i UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI EMERSON INOCENCIO CABRAL AS MUDANÇAS NO MERCADO DE REPOSIÇÃO DE PEÇAS DE MOTORES DIESEL PARA CAMINHÕES SEMI-PESADOS SÃO PAULO 2009 ii iii EMERSON INOCENCIO CABRAL AS MUDANÇAS NO MERCADO DE REPOSIÇÃO DE PEÇAS DE MOTORES DIESEL PARA CAMINHÕES SEMI-PESADOS Trabalho de conclusão do curso apresentado como exigência parcial para a obtenção do título de Graduação do Curso de Engenharia de Produção com ênfase em Logísticas Controles da Universidade Morumbi. Orientador: Professor MSc. Francisco Carlos Damante SÃO PAULO 2009 e Operações Anhembi iv EMERSON INOCENCIO CABRAL AS MUDANÇAS NO MERCADO DE REPOSIÇÃO DE PEÇAS DE MOTORES DIESEL PARA CAMINHÕES SEMI-PESADOS Trabalho de conclusão do curso apresentado como exigência parcial para a obtenção do título de Graduação do Curso de Engenharia de Produção com ênfase em Logísticas Controles da e Universidade Operações Anhembi Morumbi. Trabalho ___________________em: _____ de __________________ de 2009 Professor MSc Francisco Carlos Damante Comentários: _______________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ v Dedico esta pesquisa à minha família que me incentivou e estiveram presentes em todos os momentos da minha vida e que me transmitiu valores e principalmente me ensinaram a valorizar o ser humano. vi AGRADECIMENTOS Agradeço a todas as empresas que contribuíram para o resultado deste estudo. Especialmente àquelas que se colocaram à disposição para responder às perguntas e solucionar as dúvidas a respeito do tema escolhido. Todas as fontes consultadas foram essenciais para o resultado deste trabalho, com destaque para o Sindipeças (Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores), pois através do Relatório de Desempenho do Setor Automotivo, obtive muitas informações, dados e estatísticas importantíssimas para a conclusão desta pesquisa. A Revista Jornauto também forneceu valiosas informações a respeito de pesquisas anteriores relacionadas ao tema, ou seja, o mercado pós-venda de peças de reposição para veículos. Ao meu orientador Professor MSc. Francisco Carlos Damante, pelas dicas, direcionamento e apoio para que conseguisse finalizar e realmente elaborar uma pesquisa científica. Meus agradecimentos são também para todos os professores do Curso de Engenharia de Produção, pois cada um deles me forneceu a sua contribuição, transmitindo o seu conhecimento e visão. Agradeço ao Sr. Alfredo Silva Neto, membro do Conselho Deliberativo da ASLOG (Associação Brasileira de Logística) pela sua orientação e disposição em colaborar, pois me indicou importantes fontes de informações e apoio. Agradeço, sinceramente a todos! vii “A principal meta da educação é criar homens que sejam capazes de fazer coisas novas, não simplesmente repetir o que outras gerações já fizeram. Homens que sejam criadores, inventores, descobridores. A segunda meta da educação é formar mentes que estejam em condições de criticar, verificar e não aceitar tudo que a elas se propõe." (Jean Piaget) viii RESUMO Este estudo de caso resume-se em buscar informações sobre as mudanças no mercado de reposição de peças para caminhões. Após um primeiro estudo em 2006, onde se constatou uma pequena mudança na maneira como o cliente final encara as diferenças entre as classes de peças de reposição, foi realizado um novo estudo para saber quais mudanças ocorreram neste período. Este novo estudo como resultado de uma pesquisa realizada em 2008 com 80 empresas, divididas em cinco grupos, mostra que ocorreram significativas mudanças no conceito sobre cada tipo de peça de reposição. Mostrou ainda que a busca pela origem da peça está muito ligada ao perfil do cliente, quanto maior sua frota de caminhões mais valor ele dá para um item genuíno. Além disso, constatou-se que as prioridades também variam em função da capacidade logística do cliente, muito embora a disponibilidade da peça seja comum entre todos os entrevistados como item prioritário. Palavras Chave: reposição, mudanças, origem, valor, cliente ix ABSTRACT This case study is summarized in seeking information about changes in the market replacement parts for trucks. After an initial study in 2006, where he noticed a small change in the way that the end customer sees the differences between the classes of parts, we performed a new study to find out what changes have occurred in this period. This new study as a result of a survey conducted in 2008 with 80 companies, divided into five groups, shows that there were significant changes in the concept of each type of replacement part. It showed that the search for the origin of the piece is very much linked to the customer profile, the greater its fleet of trucks more value it gives to a genuine item. Moreover, it was found that the priorities also vary depending on the logistical capacity of the client, although the availability of the part is common among all respondents as a priority item. Key Words: replacement, changes, origin, value, customer x LISTA DE FIGURAS FIGURA 1: PISTÃO E SEUS COMPONENTES ......................................................................................................13 FIGURA 2: BLOCO DO CILINDRO (CAMISA) ......................................................................................................13 FIGURA 3: BOMBA INJETORA ..........................................................................................................................14 