UNIVERSIDADE TÉCNICA DE LISBOA
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO
Embalagens de bens alimentares: contributos para a
definição de políticas eco-eficientes em Portugal
Paulo Jorge Trigo Ribeiro
(Licenciado)
Dissertação para a obtenção do Grau de Mestre em
Engenharia e Gestão de Tecnologia
Orientador:
Doutor Paulo Manuel Cadete Ferrão
Presidente do Júri: Doutor Manuel Frederico Tojal de Valsassina Heitor
Vogais :
Doutor Paulo Manuel Cadete Ferrão
Doutor Manuel Arlindo Amador de Matos
Doutor Tiago Morais Delgado Domingos
Outubro de 2002
Resumo
Resumo
As embalagens são um elemento fundamental de quase todos os produtos alimentares
e igualmente uma importante fonte de impactes ambientais e de resíduos em Portugal
e no resto do mundo. De modo a se reduzir a pressão das embalagens sobre o
ambiente é necessário avaliar os seus impactes ao longo de todo o seu ciclo de vida.
Para tal foi realizada uma Avaliação de Ciclo de Vida (ACV) às principais
embalagens de bens alimentares portuguesas e efectuaram-se recomendações com
base nos resultados obtidos com o objectivo de permitir aos agentes decisores:
produtores, embaladores, entidades governamentais, etc. a elaboração de políticas
fundamentadas tecnicamente que possibilitem a redução do impacte ambiental
associado à produção, embalamento, distribuição e deposição final das embalagens de
bens alimentares. Foram avaliadas embalagens de metal, madeira, plástico,
papel/cartão e vidro e os sectores de produtos lácteos, gorduras alimentares, frutas e
legumes, confeitaria e congelados. Com base na situação actual foram analisados
vários cenários de eco-eficiência e efectuadas considerações sobre políticas de
embalagem que, em termos gerais, devem contribuir para a inovação e
desenvolvimento tecnológico do sector.
Palavras-chave: Avaliação de Ciclo de Vida, embalagens, bens alimentares, políticas
de embalagem, reciclagem de materiais, eco-design.
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
i
Abstract
Abstract
Packaging is a fundamental element of almost every food product and at the same
time an important source of environmental burdens and waste in Portugal and in the
rest of the world. To reduce its environmental pressure is necessary to take into
account the entire life cycle of packages. Thus a Life Cycle Assessment of the most
important Portuguese food packages was conducted and with the results obtained
some recommendations were made to allow the elaboration of technical funded
policies by the stakeholders - producers, packagers, governmental entities, etc. – in
order to reduce the environmental impacts of production, packaging, distribution and
disposal of food packages. The packages assessed were constituted by steel, wood,
plastic, paper/board and glass and belonging to the dairy products, alimentary fats,
fruits and vegetables, confectionery and frozen products sectors. Taking into account
the present situation different eco-efficiency scenarios were analysed and
considerations about packaging policies were made, which in general terms, should
encourage innovation and the technological development of the sector.
Key words: Life Cycle Assessment, packages, food products, packaging policies,
materials recycling, design for environment.
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
ii
Agradecimentos
Agradecimentos
Desejo agradecer em primeiro lugar ao Prof. Paulo Ferrão pela sua orientação, apoio e
boa disposição sem os quais esta dissertação não teria sido possível.
À SPV a qual financiou o projecto “Avaliação de Ciclo de Vida de Embalagens em
Portugal” e aos produtores, embaladores, recicladores e demais empresas e
associações que forneceram os dados fundamentais para a realização deste trabalho.
Aos meus pais que estiveram sempre presentes quando necessitei e que me
encorajaram e deram condições para prosseguir a minha formação académica.
À minha restante família, especialmente à minha irmã, pelo interesse e apoio
manifestado no decorrer deste trabalho.
À Mónica por me ter dado força na última fase da dissertação.
A todos os meus colegas e amigos pelo seu incentivo, amizade e riqueza de
experiências de trabalho que muito valorizaram esta dissertação.
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
iii
Nomenclatura
Nomenclatura
ACV
- Avaliação de Ciclo de Vida
AFCAL
- Associação dos Fabricantes de Cartão para Alimentos Líquidos
AIMGA
- Associação dos Industriais de Margarinas e Gorduras Alimentares
AIVE
- Associação dos Industriais de Vidro de Embalagem
AMAVE
- Associação de Municípios de Vale do Ave
AMTRES
- Associação de Municípios de Cascais, Oeiras e Sintra para o
Tratamento de Resíduos Sólidos
ANIL
- Associação Nacional dos Industriais de Lacticínios
APME
- Association of Plastics Manufacteurs in Europe
B&A
- Barbosa e Almeida
BGMC
- British Glass Manufacturers Confederation
CELPA
- Associação Nacional da Indústria Papeleira
CEPI
- Confederation of the European Paper Industries
CERV
- Associação de Reciclagem dos Resíduos de Embalagens de Vidro
CIR
- Companhia Industrial de Reciclagem
CMO
- Câmara Municipal de Oeiras
CTCV
- Centro Tecnológico da Cerâmica e do Vidro
DGA
- Direcção Geral do Ambiente
ECE
- Economic Commission for Europe
EEA
- European Environment Agency
EMBAR
- Associação Nacional de Recuperação e Reciclagem de Resíduos de
Embalagem de Madeira
ERPA
- European Recovered Paper Association
FAO
- Food and Agricultural Organization
FEVE
- Federação Europeia do Vidro de Embalagem
Fileira Metal
- Associação Nacional para a Recuperação, Gestão e Valorização de
Resíduos de Embalagens Metálicas
FIOVDE
- Federação das Indústrias de Óleos Vegetais, Derivados e
Equiparados
FIPA
- Federação das Indústrias Portuguesas Agro-Alimentares
Horeca
- Canal de distribuição constituído pelos hotéis, restaurantes e cafés
INA
- Índice Nielsen Alimentar
INCIM
- Índice Nielsen de Consumo Imediato
INE
- Instituto Nacional de Estatística
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
iv
Nomenclatura
INR
- Instituto dos Resíduos
IPTS
- Institute for Prospective Technological Studies
ITN
- Instituto Tecnológico e Nuclear
ITVE
- Instalação de Tratamento de Valorização de Escórias
JMD
- Jerónimo Martins Distribuição
JRC
- Joint Research Centre
LCA
- Life Cycle Assessment
p.l.
- Peso líquido
PAH
- Polynuclear Aromatic Hydrocarbons
PE
- Polietileno
PEAD
- Polietileno de alta densidade
PEBD
- Polietileno de baixa densidade
PERSU
- Plano Estratégico Sectorial de Gestão dos Resíduos Sólidos
Urbanos
PESCADO
- Associação de Comerciantes de Pescado
PET
- Polietileno de Tereftalato
PLASTVAL
- Valorização de Resíduos Plásticos S.A.
PP
- Polipropileno
PS
- Poliestireno
PVC
- PolyVinyl Chloride (Policloreto de Vinilo)
RECIPAC
- Associação Nacional de Recuperação e Reciclagem de Papel e
Cartão
RSU
- Resíduos Sólidos Urbanos
SETAC
- Society of Environmental Toxicology and Chemistry
SIGRE
- Sistema Integrado de Gestão de Resíduos de Embalagens
SPM
- Suspended Particulate Matter
SPV
- Sociedade Ponto Verde
TCE
- Taxa de Cobertura Estimada do universo Nielsen
USEPA
- United States Environmental Protection Agency
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
v
Índice
Índice
Resumo........................................................................................................................................ i
Abstract ...................................................................................................................................... ii
Agradecimentos ........................................................................................................................ iii
Nomenclatura ............................................................................................................................iv
Índice..........................................................................................................................................vi
Índice de Figuras...................................................................................................................... xi
Índice de Tabelas .....................................................................................................................xvi
1
Introdução..........................................................................................................................1
1.1
Motivação, âmbito e objectivos...........................................................................1
1.1.1
Motivação......................................................................................................................... 1
1.1.2
Âmbito e objectivos ......................................................................................................... 2
1.2
Organização da dissertação ................................................................................3
1.3
As embalagens e o ambiente ...............................................................................4
1.3.1
A função das embalagens................................................................................................. 4
1.3.2
A embalagem como resíduo............................................................................................. 5
1.3.3
A embalagem e a Ecologia Industrial............................................................................... 6
1.4
A metodologia de Avaliação de Ciclo de Vida...................................................8
1.4.1
Considerações iniciais ...................................................................................................... 8
1.4.2
Definição do âmbito e objectivos................................................................................... 10
1.4.2.1
Âmbito e objectivos da ACV de embalagens de bens alimentares ......................... 10
1.4.2.2
Unidade funcional.................................................................................................. 10
1.4.2.3
Fronteiras do sistema............................................................................................. 11
1.4.3
Análise de inventário...................................................................................................... 12
1.4.4
Avaliação de impactes ambientais ................................................................................. 13
1.4.4.1
Considerações iniciais ........................................................................................... 13
1.4.4.2
Classificação / Caracterização .............................................................................. 14
1.4.4.3
Normalização ......................................................................................................... 16
1.4.4.4
Avaliação ............................................................................................................... 17
1.4.5
Interpretação de resultados............................................................................................. 18
1.4.6
Software de ACV - SIMAPRO ..................................................................................... 18
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
vi
Índice
2
As embalagens de bens alimentares em Portugal...........................................................20
2.1
Tipos de embalagens..........................................................................................20
2.1.1
Considerações iniciais .................................................................................................... 20
2.1.2
Sectores e materiais de embalagem relevantes............................................................... 21
2.1.3
Produtos lácteos ............................................................................................................. 23
2.1.4
Gorduras alimentares ..................................................................................................... 26
2.1.5
Frutas e legumes............................................................................................................. 29
2.1.6
Confeitaria...................................................................................................................... 30
2.1.7
Produtos congelados....................................................................................................... 31
2.2
3
Circuitos actuais de processamento de resíduos .............................................33
2.2.1
Considerações iniciais .................................................................................................... 33
2.2.2
Embalagens de aço......................................................................................................... 34
2.2.3
Embalagens de alumínio ................................................................................................ 35
2.2.4
Embalagens de cartão canelado e papel ......................................................................... 36
2.2.5
Embalagens de cartão para alimentos líquidos............................................................... 38
2.2.6
Embalagens de madeira.................................................................................................. 38
2.2.7
Embalagens de plástico .................................................................................................. 40
2.2.8
Embalagens de vidro ...................................................................................................... 40
Avaliação de Ciclo de Vida de embalagens de bens alimentares em Portugal..............42
3.1
Caracterização do estudo ..................................................................................42
3.1.1
Fontes de informação e qualidade da informação .......................................................... 42
3.1.2
Apresentação de dados e resultados ............................................................................... 43
3.1.3
Pressupostos assumidos.................................................................................................. 44
3.1.3.1
Considerações prévias ........................................................................................... 44
3.1.3.2
Embalamento ......................................................................................................... 45
3.1.3.3
Transporte.............................................................................................................. 45
3.1.3.4
Utilização ............................................................................................................... 46
3.1.3.5
Fim de vida............................................................................................................. 46
3.2
Embalagens de produtos lácteos.......................................................................46
3.2.1
Introdução ...................................................................................................................... 46
3.2.2
Leites.............................................................................................................................. 47
3.2.2.1
Descrição das embalagens..................................................................................... 47
3.2.2.2
Informação sobre o ciclo de vida ........................................................................... 48
3.2.2.3
Caracterização dos impactes ambientais............................................................... 48
3.2.3
Iogurtes........................................................................................................................... 51
3.2.3.1
Descrição das embalagens..................................................................................... 51
3.2.3.2
Informação sobre o ciclo de vida ........................................................................... 54
3.2.3.3
Caracterização dos impactes ambientais............................................................... 54
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
vii
Índice
3.3
3.2.3.3.1
Copos de PS..................................................................................................... 54
3.2.3.3.2
Garrafa de PEAD............................................................................................. 57
Embalagens de gorduras alimentares ..............................................................59
3.3.1
Introdução ...................................................................................................................... 59
3.3.2
Óleos vegetais ................................................................................................................ 60
3.3.2.1
Descrição das embalagens..................................................................................... 60
3.3.2.2
Informação sobre o ciclo de vida ........................................................................... 61
3.3.2.3
Caracterização dos impactes ambientais............................................................... 62
3.3.3
Azeite ............................................................................................................................. 64
3.3.3.1
Descrição das embalagens..................................................................................... 64
3.3.3.2
Informação sobre o ciclo de vida ........................................................................... 66
3.3.3.3
Caracterização dos impactes ambientais............................................................... 67
3.3.3.3.1
Garrafas de Vidro ............................................................................................ 67
3.3.3.3.2
Lata de folha de flandres ................................................................................. 69
3.3.4
Margarinas ..................................................................................................................... 72
3.3.4.1
Descrição das embalagens..................................................................................... 72
3.3.4.2
Informação sobre o ciclo de vida ........................................................................... 74
3.3.4.3
Caracterização dos impactes ambientais............................................................... 74
3.3.4.3.1
Embalagens de PP ........................................................................................... 74
3.3.4.3.2
Embalagens de Papel/Alumínio/PE................................................................. 77
3.3.5
Manteigas ....................................................................................................................... 79
3.3.5.1
Descrição das embalagens..................................................................................... 79
3.3.5.2
Informação sobre o ciclo de vida ........................................................................... 81
3.3.5.3
Caracterização dos impactes ambientais............................................................... 81
3.4
Embalagens de frutas e legumes.......................................................................84
3.4.1
Introdução ...................................................................................................................... 84
3.4.2
Frutas e legumes industriais ........................................................................................... 85
3.4.2.1
Descrição das embalagens..................................................................................... 85
3.4.2.2
Informação sobre o ciclo de vida ........................................................................... 86
3.4.2.3
Caracterização dos impactes ambientais............................................................... 87
3.4.3
Frutas e legumes frescos ................................................................................................ 89
3.4.3.1
Descrição das embalagens..................................................................................... 89
3.4.3.2
Informação sobre o ciclo de vida ........................................................................... 91
3.4.3.3
Caracterização dos impactes ambientais............................................................... 91
3.5
Embalagens de confeitaria ................................................................................93
3.5.1
Introdução ...................................................................................................................... 93
3.5.2
Bolachas ......................................................................................................................... 94
3.5.2.1
Descrição das embalagens..................................................................................... 94
3.5.2.2
Informação sobre o ciclo de vida ........................................................................... 94
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
viii
Índice
3.5.2.3
3.6
Embalagens de produtos congelados................................................................97
3.6.1
Introdução ...................................................................................................................... 97
3.6.2
Refeições prontas e pescado........................................................................................... 98
3.6.2.1
Descrição das embalagens..................................................................................... 98
3.6.2.2
Informação sobre o ciclo de vida ........................................................................... 99
3.6.2.3
Caracterização dos impactes ambientais............................................................. 100
3.6.3
Gelados......................................................................................................................... 102
3.6.3.1
Descrição das embalagens................................................................................... 102
3.6.3.2
Informação sobre o ciclo de vida ......................................................................... 103
3.6.3.3
Caracterização dos impactes ambientais............................................................. 104
3.7
Discussão dos resultados obtidos ....................................................................106
3.7.1
Fase de produção.......................................................................................................... 106
3.7.2
Fase de embalamento ................................................................................................... 106
3.7.3
Fase de distribuição...................................................................................................... 106
3.7.4
Fase de fim de vida ...................................................................................................... 108
3.7.5
Análise dos contributos dos diferentes materiais para o impacte ambiental ................ 109
3.7.5.1
Aço ....................................................................................................................... 109
3.7.5.2
Madeira................................................................................................................ 110
3.7.5.3
Plásticos ............................................................................................................... 110
3.7.5.4
Papel/Cartão........................................................................................................ 111
3.7.5.5
Vidro .................................................................................................................... 112
3.7.6
4
Caracterização dos impactes ambientais............................................................... 95
Observações finais ....................................................................................................... 112
Contributos para a definição de políticas orientadas para a redução do impacte
ambiental das embalagens de bens alimentares..........................................................113
4.1
Cenários de eco-eficiência e comparação dos resultados obtidos com
outros estudos ....................................................................................................................113
4.1.1
Produtos lácteos ........................................................................................................... 114
4.1.1.1
Embalagem de cartão para alimentos líquidos para leite ................................... 114
4.1.1.2
Embalagem de PEAD para iogurte líquido.......................................................... 116
4.1.1.3
Embalagem de PS para iogurte ........................................................................... 118
4.1.2
Gorduras alimentares ................................................................................................... 120
4.1.2.1
Embalagem de PET para óleos vegetais .............................................................. 120
4.1.2.2
Embalagem de vidro para azeite.......................................................................... 122
4.1.2.3
Embalagem de Lata para azeite........................................................................... 123
4.1.2.4
Embalagem de PP para margarinas .................................................................... 125
4.1.3
4.1.3.1
4.1.4
Frutas e Legumes ......................................................................................................... 127
Embalagens de madeira para frutas e legumes frescos ....................................... 127
Comparação entre os diversos materiais de embalagem .............................................. 128
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
ix
Índice
4.1.5
Comparação dos resultados obtidos com outros estudos.............................................. 129
4.2
Eco – design e design for recycling.................................................................132
4.3
Perspectivas de evolução tecnológica das embalagens .................................133
4.4
Considerações sobre as políticas de embalagem ...........................................135
4.4.1
Sistemas europeus de recolha de embalagens e nova directiva europeia ..................... 135
4.4.2
Mercado de embalagens e opções de fim de vida ........................................................ 138
4.5
Comentários finais ...........................................................................................140
Referências .............................................................................................................................143
Bibliografia ........................................................................................................................143
Sites da Internet Consultados ..........................................................................................149
Lista de empresas e associações contactadas ..................................................................151
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
x
Índice de Figuras
Índice de Figuras
Figura 1 – Diagrama esquemático do ciclo de vida de uma embalagem...................................12
Figura 2 – Método Eco-indicador 95.........................................................................................14
Figura 3 – Áreas Nielsen (adaptado do Anuário Food 1999)....................................................21
Figura 4 – Importância dos principais sectores de embalagens em 2000 (SPV,
percentagem em peso). ............................................................................................22
Figura 5 – Importância dos materiais no total de embalagens em 2000 (SPV, percentagem
em peso). .................................................................................................................22
Figura 6 – Importância dos sectores de bens alimentares em 2000 (SPV, percentagem em
peso). .......................................................................................................................23
Figura 7 – Importância dos materiais no total de embalagens de bens alimentares em 2000
(SPV, percentagem em peso). .................................................................................23
Figura 8 – Distribuição geográfica do consumo de leite (INA, 1999). .....................................25
Figura 9 – Distribuição geográfica do consumo de iogurtes (INA, 1999). ...............................26
Figura 10 – Distribuição geográfica do consumo de óleos vegetais (INA, 1999).....................27
Figura 11 – Distribuição geográfica do consumo de azeite (INA, 1999). .................................28
Figura 12 – Distribuição geográfica do consumo de margarina (INA, 1999). ..........................29
Figura 13 – Distribuição geográfica do consumo de manteiga (INA, 1999).............................29
Figura 14 – Distribuição geográfica do consumo de bolachas (INA, 1999). ............................31
Figura 15 – Distribuição geográfica do consumo de congelados (INA, 1999). ........................32
Figura 16 – Distribuição geográfica do consumo de gelados take home (INA, 1998)..............33
Figura 17 – Diagrama de fim de vida das embalagens de aço para 2001, em Portugal. ...........35
Figura 18 – Diagrama de fim de vida das embalagens de alumínio para 2001, em
Portugal. ..................................................................................................................36
Figura 19 – Diagrama de fim de vida das embalagens de cartão canelado, para o ano
1999, em Portugal....................................................................................................37
Figura 20 – Diagrama de fim de vida das embalagens de cartão para alimentos líquidos ,
em 2000, para Portugal............................................................................................38
Figura 21 – Diagrama de fim de vida das embalagens de madeira em 1999. ...........................39
Figura 22 – Diagrama de fim de vida das embalagens de madeira one-way, para o ano de
1999, em Portugal....................................................................................................39
Figura 23 – Diagrama de fim de vida das embalagens domésticas de plástico, para o ano
2000, em Portugal....................................................................................................40
Figura 24 – Diagrama de fim de vida das embalagens domésticas de vidro one-way, no
ano 1999, em Portugal.............................................................................................41
Figura 25 – Impacte ambiental agregado das embalagens de cartão para alimentos
líquidos de leite........................................................................................................49
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
xi
Índice de Figuras
Figura 26 – Impactes ambientais relativos ao ciclo de vida das embalagens de cartão para
alimentos líquidos de leite. ......................................................................................49
Figura 27 – Impactes ambientais relativos à fase de produção das embalagens de cartão
para alimentos líquidos de leite. ..............................................................................50
Figura 28 – Impactes ambientais relativos à fase de fim de vida das embalagens de cartão
para alimentos líquidos de leite. ..............................................................................50
Figura 29 – Impacte ambiental agregado de copos em PS de iogurte. ......................................55
Figura 30 – Impactes ambientais relativos ao ciclo de vida de copos em PS de iogurte...........55
Figura 31 – Impactes ambientais relativos à fase de produção de copos em PS de iogurte. .....56
Figura 32 – Impactes ambientais relativos à fase de fim de vida de copos em PS de
iogurte......................................................................................................................57
Figura 33 – Impacte ambiental agregado da garrafa de PEAD 185 g de iogurte líquido. .........57
Figura 34 – Impactes ambientais relativos ao ciclo de vida da garrafa de PEAD 185 g de
iogurte líquido. ........................................................................................................58
Figura 35 – Impactes ambientais relativos à fase de produção da garrafa de PEAD 185 g
de iogurte líquido.....................................................................................................58
Figura 36 – Impactes ambientais relativos à fase de fim de vida da garrafa de PEAD 185
g de iogurte líquido..................................................................................................59
Figura 37 – Impacte ambiental agregado da garrafa de PET 1 L de óleos vegetais. .................62
Figura 38 – Impactes ambientais relativos ao ciclo de vida da garrafa de PET 1 L de óleos
vegetais. ...................................................................................................................63
Figura 39 – Impactes ambientais relativos à fase de produção da garrafa de PET 1 L de
óleos vegetais...........................................................................................................63
Figura 40 – Impactes ambientais relativos à fase de fim de vida da garrafa de PET 1 L de
óleos vegetais...........................................................................................................64
Figura 41 – Impacte ambiental agregado das garrafas de vidro de azeite. ................................67
Figura 42 – Impactes ambientais relativos ao ciclo de vida das garrafas de vidro de azeite.....68
Figura 43 – Impactes ambientais relativos à fase de produção das garrafas de vidro de
azeite........................................................................................................................68
Figura 44 – Impactes ambientais relativos à fase de fim de vida das garrafas de vidro de
azeite........................................................................................................................69
Figura 45 – Impacte ambiental agregado da embalagem de azeite em folha de flandres..........69
Figura 46 – Impactes ambientais relativos ao ciclo de vida das embalagens de azeite em
folha-de-flandres......................................................................................................70
Figura 47 – Impactes ambientais relativos à fase de produção das embalagens de azeite
em folha-de-flandres................................................................................................71
Figura 48 – Impactes ambientais relativos à fase de fim de vida das embalagens de azeite
em folha-de-flandres................................................................................................71
Figura 49 – Impacte ambiental agregado das embalagens em PP de margarinas......................75
Figura 50 – Impactes ambientais relativos ao ciclo de vida das embalagens em PP de
margarinas. ..............................................................................................................75
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
xii
Índice de Figuras
Figura 51 – Impactes ambientais relativos à fase de produção das embalagens em PP de
margarinas. ..............................................................................................................76
Figura 52 – Impactes ambientais relativos à fase de fim de vida das embalagens em PP de
margarinas. ..............................................................................................................77
Figura 53 – Impacte ambiental agregado das embalagens em Papel/Alumínio/PE de
margarinas. ..............................................................................................................77
Figura 54 – Impactes ambientais relativos ao ciclo de vida das embalagens em
Papel/Alumínio/PE de margarinas...........................................................................78
Figura 55 – Impactes ambientais relativos à fase de produção das embalagens em
Papel/Alumínio/PE de margarinas...........................................................................78
Figura 56 – Impactes ambientais relativos à fase de fim de vida das embalagens em
Papel/Alumínio/PE de margarinas...........................................................................79
Figura 57 – Impacte ambiental agregado das embalagens de manteigas. .................................82
Figura 58 – Impactes ambientais relativos ao ciclo de vida das embalagens de manteiga........82
Figura 59 – Impactes ambientais relativos à fase de produção das embalagens de
manteigas.................................................................................................................83
Figura 60 – Impactes ambientais relativos à fase de fim de vida das embalagens de
manteigas.................................................................................................................83
Figura 61 – Impacte ambiental agregado das embalagens de vidro para frutas e legumes
industriais. ...............................................................................................................87
Figura 62 – Impactes ambientais relativos ao ciclo de vida das embalagens de vidro para
frutas e legumes industriais. ....................................................................................88
Figura 63 – Impactes ambientais relativos à fase de produção das embalagens de vidro
para frutas e legumes industriais. ............................................................................88
Figura 64 – Impactes ambientais relativos à fase de fim de vida das embalagens de vidro
para frutas e legumes industriais. ............................................................................89
Figura 65 – Impacte ambiental agregado das embalagens de madeira para frutas e
legumes frescos. ......................................................................................................91
Figura 66 – Impactes ambientais relativos ao ciclo de vida das embalagens de madeira
para frutas e legumes frescos...................................................................................92
Figura 67 – Impactes ambientais relativos à fase de produção das embalagens de madeira
para frutas e legumes frescos...................................................................................92
Figura 68 – Impactes ambientais relativos à fase de fim de vida das embalagens de
madeira para frutas e legumes frescos. ....................................................................93
Figura 69 – Impacte ambiental agregado das embalagens de bolachas.....................................95
Figura 70 – Impactes ambientais relativos ao ciclo de vida das embalagens de bolachas. .......96
Figura 71 – Impactes ambientais relativos à de produção das embalagens das embalagens
de bolachas. .............................................................................................................96
Figura 72 – Impactes ambientais relativos à fase de fim de vida das embalagens de
bolachas. ..................................................................................................................97
Figura 73 – Impacte ambiental agregado das embalagens de refeições prontas e pescado.....100
Figura 74 – Impactes ambientais relativos ao ciclo de vida das embalagens de refeições
prontas e pescado...................................................................................................100
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
xiii
Índice de Figuras
Figura 75 – Impactes ambientais relativos à de produção das embalagens de refeições
prontas e pescado...................................................................................................101
Figura 76 – Impactes ambientais relativos à fase de fim de vida das embalagens de
refeições prontas e pescado. ..................................................................................101
Figura 77 – Impacte ambiental agregado das embalagens de gelados. ...................................104
Figura 78 – Impactes ambientais relativos ao ciclo de vida das embalagens de gelados. .......105
Figura 79 – Impactes ambientais relativos à de produção das embalagens de gelados...........105
Figura 80 – Impactes ambientais relativos à fase de fim de vida das embalagens de
gelados...................................................................................................................106
Figura 81 – Impacte normalizado para a categoria smog de verão de diferentes pesos de
sistemas de embalagem. ........................................................................................107
Figura 82 – Impacte normalizado para a categoria eutrofização de diferentes pesos de
sistemas de embalagem. ........................................................................................107
Figura 83 – Impactes ambientais normalizados para a produção de 1 kWh de energia
eléctrica. ................................................................................................................108
Figura 84 – Impacte ambiental da valorização energética de 1 kg de plásticos presentes
em média nos R.S.U. .............................................................................................109
Figura 85 – Impacte normalizado para a reciclagem de kg de PEAD.....................................111
Figura 86 – Impacte ambiental desagregado para a embalagem de leite de C.A.L. na
situação de referência e cenários 1, 2 e 3. .............................................................114
Figura 87 – Impacte ambiental agregado para a embalagem de leite de C.A.L. na situação
de referência e cenários 1 e 2 e 3...........................................................................115
Figura 88 – Impacte ambiental desagregado para a embalagem de PEAD de iogurte
líquido na situação de referência e cenários 1 e 2 e 3............................................116
Figura 89 – Impacte ambiental agregado para a embalagem de PEAD de iogurte líquido
na situação de referência e cenários 1 e 2 e 3. .......................................................117
Figura 90 – Impacte ambiental desagregado para os copos de iogurte de PS na situação de
referência e cenários 1 e 2. ....................................................................................119
Figura 91 – Impacte ambiental agregado para os copos de iogurte de PS na situação de
referência e cenários 1 e 2. ....................................................................................119
Figura 92 – Impacte ambiental desagregado para a embalagem de PET de óleos vegetais
na situação de referência e cenários 1 e 2..............................................................121
Figura 93 – Impacte ambiental agregado para a embalagem de PET de óleos vegetais na
situação de referência e cenários 1 e 2. .................................................................121
Figura 94 – Impacte ambiental desagregado para as embalagens de vidro de azeite na
situação de referência e cenários 1, 2. ...................................................................122
Figura 95 – Impacte ambiental agregado para as embalagens de vidro de azeite na
situação de referência e cenários 1, 2. ...................................................................123
Figura 96 – Impacte ambiental desagregado para as latas de folha de flandres de azeite na
situação de referência e cenários 1 e 2. .................................................................124
Figura 97 – Impacte ambiental agregado para as latas de folha de flandres de azeite na
situação de referência e cenários 1 e 2. .................................................................124
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
xiv
Índice de Figuras
Figura 98 – Impacte ambiental desagregado para as embalagens PP de margarina na
situação de referência e cenários 1 e 2 e 3.............................................................126
Figura 99 – Impacte ambiental agregado para as embalagens de PP de margarina na
situação de referência e cenários 1 e 2 e 3.............................................................126
Figura 100 – Impacte ambiental desagregado para as embalagens de madeira de frutas e
legumes frescos na situação de referência e cenários 1 e 2. ..................................127
Figura 101 – Impacte ambiental agregado para as embalagens de madeira de frutas e
legumes frescos na situação de referência e cenários 1 e 2. ..................................128
Figura 102 – Aumento da taxa de reciclagem vs. redução do consumo de energia. ...............129
Figura 103 – Redução do peso da embalagem primária vs. redução do consumo de
energia. ..................................................................................................................129
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
xv
Índice de Tabelas
Índice de Tabelas
Tabela 1 – Embalagens estudadas. ..............................................................................................3
Tabela 2 – N.º de embalagens por 1000 L de produto...............................................................10
Tabela 3 – N.º de embalagens por 1000 kg de produto. ............................................................11
Tabela 4 – Exemplo de uma tabela de inventário – Tabela de inventário da produção de 1
kg de granulado de PEAD. ......................................................................................13
Tabela 5 – Métodos de classificação de impactes ambientais...................................................15
Tabela 6 – Categorias de impacte ambiental consideradas no método Eco-indicador 95. ........16
Tabela 7 – Factores de normalização do Eco-Indicador 95.......................................................17
Tabela 8 – Consumos dos diversos tipos de produtos lácteos. ..................................................24
Tabela 9 – Percentagem em quantidade do mercado dos diversos tipos de produtos
lácteos. .....................................................................................................................24
Tabela 10 – Quantidades de leite vendidas em 1999 (INA, TCE de 60%). ..............................25
Tabela 11 – Quantidades vendidas de Iogurtes em 1999 (INA, TCE de 60%). ........................26
Tabela 12 – Consumos de gorduras alimentares em Portugal em 1997 e 1999. .......................27
Tabela 13 – Principais empresas em declarações à SPV nas frutas e legumes. ........................30
Tabela 14 – Consumo dos diversos tipos de confeitaria (INA, 1998 e 1999). ..........................30
Tabela 15 – Principais empresas de produtos congelados (INA, 1999). ...................................31
Tabela 16 – Quotas de mercado conjuntas das 3 principais marcas para os congelados
(INA, 1999). ............................................................................................................32
Tabela 17 – Caracterização dos sistemas de embalagem para leites. ........................................47
Tabela 18 – Peso do sistema de embalagem de leite. ................................................................47
Tabela 19 – Logística associada aos materiais de embalagem de leites....................................47
Tabela 20 – Logística associada à distribuição do leite.............................................................48
Tabela 21 – Importância das embalagens consideradas por volume de vendas da Danone. .....51
Tabela 22 – Caracterização dos sistemas de embalagem para iogurtes.....................................52
Tabela 23 – Peso dos sistemas de embalagem de iogurtes........................................................52
Tabela 24 – Logística associada aos materiais de embalagem de iogurtes. ..............................53
Tabela 25 – Logística associada à distribuição do iogurte. .......................................................53
Tabela 26 – Caracterização dos sistemas de embalagem para óleos vegetais. ..........................60
Tabela 27 – Peso do sistema de embalagem de óleos vegetais. ................................................61
Tabela 28 – Logística associada aos materiais de embalagem de óleos vegetais......................61
Tabela 29 – Logística associada à distribuição do óleo vegetal. ...............................................61
Tabela 30 – Consumos de materiais no processo de embalamento de óleos vegetais...............62
Tabela 31 – Caracterização dos sistemas de embalagem para azeites.......................................65
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
xvi
Índice de Tabelas
Tabela 32 – Peso do sistema de embalagem de azeite...............................................................65
Tabela 33 – Logística associada aos materiais de embalagem de azeites. ................................66
Tabela 34 – Logística associada à distribuição do azeite. .........................................................66
Tabela 35 – Caracterização dos sistemas de embalagem para margarinas em embalagem
de PP........................................................................................................................72
Tabela 36 – Caracterização dos sistemas de embalagem para margarinas em embalagem
de Papel/Al/PE.........................................................................................................73
Tabela 37 – Peso do sistema de embalagem de margarinas. .....................................................73
Tabela 38 – Logística associada aos materiais de embalagem de margarinas...........................73
Tabela 39 – Logística associada à distribuição da margarina....................................................74
Tabela 40 – Caracterização dos sistemas de embalagem para manteigas. ................................80
Tabela 41 – Peso do sistema de embalagem de manteiga. ........................................................80
Tabela 42 – Logística associada aos materiais de embalagem de manteiga..............................81
Tabela 43 – Logística associada à distribuição da manteiga. ....................................................81
Tabela 44 – Caracterização dos sistemas de embalagem de frutas e legumes industriais.........85
Tabela 45 – Peso do sistema de embalagem de frutas e legumes industriais. ...........................86
Tabela 46 – Logística associada aos materiais de embalagem de frutas e legumes
industriais. ...............................................................................................................86
Tabela 47 – Logística associada à distribuição de frutas e legumes industriais. .......................86
Tabela 48 – Caracterização dos sistemas de embalagem. .........................................................90
Tabela 49 – Peso do sistema de embalagem..............................................................................90
Tabela 50 – Logística associada aos materiais de embalagem. .................................................90
Tabela 51 – Logística associada à distribuição. ........................................................................90
Tabela 52 – Peso dos sistemas de embalagem de bolachas.......................................................94
Tabela 53 – Caracterização dos sistemas de embalagem de refeições prontas e pescado.........98
Tabela 54 – Peso do sistema de embalagem de refeições prontas e pescado. ...........................99
Tabela 55 – Logística associada aos materiais de embalagem de refeições prontas e
pescado. ...................................................................................................................99
Tabela 56 – Logística associada à distribuição de refeições prontas e pescado. .......................99
Tabela 57 – Caracterização dos sistemas de embalagem de gelados take-home e
multipack. ..............................................................................................................102
Tabela 58 – Peso do sistema de embalagem de gelados take-home e multipack.....................103
Tabela 59 – Logística associada aos materiais de embalagem de gelados take-home e
multipack. ..............................................................................................................103
Tabela 60 – Logística associada à distribuição de gelados take-home e multipack. ...............103
Tabela 61 – Taxas de reciclagem na União Europeia em 1997...............................................135
Tabela 62 – Propostas de metas de reciclagem para a nova directiva sobre embalagens
para 2006 ...............................................................................................................138
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
xvii
Introdução
1 Introdução
1.1 Motivação, âmbito e objectivos
1.1.1 Motivação
O desenvolvimento de novos produtos que respeitem os fins para que foram
originalmente criados, mas que originem igualmente o menor impacte ambiental
possível ao longo do seu ciclo de vida constitui um contributo decisivo para o
desenvolvimento industrial sustentável. Este objectivo exige que na concepção do
produto se tenha em conta todo o ciclo de vida do produto, desde a produção das
matérias primas que lhe dão origem, até ao seu fim de vida, de modo a optimizar o
consumo de energia e materiais, minimizar as emissões para o ambiente e maximizar
a recuperação de materiais e energia, numa óptica de Ecologia Industrial.
As embalagens são um elemento fundamental de quase todos os sistemas de
produção. Apesar da contenção do produto, protecção, estética e fornecimento de
informação serem os aspectos principais que influenciam o design de embalagens, as
embalagens têm sido alvo de diversas análises ambientais nas últimas duas décadas e
a componente ambiental tem assumido cada vez mais importância na concepção das
embalagens (Keoleian & Spitzley, 1999). Este aumento de preocupação em relação as
consequências ambientais das embalagens deveu-se não só ao aumento das
preocupações ambientais em geral, mas também ao aumento da diversidade e à
“massificação” da embalagem (Letras, 2001).
Neste contexto, a Comissão Europeia tem tomado acções legislativas e, em particular,
a directiva 94/62/CE estipula a necessidade de serem valorizados, no mínimo, 50%
em peso dos resíduos de embalagens em cada Estado-Membro, num prazo de 5 anos a
contar da sua aplicação, isto é, até Junho de 2001 (entenda-se valorização como
qualquer operação que permita a reutilização/reciclagem dos materiais de
embalagem). A mesma directiva obriga a que 25% da totalidade das embalagens
sejam recicladas, com um mínimo de 15% para cada tipo de material. Portugal, apesar
ter uma derrogação prevista na directiva, é obrigado a atingir os valores previstos na
directiva em 31 de Dezembro de 2005, sendo que até ao final de 2001 está obrigado a
valorizar 25% dos seus resíduos de embalagens (D.L. n.º 366-A/97 de 20-12-1997).
Assim sendo, para atingir este objectivo, avaliar todo o ciclo de vida das embalagens
desde a sua produção até ao seu fim de vida torna-se bastante importante. Em
Portugal, o D.L n.º 366-A/97 de 20-12-1997 refere nas suas considerações
preliminares a importância da “…análise dos ciclos de vida das embalagens, com o
fim de estabelecer uma hierarquia bem definida entre embalagens reutilizáveis,
recicláveis e valorizáveis”.
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
1
Introdução
Outros países europeus têm conduzido estudos de Avaliação de Ciclo de Vida de
diversos tipos de embalagem. No entanto, estes estudos não têm conduzido a
respostas inequívocas sobre um sistema que seja, em qualquer contexto, preferível em
termos ambientais, devido a diferenças existentes entre os diversos países ao nível do
tratamento da informação obtida e metodologias utilizadas (EEA, 1997). Por
conseguinte, a utilização de resultados de estudos realizados noutros países para a
definição de políticas governamentais pode enviesar os objectivos definidos e
conduzir a políticas ambientais desadequadas.
Deste modo, é fundamental que o uso da ACV para a definição de políticas públicas
sobre embalagens de bens alimentares num determinado país considere as
especificidades locais e que a informação e a metodologia utilizada seja adequada à
finalidade do estudo.
É neste contexto que se integra a presente dissertação, a qual inclui um capitulo à
análise das políticas para este sector e na definição de cenários de eco-eficiência para
o ciclo de vida das embalagens, com vista a atingir-se um melhor design ambiental,
gestão da produção, uso e fim de vida das embalagens de bens alimentares.
1.1.2 Âmbito e objectivos
O âmbito do presente trabalho consiste na Avaliação de Ciclo de Vida de embalagens
de bens alimentares em Portugal e na definição de contributos para a redução do
impacte ambiental destas embalagens.
As normas ISO 14040 definem Avaliação de Ciclo de Vida (Life Cycle Assessement,
LCA) como a compilação dos fluxos de entradas e saídas e avaliação dos impactes
ambientais associados a um produto ao longo do seu ciclo de vida.
Por sua vez a D.L. . n.º 366-A/97 de 20-12-1997 define embalagens como “todos e
quaisquer produtos feitos de materiais de qualquer natureza utilizados para conter,
proteger, movimentar, manusear, entregar e apresentar mercadorias, tanto matériasprimas como produtos transformados desde o produtor ao utilizador ou consumidor
incluindo todos os artigos «descartáveis» utilizados para os mesmos fins”
O objectivo desta dissertação consiste assim, em identificar e quantificar os impactes
ambientais associados ao ciclo de vida das principais embalagens de bens alimentares
em Portugal Continental e identificar oportunidades de eco-eficiência, com vista à
elaboração de políticas e recomendações que possibilitem a redução do impacte
ambiental associado à produção, embalamento, distribuição e deposição final das
embalagens de bens alimentares.
Dado a enorme variedade de actividades e embalagens no sector de bens alimentares,
estudam-se as actividades mais relevantes dentro deste sector.
O critério de selecção das actividades a estudar consistiu na quantidade de
embalagens produzidas por cada sector, de acordo com as declarações à Sociedade
Ponto Verde (SPV) e das embalagens colocadas no mercado pelas empresas
embaladoras em 1999 e 2000. Sendo assim, a classificação das actividades ou sectores
dentro dos bens alimentares e a sua nomenclatura é a mesma adoptada pela SPV.
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
2
Introdução
Neste contexto estudaram-se os 5 sectores económicos mais relevantes em termos de
produção de embalagens dentro dos 21 sectores identificados nos códigos da SPV e
que são: os produtos lácteos, as gorduras alimentares, as frutas e legumes, a
confeitaria e os congelados. Estes sectores em conjunto representam 58,7% do total de
embalagens declaradas em 2000 (ver Figura 6).
