PREVALÊNCIA DA CONDIÇÃO DE PRÉ-FRAGILIDADE EM IDOSOS
INDICADA PELA FORÇA DE PREENSÃO MANUAL
Maria Helena Lenardt1, Nathalia Hammerschmidt Kolb Carneiro2, Dâmarys Kohlbeck de
Melo Neu Ribeiro 3, Susanne Elero Betiolli4, Jessica Albino5.
Introdução: A força de preensão manual (FPM) tem sido utilizada em pesquisas como
indicador da força muscular de todo corpo. No fenótipo da fragilidade, a redução da FPM
constitui um dos cinco componentes dessa síndrome(1). Em níveis reduzidos, a FPM foi
considerada importante preditora de incapacidade, morbidade e mortalidade, associada à
fragilidade em idosos(2-3). A associação significativa entre a força de preensão manual e
marcadores de fragilidade em idosos foi demonstrada em estudo(4), sugerindo que essa medida
pode ser mais útil clinicamente do que a idade cronológica. No continuum da fragilidade, a
hipótese de explicação para a redução da força de preensão manual é representada por um
ciclo(5). O ciclo não se inicia em um ponto pré-estabelecido e o processo pode ser ilustrado a
partir da ingestão alimentar. A redução da prática de atividade física, a diminuição do
dispêndio de energia em repouso e a perda de massa muscular podem ser fatores etiológicos
da diminuição de ingestão energética que, sendo inferior às necessidades calóricas, pode levar
a um balanço negativo de nitrogênio, com perda de fibras musculares do tipo II e danos nas
mitocôndrias da musculatura esquelética(5). A consequência é a sarcopenia, que leva à
diminuição da força em decorrência da redução da massa muscular. Objetivo: Investigar a
prevalência de pré-fragilidade e os fatores associados a essa condição, observando as medidas
da força de preensão manual em idosos. Descrição metodológica: Trata-se de estudo
quantitativo transversal, derivado de um projeto de pesquisa maior, intitulado “Efeitos da
fragilidade e qualidade de vida relacionada à saúde de idosos da comunidade”. A investigação
foi desenvolvida em uma Unidade Básica de Saúde (UBS) de Curitiba-PR, junto à população
composta por idosos com idade igual ou superior a 60 anos. O cálculo amostral foi realizado
com base na estimativa da proporção populacional, e resultou em uma amostra inicial de 203
idosos. Elegeram-se os seguintes critérios de inclusão: idade igual ou superior a 60 anos; estar
cadastrado na UBS de realização da pesquisa; e obter no screening cognitivo - Mini Exame do
Estado Mental (MEEM), pontuação superior ao ponto de corte proposto para o estudo. Foram
critérios de exclusão: apresentar problemas de saúde que inviabilizasse a aplicação dos
questionários, a realização do MEEM e do teste de força de preensão manual; e fazer o uso de
quimioterápicos no período de coleta de dados. Após aplicação dos critérios de seleção,
obteve-se amostra final de 195 idosos. Os dados foram coletados no período de setembro de
2011 a janeiro de 2012, por meio de aplicação do questionário sociodemográfico e clínico e
teste de força de preensão manual(3). A força de preensão manual foi medida com um
dinamômetro hidráulico em quilograma/força (Kgf), marca Jamar, e seguiu a recomendação
da American Society of Hand Therapists (ASHT)(2). Depois do ajuste para gênero,
considerou-se o quartil mais baixo como sendo o de marcador de fragilidade. Desta forma, as
idosas com FPM ≤21 kgf foram consideradas pré-frageis, e entre os idosos, aqueles que
1
Enfermeira, Doutora, Professora Sênior do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade
Federal do Paraná - PPGENF-UFPR, Líder do GMPI. Curitiba, Paraná.
2
Enfermeira. Mestranda do PPGENF-UFPR, Bolsista REUNI, Membro do Grupo Multiprofissional de Pesquisa
sobre Idosos – GMPI. Curitiba, Paraná. E-mail: [email protected]
3
Enfermeira, Doutoranda do PPGENF-UFPR, Bolsista CAPES, Membro do GMPI. Curitiba, Paraná.
4
Enfermeira. Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal do Paraná PPGENF-UFPR, Bolsista CAPES, Membro do Grupo Multiprofissional de Pesquisa sobre Idosos – GMPI.
Curitiba, Paraná.