FIGURA 4: JOGO DE JUNTAS ............................................................................................................................14 FIGURA 5: EMPRESAS CERTIFICADAS E EM PROCESSO DE CERTIFICAÇÃO .......................................................52 FIGURA 6: EVOLUÇÃO DA QUANTIDADE DE FABRICANTES DE PEÇAS NO BRASIL ............................................54 FIGURA 7 ORIGEM DO CAPITAL ......................................................................................................................55 FIGURA 8: ORIGEM DO CAPITAL .....................................................................................................................56 FIGURA 9: DISTRIBUIÇÃO DAS EMPRESAS CONFORME PARTICIPAÇÃO ESTRANGEIRA ...................................57 FIGURA 10: DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA DAS EMPRESAS ...............................................................................58 FIGURA 11: FROTA CIRCULANTE BRASILEIRA 2008 ..........................................................................................59 FIGURA 12: FATURAMENTO DAS EMPRESAS AUTOPEÇAS ..............................................................................61 FIGURA 13: RENTABILIDADE DAS VENDAS ......................................................................................................62 FIGURA 14: EXPORTAÇÕES E IMPORTAÇÕES DE AUTOPEÇAS..........................................................................63 FIGURA 15: PRODUÇÃO MUNDIAL NOS PAISES – 1995 X 2005 ........................................................................64 FIGURA 16: GRAU DE IMPORTÂNCIA NA DECISÃO DE COMPRA ......................................................................68 FIGURA 17: GRAU DE IMPORTÂNCIA NA DECISÃO DE COMPRA ......................................................................73 FIGURA 18: GRAU DE IMPORTÂNCIA NA DECISÃO DE COMPRA – GRUPO 3 ....................................................76 FIGURA 19: GRAU DE IMPORTÂNCIA NA DECISÃO DE COMPRA – GRUPO 4 ....................................................79 FIGURA 20: JORNAUTO – PRINCIPAIS SEGMENTOS DE PESQUISA .................................................................... 6 FIGURA 21: QUEM DECIDE A COMPRA DAS PEÇAS ........................................................................................... 7 FIGURA 22: PRINCIPAIS RAMOS DE ATIVIDADE ................................................................................................ 8 FIGURA 23: TRÁFEGO PRINCIPAIS TIPOS DE VEÍCULOS..................................................................................... 8 FIGURA 24: EMPRESAS PARTICIPANTES POR QUANTIDADE DE VEÍCULOS ....................................................... 9 FIGURA 25: ONDE EFETUA A MANUTENÇÃO DO VEÍCULO ............................................................................... 9 FIGURA 26: PREFERÊNCIA DO CONSUMIDOR EM RELAÇÃO ÀS PEÇAS.............................................................10 FIGURA 27: PREFERÊNCIA DA ORIGEM NA AQUISIÇÃO DE PEÇAS ...................................................................11 FIGURA 28: O QUE O SR. ENTENDE POR “PEÇA REMANUFATURADA”? ...........................................................12 FIGURA 29: PREFERÊNCIA DAS PEÇAS REMANUFATURAS EM RELAÇÃO ÀS PEÇAS NOVAS..............................13 FIGURA 30: PREFERÊNCIA MARCAS DE MOTORES A DIESEL ............................................................................13 FIGURA 31: PARTICIPAÇÃO DA EMPRESA DE ACORDO COM A PRODUÇÃO DE MOTORES ..............................14 FIGURA 32: QUANTIDADE DE EMPRESAS QUE MANTÊM UM CONTRATO DE MANUTENÇÃO ........................15 FIGURA 33: ONDE REALIZAM SERVIÇOS APÓS A GARANTIA ............................................................................16 FIGURA 34: O QUE VOCÊ ENTENDE POR PEÇA REMANUFATURADA E RECONDICIONADA? .............................17 FIGURA 35: EMPRESAS QUE INSPIRAM MAIOR CONFIANÇA .........................................................................18 xi LISTA DE TABELAS TABELA 1: PRINCIPAIS MONTADORAS DE CAMINHÕES SEMIPESADOS ............................................................. 3 TABELA 2: PARTICIPAÇÃO DAS MONTADORAS NO MERCADO (VENDAS 2009/2008) ....................................... 3 TABELA 3: PRINCIPAIS MONTADORAS DE MOTORES A DIESEL ......................................................................... 5 TABELA 4: PRINCIPAIS MONTADORAS DE MOTORES A DIESEL E SEUS FATURAMENTOS ................................. 5 TABELA 5: PRINCIPAIS FABRICANTES DE COMPONENTES PARA MONTADORAS ............................................... 6 TABELA 6: FABRICANTES DE COMPONENTES QUE NÃO FORNECEM PARA MONTADORAS ............................... 7 TABELA 7: QUANTIDADE DA AMOSTRA POR EMPRESA E NÚMERO DE CAMINHÕES ..................................... 20 TABELA 8: PRINCIPAIS TIPOS DE CLIENTES ...................................................................................................... 42 TABELA 9: SERVIÇOS PRESTADOS PELO SINDIPEÇAS ....................................................................................... 50 TABELA 10: PRINCIPAIS TRANSPORTES UTILIZADOS PARA ENVIO DE CARGAS ............................................... 60 TABELA 11: FATORES DE ESCOLHA DO MELHOR PÓS-VENDA.......................................................................... 