O modelo de Avaliação de Ciclo de Vida (ACV) desenvolvido foi implementado num
programa informático disponível comercialmente, o Simapro 4.0 e inclui a análise de
27 embalagens em 5 sectores de bens alimentares, as quais estão descritas na Tabela
1.
Tabela 1 – Embalagens estudadas.
Sector
Produtos lácteos
Gorduras
alimentares
Frutas e legumes
Confeitaria
Produtos
congelados
Embalagem
Cartão para alimentos líquidos de 1 L
PS de 125 g 85
PS de 140 g
PEAD de 185 g (200 mL)
PET de 1 L
Vidro de 0,75 L
Vidro de 1 L
Aço de 1 L
PP de 250 g
PP de 500 g
Papel/Alumínio/PE de 250 g
Papel/Alumínio/PE de 1 kg
PS de 15 g
PP de 125 g
PP de 250 g
Vidro de 520 g
Vidro de 1050 g
Madeira de 9 kg
Madeira de 12 kg
PEBD/PS de 125 g
PEBD de 180 g
PEBD/Cartão de 200 g
PEBD/PS/Cartão/Alumínio de 350 g
PE/PET de 400 g
PS/Cartão de 300 g
PP/PEAD/Papel/PEBD de 342 g
Papel/Alumínio/Cartão de 6x79,5 g
Produto
leite UHT
iogurte
óleos vegetais
azeite
margarina de mesa
margarina de
culinária
manteiga
frutas e legumes
industriais
frutas e legumes
frescos
bolachas
peixe congelado e
refeições prontas
gelados
1.2 Organização da dissertação
A presente dissertação encontra-se dividida em 4 secções cujo o conteúdo se resume
nos parágrafos seguintes:
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
3
Introdução
-
Introdução, onde se explicam os objectivos e o âmbito do trabalho, fazse uma análise da problemática da embalagem como resíduo e discutese a metodologia que serviu de base à dissertação.
-
As embalagens de bens alimentares em Portugal, onde se analisa os
tipos de embalagens estudados e os circuitos de processamento de
resíduos existentes.
-
Avaliação de Ciclo de Vida de embalagens de bens alimentares em
Portugal, onde se descrimina o ciclo de vida de cada uma das
embalagens estudadas e os seus impactes ambientais.
-
Contributos para a definição de políticas orientadas para a redução do
impacte ambiental das embalagens de bens alimentares, onde se analisa
alguns cenários de eco-eficiência, os quais suportam algumas
considerações sobre políticas de embalagem para Portugal, compara-se
os resultados do estudo com outros realizados noutros países e
efectuam-se algumas considerações sobre o mercado de embalagens.
1.3 As embalagens e o ambiente
1.3.1 A função das embalagens
Actualmente, as embalagens são fundamentais para a obtenção de bens de primeira
necessidade e para satisfazer as necessidades dos consumidores. Nos produtos
alimentares, a embalagem apresenta um papel especialmente relevante, uma vez que
reduz substancialmente o desperdício de géneros alimentares dado impedir a
degradação do mesmos. Estima-se que, com o aumento de 1% de embalagens, o
desperdício alimentar diminui 1,6% (Pongrácz, 1998).
Embalagem é definida como todos os produtos feitos de quaisquer materiais para
serem usados no confinamento, protecção, manuseamento, distribuição e apresentação
de bens, desde as matérias primas aos bens processados, desde o produtor ao
utilizador, ou consumidor (Lox, 1994). As embalagens de bens alimentares são
principalmente constituídas de plástico, vidro, papel e cartão, aço e alumínio e
madeira.
As embalagens podem ser divididas em 3 classes de acordo com a seu papel no
sistema de embalagem de um produto, que, segundo Lox (1994), pode ser definido
como todas as embalagens usadas para movimentar o produto desde a sua produção
até ao seu consumidor final:
•
Embalagens de venda ou embalagens primárias, qualquer embalagem
concebida com o objectivo de constituir uma unidade de venda ao utilizador
ou consumidor final no ponto de compra;
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
4
Introdução
•
Embalagem grupada ou embalagem secundária, qualquer embalagem
concebida com o objectivo de constituir, no ponto de compra, uma grupagem
de determinado número de unidades de venda, quer estas sejam vendidas como
tal ao utilizador ou consumidor final, quer sejam apenas utilizadas como meio
de reaprovisionamento do ponto de venda; este tipo de embalagem pode ser
retirado do produto sem afectar as suas características;
•
Embalagem de transporte ou embalagem terciária, qualquer embalagem
concebida com o objectivo de facilitar a movimentação e o transporte de uma
série de unidades de venda ou embalagens grupadas, a fim de evitar danos
físicos durante a movimentação e o transporte. A embalagem de transporte não
inclui os contentores para transporte rodoviário, ferroviário, marítimo e aéreo.
1.3.2 A embalagem como resíduo
A crescente produção de resíduos está intimamente ligada ao desenvolvimento da
nossa sociedade e ao consequente aumento do consumo de bens materiais. Os
resíduos, que antes eram vistos exclusivamente como um subproduto da actividade
produtiva e uma fonte de poluição ambiental, são hoje cada vez mais encarados como
recursos naturais secundários cujo potencial económico urge aproveitar, de modo a
potenciar um desenvolvimento económico mais sustentado. No entanto, o equilíbrio
entre as dimensões económico, social e ambiental inerentes à persecução de políticas
de desenvolvimento sustentado carece de estudos técnicos fundamentados da
realidade nacional.
Estima-se que a produção de RSU em Portugal tenha crescido nos últimos anos ao
ritmo de 2,8%, cifrando-se em 2000 em 4,1 milhões de toneladas (DGA, 2000). Por
outro lado a importância das embalagens nos RSU tem vindo a aumentar
gradualmente, fruto da mudança dos hábitos de consumo dos Portugueses.
Em Portugal, até há cerca de 5 anos, grande parte dos resíduos produzidos pela
actividade económica, especialmente os Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) eram
encaminhados para lixeiras com pouco ou nenhum controle ambiental. Com o
aumento da produção de resíduos e com o desenvolvimento da legislação ambiental
esta solução de fim de vida tornou-se insustentável.
Devido a este facto, houve um grande incentivo para o desenvolvimento de opções de
fim de vida para os resíduos. Assim, foram criadas novas soluções para o
encaminhamento de resíduos, nomeadamente através da reciclagem, valorização
energética e deposição em aterro controlado. A própria Comissão Europeia
reconheceu este facto ao verificar que as embalagens constituíam 30% a 40% dos
RSU produzidos nos Estados-membros (EEA, 1999). Como tal, aprovou uma
directiva para lidar exclusivamente com este problema.
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
5
Introdução
A Directiva Comunitária 94/62/CE de 20 de Dezembro estabelece para cada EstadoMembro, objectivos bem definidos para os circuitos de fim de vida das embalagens.
Sendo assim, cada país necessita de, no mais tardar até 5 anos a contar da data de
aplicação da directiva (o que significa que estes objectivos deveria ser atingidos em
Junho de 2001):
-
valorizar no mínimo 50% e no máximo 65%, em peso, dos resíduos de
embalagens; (entendendo-se valorização como qualquer operação que
permita a reutilização/reciclagem dos materiais de embalagem);
-
reciclar no mínimo 25% e no máximo de 45%, em peso, da totalidade
dos resíduos de embalagens, com um mínimo de 15% para cada
material de embalagem.
Portugal apesar de ter uma derrogação prevista na directiva, é obrigado a atingir os
seguintes valores (D.L. n.º 366-A/97 de 20/12/1997):
-
até 31 de Dezembro de 2001, terão de ser valorizados um mínimo de
25%, em peso, dos resíduos de embalagens;
-
até 31 de Dezembro de 2005, devem ser valorizados um mínimo de
50% em peso dos resíduos de embalagens e reciclados um mínimo de
25%, em peso da totalidade dos resíduos de embalagens, com um
mínimo de 15% para cada material de embalagem.
Vários países têm vindo a desenvolver programas de acção no domínio das
embalagens e dos seus resíduos em particular, quer através de regulamentação
apropriada, quer através de acordos voluntários com operadores económicos. Em
ambos os casos tem vindo a ser atribuída aos operadores económicos a
responsabilidade pela gestão dos resíduos de embalagem (princípio do poluidorpagador). Esta responsabilidade pode, no entanto ser transferida para uma entidade
licenciada para o efeito.
Nesse contexto, em Portugal, foi criada a Sociedade Ponto Verde (SPV), entidade
privada sem fins lucrativos, constituída pelos embaladores/importadores,
distribuidores, fabricantes de embalagens e de materiais de embalagens que tem a
responsabilidade de gerir o Sistema Integrado de Gestão de Resíduos de Embalagens
(SIGRE), cujo o objectivo é a retoma e reciclagem dos resíduos de embalagens em
Portugal.
1.3.3 A embalagem e a Ecologia Industrial
A Ecologia Industrial é uma emergente disciplina que pretende fornecer um novo
quadro de abordagem à interacção entre a economia e o ambiente e que difere da
abordagem tradicional da politica ambiental porque tem como objectivo prioritário a
sustentabilidade em termos globais, nas suas múltiplas dimensões (clima,
biodiversidade, recursos naturais e renováveis, etc.) e encontra-se focada nos fluxos
de materiais, produtos, serviços e processos numa perspectiva de ciclo de vida (from
the cradle to the grave). A tradicional politica ambiental, centrada na mitigação e
controle de emissões apresenta um âmbito mais local e mais voltado para os
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
6
Introdução
problemas imediatos de saúde humana, como a qualidade da água ou ar, e
consequentemente encontra-se focada em substâncias ou locais específicos (Allenby,
1999).
Devido à elevada complexidade do sistema, por causa da abordagem sistémica e
integral da relação economia-ambiente, a Ecologia Industrial pressupõe a integração
de múltiplas disciplinas e ciências: Biologia, Física, Ciências Sociais, Economia,
Engenharia, etc., que antes eram vistas na politica ambiental como entidades
completamente separadas e distintas (Allenby, 1999).
Deste modo, a Ecologia Industrial tem uma visão estratégica, sistémica e integral da
relação entre economia e ambiente. Sob esta perspectiva, a economia de um país pode
ser vista como um organismo vivo. A economia ingere matérias-primas, que são
metabolizadas para a produção de bens e serviços e excretam resíduos na forma de
materiais rejeitados e poluição (Adriaanse et al., 1997). Esta abordagem permite
visualizar a economia como uma entidade física, para além da entidade financeira
tradicional (Matthews et al., 2000).
A criação de uma economia sustentável requer mais do que boas intenções, requer um
conjunto de ferramentas e técnicas baseadas nos princípios da Ecologia Industrial.
Estas técnicas e ferramentas formam o mecanismo em que as observações científicas
e as considerações éticas e sociais sobre o ambiente são traduzidas em concretas
politicas, instituições e mecanismos que formam a base da nossa economia. Mais
concretamente, o conjunto de indicadores e métricas derivados destas ferramentas,
que incluem indicadores físicos para além de indicadores financeiros e económicos,
parecem ser o modo mais eficaz pelo qual se pode aumentar a robustez das iniciativas
politicas que visam conduzir à sustentabilidade (Allenby, 1999; Matthews et al.,
2000).
Tal como na análise económica tradicional, para a formulação de politicas ambientais
eficazes e eficientes é necessário a existência de informação detalhada para responder
perguntas específicas da interacção entre o ambiente e a economia (Matthews et al.,
2000). Deste modo, um conjunto alargado de ferramentas de ecologia industrial foi
desenvolvido para procurar dar resposta a diferentes abordagens da relação economiaambiente. Entre estas ferramentas podem-se enumerar a Análise de Fluxo de
Materiais, as Tabelas Input-Output Físicas, e a Avaliação de Ciclo de Vida.
Por exemplo, métodos como a Análise de Fluxo de Materiais na economia de um país
e as Tabelas Input-Output Físicas, fornecem as tendências de fundo das pressões
ambientais, mas insuficientes ligações directas a impactos ambientais concretos e
quantificáveis (Eurostat, 2000). Enquanto que ferramentas como a Avaliação de Ciclo
de Vida se encontram centradas no produto e nos impactos deste sobre o ambiente.
A Avaliação de Ciclo de Vida fornece informação ambiental sobre um produto, que
pode e, deve ser, utilizada para reduzir o impacte ambiental desse produto, quer seja
através da redução do uso de materiais e melhor design do produto na origem (ecodesign), quer seja para permitir um destino final do produto mais correcto (eco-design
e design for recycling) de modo a fechar de ciclos de materiais, em que os resíduos
originados pelo processo produtivo de um produto dão origem a outros produtos, à
semelhança dos ciclos de substâncias naturais (água, CO2, etc.).
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
7
Introdução
As embalagens, devido à sua relevância, têm sido alvo de avaliações ambientais
segundo a metodologia de ACV, mas estas concentram-se quase exclusivamente nas
embalagens de bebidas (ver por exemplo RDC, 1997; Pongrácz, 1998; Krogh et al.,
2001).
As embalagens desempenham um papel fundamental na sociedade contemporânea. As
mais variadas embalagens compostas de diversos materiais e tamanhos, cores e
funções, fazem parte do nosso quotidiano, tornando difícil imaginar a vida actual sem
elas (Letras, 2001). Nos últimos anos as embalagens foram colocadas na ribalta das
discussões ambientais precipitando desenvolvimentos e investimentos nesta área
(Keoleian & Spitzley, 1999). Se no inicio, as preocupações se limitavam a não
exceder os limites legais para as descargas de resíduos para a água, ar e solo, na linha
da tradicional visão do ambiente (Letras, 2001), hoje em dia a visão é muito mais
abrangente. Devido à mudança de atitude da sociedade em geral em relação às
questões ambientais e da pressão que começou a ser efectuada por consumidores e
empresas, as embalagens são cada vez mais encaradas numa óptica mais sustentável e
encaradas como parte integrante do produto embalado. Como prova disso estão os
diplomas legais sobre os resíduos de embalagem que estipulam metas de recolha e
reciclagem e casos de sucesso de eco-design e design for recycling de embalagens,
inclusive no mercado nacional (Plastval, 2001 ; Embopar, 2002).
Neste contexto, ganham especial relevância as ferramentas de ecologia industrial,
como as Avaliações de Ciclo de Vida, de modo a sustentar cientificamente as politicas
e práticas seguidas e por desenvolver, de modo a reduzir-se efectivamente a pressão
das embalagens sobre o ambiente.
Adicionalmente, em termos de politica ambiental, as embalagens apresentam outro
aspecto relevante. Uma vez que se tratam de bens presentes no dia a dia do público
em geral, um aumento da percepção da vertente ambiental, numa óptica de ecologia
industrial, num produto como as embalagens, pode levar a uma maior
consciencialização da importância do life-cycle thinking e das questões ambientais em
relação a bens de consumo em geral.
1.4 A metodologia de Avaliação de Ciclo de Vida
1.4.1 Considerações iniciais
A ACV é uma ferramenta da ecologia industrial para a recolha de informação sobre os
impactos ambientais de um produto ou serviço durante o seu ciclo de vida (Ehrenfeld
et al., 2002). As normas ISO 14040, pelas quais este trabalho está de acordo, definem
a Avaliação de Ciclo de Vida (Life Cycle Assessement, LCA) como a compilação dos
fluxos de entradas e saídas e avaliação dos impactes ambientais associados a um
produto ao longo do seu ciclo de vida. Ciclo de vida de um produto, na metodologia
de ACV, significa todas as fases por que este passa, desde a extracção de matérias
primas e produção de energia, que são usadas na sua manufactura, até aos processos
envolvidos no fim de vida do produto (Ehrenfeld et al., 2002).
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
8
Introdução
A metodologia de ACV, que é baseada na 1ª e 2ª leis da termodinâmica
(Ferrão, 1998), tem entre outros objectivos: fornecer um quadro de interacções de
uma actividade com o ambiente; contribuir para o entendimento da natureza
interdependente e global das consequências ambientais das actividades humanas;
providenciar aos agentes decisores informações que identifiquem oportunidades de
eco-eficiência (EEA, 1997 ; Daniels & Moore, 2002). A ACV é utilizada muitas vezes
para comparar produtos concorrentes entre si (Reis, 1999). A ACV é igualmente
valiosa em ajudar indivíduos, empresas, industrias e governos a subirem na complexa
curva de aprendizagem, em mudar a sua cultura de modo a que comecem a pensar e
encarar sistemas, processos e produtos em termos de ciclo de vida (life-cycle thinking)
e a alterar algumas ideias erradas enraizadas no senso comum do público em geral
(Allenby, 1999 ; Heiskanen, 2001).
A ACV é uma metodologia informação intensiva. Na realização da ACV nem sempre
se tem acesso a toda a informação do processo produtivo de um bem, ou de processos
associados ao ciclo de vida desse bem, devido a questões de confidencialidade
(Peeereboom et al., 1999). A este facto acresce que em muitos casos, essa informação
pura e simplesmente não existe. Como tal, a informação normalmente é recolhida de
uma variedade de fontes, que incluem base de dados públicas, base de dados
comerciais, livros e artigos científicos, estudos de ACV, etc., o que acarreta uma
variação acentuada na qualidade de informação (Peeereboom et al., 1999). Outra
limitação da metodologia é que um estudo completo de Avaliação de Ciclo de Vida,
que inclua todos os fluxos de materiais ao mais pequeno pormenor é um processo
extremamente ambicioso e complexo, além de recurso intensivo. Mesmo uma
descrição estática de um produto implica uma variedade de intricados fluxos e de
relações interdependentes e de sinergia (Pesonen, 1999).
Como tal, a incerteza nos resultados é inerente a metodologia de ACV, e
consequentemente, deve-se fazer um esforço para a minimizar. A margem de
incerteza deve ser determinada quando possível e explicitada (Peeereboom et
al., 1999).
A Avaliação de Ciclo de Vida é uma metodologia que está constantemente em
evolução e como tal, diferentes abordagens do problema podem resultar em resultados
diferentes (Pongrácz, 1998). No entanto a estandardização da metodologia nas ISO
14040 a 14043, veio atenuar bastante este problema. Estas normas estão vocacionadas
para uma fase específica da metodologia, que se apresentam de seguida:
-
Definição do âmbito e objectivos (ISO 14041).
-
Análise de Inventário (ISO 14042).
-
Avaliação dos impactes ambientais (ISO 14043).
-
Interpretação dos resultados (ISO 14044).
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
9
Introdução
1.4.2 Definição do âmbito e objectivos
A definição do âmbito e objectivos envolve a definição do produto a ser estudado, a
unidade funcional da avaliação de ciclo de vida, as alternativas a considerar e a
profundidade do estudo, ou seja o nível de detalhe deste e as suas fronteiras.
1.4.2.1 Âmbito e objectivos da ACV de embalagens de bens alimentares
O âmbito do presente trabalho consiste na Avaliação de Ciclo de Vida de embalagens
de bens alimentares em Portugal Continental.
O objectivo da ACV consiste em identificar e quantificar os impactes ambientais
associados ao ciclo de vida das principais embalagens de bens alimentares em
Portugal Continental e identificar oportunidades de eco-eficiência, com vista à
elaboração de políticas e recomendações que possibilitem a redução do impacte
ambiental associado à produção, embalamento, distribuição e deposição final das
embalagens de bens alimentares.
1.4.2.2 Unidade funcional
A unidade funcional deve indicar claramente a função do sistema que está a ser
estudado e a sua escolha deve ser consistente com o objectivo e âmbito do estudo. A
principal utilidade da unidade funcional consiste em estabelecer uma referência, de
modo a relacionar as entradas e saídas do sistema. A unidade funcional deverá ter
portanto em consideração a perspectiva do utilizador ou do sistema (Ferrão, 1998;
ISO/DIS 14041, 1998). No caso da presente dissertação, a função das diversas
embalagens consideradas consiste em fornecer o produto embalado ao consumidor, ou
seja, disponibilizar ao consumidor um determinado volume de bebida e um
determinado peso líquido de um bem alimentar. Como tal, as unidades funcionais
escolhidas para as diversas embalagens são as seguintes:
Para bens alimentares líquidos, 1000 L de líquido disponibilizado ao consumidor. Esta
unidade funcional implica diferentes quantidades de embalagens, de acordo com a
Tabela 2.
Tabela 2 – N.º de embalagens por 1000 L de produto.
Produto
Embalagem
Leite UHT
Óleos vegetais
Cartão para alimentos líquidos de 1 L
PET de 1 L
Vidro de 0,75 L
Vidro de 1 L
Aço de 1 L
Azeite
Nº de embalagens
por unidade funcional
1000,0
1000,0
1333,3
1000,0
1000,0
Para bens alimentares sólidos, 1000 kg de produto disponibilizado ao consumidor.
Esta unidade funcional implica diferentes quantidades de embalagens (ver Tabela 3).
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
10
Introdução
Tabela 3 – N.º de embalagens por 1000 kg de produto.
Produto
Iogurte
Margarina
Manteiga
Frutas e legumes
Industriais
Frutas e legumes
Frescos
Bolachas
Peixe congelado e
Refeição pronta
Gelados
Embalagem
PS de 125 g
PS de 140 g
PEAD de 185 g
PP de 250 g
PP de 500 g
Papel/Alumínio/PE de 250 g
Papel/Alumínio/PE de 1 kg
PS de 15 g
PP de 125 g
PP de 250 g
Vidro de 520 g
Vidro de 1050 g
Madeira de 9 kg
Madeira de 12 kg
PEBD/PS de 125 g
PEBD de 180 g
PEBD/Cartão de 200 g
PEBD/PS/Cartão/Alumínio de 350 g
PE/PET de 400 g
PS/Cartão de 300 g
PP/PEAD/Papel/PEBD de 342 g
Papel/Alumínio/Cartão de 6x79,5 g
N.º de embalagens
por unidade funcional
8000,0
7142,9
5405,4
4000,0
2000,0
4000,0
1000,0
66666,7
8000,0
4000,0
1923,1
952,4
111,1
83,3
8000,0
5555,6
5000,0
2857,1
2500,0
3333,3
2924,0
12578,6
A razão para a escolha das unidades funcionais de 1000 kg e 1000 L e não outro valor
de peso ou volume, deve-se a uma questão de facilidade de apresentação de
resultados.
1.4.2.3 Fronteiras do sistema
As fronteiras do sistema definem quais as fases e processos que vão ser incluídas no
sistema a modelar. Idealmente, todos os processos e materiais que estão associados a
um produto deveriam estar incluídos na avaliação, mas esta regra imporia uma
impossibilidade física ao problema. Em qualquer Avaliação de Ciclo de Vida, devido
a factores como a complexidade do sistema e os recursos existentes, não é possível ou
necessariamente desejável incluir todas as fases e variantes do ciclo de vida do
sistema que se está a analisar (Grant et al., 1999). Por exemplo, para a manufactura de
um determinado produto é necessário um equipamento A, mas por sua vez o
equipamento A foi produzido utilizando um equipamento B e este por um
equipamento C e assim sucessivamente. Teoricamente dever-se-ia incluir o
equipamento B e os outros a montante, pois contribuíram para a manufactura do
produto, mas de uma forma geral trata-se de efeitos de 2ª ordem, com pouco
significado e cuja análise exigiria recursos, quer temporais, económicos ou humanos,
incompatíveis com os objectivos da presente análise.
Normalmente a definição das fronteiras do sistema é feita inicialmente e deve ser
corrigida à medida que o estudo vai decorrendo e se vai refinando o trabalho
preliminar de identificação das fases e processo relevantes do ciclo de vida (ISO/DIS
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
11
Introdução
14041, 1998). No presente estudo foram consideradas as fases de produção,
embalamento e destino final, assim como toda a logística (ver Figura 1).
Figura 1 – Diagrama esquemático do ciclo de vida de uma embalagem.
Matérias Primas
Produção dos materiais de
embalagem
Transporte dos materiais de
embalagem
Produção das embalagens
Produto
Embalamento do produto
Distribuição dos produtos embalados
Utilização
Resíduos de embalagem
Recolha e triagem
Aterro
Incineração
Reciclagem
Reutilização
Fonte: Adaptado de RDC, Coopers & Lybrand (1997).
Nos casos em que foi possível obter os consumos energéticos e de materiais
associados aos processos de embalamento, rotulagem e acondicionamento das
embalagens, estes são incluídos na avaliação. Contudo, na sua maior parte, as
empresas não conseguiram distinguir estes consumos dos consumos de energia e
materiais do processo global de produção.
Devido à diferença de qualidade e profundidade da informação obtida para as várias
embalagens, em cada ciclo de vida são indicados casos particulares de processos que
pela razão apontada anteriormente estão ou não incluídos na avaliação.
1.4.3 Análise de inventário
Este é o processo base da ACV. A análise de inventário envolve a recolha da
informação relevante associada ao ciclo de vida do produto, isto é, as entradas e as
saídas de materiais e energia dos processos envolvidos no ciclo de vida e que estejam
dentro do âmbito do estudo. Esta informação é caracterizada por vários elementos,
como por exemplo, o ano de recolha da informação, a sua representatividade
tecnológica e geográfica e a sua precisão, entre outros, que por inerência apresentam
incertezas. Deste modo, a qualidade desta informação é a que em última análise
determina o grau de certeza e confiança dos resultados da ACV (Peereboom et
al., 1999)
Dentro de cada processo do ciclo de vida, as entradas podem ser de 2 géneros:
matérias primas e energia ou produtos e energia que resultam de saídas de outros
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
12
Introdução
processo. Por outro lado, as saídas dos processos do ciclo de vida podem ser de 2
tipos: emissões para o ambiente (solo, ar, água) ou produtos e energia.
A partir das informações recolhidas sobre todos os processos do ciclo de vida e que se
situam dentro da fronteira definida para a ACV, é construída uma tabela de inventário,
em que todas as entradas e saídas existentes no ciclo de vida estão quantificadas. A
Tabela 4 exemplifica uma tabela de inventário relativa à produção de PEAD.
Tabela 4 – Exemplo de uma tabela de inventário – Tabela de inventário da produção de 1 kg
de granulado de PEAD.
Energia hidroeléctrica
390 kJ
Metano
CO2
2,1 kg
Poeiras
Crude (material prima)
550 g
Sulfatos
Petróleo
240 g
Resíduos para incineração
Carvão
77 g
ClLinhite
76 g
Substâncias dissolvidas n. orgânicas
Resíduos de mineração
18 g
CO
COV’s (excepto metano)
17,3 g
Ferro
Resíduos de produção para aterro
13 g
Iões metálicos
10 g
Bauxite
NOx (em NO2)
6 g
Calcário
SOx (em SO2)
...
Sal gema
4 g
Fonte: APME (1997), presente na bases de dados PRÉ, incluída no programa Simapro.
3,7g
2 g
1,3g
900 mg
800 mg
600 mg
600 mg
300 mg
300 mg
200 mg
200 mg
1.4.4 Avaliação de impactes ambientais
1.4.4.1 Considerações iniciais
A avaliação de impactes ambientais é um processo quantitativo para avaliar os efeitos
dos ambientais associados às componentes identificadas na análise de inventário.
Esta fase da ACV pode ser dividida em 3 partes:
- Classificação/ Caracterização
- Normalização
- Avaliação.
O método de avaliação de impactes escolhido para o presente estudo é o método do
Eco-indicador 95, que foi desenvolvido ao abrigo do programa National Reuse of
Waste Research Programme (NOH) na Holanda, pela PRé Consultants, com a
participação, entre outros, das Universidades de Leiden, Delft e Amesterdão e
Ministério do Ambiente Holandês (Ferrão, 1998). Um diagrama esquemático da fase
avaliação de impactes ambientais pode ser encontrado na Figura 2.
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
13
Introdução
Figura 2 – Método Eco-indicador 95.
Inventário de
Caracterização
ciclo de vida e/ou Normalização
CFC
Pb
Avaliação
CAMADA DE OZONO
METAIS PESADOS
Cd
AUMENTO
MARGINAL DE
MORTALIDADE
Poeira
SMOG DE VERÃO
COV
SMOG DE INVERNO
DDT
PESTICIDAS
CO2
EFEITO DE ESTUFA
SO2
SAÚDE
VALORIZAÇÃO
SUBJECTIVA
CARCINOGENIA
PAH
ECOINDICADOR
DEGRADAÇÃO
DO
ECOSSISTEMA
ACIDIFICAÇÃO
NOX
P
Intervenção
ambiental
EUTROFIZAÇÃO
Categorias de
impacte
Parâmetro de
avaliação
Indicador
Adaptado de Ferrão (1998).
Analisam-se nos parágrafos seguintes as diferentes etapas da fase de avaliação de
impactes.
1.4.4.2 Classificação / Caracterização
Na fase de classificação, as substâncias que foram identificadas na fase de Inventário
como fazendo parte do ciclo de vida do produto são agregadas em diferentes classes
de acordo com o seu impacte ambiental. O tipo de classes e o número destas
dependem do método utilizado para a classificação de impactes ambientais. Na Tabela
5 estão exemplificados 3 métodos diferentes desenvolvidos para a classificação de
impactes.
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
14
Introdução
Tabela 5 – Métodos de classificação de impactes ambientais.
CML (1992)
SETAC
Eco-indicator 95
Efeito de estufa
Aquecimento global
Efeito de estufa
Diminuição da camada de
ozono
Diminuição da camada de
ozono estratosférica
Diminuição da camada de
ozono
Toxicidade humana
Impactes toxicológicos
humanos
Toxicidade humana
Eco toxicidade
Impactes eco toxicológicos
Pesticidas
Formação fotoquímica de
oxidantes
Formação de foto-oxidantes
“Smog” de Verão
Acidificação
Acidificação
Acidificação
Eutrofização
Eutrofização
Eutrofização
Libertação de calor
-
-
Odores
Odores
-
Ruído
Ruído
-
-
Radiação
-
-
-
Emissão de metais pesados
-
-
Carcinogenia
-
-
“Smog” de Inverno
Deplecção de recursos
bióticos
Deplecção de recursos
bióticos
Deplecção de recursos
bióticos
Deplecção de recursos
abióticos
Deplecção de recursos
abióticos
Deplecção de recursos
abióticos
Fonte: Ferrão (1998).
As substâncias emitidas, denominadas intervenções ambientais na nomenclatura das
normas ISO 14040, são agregadas por classes com recurso a factores de ponderação.
Por exemplo, o potencial de efeito estufa de 1 kg de metano (CH4) é 11 vezes superior
ao de 1 kg de CO2, sendo assim, diz-se que 1 kg de metano libertado para a atmosfera
corresponde a 11 kg de CO2 equivalente emitido para a atmosfera.
Este passo é denominado caracterização, em que os contributos das intervenções
ambientais são estabelecidos por comparação com uma intervenção ambiental de
referência. No exemplo descrito, as emissões de CH4 e o CO2 são convertidas em
emissões de CO2 equivalente. Estas comparações são estabelecidas através de critérios
científicos.
Certas substâncias, como têm efeito em mais de que um tipo de impacte ambiental,
são incluídas em mais de que uma classe. Por exemplo o NOx contribui não só para
causar eutrofização, mas também para a acidificação de lagos, rios e solos.
No método utilizado no presente estudo, o Eco-Indicador 95, são consideradas
11 classes de impacte ambiental (Tabela 6).
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
15
Introdução
Tabela 6 – Categorias de impacte ambiental consideradas no método Eco-indicador 95.
Categoria
Efeito de Estufa
Unidades
kg CO2
Diminuição da camada de ozono
kg CFC11
Acidificação
kg SO4
Eutrofização
kg PO4
Metais pesados
kg Pb
Carcinogenia
kg B(a)P
Smog de Inverno
kg SPM
Smog de Verão
kg C2H2
Pesticidas
kg pesticidas
Energia
MJ
Resíduos Sólidos
kg
Impactes ambientais
Alterações climáticas
aumento da radiação
ultravioleta incidente no
solo
Acidificação de solos, rios e
lagos
Aumento de nitratos e
outros fertilizantes nos rios,
lagos e lençóis freáticos
Toxicidade humana e os
seres vivos em geral
Saúde humana, aumento da
incidência de cancros
Problemas respiratórios
causadas por partículas em
suspensão
Problemas respiratórios.
Criação de ozono ao nível
do solo
Contaminação de lençóis
freáticos e dos solos
Consumo de energia
Produção de resíduos
sólidos
1.4.4.3 Normalização
Na normalização, os resultados obtidos na caracterização, são adimensionalizados por
um padrão que consiste na quantidade atribuída a um cidadão médio europeu (com
excepção da antiga União Soviética) em 1990, para cada unidade de referência das
categorias de impacte ambiental (PRé Consultants, 1995). A normalização, à
semelhança da fase de caracterização.
A magnitude do impacte ambiental de cada produto é determinado multiplicando o
factor de normalização de cada classe pelo resultado da fase de caracterização em
cada categoria de impacte ambiental. O factor de normalização é o inverso do valor da
produção e emissão per capita de um cidadão europeu (ver Tabela 7).
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
16
Introdução
Tabela 7 – Factores de normalização do Eco-Indicador 95.
Categoria
Unidades
Efeito de Estufa
Diminuição da camada de ozono
Acidificação
Eutrofização
Metais pesados
Carcinogenia
Smog de Inverno
Smog de Verão
Pesticidas
Energia
Resíduos Sólidos
kg CO2
kg CFC11
kg SO4
kg PO4
kg Pb
kg B(a)P
kg SPM
kg C2H2
kg pesticidas
MJ
kg
Emissão per
capita de um
cidadão europeu
1.31E+04
9.26E-01
1.13E+02
3.82E+01
5.43E-02
1.09E-02
9.46E+01
1.79E+01
9.66E-01
1.59E+05
3,58E+03
Factor de
Normalização
0,0000765
1,08
0,00888
0,0262
18,4
92
0,0106
0,0558
1,04
0,00000629
0,000284
Fonte: Pré Consultants (1995)
Para a categoria de impacte resíduos sólidos, o método do Eco-indicador 95 não
explicita um factor de normalização. No entanto, na ACV realizada, para se poder
avaliar a magnitude dos impactes nesta categoria, calculou-se um factor de
normalização com base nos dados de resíduos sólidos urbanos, industriais, de
mineração e energia, produzidos na União Europeia no ano de 1995 (EEA, 1998), o
qual figura na Tabela 7.
1.4.4.4 Avaliação
Nesta fase, os resultados obtidos na fase de normalização são ponderados com
factores de ponderação subjectivos, de modo a agregar os impactes ambientais
traduzidos nas diferentes categorias de impacte num só indicador. Esta fase é bastante
subjectiva e deve-se usar com cautela, uma vez que os factores de ponderação
dependem também das condições geográficas, éticas e políticas de onde e quando
foram estabelecidos. Por exemplo, os países do Norte da Europa mais industrializados
que os do Sul, podem dar mais importância à categoria acidificação, em detrimento de
outra, uma vez que este problema é mais premente na sua região. Do mesmo modo, os
países do Sul poderão a dar mais relevância à categoria efeito de estufa, porque as
alterações climáticas poderão acarretar diminuição de precipitação numa região já de
si com baixos recursos hídricos.
Os factores de avaliação no Eco-indicador 95 estão definidos de acordo 3 parâmetros
de avaliação (PRé Consultants, 1995):
-
o aumento marginal de mortalidade para as categorias de impacte
ambiental camada de ozono, metais pesados e carcinogenia;
-
o efeito na saúde humana para as categorias de impacte ambiental smog
de verão e smog de inverno;
-
a degradação do ecossistema para as categorias de impacte ambiental
efeito de estufa, acidificação, eutrofização e pesticidas;
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
17
Introdução
As restantes categorias de impacte ambiental do método Eco-indicador 95, energia e
resíduos sólidos não são consideradas na fase da avaliação, ou seja não contribuem
para o resultado final do Eco-indicador 95.
Na presente ACV optou-se por não realizar a fase de avaliação devido à sua maior
subjectividade inerente e de esta fase não ser condição necessária para alcançar os
objectivos a que se propôs o estudo.
1.4.5 Interpretação de resultados
A interpretação de resultados é a fase da ACV em que os resultados das fases de
inventário e avaliação de impactes ambientais são combinados. São tiradas ilações
acerca dos resultados, e as conclusões e recomendações da ACV devem estar de
acordo com o âmbito e objectivos do estudo (Ferrão, 1998 & ISO 14043, 2000).
Nesta dissertação vai-se um pouco mais longe. Para além de serem analisados os
resultados obtidos é efectuada uma análise de sensibilidade e de outras opções
alternativas para a produção e fim de vida das embalagens de bens alimentares
estudadas, de modo a reduzir o seu impacte ambiental e contribuir para a elaboração
de políticas sobre embalagens que sejam ambientalmente mais sustentáveis.
1.4.6 Software de ACV - SIMAPRO
Dado os requerimentos de informação numa ACV serem substanciais e normalmente
um factor limitante na análise, ferramentas com base de dados incorporadas foram
criadas para fornecerem valores típicos para a avaliação de impactes. No entanto,
como muitos impactos são locais, este facto pode e introduz alguns erros na análise
(Ehrenfeld et al., 2002) e como tal, a utilização destas bases de dados deve ser
encarada com espírito critico.
Entre software desenvolvido para apoiar a metodologia de ACV podem-se enumerar
alguns programas, como sejam o GaBi, o TEAM e o SimaPro (Norris & Yost, 2002).
O SimaPro é um dos programas informáticos de Avaliação de Ciclo de Vida mais
conhecidos e divulgados internacionalmente. O programa permite utilizar vários tipos
de métodos de avaliação de impactes identificar em cada fase do ciclo de vida os
impactes associados. Para além de o programa permitir a criação de processos de
produção, uso e fim de vida de produtos a partir de recolha de informação
experimental, contém uma série de base de dados de inventários de vários processos
elementares, que foram sendo compilados a partir de estudos realizados por várias
instituições e empresas europeias e norte-americanas, que podem ser utilizados na
elaboração do ciclo de vida quando necessário. A versatilidade do programa e a
quantidade de informação que está contida nas suas bases de dados, simplificam não
só a elaboração do ciclo de vida de um produto como também a comparação de
resultados e da avaliação de várias opções e hipóteses do ciclo de vida considerado.
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
18
Introdução
As bases de dados usadas nesta ACV são as seguintes (Fonte: Pré Consultants):
Base de dados PRÉ
(incluída no Simapro 4.0)
Base de dados BUWAL 250
(incluída no Simapro 4.0)
Temas principais: materiais, energia, transportes, processos,
tratamento de resíduos.
Fontes de informação: instituições publicas
BUWAL 132, ETH, SPIN, Chalmers, Kemna).
(APME,
Temas principais: materiais de embalagem (aço, alumínio, cartão
e papel, Madeira, plásticos e vidro) energia, transportes,
tratamento de resíduos.
Fonte de Informação: BUWAL 250 2ª edição.
Base de dados IDEMAT 96
(incluída no Simapro 4.0)
Base de dados FRANKLIN (não
incluída no Simapro 4.0)
Temas principais: materiais de construção (aço, ligas, madeiras,
plásticos), energia e transportes.
Fonte de informação: Universidade de Delft, Holanda
Temas principais: dados norte-americanos sobre energia,
transportes, aço, plásticos e processos
Fonte de informação: Franklin Associates, USA.
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
19
As embalagens de bens alimentares em Portugal
2 As embalagens de bens alimentares em Portugal
2.1 Tipos de embalagens
2.1.1 Considerações iniciais
Para a identificação dos principais sectores e embalagens de bens alimentares, foram
utilizados dados e informações da SPV, de associações sectoriais, da empresa AC.
Nielsen Portugal e do INE.
Os dados declarados à SPV e utilizados na presente dissertação são referentes a 1998,
1999 e 2000 e estão agregados segundo os sectores económicos. A desagregação por
material é efectuada em 7 grupos: vidro, papel e cartão, plástico, aço, alumínio,
madeira e outros materiais. As embalagens de cartão complexo são incluídas
exclusivamente no grupo papel-cartão.
No contexto do presente trabalho foram contactadas, entre outras, as seguintes
associações: Associação dos Industriais de Margarinas e Gorduras Alimentares
(AIGMA), Associação Nacional dos Industriais de Lacticínios (ANIL), Federação das
Indústrias de Óleos Vegetais, Derivados e Equiparados (FIOVDE), Federação das
Indústrias Portuguesas Agro-Alimentares (FIPA), mas os dados obtidos das
associações foram geralmente bastantes escassos.
Os dados da empresa ACNielsen Portugal são dados referentes ao Índice Nielsen
Alimentar (INA) dos anos de 1998 e 1999 presentes nos Anuários FOOD 1998 e
FOOD 1999. O índice INA engloba os canais dos hipermercados, dos supermercados
e do comércio tradicional (mercearias, pastelarias, leitarias, etc.) e os resultados são
expressos em volumes de vendas. Este índice, segundo a Nielsen tem uma taxa de
cobertura de 60% do mercado total (Taxa de Cobertura Estimada (TCE)) do universo
Nielsen. De referir que o canal Horeca, que engloba os hotéis, restaurantes e cafés,
não se encontra contabilizado neste índice. No INA estão ainda representadas as
variações do consumo dos diversos anos, as três principais marcas de cada segmento
de produtos e a respectiva quota de mercado conjunta e o consumo por área
geográfica. Existem 6 áreas geográficas de consumo identificadas no INA (Figura 3),
sendo elas: Grande Lisboa, Grande Porto, Litoral Norte, Litoral Sul, Interior Norte,
Sul.
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
20
As embalagens de bens alimentares em Portugal
Figura 3 – Áreas Nielsen (adaptado do Anuário Food 1999).