5
Discente do Curso de Graduação em Enfermagem - UFPR, Membro do GMPI. Curitiba, Paraná.
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obtiveram FPM ≤34 kgf eram pré-frageis para esse componente. Os dados foram analisados
no programa EpiInfo versão 6.04, e considerados estatisticamente significativos quando
p<0,05. Foram respeitados os preceitos éticos de participação voluntária e consentida de cada
sujeito. O estudo recebeu parecer favorável do Comitê de Ética em Pesquisa sob os registros
CEP/SD:913.038.10.04, CAAE:0023.0.091.000-10. Resultados: Verificou-se que 58 (29,7%)
idosos apresentam pré-fragilidade para FPM, prevaleceu o sexo feminino (n=35; 17,9%),
faixa etária de 60 a 69 anos (n=24; 12,3%), viúvos (as) (n=24; 12,3%), que residem com
familiares (n=42; 21,5%) e possuem ensino fundamental incompleto (n=35; 17,9%). O perfil
clínico dos idosos pré-frágeis para FPM revelou que 53 (27,2%) idosos possuem problemas
de saúde, 30 (15,4%) apresentam sentimento de solidão, 35 (17,9%) sofreram quedas, 37
(19%) possuem incontinência urinária, 50 (25,6%) fazem uso de tecnologias assistivas, 45
(23%) sofreram hospitalizações, e 46(23,5%) fazem uso de lentes corretivas. Os problemas de
saúde majoritariamente referidos foram os cardiovasculares (n=39;67,24%), seguidos dos
osteomusculares (n=25;43,10%) e metabólicos (n=20;34,48%). Referente aos hábitos de vida,
52 (26,6%) idosos não eram tabagistas e 54 (27,7%) não consumiam bebida alcoólica. As
variáveis que apresentaram relação significativa com a FPM foram idade (p<0,001), estado
civil (p=0,018), com quem mora (p=0,046), escolaridade (p=0,049), solidão (p<0,001),
quedas (p=0,020) e uso de tecnologias assistivas (p<0,001). Conclusões: Infere-se moderada
prevalência da redução da FPM, no entanto, essa medida mostrou relação significativa com
variáveis sociodemográficas e clínicas. Isso sugere que a força de preensão manual pode ser
uma boa preditora para a fragilidade, uma vez que se relaciona com demais fatores envolvidos
no continuum dessa síndrome. Investigar e conhecer os fatores associados à condição de préfragilidade considerando a FPM, é essencial para instrumentalizar o enfermeiro para intervir
preventivamente na saúde dos idosos, principalmente naqueles que se encontram pré-frageis;
além de contribuir para a ampliação dos conhecimentos na gerontologia. Contribuições para
enfermagem: Investigar e conhecer os fatores associados à condição de pré-fragilidade
considerando a FPM, é essencial para instrumentalizar o enfermeiro para intervir
preventivamente na saúde dos idosos, principalmente naqueles que se encontram pré-frageis;
além de contribuir para a ampliação dos conhecimentos na gerontologia.
Descritores: Idoso fragilizado; Força da mão; Enfermagem geriátrica.
Área temática: Processo de Cuidar em Saúde e Enfermagem
Referências
1. Fried L, Tangen CM, Walston J, Newman AB, Hirsch C, Gottdiener J, et al. Frailty in older
adults: Evidence for a phenotype. The Journals of Gerontology Series A 2001; 56A(3):M14656.
2. Bohannon RW, Peolssonb A, Westroppc NM, Desrosiersd J, Lehmane JB. Reference
values for adult grip strength measured with a Jamar dynamometer: a descriptive metaanalysis. Physiotherapy 2006; (92):11-15.
3. Geraldes AAR, Oliveira ARM, Albuquerque RB, Carvalho JM, Farinatti PTV. A força de
preensão manual é boa preditora do desempenho funcional de idosos frágeis: um estudo
correlacional múltiplo. Revista Brasileira de Medicina do Esporte. 2008; 14(1):12-16.
4. Syddall H, Cooper C, Martin F, Briggs R, Aihie Sayer A. Is grip strength a useful single
marker of frailty? Age and Ageing. 2003; 32(6):650-6.
5. Fried LP, Walston J. Frailty and failure to thrive. In: Hazzard W. et al. Principles of
geriatric medicine and gerontology. 4ªed. New York: McGraw-Hill; 1998. p. 1387-402.
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