imediatamente anterior. Não será validada a tentativa em que a criança derrubar a espuma, tocar o solo com a outra perna ou não dar os 2 saltitos com a mesma perna. Com insucesso nas 3 tentativas em uma determinada altura, a criança só poderá continuar se tiver conseguido nas 2 alturas anteriores 5 pontos, caso contrário o exercício deverá ser interrompido onde parou o último salto válido da perna direita e esquerda. Para 12 pranchas de espuma (60cm de altura) e a altura 0 (zero) 5 saltos podem ser conseguido o máximo de 39 pontos por perna perfazendo um total de 78 pontos. 4.3 EXERCÍCIO N.º 3: SALTOS LATERAIS PREPARAÇÃO: o aplicador deverá colocar a prancha para o salto lateral sobre o solo e preparar o cronômetro. REALIZAÇÃO DO TESTE: o exercício consiste em saltar lateralmente com as duas pernas ao mesmo tempo sobre a travessa da prancha, o mais rápido possível durante um tempo de 15 segundos. O aplicador demonstra o exercício, como treinamento será permitido 5 saltos. O salto não simultâneo com os dois pés deverá ser evitado ao máximo, mas não considerará erro se a aterrissagem do outro lado for simultânea. Se a criança sair da prancha ou tocar na travessa ou interromper momentaneamente os saltos, não deverá ser interrompida, pelo contrário deverá ser estimulada a continuar, a não ser que tenha atrapalhado bastante, aí deverá interromper a tentativa e iniciar novamente. Em um total será permitido 2 tentativas válidas. ORIENTAÇÃO DO EXERCÍCIO: você se posicione do lado da travessa com os dois pés juntos e comece, quando eu der o sinal, a saltar, a saltar para um lado e outro o mais rápido que puder até eu der o sinal de “pare”, se você tocar a travessa não pare, continue. VALORIZAÇÃO DO EXERCÍCIO: deverá ser computado a contagem de saltos durante os 15 segundos (ida = 1, volta = 2). O número de saltos das 2 tentativas deverá ser somado. 4.4 EXERCÍCIO N.º 4: TRANSFERÊNCIA SOBRE PLATAFORMA PREPARAÇÃO: as pranchas deverão estar no solo a uma distância aproximada de meia prancha uma da outra. Na direção para onde deverá ser a caminhada é necessário um espaço livre de 3-4 metros, um cronômetro deverá estar preparado. REALIZAÇÃO DO EXERCÍCIO: O exercício consiste, em 2 tentativas, durante um tempo de 20 segundos, modificar lateralmente a prancha o mais freqüente possível. Primeiramente o aplicador deverá demonstrar, ele se coloca de pé sobre a prancha da direita, das duas que estão à sua frente, posteriormente com as 2 mãos pega a da esquerda e coloca à sua direita, logo após passa para esta, pegando a outra e colocando sempre à sua direita, e assim por diante (a colocação para a direita ou esquerda poderá depender da vontade da criança). As duas tentativas deverão ser feitas uma após a outra, com um intervalo de no mínimo 10 36 segundos. A contagem deverá ser feita em voz alta, depois da demonstração a criança poderá fazer de 3 a 5 vezes para treinamento. ORIENTAÇÃO DO EXERCÍCIO: você se coloca de pé sobre a prancha, pega a outra com as duas mãos e a coloca do outro lado, depois você desce desta prancha para a outra, pega a que estiver livre e passa para o lado e assim por diante, o mais rápido possível, até eu falar “pare”. Você não poderá tocar o solo com os pés. VALORIZAÇÃO DO TESTE: a contagem será feita durante 20 segundos da seguinte maneira: 1 ponto quando a prancha da esquerda pegada pela criança tocar o chão do outro lado; 2 pontos quando os pés trocarem de prancha; 3 pontos quando a prancha da esquerda for colocada novamente assim por diante. O valor das duas tentativas deverá ser anotado e somados posteriormente. INTERPRETAÇÃO DO TESTE: através da soma do valor dos pontos em cada tentativa, obtém-se para cada exercício do KTK uma soma do valor total, a qual se encontra a direita do protocolo sob a sigla “RW”. O valor total (RW) não significa ainda a performance da criança no teste, é necessário uma comparação de acordo com a idade da criança. Para a interpretação utilizamos o “quociente motor (M.Q.)”. Na tabela de normas, encontramos o valor do quociente motor equivalente com a idade da criança. O quociente motor dos quatro exercícios deverão ser somados, onde teremos então o “quociente motor total” do KTK, o qual servirá de base para a interpretação do resultado do teste (ver tabela de norma geral). Crianças com um resultado do quociente motor menor ou igual a 85, possuem um fraco domínio de coordenação corporal, crianças com um “M.Q.” menor ou igual a 70, apresentam provavelmente algum tipo de distúrbio de coordenação. Para a interpretação final, compara-se o quociente motor total (M.Q.) do KTK com a classificação contida na tabela de classificação da performance motora do KTK.