Os dados sobre a distribuição geográfica do consumo em Portugal por tipo de produto
presentes no relatório Nielsen FOOD são utilizados para calcular as distâncias médias
percorridas por uma embalagem até ao seu local de consumo e por um resíduo de
embalagem desde o local do seu consumo até ao seu fim de vida final. Uma
estimativa das distâncias entre o local de produção e cada área geográfica Nielsen é
calculada com base na distribuição populacional dentro dessas áreas. Por sua vez, esta
estimativa e o valor do consumo dentro de cada área, presente no relatório Nielsen
FOOD, são utilizados para calcular a distância média percorrida por uma embalagem
desde a sua produção até ao local de consumo. Um raciocínio análogo é efectuado
para calcular as distâncias médias percorridas por um resíduo de embalagem.
O Instituto Nacional de Estatística não tem dados específicos sobre embalagens. Os
dados referidos neste estudo foram obtidos com base nas estatísticas agrícolas e nos
balanços de aprovisionamento e dizem respeito a consumos, capitações e produções.
2.1.2 Sectores e materiais de embalagem relevantes
Em 2000 foram declaradas à Sociedade Ponto Verde um total de 685 987 toneladas de
embalagens, ou seja, incluindo as embalagens primárias, secundárias e terciárias. Os
sectores que mais contribuem para este valor são o sector das Bebidas (41,7%) e o
sector dos bens alimentares (26,9%) (ver Figura 4).
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
21
As embalagens de bens alimentares em Portugal
Figura 4 – Importância dos principais sectores de embalagens em 2000 (SPV, percentagem
em peso).
Outros
Saúde,Higiéne, 10,6%
Beleza
4,4%
Químicos
5,0%
Bebidas
41,7%
Distribuição
11,4%
Bens
Alimentares
26,9%
Da análise do gráfico anterior ressalta que os dois sectores mais importantes, ou seja,
as bebidas e os bens alimentares, são responsáveis por mais de 2/3 dos resíduos de
embalagens.
Em termos de materiais de embalagem, no total de embalagens declaradas à SPV, a
Figura 5 mostra que, em peso, o vidro, o papel e cartão e o plástico são os materiais
mais utilizados, contabilizando conjuntamente 91% de todas as embalagens
declaradas à Sociedade Ponto Verde. O vidro é o material que apresenta maior
percentagem, 42,2%, mas também é bastante mais pesado por unidade de volume que
o papel e cartão e que o plástico. O plástico, por sua vez, é mais leve que o papel e o
cartão. O aço apresenta uma percentagem reduzida, 5,7% e o alumínio e a madeira
praticamente percentagens irrisórias, 0,9% e 0,5%, respectivamente.
Figura 5 – Importância dos materiais no total de embalagens em 2000 (SPV, percentagem em
peso).
Aço
5,7%
Alumínio
0,9%
Outros
1,5%
Madeira
0,5%
Vidro
42,2%
Plástico
31,9%
Papel e Cartão
17,2%
Os bens alimentares, tal como foi dito anteriormente, são o segundo sector mais
importante em termos de embalagens, logo a seguir às bebidas, tendo em 2000 sido
declaradas à Sociedade Ponto Verde 184 761 toneladas de embalagens. Dentro dos
bens alimentares estudaram-se os sectores de produtos lácteos, gorduras alimentares,
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
22
As embalagens de bens alimentares em Portugal
frutas e legumes, confeitaria e congelados (Figura 6) que apresentam as embalagens
de bens alimentares mais importantes. Estes cinco sectores representam em conjunto
58,7% em peso das embalagens de bens alimentares. Os restantes sectores apresentam
embalagens bastante diversificadas e vão desde embalagens para peixe fresco (2,4%),
charcutaria (0,6%) a produtos naturais e dietéticos (0,5%) e mel (0,3%).
Figura 6 – Importância dos sectores de bens alimentares em 2000 (SPV, percentagem em
peso).
Produtos
Lácteos
24,8%
Gorduras
Alimentares
16,6%
Outros
41,3%
Frutas e
Legumes
7,5%
Congelados Confeitaria
5,2%
4,6%
O principal tipo de material empregue para embalagem no sector dos bens alimentares
é o papel e cartão que representa quase metade das 184,7 mil toneladas de embalagens
primárias, secundárias e terciárias declaradas. O vidro é o segundo material mais
importante com 25,3% e o plástico é o terceiro com 16,9%. O alumínio e a madeira
têm expressões quase residuais (ver Figura 7).
Figura 7 – Importância dos materiais no total de embalagens de bens alimentares em 2000
(SPV, percentagem em peso).
Alumínio
1,0%
Aço
6,8%
Papel-Cartão
47,3%
Madeira
2,0%
Outros
0,7%
Vidro
25,3%
Plástico
16,9%
2.1.3 Produtos lácteos
O sector dos produtos lácteos engloba as indústrias de produção de leite, iogurtes,
queijos, natas e sobremesas lácteas. Dados do INE revelam que, em 1998, o volume
de vendas da indústria de leite e derivados ascendeu a 201 998 milhões de escudos, o
que reflecte um forte aumento em relação a 1996, onde o volume de negócios neste
sector foi de 159 376 milhões de escudos.
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
23
As embalagens de bens alimentares em Portugal
Optou-se por fazer a síntese do mercado total de produtos lácteos a partir dos dados
do INE, quando estes estivessem disponíveis. A partir da análise da informação
existente na Tabela 8 verifica-se que a Lactogal detém mais de dois terços deste
mercado. Nos iogurtes, este grupo não detém uma posição muito forte.
Tabela 8 – Consumos dos diversos tipos de produtos lácteos.
Produtos
Estimativa do mercado
(106 kg) (1998)
Principais empresas (1998 e 1999)
Quota de
mercado (%)
Leites
912,0*
Lactogal (99)
63%
Iogurtes
120,0
Danone, Nestlé e Lactogal (99)
Lactogal (99)
59%
11,6%
Queijo
87,0
Limiano, Gresso, Pastor
Lactogal (99)
18%
10,2%
Danone, Gelgurte, Nestlé (99)
53%
Sobremesas
16,2
(129,7)**
Mimosa, Agros, Gresso (99)
59%
Lactogal (99)
54,7%
Nota: Dados do INE de consumo, à excepção das sobremesas que são estimadas do INA, considerando
TCE de 60%, e das natas que são dados de produção do INE. As quotas de mercado da Lactogal
provêm do próprio grupo. A fonte das quotas conjuntas é o índice INA de 1998 e 1999. * - valor em
milhões de litros, ** - milhões de unidades de 125g.
Natas
12,9
No sector de produtos lácteos estudaram-se as embalagens de leites e iogurtes. Como
seria de esperar, os leites são o produto mais importante dentro do sector dos produtos
lácteos com uma quota de mercado significativa, aproximadamente de 80%. O
segundo produto mais importante é os iogurtes, com uma quota de mercado bastante
inferior ao leite (10,5%) como se encontra patente na Tabela 9.
Tabela 9 – Percentagem em quantidade do mercado dos diversos tipos de produtos lácteos.
Leites
Iogurtes
Queijo
Sobremesas
Natas
% do mercado dos produtos
lácteos em quantidade
79,4%
10,5%
7,6%
1,4%
1,1%
Leites
Segundo o INE, o consumo anual per capita de leite em Portugal foi cerca de 91,2 kg
em 1998. Uma estimativa com base no INA aponta para um consumo anual per capita
de cerca de 88,3 L. Do leite consumido em Portugal, 94% é leite UHT e aromatizado
e 6% é leite pasteurizado (Tabela 10).
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
24
As embalagens de bens alimentares em Portugal
Tabela 10 – Quantidades de leite vendidas em 1999 (INA, TCE de 60%).
Tipo
Quantidade vendida
(103 L)
Estimativa considerando a
TCE (103 L)
479 243
21 526
29 236
530 005
798 738
35 877
48 727
883 342
UHT
Aromatizado
Pasteurizado
Total
Quota do mercado (%)
94,0%
6,0%
100,0%
O principal grupo de leites em Portugal é o grupo Lactogal que em 1999 detinha
63,2% da quota de mercado dos leites (Fonte: Lactogal).
A distribuição geográfica do consumo de leite é apresentada na Figura 8. Verifica-se
que 64% do consumo de leite em Portugal é realizado nas áreas da grande Lisboa,
grande Porto e no litoral Norte, onde está concentrada grande parte da população
portuguesa.
Figura 8 – Distribuição geográfica do consumo de leite (INA, 1999).
p
27%
25%
14%
12%
I - Grande
Lisboa
II - Grande
Porto
10%
III - Litoral
Norte
III - Litoral
Sul
IV - Interior
Norte
12%
V - Sul
Em termos de embalagens, utiliza-se para os leites o cartão complexo, o vidro e
também existem embalagens de polietileno. A embalagem mais utilizada nos leites é o
cartão complexo de 1 L (do tipo tetra-brick).
Iogurtes
Considerando o índice INA e a sua taxa de cobertura estimada (60%), em 1999, a
venda de iogurtes ascendeu a cerca de 1 114 milhões de unidades de 125 g, isto é,
cerca de 139 milhões de kg, o que equivale a 13,9 kg per capita/ano. As quantidades
comercializadas por tipo de iogurte encontram-se discriminadas na Tabela 11.
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
25
As embalagens de bens alimentares em Portugal
Tabela 11 – Quantidades vendidas de Iogurtes em 1999 (INA, TCE de 60%).
Tipo
Quantidade vendida
(103 unid. de 125 g)
Aromas
Líquido
Frutas
Magro
C/ cereais e fruta
Naturais
Total
232 612
168 797
102 766
73 759
54 944
35 705
668 583
Estimativa com a TCE
(103 unid. de 125 g)
Quota de mercado (%)
387 687
281 328
171 277
122 932
91 573
59 508
1 114 305
34,8%
25,2%
15,4%
11,0%
8,2%
5,3%
100,0%
As principais marcas comercializadas de iogurtes são a Danone, a Nestlé e Lactogal,
tendo conjuntamente uma quota de mercado de 59% (INA 1999). O grupo Lactogal
que detém as marcas Mimosa, Agros, Gresso e Adagio tinha em 1999 uma quota de
mercado de 11,6%.
A distribuição geográfica do consumo de iogurtes é apresentada na Figura 9. Verificase que a distribuição de iogurtes é semelhante a de leite, apenas com uma ligeira
maior incidência na área da grande Lisboa.
Figura 9 – Distribuição geográfica do consumo de iogurtes (INA, 1999).
29%
25%
14%
13%
11%
8%
I - Grande
Lisboa
II - Grande
Porto
III - Litoral
Norte
III - Litoral
Sul
IV - Interior
Norte
V - Sul
As embalagens de iogurtes são normalmente de poliestireno (PS), sendo as de iogurte
líquido de polietileno de alta densidade (PEAD). Também existem embalagens de
vidro.
2.1.4 Gorduras alimentares
O sector das gorduras alimentares engloba as indústrias do azeite, dos óleos
alimentares, da manteiga e da margarina. A manteiga é englobada neste sector para
que a classificação da SPV seja respeitada.
Dos quatro tipos de gorduras alimentares considerados verifica-se que existem 2
grandes grupos produtores de gorduras alimentares, os grupos Nutrinveste e Fima.
Nos óleos vegetais, a Nutrinveste tem cerca de ¾ do mercado através das suas 7
marcas de óleos e no azeite, este grupo detém ainda a segunda marca do mercado, o
azeite Oliveira da Serra. A comercialização dos produtos deste grupo é feita pela
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
26
As embalagens de bens alimentares em Portugal
Sovena. O grupo Fima têm a marca Vaqueiro nos óleos vegetais com uma quota de
mercado ainda significativa (praticamente a não detida pela Nutrinveste) e detém a
quase totalidade do mercado de margarinas (85%). Na manteiga, a Lactogal tem uma
quota de mercado superior a 50% (ver Tabela 12).
Tabela 12 – Consumos de gorduras alimentares em Portugal em 1997 e 1999.
Produtos
Quantidade vendida
(106 kg)
Principais empresas
Quota de
mercado
Óleos Vegetais
Margarina
Azeite
Manteiga
102
60
56
16
Nutrinveste
Fima
Gallo, Oliveira da Serra, Condestável
Lactogal
70-80%
85%
61%
58%
Fonte: (Fonte: Associações sectoriais, Lactogal e Nielsen). Os dados de vendas de azeite e manteiga
dizem respeito a 1997 e os restantes a 1999.
Óleos Vegetais
A produção global de óleos vegetais em Portugal em 1999, atingiu as 102.000
toneladas, correspondendo este valor a 115 milhões de litros de óleos refinados
embalados (Fonte: FIOVDE).
Do total de óleos vegetais, segundo o INA, em 1998, 87,8% destes eram óleos de
culinária, 7,7% óleos de mesa e 4,5% óleo de soja.
O líder de mercado é o grupo Nutrinveste, que detém 7 marcas: Fula, Vêgê, Frigi, e
Finóleo, AAA, Solmil e Maná. Este grupo detém actualmente cerca 70% a 80% da
quota de mercado (em 1994 o valor era de 73%). O segundo grupo mais importante é
o grupo Fima, que tem a marca Vaqueiro, produzida pela fábrica Victor Guedes.
A distribuição geográfica do consumo de óleos vegetais é apresentada na Figura 10.
Figura 10 – Distribuição geográfica do consumo de óleos vegetais (INA, 1999).
36%
19%
16%
11%
I - Grande
Lisboa
II - Grande
Porto
III - Litoral
Norte
10%
III - Litoral Sul IV - Interior
Norte
8%
V - Sul
O principal material utilizado nas embalagens é o politereftalato de etileno (PET). O
policloreto de vinilo (PVC), que antes era o material mais utilizado, encontra-se a ser
substituído pelo PET.
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
27
As embalagens de bens alimentares em Portugal
Azeite
Dados do INE indicam que em 1997, o consumo de azeite em Portugal foi de
56 milhões de kg, o que corresponde a 61 milhões de litros dado a densidade do azeite
ser 0,916. Sendo assim a capitação anual é de 5,6 kg/pessoa.ano, ou 6,1 L/pessoa.ano.
As principais marcas são o azeite Gallo, o azeite Oliveira da Serra e o azeite
Condestável, que têm em conjunto uma quota de mercado de 61% (dados INA, 1999).
A distribuição geográfica do consumo de azeite é apresentada na Figura 11.
Figura 11 – Distribuição geográfica do consumo de azeite (INA, 1999).
31%
23%
14%
14%
12%
6%
I - Grande
Lisboa
II - Grande
Porto
III - Litoral
Norte
III - Litoral Sul IV - Interior
Norte
V - Sul
As embalagens de azeite são sobretudo de vidro, existindo também embalagens em
folha de flandres.
Margarinas
Existem dois tipos principais de margarinas: as margarinas de consumo geral e as
margarinas industriais usadas nas indústrias de panificação e confeitaria.
As margarinas de consumo têm uma produção de cerca de 45.000 toneladas por ano.
As margarinas industriais produzidas em Portugal são mais de 6.000 toneladas por
ano, havendo alguma importação, sendo que este nicho de mercado no total representa
aproximadamente 15.000 toneladas por ano (Fonte: AIGMA). Das margarinas de
consumo, 60% são de mesa ou têm dupla finalidade e 40% são de culinária. A Fima
detém praticamente a totalidade do mercado de margarinas de consumo em Portugal
com as suas várias marcas.
A distribuição geográfica do consumo de margarina está representada na Figura 12.
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
28
As embalagens de bens alimentares em Portugal
Figura 12 – Distribuição geográfica do consumo de margarina (INA, 1999).
30%
17%
18%
10%
9%
I - Grande
Lisboa
II - Grande
Porto
16%
III - Litoral
Norte
III - Litoral Sul IV - Interior
Norte
V - Sul
Manteiga
Segundo dados do INE, o consumo de manteiga em Portugal no ano de 1997 foi de
cerca de 16 milhões de kg. O principal grupo que produz e comercializa manteiga em
Portugal é a Lactogal que têm uma quota de mercado de 58,2%.
A distribuição geográfica do consumo de manteiga é semelhante à de margarinas e
encontra-se referida na Figura 13.
Figura 13 – Distribuição geográfica do consumo de manteiga (INA, 1999).
36%
15%
17%
14%
12%
6%
I - Grande
Lisboa
II - Grande
Porto
III - Litoral
Norte
III - Litoral Sul IV - Interior
Norte
V - Sul
As embalagens de manteiga são principalmente de polipropileno (PP), mas também
existem de papel e de folha de alumínio.
2.1.5 Frutas e legumes
O mercado das frutas e legumes é um mercado extremamente vasto e diversificado. A
maior parte dos produtos são embalados nos produtores e não no grossista, sendo que
só alguns destes é que embalam para as grandes superficiais comerciais. Dado o
número de produtores ser extremamente elevado, este facto origina grandes
dificuldades no controlo e caracterização das embalagens. O mercado de Hortofrutícolas tem vindo a crescer lentamente nas últimas duas décadas, e apesar de uma
quebra em 1997, a capitação média anual ascende a 236 kg, enquanto que em 1981
era de 148 kg (Distribuição Hoje, nº 243).
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
29
As embalagens de bens alimentares em Portugal
As embalagens de frutas e legumes são bastante diversificadas em termos de material,
forma e volume, variando muito de produto para produto e dentro de cada produto. As
embalagens de frutas e legumes incluem embalagens de cartão, vidro, plástico, com os
mais variados volumes, embalagens de filmes plásticos, paletes de madeira, cartão e
plástico, etc.
As principais empresas declaradoras de embalagens à SPV são apresentadas na Tabela
13:
Tabela 13 – Principais empresas em declarações à SPV nas frutas e legumes.
INDÚSTRIAS DE ALIMENTAÇÃO IDAL, LDA
F. A. CAIADO - INDUSTRIAS DE PRODUTOS ALIMENTARES, S.A.
MAÇARICO, LDA.
MARTINS & SANTOS, LDA.
SIMÕES, LDA - IMPORT. E COM. DE FRUTAS E PROD. HORTÍCOLAS
2.1.6 Confeitaria
Os produtos de confeitaria são constituídos pelas bolachas, bolos embalados,
chocolates, pastilhas elásticas, etc. Este sector é bastante diversificado, no entanto nos
próximos anos a tendência será para um aumento dos níveis de importação e para a
concentração da produção nacional em apenas algumas marcas (Distribuição Hoje, nº
233).
As bolachas são o principal tipo de produtos neste sector, ultrapassando claramente os
chocolates e os bolos embalados. Nas bolachas as principais marcas são a Triunfo, a
Cuetara e a Nabisco com uma quota de mercado conjunta de 45% (Tabela 14).
Tabela 14 – Consumo dos diversos tipos de confeitaria (INA, 1998 e 1999).
Estimativa do mercado
(106 kg)
Principais empresas
Quota de
mercado (%)
Bolachas
56,3
Cuetara, Triunfo, Artiach (99)
45%
Chocolates
13,3
Nestlé, Effem, Ferrero (99)
49%
Bolos embalados
13,3
Panrico, Dan Cake, Bimbo (98)
58%
Produtos
Bolachas
A estimativa do mercado de bolachas em 1998 considerando o índice INA e a taxa de
cobertura estimada para esse índice apontam para um volume de vendas de 56,3
milhões de kg. As principais marcas que comercializam este tipo de produtos são a
Triunfo, a Cuetara e a Artiach, visto terem em conjunto uma quota de mercado de
45% (INA 1999)
A distribuição do consumo de bolachas por áreas geográficas é apresentada na Figura
14.
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
30
As embalagens de bens alimentares em Portugal
Figura 14 – Distribuição geográfica do consumo de bolachas (INA, 1999).
30%
25%
14%
12%
9%
I - Grande
Lisboa
II - Grande
Porto
III - Litoral
Norte
III - Litoral Sul IV - Interior
Norte
10%
V - Sul
As embalagens de bolachas são muitos variadas em forma, volume e material. Muitas
vezes elas são constituídas por vários materiais, em que se incluem principalmente o
papel/cartão e o plástico.
2.1.7 Produtos congelados
O sector dos congelados engloba as indústrias dos congelados (vegetais congelados,
refeições pré-prontas, peixe e marisco, etc.) e dos gelados. Os gelados considerados
são os gelados do tipo take home, ou seja, gelados de sobremesa ou embalagens
multipack.
Apesar de ser um mercado segmentado, as principais marcas dos produtos congelados
são a Iglo e a Pescanova devido a serem as duas principais marcas de alimentos para
cozinhar (Tabela 15).
Tabela 15 – Principais empresas de produtos congelados (INA, 1999).
Produtos
Congelados
Gelados
Quantidade vendida
INA (c/TCE) (103 kg)
Principais empresas
Quota de
mercado
105 147
Iglo, Pescanova, Bonduelle
27%
14 700
Olá, Haagen Dazs, Camy
67%
Congelados
Em 1998, foram vendidos cerca de 105,1 milhões de kg de congelados (considerando
o índice INA e a taxa de cobertura de 60%). Estes englobam, os vegetais congelados
crus e preparados, peixe, marisco, as componentes de refeições prontas, etc. Dentro
destes os mais importantes são os vegetais congelados e o peixe, sendo responsáveis
por 74,4% do mercado.
As principais marcas em termos de quota de mercado são referidas na Tabela 16.
Verifica-se que as marcas mais importantes em praticamente todos os segmentos de
produto são a Iglo, a Pescanova.
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
31
As embalagens de bens alimentares em Portugal
Tabela 16 – Quotas de mercado conjuntas das 3 principais marcas para os congelados (INA,
1999).
Quantidade vendida
Quota de
Principais empresas
(103 kg)
mercado (%)
Vegetais
44 150
Iglo, Pescanova, Bonduelle
39,0%
Peixe
34 033
Pescanova, Beira frio, Iglo
14,0%
Componentes de refeições
13 123
Iglo, Pescanova, F. Ferreira
41,0%
Marisco
7 518
Pescanova, Dica, Comepeixe
18,0%
Refeições prontas
6 322
Iglo, Nestlé, Pescanova
53,0%
Produto
Em termos da distribuição de consumo, verifica-se que a zona da Grande Lisboa é
responsável por um terço do consumo de congelados (Figura 15).
Figura 15 – Distribuição geográfica do consumo de congelados (INA, 1999).
31%
23%
14%
11%
I - Grande
Lisboa
II - Grande
Porto
12%
9%
III - Litoral
Norte
III - Litoral Sul IV - Interior
Norte
V - Sul
As embalagens de produtos congelados são normalmente de cartão, filme plástico e
uma combinação destes dois materiais.
Gelados
No caso dos gelados apenas se contabilizam os gelados do tipo take home, não se
tendo em conta os gelados de consumo imediato. O mercado total dos gelados foi da
ordem dos 14,3 milhões de litros (considerando a TCE do índice INA). 73% destes
são gelados de sobremesas, enquanto o restante são do tipo Multipack. As principais
marcas são a Olá, a Haagen Dazs e a Camy, que em conjunto têm uma quota de
mercado de 67% (dados INA 1999).
A distribuição geográfica do consumo em 1999 foi a seguinte (Figura 16).
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
32
As embalagens de bens alimentares em Portugal
Figura 16 – Distribuição geográfica do consumo de gelados take home (INA, 1998).
35%
17%
13%
14%
13%
8%
I - Grande
Lisboa
II - Grande
Porto
III - Litoral
Norte
III - Litoral Sul IV - Interior
Norte
V - Sul
As embalagens de gelados são de cartão, polipropileno (PP) ou ainda embalagens de
cartão que contém gelados individuais com embalagens de plástico ou papel.
2.2 Circuitos actuais de processamento de resíduos
2.2.1 Considerações iniciais
O Sistema de RSU engloba as fases de recolha, transporte e destino final. As
operações de fim de vida existentes em Portugal para o processamento de resíduos são
fundamentalmente as seguintes: reciclagem, valorização energética e deposição em
aterro controlado.
Em termos de recolha existem fundamentalmente dois tipos: recolha indiferenciada e
recolha selectiva. Na recolha indiferenciada os resíduos encontram-se todos
misturados o que origina que a reciclagem de materiais, nomeadamente materiais de
embalagem, se torne mais onerosa devido à necessidade da existência de operações de
triagem, lavagem e tratamento. Na recolha selectiva, os materiais são recolhidos
separadamente consoante o material, de modo a facilitar a reciclagem dos mesmos.
Neste caso, os circuitos de processamento são diferentes para cada material e são
apresentados nos sub-capítulos seguintes.
Para a caracterização dos circuitos de fim de vida dos materiais de embalagem,
fizeram-se algumas considerações.
Tendo em conta a capacidade das incineradoras das estações de valorização energética
da Valorsul e Lipor, que perfazem 1.042 mil toneladas/ano de RSU, e da quantidade
de RSU recolhidos indiferenciadamente em Portugal, que se estimou em cerca de 3,7
milhões de toneladas/ano, estimou-se que a valorização energética representa 28% dos
resíduos recolhidos indiferenciadamente.
Embora os resíduos de embalagem não sofram compostagem, os resíduos que são
encaminhados por este circuito foram estimados em 9,5% dos resíduos recolhidos
indiferenciadamente, com base nas capacidades das estações de compostagem
Portuguesas.
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
33
As embalagens de bens alimentares em Portugal
Os restantes 62,5% do RSU recolhidos indiferenciadamente têm como destino o
aterro controlado.
Esta distribuição foi assumida para todos os materiais de embalagens com excepção
do alumínio e do aço, uma vez que estes materiais são contabilizados à saída das
operações de valorização energética e de triagem/compostagem, com o intuito de
serem reciclados (onde se conseguem apurar valores mais precisos).
Finalmente, convém referir que os diagramas de fim de vida dos diversos materiais
dizem respeito a todo o tipo de embalagens e não só a embalagens de bens alimentares
e bebidas e que enquanto que no circuito de recolha indiferenciada os dados
apresentados dizem respeito a estimativas para o ano 2001, nos circuitos de recolha
selectiva dos diversos materiais utilizaram-se dados apurados de 1999, 2000 e
estimativas para 2001, consoante as especificidade de cada fileira.
No que respeita aos transportes utilizados nos circuitos de processamento de resíduos,
consideraram-se, entre outros, os seguintes pressupostos:
-
qualquer produto é consumido no mesmo local de onde foi comprado e o
resíduo de embalagem resultante é recolhido igualmente no mesmo local;
-
a probabilidade de um resíduo de embalagem ser reciclada num determinado
reciclador é apenas dependente da quota de mercado desse reciclador;
-
o transporte de resíduos para processamento é apenas feito quando a
quantidade justifica o enchimento de um camião;
-
para o cálculo das distâncias dos sistemas de recolha selectiva aos recicladores
utilizaram-se os dados acumulados das retomas por sistema de Janeiro de 2000
até Setembro do mesmo ano. Com base nas distâncias médias, por estrada,
desses sistemas até aos recicladores existentes e na quota de mercado
aproximada de cada reciclador, calculou-se a distância média percorrida por
um camião desde a recolha dos resíduos em cada sistema até à reciclagem;
-
devido à dificuldade de caracterizar o mercado paralelo e de operadores
privados em alguns materiais de embalagem, como por exemplo no aço,
considerou-se que o circuito é o mesmo que o de recolha selectiva no âmbito
do SIGRE.
2.2.2 Embalagens de aço
A Fileira Metal é a entidade responsável pela recuperação e reciclagem de
embalagens de aço em Portugal no âmbito do SIGRE. O diagrama de fim de vida
presente na Figura 17 foi construído a partir de estimativas para o ano 2001. Neste
ano, prevê-se que a totalidade de resíduos de embalagem de aço atinja as 74 mil
toneladas.
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
34
As embalagens de bens alimentares em Portugal
Figura 17 – Diagrama de fim de vida das embalagens de aço para 2001, em Portugal.
74.176 ton
2001
Resíduos de
embalagens de Aço
• Todos os valores são estimativas para 2001
67,3%
32,7%
49.884 ton
24.292 ton
Recolha
Selectiva
Recolha
Indiferenciada
67,9% 4,8%
2.413 ton
13.602 ton
Triag./Comp.
77%
Perdas
23%
76,3%
27,3%
Valorização
Energética
18.544 ton
M. Paralelo*
100%
100%
4,9%
18,8%
1.194 ton
Sist. Mult.
e Autarquias
4.554 ton
Op. Privados
100%
100%
Triagem
ITVE
100%
Aterro
Controlado
34.425 ton
100%
Reciclagem
* Fora do SIGRE
39.751 ton
Fonte: Ribeiro, Silva e Ferrão (2001).
Segundo estimativas da fileira Metal, se considerarmos apenas os resíduos recolhidos
no âmbito do SIGRE e pelos operadores privados, a taxa de reciclagem esperada é de
28,6%. De salientar que a quantidade de aço esperado encaminhado para reciclagem
através do sistema de valorização energética da Valorsul e Lipor é bastante maior que
a quantidade de aço recolhido selectivamente.
Num futuro próximo prevê-se que exista um aumento da taxa de reciclagem e um
aumento da percentagem de embalagens recolhidas selectivamente, em detrimento das
embalagens encaminhadas através do circuito paralelo e das ITVE (Instalações de
Tratamento e Valorização de Escórias) das centrais de valorização energética.
2.2.3 Embalagens de alumínio
A Fileira Metal é a entidade responsável pela recuperação e reciclagem de
embalagens de alumínio em Portugal no âmbito do SIGRE. Da mesma forma que para
o aço, o diagrama de fim de vida presente na Figura 18 foi construído a partir de
estimativas para o ano 2001, onde se prevê que os resíduos de embalagem de alumínio
ascendam a 8,5 mil toneladas.
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
35
As embalagens de bens alimentares em Portugal
Estima-se que 76% dos resíduos sejam recolhidos indiferenciadamente, sendo os
restantes 24% recolhidos selectivamente, embora, na sua maior parte por operadores
do mercado paralelo. As elevadas quantidades de alumínio existentes no mercado
paralelo devem-se ao facto da sucata de alumínio apresentar um alto valor de
mercado.
Figura 18 – Diagrama de fim de vida das embalagens de alumínio para 2001, em Portugal.
8.511 ton
2001
Resíduos de
embalagens de Alumínio
• Todos os valores são estimativas para 2001
76,0%
24,0%
6.468 ton
2.043 ton
Recolha
Selectiva
Recolha
Indiferenciada
81,6% 6,3%
406 ton
786 ton
Triag./Comp.
35%
Perdas
65%
83,2%
12,2%
1.700 ton
Valorização
Energética
M. Paralelo*
100%
100%
14,7%
2,1%
300 ton
Sist. Mult.
e Autarquias
43 ton
Op. Privados
100%
100%
Triagem
ITVE
100%
Aterro
Controlado
5.541 ton
100%
Reciclagem
* Fora do SIGRE
2.970 ton
Fonte: Ribeiro, Silva e Ferrão (2001).
Existe uma quantidade significativa de alumínio que é recuperada via ITVE, no
entanto, este alumínio apresenta uma qualidade bastante inferior ao alumínio
proveniente da recolha selectiva.
Considerando apenas a reciclagem proveniente dos sistemas de gestão de RSU, dos
operadores privados, do aproveitamento das escórias de fundo do forno das
incineradoras e da triagem antes da compostagem de RSU, a taxa de reciclagem
prevista para 2001 é de 14,9%. Ao considerar o alumínio que é encaminhado para
reciclagem pelo mercado paralelo, a taxa de reciclagem estima-se que atinja os 34,9%.
2.2.4 Embalagens de cartão canelado e papel
Em Portugal, praticamente as únicas embalagens de papel/cartão que são recicladas
são as embalagens de cartão canelado, sendo que a taxa de reciclagem destas
embalagens é elevada, cerca de 69,9%. O cartão canelado apresenta uma taxa de
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
36
As embalagens de bens alimentares em Portugal
reciclagem elevada devido ser uma matéria prima bastante valiosa em termos
económicos (ver Figura 19).
O cartão que é proveniente do circuito do SIGRE apresenta uma qualidade pior que o
cartão que é recolhido via operadores privados, o que origina dificuldades em
convencer os operadores privados a aderir ao SIGRE.
A Recipac é a entidade responsável pela gestão dos resíduos de embalagens de cartão
no âmbito do SIGRE.
Figura 19 – Diagrama de fim de vida das embalagens de cartão canelado, para o ano 1999, em
Portugal.
211.000 ton
1999
Resíduos de embalagens
de Cartão canelado
• Em itálico estão as estimativas
3%
97%
6.330 ton
204.670 ton
Recolha
Selectiva
Recolha
Indiferenciada
62,5%
9,5%
3%
28%
97%
6.140 ton
601 ton
Triag./Comp.
1.772 ton
198.530 ton
SIGRE
Valorização
Energética
M. Paralelo + Op. Privados +
Câmaras N/SIGRE
100%
100%
Triagem
100%
Perdas
Retomador
Retomador
12%
88%
Aterro
Controlado
61.181 ton
Perdas
24%
Perdas
5%
95%
Reciclagem
147.445 ton
Fonte: Ribeiro, Silva e Ferrão (2001).
O papel e cartão usados como embalagens primárias nos bens alimentares, à excepção
do cartão canelado, como é o caso das pizzas e de alguns bolos, tem praticamente
como único destino o aterro sanitário e a valorização energética devido à baixa taxa
de recolha destes tipos de embalagem e a estes serem de má qualidade devido à sua
contaminação. O mesmo destino têm os rótulos de papel que se encontram, por
exemplo, nas embalagens de óleos alimentares, dado que não compensa
economicamente a sua reciclagem e se encontram contaminados com colas que os
tornam pouco apetecíveis para a reciclagem.
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
37
As embalagens de bens alimentares em Portugal
2.2.5 Embalagens de cartão para alimentos líquidos
A grande parte de embalagens de cartão para alimentos líquidos colocadas no
mercado português são embalagens de leite e o seu consumo encontra-se muito
localizado no litoral, mesmo tendo em conta a distribuição populacional no nosso
país. Deste tipo de embalagem, 8% são recolhidas selectivamente (incluindo as
embalagens colocadas no mercado mas não consumidas) e 4% via SIGRE (ver Figura
20).
Figura 20 – Diagrama de fim de vida das embalagens de cartão para alimentos líquidos , em
2000, para Portugal.
29.521 ton
2000
Resíduos de embalagens domésticas
de cartão p/ alimentos liquídos
• Em itálico estão as estimativas
92%
8%
27.159 ton
2.362 ton
Recolha
Selectiva
Recolha
Indiferenciada
54,8% nd%
nd ton
Triag./Comp.
50 %
45,2%
12.289 ton
Valorização
Energética
50 %
1.181 ton
1.181 ton
SIGRE
Retomadores N/SIGRE
(resíduos de produção+devoluções)
100%
100%
Aterro
Controlado
14.870 ton
Reciclagem
Mecânica
2.362 ton
Fonte: Ribeiro, Silva e Ferrão (2001).
A Recipac é a entidade licenciada pela gestão dos resíduos de embalagens de cartão
para alimentos líquidos no âmbito do SIGRE.
2.2.6 Embalagens de madeira
Dos resíduos de embalagens de madeira estimam-se que apenas 10% são de
embalagens one-way e que os restantes são de embalagens reutilizáveis, que não
entram no circuito do SIGRE gerido pela Embar, embora ocasionalmente possam
aparecer neste circuito por engano alguns resíduos de embalagens reutilizáveis, mas
que não são significativos em relação às embalagens one-way colocadas no mercado
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
38
As embalagens de bens alimentares em Portugal
(ver Figura 21). Dos resíduos de embalagem de madeira cerca de 58% são recolhidos
selectivamente e 42% são alvo de recolha indiferenciada (ver Figura 22).
Figura 21 – Diagrama de fim de vida das embalagens de madeira em 1999.
1999
Resíduos de embalagens
de Madeira
• Em itálico estão as estimativas
10,0 %
Resíduos de embalagens
de Madeira One-Way
90,0 %
41,9 %
58,1 %
Recolha
Selectiva
Recolha
Indiferenciada
Reutilização
Fonte: Ribeiro, Silva e Ferrão (2001).
Figura 22 – Diagrama de fim de vida das embalagens de madeira one-way, para o ano de
1999, em Portugal.
50.100 ton
1999
Resíduos de
embalagens de Madeira
One-Way (Ind+Dom)
• Em itálico estão as estimativas
58,1 %
41,9 %
29.095 ton
21.005 ton
Recolha
Selectiva
Recolha
Indiferenciada
9,5%
62,5%
0,2%
30,1%
28%
8.768 ton
1.995 ton
SIGRE
100 %
100 %
20.285 ton
42 ton
M. Paralelo
Triag./Comp.
69,7 %
Câmaras/O.P.
100 %
100 %
Separação
100 %
Aterro
Controlado
Valorização
Energética
15.124 ton
5.881 ton
Reutilização
8.768 ton
Reciclagem
20.327 ton
Fonte: Ribeiro, Silva e Ferrão (2001).
Da análise da figura anterior pode-se verificar que a quantidade recolhida via SIGRE
é insignificante quando comparada com o mercado paralelo.
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
39
As embalagens de bens alimentares em Portugal
2.2.7 Embalagens de plástico
A quase totalidade dos resíduos de embalagem de plástico presentes nos RSU são alvo
de recolha indiferenciada. Apenas cerca de 2,6% são recolhidos selectivamente e
encaminhados para reciclagem. Estes resíduos passam por uma operação de triagem
onde são separados os plásticos que podem ser reciclados dos outros, que, devido à
própria embalagem (ex: constituída por diversos tipos de plásticos), ao material (ex:
poliestireno) ou ao tipo de produto embalado (ex: alguns bens alimentares, como
óleos vegetais) não são reciclados. Dos resíduos de plástico recolhidos
selectivamente, cerca de 20% são resíduos que acabam por ter como destino o aterro
controlado, 5% são valorizados energeticamente e apenas 75% são efectivamente
reciclados (ver Figura 23).
Figura 23 – Diagrama de fim de vida das embalagens domésticas de plástico, para o ano 2000,
em Portugal.
172.000 ton
• É válido para os plásticos: PET,
PP, PEAD, PEBD e EPS
2000
Resíduos de embalagens
domésticas de Plástico
• Em itálico estão as estimativas
97,4%
2,6%
167.600 ton
4.400 ton
Recolha
Selectiva
Recolha
Indiferenciada
9,5%
62,5%
100%
28%
15.922 ton
SIGRE
Triag./Comp.
100%
100 %
Triagem
Perdas
20%
5%
Aterro
Controlado
Valorização
Energética
121.552 ton
47.148 ton
75%
Reciclagem
Mecânica
3.300 ton
Fonte: Ribeiro, Silva e Ferrão (2001). Estimativa para 2000 baseada em dados apurados até Outubro
de 2000.
2.2.8 Embalagens de vidro
A Cerv é a entidade licenciada para promover a retoma, processamento e reciclagem
do vidro de embalagem no âmbito da SPV. Apesar de esta entidade ser recente, o
sistema de recolha de vidro de embalagem já existe desde a década de 80, em que os
resíduos de embalagens de vidro eram recolhidos selectivamente pelos fabricantes
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
40
As embalagens de bens alimentares em Portugal
(e recicladores) de vidro de embalagem através dos “vidrões”. Dos resíduos de
embalagem, cerca de 38% são recolhidos selectivamente e enviados para reciclagem,
sendo que grande parte destas são embalagens recolhidas por agentes económicos
directamente nos grandes embaladores (Figura 24).
Figura 24 – Diagrama de fim de vida das embalagens domésticas de vidro one-way, no ano
1999, em Portugal.
287.204 ton
• Esta caracterização não
contabiliza o Casco Industrial
1999
Resíduos de embalagens
domésticas de Vidro One-Way
• Em itálico estão as estimativas
62,0%
38,0%
109.000 ton
178.204 ton
Recolha
Selectiva
Recolha
Indiferenciada
62,5%
9,5%
16.929 ton
Triag./Comp.
100%
65,1%
28%
49.897 ton
Valorização
Energética
100%
71.000 ton
15,6%
21.000 ton
17.000 ton
M. Paralelo
19,3%
SIGRE
Câmaras
N/SIGRE
100%
100%
Perdas
10%
100%
Vidrociclo
90%
Aterro
Controlado
189.104 ton
Reciclagem
98.100 ton
Fonte: Ribeiro, Silva e Ferrão (2001).
Os resíduos encaminhados para reciclagem são tratados previamente na empresa
Vidrociclo – Reciclagem de Resíduos, Lda. que recebe casco de origem industrial e
doméstico.
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
41
A Avaliação de Ciclo de Vida de embalagens de bens alimentares em Portugal
3 Avaliação de Ciclo de Vida de embalagens de bens
alimentares em Portugal
3.1 Caracterização do estudo
3.1.1 Fontes de informação e qualidade da informação
As empresas contactadas e as embalagens consideradas foram escolhidas com base na
sua representatividade no mercado nacional. As empresas são as seguintes.
Produtos lácteos.
•
Lactogal (líder no mercado dos leites ultrapasteurizados, que detém entre
outras as marcas Mimosa, Gresso e Agros).
•
Danone (líder de mercado de iogurtes).
Gorduras alimentares.
•
Sovena (Nutrinveste) (líder no mercado de óleos vegetais, com as marcas
Fula, Vêgê, entre outras).
•
Fima (Victor Guedes) e Sovena (Fábrica Torrejana de Azeites) (o
azeite Gallo, da Fima e o azeite Oliveira da Serra são as principais marcas
vendidas no país).
•
Fima (líder no mercado de margarinas de mesa e para culinária com as
marcas Planta e Vaqueiro, entre outras).
•
Lactogal (líder de mercado nas manteigas, com a Mimosa).
Frutas e Legumes.
•
Industrias de Alimentação IDAL, Lda (principal declarador à SPV no
sector de frutas e legumes).
•
Hortorres (embalador de frutas e legumes em embalagens de madeira).
Confeitaria.
•
Triunfo (líder de mercado nas bolachas).
Congelados.
•
Iglo (líder de mercado nas refeições prontas e peixe congelado).
•
Olá (líder de mercado nos gelados).
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
42
A Avaliação de Ciclo de Vida de embalagens de bens alimentares em Portugal
Dentro dos produtos comercializados por estas empresas, escolheram-se as
embalagens mais representativas, isto é, as mais vendidas, se bem que, por vezes,
nomeadamente nos congelados e confeitaria, as embalagens escolhidas, apesar de
serem as mais vendidas pelas suas empresas, têm globalmente uma quota de mercado
reduzida, devido à enorme variedade de produtos.
No caso das frutas e legumes frescas, a dificuldade é não só a grande variedade de
embalagens mas também a grande dispersão de empresas. Neste caso, optou-se por
estudar as embalagens de madeira comercializadas pela Hortorres, que facilitou o
acesso à informação.
Para além de informações fornecidas pelas empresas contactadas e existentes nas
bases de dados do Simapro sobre os processos dos ciclos de vida das embalagens,
utilizaram-se outras fontes de informação, como por exemplo, os eco-profiles da
industria europeia de plásticos (Association of Plastics Manufactures in
Europe, APME) e a Agência Europeia do Ambiente (European Environment
Agency, EEA).
3.1.2 Apresentação de dados e resultados
Os dados apresentados em cada sector dizem respeito a todo o sistema de
embalamento das embalagens consideradas, o que inclui informações acerca das
embalagens primárias, secundárias e terciárias, os materiais de que são feitas, qual o
seu peso, o número de embalagens existentes por unidade funcional considerada
(1000 kg e 1000 L), etc. Para além de informações sobre o sistema de embalagem,
estão também descritas as informações mais relevantes sobre a logística associada ao
transporte dos materiais de embalagem para o embalador, a logística associada à
distribuição desde o embalador até ao consumidor final e informações que dizem
respeito ao embalamento, como por exemplo, as quebras do processo e os consumos
de energia e materiais, quando disponíveis.
Em alguns casos devido a se tratarem de questões sensíveis às empresas que
forneceram as informações sobre as embalagens (como por exemplo, quotas de
mercado e fornecedores), optou-se por não explicitar esses dados, ou apresentaram-se
de uma forma agregada.
Em cada sector faz-se a avaliação de ciclo de vida das embalagens consideradas por
material e volume. Os resultados são apresentados por tipo de material e consistem
numa média ponderada da importância dessas embalagens dentro das embalagens
com o mesmo material no mesmo sector. Por exemplo, os resultados para as
embalagens de iogurte de PS são uma média ponderada das embalagens de PS 125g e
140g, que constituem 97% do universo das embalagens de PS para iogurtes colocadas
no mercado pela Danone.
O objectivo da avaliação, como já foi referido, é identificar e quantificar os impactes
ambientais das embalagens de bens alimentares e identificar as fases do ciclo de vida
que apresentam maiores impactes ambientais e a natureza desses impactes, de modo a
possibilitar o estudo de oportunidade de eco-eficiência e a avaliação de cenários
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
43
A Avaliação de Ciclo de Vida de embalagens de bens alimentares em Portugal
futuros para a produção, embalamento, transporte e deposição final das embalagens de
bens alimentares.
Os resultados são apresentados basicamente em quatro formas:
-
Gráfico da fase de normalização da ACV, que permite identificar quais as
categorias de impacte ambiental mais relevantes e o contributo de cada
fase do ciclo de vida para o impacte ambiental total.
-
Gráfico da fase de normalização da ACV, que permite identificar o
contributo de cada componente do sistema de embalagem para o impacte
ambiental da fase de produção.
-
Gráfico da fase de normalização da ACV, que permite identificar o
contributo do fim de vida de cada componente do sistema de embalagem
para a redução do impacte ambiental do ciclo de vida da embalagem.
-
Gráfico que indica o impacte ambiental normalizado em cada categoria de
impacte ambiental, ao longo do ciclo de vida da embalagem.
Para cada tipo de material em cada sector são apresentados outros resultados que se
julgaram relevantes e os resultados gerais do estudo.
3.1.3 Pressupostos assumidos
3.1.3.1 Considerações prévias
Neste capítulo apresentam-se os pressupostos gerais assumidos no presente estudo.
No caso de pressupostos específicos de em cada sector, estes são referidos nos
respectivos capítulos.
Analisaram-se as embalagens mais comercializadas pelas empresas que são as líderes
de mercado em cada sector e considerou-se que essas embalagens, o seu sistema de
embalamento e toda a logística associada são representativas de todo o sector.
Em alguns casos, como nos leites, iogurtes e óleos vegetais, as embalagens estudadas
cobrem praticamente o universo das embalagens existentes nesse sector.
Em sectores como os frutos e legumes frescos e os produtos congelados, devido à
diversidade de embalagens e multiplicidade de empresas embaladoras, isto já não é
verdade. No entanto, apesar da grande variedade de embalagens e empresas
existentes, os materiais utilizados e o tipo de embalagens são normalmente
semelhantes e os resultados obtidos podem ser extrapolados para o universo desse
sector, embora com as devidas ressalvas.
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
44
A Avaliação de Ciclo de Vida de embalagens de bens alimentares em Portugal
3.1.3.2 Embalamento
As quebras no processo de embalamento estão diferenciadas, sempre que possível, por
materiais e por tipo de embalagem. Quando não for o caso este o caso, as quebras
dizem respeito ao sistema de embalagem total.
3.1.3.3 Transporte
Assumiu-se que as distâncias médias associadas à reutilização de componentes dos
sistemas de embalagens e do transporte de embalagens não consumidas são idênticas
às distâncias entre o embalador e consumidor e que o tipo de transporte é idêntico.
Sempre que possível usaram-se os dados fornecidos pelos embaladores sobre a
logística associada à distribuição dos produtos até aos consumidores. No entanto,
raras foram as empresas que conseguiram fornecer valores fidedignos. Devido à
complexidade da logística, visto existirem normalmente vários tipos de circuitos
diferentes (diferentes hipermercados e supermercados têm circuitos diferentes,
diferentes áreas geográficas apresentam logísticas diferentes, etc.), houve que se
assumir os seguintes pressupostos.
-
No caso em que não foi fornecida nenhuma distância média entre o
embalador/ distribuidor e o consumidor, estimaram-se estas distâncias
com base nos valores Nielsen-INA (Índice Nielsen Alimentar),
respeitantes a 1999, de consumo geográfico por tipo de produtos. Com
base neste índice estimaram-se as distâncias entre os
embaladores/distribuidores e o consumidor final, não se tendo em
conta os circuitos eventuais que existem a partir de concessionários
regionais.
-
Em relação ao tipo de transporte utilizado, quando estes são variáveis
consoante os circuitos, estimou-se um tipo de camião médio, com base
nas informações existentes sobre os circuitos de logística.
Considerou-se que o camião que transporta as embalagens e materiais de embalagem
apenas transporta essa embalagem e esses materiais, não distribuindo outros produtos.
No transporte das embalagens e materiais de embalagem, considerou-se que os
camiões se encontram cheios quando realizam esse transporte e que na viagem de
volta, realizam o mesmo circuito e retornam vazios, ou seja, em média o camião
carrega 50% da sua carga máxima.
A caracterização dos processos de transporte para camiões foi segmentada em
camiões de 3,5 ton, 10 ton, 16 ton e 24 ton. Nos casos em que os transportes dos
materiais e produtos são feitos em diferentes tipos de camiões, considerou-se para
efeitos da avaliação do ciclo de vida aquele que mais se aproximava do tipo de
transporte real.
Tendo em conta os pressupostos assumidos quanto à distribuição, não se espera que
estes estejam muito fora da realidade e que influenciem negativamente os resultados
do estudo.
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
45
A Avaliação de Ciclo de Vida de embalagens de bens alimentares em Portugal
3.1.3.4 Utilização
Considerou-se que uma embalagem que é adquirida por um consumidor é consumida
no local e imediatamente e que o resíduo de embalagem consequente tem o seu
destino final no mesmo local em que foi adquirido.
3.1.3.5 Fim de vida
Quando não existe informação sobre a taxa de reutilização das paletes de madeira
considerou-se que esta apresenta um valor de 95%, sendo os restantes 5% quebras que
têm como destino o aterro, visto a madeira das paletes estar partida.
3.2 Embalagens de produtos lácteos
3.2.1 Introdução
As embalagens de produtos lácteos consideradas foram as embalagens utilizadas para
acondicionar leites e iogurtes que são os dois tipos de produto mais importantes
dentro do sector dos produtos lácteos. A informação utilizada para a avaliação do
ciclo de vida das embalagens mais utilizadas neste sector foi obtida a partir de
informações recolhidas nas empresas Lactogal e Danone. A Lactogal é a empresa
mais importante no sector dos leites tendo uma quota de mercado de cerca de 63%.
No sector dos iogurtes a empresa com maior quota de mercado é a Danone.
Nos casos dos leites a embalagem considerada é:
•
Cartão para alimentos líquidos de 1L, do tipo UHT.
No caso das embalagens de iogurtes, as embalagens consideradas são:
•
PS de 125g.
•
PS de 140g, bicompartimentada.
•
PEAD de 200 mL (correspondente a 185g).
Estas embalagens representam a maior parte do universo de embalagens utilizadas
para acondicionar estes produtos, nomeadamente, no caso dos leites, esta embalagem
representa a quase totalidade do leite UHT vendido pela Lactogal e no caso dos
iogurtes as três embalagens acima descritas cobrem 97% do universo das embalagens
colocadas no mercado pela Danone.
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
46
A Avaliação de Ciclo de Vida de embalagens de bens alimentares em Portugal
3.2.2
Leites
3.2.2.1 Descrição das embalagens
A embalagem primária de leite ultra-pasteurizado é de cartão para alimentos líquidos
(C.A.L.), que é um laminado constituído em 75% por papel, 20% por PE e restantes
5%, por alumínio. A embalagem secundária de leite é constituída por um filme
retráctil (Tabela 17). O sistema de embalagem é bastante leve, constituindo menos de
6% do peso do conjunto embalagem + produto (Tabela 18).
Tabela 17 – Caracterização dos sistemas de embalagem para leites.
Designação
Embalagem
Primária
C.A.L. 1 L
Secundária
C.A.L. 1 L
(Leite UHT) Filme retráctil
Terciária
Filme estirável
Palete de madeira
Peso
(g)
N.º por
palete
Dimensão/
Volume
Material
1L
CAL
25,7
720
12 unidades
PEBD
1,4
60
60 grupos
1200*800*144mm
PEBD
Madeira
30
25000
1
1
Tabela 18 – Peso do sistema de embalagem de leite.
Tipo de embalagem
C.A.L. 1 L (UHT)
Peso por palete
(incluindo produto)
(kg)
763,6
Peso do sistema de embalagem
por 1000 L de produto
(kg)
1060,6
De acordo com a Lactogal, a caracterização da distância média e do tipo de transporte
utilizado é bastante complexa, uma vez que a Lactogal tem vários fornecedores a que
recorre, de acordo com o mercado. Tendo este facto em conta, considerou-se apenas
as características do fornecedor mais comum para cada material (Tabela 19).
Tabela 19 – Logística associada aos materiais de embalagem de leites.
Material de embalagem
Cartão para alimentos líquidos 1 L
Filme retráctil
Filme estirável
Palete de madeira
Camião utilizado
(ton)
24
10
10
10
Distância média
percorrida (km)
650
20
20
270
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
47
A Avaliação de Ciclo de Vida de embalagens de bens alimentares em Portugal
Na logística associada à distribuição do leite, considerou-se o valor fornecido pela
Lactogal para distância média entre o embalador e o consumidor, neste tipo de
produto (Tabela 20).
Tabela 20 – Logística associada à distribuição do leite.
Tipo de transporte
Embalador - Consumidor
Camião utilizado
(ton)
24
Distância média
percorrida (km)
110
3.2.2.2 Informação sobre o ciclo de vida
Para o processo de embalamento dos leites UHT, utilizaram-se dados de uma outra
empresa que embala e comercializa leites, uma vez que não se conseguiu obter da
Lactogal valores de consumos de energia e materiais para o embalamento do leite
UHT. Os dados fornecidos pela Lactogal não se encontravam discriminados por fases
de produção, sendo apenas valores totais de produção.
As quebras do processo de embalamento estimadas pela Lactogal são 2% para as
embalagens primárias e secundárias. As retomas dos leites que não foram consumidos
estimaram-se em 2% das embalagens de leite colocadas no mercado.
Em relação ao fim de vida das embalagens, na reciclagem de cartão canelado
considerou-se que apenas o cartão é recuperado, sendo o plástico e alumínio
depositado em aterro. Na realidade, a empresa Reficel aproveita as fibras do cartão da
embalagem e neste momento, visto não dispor de condições para aproveitar o
polietileno e o alumínio, armazena os resíduos contendo estes dois materiais, com o
objectivo de no futuro os queimar no processo de fabrico de cartão kraft.
Considerou-se que os filmes retrácteis e estirável são recolhidos indiferenciadamente.
A palete de madeira é reutilizável e considerou-se uma taxa de reutilização de 95%.
3.2.2.3 Caracterização dos impactes ambientais
A principal categoria de impacte associada à utilização da embalagem de cartão para
alimentos líquidos é a utilização de energia. O impacte ambiental das restantes
categorias relevantes é relativamente homogéneo, como se encontra demonstrado na
Figura 25.
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
48
A Avaliação de Ciclo de Vida de embalagens de bens alimentares em Portugal
impacte ambiental 1000 Lts / impacte ambiental anual do cidadão médio
europeu
Figura 25 – Impacte ambiental agregado das embalagens de cartão para alimentos líquidos de
leite.
0,014
0,012
0,01
0,008
0,006
0,004
0,002
0
Estuf. Ozon.
Acid.
Eutr.
M.p.
Carc.
S.i.
S.v.
Pest.
Ener.
R.S.
A distribuição das contribuições de cada fase do ciclo de vida para cada categoria de
impacte ambiental, apresentada na Figura 26, mostra que a produção é responsável
pela maior parte do impacte em todas as categorias.
O embalamento não é muito significativo em todas as categorias exceptuando a de
metais pesados, onde é responsável por cerca de 30% do impacte global. O impacte
do processo de embalamento, deve-se à energia eléctrica utilizada no processo.
A distribuição, apesar de ser menos significativa que a fase de produção é ainda
importante na acidificação, no efeito de estufa e no smog de verão (Figura 26).
impacte ambiental 1000 Lts / impacte ambiental anual do cidadão médio
europeu
Figura 26 – Impactes ambientais relativos ao ciclo de vida das embalagens de cartão para
alimentos líquidos de leite.
0,025
0,02
Destino final
0,015
Distribuição
Embalamento
0,01
Produção
0,005
0
-0,005
-0,01
Estuf. Ozon. Acid.
Eutr.
M. p. Carc.
S. i.
S. v.
Pest.
Ener.
R.S.
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
49
A Avaliação de Ciclo de Vida de embalagens de bens alimentares em Portugal
Na categoria que apresenta maior impacte, a energia, a produção é a fase mais
relevante e, dentro desta, a componente do sistema de embalagem que produz um
maior impacte é a produção da embalagem de cartão para alimentos líquidos. Na
categoria de carcinogenia, a principal origem é igualmente a embalagem primária do
leite, mais concretamente da folha de alumínio que serve de protecção para o leite,
como se pode observar na Figura 27.
impacte ambiental 1000 Lts / impacte ambiental anual do cidadão médio
europeu
Figura 27 – Impactes ambientais relativos à fase de produção das embalagens de cartão para
alimentos líquidos de leite.
0,018
0,016
Palete de
madeira
Filme estirável
0,014
0,012
Filme de LPDE
0,01
CAL
0,008
0,006
0,004
0,002
0
Estuf. Ozon.
Acid.
Eutr. M. p.
Carc.
S. i.
S. v.
Pest.
Ener.
R.S.
O fim de vida permite a redução significativa do impacte na categoria energia
sobretudo devido à reutilização da palete de madeira e à valorização energética da
embalagem de cartão para alimentos líquidos, conforme quantificado na Figura 28.
impacte ambiental 1000 Lts / impacte ambiental anual do cidadão médio
europeu
Figura 28 – Impactes ambientais relativos à fase de fim de vida das embalagens de cartão para
alimentos líquidos de leite.
0,003
0,002
0,001
Dest. Final quebras
0
Dest. Final palete de madeira
-0,001
-0,002
Dest. Final filme estirável
-0,003
Dest. Final filme de LPDE
-0,004
Dest. Final CAL
-0,005
-0,006
-0,007
-0,008
Estuf. Ozon. Acid.
Eutr. M. p. Carc. S. i.
S. v.
Pest.
Ener.
R.S.
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
50
A Avaliação de Ciclo de Vida de embalagens de bens alimentares em Portugal
3.2.3 Iogurtes
3.2.3.1 Descrição das embalagens
As embalagens tomadas como referência foram as embalagens mais representativas
da marca Danone e que cobrem 97% do universo de embalagens colocadas no
mercado por essa empresa (Tabela 21), ou seja, o copo ERCA (embalagem clássica)
de poliestireno de 125 g de peso líquido, o copo ELTON (embalagem
bicompartimentada) de poliestireno de 140 g de iogurte com pedaços e a garrafa
REMY (embalagem do iogurte líquido Dan’up) de Polietileno de alta densidade de
200 mL, que correspondem aproximadamente a 180 g de iogurte líquido.
Tabela 21 – Importância das embalagens consideradas por volume de vendas da Danone.
PS de 125 g
PS de 140 g
PEAD de 200 mL
% vendas em volume
66%
7%
24%
O copo de 125 g é fabricado com poliestireno, através de termoformação e injecção.
Este copo é envolvido por um rótulo de papel, que lhe dá mais resistência, e a zona de
abertura da embalagem é de um material composto por papel e por poliéster
metalizado (mistura de plástico e alumínio), chamado mix-paper. Este material, cujo
peso por m2 é de 62 g encontra-se classificado como plástico e é feito por laminagem,
sendo que 72% em peso é papel e o restante é poliéster metalizado. O rótulo de papel
é colado ao copo de PS e a abertura em mix-paper é termo-soldada ao mesmo copo.
Os copos encontram-se agregados em packs de 4 embalagens, servindo uma cartolina
de embalagem secundária. As embalagens primárias que antes eram transportadas em
embalagens secundárias de cartão, são actualmente transportadas em embalagens de
PEAD reutilizáveis, com capacidade para 48 copos. Por sua vez, estas embalagens
secundárias são transportadas em embalagens terciárias de madeira, do tipo
europalete, com uma dimensão de 1200x800x144 mm, não sendo necessário filme
estirável para embalar as caixas de PEAD. Cada palete tem uma capacidade para 88
caixas de PEAD.
O copo de 140 g para iogurtes com pedaços é bicompartimentado e à semelhança com
o copo ERCA é feito de poliestireno. A embalagem apresenta duas etiquetas de papel
que pesam em conjunto 0,26 g e a zona de abertura é constituída de mix-paper. As
embalagens são transportadas em embalagens secundárias de PEAD reutilizáveis, em
conjuntos de 24 unidades. A palete de madeira é utilizada como embalagem terciária e
tem capacidade para 88 caixas de PEAD, o que equivale a 2112 unidades de 140 g.
A garrafa utilizada para embalar os iogurtes líquidos é de polietileno de alta
densidade. Esta embalagem é moldada por injecção no próprio local, a partir de uma
pré-forma. A zona de abertura da garrafa é do mesmo material e o rótulo é de papel. A
maior parte das embalagens deste tipo são agregadas em conjuntos de 4 por um filme
retráctil de PEBD, existindo também embalagens que são agrupadas com cartolina. As
caixas que servem de embalagem secundária são igualmente de PEAD e reutilizáveis
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
51
A Avaliação de Ciclo de Vida de embalagens de bens alimentares em Portugal
e a embalagem terciária é constituída unicamente por uma palete de madeira
reutilizável.
Uma descrição mais completa dos sistemas de embalagem encontra-se presente na
Tabela 22 e Tabela 23.
Tabela 22 – Caracterização dos sistemas de embalagem para iogurtes.
Designação
PS
125g
PS
140g
PEAD
185 g
Embalagem
Primária
Copo PS de 125 g
Tampa em mix-paper
Rótulo de papel
Secundária
Cartolina
Caixa de PEAD reutiliz.
Terciária
Palete de madeira
Primária
Copo PS de 140 g
Tampa em mix-paper
Etiqueta CB
Etiqueta deco
Secundária
Caixa de PEAD reutiliz.
Terciária
Palete de madeira
Primária
Garrafa PEAD de 185 g
Cápsula
Rótulo de papel
Secundária
Filme retráctil
Caixa de PEAD reutiliz.
Terciária
Palete de madeira
Dimensão/
Volume
Material
125 g p.l.
1 unidade
1 unidade
PS
Mix-paper
Papel
4 copos
48 copos
Cartão
PEAD
1200*800*144 mm
Madeira
140 g p.l.
1 unidade
1 unidade
1 unidade
PS
Mix-paper
Papel
Papel
24 copos
PEAD
1200*800*144 mm
Madeira
185 g p.l.(200 mL)
1 unidade
1 unidade
PEAD
PEAD
Papel
11,74
2,13
0,89
4224
4224
4224
4 garrafas
48 garrafas
PEBD
PEAD
4,45
800
1056
88
1200*800*144 mm
Madeira
Peso (g)
3,56
0,29
1,13
N.º por
palete
4224
4224
4224
13
800
1056
88
25000
1
8,8
0,74
0,094
0,168
2112
2112
2112
2122
800
88
25000
1
25000
1
Tabela 23 – Peso dos sistemas de embalagem de iogurtes.
Tipo de embalagem
Copo PS de 125 g
Copo PS de 140 g
Garrafa PEAD de 185 g
Peso por palete
(incluindo produto)
(kg)
658,2
411,8
943,9
Peso do sistema de embalagem
por 1000 kg de produto
(kg)
1246,5
1392,7
1207,9
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
52
A Avaliação de Ciclo de Vida de embalagens de bens alimentares em Portugal
Em termos de logística das matérias primas, há a referir que as tampas em mix-paper
que são utilizadas nos iogurtes de 125 g e 140 g, têm origem em Espanha. A distância
estimada para o transporte até à fábrica de Castelo Branco foi de 1000 km. Além
disso, apesar de as embalagens de PS e PEAD serem formadas no local de
embalamento, o filme de PS e as pré-formas de PEAD, a partir das quais as
embalagens de iogurtes são feitas, são produzidos noutros locais. Os rótulos, a
cartolina e as cápsulas têm uma origem diversa, cuja distância média do fornecedor à
fábrica se estima 500 km para as cápsulas e 625 km para os restantes materiais. A
restante logística associada aos materiais de embalagem pode ser consultada na
Tabela 24.
Tabela 24 – Logística associada aos materiais de embalagem de iogurtes.
Material de embalagem
Camião utilizado
(ton)
Copo em PS
Garrafa de PEAD
Tampa em mix-paper
Cápsula de PEAD
Rótulo de papel
Etiqueta CB
Etiqueta deco
Cartolina
Filme retráctil
Caixa de PEAD reutiliz.
Palete de madeira
24
24
24
24
24
24
24
24
24
24
24
Distância média
percorrida
(km)
625
150
1000
500
625
625
625
625
1000
170
220
A distribuição dos iogurtes Danone, cujo fabrico é realizado em Castelo Branco, está
a cargo da empresa Salvesen Logística, que tem o seu centro de distribuição na
Azambuja. Assim, todos os produtos da fábrica de Castelo Branco são transportados
para a Azambuja e armazenados para expedição, mesmo aqueles que posteriormente
serão enviados para clientes situados na zona de Castelo Branco. Este transporte é
realizado em camiões de 24 ton e a distância percorrida é de cerca de 220 km. Do
centro de distribuição, os iogurtes são enviados para todo o país, quer através do
operador logístico da Danone, quer através de outros operadores, como os das grandes
superfícies. Através do consumo geográfico de iogurtes em 1999, estimou-se que a
distância média que um iogurte percorre desde o centro de distribuição até ao
consumidor final é de cerca de 190 km e o camião médio utilizado estima-se que seja
de 16 ton (ver Tabela 25).
Tabela 25 – Logística associada à distribuição do iogurte.
Tipo de transporte
Embalador – Centro de distribuição
Centro de distribuição - Consumidor
Camião utilizado
(ton)
24
16
Distância média
percorrida (km)
220
187
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
53
A Avaliação de Ciclo de Vida de embalagens de bens alimentares em Portugal
3.2.3.2 Informação sobre o ciclo de vida
Dado não ter sido possível dissociar os consumos de energia e material no processo de
embalamento, dos consumos globais de energia e materiais na produção dos iogurtes
Danone, não se tem em conta esta fase no ciclo de vida.
As quebras no processo de embalamento da Danone são residuais, inferiores a 1% nas
embalagens primárias e terciárias, e estimam-se em 2,5% para as caixas de PEAD
reutilizáveis. No caso destas, as perdas devem-se fundamentalmente a caixas de
PEAD que são desviadas do circuito da Danone pelos consumidores e retalhistas para
serem utilizadas para outros fins. Para além das perdas no processo de embalamento,
existem embalagens que são colocadas no mercado, mas que devido ao seu prazo de
validade acabam por retornar à fábrica. No caso dos iogurtes essas embalagens não
vendidas representam 4% das embalagens colocadas no mercado.
As embalagens de PS não são recicladas e o seu destino final é a valorização
energética ou o aterro controlado. As embalagens de iogurtes líquidos em PEAD são
recicladas, mas a taxa de reciclagem é baixa (2,6% em 1999). Considerou-se que os
rótulos das garrafas de PEAD que são encaminhadas para aterro acabam por ser
depositados em aterro.
No caso da cartolina e filme de PEBD que servem para agregar as embalagens de
iogurtes, o seu destino final é a recolha indiferenciada. As caixas de PEAD utilizadas
com embalagem secundária são reutilizáveis a 97,5% e para a palete de madeira
considerou-se uma taxa de reutilização das embalagens de 95%.
Considerou-se ainda que o consumidor que utiliza a embalagem de iogurte líquido
acaba por voltar a colocar a cápsula na garrafa, ou seja, o circuito final da cápsula é
idêntico ao da garrafa.
No caso das embalagens que retornam à fábrica, devido ao seu prazo de validade, o
destino final dos materiais de embalagem é o aterro, exceptuando as caixas de PEAD
e palete de madeira que são reutilizáveis.
3.2.3.3 Caracterização dos impactes ambientais
3.2.3.3.1
Copos de PS
Verifica-se pela análise do gráfico Figura 29 que os principais impactes associados ao
ciclo de vida das embalagens de iogurtes de PS são nas categorias de metais pesados,
energia, smog de verão, acidificação e efeito de estufa.
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
54
A Avaliação de Ciclo de Vida de embalagens de bens alimentares em Portugal
impacte ambiental 1000 kg / impacte ambiental anual do cidadão médio
europeu
Figura 29 – Impacte ambiental agregado de copos em PS de iogurte.
0,070
0,060
0,050
0,040
0,030
0,020
0,010
0,000
Estuf.
Ozon.
Acid.
Eutr.
M.p.
Carc.
S.i.
S.v.
Pest.
Ener.
R.S.
A distribuição das contribuições de cada fase do ciclo de vida para cada categoria de
impacte ambiental, apresentada na Figura 30, mostra que a principal fase responsável
pelos impactes é a produção das embalagens. A fase de distribuição apresenta um
impacte diminuto comparada com a fase de produção.
impacte ambiental 1000 kg / impacte ambiental anual do cidadão médio
europeu
Figura 30 – Impactes ambientais relativos ao ciclo de vida de copos em PS de iogurte.
0,150
0,100
Destino final
Distribuição
0,050
Produção
0,000
-0,050
-0,100
Estuf. Ozon.
Acid.
Eutr.
M. p.
Carc.
S. i.
S. v.
Pest.
Ener.
R.S.
Deve-se salientar que, curiosamente, como ilustrado na Figura 31, na fase de
produção é a produção da caixa de PEAD que acaba por ter maior impacte ambiental
nas principais categorias, à excepção da categoria de metais pesados. No entanto,
como a caixa é reutilizada, globalmente, esta embalagem apresenta um impacte
diminuto em relação as embalagens de PS, que são penalizadas por não serem nem
reutilizáveis nem recicláveis.
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
55
A Avaliação de Ciclo de Vida de embalagens de bens alimentares em Portugal
Os metais pesados existentes no ciclo de vida das embalagens de iogurte em PS, são
provenientes da fase de produção de PS, mais concretamente na produção do polímero
de PS (APME, 1997).
Como neste estudo os metais referenciados não são discriminados pela sua origem,
admite-se o pior caso possível, dai que na realidade, esta categoria de impacte possa
estar um pouco sobreavaliada. No entanto, a produção de PS termoformado, quando
comparada com a produção de outros plásticos, como por exemplo polipropileno
moldado por injecção e polietileno de alta densidade moldado por sopro, apresenta
maiores teores de metais emitidos para a atmosfera e para efluentes líquidos (APME,
1997).
De referir que, no sistema de embalagem, a cartolina usada para agrupar as
embalagens primárias de PS ainda tem alguma importância, sobretudo quando
comparada à produção da embalagem de PS, representando em conjunto cerca de 15%
do impacte ambiental associado à produção das embalagens, nas categorias de efeito
de estufa e acidificação. Este valor é importante, nomeadamente se tivermos em conta
o ciclo de vida global, uma vez que a produção das caixas de PEAD (que são
reutilizadas) é a que provoca maior impacte ambiental na produção das embalagens.
As embalagens que são colocadas no mercado, mas que não são consumidas e, por
isso, têm que voltar para o embalador, não apresentam impactes significativos no seu
fim de vida devido à taxa de retoma ser reduzida.
impacte ambiental 1000 kg / impacte ambiental anual do cidadão médio
europeu
Figura 31 – Impactes ambientais relativos à fase de produção de copos em PS de iogurte.
0,140
0,120
Palete de madeira
Caixa de PEAD
0,100
Cartolina
T ampa
0,080
Rótulo
Embalagem PS
0,060
0,040
0,020
0,000
Estuf.
Ozon.
Acid.
Eutr.
M. p.
Carc.
S. i.
S. v.
Pest.
Ener.
R.S.
O fim de vida dos diversos materiais de embalagens permite que o impacte ambiental
da fase de produção e distribuição seja bastante atenuado, sobretudo ao nível de
energia e smog de verão, devido principalmente à reutilização das caixas de PEAD
que servem de embalagem secundária (ver Figura 32).
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
56
A Avaliação de Ciclo de Vida de embalagens de bens alimentares em Portugal
impacte ambiental 1000 kg / impacte ambiental anual do cidadão médio
europeu
Figura 32 – Impactes ambientais relativos à fase de fim de vida de copos em PS de iogurte.
3.2.3.3.2
0,020
Dest. Final quebras
0,000
Dest. Final palete de madeira
Dest. Final caixa de PEAD
-0,020
Dest. Final cartolina
Dest. Final tampa
Dest. Final rótulo
-0,040
Dest. Final embalagem PS
-0,060
-0,080
-0,100
Estuf. Ozon. Acid.
Eutr.
M. p. Carc.
S. i.
S. v.
Pest. Ener.
R.S.
Garrafa de PEAD
Os principais impactes associados ao ciclo de vida da garrafa de PEAD para iogurtes
líquidos são devidos à fase de produção e concentram-se sobretudo a nível da energia,
smog de verão, acidificação e efeito de estufa conforme ilustrado na Figura 33.
impacte ambiental 1000 kg / impacte ambiental anual do cidadão médio
europeu
Figura 33 – Impacte ambiental agregado da garrafa de PEAD 185 g de iogurte líquido.
0,070
0,060
0,050
0,040
0,030
0,020
0,010
0,000
Estuf.
Ozon.
Acid.
Eutr.
M.p.
Carc.
S.i.
S.v.
Pest.
Ener.
R.S.
Da avaliação do ciclo de vida da garrafa de PEAD de iogurtes líquidos verifica-se que
a distribuição tem uma relevância diminuta quando comparada com a produção.
Mesmo considerando a redução do impacte associado ao fim de vida do sistema de
embalagem, a importância da distribuição nas principais categorias não excede os
30% na acidificação e 21% no efeito de estufa (Figura 34).
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
57
A Avaliação de Ciclo de Vida de embalagens de bens alimentares em Portugal
impacte ambiental 1000 kg / impacte ambiental anual do cidadão médio
europeu
Figura 34 – Impactes ambientais relativos ao ciclo de vida da garrafa de PEAD 185 g de
iogurte líquido.
0,150
0,100
Destino final
0,050
Distribuição
Produção
0,000
-0,050
-0,100
Estuf. Ozon. Acid. Eutr.
M. p. Carc.
S. i.
S. v.
Pest.
Ener. R.S.
Os principais impactes na fase de produção são consequência do fabrico da garrafa e
da caixa que serve como embalagem secundária. No entanto, à semelhança com o que
acontece com os copos de PS, como a caixa de PEAD é reutilizável, globalmente os
impactes ambientais da responsabilidade desta embalagem são diminutos.
Os outros componentes do sistema de embalagem, como a tampa e o rótulo, têm uma
expressão insignificante em todas as categorias, excepto na energia e smog de verão
(sobretudo devido ao fabrico da tampa) onde, ainda assim, a sua importância é
bastante reduzida quando comparada com a da produção da garrafa e caixa de PEAD,
conforme patente na Figura 35.
impacte ambiental 1000 kg / impacte ambiental anual do cidadão médio
europeu
Figura 35 – Impactes ambientais relativos à fase de produção da garrafa de PEAD 185 g de
iogurte líquido.
0,140
0,120
Palete de madeira
0,100
Caixa PEAD
Filme retráctil
0,080
Rótulo
Cápsula
Embalagem PEAD
0,060
0,040
0,020
0,000
Estuf. Ozon.
Acid.
Eutr. M. p. Carc.
S. i.
S. v.
Pest.
Ener.
R.S.
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
58
A Avaliação de Ciclo de Vida de embalagens de bens alimentares em Portugal
Verifica-se também que o destino final dos materiais que constituem o ciclo de vida
da garrafa de PEAD permite uma redução significativa do consumo de energia
associado à sua produção, que se explica em grande parte pela reutilização da caixa de
PEAD (ver Figura 36).
Dado a taxa de reciclagem da garrafa de PEAD ser bastante reduzida, o efeito desta é
praticamente insignificante no ciclo de vida. Pela mesma razão das embalagens de PS,
as garrafas de PEAD que são colocadas no mercado e não são consumidas, não
apresentam impactes significativos no seu fim de vida.
impacte ambiental 1000 kg / impacte ambiental anual do cidadão médio
europeu
Figura 36 – Impactes ambientais relativos à fase de fim de vida da garrafa de PEAD 185 g de
iogurte líquido.
0,030
0,020
0,010
Dest. Final quebras
0,000
Dest. Final palete de madeira
-0,010
Dest. Final caixa PEAD
-0,020
Dest. Final filme retráctil
-0,030
Dest. Final rótulo
Dest. Final cápsula
-0,040
Dest. Final embalagem PEAD
-0,050
-0,060
-0,070
Estuf. Ozon. Acid. Eutr. M. p. Carc.
S. i.
S. v. Pest. Ener. R.S.
3.3 Embalagens de gorduras alimentares
3.3.1 Introdução
As embalagens de gorduras alimentares consideradas foram as embalagens mais
representativas para acondicionar óleos vegetais, azeite, margarina e manteiga. A
informação sobre o sistema de embalagem usada para a avaliação de ciclo de vida foi
obtida a partir de informações fornecidas pela Sovena, FIMA e Lactogal.
Nos óleos vegetais foi analisada a embalagem:
•
1 L em PET, da marca Fula, da empresa Sovena.
Nos azeites foram analisadas 3 embalagens:
•
Vidro de 0,75 L, da marca Oliveira da Serra, da Sovena.
•
Vidro de 1 L, da marca azeite Gallo, da FIMA.
•
Lata de 1 L, da FIMA.
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
59
A Avaliação de Ciclo de Vida de embalagens de bens alimentares em Portugal
Nas margarinas foram analisadas 3 embalagens
•
PP de 250 g, da marca Planta, da FIMA.
•
PP de 500 g, da marca Planta, da FIMA.
•
Papel/Alumínio/PE de 250 g, da marca Vaqueiro, da FIMA.
•
Papel/Alumínio/PE de 1 kg, da marca Vaqueiro, da FIMA.
Nas manteigas foram analisadas 3 embalagens:
•
PS de 15 g, da marca Mimosa, da Lactogal.
•
PP de 125 g, da marca Mimosa, da Lactogal.
•
PP de 250 g, da marca Mimosa, da Lactogal.
3.3.2 Óleos vegetais
3.3.2.1 Descrição das embalagens
A embalagem tomada como referência foi a embalagem de PET de 1 L da marca Fula,
comercializada pela Sovena. As embalagens de 1 L, que são quase exclusivamente em
PET, representam cerca de 98% de vendas em volume dos óleos vegetais
comercializados pela Sovena. Outros volumes como 3 L e 5 L são desprezáveis
quando comparados com a embalagem de 1 L, em termos de quota de mercado.
As embalagens de PET são feitas no local de embalamento a partir de pré-formas. A
pré-forma é produzida por um processo de extrusão-sopro e a embalagem de PET é
posteriormente moldada através de injecção-sopro.
As cápsulas utilizadas são de polipropileno (PP), através do processo de injecção.
Uma descrição do sistema de embalagem pode ser encontrado na Tabela 26 e Tabela
27.
Tabela 26 – Caracterização dos sistemas de embalagem para óleos vegetais.
Designação
PET
1L
Embalagem
Dimensão/
Volume
Material
Primária
Garrafa de 1L
1L
PET
Cápsula
1 unidade
PP
Rótulo
1 unidade
Papel
Secundária
Caixa de cartão
12 garrafas
Cartão canelado
Terciária
Filme estirável
60 caixas
PEBD
Palete de madeira 1200*800*144mm
Madeira
Peso (g)
N.º por
palete
27,0
4,0
2,5
235
115,2
25000
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
720
720
720
60
1
1
60
A Avaliação de Ciclo de Vida de embalagens de bens alimentares em Portugal
Tabela 27 – Peso do sistema de embalagem de óleos vegetais.
Tipo de embalagem
Garrafa de PET 1 L
Peso por palete
(incluindo produto)
(kg)
718,5
Peso do sistema de embalagem
por 1000 L de produto
(kg)
998,0
Em relação à logística associada aos materiais de embalagem, há que referir que as
cápsulas de PP usadas têm origem em dois fornecedores, um nacional, em que o
transporte é feito num camião de até 10 ton e um estrangeiro, em que as cápsulas são
transportadas num camião de 24 toneladas até à fábrica (ver Tabela 28).
Tabela 28 – Logística associada aos materiais de embalagem de óleos vegetais.
Material de embalagem
Garrafa de 1 L
Cápsula
Rótulo
Caixa de cartão
Filme estirável
Palete de madeira
Camião utilizado
(ton)
24
24 e 10
<4
24
<4
24
Distância média
percorrida (km)
270
1450
330
275
70
50
O óleo Fula é embalado no Barreiro e a distribuição para o resto do país é feita deste
local e de um armazém situado na Póvoa de Santa Iria. Tendo em conta as
quantidades de óleos que são expedidas a partir dos dois armazéns, a distância média
entre a fábrica e os centros de distribuição é de cerca de 9 km. Com base na
distribuição geográfica do consumo no ano de 1999, estimou-se que a distância média
dos centros de distribuição aos consumidores é de cerca de 240 km (ver Tabela 29).
Tabela 29 – Logística associada à distribuição do óleo vegetal.
Tipo de transporte
Embalador – centro de distribuição
Centro de distribuição - consumidor
Camião utilizado
(ton)
24
16
Distância média
percorrida (km)
8
241
3.3.2.2 Informação sobre o ciclo de vida
As quebras de embalagem estimadas no embalamento do óleo são respectivamente
0,2%, 0,4% e 0,4% para as embalagens primárias, secundárias e terciárias. No ciclo de
vida destas embalagens inclui-se o consumo de energia e de materiais no processo de
embalamento do óleo, os quais são quantificados na Tabela 30.
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
61
A Avaliação de Ciclo de Vida de embalagens de bens alimentares em Portugal
Tabela 30 – Consumos de materiais no processo de embalamento de óleos vegetais.
Designação
PET 1L
Fonte: Sovena
Consumo de
Electricidade
(KWh/L embalado)
0,00117
Consumo de Azoto
(m3/L embalado)
Consumo de Cola
(kg/ L embalado)
0,0014
0,00036
A garrafa de PET utilizada para embalar óleos vegetais não é reciclada devido ao alto
teor de gordura impregnada na garrafa, a qual tornaria bastante oneroso o processo de
reciclagem. Sendo assim, o destino final destas garrafas é unicamente a recolha
indiferenciada, em que as garrafas são colocadas em aterro ou valorizadas
energeticamente. Os rótulos, e as cápsulas acabam por ter idêntico destino. As caixas
de cartão canelado são recicladas na sua maior parte e a palete de madeira é
reutilizável. Considerou-se uma taxa de reutilização da palete de madeira de 95% e
que o filme estirável que serve como embalagem terciária é recolhido
indiferenciadamente.
3.3.2.3 Caracterização dos impactes ambientais
As quatro principais categorias de impacte ambiental da garrafa de PET de óleos
vegetais são o smog de verão, a acidificação, a energia, o smog de inverno e o efeito
de estufa (ver Figura 37).
impacte ambiental 1000 Lts. / impacte ambiental anual do cidadão médio
europeu
Figura 37 – Impacte ambiental agregado da garrafa de PET 1 L de óleos vegetais.
0,04
0,035
0,03
0,025
0,02
0,015
0,01
0,005
0
Estuf.
Ozon.
Acid.
Eutr.
M.p.
Carc.
S.i.
S.v.
Pest.
Ener.
R.S.
Pela análise da Figura 38 podemos verificar que a fase de produção das embalagens é
a principal responsável pelo impacte ambiental, que a fase de distribuição é relevante
ainda que com menor impacte que a produção (entre 20% a 30% nas principais
categorias) e que os impactes resultantes do embalamento são praticamente
desprezáveis.
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
62
A Avaliação de Ciclo de Vida de embalagens de bens alimentares em Portugal
impacte ambiental 1000 Lts. / impacte ambiental anual do cidadão médio
europeu
Figura 38 – Impactes ambientais relativos ao ciclo de vida da garrafa de PET 1 L de óleos
vegetais.
0,04
0,03
Destino final
Distribuição
0,02
Embalamento
Produção
0,01
0
-0,01
-0,02
Estuf. Ozon.
Acid.
Eutr.
M. p.
Carc.
S. i.
S. v.
Pest.
Ener.
R.S.
Na fase de produção, a maior parte dos impactes ambientais devem-se à produção da
garrafa de PET. A componente a seguir à garrafa de PET mais importante é a tampa
de polipropileno, principalmente nas categorias acidificação, smog de inverno e smog
de verão (ver Figura 39).
impacte ambiental 1000 Lts. / impacte ambiental anual do cidadão médio
europeu
Figura 39 – Impactes ambientais relativos à fase de produção da garrafa de PET 1 L de óleos
vegetais.
0,04
0,035
Palete de madeira
0,03
Filme estirável
Caixa de cartão
0,025
Rótulo
Cápsula
0,02
Garrafa PET
0,015
0,01
0,005
0
Estuf. Ozon.
Acid.
Eutr.
M. p.
Carc.
S. i.
S. v.
Pest.
Ener.
R.S.
No fim de vida das embalagens destaca-se o facto de com os circuitos actuais, se
reduzir em cerca de 30% o impacte ambiental na categoria de energia. Este facto
deve-se sobretudo à reutilização da palete de madeira e reciclagem da embalagem
secundária de cartão canelado e, em menor parte, à valorização energética dos
materiais de embalagem.
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
63
A Avaliação de Ciclo de Vida de embalagens de bens alimentares em Portugal
Nas restantes categorias de impacte, o fim de vida actual não reduz significativamente
o impacte ambiental associado à garrafa de PET 1 L, uma vez que a garrafa de PET,
que é principal responsável pelo impacte ambiental na fase de produção, não é
reciclada devido ao seu alto teor de gordura, tendo como destino o aterro e a
valorização energética, Esta última, apesar de ter efeitos benéficos em categorias
como a energia e o smog de verão, tem efeitos negativos em outras, como por
exemplo, na categoria de efeito de estufa (ver Figura 40).
impacte ambiental 1000 Lts. / impacte ambiental anual do cidadão médio
europeu
Figura 40 – Impactes ambientais relativos à fase de fim de vida da garrafa de PET 1 L de
óleos vegetais.
0,015
Dest. Final quebras
0,01
Dest. Final palete de madeira
Dest. Final filme estirável
Dest. Final caixa de cartão
0,005
Dest. Final rótulo
Dest. Final cápsula
Dest. Final garrafa PET
0
-0,005
-0,01
-0,015
Estuf. Ozon. Acid. Eutr. M. p. Carc. S. i. S. v. Pest. Ener. R.S.
3.3.3 Azeite
3.3.3.1 Descrição das embalagens
As embalagens de azeite tomadas como referência foram as embalagens de vidro e
lata de 1 L, do azeite Gallo de 1,5 graus e a embalagem de vidro 0,75 L, do azeite
Oliveira da Serra virgem extra de 1 grau.
Com base nos dados obtidos, o volume de azeite embalado em garrafas de 0,75 L
representa cerca de 45% das embalagens colocadas no mercado, enquanto as
embalagens e garrafas de 1 L representam 48%. A Lata de 1 L é bastante menos
relevante que as garrafas de vidro, no entanto, devido a especificidade da embalagem,
estudou-se o azeite comercializado em lata.
As garrafas de vidro são ambas produzidas fora do local do embalamento. A lata de
aço considerada é igualmente produzida longe do local de embalamento e o seu
material é folha de flandres. As cápsulas existentes nas embalagens de vidro de 1 L e
0,75 L são ambas de polipropileno. No caso da lata de aço, a tampa da embalagem é
no mesmo material que a embalagem, ou seja, folha de flandres. Esta embalagem não
necessita de rótulo, uma vez que as informações sobre o produto se encontram
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
64
A Avaliação de Ciclo de Vida de embalagens de bens alimentares em Portugal
directamente impressas sobre a lata. A embalagem secundária utilizada em qualquer
um dos casos é uma caixa de cartão canelado, e a embalagem terciária é constituída
por uma palete de madeira e um filme de PEBD a envolver as caixas de cartão com
as latas e garrafas.
Uma descrição mais completa do sistema de embalagem das embalagens encontra-se
disponível nas Tabela 31 e Tabela 32.
Tabela 31 – Caracterização dos sistemas de embalagem para azeites.
Designação
Vidro
0,75 L
Vidro
1L
Lata
1L
Embalagem
Primária
Garrafa de 0,75 L
Cápsula
Rótulo
Secundária
Caixa de cartão
Terciária
Filme estirável
Palete de madeira
Primária
Garrafa de 1 L
Cápsula
Rótulos
Secundária
Caixa de cartão
Terciária
Filme estirável
Palete de madeira
Primária
Lata de 1 L + tampa
Secundária
Caixa de cartão
Terciária
Filme estirável
Palete de madeira
N.º por
palete
Dimensão/
Volume
Material
0,75 L
1 unidade
1 unidade
Vidro
PP
Papel
12 garrafas
Cartão canelado
188
70
PEBD
Madeira
218,4
25000
1
1
1L
1 unidade
1 unidade
Vidro
PP
Papel
400
3,9
3,7
600
600
600
12 garrafas
Cartão canelado
50 caixas
1200*800*144mm
PEBD
Madeira
1L
70 caixas
1200*800*144mm
Peso (g)
440
4,9
1,4
840
840
840
237
50
250
25000
1
1
Aço (F. de Flandres)
134
600
20 latas
Cartão canelado
286
30
30 caixas
1200*800*144mm
PEBD
Madeira
60
25000
1
1
Tabela 32 – Peso do sistema de embalagem de azeite.
Tipo de embalagem
Garrafa de vidro 0,75 L
Garrafa de vidro 1 L
Lata de aço 1 L
Peso por palete
(incluindo produto)
(kg)
988,5
826,1
661,8
Peso do sistema de embalagem por
1000 L de produto
(kg)
1569,0
1376,8
1103,1
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
65
A Avaliação de Ciclo de Vida de embalagens de bens alimentares em Portugal
Na logística associada ao transporte de dos materiais de embalagem, há que referir
que as cápsulas de polipropileno, utilizadas usadas no azeite Oliveira da Serra e Gallo
são provenientes de França (Tabela 33).
Tabela 33 – Logística associada aos materiais de embalagem de azeites.
Designação
Vidro
0,75 L
Vidro 1 L e
lata 1 L
Material de embalagem
Garrafa de 0,75 L
Cápsula
Rótulo
Caixa de cartão
Filme estirável
Palete de madeira
Garrafa de 1 L
Lata de 1 L + tampa
Cápsula
Rótulos
Caixa de cartão
Filme estirável
Palete de madeira
Camião utilizado
(ton)
24
24
<4
24
<4
24
24
24
24
<4
16
10
24
Distância média
percorrida (km)
90
2000
140
70
70
170
90
200
2000
170
220
240
170
Na maior parte dos casos, as garrafas de azeite Oliveira da Serra são transportadas da
sua fábrica em Abrantes até ao centro de distribuição do Barreiro. A partir deste
centro de distribuição, as embalagens são expedidas para os clientes do continente.
No caso do azeite Gallo, a distribuição é feita a partir da fábrica para todo o país
(Tabela 34).
Tabela 34 – Logística associada à distribuição do azeite.
Designação
Tipo de transporte
Garrafa de vidro 0,75
Embalador – centro de distribuição
Centro de distribuição - consumidor
Garrafa de vidro 1 L e
lata 1 L
Embalador - consumidor
Camião
utilizado (ton)
24
16
Distância média
percorrida (km)
170
241
24
191
3.3.3.2 Informação sobre o ciclo de vida
As quebras no processo de embalamento estimadas pela Fábrica Torrejana de Azeites,
que produz o azeite Oliveira da Serra, são de 1% nas embalagens primárias e 0,5%
nas embalagens secundárias. Para o azeite Gallo, as quebras dos materiais de
embalagem são de 1% para as embalagens primárias e secundárias.
No caso do azeite Oliveira da Serra, o consumo de energia por litro embalado é de
0,0029 kWh.
Apesar de a FIMA ter fornecido dados sobre os consumos e emissões no processo de
embalamento, uma vez que estes dados ainda tinham influências da operação de
refinaria, optou-se por considerar que a operação de embalamento era semelhante à do
azeite Oliveira da Serra e como tal utilizou-se os dados do embalamento deste azeite.
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
66
A Avaliação de Ciclo de Vida de embalagens de bens alimentares em Portugal
As garrafas de vidro de azeite são em parte recicladas, sendo para esse efeito enviadas
para a Vidrociclo. Os rótulos e as cápsulas encontram-se associados à garrafa e
considera-se que são igualmente transportados para a Vidrociclo e o seu destino final
é o aterro. A caixa de cartão segue o circuito do cartão canelado e considera-se que o
filme estirável é objecto de recolha indiferenciada. A palete de madeira é reutilizável
e considerou-se uma taxa de reutilização de 95%. No caso das latas de azeite, estas
seguem o circuito definido para as embalagens de aço e alumínio.
3.3.3.3 Caracterização dos impactes ambientais
3.3.3.3.1
Garrafas de Vidro
Verifica-se pela análise da Figura 41 que os principais impactes ambientais são nas
categorias de resíduos sólidos, metais pesados e smog de inverno. Dentro destes, o
impacte na categoria de resíduos sólidos destaca-se claramente dos impactes das
outras duas categorias.
impacte ambiental 1000 Lts. / impacte ambiental anual do cidadão médio
europeu
Figura 41 – Impacte ambiental agregado das garrafas de vidro de azeite.
0,120
0,100
0,080
0,060
0,040
0,020
0,000
Estuf. Ozon.
Acid.
Eutr.
M.p.
Carc.
S.i.
S.v.
Pest.
Ener.
R.S.
A fase de produção é a principal origem dos impactes em todas as categorias de
impacte ambiental, à excepção dos resíduos sólidos, em que o fim de vida é mais
relevante (ver Figura 42).
O contributo do embalamento é desprezável para o impacte ambiental da embalagem.
Nas categorias onde a distribuição é mais relevante, esta representa pouco mais de
20% e cerca de 15% dos impactes do ciclo de vida da embalagem nas categorias smog
de verão e acidificação.
Na fase de fim de vida, para além do aumento dos resíduos sólidos, esta fase contribui
para a redução substancial do impacte ambiental a nível de metais pesados, devido à
reciclagem da garrafa de vidro.
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
67
A Avaliação de Ciclo de Vida de embalagens de bens alimentares em Portugal
impacte ambiental 1000 Lts. / impacte ambiental anual do cidadão médio
europeu
Figura 42 – Impactes ambientais relativos ao ciclo de vida das garrafas de vidro de azeite.
0,120
0,100
Destino final
0,080
Distribuição
0,060
Embalamento
0,040
Produção
0,020
0,000
-0,020
-0,040
-0,060
Estuf. Ozon.
Acid.
Eutr.
M. p.
Carc.
S. i.
S. v.
Pest.
Ener.
R.S.
Em todas categorias de impacte ambiental, à excepção da de resíduos sólidos, a
principal origem dos impactes ao longo do ciclo de vida encontra-se na produção das
garrafas de vidro, devido em grande parte ao consumo de energia necessário para
fabricar a garrafa de vidro, como se encontra ilustrado na Figura 43.
impacte ambiental 1000 Lts. / impacte ambiental anual do cidadão médio
europeu
Figura 43 – Impactes ambientais relativos à fase de produção das garrafas de vidro de azeite.
0,120
0,100
Palete de madeira
Filme Estirável
0,080
Caixa de cartão
Rótulo
0,060
Cápsula
Garrafa vidro
0,040
0,020
0,000
Estuf. Ozon.
Acid.
Eutr.
M. p.
Carc.
S. i.
S. v.
Pest.
Ener.
R.S.
Na categoria de resíduos sólidos, a deposição das garrafas e outras componentes do
sistema de embalagem em aterro e a valorização energética das garrafas (que acabam
por ter como destino igualmente o aterro controlado), são os principais responsáveis
pelo impacte ambiental nesta categoria, dado o elevado peso das garrafas de vidro. Na
categoria energia não existe redução do impacte ambiental pela reciclagem das
garrafas de vidro, conforme demonstrado na Figura 44, uma vez que a redução do
consumo de energia devido à utilização de casco encontra-se contabilizado na
produção da garrafa.
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
68
A Avaliação de Ciclo de Vida de embalagens de bens alimentares em Portugal
impacte ambiental 1000 Lts. / impacte ambiental anual do cidadão médio
europeu
Figura 44 – Impactes ambientais relativos à fase de fim de vida das garrafas de vidro de
azeite.
0,120
0,100
Dest. Final quebras
0,080
Dest. Final palete de madeira
Dest. Final filme estirável
0,060
Dest. Final caixa de cartão
0,040
Dest. Final rótulo
0,020
Dest. Final cápsula
0,000
Dest. Final garrafa vidro
-0,020
-0,040
-0,060
Estuf. Ozon. Acid. Eutr. M. p. Carc. S. i.
S. v. Pest. Ener. R.S.
Esta avaliação foi realizada com base em informações de empresas diferentes para as
duas embalagens consideradas, que têm sistemas de embalagem e circuitos de
distribuição ligeiramente diferentes, no entanto pela análise realizada e pelos
resultados obtidos não é de crer que a utilização de dados da mesma empresa para as
duas embalagens produzisse resultados diferentes, uma vez que a garrafa de vidro que
é a principal origem do impacte ambiental é semelhante nas duas empresas.
3.3.3.3.2
Lata de folha de flandres
Os principais impactes da embalagem de azeite em folha-de-flandres situam-se ao
nível do smog de verão, energia, resíduos sólidos e metais pesados, conforme
ilustrado na Figura 45.
impacte ambiental 1000 Lts. / impacte ambiental anual do cidadão médio
europeu
Figura 45 – Impacte ambiental agregado da embalagem de azeite em folha de flandres.
0,07
0,06
0,05
0,04
0,03
0,02
0,01
0
Estuf.
Ozon.
Acid.
Eutr.
M.p.
Carc.
S.i.
S.v.
Pest.
Ener.
R.S.
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
69
A Avaliação de Ciclo de Vida de embalagens de bens alimentares em Portugal
A produção é a fase do ciclo de vida que mais contribui para o impacte ambiental da
embalagem de azeite em folha de flandres nas 11 categorias consideradas no método
Eco-indicador 95.
O processo de embalamento no ciclo de vida da embalagem é irrelevante em termos
de impacte ambiental.
A distribuição é pouco relevante no ciclo de vida. Nas duas categorias de impacte
mais relevantes, a distribuição apenas representa 8% e 6% do impacte do ciclo de vida
da embalagem.
O fim de vida existente permite a redução significativa do impacte nas categorias
smog de verão e energia, sendo em termos percentuais 41% e 42% do impacte
realizados durante as fases de produção, embalamento e distribuição (ver Figura 46).
impacte ambiental 1000 Lts. / impacte ambiental anual do cidadão médio
europeu
Figura 46 – Impactes ambientais relativos ao ciclo de vida das embalagens de azeite em folhade-flandres.
0,12
0,1
Destino final
0,08
Distribuição
0,06
Embalamento
0,04
Produção
0,02
0
-0,02
-0,04
-0,06
Estuf. Ozon. Acid. Eutr. M. p. Carc. S. i.
S. v. Pest. Ener. R.S.
A principal origem do impacte ambiental associado a lata de azeite, em folha de
flandres é proveniente da embalagem primária. Esta é responsável em todas as
categorias em pelo menos 80% dos impactes associados à fase de produção, conforme
patente na Figura 47.
Na categoria se resíduos sólidos, o impacte existente também é principalmente devido
à fase de produção e ao fabrico de folha de flandres, uma vez que para produzir esta
embalagem é necessário ferro que produz bastantes resíduos nas operações de
extracção e concentração e fundição do minério.
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
70
A Avaliação de Ciclo de Vida de embalagens de bens alimentares em Portugal
impacte ambiental 1000 Lts. / impacte ambiental anual do cidadão médio
europeu
Figura 47 – Impactes ambientais relativos à fase de produção das embalagens de azeite em
folha-de-flandres.
0,12
0,1
Palete de
madeira
Filme estirável
0,08
Caixa de cartão
Lata
0,06
0,04
0,02
0
Estuf. Ozon. Acid. Eutr. M. p. Carc.
S. i.
S. v. Pest. Ener. R.S.
O fim de vida aumenta os impactes relacionados com os metais pesados devido à
libertação de metais na valorização energética (escórias do fundo do forno e cinzas
volantes) e a processos de lixiviação em aterro. A redução existente ao nível do efeito
de estufa deve-se à reciclagem, quer de embalagens recolhidas selectivamente, como
da reciclagem do aço presente nas escórias do fundo do forno (ver Figura 48).
impacte ambiental 1000 Lts. / impacte ambiental anual do cidadão médio
europeu
Figura 48 – Impactes ambientais relativos à fase de fim de vida das embalagens de azeite em
folha-de-flandres.
0,04
0,03
Dest. Final quebras
0,02
Dest. Final palete de madeira
0,01
Dest. Final filme estirável
0
Dest. Final caixa de cartão
Dest. Final garrafa PET
-0,01
-0,02
-0,03
-0,04
-0,05
Estuf. Ozon. Acid. Eutr. M. p. Carc. S. i. S. v. Pest. Ener. R.S.
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
71
A Avaliação de Ciclo de Vida de embalagens de bens alimentares em Portugal
3.3.4 Margarinas
3.3.4.1 Descrição das embalagens
As margarinas são embaladas em dois tipos de embalagem: As embalagens de PP,
para as margarinas de mesa, e as embalagens de um laminado de papel, alumínio e
polietileno, para as margarinas utilizadas em culinária. Os volumes de embalagem
mais comuns são as embalagens de 250 g e 500 g para as embalagens de PP e de 250g
e 1 kg, para as embalagens papel/alumínio/PE. As embalagens escolhidas representam
cerca de 40% do volume total de margarina colocada no mercado pela FIMA,
incluindo as que se destinam a aplicações industriais.
Nas embalagens de PP consideradas, o fundo da embalagem é constituído por este
material, enquanto que a tampa de embalagem é de PVC, e o diafragma, cuja função é
de protecção da margarina, é de folha de alumínio. A embalagem não apresenta
rótulo, sendo as informações acerca do produto e embalagens colocadas directamente
sobre a embalagem.
Nas embalagens de margarina de culinária, o envoltório, para as embalagens de 250 g
e 1 kg, é constituído por papel (62%), alumínio (21%), PE (12%) e tintas (5%). Em
ambos os casos as embalagens são agrupadas numa caixa de cartão canelado, que no
caso das embalagens de PP 500g leva ainda um separador entre camadas, como
descrito na Tabela 35, Tabela 36 e Tabela 37.
Tabela 35 – Caracterização dos sistemas de embalagem para margarinas em embalagem de
PP.
Designação
PP
250g
PP
500g
Embalagem
Primária
Fundo
Tampa
Diafragma
Secundária
Caixa de cartão
Terciária
Filme estirável
Palete de madeira
Primária
Fundo
Tampa
Diafragma
Secundária
Separador entre camadas
Caixa de cartão
Terciária
Filme estirável
Palete de madeira
Dimensão/
Volume
Material
250 g p.l.
1 unidade
1 unidade
PP
PVC
Alumínio
30 embalagens
Cartão canelado
48 caixas
1200*800*144mm
PEBD
Madeira
500 g p.l.
1 unidade
1 unidade
PP
PVC
Alumínio
1 por caixa
16 embalagens
Cartão canelado
Cartão canelado
45 caixas
1200*800*144mm
PEBD
Madeira
Peso (g)
11,0
4,3
1,0
N.º por
palete
1440
1440
1440
355
48
300
25000
1
1
17,2
6,3
1,5
720
720
720
61
330
45
45
300
25000
1
1
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
72
A Avaliação de Ciclo de Vida de embalagens de bens alimentares em Portugal
Tabela 36 – Caracterização dos sistemas de embalagem para margarinas em embalagem de
Papel/Al/PE.
Primária
Envoltório
Secundária
Papel/Al/PE
Caixa de cartão
250g
Terciária
Filme estirável
Palete de madeira
Primária
Envoltório
Secundária
Papel/Al/PE
Caixa de cartão
1000g
Terciária
Filme estirável
Palete de madeira
250 g p.l.
Papel/Al/PE
32 embalagens
Cartão canelado
108 caixas
1200*800*144
PEBD
Madeira
1000 g p.l.
Papel/Al/PE
16 embalagens
Cartão canelado
48 caixas
1200*800*144
PEBD
Madeira
1,87
3456
188,49
108
300
25000
1
1
8,89
768
312,79
48
300
25000
1
1
Tabela 37 – Peso do sistema de embalagem de margarinas.
Tipo de embalagem
PP 250g
PP 500g
Papel/Al/PE 250g
Papel/Al/PE 1000g
Peso por palete
(incluindo produto)
(kg)
425,8
420,9
916,1
815,1
Peso do sistema de embalagem
por 1000 kg de produto
(kg)
1182,1
1169,1
1060,3
1061,4
Quanto à logística associada aos materiais de embalagem e à distribuição das
margarinas aos consumidores, há que referir que, no caso das PP, estas são moldadas
junto à fábrica da Fima e que a distribuição do produto é feita a partir da fábrica para
todo o país. (ver Tabela 38 e Tabela 39).
Tabela 38 – Logística associada aos materiais de embalagem de margarinas.
Material de embalagem
Fundo
Tampa
Diafragma
Envoltório Papel/Al/PE
Separador entre camadas
Caixa de cartão
Filme estirável
Palete de madeira
Camião utilizado
(ton)
16
16
<4
<4
10
10
<4
<4
Distância média
percorrida (km)
200
200
25
25
20
20
25
25
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
73
A Avaliação de Ciclo de Vida de embalagens de bens alimentares em Portugal
Tabela 39 – Logística associada à distribuição da margarina.
Tipo de transporte
Distribuidor - consumidor
Camião utilizado
(ton)
24
Distância média
percorrida (km)
169
3.3.4.2 Informação sobre o ciclo de vida
Não foi possível dissociar os consumos de energia e de materiais dos processos de
embalamento da FIMA dos consumos totais do processo produtivo das margarinas.
Como tal, não se teve em conta esta fase na elaboração do ciclo de vida da
embalagem.
As quebras dos materiais utilizados para o processo de embalamento foram estimadas
em 5% pela FIMA, tanto para as embalagens primárias, como para as embalagens
secundárias.
O destino final das embalagens de corpo em PP e tampa em PVC é a recolha
indiferenciada, uma vez que o PVC não é reciclado e o PP devido ao seu teor de
gordura também não o é. O alumínio do diafragma acaba por também ter o mesmo
destino final, ou seja, a deposição em aterro ou a valorização energética, em que é
recolhido posteriormente nas escórias do fundo do forno. O filme estirável
considerou-se que é recolhido indiferenciadamente e a palete de madeira reutilizável
considerou-se que tem uma taxa de reutilização de 95%.
A embalagem constituída por de Papel/Al/PE é recolhida indiferenciadamente, e
como tal o seu destino final é o aterro ou a valorização energética.
3.3.4.3
3.3.4.3.1
Caracterização dos impactes ambientais
Embalagens de PP
Os impactes ambientais das embalagens de polipropileno de margarinas ocorrem
principalmente nas categorias de energia e smog de verão, embora as restantes
categorias à excepção da camada de ozono, pesticidas e eutrofização sejam
igualmente relevantes (ver Figura 49).
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
74
A Avaliação de Ciclo de Vida de embalagens de bens alimentares em Portugal
impacte ambiental 1000 kg / impacte ambiental anual do cidadão médio
europeu
Figura 49 – Impacte ambiental agregado das embalagens em PP de margarinas.
0,045
0,040
0,035
0,030
0,025
0,020
0,015
0,010
0,005
0,000
Estuf.
Ozon.
Acid.
Eutr.
M.p.
Carc.
S.i.
S.v.
Pest.
Ener.
R.S.
A distribuição das contribuições de cada fase do ciclo de vida para cada categoria de
impacte ambiental, apresentada na Figura 50, mostra que A produção das embalagens
é a fase mais importante do ciclo de vida.
A fase da distribuição provoca impactes sobretudo a nível do smog de verão e
acidificação, se bem que o seu contributo para impacte nessas categorias seja bastante
menos significativo que o da produção (na ordem dos 15%).
impacte ambiental 1000 kg / impacte ambiental anual do cidadão médio
europeu
Figura 50 – Impactes ambientais relativos ao ciclo de vida das embalagens em PP de
margarinas.
0,070
0,060
0,050
Destino final
0,040
Distribuição
0,030
Produção
0,020
0,010
0,000
-0,010
-0,020
-0,030
Estuf. Ozon. Acid. Eutr.
M. p. Carc. S. i.
S. v. Pest. Ener. R.S.
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
75
A Avaliação de Ciclo de Vida de embalagens de bens alimentares em Portugal
A produção da embalagem de PP é a componente do ciclo de vida que mais impacte
ambiental provoca em todas as categorias, à excepção da carcinogenia, em que o
impacte quase exclusivamente se deve à produção do diafragma de alumínio usado
como protecção do produto (ver Figura 51). A produção da tampa em PVC, da caixa
de cartão e da palete de madeira, se bem que menos relevantes que a produção do
fundo em PP, são também importantes para impacte ambiental associado à produção
dos materiais que constituem o sistema de embalagem.
impacte ambiental 1000 kg / impacte ambiental anual do cidadão médio
europeu
Figura 51 – Impactes ambientais relativos à fase de produção das embalagens em PP de
margarinas.
0,070
0,060
Palete de madeira
Filme estirável
0,050
Caixa de cartão
Diafragma
0,040
Tampa PVC
0,030
Fundo PP
0,020
0,010
0,000
Estuf. Ozon. Acid. Eutr.
M. p. Carc. S. i.
S. v. Pest. Ener. R.S.
Na fase de fim de vida deste tipo de embalagens deve-se referir que, pelo facto de a
embalagem primária não poder ser reciclada ou reutilizada, a redução do impacte nas
diversas categorias deve-se principalmente a reciclagem da embalagem secundária de
cartão canelado e também a reutilização da palete de madeira.
O fim de vida destas embalagens origina um aumento do impacte ambiental na
categoria de resíduos sólidos, explicado em parte pela elevada quantidade de resíduos
de embalagem primária encaminhados para aterro, e também um aumento do impacte
ambiental na categoria de metais pesados. Neste caso, a explicação reside no facto de
a tampa da embalagem de PP ser em PVC que, quando incinerado, produz emissões
para a atmosfera que contém metais pesados (ver Figura 52).
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
76
A Avaliação de Ciclo de Vida de embalagens de bens alimentares em Portugal
impacte ambiental 1000 kg / impacte ambiental anual do cidadão médio
europeu
Figura 52 – Impactes ambientais relativos à fase de fim de vida das embalagens em PP de
margarinas.
3.3.4.3.2
0,015
0,010
Dest. Final quebras
0,005
Dest. Final palete de madeira
0,000
Dest. Final filme estirável
Dest. Final caixa de cartão
-0,005
Dest. Final diafragma
-0,010
Dest. Final tampa PVC
-0,015
Dest. Final fundo PP
-0,020
-0,025
-0,030
Estuf. Ozon. Acid. Eutr.M. p. Carc.S. i. S. v. Pest. Ener. R.S.
Embalagens de Papel/Alumínio/PE
Da análise da Figura 53 verifica-se que não existe uma categoria de impacte
ambiental que se destaque de todas as outras. Com a excepção da categoria camada de
ozono, pesticidas, smog de inverno e eutrofização, as restantes categorias apresentam
impactes bastante homogéneos.
impacte ambiental 1000 kg / impacte ambiental anual do cidadão médio
europeu
Figura 53 – Impacte ambiental agregado das embalagens em Papel/Alumínio/PE de
margarinas.
0,008
0,007
0,006
0,005
0,004
0,003
0,002
0,001
0,000
Estuf.
Ozon.
Acid.
Eutr.
M.p.
Carc.
S.i.
S.v.
Pest.
Ener.
R.S.
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
77
A Avaliação de Ciclo de Vida de embalagens de bens alimentares em Portugal
Verifica-se também que a distribuição é bastante relevante ao nível do ciclo de vida,
nomeadamente nas categorias smog de verão e acidificação, onde representa cerca de
50% e 40%, respectivamente, do impacte provocado pela fase de produção, conforme
patente na Figura 54.
impacte ambiental 1000 kg / impacte ambiental anual do cidadão médio
europeu
Figura 54 – Impactes ambientais relativos ao ciclo de vida das embalagens em
Papel/Alumínio/PE de margarinas.
0,020
0,015
Destino final
0,010
Distribuição
0,005
Produção
0,000
-0,005
-0,010
-0,015
Estuf. Ozon. Acid. Eutr. M. p.
Carc.
S. i.
S. v. Pest.
Ener.
R.S.
O principal responsável pelo impacte ambiental em termos de carcinogenia, categoria
que apresenta um impacte normalizado mais elevado tendo em conta todo o ciclo de
vida do produto, é o alumínio usado na embalagem primária. Nas restantes categorias
mais relevantes, o impacte continua-se a dever sobretudo à embalagem primária, mas
a origem é repartida entre o papel e o alumínio que constituem a mesma embalagem
(ver Figura 55) .
impacte ambiental 1000 kg / impacte ambiental anual do cidadão médio
europeu
Figura 55 – Impactes ambientais relativos à fase de produção das embalagens em
Papel/Alumínio/PE de margarinas.
0,016
0,014
Palete de madeira
0,012
Filme estirável
Caixa de cartão
0,010
Envoltório
0,008
0,006
0,004
0,002
0,000
Estuf. Ozon. Acid. Eutr.
M. p. Carc.
S. i.
S. v.
Pest. Ener.
R.S.
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
78
A Avaliação de Ciclo de Vida de embalagens de bens alimentares em Portugal
A redução do impacte na categoria de energia devido ao fim de vida das embalagens
deve-se praticamente em partes iguais à reciclagem das caixas de cartão canelado e
reutilização da palete de madeira (ver Figura 56).
impacte ambiental 1000 kg / impacte ambiental anual do cidadão médio
europeu
Figura 56 – Impactes ambientais relativos à fase de fim de vida das embalagens em
Papel/Alumínio/PE de margarinas.
0,002
0,000
Dest. Final quebras
Dest. Final palete de madeira
-0,002
Dest. Final filme estirável
-0,004
Dest. Final caixa de cartão
Dest. Final envoltório
-0,006
-0,008
-0,010
-0,012
Estuf. Ozon. Acid. Eutr. M. p. Carc. S. i. S. v. Pest. Ener. R.S.
3.3.5 Manteigas
3.3.5.1 Descrição das embalagens
A embalagem primária de manteiga de 15 g é de poliestireno, que é termoformado no
processo de embalamento. A tampa desta embalagem é de mix-paper, um complexo
de papel, alumínio e PE que se utiliza também nas embalagens de iogurtes. As
embalagens de manteigas com uma capacidade superior, 125 g e 250 g, são de
polipropileno, inclusive a tampa (Tabela 40 e Tabela 41), ao contrário do que se passa
com as embalagens de margarina estudadas.
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
79
A Avaliação de Ciclo de Vida de embalagens de bens alimentares em Portugal
Tabela 40 – Caracterização dos sistemas de embalagem para manteigas.
Designação
PS 15 g
PP 125 g
PP 250 g
Embalagem
Primária
Taça
Tampa
Secundária
Caixa de cartão
Terciária
Filme estirável
Palete de madeira
Primária
Taça
Tampa
Secundária
Caixa de cartão
Terciária
Filme estirável
Palete de madeira
Primária
Taça
Tampa
Secundária
Caixa de cartão
Terciária
Filme estirável
Palete de madeira
Dimensão/
Volume
Material
15 g p.l.
1 unidade
PS
Mix-paper
1,0
0,2
20000
20000
100 unidades
Cartão canelado
53,3
200
200 caixas
1200*800*144mm
PEBD
Madeira
125 g p.l.
1 unidade
PP
PP
11,5
2,0
2400
2400
40 unidades
Cartão canelado
53,3
60
60 caixas
1200*800*144mm
PEBD
Madeira
250 g p.l.
1 unidade
PP
PP
20 unidades
Cartão canelado
60 caixas
1200*800*144mm
PEBD
Madeira
Peso (g)
30
25000
30
25000
12,6
2,0
N.º por
palete
1
1
1
1
1200
1200
52
60
30
25000
1
1
Tabela 41 – Peso do sistema de embalagem de manteiga.
Tipo de embalagem
PS 15 g
PP 125 g
PP 250 g
Peso por palete
(incluindo produto)
(kg)
359,7
360,6
345,7
Peso do sistema de embalagem
por 1000 kg de produto
(kg)
1199,0
1202,1
1152,2
À semelhança do que acontece com a embalagem de cartão para alimentos líquidos de
1 L para leite, dado usarem-se igualmente dados da Lactogal, a caracterização da
distância média e do tipo de transporte utilizado é bastante complexa, uma vez que a
Lactogal tem vários fornecedores a que recorre, consoante as condições de mercado.
Deste modo, consideram-se apenas as características do fornecedor mais comum para
cada material (ver Tabela 42).
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
80
A Avaliação de Ciclo de Vida de embalagens de bens alimentares em Portugal
Tabela 42 – Logística associada aos materiais de embalagem de manteiga.
Designação
PS
15 g
PP 125 g e
250 g
Camião utilizado
(ton)
10
24
10
10
10
10
10
10
10
10
Material de embalagem
Taça
Tampa
Caixa de cartão
Filme estirável
Palete de madeira
Taça
Tampa
Caixa de cartão
Filme estirável
Palete de madeira
Distância média
percorrida (km)
80
1000
50
40
270
80
80
50
40
270
Na logística associada à distribuição de manteigas, considerou-se o valor fornecido
pela Lactogal para distância média entre o embalador e o consumidor, neste tipo de
produto (Tabela 43).
Tabela 43 – Logística associada à distribuição da manteiga.
Tipo de transporte
Distribuidor - consumidor
Camião utilizado
(ton)
24
Distância média
percorrida (km)
215
3.3.5.2 Informação sobre o ciclo de vida
Na avaliação de ciclo de vida das embalagens de manteiga, optou-se por juntar a
embalagem de PS com as embalagens de PP, em vez de considerar separadamente os
dois materiais, uma vez que o restante sistema de embalagem é comum às embalagens
e já se realizou a ACV para embalagens de PP e PS separadamente (copos de iogurtes
e embalagens de margarina).
As quebras do processo de embalamento estimadas pela Lactogal são 2% para as
embalagens primárias e secundárias.
Devido à gordura existente nas embalagens primárias, estas não são recicladas.
Considerou-se que os filmes retrácteis e estirável são recolhidos indiferenciadamente.
A palete de madeira é reutilizável e considerou-se uma taxa de reutilização de 95%.
3.3.5.3 Caracterização dos impactes ambientais
O sistema de embalagem de manteigas estudado é bastante semelhante ao sistema de
embalagem das margarinas de mesa, com apenas duas diferenças significativas: nas
embalagens de PP de manteiga, a tampa é igualmente de polipropileno; a embalagem
de manteiga mais pequena (15g) apresenta o corpo em PS e abertura em mix-paper.
De um modo geral, os impactes são igualmente semelhantes. As diferenças mais
notórias dizem respeito as categorias metais pesados e carcinogenia. As embalagens
de manteiga apresentam valores de carcinogenia menores devido a não terem o
diafragma em alumínio, como as margarinas. Em contrapartida, na categoria metais
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
81
A Avaliação de Ciclo de Vida de embalagens de bens alimentares em Portugal
pesados apresentam impactes maiores, devido sobretudo a embalagem de PS de 15g
(ver Figura 57).
O facto das embalagens de manteiga apresentarem impactes superiores em termos
absolutos deve-se também ao facto das embalagens de manteiga se apresentarem em
volumes mais pequenos que as de margarina.
Figura 57 – Impacte ambiental agregado das embalagens de manteigas.
0,070
0,060
0,050
0,040
0,030
0,020
0,010
0,000
Ef. e.
C. oz.
Acid.
Eutr.
M.p.
Carc.
S.i.
S.v.
Pest.
En.
R.S.
A distribuição das contribuições de cada fase do ciclo de vida para cada categoria de
impacte ambiental, apresentada na Figura 58, mostra que a produção das embalagens
é a fase mais relevante em termos de impacte ambiental. A fase da distribuição
provoca impactes sobretudo a nível do smog de verão e acidificação, embora seja
pouco relevante no ciclo de vida.
impacte ambiental 1000 kg / impacte ambiental anual do cidadão médio
europeu
Figura 58 – Impactes ambientais relativos ao ciclo de vida das embalagens de manteiga.
0,100
0,080
Destino final
0,060
Distribuição
0,040
Produção
0,020
0,000
-0,020
-0,040
Estuf. Ozon. Acid. Eutr. M. p. Carc. S. i.
S. v. Pest. Ener. R.S.
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
82
A Avaliação de Ciclo de Vida de embalagens de bens alimentares em Portugal
Na fase de produção, a principal componente que contribui para o impacte ambiental
do ciclo de vida das embalagens de manteigas é a embalagem primária, mais
concretamente a taça de PP e PS (ver Figura 59).
impacte ambiental 1000 kg / impacte ambiental anual do cidadão médio
europeu
Figura 59 – Impactes ambientais relativos à fase de produção das embalagens de manteigas.
0,090
0,080
Palete de madeira
0,070
Filme estirável
0,060
Caixa de cartão
0,050
Tampa
0,040
Taça
0,030
0,020
0,010
0,000
Estuf. Ozon. Acid. Eutr. M. p. Carc. S. i.
S. v. Pest. Ener.
R.S.
A ligeira redução do impacte em algumas categorias deve-se principalmente à
reutilização da palete de madeira (ver Figura 60).
impacte ambiental 1000 kg / impacte ambiental anual do cidadão médio
europeu
Figura 60 – Impactes ambientais relativos à fase de fim de vida das embalagens de manteigas.
0,020
0,015
Dest. Final quebras
0,010
Dest. Final palete de madeira
Dest. Final filme estirável
0,005
Dest. Final caixa de cartão
0,000
Dest. Final tampa
-0,005
Dest. Final taça
-0,010
-0,015
-0,020
-0,025
Estuf.Ozon. Acid. Eutr. M. p. Carc. S. i. S. v. Pest. Ener. R.S.
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
83
A Avaliação de Ciclo de Vida de embalagens de bens alimentares em Portugal
3.4 Embalagens de frutas e legumes
3.4.1 Introdução
Nas frutas e legumes estudaram-se exemplos de embalagem para os sectores de frutas
e legumes industriais e frutas e legumes frescas. Assim, no caso das frutas e legumes
industriais, estudaram-se as duas embalagens do produto mais importante produzido
em Portugal pelas Industrias de Alimentação, IDAL e vendido igualmente no nosso
país. Esta empresa é o principal declarador à SPV neste sector.
No caso das Frutas e legumes frescas estudaram-se 2 caixas de madeira que são
usadas para embalar tomate e hortaliças provenientes da Hortorres. Estas duas
embalagens com uma dimensão de 50x30x15 cm e 60x40x20 cm, têm capacidade
para embalar, respectivamente 9 kg e 12 kg de produto e representam ambas 55% das
embalagens de madeira colocadas no mercado pela Hortorres.
De referir que devido à grande variedade de produtos e embalagens existentes neste
sector e ao elevado número de empresas que produzem, embalam e comercializam
frutas e legumes, é bastante difícil, se não impossível, encontrar uma empresa e uma
embalagem que se possa afirmar que é representativa do mercado. As próprias
condicionantes do mercado contribuem bastante para este facto. Por exemplo, as
dimensões das caixas de madeiras utilizadas para as diversas frutas e legumes frescas
variam de acordo com o preço de cada produto, isto é, se um determinado produto
estiver com um preço relativamente baixo, a quantidade desse produto por caixa é
maior que quando o produto apresenta um preço elevado, em que a dimensão da caixa
utilizada para o embalar é menor.
Sendo assim, procurou-se estudar exemplos de embalagens de frutas e legumes que
apesar de tudo, tivessem importância neste sector, sendo assim, as embalagens
estudadas são as seguintes:
No caso das Frutas e legumes industriais:
•
Vidro de 1050 g de p.l., correspondente a 1 L, para polpa de tomate.
•
Vidro de 520 g de p.l., correspondente a 0,5 L, para polpa de tomate.
No caso das Frutas e legumes frescas:
•
Madeira de 9 kg de p.l. e dimensões 50x30x15 para tomate.
•
Madeira de 12 kg de p.l. e dimensões 60x40x20 para hortaliças.
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
84
A Avaliação de Ciclo de Vida de embalagens de bens alimentares em Portugal
3.4.2 Frutas e legumes industriais
3.4.2.1 Descrição das embalagens
As duas embalagens consideradas para a ACV representam cerca de 31% das vendas
em volume dos produtos produzidos em Portugal pela IDAL e vendidos no nosso
país, sendo as duas embalagens mais comercializadas desta empresa. As embalagens
dizem respeito à marca de Polpa de tomate Guloso e são ambas em vidro.
O sleeve é um material plástico (de PEBD) que serve para garantir que a embalagem
não é aberta antes do consumo efectivo.
Uma completa descrição dos sistemas de embalagem associados a este produto
encontra-se presente nas Tabela 44 e Tabela 45.
Tabela 44 – Caracterização dos sistemas de embalagem de frutas e legumes industriais.
Designação
Vidro
520 g
(~0,5 L)
Vidro
1050 g
(~1 L)
Embalagem
Primária
Embalagem de 520g
Cápsula
Rótulo de papel
Sleeve
Secundária
Filme retráctil
Bandeja de cartão
Terciária
Filme estirável
Palete de madeira
Primária
Embalagem de 1050g
Cápsula
Rótulo de papel
Sleeve
Secundária
Filme retráctil
Bandeja de cartão
Terciária
Filme estirável
Palete de madeira
Dimensão/
Volume
Material
Peso (g)
N.º por
palete
520 g p.l. (~0, 5 L)
1 unidade
1 unidade
1 unidade
Vidro
F. de Flandres
Papel
PEBD
250
7,2
0,9
0,3
840
840
840
840
12 embalagens
12 embalagens
PEBD
Cartão canelado
25,5
49
70
70
1200*800*144mm
PEBD
Madeira
1050 g p.l. (~1 L)
1 unidade
1 unidade
1 unidade
Vidro
Folha de flandres
Papel
PEBD
500
7,2
0,9
0,3
384
384
384
384
6 embalagens
6 embalagens
PEBD
Cartão canelado
25,5
49
64
64
1200*800*144mm
PEBD
Madeira
500
25000
500
25000
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
1
1
1
1
85
A Avaliação de Ciclo de Vida de embalagens de bens alimentares em Portugal
Tabela 45 – Peso do sistema de embalagem de frutas e legumes industriais.
Tipo de embalagem
Vidro 520 g
Vidro 1050 g
Peso por palete
(incluindo produto)
(kg)
684,6
628,2
Peso do sistema de embalagem
por 1000 kg de produto
(kg)
1567,2
1558,0
Em relação à logística associada aos materiais de embalagem, é de referir que devido
ao fornecedor das cápsulas se situar em Inglaterra, a distância percorrida por este
material de embalagem é bastante superior às restantes (ver Tabela 46).
Tabela 46 – Logística associada aos materiais de embalagem de frutas e legumes industriais.
Material de embalagem
Embalagem de vidro
Cápsula
Rótulo de papel
Sleeve
Filme retráctil
Bandeja de cartão
Filme estirável
Palete de madeira
Camião utilizado
(ton)
24
24
<4
24
<4
24
<4
<4
Distância média
percorrida (km)
160
3000
60
3000
300
70
300
60
A distribuição dos produtos produzidos pela IDAL na sua fábrica de Benavente é feita
em outsourcing, sendo da responsabilidade da Jerónimo Martins Distribuição. Assim,
as embalagens são transportadas da fábrica da IDAL até ao armazém da JMD em
Bucelas. Este transporte é feito em camiões de 24 ton e a distância média percorrida é
de 50 km. A partir deste armazém as embalagens são expedidas para o resto do país
(Tabela 47).
Tabela 47 – Logística associada à distribuição de frutas e legumes industriais.
Tipo de transporte
Embalador - distribuidor
Distribuidor - consumidor
Camião utilizado
(ton)
24
16
Distância média
percorrida (km)
50
182
3.4.2.2 Informação sobre o ciclo de vida
Dado não ser possível à empresa IDAL separar os consumos energéticos e de
materiais do processo de embalamento dos consumos globais da fábrica, não é
possível incluir esses mesmos consumos na avaliação de ciclo de vida das duas
embalagens. De acordo com esta empresa, as quebras verificadas são cerca de 1%
para as garrafas, 2% para as cápsulas, 1% para as bandejas e 5% para os rótulos.
Em relação ao fim de vida, considerou-se que o rótulo como se encontra agregado ao
boião de vidro, é também transportado para a Vidrociclo juntamente com o boião.
Considera-se que o seu destino final acaba por ser o aterro. À semelhança do rótulo
pressupôs-se que segue o mesmo circuito que o boião, ou seja, considera-se que o
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
86
A Avaliação de Ciclo de Vida de embalagens de bens alimentares em Portugal
consumidor coloca de volta a cápsula no boião antes de se desfazer dele e parte-se do
pressuposto que a cápsula acaba em aterro. Em relação aos restantes materiais, o
sleeve é alvo de recolha indiferenciada. Considerou-se igualmente que os filmes
retrácteis e estirável são recolhidos indiferenciadamente. A palete de madeira é
reutilizável e considera-se uma taxa de reutilização de 95%.
3.4.2.3 Caracterização dos impactes ambientais
O tipo de impactes ambientais, como já era de esperar, são semelhantes aos das
garrafas de vidro de azeite. Das 11 categorias de impacte ambiental, a de resíduos
sólidos é aquela que apresenta maiores impactes, fundamentalmente devido ao destino
final das embalagens de vidro. Depois dos resíduos sólidos, se considerarmos a
globalidade do ciclo de vida, as outras categorias mais relevantes são os metais
pesados, o smog de inverno e o efeito de estufa (ver Figura 61).
impacte ambiental 1000 kg / impacte ambiental anual do cidadão médio
europeu
Figura 61 – Impacte ambiental agregado das embalagens de vidro para frutas e legumes
industriais.
0,120
0,100
0,080
0,060
0,040
0,020
0,000
Estuf.
Ozon.
Acid.
Eutr.
M.p.
Carc.
S.i.
S.v.
Pest.
Ener.
R.S.
A produção das componentes do sistema de embalagem é a principal origem dos
impactes em todas as categorias de impacte, à excepção dos resíduos sólidos.
A distribuição, nas categorias mais relevantes, quando comparada com a produção das
componentes de embalagem, apenas representa respectivamente cerca de 25% e 10%
do impacte desta, nas categorias smog de verão e efeito de estufa (ver Figura 62).
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
87
A Avaliação de Ciclo de Vida de embalagens de bens alimentares em Portugal
impacte ambiental 1000 kg / impacte ambiental anual do cidadão médio
europeu
Figura 62 – Impactes ambientais relativos ao ciclo de vida das embalagens de vidro para
frutas e legumes industriais.
0,120
0,100
Destino final
0,080
0,060
Distribuição
0,040
Produção
0,020
0,000
-0,020
-0,040
Estuf. Ozon. Acid. Eutr. M. p. Carc. S. i.
S. v. Pest.
Ener.
R.S.
Como já referido, em todas categorias de impacte, à excepção de resíduos sólidos, a
principal origem dos impactes ao longo do ciclo de vida deve-se à produção das
embalagens de vidro. Este facto deve-se, em grande parte, à queima de gás natural
para produção de calor usado no fabrico do vidro. A produção e transporte das
cápsulas em folha de flandres, se bem que apresentem impactes bastante menores que
a garrafa de vidro, ainda é relativamente significativa em algumas categorias, como
por exemplo a energia e o smog de verão, em que representam 15% e 10% do impacte
de todas as componentes de embalagem, conforme demonstrado na Figura 63.
impacte ambiental 1000 kg / impacte ambiental anual do cidadão médio
europeu
Figura 63 – Impactes ambientais relativos à fase de produção das embalagens de vidro para
frutas e legumes industriais.
0,120
Palete de madeira
0,100
Filme estirável
bandeja de cartão
0,080
Filme retráctil
Sleeve
0,060
Rótulo
Cápsula
0,040
Embalagem vidro
0,020
0,000
Estuf. Ozon. Acid.
Eutr. M. p.
Carc. S. i.
S. v.
Pest. Ener.
R.S.
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
88
A Avaliação de Ciclo de Vida de embalagens de bens alimentares em Portugal
Na categoria de resíduos sólidos, principalmente a deposição directa em aterro, mas
também os resíduos resultantes da valorização energética, são os principais
responsáveis pelo impacte ambiental, o que se explica devido ao grande peso que as
embalagens de vidro apresentam (ver Figura 64).
O fim de vida, para além do referido aumento dos resíduos sólidos, contribui para a
redução substancial do impacte ambiental a nível de metais pesados, devido à
reciclagem da embalagem de vidro.
impacte ambiental 1000 kg / impacte ambiental anual do cidadão médio
europeu
Figura 64 – Impactes ambientais relativos à fase de fim de vida das embalagens de vidro para
frutas e legumes industriais.
0,120
0,100
Dest. Final quebras
Dest. Final palete de madeira
0,080
Dest. Final filme estirável
0,060
Dest. Final bandeja de cartão
Dest. Final filme retráctl
0,040
Dest. Final sleeve
0,020
Dest. Final rótulo
Dest. Final cápsula
0,000
Dest. Final embalagem vidro
-0,020
-0,040
Estuf. Ozon. Acid. Eutr. M. p. Carc. S. i. S. v. Pest. Ener. R.S.
3.4.3 Frutas e legumes frescos
3.4.3.1 Descrição das embalagens
O sistema de embalamento estudado é bastante simples, consiste em embalagens
primárias de madeira onde o tomate e as hortaliças são transportados e em paletes,
também de madeira, que servem para transportar as caixas. De referir que as paletes
utilizadas pela Hortorres são, na sua maior parte, de tara perdida (70%), sendo que as
restantes, apesar de serem reutilizáveis, têm taxas de quebras bastante elevadas, cerca
de 50% (ver Tabela 48 e Tabela 49).
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
89
A Avaliação de Ciclo de Vida de embalagens de bens alimentares em Portugal
Tabela 48 – Caracterização dos sistemas de embalagem.
Designação
Embalagem
Primária
Caixa de
Caixa de madeira
Madeira –
Tomate 9kg Terciária
Palete de madeira
Caixa de Primária
Madeira –
Caixa de madeira
Hortaliças Terciária
12kg
Palete de madeira
Dimensão/
Volume
Material
Peso (g)
N.º por
palete
50*30*15 cm
Madeira
1000
96
-
Madeira
12000
1
60*40*20 cm
Madeira
1500
50
-
Madeira
12000
1
Tabela 49 – Peso do sistema de embalagem.
Tipo de embalagem
Caixa de Madeira – Tomate 9 kg
Caixa de Madeira – Hortaliças 12 kg
Peso por palete
(incluindo produto)
(kg)
972
687
Peso do sistema de
embalagem por 1000 kg de
produto (kg)
1125
1145
A Hortorres adquire as suas embalagens e paletes de madeira à empresa Fepal que se
situa praticamente ao lado da sua unidade industrial (ver Tabela 50). A Fepal por sua
vez apenas monta as caixas e paletes de madeira e vai buscar a madeira a cerca de 250
km de distância e os outros componentes a 320 km. Em ambos os casos o transporte é
feito em camião de 24 ton.
Tabela 50 – Logística associada aos materiais de embalagem.
Material de embalagem
Caixa de madeira
Palete de madeira
Camião utilizado
(ton)
24
24
Distância média
percorrida (km)
1
1
De acordo com a Hortorres as caixas de madeira percorrem cerca de 150 km, no
entanto este valor é muito difícil de estimar uma vez que é muito variável a distância
percorrida. O mesmo ocorre com o tipo de transporte. Ambos dependem bastante das
condições do mercado (Tabela 51). De acordo com os dados fornecidos , considerouse que, em média, o tipo de camião utilizado tem uma tara de 16 ton.
Tabela 51 – Logística associada à distribuição.
Tipo de transporte
Embalador - consumidor
Camião utilizado
(ton)
16
Distância média
percorrida (km)
150
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
90
A Avaliação de Ciclo de Vida de embalagens de bens alimentares em Portugal
3.4.3.2 Informação sobre o ciclo de vida
Devido as frutas e legumes serem um produto com um tempo de vida útil muito curto,
existem embalagens que retornam à Hortorres com produto não consumido. Estima-se
que esta quantidade seja cerca de 4% das embalagens colocadas no mercado.
As quebras no processo de embalamento da Hortorres são cerca de 0,5% para as
embalagens primárias.
O gasto de energia do processo de embalamento do produto não foi possível de
quantificar, no entanto, de acordo com a Fepal, em média, a montagem de uma caixa
de madeira consome cerca de 0,0146 kWh.
As paletes de madeira, como já referido, são na sua maior parte de tara perdida e
apenas 30% são reutilizáveis, no entanto, como se tratam de paletes muito frágeis, a
taxa de quebras destas é bastante elevada, estimando-se em cerca de 50%, ou seja, em
média uma palete reutilizável apenas percorre 2 ciclos de vida do produto.
As caixas de madeira que retornam à Hortorres por o produto não ter sido consumido,
são reutilizadas.
3.4.3.3 Caracterização dos impactes ambientais
As categorias de impacte ambiental mais importantes das embalagens de madeira
consideradas são os resíduos sólidos e a energia. O smog de verão, acidificação e
efeito de estufa são também bastante relevantes, como se encontra ilustrado na Figura
65.
impacte ambiental 1000 kg / impacte ambiental anual do cidadão médio
europeu
Figura 65 – Impacte ambiental agregado das embalagens de madeira para frutas e legumes
frescos.
0,018
0,016
0,014
0,012
0,010
0,008
0,006
0,004
0,002
0,000
Estuf.
Ozon.
Acid.
Eutr.
M.p.
Carc.
S.i.
S.v.
Pest.
Ener.
R.S.
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
91
A Avaliação de Ciclo de Vida de embalagens de bens alimentares em Portugal
Uma conclusão importante a reter da análise da Figura 66 é que a distribuição
contribui bastante para algumas categorias de impacte, nomeadamente smog de verão,
acidificação, eutrofização e efeito de estufa.
impacte ambiental 1000 kg / impacte ambiental anual do cidadão médio
europeu
Figura 66 – Impactes ambientais relativos ao ciclo de vida das embalagens de madeira para
frutas e legumes frescos.
0,035
0,030
0,025
Destino final
0,020
Distribuição
0,015
0,010
Produção
0,005
0,000
-0,005
-0,010
-0,015
-0,020
Estuf. Ozon. Acid. Eutr. M. p. Carc. S. i.
S. v.
Pest. Ener. R.S.
Na fase de produção, a quase totalidade do impacte ambiental é provocado pela caixa
de madeira, que serve de embalagem primária. A palete de madeira, quando
comparada com esta última apenas é responsável por cerca de 10% do impacte da
produção. Aliás, este facto já era expectável, uma vez que as componentes do sistema
de embalagem são praticamente idênticos em termos de materiais utilizados e
processo de fabrico e a quantidade de material utilizado para o fabrico das caixas de
madeira, por unidade funcional, é bastante superior ao utilizado para o fabrico das
paletes de madeira (ver Figura 67).
impacte ambiental 1000 kg / impacte ambiental anual do cidadão médio
europeu
Figura 67 – Impactes ambientais relativos à fase de produção das embalagens de madeira para
frutas e legumes frescos.
0,030
0,025
Palete de madeira
0,020
Caixa de madeira
0,015
0,010
0,005
0,000
Estuf. Ozon. Acid. Eutr.
M.p. Carc.
S.i.
S.v. Pest.
Ener. R.S.
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
92
A Avaliação de Ciclo de Vida de embalagens de bens alimentares em Portugal
O fim de vida das componentes do sistema de embalagem estudado permite uma
redução do impacte ao nível de energia e metais pesados. Este facto deve-se
essencialmente à reciclagem e valorização energética das caixas de madeira. A
reciclagem da madeira e a recuperação de energia pela sua valorização energética,
permite que globalmente se reduza o consumo de energia e consequentemente se
diminua a libertação de metais para a atmosfera, associados aos processos de queima
de combustíveis fósseis, nomeadamente carvão. O aumento do impacte ambiental na
categoria de resíduos sólidos provocada pela fase de fim de vida é devido às caixas de
madeira que são encaminhadas para aterro (ver Figura 68).
impacte ambiental 1000 kg / impacte ambiental anual do cidadão médio
europeu
Figura 68 – Impactes ambientais relativos à fase de fim de vida das embalagens de madeira
para frutas e legumes frescos.
0,010
0,005
Dest. Final quebras
Dest. Final palete de madeira
0,000
Dest. Final caixa de madeira
-0,005
-0,010
-0,015
Estuf.Ozon. Acid. Eutr. M. p. Carc. S. i. S. v. Pest. Ener. R.S.
3.5 Embalagens de confeitaria
3.5.1 Introdução
Para estudar o tipo de embalagens utilizadas no sector da confeitaria, nomeadamente
em embalagens de bolachas, que representavam, em 1998, 67,9% do mercado dos
produtos de confeitaria, foi seleccionada a empresa Triunfo, devido a ser o principal
actor no mercado de bolachas.
Dentro dos inúmeros produtos da Triunfo, estudaram-se as 4 embalagens mais
importantes, que representam em conjunto mais de 20% das vendas em volume da
empresa e que representam igualmente os diversos tipos de embalagens
comercializadas por esta empresa. Das embalagens consideradas, as principais são as
de bolacha Maria e de Bolacha Integral. As embalagens consideradas foram:
•
Bolacha Maria de 180 g (película de plástico).
•
Bolacha Integral de 200 g (película de plástico + caixa de cartão).
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
93
A Avaliação de Ciclo de Vida de embalagens de bens alimentares em Portugal
•
Bolacha Chipmix chocolate de 125 g (película de plástico + cuvette de
plástico).
•
Bolacha Sortido Tradição de 350 g (película de plástico + cuvette de
plástico + caixa de cartão + película de alumínio).
A informação recolhida junto da Triunfo foi considerada confidencial por esta
empresa e, como tal, as informações relativas ao sistema de embalagem e logística
que são apresentadas, encontram-se de uma forma agregada.
3.5.2 Bolachas
3.5.2.1 Descrição das embalagens
As embalagens primárias, apesar de serem basicamente constituídas por cartão e
plástico, apresentam uma grande variedade em termos de forma e quantidade de
produto disponibilizado ao consumidor, devido em grande parte a factores de
marketing. Estudou-se a embalagem mais representativa em cada dos 4 grandes
grupos de embalagem existentes, ou seja, embalagens primarias constituídas
unicamente por uma película de plástico, por uma película de plástico e caixa de
cartão, por uma película de plástico e uma cuvette de plástico e por uma película de
plástico, caixa de cartão, cuvette de plástico e película de alumínio.
As embalagens secundárias utilizadas são sobretudo caixas de cartão, existindo
também filme retráctil de PEBD. A embalagem secundária apresenta sempre uma
etiqueta de papel a identificar a embalagem. As embalagens secundárias são
agrupadas numa palete de madeira reutilizável, do tipo europalete, envolvida num
filme estirável de PEBD.
Todas as embalagens consideradas são produzidas por terceiros e apenas o processo
de embalamento é realizado na Triunfo.
Tabela 52 – Peso dos sistemas de embalagem de bolachas.
Tipo de embalagem
Maria 180g
Integral Triunfo 200g
Chipimix Chocolate 125g
Sortido Tradição 350g
Peso por palete (incluindo
produto)
(kg)
232,3
211,9
126,7
154,3
Peso do sistema de embalagem
por 1000 kg de produto
(kg)
1194,7
1338,0
1408,0
1574,6
3.5.2.2 Informação sobre o ciclo de vida
Não se inclui os consumos de energia e materiais do processo de embalamento no
ciclo de vida das embalagens, uma vez que a Triunfo não tem tipificado esses
consumos por processos, ao longo da linha produtiva.
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
94
A Avaliação de Ciclo de Vida de embalagens de bens alimentares em Portugal
Foram contabilizadas as quebras dos materiais de embalagem no processo de
embalamento.
Considerou-se que o filme estirável usado em conjunto com a palete de madeira acaba
por ter como destino a recolha indiferenciada e que as paletes de madeira são
reutilizáveis a 95%, isto é, apresentam uma taxa de quebras de 5%. As quebras do
processo de embalamento têm como destino o aterro.
Como as embalagens de confeitaria estudadas são bastante diferentes entre si, optouse por apresentar os impactes da fase de produção e fim de vida agregados consoante
o tipo de embalagem (Figura 71 e Figura 72), ou seja, por embalagem primária,
secundária e terciária.
3.5.2.3 Caracterização dos impactes ambientais
Os principais impactes ambientais das embalagens de bolachas situam-se nas
categorias energia, smog de verão, metais pesados, efeito de estufa e acidificação,
como se pode observar na Figura 69.
impacte ambiental 1000 kg / impacte ambiental anual do cidadão médio
europeu
Figura 69 – Impacte ambiental agregado das embalagens de bolachas.
0,06
0,05
0,04
0,03
0,02
0,01
0
Estuf.
Ozon.
Acid.
Eutr.
M.p.
Carc.
S.i.
S.v.
Pest.
Ener.
R.S.
A fase que provoca maiores impactes é a fase de produção. A distribuição se bem que
menos relevante que a produção, apresenta impactes não desprezáveis em categorias
como o smog de verão e acidificação (ver Figura 70).
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
95
A Avaliação de Ciclo de Vida de embalagens de bens alimentares em Portugal
impacte ambiental 1000 kg / impacte ambiental anual do cidadão médio
europeu
Figura 70 – Impactes ambientais relativos ao ciclo de vida das embalagens de bolachas.
0,12
0,1
0,08
Destino final
0,06
Distribuição
0,04
Produção
0,02
0
-0,02
-0,04
-0,06
Estuf. Ozon. Acid. Eutr.
M. p. Carc. S. i.
S. v. Pest.
Ener. R.S.
Na fase de produção, é o fabrico da embalagem primária que provoca maiores
impactes ambientais. O contributo da produção da palete de madeira é significativo,
como ilustrado na Figura 71, nomeadamente na categoria de energia, sobretudo nas
embalagens que são menos complexas, como por exemplo a de PEBD de 185g. Dado
nesta análise se considerar vários tipos de embalagens diferentes com diferentes
materiais (filme de PEBD, cuvette de PS e filme de PEBD, etc.) é de esperar que os
impactes em cada categoria tenham origens diversas. Por exemplo, na categoria de
metais pesados, os impactes provêm principalmente das cuvetes de PS e das cartolinas
impressas. Na categoria de carcinogenia, apesar de ser pouco relevante, o impacte
provêm do alumínio usado nas embalagens de sortidos. Devido à razão apontada, uma
alteração significativa da distribuição do consumo de bolachas, que favoreça o
consumo de um tipo de embalagens em detrimento de outra, pode originar uma
alteração relevante nos impactes apresentados.
impacte ambiental 1000 kg / impacte ambiental anual do cidadão médio
europeu
Figura 71 – Impactes ambientais relativos à de produção das embalagens das embalagens de
bolachas.
0,1000
0,0900
Embalagem
terciária
0,0800
0,0700
Embalagem
secundária
0,0600
Embalagem
primária
0,0500
0,0400
0,0300
0,0200
0,0100
0,0000
Estuf. Ozon. Acid. Eutr. M. p. Carc. S. i.
S. v. Pest. Ener. R.S.
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
96
A Avaliação de Ciclo de Vida de embalagens de bens alimentares em Portugal
Devido à palete de madeira ser reutilizada, na sua maior parte, o impacte provocado
na produção é eliminado. Aliás, uma parte substancial da redução dos impactes
ambientais associados ao ciclo de vida das embalagens de bolachas deve-se
precisamente à reutilização da palete de madeira (ver Figura 72).
impacte ambiental 1000 kg / impacte ambiental anual do cidadão médio
europeu
Figura 72 – Impactes ambientais relativos à fase de fim de vida das embalagens de bolachas.
0,0100
0,0000
Dest. Final quebras
Dest. Final emb. terciária
-0,0100
Dest. Final emb. secundária
Dest. Final emb. primária
-0,0200
-0,0300
-0,0400
-0,0500
Estuf. Ozon.Acid. Eutr.M. p. Carc. S. i. S. v. Pest. Ener. R.S.
3.6 Embalagens de produtos congelados
3.6.1 Introdução
Nos produtos congelados foram estudadas 4 embalagens: duas de peixe congelado e
refeições prontas e duas de gelados take-home e multi-pack.
Nas refeições prontas foram estudadas dois dos produtos mais vendidos pela IGLO
neste sector e que são embalados em Portugal, que apesar de tudo representam apenas
4,5% das vendas totais, dado a enorme variedade de produtos existentes e de grande
parte das embalagens de refeições prontas e peixe congelado serem importadas. Não
se estudou nenhuma embalagem importada uma vez que não foi possível obter a
informação necessária para a realização da ACV. Os produtos embalados em
Portugal, não são embalados directamente pela IGLO, mas sim por outras empresas,
de que as postas de pescada e o bacalhau à Brás são um exemplo.
Nos gelados take-home e multipack foram estudados os produtos mais vendidos pela
Olá nestes tipos de produto, ou seja o gelado Vienetta e o multipack Cornetto. As
embalagens estudadas foram portanto as seguintes.
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
97
A Avaliação de Ciclo de Vida de embalagens de bens alimentares em Portugal
No peixe congelado e refeições prontas:
•
Saco de PE/PET 400 g, de posta de pescada nº3.
•
Bandeja de PS e Cartolina 300 g, de bacalhau à Brás.
No gelados take-home e multipack:
•
Tabuleiro de PP/PEAD e Envoltório de Papel/PEBD 600 mL, do
gelado Vienetta.
•
Caixa de Cartolina e sleeve de Papel/Alumínio 6 x 79,5 g, da
embalagem multipack Cornetto.
3.6.2 Refeições prontas e pescado
3.6.2.1 Descrição das embalagens
A embalagem primária da posta de pescada nº3 de 400g é um saco constituído na sua
maior parte por polietileno, que se encontra em contacto com o alimento, sendo o
restante de PET, que serve como base de impressão. A camada de PE tem 75 microns
e a de PET 12 microns. A embalagem de bacalhau à Brás de 300g é constituída por
uma bandeja e tampa de poliestireno, estando envolvida por uma cartolina.
Em ambos os casos a embalagem secundária é uma caixa de cartão canelado e as
embalagens são transportadas numa palete de madeira. Uma descrição mais
pormenorizada do sistema de embalagem encontra-se presente nas tabelas Tabela 53 e
Tabela 54.
Tabela 53 – Caracterização dos sistemas de embalagem de refeições prontas e pescado.
Designação
Embalagem
Primária
Saco
Postas de Secundária
Pescada nº 3 Caixa de cartão
(400g)
Terciária
Filme estirável
Palete de Madeira
Primária
Bandeja + tampa
Cartolina
Bacalhau à
Secundária
Brás
Caixa de cartão
(300g)
Terciária
Filme estirável
Palete de Madeira
Dimensão/
Volume
Material
400 g p.l.
PEBD/PET
12 sacos
Cartão
81 caixas
1200*800*144mm
PEBD
Madeira
300 g p.l.
1 unidade
PS
Cartolina
12 bandejas
Cartão
81 caixas
1200*800*144mm
PEBD
Madeira
Peso (g)
11,0
N.º por
palete
1080
230
90
500
23000
1
1
20,0
30,8
972
972
230
81
500
23000
1
1
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
98
A Avaliação de Ciclo de Vida de embalagens de bens alimentares em Portugal
Tabela 54 – Peso do sistema de embalagem de refeições prontas e pescado.
Designação
Postas de Pescada nº3 (400g)
Bacalhau à Brás (300g)
Peso por palete
(incluindo produto)
(kg)
488,1
383,1
Peso do sistema de embalagem
por 1000 kg de produto
(kg)
1129,8
1313,8
A logística associada aos materiais de embalagem de postas de pescada nº3 e bacalhau
à Brás encontra-se presente na Tabela 55.
Tabela 55 – Logística associada aos materiais de embalagem de refeições prontas e pescado.
Designação
Postas de
Pescada nº3
(400g)
Bacalhau à
Brás
(300g)
Material de embalagem
Saco
Caixa de cartão
Filme estirável
Palete de Madeira
Bandeja + tampa
Cartolina
Caixa de cartão
Filme estirável
Palete de Madeira
Camião utilizado
(ton)
8-12
12
8-12
24
20
3
8-12
12
24
Distância média
percorrida (km)
300
10
50
30
300
230
250
90
85
O embalamento das postas de pescada é feito pela Gelpeixe, em Loures e o do
bacalhau à Brás pela Peipen, que se situa em Peniche. Depois de embalados, estes
produtos são transportados para o centro de distribuição da IGLO e a partir dai
enviados para todo o país (Tabela 56).
Tabela 56 – Logística associada à distribuição de refeições prontas e pescado.
Designação
Postas de Pescada nº3
(400g)
Bacalhau à Brás (300g)
Tipo de transporte
Embalador – distribuidor
Distribuição - consumidor
Embalador – distribuidor
Distribuição - consumidor
Camião utilizado
(ton)
24
24
24
24
Distância média
percorrida (km)
45
170
80
170
3.6.2.2 Informação sobre o ciclo de vida
Não foi possível obter as taxas de quebras no processo de embalamento dos produtos
estudados, sendo assim não se tem em conta este aspecto no ciclo de vida. Igualmente,
pela mesma razão, o consumo de energia e de materiais no processo de embalamento
não é considerado no ciclo de vida.
No fim de vida das embalagens, considerou-se que as embalagens de primárias de
ambos os produtos são recolhidas indiferenciadamente, sendo, portanto, o seu destino
a valorização energética ou o aterro controlado e que o filme estirável é igualmente
recolhido indiferenciadamente. Considerou-se igualmente que as paletes de madeira
apresentam uma taxa de reutilização de 95%.
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
99
A Avaliação de Ciclo de Vida de embalagens de bens alimentares em Portugal
3.6.2.3 Caracterização dos impactes ambientais
Os principais impactes ambientais das embalagens de refeições prontas e pescado
estudadas são nas categorias de metais pesados, energia, smog de verão, efeito de
estufa e acidificação (Figura 73).
impacte ambiental 1000 kg / impacte ambiental anual do cidadão médio
europeu
Figura 73 – Impacte ambiental agregado das embalagens de refeições prontas e pescado.
0,090
0,080
0,070
0,060
0,050
0,040
0,030
0,020
0,010
0,000
Estuf.
Ozon.
Acid.
Eutr.
M.p.
Carc.
S.i.
S.v.
Pest.
Ener.
R.S.
Mais uma vez, os impactes são devidos sobretudo à produção da embalagem primária.
A distribuição tem um impacte pouco relevante no ciclo de vida da embalagem,
conforme demonstrado na Figura 74.
impacte ambiental 1000 kg / impacte ambiental anual do cidadão médio
europeu
Figura 74 – Impactes ambientais relativos ao ciclo de vida das embalagens de refeições
prontas e pescado.
0,100
0,080
Destino final
0,060
Distribuição
0,040
Produção
0,020
0,000
-0,020
-0,040
Estuf. Ozon. Acid. Eutr. M. p. Carc. S. i.
S. v.
Pest. Ener. R.S.
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
100
A Avaliação de Ciclo de Vida de embalagens de bens alimentares em Portugal
A categoria de metais pesados apresenta um valor elevado em relação às restantes
devido principalmente à existência de poliestireno na embalagem de refeição pronta
de bacalhau à Brás, que na sua produção origina metais como resíduo (ver Figura 75).
impacte ambiental 1000 kg / impacte ambiental anual do cidadão médio
europeu
Figura 75 – Impactes ambientais relativos à de produção das embalagens de refeições prontas
e pescado.
0,080
0,070
Palete de madeira
0,060
Filme estirável
Caixa de cartão
0,050
Cartolina
Badeja + tampa
0,040
Saco
0,030
0,020
0,010
0,000
Estuf. Ozon. Acid. Eutr.
M. p. Carc. S. i.
S. v.
Pest. Ener.
R.S.
O destino final apenas permite reduzir sensivelmente o impacte na categoria energia,
sobretudo devido à reciclagem da embalagem secundária de cartão canelado e da
embalagem terciária de madeira (ver Figura 76).
impacte ambiental 1000 kg / impacte ambiental anual do cidadão médio
europeu
Figura 76 – Impactes ambientais relativos à fase de fim de vida das embalagens de refeições
prontas e pescado.
0,015
0,010
Dest. Final quebras
0,005
Dest. Final palete de madeira
Dest. Final filme estirável
0,000
Dest. Final caixa de cartão
-0,005
Dest. Final cartolina
Dest. Final badeja+tampa
-0,010
Dest. Final saco
-0,015
-0,020
-0,025
-0,030
Estuf. Ozon. Acid. Eutr. M. p. Carc. S. i. S. v. Pest. Ener. R.S.
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
101
A Avaliação de Ciclo de Vida de embalagens de bens alimentares em Portugal
3.6.3 Gelados
3.6.3.1 Descrição das embalagens
O gelado Take-home da Iglo mais vendido é a Viennetta de 600 mL. A sua
embalagem primária é constituída por duas partes: Um tabuleiro de uma mistura de
60% de PP e 40% de PEAD e um envoltório constituído por papel kraft (67%), PEBD
(25%), verniz (3%) e um cold-seal (5%). A embalagem primária é embalada numa
caixa de cartolina e as caixas são agrupadas por um filme de PEBD. Finalmente, a
embalagem terciária é constituída por uma palete de madeira e por um filme estirável
que mantém coeso o sistema de embalagem.
O Multipack de Cornetto, é constituído por 6 embalagens primárias de Cornetto. Cada
um destes gelados está embalado num sleeve constituído por papel kraft branco
(79%), alumínio (19%) e verniz (2%). A tampa que sela a embalagem é constituída
por 95% de cartolina folding e 5% de polietileno. Os Cornetto são embalados em
packs de 6, em caixas de cartolina, e estas caixas são agrupadas por um filme de
PEBD. A embalagem terciária, à semelhança da embalagem terciária da Viennetta, é
constituída por uma palete de madeira e um filme estirável para dar consistência ao
agrupamento (Tabela 57 e Tabela 58).
Tabela 57 – Caracterização dos sistemas de embalagem de gelados take-home e multipack.
Designação
Embalagem
Primária
Tabuleiro
Envoltório
Secundária
Viennetta de
342g
Caixa de cartolina
(600 mL)
Filme de PEBD
Terciária
Filme estirável
Palete de Madeira
Primária
Sleeve
Tampa
Multipack Secundária
Cornetto
Caixa de cartolina
6*79,5 g
Filme de PEBD
Terciária
Filme estirável
Palete de madeira
Nº por
palete
Dimensão/
Volume
Material
342 g p.l. (600mL)
1 unidade
PP/PEAD
Papel/PEBD
5,0
5,6
1056
1056
1 por emb. p.
6 cartolinas
Cartolina
PEBD
34
12,33
1056
176
176 packs
Europalete
PEBD
Madeira
1 unidade
1 unidade
Papel/Alumínio
Cartolina/PE
1,77
1,06
3888
3888
1 por 6 emb. pr.
6 cartolinas
Cartolina
PEBD
45,3
18,19
648
108
108 packs
Europalete
PEBD
Madeira
Peso (g)
400
23000
400
23000
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
1
1
1
1
102
A Avaliação de Ciclo de Vida de embalagens de bens alimentares em Portugal
Tabela 58 – Peso do sistema de embalagem de gelados take-home e multipack.
Tipo de embalagem
Viennetta de 342 g (600 mL)
Multipack Cornetto 6x79,5g
Peso por palete
(incluindo produto)
(kg)
433,8
374,8
Peso do sistema de embalagem
por 1000 kg de produto
(kg)
1201,2
1212,6
Na logística associada aos materiais de embalagem é de referir que o tabuleiro da
Viennetta, assim como o sleeve dos Cornettos e os filmes de PEBD, são importados,
nomeadamente de Inglaterra, Itália e França, respectivamente (ver Tabela 59).
Tabela 59 – Logística associada aos materiais de embalagem de gelados take-home e
multipack.
Designação
Vienetta de
600 mL
(342g)
Multipack
Cornetto
6*79,5g
Camião utilizado
(ton)
24
8-12
8-12
24
24
24
24
8-12
8-12
24
24
24
Material de embalagem
Tabuleiro
Envoltório
Caixa de cartolina
Filme de PEBD
Filme estirável
Palete de Madeira
Sleeve
Tampa
Caixa de cartolina
Filme de PEBD
Filme estirável
Palete de madeira
Distância média
percorrida (km)
2500
8
25
2000
2000
30
3000
250
250
2000
2000
30
Depois de embalados, os gelados são transportados para o centro de distribuição da
Olá e a partir dai, são enviados para todo o país para os concessionários em cada
região. A partir dos concessionários são distribuídos para o consumidor. No entanto,
não foi possível quantificar a distância média de um concessionário ao consumidor
nem o tipo de transporte utilizado dado ser bastante variável (Tabela 60).
Tabela 60 – Logística associada à distribuição de gelados take-home e multipack.
Tipo de transporte
Embalador – centro de distribuição
Centro de distribuição – consumidor
Camião utilizado
(ton)
24
24
Distância média
percorrida (km)
25
170
3.6.3.2 Informação sobre o ciclo de vida
As quebras dos materiais de embalagem no processo de embalamento, estimam-se em
4,5% para as embalagens primárias e secundárias.
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
103
A Avaliação de Ciclo de Vida de embalagens de bens alimentares em Portugal
No avaliação de ciclo de vida dos gelados multipack e take-home, não se tem em
conta os consumos de energia e materiais no processo de embalamento, uma vez que a
Olá não tem estes consumos separados por etapas no processo de fabrico dos gelados.
No fim de vida destas embalagens considerou-se que os materiais são recolhidos
indiferenciadamente, à excepção das paletes que são reutilizáveis. De acordo com a
Olá, a taxa de reciclagem destas embalagens é 95,5%.
3.6.3.3 Caracterização dos impactes ambientais
Verifica-se pela análise da Figura 77 que claramente o maior impacte ambiental do
ciclo de vida das embalagens de gelados take-home e multipack ocorre na categoria
de energia. Em seguida as categorias mais relevantes em termos de impacte ambiental
são o smog de verão, o efeito de estufa e acidificação.
Figura 77 – Impacte ambiental agregado das embalagens de gelados.
0,070
0,060
0,050
0,040
0,030
0,020
0,010
0,000
Ef. e.
C. oz. Acid.
Eutr.
M.p.
Carc.
S.i.
S.v.
Pest.
En.
R.S.
A distribuição apresenta uma relevância bastante inferior à fase da produção (ver
Figura 78). O fim de vida apenas permite reduzir em cerca de 15% o impacte
energético e diminuir marginalmente as outras categorias relevantes. Na categoria de
resíduos sólidos o fim de vida contribui mesmo para o aumento dos resíduos
associados ao ciclo de vida.
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
104
A Avaliação de Ciclo de Vida de embalagens de bens alimentares em Portugal
impacte ambiental 1000 kg / impacte ambiental anual do cidadão médio
europeu
Figura 78 – Impactes ambientais relativos ao ciclo de vida das embalagens de gelados.
0,090
0,080
0,070
Destino final
0,060
Distribuição
0,050
0,040
Produção
0,030
0,020
0,010
0,000
-0,010
-0,020
Estuf. Ozon. Acid. Eutr. M. p. Carc. S. i.
S. v.
Pest.
Ener. R.S.
O impacte na categoria de energia deve-se principalmente à produção da caixa de
cartolina em ambos os gelados estudados. Nas restantes categorias, a produção da
caixa de cartolina continua a ser a principal origem do impacte ambiental, à excepção
da categoria carcinogenia, que no entanto, é pouco relevante, quando comparada com
as restantes (ver Figura 79).
impacte ambiental 1000 kg / impacte ambiental anual do cidadão médio
europeu
Figura 79 – Impactes ambientais relativos à de produção das embalagens de gelados.
0,080
0,070
Palete de madeira
0,060
Filme estirável
Filme PEBD
0,050
Caixa de cartolina
0,040
Embalagem
0,030
0,020
0,010
0,000
Estuf. Ozon. Acid.
Eutr. M. p. Carc.
S. i.
S. v.
Pest. Ener.
R.S.
A redução do impacte no fim de vida tem sobretudo a ver com a reutilização da palete
de madeira, conforme ilustrado na Figura 80.
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
105
A Avaliação de Ciclo de Vida de embalagens de bens alimentares em Portugal
impacte ambiental 1000 kg / impacte ambiental anual do cidadão médio
europeu
Figura 80 – Impactes ambientais relativos à fase de fim de vida das embalagens de gelados.
0,010
Dest. Final quebras
0,005
Dest. Final palete de madeira
Dest. Final filme estirável
0,000
Dest. Final filme PEBD
Dest. Final caixa de cartolina
Dest. Final embalagem
-0,005
-0,010
-0,015
Estuf. Ozon. Acid. Eutr. M. p. Carc. S. i. S. v. Pest. Ener. R.S.
3.7 Discussão dos resultados obtidos
3.7.1 Fase de produção
De um modo geral pode-se afirmar que a fase mais relevante para o ciclo de vida das
embalagens de bens alimentares é a fase da produção e, dentro desta, a produção da
embalagem primária.
A palete de madeira em certos tipos de embalagens é responsável por uma parte
significativa do impacte ambiental da fase de produção, mas uma vez que esta é
reutilizável, o impacte ambiental da responsabilidade desta componente de
embalagem, considerando todo o ciclo de vida, é reduzido.
3.7.2 Fase de embalamento
Não foi possível avaliar com exactidão o efeito do processo de embalamento, no
entanto, de acordo com as informações existentes o impacte nunca seria muito
significativo, uma vez que os casos em que existe informação indicam que este tem
um contributo pouco relevante em comparação com a produção das embalagens.
3.7.3 Fase de distribuição
Esta fase tem uma particularidade interessante em relação à produção. Enquanto que o
impacte resultante da produção das embalagens pode ser atenuado na fase de fim de
vida das embalagens, nomeadamente através da reutilização, reciclagem e valorização
energética das embalagens, na distribuição, o impacte desta fase é permanente e não
pode ser atenuado, a não ser por alteração directa ou indirecta das condições de
distribuição.
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
106
A Avaliação de Ciclo de Vida de embalagens de bens alimentares em Portugal
Verifica-se pela análise das ACV realizadas que a importância relativa da distribuição
é maior nas categorias de eutrofização, acidificação e smog de verão.
O contributo da distribuição para o impacte ambiental do ciclo de vida entre as
diversas embalagens estudadas depende muito, para além da logística associada ao
transporte do produto, da relação entre o peso da embalagem e o peso do produto.
Quanto mais pesado for o sistema de embalagem para o mesmo produto e mesma
unidade funcional (ex: margarina embalada em PP e em Papel/Alumínio/PE), maior o
impacte ambiental absoluto associado à distribuição (ver Figura 81 e Figura 82).
Figura 81 – Impacte normalizado para a categoria smog de verão de diferentes pesos de
sistemas de embalagem.
Sm og de ve r ão
0,014
0,012
Iogurtes
s mog de v erão
impac te ambiental normaliz ado na c ategoria
0,016
0,010
Congelados
0,008
Manteigas
Margarinas
0,006
0,004
0,002
0,000
1000
1100
1200
1300
1400
peso do s is tema de embalagem / Unidade f unc ional
Figura 82 – Impacte normalizado para a categoria eutrofização de diferentes pesos de
sistemas de embalagem.
Eutr ofiz ação
0,014
Iogurtes
0,012
eutrof iz aç ão
impac te ambiental normaliz ado na c ategoria
0,016
Congelados
Manteigas
0,010
Margarinas
0,008
0,006
0,004
0,002
0,000
1000
1100
1200
1300
1400
peso do s is tema de embalagem / Unidade f unc ional
A logística associada à distribuição do produto não se encontra tão bem caracterizada
como as fases de produção de embalagens e de fim de vida das mesmas, uma vez que
é bastante difícil caracterizar com rigor os diversos tipos de transportes e circuitos de
distribuição existentes, devido em grande parte à complexidade dos circuitos. Devido
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
107
A Avaliação de Ciclo de Vida de embalagens de bens alimentares em Portugal
ao âmbito e objectivo deste estudo, que pretende avaliar um significativo número das
embalagens de bens alimentares, caracterizou-se a logística em termos gerais. Num
estudo mais exaustivo sobre determinada embalagem ou determinado tipo de
embalagem, esta fase do ciclo de vida da embalagem deverá ser caracterizada mais
pormenorizadamente.
3.7.4 Fase de fim de vida
Normalmente, a opção de fim de vida reduz significativamente o impacte na categoria
de energia. Apesar da origem da redução variar com o tipo de embalagem e sistema
de embalagem, de um modo geral pode-se afirmar que a redução do impacte na
categoria de energia, assim como em outras categorias, deve-se principalmente à
reutilização da palete de madeira e também à reciclagem da embalagem secundária de
cartão canelado (quando existe), e menos à valorização energética dos resíduos de
embalagem.
O contributo da reciclagem da embalagem primária é variável e depende não só da
taxa de reciclagem, mas também do material considerado.
Em muitos ciclos de vida, a redução do impacte ambiental a nível da categoria de
energia, devido ao fim de vida das embalagens, não tem a correspondência directa na
redução do impacte ambiental na categoria de efeito de estufa por várias razões.
-
parte da energia utilizada para a produção das embalagens tem origem
hídrica, que não produz emissões atmosféricas, conforme ilustrado na
Figura 83;
Figura 83 – Impactes ambientais normalizados para a produção de 1 kWh de energia eléctrica.
Impacte normalizado para a produção de 1 kWh de energia
7E-05
6E-05
5E-05
Carvão
4E-05
Petróleo
Gás
3E-05
Hídrica
Nuclear
2E-05
1E-05
0E+00
Estuf.
-
Ozon.
Acid.
Eutr.
M.p.
Carc.
S.i.
S.v.
Pest.
Ener.
R.S.
quando a origem dos materiais de embalagem é o estrangeiro, há que
ter em conta que o país de origem pode produzir energia eléctrica
também através da cisão nuclear, que à semelhança da
hidroelectricidade, não produz CO2 ou outros gases de efeito de estufa
(ver Figura 83);
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
108
A Avaliação de Ciclo de Vida de embalagens de bens alimentares em Portugal
-
a valorização energética dos plásticos, cartão/papel e madeira, apesar
de produzir energia, origina também gases de efeito de estufa,
nomeadamente CO2. Este facto é tanto ou mais importante para o ciclo
de vida das embalagens, quanto menor a taxa de reciclagem das
embalagens. Por exemplo, este facto é particularmente evidente no
ciclo de vida das embalagens de óleos vegetais em PET e embalagens
de margarinas em PP, porque a reciclagem destas embalagens é
inexistente devido ao elevado teor de contaminação em gorduras das
mesmas (Figura 84).
Figura 84 – Impacte ambiental da valorização energética de 1 kg de plásticos presentes em
média nos R.S.U.
Impacte normalizado para a valorização energética de
1kg de resíduos de plásticos presentes nos R.S.U.
0,00015
0,0001
0,00005
0
-0,00005
-0,0001
-0,00015
Estuf. Ozon. Acid.
Eutr.
M.p.
Carc.
S.i.
S.v.
Pest. Ener.
R.S.
3.7.5 Análise dos contributos dos diferentes materiais para o impacte
ambiental
3.7.5.1 Aço
A embalagem de aço estudada foi a da lata em folha de flandres para azeite. Da
análise desta lata podem-se tirar as seguintes conclusões.
Os principais impactes são ao nível do smog de verão, energia e resíduos sólidos. Os
impactes desta categoria são devido principalmente à produção da folha de flandres,
mais concretamente à energia utilizada para a produção do ferro no alto forno.
O processo de reciclagem da folha de flandres permite reduzir ligeiramente os
impactes ambientais em quase todas as categorias, exceptuando na dos metais
pesados, devido ao uso de energia eléctrica no processo de reciclagem.
Apesar de não se produzir energia através da valorização energética das latas de aço, o
aço que fica como resíduo nas escórias do fundo do forno pode ser reciclado, mesmo
tendo em conta a sua pior qualidade. Devido a este facto e ao processo de valorização
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
109
A Avaliação de Ciclo de Vida de embalagens de bens alimentares em Portugal
energética também implicar emissões poluentes para a atmosfera, é preferível que o
aço que tem como destino a reciclagem seja desviado deste circuito.
3.7.5.2 Madeira
As embalagens de madeira estudadas foram as caixas de madeira para frutas e
legumes.
Na madeira, as categorias com maiores impactes são os resíduos sólidos e a energia.
Na categoria dos resíduos sólidos os impactes advêm não só dos resíduos do processo
de fabrico de caixas e paletes de madeira, mas também das embalagens de madeira
que acabam por ter como destino o aterro. No caso da energia os impactes são
resultantes do corte, serragem e secagem da madeira que é usada para produzir caixas
e paletes de madeira. O efeito da redução da fixação de carbono pela atmosfera pelo
abate de árvores não é tido em conta no método utilizado. Os impactes nas categorias
pesticidas, camada de ozono e carcinogenia são praticamente inexistentes.
A reciclagem da madeira para fazer aglomerados permite reduzir o impacte ambiental
em praticamente todas as categorias, uma vez que a operação de reciclagem não
consome muitos recursos e evita a utilização de madeira virgem.
A valorização energética da madeira tem efeitos positivos pois permite a recuperação
de energia, mas ao mesmo tempo aumenta as emissões de CO2 e NOx para a
atmosfera, aumentando o impacte ambiental nas categorias efeito de estufa e
acidificação, por exemplo.
3.7.5.3 Plásticos
Devido à diversidade de plásticos usados como embalagens de bens alimentares não é
possível tirar conclusões muito específicas, uma vez que os impactes variam
consoante o tipo de plástico e em bastantes situações as embalagens são compostas
por mais de um tipo de plástico.
PP – Os principais impactes situam-se nas categorias de energia e smog de verão. Os
impactes nas categorias camada de ozono e pesticidas são praticamente inexistentes e
a de eutrofização tem pouco expressão.
PS – As categorias mais relevantes são os metais pesados e a energia. Os impactes ao
nível dos pesticidas e camada de ozono são praticamente inexistentes e a carcinogenia
tem pouca expressão.
PEAD – As principais categorias em termos de impacte são a energia e o smog de
verão, enquanto que a de pesticidas, carcinogenia e camada de ozono são
desprezáveis.
PET - Os principais impactes situam-se nas categorias de smog de verão e
acidificação. Os impactes nas categorias camada de ozono e pesticidas são
desprezáveis.
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
110
A Avaliação de Ciclo de Vida de embalagens de bens alimentares em Portugal
As embalagens de plásticos não são praticamente recicladas por várias razões: existem
plásticos que não são reciclados (ex. caso de poliestireno); o tipo de produto embalado
pode impedir a reciclagem (ex. óleos vegetais); a taxa de reciclagem de plásticos é
bastante reduzida. Das principais embalagens de plástico estudadas as únicas que são
recicladas são as de PEAD de iogurte líquido. Neste caso, a reciclagem apesar de ter
efeitos positivos ao nível do impacte em energia e smog de verão, por exemplo,
aumenta ligeiramente o impacte nas categorias efeito de estufa, acidificação e metais
pesados, devido ao consumo de energia associado ao processo de reciclagem (ver
Figura 85).
Figura 85 – Impacte normalizado para a reciclagem de kg de PEAD.
Impacte normalizado para a reciclagem de 1 kg de PEAD
3,00E-04
2,00E-04
1,00E-04
0,00E+00
-1,00E-04
-2,00E-04
-3,00E-04
-4,00E-04
Estuf. Ozon. Acid.
Eutr.
M.p.
Carc.
S.i.
S.v.
Pest.
Ener.
R.S.
A valorização energética de plásticos apesar de ter efeitos benéficos em categorias
como a energia e o smog de verão, devido à produção de energia, e consequentemente
contribuir para reduzir a dependência dos combustíveis fosseis, provoca impactes em
outras, como por exemplo, nas categorias de efeito de estufa e eutrofização.
3.7.5.4 Papel/Cartão
Todas as embalagens primárias que contêm papel e cartão são compostas igualmente
de outros materiais, o que torna difícil avaliar quais os tipos de impacte ambiental
associados às embalagens deste material, uma vez que dependem muito da
embalagem considerada.
No caso do cartão para alimentos líquidos, que também é uma embalagem composta,
o principal impacte situa-se na categoria de energia, sendo os restantes impactes
bastante homogéneos, exceptuando nas categorias camada de ozono e pesticidas, sem
expressão e eutrofização e smog de inverno, pouco relevantes.
Devido ao tipo de produtos embalados, as embalagens primárias que contêm papel e
cartão não são recicladas devido à sua contaminação e ao tipo de recolha de resíduos
efectuada, exceptuando as embalagens de cartão para alimentos líquidos. Neste caso,
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
111
A Avaliação de Ciclo de Vida de embalagens de bens alimentares em Portugal
a taxa de reciclagem ainda é reduzida. O processo existente actualmente permite
reduzir muito ligeiramente o impacte associado a este tipo de embalagem, devido à
reciclagem das fibras de celulose.
Do mesmo modo que nos plásticos e madeira, a valorização energética do cartão e
papel contribui para a redução do impacte ambiental em categorias como a energia e
smog de verão, mas aumenta o impacte em outras, como nas categorias de efeito de
estufa e eutrofização.
3.7.5.5 Vidro
Para o vidro, as categorias em que existem maiores impactes ambientais são as de
resíduos sólidos e de metais pesados. O impacte na categoria resíduos sólidos deve-se,
principalmente, ao elevado peso das embalagens de vidro e à elevada percentagem de
embalagens que acabam por ter como destino o aterro controlado. O impacte na
categoria metais pesados está associado a emissões do processo de fabrico de vidro.
Os impactes a nível da camada de ozono e pesticidas são desprezáveis.
A reciclagem de vidro permite, por um lado reduzir o impacte ambiental das
categorias energia, metais pesados e smog de inverno, mas também das categorias
efeito de estufa e acidificação, devido a incorporação de casco no processo de fabrico
do vidro permitir uma redução do consumo de energia e de emissões poluentes de
CO2, SOx e NOx.
A valorização energética de vidro apenas contribui para o aumento do impacte
ambiental, uma vez que se trata de um material inerte que tem como destino final o
aterro controlado (juntamente com outras escórias e cinzas).
3.7.6 Observações finais
Apesar das componentes de embalagem mais comuns, que não a embalagem primária,
terem geralmente impactes bastante menores que esta última, os principais impactes
por tipo de componente são os seguintes:
rótulo de papel: energia, efeito de estufa e acidificação.
caixa de cartão: energia, resíduos sólidos e efeito de estufa.
filme de PEBD: energia e smog de verão.
palete de madeira: energia e resíduos sólidos.
Em termos gerais, apesar de o tipo de impactes variar consoante o tipo de embalagem,
pode-se afirmar que as categorias mais relevantes na maior parte das embalagens de
bens alimentares estudadas são a energia e o smog de verão. No extremo oposto estão
as categorias de impacte ambiental pesticidas e camada de ozono, que não têm
nenhuma expressão ao nível de embalagens.
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
112
Conclusões finais
4 Contributos para a definição de políticas orientadas
para a redução do impacte ambiental das
embalagens de bens alimentares
4.1 Cenários de eco-eficiência e comparação dos resultados
obtidos com outros estudos
Realizou-se a análise de cenários de eco-eficiência para 6 tipos de produtos e 8 tipos
de embalagem primária e que se enumeram de seguida:
•
Produtos: leite, iogurte, óleos vegetais, azeite, margarinas e frutas e
legumes frescos.
•
Tipos de embalagem: cartão para alimentos líquidos, PEAD, PS, PET,
vidro, lata de folha de flandres, PP, madeira.
Dos cenários avaliados, alguns foram estabelecidos com as diversas fileiras de
materiais, como por exemplo o cenário que considera a reciclagem química para o
PET e o cenário em que se considera a utilização das garrafas de vidro de azeite mais
leves existentes no mercado Português.
Não se avaliaram cenários para as embalagens de manteiga, frutas e legumes
industriais, bolachas e produtos congelados, uma vez que, em alguns casos, o material
de embalagem destes produtos já tinha sido analisado (manteiga e frutas e legumes
industriais) ou as embalagens primárias eram multi-material, bastante diferentes entre
si, não recicladas (bolachas e produtos congelados).
Devido aos principais impactes ambientais do ciclo de vida das embalagens de bens
alimentares se deverem à embalagem primária, optou-se por avaliar cenários que
diferem da situação de referência ao nível da produção da embalagem primária e taxa
de reciclagem destas.
Em grande parte dos casos, considerou-se que uma redução da quantidade de
embalagem em 10% é um avanço tecnológico possível no curto, médio prazo. Este
cenário é perfeitamente possível para a maior parte dos materiais, tendo por base a
evolução ocorrida num passado recente com algumas embalagens de bens alimentares
(Plastval, 2000) e pelas perspectivas de evolução tecnológica futura. Por exemplo, no
vidro, Hekkert et al. (1997) referem que uma redução de 15% no peso das embalagens
primárias deste material é expectável até 2010.
Outro cenário que se estudou foi um aumento da taxa de reciclagem, de modo a se
avaliarem os efeitos do aumento das taxas de reciclagem a nível nacional, mas usando
a mesma tecnologia de produção das embalagens.
A decisão de não se actuar ao nível da distribuição deveu-se a ter-se verificado que a
distribuição na quase totalidade dos casos não é o factor relevante no ciclo de vida.
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
113
Conclusões finais
4.1.1 Produtos lácteos
4.1.1.1 Embalagem de cartão para alimentos líquidos para leite
Foram estudados 3 cenários, que se descrevem a seguir, de modo a se avaliarem as
suas consequências ambientais, e cujo os resultados estão patentes na Figura 86 e
Figura 87:
Cenário 1 – Semelhante à situação de referência, mas com uma taxa de reciclagem
de 25% e considerando que a reciclagem inclui o aproveitamento do
cartão, a queima do polietileno para a produção de calor e a reciclagem do
alumínio, como actualmente existente no mercado.
Cenário 2 – Semelhante ao cenário 1, mas supondo que a taxa de reciclagem das
embalagens de cartão para alimentos líquidos é de 75%.
Cenário 3 – Semelhante à situação de referência e supondo que a evolução
tecnológica permite uma redução do peso da embalagem de cartão para
alimentos líquidos de 10%.
Figura 86 – Impacte ambiental desagregado para a embalagem de leite de C.A.L. na situação
de referência e cenários 1, 2 e 3.
Produção
Embalamento
Distribuição
Destino final
0,02
0,015
0,01
0,005
0
R C1 C2 C3
-0,005
-0,01
R - Situção de referência
C1 - Cenário 1
C2 - Cenário 2
C3 - Cenário 3
-0,015
Estuf.
Ozon.
Acid.
Eutr.
M. p.
Carc.
S. i.
S. v.
Pest.
Ener.
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
R.S.
114
Conclusões finais
impacte ambiental 1000 Lts / impacte ambiental anual do cidadão
médio europeu
Figura 87 – Impacte ambiental agregado para a embalagem de leite de C.A.L. na situação de
referência e cenários 1 e 2 e 3.
Situação de referência
Cenário 1
Cenário 2
Cenário 3
0,014
0,012
0,01
0,008
0,006
0,004
0,002
0
Estuf.
Ozon.
Acid.
Eutr.
M. p.
Carc.
S. i.
S. v.
Pest.
Ener.
R.S.
Da análise dos gráficos apresentados em cima pode-se verificar que o aumento da taxa
de reciclagem, acompanhado pela melhoria do processo de reciclagem em Portugal
(aproveitamento das fibras de celulose do cartão, utilização do polietileno para
produção de calor e recuperação do alumínio oxidado) contribui bastante para a
redução do consumo de energia, do impacte na categoria carcinogenia e da produção
de resíduos sólidos ao longo do ciclo de vida da embalagem de leite. Em relação à
situação actual verifica-se que, mesmo utilizando os processos disponíveis
actualmente, uma taxa de reciclagem mais elevada (25%) permitiria reduzir o
consumo global de energia e a produção de resíduos sólidos em 15%, o impacte na
categoria carcinogenia em 25% e ligeiras reduções nas restantes categorias.
De resto, pode-se verificar que a redução do peso da embalagem primária também
permite reduzir o impacte ambiental de todas as categorias, como seria de esperar, e
que essa redução na maior parte das categorias é da mesma ordem de grandeza da
redução do peso de embalagem.
O aumento da taxa de reciclagem e uma eficaz reciclagem das embalagens de cartão
para alimentos líquidos é importante para a redução do impacte ambiental do ciclo de
vida destas embalagens.
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
115
Conclusões finais
4.1.1.2 Embalagem de PEAD para iogurte líquido
Avaliaram-se 3 cenários diferentes para as embalagens de PEAD de iogurte líquido.
Em duas delas, consideram-se taxas de reciclagem bastante superiores às existentes
actualmente e que serão dificilmente atingidas num futuro próximo, (respectivamente
25% e 75%), no entanto, consideraram-se estes dois cenários de modo a avaliar-se o
efeito da reciclagem nas diversas categorias de impacte ambiental.
Cenário 1 – Semelhante à situação de referência, mas pressupõe uma taxa de
reciclagem de 25%.
Cenário 2 – Supõe uma taxa de reciclagem de 75%.
Cenário 3 – Supõe que o desenvolvimento tecnológico permite uma redução do peso
da embalagem primária de PEAD de 10%.
Os impactes ambientais associados à situação de referência e aos cenários
considerados, são apresentados de seguida, na Figura 88 e na Figura 89.
impacte ambiental 1000 kg / impacte ambiental anual do cidadão
médio europeu
Figura 88 – Impacte ambiental desagregado para a embalagem de PEAD de iogurte líquido na
situação de referência e cenários 1 e 2 e 3.
Produção
Distribuição
Destino final
0,150
0,100
0,050
0,000
R C1 C2 C3
-0,050
-0,100
R - Situação de referência
C1 - Cenário 1
C2 - Cenário 2
C3 - Cenário 3
Estuf.
Ozon.
Acid.
Eutr.
M. p.
Carc.
S. i.
S. v.
Pest.
Ener.
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
R.S.
116
Conclusões finais
impacte ambiental 1000 kg / impacte ambiental anual do cidadão médio
europeu
Figura 89 – Impacte ambiental agregado para a embalagem de PEAD de iogurte líquido na
situação de referência e cenários 1 e 2 e 3.
0,070
0,060
0,050
0,040
0,030
0,020
0,010
0,000
Estuf.
Ozon.
Acid.
Eutr.
M. p.
Carc.
S. i.
S. v.
Pest.
Ener.
R.S.
Da Figura 88 e Figura 89 podemos constatar que a reciclagem das garrafas de iogurte
líquido de PEAD contribui para a redução do impacte ambiental de algumas
categorias, como o consumo de energia, produção de resíduos sólidos e smog de
verão, mas, em contrapartida, devido ao processo de reciclagem mecânica do plástico,
existe um aumento do impacte ambiental em outras categorias, especialmente na
categoria de metais pesados, onde este aumento é significativo em relação à situação
de referência.
O consumo global de energia ao longo do ciclo de vida é inferior devido ao facto de,
ao reciclarmos as garrafas de iogurte líquido de PEAD, estarmos a evitar que seja
necessário produzir mais polímeros a partir de material virgem, ou seja estamos a
evitar fundamentalmente o consumo de petróleo utilizado para a produção dos
polímeros de PEAD. No balanço final, a redução do consumo de energia da fase de
produção de material reciclado, pela redução do consumo de petróleo para a produção
dos polímeros de PEAD é superior ao gasto de energia na operação de reciclagem.
Esta redução do consumo de energia não tem como correspondência directa um
abaixamento das emissões de efeito de estufa porque, tal como está feita a modelação,
o conteúdo energético do petróleo que serve como matéria prima para dar origem ao
granulado de PEAD não tem associado emissões atmosféricas, uma vez que não sofre
combustão. No cômputo global, a redução das emissões devido a evitarmos a
produção de granulado de PEAD virgem é inferior às emissões associadas ao próprio
processo de reciclagem do plástico, o que faz com que ao aumentarmos a taxa de
reciclagem das garrafas de PEAD, aumentamos também ligeiramente o impacte
ambiental na categoria efeito de estufa.
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
117
Conclusões finais
Por outro lado, na categoria de metais pesados, o aumento da taxa de reciclagem
provoca um aumento do impacte ambiental nesta categoria. Isto deve-se ao facto de,
ao aumentarmos a reciclagem das garrafas de PEAD, aumentarmos igualmente o
consumo de energia eléctrica inerente a esta operação, e portanto aumentarmos o
impacte ambiental na categoria de metais pesados (cuja origem se deve sobretudo à
produção de energia eléctrica a partir do carvão). Este aumento na fase de reciclagem
não é compensado por uma redução existente na fase de produção, dado que o
impacte ambiental deve-se sobretudo ao processo de produção da garrafa.
Verifica-se portanto que de modo a reduzir-se o impacte ambiental das garrafas de
PEAD é necessário apostar no aumento da taxa de reciclagem e ao mesmo tempo
promover medidas com outro cariz, como por exemplo, novas formas de reciclagem e
redução do peso da embalagem, de modo a reduzirem-se igualmente os impactes
ambientais em outras categorias, nomeadamente nos metais pesados.
Para concluir, pode-se afirmar que o aumento das taxas de reciclagem das garrafas de
PEAD não é uma medida tão eficaz em termos de redução relativa do impacte
ambiental, como o é para outros materiais, como o vidro.
4.1.1.3 Embalagem de PS para iogurte
Analisaram-se 2 cenários para as embalagens de PS. Um em que se considera a
reciclagem dos copos de PS e outro em que se considera uma redução do peso da
embalagem. Na realidade, actualmente as embalagens de PS de iogurtes não são
recicladas. No entanto, a reciclagem destas é possível desde que o produto reciclado
seja utilizado em aplicações cujas especificações comportem a utilização deste
reciclado de má qualidade, como, em tubos de plástico para transporte de água, em
que este tipo pode ser utilizado como enchimento entre duas camadas de plástico
virgem que são respectivamente a camada interior e exterior. Os resultados dos
cenários considerados estão patentes na Figura 90 e Figura 91.
Cenário 1 – Idêntico à situação de referência mas supõe uma taxa de reciclagem de
25% para o PS, num processo que comporta a reciclagem de plásticos
mistos.
Cenário 2 – Idêntico à situação de referência, mas supõe que a evolução tecnológica
permite uma redução da embalagem primária em 10%.
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
118
Conclusões finais
Figura 90 – Impacte ambiental desagregado para os copos de iogurte de PS na situação de
referência e cenários 1 e 2.
Produção
Distribuição
Destino final
0,150
0,100
0,050
0,000
-0,050
R C1 C2
-0,100
R - Situção de referência
C1 - Cenário 1
C2 - Cenário 2
-0,150
Estuf.
Ozon.
Acid.
Eutr.
M. p.
Carc.
S. i.
S. v.
Pest.
Ener.
R.S.
impacte ambiental 1000 Lts / impacte ambiental anual do cidadão médio
europeu
Figura 91 – Impacte ambiental agregado para os copos de iogurte de PS na situação de
referência e cenários 1 e 2.
Situação de referência
Cenário 1
Cenário 2
0,070
0,060
0,050
0,040
0,030
0,020
0,010
0,000
Estuf.
Ozon.
Acid.
Eutr.
M. p.
Carc.
S. i.
S. v.
Pest.
Ener.
R.S.
Da análise das figuras anteriores podemos verificar que a existência de reciclagem
diminui o impacte ambiental dos copos de PS, em todas as categorias de impacte
ambiental, à excepção da carcinogenia, cujo impacte não é, no entanto, relevante no
ciclo de vida das embalagens. A existência de reciclagem mecânica para estas
embalagens permitiria, por exemplo, e considerando uma taxa de reciclagem de 25%,
reduzir o impacte ambiental na categoria metais pesados em cerca de 10%.
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
119
Conclusões finais
4.1.2 Gorduras alimentares
4.1.2.1 Embalagem de PET para óleos vegetais
Avaliaram-se 3 cenários distintos para as garrafas de PET de óleos vegetais. Nos
primeiros 2 cenários, avaliam-se os impactes associados à existência de um taxa de
reciclagem de 25%, em que no primeiro cenário, a reciclagem é mecânica e no
segundo cenário, a reciclagem é realizada através de processo químico, com base num
processo que actualmente se encontra em investigação e desenvolvimento, e que vem
a ser estudado e desenvolvido pelo ITN – Instituto de Tecnologia Nuclear e pela CIR
– Companhia Industrial de Reciclagem e que é financiado pela SPV. Este processo é
basicamente um processo de catálise do PET, em que existe libertação de CO2, H2 e
CO, em que estas duas últimas substâncias são utilizadas na produção de metanol para
ser utilizado como produto químico. Este processo tem como principais inputs por kg
de PET, 1,1 kg de O2 e 0,16 kg de H2O e como outputs por kg de PET processado, 1
kg de O2, 0,1 kg de H2 e 1,61 kg de metanol e a reacção é exotérmica autosustentada.
Cenário 1 – Supõe uma taxa de reciclagem de 25%, em que a reciclagem do PET é
exclusivamente mecânica. Pelo mesmo facto das embalagens de PP de
margarina, devido ao teor de gordura associado à embalagem, as garrafas
de PET de óleos vegetais não são actualmente recicladas. No entanto,
desde que existam aplicações para este reciclado específico, que se
encontra contaminado com gordura, este tipo de embalagens pode ser
reciclada mecanicamente.
Cenário 2 – Avalia os impactes associados a uma taxa de reciclagem de 25%, mas
em que a reciclagem é inteiramente química.
Cenário 3 – Idêntico à situação de referência, mas supõe que a evolução tecnológica
permite uma redução da embalagem primária em 10%.
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
120
Conclusões finais
impacte ambiental 1000 Lts / impacte ambiental anual do cidadão
médio europeu
Figura 92 – Impacte ambiental desagregado para a embalagem de PET de óleos vegetais na
situação de referência e cenários 1 e 2.
Produção
Embalamento
Distribuição
Destino final
0,04
0,03
0,02
0,01
0
-0,01
-0,02
R C1 C2 C3
R - Situç ão de referênc ia
C1 - Cenário 1
C2 - Cenário 2
C3 - Cenário 3
-0,03
Estuf.
Ozon.
Acid.
Eutr.
M. p.
Carc.
S. i.
S. v.
Pest.
Ener.
R.S.
impacte ambiental 1000 Lts / impacte ambiental anual do cidadão médio
europeu
Figura 93 – Impacte ambiental agregado para a embalagem de PET de óleos vegetais na
situação de referência e cenários 1 e 2.
Situação de referência
Cenário 1
Cenário 2
Cenário 3
0,04
0,035
0,03
0,025
0,02
0,015
0,01
0,005
0
Estuf.
Ozon.
Acid.
Eutr.
M. p.
Carc.
S. i.
S. v.
Pest.
Ener.
R.S.
Comparando os diferentes cenários presentes na Figura 92 e Figura 93 verifica-se que
a reciclagem mecânica das garrafas de PET de óleos vegetais (que é possível desde
que existam aplicações para este granulado contaminado e com gordura) permite
reduzir o impacte ambiental em quase todas as categorias, à excepção dos metais
pesados, nomeadamente nos resíduos sólidos, smog de verão e de inverno e energia. A
razão devido à qual o impacte ambiental na categoria metais pesados aumenta com a
reciclagem mecânica é idêntica à das garrafas de PEAD de iogurte líquido. A
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
121
Conclusões finais
reciclagem química permite uma redução assinalável do impacte ambiental em todas
as categorias de impacte, embora estes resultados tenham que ser analisados com
cautela devido ao facto de este processo ainda se encontrar em fase de I&D em escala
piloto. No entanto, segundo os resultados obtidos, em termos ambientais a reciclagem
química é superior à reciclagem mecânica em todas as categorias, excepto na
categoria de smog de verão. A redução do peso da embalagem primária permitirá
reduzir o impacte ambiental das embalagens de PET de óleos vegetais. No entanto,
esta redução terá que ser acompanhada por medidas que permitam reduzir o impacte
igualmente na fase de fim de vida destas embalagens. Para este efeito a reciclagem é
uma medida que se deve fomentar, especialmente através de processos mais limpos,
como o processo químico descrito.
4.1.2.2 Embalagem de vidro para azeite
Consideraram-se 2 cenários para as garrafas de vidro de azeite e que se discriminam
de seguida e cujos resultados se encontram patentes na Figura 94 e Figura 95.
Cenário 1 – Supõe que a taxa de reciclagem do vidro é de 75%. Esta taxa de
reciclagem, embora seja superior à existente actualmente no nosso país, é
semelhante às existentes em vários países europeus, nomeadamente na
Holanda, Áustria, Alemanha e Finlândia.
Cenário 2 – Pressupõe que as garrafas de azeite são idênticas às mais leves
actualmente disponíveis no mercado português, ou seja, as garrafas de
0,75 L e de 1 L pesam respectivamente 340 g e 380 g (Fonte: B&A).
Figura 94 – Impacte ambiental desagregado para as embalagens de vidro de azeite na situação
de referência e cenários 1, 2.
Produção
Embalamento
Distribuição
Destino final
0,120
0,100
0,080
R - Situção de referência
C1 - Cenário 1
C2 - Cenário 2
0,060
0,040
0,020
0,000
-0,020
-0,040
R C1 C2
-0,060
-0,080
Estuf.
Ozon.
Acid.
Eutr.
M. p.
Carc.
S. i.
S. v.
Pest.
Ener.
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
R.S.
122
Conclusões finais
impacte ambiental 1000 Lts / impacte ambiental anual do cidadão médio
europeu
Figura 95 – Impacte ambiental agregado para as embalagens de vidro de azeite na situação de
referência e cenários 1, 2.
Situação de referência
Cenário 1
Cenário 2
0,120
0,100
0,080
0,060
0,040
0,020
0,000
Estuf.
Ozon.
Acid.
Eutr.
M. p.
Carc.
S. i.
S. v.
Pest.
Ener.
R.S.
Da análise dos gráficos apresentados anteriormente, pode-se constatar que o facto
mais significativo é a redução substancial do impacte ambiental em todas as
categorias pelo facto de se aumentar a taxa de reciclagem do vidro para 75%. Por
exemplo, na categoria energia, a redução é de cerca de 40%, enquanto que a produção
de resíduos sólidos é reduzida significativamente, cerca de 45%, devido ao facto de,
por se reciclar a garrafa, se evitar a deposição em aterro do vidro. Outras reduções
importantes do impacte ambiental ocorrem nas categorias smog de inverno, efeito de
estufa e metais pesados.
Outro facto relevante que se pode retirar da análise realizada é que com a tecnologia
disponível actualmente é perfeitamente possível reduzir o impacte ambiental em todas
as categorias, utilizando as garrafas mais leves que são produzidas em Portugal. O
obstáculo à utilização destas garrafas prende-se com questões de marketing, uma vez
que os embaladores querem diferenciar o seu produto também pela embalagem
apresentada e como tal, por exemplo, em azeites de qualidade superior (menor grau de
acidez e normalmente embalado em garrafas de 0,75L) impõem especificações para as
garrafas que as faz tornarem-se mais pesadas.
O aumento da taxa de reciclagem de vidro contribui significativamente para a redução
do impacte ambiental deste material de embalagem.
4.1.2.3 Embalagem de Lata para azeite
Foram estudados 2 cenários distintos da situação de referência, um em que a taxa de
reciclagem é superior à actual e outro que supõe uma redução do peso da lata de
azeite. Os impactes ambientais destes cenários são apresentados na Figura 96 e Figura
97.
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
123
Conclusões finais
Cenário 1 – Pressupõe uma taxa de reciclagem efectiva de 75% (isto é, proveniente
da recolha selectiva e das escórias das ITVE).
Cenário 2 – Pressupõe que a evolução tecnológica permitirá uma redução do peso da
embalagem primária em 10%.
impacte ambiental 1000 Lts / impacte ambiental anual do cidadão
médio europeu
Figura 96 – Impacte ambiental desagregado para as latas de folha de flandres de azeite na
situação de referência e cenários 1 e 2.
Produção
Embalamento
Distribuição
Destino final
0,12
0,1
0,08
0,06
0,04
0,02
0
-0,02
-0,04
-0,06
R C1 C2
R - Situção de referência
C1 - Cenário 1
C2 - Cenário 2
-0,08
Estuf.
Ozon.
Acid.
Eutr.
M. p.
Carc.
S. i.
S. v.
Pest.
Ener.
R.S.
impacte ambiental 1000 Lts / impacte ambiental anual do cidadão
médio europeu
Figura 97 – Impacte ambiental agregado para as latas de folha de flandres de azeite na
situação de referência e cenários 1 e 2.
Situação de referência
0,07
Cenário 1
Cenário 2
0,06
0,05
0,04
0,03
0,02
0,01
0
Estuf.
Ozon.
Acid.
Eutr.
M. p.
Carc.
S. i.
S. v.
Pest.
Ener.
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
R.S.
124
Conclusões finais
Verifica-se pela análise dos cenários estudados que o aumento da taxa de reciclagem
das embalagens de folha de flandres contribui significativamente para a redução do
impacte ambiental nas categorias energia, resíduos sólidos e smog de verão, que dado
a situação actual são as categorias que apresentam maiores impactes. Nas restantes
categorias, como por exemplo no efeito de estufa, acidificação e metais pesados, a
redução é menor.
A redução do impacte ambiental devido à utilização de embalagens mais leves
permite reduzir o impacte ambiental em todas as categorias. No entanto, comparando
uma redução de 10% no peso da embalagem, com o aumento da taxa de reciclagem
para 75%, verifica-se que apenas nas categorias efeito de estufa e acidificação, a
redução obtida pela redução do peso é superior à obtida pelo aumento da taxa de
reciclagem.
O aumento da taxa de reciclagem permite reduzir o impacte ambiental das
embalagens de azeite em folhas de flandres, especialmente nas categorias energia,
resíduos sólidos e smog de verão.
4.1.2.4 Embalagem de PP para margarinas
Estudaram-se 3 cenários para as embalagens de margarina em polipropileno e que se
apresentam de seguida.
Cenário 1 – Baseado na situação de referência mas pressupõe que a tampa em PVC é
substituída por uma tampa em PP com um peso de 2,0 g para a
embalagem de 250 g de p.l. e de 2,9 g para a embalagem de 500 g de p.l.
Cenário 2 – Idêntico à situação de referência mas supõe uma taxa de reciclagem de
25% para o PP. Devido ao teor de gordura e à semelhança das embalagens
de PET de óleos vegetais, as embalagens de margarina em PP não são
recicladas. No entanto a reciclagem mecânica destas é possível, desde que
as aplicações do reciclado o permitam. Por exemplo, este tipo de reciclado
pode ser utilizado como material de enchimento para tubos de transporte
de água, em que é colocado entre duas camadas de plástico virgem.
Cenário 3 – Idêntico à situação de referência, mas supõe que a evolução tecnológica
permite uma redução da embalagem primária em 10%.
Os impactes ambientais associados aos cenários descritos, encontram-se presentes na
Figura 98 e Figura 99
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
125
Conclusões finais
impacte ambiental 1000 kg / impacte ambiental anual do cidadão
médio europeu
Figura 98 – Impacte ambiental desagregado para as embalagens PP de margarina na situação
de referência e cenários 1 e 2 e 3.
Produção
Distribuição
Destino final
0,080
0,060
R - Situação de referência
C1 - Cenário 1
C2 - Cenário 2
C3 - Cenário 3
0,040
0,020
0,000
R C1 C2 C3
-0,020
-0,040
Estuf.
Ozon.
Acid.
Eutr.
M. p.
Carc.
S. i.
S. v.
Pest.
Ener.
R.S.
impacte ambiental 1000 kg / impacte ambiental anual do cidadão
médio europeu
Figura 99 – Impacte ambiental agregado para as embalagens de PP de margarina na situação
de referência e cenários 1 e 2 e 3.
0,045
0,040
0,035
0,030
0,025
0,020
0,015
0,010
0,005
0,000
Estuf.
Ozon.
Acid.
Eutr.
M. p.
Carc.
S. i.
S. v.
Pest.
Ener.
R.S.
Da análise das figuras anteriores verifica-se que a substituição do material utilizado
nas tampas das embalagens de margarina para polipropileno, permite reduzir
ligeiramente o impacte ambiental em praticamente todas as categorias de impacte,
excepto nas categorias metais pesados e smog de inverno. Nos metais pesados a
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
126
Conclusões finais
substituição do PVC por PP permite uma redução significativa do impacte ambiental,
enquanto que na categoria smog de inverno provoca um ligeiro aumento.
Em relação ao aumento da taxa de reciclagem, verifica-se que o processo de
reciclagem provoca um aumento dos metais pesados, enquanto permite reduzir o
impacte ambiental em categorias como energia, o smog de verão e smog de inverno. A
redução do peso da embalagem permite reduzir ligeiramente o impacte ambiental em
todas as categorias de impacte.
4.1.3
Frutas e Legumes
4.1.3.1 Embalagens de madeira para frutas e legumes frescos
Consideram-se 2 cenários diferentes para as embalagens de madeira de frutas e
legumes frescos estudadas, em que se avalia o efeito do aumento da taxa de
reciclagem das embalagens primárias e da taxa de reutilização das embalagens
terciárias. Os impactes ambientais dos cenários considerados apresentam-se nas
Figura 100 e Figura 101.
Cenário 1 – Pressupõe uma taxa de reciclagem de 75% para as embalagens primárias
de madeira.
Cenário 2 – Pressupõe que a taxa de reutilização das paletes de madeira que servem
de embalagem terciária é de 95%, bastante superior aos 15% de
reutilização existente na situação de referência.
impacte ambiental 1000 Lts / impacte ambiental anual do cidadão
médio europeu
Figura 100 – Impacte ambiental desagregado para as embalagens de madeira de frutas e
legumes frescos na situação de referência e cenários 1 e 2.
Produção
Distribuição
Destino final
0,035
0,030
0,025
0,020
0,015
0,010
0,005
0,000
-0,005
-0,010
-0,015
R C1 C2
R - Situção de referência
C1 - Cenário 1
C2 - Cenário 2
-0,020
Estuf.
Ozon.
Acid.
Eutr.
M. p.
Carc.
S. i.
S. v.
Pest.
Ener.
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
R.S.
127
Conclusões finais
impacte ambiental 1000 Lts / impacte ambiental anual do cidadão
médio europeu
Figura 101 – Impacte ambiental agregado para as embalagens de madeira de frutas e legumes
frescos na situação de referência e cenários 1 e 2.
Situação de referência
0,018
Cenário 1
Cenário 2
0,016
0,014
0,012
0,010
0,008
0,006
0,004
0,002
0,000
Estuf.
Ozon.
Acid.
Eutr.
M. p.
Carc.
S. i.
S. v.
Pest.
Ener.
R.S.
A análise das Figura 100 e Figura 101 permite verificar que o aumento da taxa de
reciclagem das caixas de madeira one-way permite a redução dos impactes ambientais
em todas as categorias, mas sobretudo nas categorias energia e resíduos sólidos. Por
outro lado, demonstra-se que a introdução de paletes de madeira reutilizáveis, que
servem como embalagem terciária, é vantajosa ambientalmente em relação ao uso de
paletes de madeira não reutilizáveis e com reduzida taxa de reutilização,
especialmente devido à redução do consumo global de energia e de produção de
resíduos sólidos.
4.1.4 Comparação entre os diversos materiais de embalagem
Com base nos cenários de eco-eficiência desenvolvidos pode-se comparar o efeito nos
diferentes materiais de embalagem do aumento da taxa de reciclagem e da redução do
peso da embalagem primária. Por exemplo, da análise da Figura 102 pode-se verificar
que o efeito do aumento da taxa de reciclagem na redução do consumo de energia é
maior nas embalagens de lata e vidro para azeite, enquanto que o esforço do aumento
da taxa de reciclagem das embalagens de PEAD para iogurtes e de cartão para
alimentos líquidos para leite, pouco contribuí para a redução do consumo de energia
ao longo do ciclo de vida destas embalagens.
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
128
Conclusões finais
Figura 102 – Aumento da taxa de reciclagem vs. redução do consumo de energia.
% de diminuição do consumo de energia
50%
CAL leites
45%
Pead
40%
Vidro
35%
Lata
30%
Madeira
25%
20%
15%
10%
5%
0%
0%
200%
400%
600%
% de aumento da taxa de reciclagem
800%
1000%
Por outro lado, na Figura 103 pode-se verificar que o efeito da redução do peso da
embalagem primária na redução do consumo de energia é mais eficaz na embalagem
de cartão para alimentos líquidos e na lata de azeite, e menos eficaz no caso da
embalagem de PS de iogurte, embora as diferenças existentes entre os diversos
materiais sejam bem menos significativas que no caso do aumento da taxa de
reciclagem.
Figura 103 – Redução do peso da embalagem primária vs. redução do consumo de energia.
% de diminuição do consumo de energia
10,0%
CAL leites
Pead
5,0%
PS
PET
Vidro
Lata
PP
0,0%
0%
2%
4%
6%
8%
10%
12%
% da redução do peso de embalagem
14%
16%
4.1.5 Comparação dos resultados obtidos com outros estudos
Existem poucos estudos referentes exclusivamente a ACV de embalagens de bens
alimentares. Na sua maior parte, as ACV existentes dizem respeito a embalagens de
bebidas e centram-se muito nos materiais vidro e PET e na questão se ambientalmente
é mais favorável ou não utilizar embalagens reutilizáveis. Sendo assim é difícil
comparar directamente os resultados obtidos com estudos realizados em outros países.
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
129
Conclusões finais
Um estudo abrangente que focou diversos tipos de embalagem, mas que incidiu mais
concretamente nas embalagens de bebidas e na avaliação ambiental dos destinos finais
de embalagem foi o estudo da RDC (1997) que conclui que, em termos gerais, é
preferível de um ponto de vista ambiental a reciclagem de materiais em detrimento da
valorização energética para todos os materiais de embalagem e mais concretamente:
-
a reciclagem de vidro deve ser maximizada;
-
a de metais também, embora os resíduos possam ter origem nas
escórias das centrais de valorização energética;
-
a reciclagem de papel é preferível desde que os resíduos de embalagem
apresentem uma boa qualidade;
-
a reciclagem de plásticos é preferível desde que os resíduos de
embalagem sejam de boa qualidade.
O estudo da RDC conclui ainda que:
-
as embalagens secundárias de PEAD reutilizáveis são preferíveis às de
cartão canelado one-way, embora condicionada por condições
específicas;
-
as paletes de madeira reutilizáveis são preferíveis às paletes de madeira
one-way;
-
o PET reutilizável apresenta menores impactes que os restantes
materiais para embalagens de bebidas de grande volume (1L – 1,5L),
embora as diferenças não sejam muito elevadas e o vidro reutilizável e
o cartão para alimentos líquidos sejam também opções aceitáveis;
-
o cartão para alimentos líquidos é preferível para embalagens de
bebidas de baixo volume (0,2L – 0,25L) e o vidro reutilizável e PET
one-way em embalagens de bebidas de maior volume (1,5 L).
Um outro estudo realizado igualmente pela RDC, mas em colaboração com a PIRA
(RDC – Pira, 2001) refere que as embalagens de vidro one-way têm uma grande
desvantagem que é o impacte da produção de vidro, mesmo nos casos em que a taxa
de reciclagem é alta. Nos casos em que as embalagens de vidro são reutilizáveis
(exemplo: bebidas), o peso da embalagem de vidro provoca que o transporte
associado à reutilização das embalagens seja responsável por uma parte significativa
do impacte ambiental do ciclo de vida das embalagens. Para além deste facto, fazendo
a analogia com as embalagens de bebidas, o mesmo estudo conclui que as embalagens
de vidro são ambientalmente mais desfavoráveis que as embalagens de PET.
A ACV realizada permite corroborar as conclusões dos estudos descritas em cima,
dado que, embora não comparando directamente a reciclagem com a valorização
energética e os diversos materiais, pode-se observar o seguinte:
-
a reciclagem do vidro tem um grande potencial de redução do impacte
ambiental nas embalagens de vidro consideradas.
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
130
Conclusões finais
-
a reciclagem do aço permite igualmente reduzir o impacte ambiental,
especialmente nas categorias energia, smog de verão e resíduos sólidos
-
A reciclagem das embalagens de plástico permite reduzir em termos
gerais o impacte ambiental associado ao seu ciclo de vida.
-
A reciclagem das embalagens de cartão para alimentos líquidos reduz o
impacte ambiental destas embalagens, sobretudo devido ao
aproveitamento das fibras de celulose do cartão.
-
A utilização de paletes de madeira reutilizáveis é ambientalmente
favorável quando comparada com paletes one-way.
O peso da embalagem é um dos factores que é apontado na literatura que está
relacionado com o impacte ambiental das embalagens. Keoleian e Spitley (1999)
concluem no seu estudo sobre as embalagens de leite no Estados Unidos que existe
uma grande correlação entre a redução da embalagem e o consumo de energia no seu
ciclo de vida. O estudo da ULS (1995) afirma mesmo que o uso de papel, folhas
metálicas e plásticos é preferível ambientalmente a uso de materiais mais pesados e
que a redução do peso das embalagens é uma excelente estratégia para reduzir o
desperdício de materiais, independentemente do material utilizado, e a redução da
embalagem oferece maiores benefícios do que a reciclagem em si.
Devido à diferença existente entre os diversos tipos de materiais e embalagens, a
partir dos resultados obtidos não se pode afirmar que é ambientalmente preferível o
uso de materiais mais leves, no entanto o peso do material de embalagem primária é
um dos factores relevantes para o impacte ambiental de um sistema de embalagem.
Sendo assim, uma redução do peso da embalagem é importante para a redução do
impacte ambiental.
Tecnologicamente tem sido possível nos últimos anos reduzir os pesos das
embalagens dos principais materiais. Por exemplo, dados da APME referem que, em
10 anos, as embalagens de cartão para alimentos líquidos tiveram uma redução de
peso de 25%, as embalagens de PP de margarinas 27% e garrafas de bebidas 19%
(Plastval, 2001).
A redução de peso da embalagem deve ser de forma a manter os critérios de qualidade
do produto e não subdimensionar a embalagem de modo a não ocorrer um aumento do
impacte ambiental devido a um aumento do desperdício do produto embalado. Por
exemplo, a nível do consumo de energia, a Packforsk chegou à conclusão que uma
embalagem subdimensionada em 5% causava mais impacte que a mesma embalagem
mas sobredimensionada em 5% (Plastval 2001).
Uma política de redução do impacte ambiental associado às embalagens não se pode
esgotar só em medidas que visem a redução de material, mas deve promover
esquemas de recolha eficiente e eficaz dos resíduos desde que sejam economicamente
viáveis. Como prova deste facto pode-se citar um estudo sobre embalagens de bebidas
alemãs (German Federal Environment Ministry, 2000), que refere que em termos
ambientais as embalagens reutilizáveis são preferíveis às restantes e que as
embalagens de cartão para alimentos líquidos apresentam um bom comportamento
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
131
Conclusões finais
quando comparadas com outras e que se deve bastante ao melhoramento da
reciclagem destas.
A reciclagem das embalagens é uma medida que em termos gerais é apontada na
literatura como fundamental para a redução do impacte ambiental das embalagens. A
maior vantagem da reciclagem situa-se ao nível das economias realizadas por
substituir os materiais virgens por material reciclado (Grant et al. 1999). Este estudo
chega ainda à conclusão que a energia recuperada pela reciclagem dos materiais é
significativa no PET, vidro e aço.
Os resultados obtidos permitem verificar que, na maior parte dos casos, o aumento da
taxa de reciclagem permite reduzir o impacte ambiental causado pela energia
consumida no ciclo de vida de uma embalagem. Em alguns materiais a redução
devido à reciclagem é maior, como por exemplo no vidro e noutros casos, como por
exemplo no PEAD, a redução é menor.
Apesar de alguns dos resultados obtidos não serem directamente comparáveis com
estudos existentes devido a algumas embalagens e metodologias serem diferentes,
verifica-se que de uma maneira geral os resultados do estudo estão de acordo com
resultados e conclusões de estudos realizados em outros países.
4.2 Eco – design e design for recycling
A ACV é uma ferramenta que apoia a concepção e inovação das embalagens e
processos de embalamento. Mais concretamente, uma das vertentes em que a ACV
pode ser bastante útil para a indústria de embalagem é na fase de concepção da
embalagem em que, aplicando o conceito de design for environment (DfE), ou ecodesign, os impactes ambientais da embalagem ao longo de todo o seu ciclo de vida
são tomados em conta (EIA, 2000).
O DfE pode-se desagregar em múltiplas dimensões mais específicas, mas que estão
relacionadas entre si. Para além do design for recycling (Projectar para reciclagem),
em que a preocupação se centra em facilitar e potenciar o processo de reciclagem,
podem-se enumerar outras práticas como o design for waste minimization, design for
energy conservation, design for chronic risk reduction e o design for accident
prevention (Fiksel, 1996).
O DfE é um factor de inovação de produto devido a fornecer novos critérios de
avaliação do design através de escolha de materiais, técnicas de produção de
embalamento e também estimular parcerias com fornecedores, distribuidores e
recicladores, abrir novas áreas de negócios e melhorar a qualidade e imagem do
produto (NRC, 2000).
Espera-se que o estudo realizado seja um factor de inovação e um contributo para a
indústria de embalagem, os embaladores e os distribuidores incorporarem as
preocupações ambientais nos seus produtos. Apesar de os interesses ambientais serem
muitas vezes contraditórios com os interesses económicos, deixam-se de seguida
algumas ideias em termos de eco-design e design for recycling de modo a se
reduzirem as consequências ambientais das embalagens:
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
132
Conclusões finais
-
redução do peso da embalagem, mas permitindo ao mesmo tempo manter os
critérios de qualidade e protecção do produto existentes;
-
redução da diversidade de materiais e do número de partes utilizados numa
determinada embalagem de modo a facilitar a sua separação e reciclagem, e de
preferência, sempre que possível utilizar apenas um material;
-
no caso de as embalagens serem multi-materiais a concepção destas deve
permitir uma fácil e rápida separação das componentes;
-
facilitar a identificação dos materiais utilizados nas embalagens de modo a
facilitar a operação de triagem para posterior reciclagem;
-
eliminação da quantidade de embalagem primária desnecessária (ex. cartão
utilizado para embalar tubos de colas que apenas serve para efeitos de
marketing, que poderia ser feito no próprio tubo);
-
redução das embalagens secundárias e terciárias pela eliminação do espaço
supérfluo existente e de quantidade de material supérfluo (ex: muitas vezes os
plásticos retrácteis utilizados no agrupamento de embalagens secundárias estão
sobredimensionados e podem ser usados retrácteis menos espessos);
-
utilização de materiais que sejam compatíveis entre si ou facilitem o processo
de reciclagem (ex. no caso dos plásticos, garrafas de PET e tampas de
poliolefinas com densidades inferiores a 1g/cm3 (Plastval, 2001));
-
utilização de colas e rótulos que sejam compatíveis com a reciclagem,
nomeadamente nos plásticos e que causem reduzidos impactes ambientais
aquando da sua valorização energética ou deposição em aterro (ex. colas
solúveis em água);
-
aumentar o tempo de vida das embalagens reutilizáveis;
-
utilização de materiais naturais e renováveis em embalagens, como por
exemplo fibras naturais ou plásticos biodegradáveis;
-
incorporação de material reciclado sempre que as condições de higiene e
segurança o assim permitam, especialmente de material reciclado do mesmo
produto (closed-loop recycling).
4.3 Perspectivas de evolução tecnológica das embalagens
Aliado a melhores praticas de concepção de embalagens, espera-se que os
desenvolvimentos tecnológicos que se advinham possam reduzir o impacte ambiental
das embalagens de bens alimentares. De seguida apresentam-se alguns exemplos de
desenvolvimentos tecnológicos que poderão ocorrer futuramente e que ainda se
encontram em fase de investigação e desenvolvimento.
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
133
Conclusões finais
Embalagens para óleos vegetais
-
Utilização de garrafas de PET reutilizáveis para óleos vegetais, à semelhança
do que acontece para garrafas de bebidas na Holanda e Alemanha. Desde que
se consiga uma lavagem eficaz e eficiente, este tipo de garrafas pode ser
utilizado para embalar estes óleos. Uma garrafa de PET reutilizável tem
aproximadamente o dobro do peso de uma garrafa one-way e está desenhada
para ter um ciclo de vida de cerca de 20 viagens (Keoleian & Spitzley, 1999).
-
Produção de garrafas de material reciclado ou que incorporem material
reciclado, por exemplo numa camada interior que não esteja em contacto com
o alimento. Já existem exemplos práticos nesta matéria. A Coca-Cola
desenvolveu uma garrafa que incorpora 25% de material reciclado numa
camada interior e a Logoplaste, através da Logociclo, encontra-se a
desenvolver um projecto de I&D para produzir garrafas de PET a partir de
material reciclado (R-PET).
Embalagens para azeite
-
Redução do peso das latas de aço através de um novo processo de fabrico e de
uma nova estrutura das latas de modo a serem mais fortes. Por exemplo, a
Continental Can encontra-se a desenvolver processos de fabrico
revolucionários que permitem novas estruturas para as latas, como por
exemplo com a forma honeycomb que poderá permitir uma redução de
materiais na ordem dos 30% (Hekkert et al. 1997).
Embalagens para iogurtes
-
Uma tendência que poderá ocorrer no futuro será a substituição dos copos de
PS por copos constituídos por polipropileno mais leves.
-
Por outro lado, espera-se que a reciclagem de plásticos mistos tenha um
desenvolvimento apreciável num futuro próximo. Este tipo de reciclado
poderá ser usado como substituto de alguns produtos para construção (ex.
estacas de madeira, como material para condutas de transporte de água ou
saneamento básico) ou em aplicações alternativas.
Embalagens para leites
-
Embalagens flexíveis para bebidas de laminados de PP e de LLDPE que são
bastante leves quando comparadas com as embalagens rígidas.
-
Embalagens de PC (policarbonato), que já apareceram no mercado holandês.
Estas embalagens de 1 litro pesam cerca de 74g e podem ser reutilizáveis,
estimando-se o seu ciclo de vida em 30 viagens.
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
134
Conclusões finais
Filmes plásticos para embalagens primárias, secundárias e terciárias
-
Substituição de filmes de PEBD por filmes de PP no caso de filmes destinados
a formarem uma barreira de baixa qualidade.
-
Uso de PET em vez de PP usado no fabrico de filmes laminados destinados a
formarem uma barreira de alta qualidade.
4.4 Considerações sobre as políticas de embalagem
4.4.1 Sistemas europeus de recolha de embalagens e nova directiva
europeia
As embalagens colocadas no mercado na União Europeia ascenderam em 1997 a mais
de 58 milhões de toneladas (Argus, 2001), sendo que as embalagens primárias
estimam-se que sejam responsáveis por 3% das emissões de CO2 da Europa Ocidental
(Hekkert et al., 1997) e as de embalagens secundárias e terciárias cerca de 1%
(Hekkert et al., 1998). O consumo per capita nos Estados membros variaram entre os
189,2 kg/pessoa.ano, em França, e 74,4 kg/pessoa.ano na Grécia.
Em média, as taxas de reciclagem e recuperação na EU (exceptuando Portugal,
Grécia, Luxemburgo e Irlanda) foram de 46,3% e 52,6%, respectivamente
(RDC - Pira, 2001). O vidro e o papel/cartão foram os principais responsáveis pelo
atingir destas valores de reciclagem.
Os valores médios de reciclagem por material da UE encontram-se descritos na tabela
seguinte (Tabela 61).
Tabela 61 – Taxas de reciclagem na União Europeia em 1997.
Metal
Plástico
Papel/cartão
46,0%
15,5%
59%
Média EU-11*
* - Não inclui Portugal, Grécia, Irlanda e Luxemburgo
Vidro
52,2%
Madeira
-
Embora as metas de retoma e reciclagem de embalagens previstas na directiva
embalagens tivessem que ser atingidas em Junho de 2001, grande parte dos estados
membros já tinham atingido estas metas em termos globais bem antes desta data. O
único problema que se coloca, e apesar de ainda não estarem contabilizados a
totalidade dos dados referentes aos últimos dois anos, é o cumprimento por alguns
Estados-Membros da meta mínima de reciclagem por material, ou seja 15%. Mais
concretamente, o problema coloca-se no caso da reciclagem dos plásticos, uma vez
que os dados disponíveis indicam que a taxa de reciclagem do plástico é bastante
inferior à meta inscrita na directiva em alguns Estados-Membros.
As projecções para o futuro apontam para um crescimento substancial do papel/cartão
e do plástico e uma estabilização do metal. A evolução do vidro é em larga escala
dependente do mercado de bebidas e do comportamento do plástico no mesmo
mercado, mas a tendência é para um ligeiro decréscimo As estimativas para a madeira
são difíceis de realizar devido à falta de informação sobre o material (Argus, 2001).
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
135
Conclusões finais
Os países da União Europeia apresentam sistemas de recolha de resíduos de
embalagem que são diferentes entre si devido ao seu trajecto histórico. Enquanto que,
em alguns países, a regulação sobre embalagens já era existente à data da aprovação
da directiva sobre embalagens, em outros tal não acontecia, nomeadamente em
Portugal, o que originou que esses países tivessem que começar praticamente do zero
na implementação de uma sistema de gestão de embalagens, construindo novas
infraestruturas e criando condições para a recolha selectiva de embalagens,
especialmente naquelas em que a recolha por operadores privados não era rentável,
como nas embalagens de plástico.
A recolha das embalagens de plástico presentes nos RSU na UE consiste quase
exclusivamente na recolha de garrafas e frascos de PEAD, PET e PVC. Apenas com a
excepção da Alemanha e Áustria, outras embalagens mais pequenas e outros plásticos
não são recuperados devido aos elevados custos associados à sua recolha. A quase
totalidade do papel/cartão retomado tem origem nas embalagens secundárias e
terciárias e os esforços de reciclagem estão orientados para este tipo de embalagem,
uma vez que os custos de recolha são inferiores e a qualidade bastante superior à dos
resíduos de papel/cartão das embalagens primárias. Em todos os países membros a
recolha do vidro é feita através de contentores exclusivamente destinados a esse
material. No entanto, nem em todos os países o vidro é recolhido separadamente
segundo a sua cor, o que diminui as aplicações para o vidro reciclado. O metal de
embalagens de origem doméstica é retomado através de recolha selectiva desse
material, ou através da separação dos RSU encaminhados para compostagem e
recolha das escórias do fundo do forno das incineradoras (Argus, 2001).
A recolha selectiva das embalagens visa a separação por tipo de material de modo a
garantir resíduos de embalagem em quantidade e qualidade suficientes para posterior
reciclagem. Entre as vantagens genéricas da reciclagem contam-se: a extensão do
ciclo de vida dos materiais usados, a redução do uso de materiais virgens e da
deposição dos materiais em fim de vida e a promoção da gestão responsável dos
resíduos de embalagem pelos consumidores. Por outro lado as dificuldades da
reciclagem situam-se ao nível dos custos de retoma, transporte e reciclagem, do limite
de vezes que um material pode ser reciclado sem perder as suas qualidades, da
instabilidade do mercado de resíduos reciclados e do “custo” imputado ao consumidor
devido a colectar separadamente os materiais de embalagem que poderão desencorajar
a separação dos resíduos pelo mesmo (Lancashire County Council, 1999).
As barreiras à reciclagem das embalagens variam consoante o material e, como tal, as
medidas para promover maiores taxas de reciclagem devem ter em conta esses
problemas específicos.
Nos materiais plásticos as barreiras situam-se não só nas condições de mercado
existentes para os materiais reciclados (preço e qualidade quando comparados com o
plástico virgem), mas fundamentalmente nas taxas de recolha existentes, que são
bastante reduzidas. Como tal, para reduzir estas barreiras devem-se adoptar políticas
que sustentem o desenvolvimento de novos processos de fabrico de embalagens que
permitam a inclusão de material reciclado, de novos processos de reciclagem e de
práticas que permitam maiores taxas de recolha de material, como seja apostar no
design for recycling das embalagens de modo a permitir, de igual modo, uma melhor
qualidade do material retomado e reciclado.
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
136
Conclusões finais
A recolha de papel e cartão é uma actividade que já se encontrava bem estabelecida
aquando da constituição do sistema de gestão de embalagens e o mercado de reciclado
é um mercado bem desenvolvido. Dado o aumento da recolha de papel/cartão ser
facilmente absorvido pela capacidade instalada das papeleiras, o obstáculo a maiores
taxas de reciclagem situa-se a nível das quantidades retomadas e da qualidade dessas
retomas. Por esse facto as políticas para este material devem estar mais orientadas
para o consumidor final e para os sistemas de recolha de resíduos de embalagem.
O vidro apresenta uma taxa de reciclagem elevada quando comparada com outros
materiais e a sua recolha, à semelhança do papel, era actividade bem desenvolvida
antes do surgimento dos sistemas de gestão de resíduos de embalagem. A própria
indústria vidreira desenvolveu um sistema de recolha próprio, dado que o resíduo de
vidro apresenta um valor económico elevado. O ponto fundamental para o aumento da
taxa de reciclagem de vidro situa-se na recolha de resíduos e fundamentalmente na
sua qualidade. A separação por cores é fundamental, quer seja feita de um modo
automático ou pelo consumidor, assim como o nível de impurezas existentes nos
resíduos. Por exemplo, o chumbo existente nos cristais e ecrãs de televisores é nefasto
para a produção de vidro e estes produtos, que muitas vezes acabam por ir parar ao
sistema de recolha de vidro de embalagem, põem em causa a sua reciclagem, devido
às especificações legais que o vidro de embalagem de bens alimentares necessita de
apresentar.
A taxa de reciclagem do metal de embalagem é apenas restrita pelos níveis de recolha
existentes, uma vez que existe capacidade para o reciclar, e que é usado como matéria
prima secundária para o fabrico de novos produtos. Os resíduos de embalagem já
eram recolhidos e reciclados anteriormente, especialmente o alumínio, devido ao seu
valor económico elevado. As políticas para aumentar a reciclagem deste material
devem ser orientadas para o consumidor final e para os sistemas de recolha de
resíduos, de modo a aumentar as retomas.
A taxa de reciclagem da madeira é restringida principalmente pelo nível de recolha
existente, embora em muitos casos, como acontece com as caixas de madeira de frutas
e legumes, as embalagens one-way sejam utilizadas para outros fins que não aqueles
para que foram inicialmente previstos.
Neste momento encontram-se em discussão os novos contornos da directiva
embalagens, que visa substituir a directiva 94/62/CEE. Devido aos diversos grupos de
pressão existentes, ainda se desconhecem quais serão as alterações, uma vez que
existem grandes desentendimentos acerca de qual deve ser o seu conteúdo,
nomeadamente ao nível das metas de reciclagem para os diferentes materiais. Mas
neste ponto, uma coisa parece certa: as metas de reciclagem vão ser bem mais
exigentes do que as actuais. A Comissão Europeia e outros estudos financiados pela
própria Comissão estabelecem metas bem mais ambiciosas que as actuais e que se
referem na Tabela 62.
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
137
Conclusões finais
Tabela 62 – Propostas de metas de reciclagem para a nova directiva sobre embalagens para
2006
Vidro
CE
ARGUS
RDC-PIRA
70
75
53-87
Papel/
cartão
60
65
60-74
Metal
Plástico
Madeira
Global
50
55
63-76 26-31
20
20
26-36
47-66
60
60
50-68
Uma questão importante, nomeadamente para Portugal, é se a nova directiva vai
estabelecer ou não derrogações para os países que a obtiveram na directiva
94/62/CEE. No entanto ainda existem outras questões importantes em aberto:
-
inclusão ou não da reciclagem química como um tipo de reciclagem possível
para os plásticos e se a definição de reciclagem química comporta a
valorização energética dos resíduos;
-
existência de metas para a valorização de resíduos, à semelhança da directiva
94/62/CE;
-
inclusão ou não de metas de redução de material de embalagem;
-
harmonização dos métodos de cálculo das taxas de valorização e reciclagem;
-
inclusão ou não na directiva do tema reutilização das embalagens.
De qualquer modo, a União Europeia, ao definir as metas de reciclagem, valorização e
reutilização a atingir pelos seus Estados-Membros, deve ter em conta que poderá
provocar indirectamente alterações nas quotas de mercado dos diversos materiais e
que a definição de metas especificas para cada material pode acarretar consequências
ambientais adversas, ao penalizar embalagens ambientalmente mais correctas.
4.4.2 Mercado de embalagens e opções de fim de vida
Nos parágrafos seguintes efectuam-se algumas considerações gerais sobre o mercado
de embalagens e opções de fim de vida das mesmas.
Uma medida fundamental para reduzir o impacte ambiental das embalagens é actuar
ao nível da prevenção de embalagem e introduzir metas quantificadas a nível nacional
e europeu para formalizar os objectivos a atingir, como já existentes em países como a
Holanda, Finlândia e Bélgica. Esta política pode ser consubstanciada de duas formas:
prevenindo o aumento do consumo de embalagens, ou prevenindo o aumento dos
resíduos de embalagem, desde que seja assegurada a qualidade e protecção do
produto.
De igual modo as metas de reciclagem, valorização e reutilização das embalagens não
devem ficar só ao nível dos materiais, mas deve-se igualmente procurar estabelecer
acordos voluntários com os diversos sectores de bens alimentares de modo a existirem
metas específicas para cada sector para incorporação de material reciclado,
embalagens reutilizáveis e valorizadas.
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
138
Conclusões finais
Esta política permite ter em conta as especificidades de cada indústria e o tipo de
embalagem usadas por estas, de modo a se poder actuar mais eficazmente na
prossecução do objectivo global, ou seja, reduzir o impacte ambiental das embalagens
(Pensar globalmente, agir localmente).
Deve-se caminhar para um sistema de gestão de embalagens que diferencie os
resíduos de embalagens industriais e de distribuição dos resíduos de embalagens de
consumo, dado que os resíduos de origem industrial normalmente apresentam uma
qualidade bastante superior e custos de recolha inferiores aos resíduos de consumo.
Isto passa nomeadamente por subsidiar diferenciadamente a recolha dos resíduos de
embalagem com base nos custos de recolha específicos e na qualidade do material
retomado. Do mesmo modo, seria porventura benéfico estabelecer metas de recolha,
reciclagem e valorização de acordo com o mesmo princípio, diferenciando os fluxos
de resíduos de embalagem existentes.
Os produtores de embalagens devem ter em conta todo o ciclo de vida da embalagem
aquando da concepção de novos tipos de embalagem. Como tal, e entre outros
aspectos, devem considerar o destino final da embalagem e nomeadamente a sua
reutilização, reciclagem e valorização. Uma medida que poderia potenciar o ecodesign das embalagens seria a certificação das empresas ou embalagens
ambientalmente correctas, que serviria igualmente como factor de diferenciação de
mercado. Da mesma forma, deveriam ser estabelecidas embalagens e processos de
referência (de acordo com a definição Best Available Technology) dentro de cada
sector, que pudessem servirem como benchmark e suporte para a inovação de produto
por parte dos fabricantes de embalagem e embaladores. Obviamente, devido às
questões em causa, estas embalagens de referência deveriam ser estabelecidas com
base em estudos realizados por entidades independentes e revistos periodicamente.
A reutilização é uma opção de fim de vida que depende não só de questões técnicas
mas sobretudo da vontade dos consumidores para devolverem a embalagem em boas
condições e da vontade dos produtores em implementarem o sistema de reutilização.
Introduzir metas de reutilização de alguns tipos de embalagens na futura directiva
permitiria que os Estados-Membros apoiassem mais activamente esta opção de fim de
vida. Esta medida permitiria além do mais uma maior uniformidade no espaço
europeu e permitiria atenuar situações como a que está a ocorrer na Alemanha onde os
produtores evocam a livre circulação de bens e distorções de concorrência no espaço
europeu para colocarem acções legais contra o seu governo pela imposição de quotas
maioritárias de embalagens reutilizáveis nos mercados de bebidas.
O aumento das taxas de reciclagem deve ser incentivado, mas não se deve subsidiar o
processo de reciclagem de um modo rígido quando não existem tecnologias ou
aplicações que permitam que os materiais reciclados tenham boa aceitação em termos
económicos, uma vez que se estariam a introduzir grandes distorções no mercado.
Como tal, é necessário um esforço de I&D por parte dos organismos públicos ligados
à gestão dos resíduos e dos operadores privados de modo a garantir o aumento das
aplicações e mercados para os produtos reciclados.
Por outro lado, apesar de ser predominantemente uma questão tecnológica,
especialmente no sector de bens alimentares em que as exigências de qualidade e os
parâmetros físico-químicos são muito restritos, os materiais reciclados deveriam ser
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
139
Conclusões finais
usados em substituição do material virgem, ou seja, deveriam ser utilizados para o
fabrico de novas embalagens, e preferencialmente com os mesmos fins, de modo a
tornar o sector de embalagens mais responsável e sustentado ambientalmente.
4.5 Comentários finais
O fluxo de materiais gerado pela sociedade humana está no centro de grande parte dos
problemas ambientais existentes actualmente, o que origina que o metabolismo de
uma sociedade seja um importante objecto de estudo.
As embalagens através das suas múltiplas funções são um elemento fundamental na
sociedade actual. O progressivo afastamento dos locais de produção e a necessidade
do transporte e conservação dos produtos por maiores períodos de tempo, a alteração
dos hábitos de consumo através de um maior recurso às grandes superfícies, a
alimentos congelados e pré-prontos e o incremento da função de marketing da
embalagem, contribuíram para o papel relevante das embalagens na sociedade actual.
As embalagens para além das suas funções de confinamento, protecção,
manuseamento, distribuição e marketing de produtos são também uma importante
fonte de resíduos e apresentam consequências ambientais importantes, ao ponto de
terem sido criados mecanismos para dar um destino final adequado aos resíduos de
embalagem, com o objectivo último de se conseguir reduzir o impacte ambiental das
embalagens.
Este trabalho, que incide nas embalagens de bens alimentares, visa ser um contributo
para a persecução desse objectivo e para que a industria de embalagem e outros
agentes intervenientes no mercado de embalagens desenvolvam um mercado nacional
com práticas mais avançadas e sustentáveis, que incluam o eco-design, a avaliação de
fornecedores, a comunicação dos dados ambientais das empresas e a certificação
ambiental, entre outras, que se encontram implementadas ainda incipientemente no
nosso país.
Ao fornecer informação ambiental detalhada aos agentes decisores, em que se
incluem os governos, a indústria e outros actores, espera-se que estes considerem as
implicações ambientais das suas decisões e clarifiquem a relação destas com as
consequências sobre o meio ambiente.
Espera-se também que a informação e os resultados presentes neste trabalho sejam um
contributo para aumentar a consciência pública sobre as questões ambientais,
especialmente as relacionadas com o mercado de embalagens. Mais que os
legisladores, é o mercado em geral, e os consumidores em particular, que decidem o
sucesso ou o insucesso das medidas ambientais. Só a aceitação por parte do público
em geral do conceito de life-cycle thinking permitira a promoção de politicas
ambientais orientadas segundo a perspectiva de ciclo de vida, e como tal, mais
sustentáveis.
Este trabalho é inovador dado tratar-se da primeira avaliação abrangente do impacte
ambiental de embalagens de produtos lácteos, gorduras alimentares, frutas e legumes,
confeitaria e congelados em Portugal. As principais conclusões do trabalho, e que se
encontram descritas mais detalhadamente ao longo do texto, são referidas de seguida.
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
140
Conclusões finais
Em termos de impacte ambiental a produção é a fase mais relevante do ciclo de vida
das embalagens e, mais especificamente, a produção da embalagem primária. O
contributo da fase de distribuição no impacte ambiental é maior nas categorias
eutrofização, acidificação e smog de verão. Globalmente a fase de fim de vida permite
a redução do impacte ambiental das embalagens de bens alimentares, no entanto esse
contributo é muito dependente do material, processo e categoria em questão. O
contributo da reciclagem da embalagem primária é variável e depende do material
considerado e da taxa de reciclagem existente. No entanto, de um modo geral a
reciclagem permite reduzir o impacte ambiental das embalagens de bens alimentares.
Em termos gerais as principais categorias de impacte associadas ao uso de
embalagens de bens alimentares são as categorias de energia e smog de verão. Por
outro lado estas embalagens provocam praticamente impactes ambientais nulos ao
nível dos pesticidas e camada de ozono.
Nas embalagens de aço as categorias de impacte ambiental mais relevantes são o
smog de verão, energia e resíduos sólidos. A reciclagem do aço permite reduzir os
impactes ambientais em praticamente todas as categorias e como tal deve-se fomentar
a reciclagem destas embalagens e o aumento da qualidade dos resíduos através de
uma maior taxa de recolha selectiva.
Nas embalagens de madeira as principais categorias de impacte ambiental são os
resíduos sólidos e a energia e a reciclagem da madeira permite reduzir o impacte
ambiental destas embalagens em quase todas as categorias. A valorização energética
permite diminuir o impacte ao nível da energia, mas aumenta as emissões de gases
que contribuem para o efeito de estufa, eutrofização e acidificação.
O impacte ambiental das embalagens de plástico depende do tipo de plástico em
questão. No entanto os principais impactes são nas categorias energia, smog de verão,
acidificação e metais pesados. Apesar de poucas embalagens de bens alimentares
serem actualmente recicladas devido à sua contaminação ou tipo de plástico utilizado,
a reciclagem mecânica de plásticos mistos para aplicações não muito exigentes de
qualidade de material, ou a reciclagem química do PET, por exemplo, permitirão num
futuro próximo uma redução do impacte ambiental do ciclo de vida das embalagens
de plástico de bens alimentares. À semelhança da madeira, a valorização energética
destas embalagens permite a recuperação de energia mas aumenta a emissão de gases
de efeito de estufa e acidificação e eutrofização.
Na embalagem de cartão para alimentos líquidos o principal impacte diz respeito ao
consumo de energia sendo os restantes impactes relevantes bastante homogéneos. O
processo de reciclagem destas embalagens compostas permite reduzir o impacte
ambiental devido ao aproveitamento das fibras de celulose e da energia pela queima
do plástico. Sendo assim, o aumento da taxa de reciclagem e uma eficaz reciclagem
das embalagens de cartão para alimentos líquidos é importante para a redução do
impacte ambiental do ciclo de vida destas embalagens. O impacte da valorização
energética destas embalagens é idêntico às de madeira e plástico.
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
141
Conclusões finais
As categorias de maior impacte no caso do vidro de embalagem são os resíduos
sólidos e os metais pesados. A reciclagem do vidro permite reduzir significativamente
os impactes causados por este material, sobretudo nos metais pesados, energia, smog
de inverno e efeito de estufa e, como tal, deve ser incentivada.
Dado a principal causa do impacte ambiental das embalagens de bens alimentares ser
a fase de produção e mais concretamente a produção da embalagem primária deve-se
apostar igualmente na redução da quantidade de material de embalagem para diminuir
a pressão das embalagens sobre o ambiente, desde que seja assegurada a protecção do
produto. Um dos modos para se atingir este fim é os produtores incorporarem as
preocupações ambientais na fase de concepção do produto através do conceito de ecodesign. Por outro lado, as medidas para potenciarem o eco-design poderiam passar
por, entre outras, a certificação das embalagens ambientalmente correctas e o
estabelecimento de embalagem e processos de referência.
A reciclagem deve continuar a ser fomentada e ao mesmo tempo deve haver um
esforço pelas entidades privadas e públicas para se desenvolverem novas tecnologias e
aplicações para o material reciclado. Por outro lado, o estabelecimento de novas metas
de reciclagem, valorização e reutilização devem ter em conta não só os diferentes
materiais mas também a possibilidade da existência de acordos voluntários com os
vários sectores de bens alimentares para existirem metas específicas dentro de cada
sector que tenham em conta as suas especificidades. No caso do sistema de gestão de
resíduos deve haver uma diferenciação económica entre resíduos industriais e
resíduos sólidos urbanos que tenha em conta o seu custo de recolha, a sua qualidade e
igualmente as metas globais de recolha, reciclagem e valorização.
Quanto ao desenvolvimento de trabalhos futuros na mesma área, fazem-se as
seguintes sugestões.
No seguimento do presente trabalho recomenda-se uma extensão do âmbito do mesmo
e introduzir a componente económica na avaliação, o que permitirá definir mais
concretamente o tipo de políticas a adoptar para reduzir os impactes ambientais de um
modo mais eficaz e eficiente em termos económicos.
Seria útil desenvolver casos concretos de aplicação do conceito de eco-design em que
se inclua conjuntamente as componentes ambientais e económicas, de modo a
servirem como casos de estudo para demonstrar à indústria portuguesa a importância
da existência de políticas inovadoras no sector das embalagens. Estes estudos teriam
obviamente de ser promovidos e desenvolvidos em a colaboração com a indústria
nacional.
Embalagens de bens alimentares: contributos para a definição de políticas eco-eficientes em
Portugal
142
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Sheets
options,
–
Wood,
28/07/2000,
Lista de empresas e associações contactadas
AIGMA - Associação
dos
Industriais de Margarinas e
Gorduras Alimentares
Av António José Almeida 7,2º-Lisboa 1000-042 Lisboa
Tel 217938679 Fax 217938537
Amarsul
Sítio Aterro Sanitário - Apartado 117-Moita 2861-909 Moita
Tel 212139600 Fax 212139699
ANIL - Associação Nacional dos
Industriais de Lacticínios
R Stª Teresa 2-C,2º- Porto 4050-537 Porto Tel 222001229 Fax
222056450
Associação
Portuguesa
dos
Grossistas de Horto-frutícolas
Rua
Gonçalo
Cristóvão
347,2º-s
220
4000-270 PORTO Tel: 222 088 085 Fax: 223 321 331
Casa do azeite – Associação do
Azeite de Portugal
R
Castilho
69-r/c-E-Lisboa
Tel 213863054 Fax 213861970
CERV
Largo Andaluz 16,1º-D - Lisboa
Tel: 213 549 810 Fax: 213 549 185
1250-068
Porto
Lisboa
1050-004 LISBOA
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Portugal
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Referências
Danone
Avenida República 35,7º -Lisboa 1050-186 LISBOA, Tel: 213
166 800, Fax: 213 166 890
Embar
Avenida António Serpa 23,2º-E - Lisboa 1050-026 LISBOA
Fepal
Casal Paradas - A-dos-Cunhados 2560-053
CUNHADOS, Tel: 261 981 208, Fax 261 981 209
Fileira Metal
Rua Dr Júlio Dantas 4,2º-D - Lisboa
Tel: 213 815 270 Fax: 213 815 279
FIMA/VG
Lg Monterroio Mascarenhas 1 1070-184 Lisboa, Tel 213892000,
Fax 213892413 (079)
FIOVDE
Federação
das
Indústrias de Óleos Vegetais,
Derivados e Equiparados
Av António José Almeida 7,2º-Lisboa 1000-042 Lisboa
Tel 217938679 Fax 217938537
FIPA - Federação das Indústrias
Portuguesas Agro-Alimentares
Av António José Almeida 7,2º-Lisboa 1000-042 Lisboa
Tel 217938679 Fax 217938537
Hortorres
R Fonte 5 - Sobreiro Curvo 2560 A dos Cunhados, Tel
261981347, Fax 261981800
IDAL (heinz)
Apartado 6, 2131 Benavente Codex, Tel: 263 500 545, Fax: 263
500 599
Iglo-Olá
Lg Monterroio Mascarenhas
213892000, Fax: 213 82 417
Instituto de Resíduos
Av Alm Gago Coutinho 30,5º-Lisboa 1000-017 Lisboa
Tel 218424000 Fax 218424099
Lactogal
Rua António Sérgio - Apartado 57 3720-231 Oliveira Azeméis,
Tel: 256 660 200, Fax: 256 660 254
PESCADO – Associação
Comerciantes de Pescado
de
1,
DOS
1070-095 LISBOA
1070-184
Av Visc Valmor 36,1º-E-Lisboa
Tel 217974096 Fax 217951695
A
Lisboa,
1050-240
Tel
Lisboa
Plastval
Av Defensores Chaves 15,2º-E-Lisboa 1000-109 Lisboa
Tel 213129715 Fax 213129717
Recipac
Rua Tomás Ribeiro 8,1º-D - Lisboa
Tel: 213 552 660 Fax: 213 543 391
Reficel
Quinta Caima - Branca 3850 BRANCA ALB Tel: 234 547030,
Fax: 234 541 629
Sovena
R. G. Ferreira Martins Ed Alto Dq-Lt 5,6º-Algés, Tel: 214 120
469, Fax: 214 120 469
SPV
R
João
Chagas
53,1º-D-Ed
Inf
D.Henrique-Algés
1495-072 Algés Tel 214147300 Fax 214145246
Tratolixo
Avenida 5 Junho - Trajouce
RANA Tel: 214 450 703
1050 LISBOA
2775 SÃO DOMINGOS DE
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Referências
Triunfo
Bairro S. Carlos - Mem Mart 2725-473 MEM MARTINS, Tel.:
219 266 700, Fax: 219 211 335
Valorsul
Plataforma Ribeirinha CP-Estaç Mercadori as Bobadela Apartado 2103-S.João Talha 2696-801 São João da Talha
Tel 219535900 Fax 219535929
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Paulo Jorge Trigo Ribeiro