19 xii LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ABNT - (Associação Brasileira de Normas Técnicas) ASLOG - Associação Brasileira de Logística CNT- (Confederação Nacional do Transporte) Sindipeças - (Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores) xiii SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO .................................................................................................. 1 1.1. Introdução e Contexto ............................................................................................................................ 1 1.1.1. Principais Parceiros Comerciais do Mercado Automobilístico de Caminhões ........................................ 2 1.1.2. As Principais Montadoras de Caminhões Semipesados no Brasil ........................................................... 2 1.1.3. História da Fabricação dos Motores a Diesel ......................................................................................... 4 1.1.4 Principais Montadoras de Motores a Diesel no Brasil ............................................................................. 5 1.1.5. Principais Fabricantes de Componentes para Motores a Diesel (Grupo A) ............................................. 6 1.1.6. Principais fabricantes de componentes de peças de reposição (Grupo B) .............................................. 6 1.1.7. Classificação das Principais Peças de Reposição para Motores a Diesel .................................................. 7 2. OBJETIVOS ....................................................................................................... 15 2.1. Objetivo Geral .......................................................................................................................................16 2.1. Objetivos Específicos .............................................................................................................................16 3. MÉTODO DE TRABALHO .................................................................................. 17 3.1. Descrição do Método ..............................................................................................................................17 4. JUSTIFICATIVA................................................................................................. 22 5. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .......................................................................... 23 5.1.1. Posicionamento de Marcas ..................................................................................................................24 5.1.2 Batalha pelo Consumidor ......................................................................................................................31 5.1.3. Concorrência e Preços ..........................................................................................................................35 5.1.4. Lealdade do Consumidor e Fidelidade à Marca ....................................................................................40 5.1.5. Estratégias da Imitação e Pirataria .......................................................................................................45 5.2.1 Sindipeças e as Principais Estatísticas do Setor de Autopeças ..............................................................49 6. ESTUDO DE CASO ........................................................................................... 65 7. RESULTADOS DA PESQUISA ......................................................................... 67 7.1. Resultados Gerais .................................................................................................................................68 xiv 8. CONCLUSÕES .............................................................................................. 86 9. RECOMENDAÇÕES PARA PESQUISAS FUTURAS .................................... 88 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 89 APÊNDICES ............................................................................................................... 1 ANEXOS ..................................................................................................................... 5 1 1. INTRODUÇÃO 1.1. Introdução e Contexto O dinamismo e o crescimento do mercado brasileiro, o suporte ao produto (pósvenda) de peças de reposição para motores a diesel de caminhões semipesados, neste início de século XXI, teve sua origem há aproximadamente 90 anos; ele surgiu na década de 20, quando as empresas Ford e GM General Motors instalaram unidades para montagem de veículos no Brasil. Havia algumas outras empresas que possuíam escritórios de representação estabelecidos aqui, porém estas empresas importavam os veículos já montados. Nesta década iniciou-se timidamente a indústria de autopeças no Brasil, pois começava a existir um mínimo de mercado para peças de reposição, que poderia ser explorado. No decorrer do tempo a indústria de autopeças expandiu a sua participação, principalmente na década de 50, o governo do presidente Juscelino Kubitschek incentivou um programa de desenvolvimento da indústria brasileira. Em 1956, Juscelino Kubitschek, lançou um plano automobilístico, que basicamente consistia em fechar o mercado brasileiro para a importação; ele fixou uma taxa de câmbio e um racionamento cambial para produtos automotivos, por outro lado, as empresas que se dispusessem a permanecer no Brasil ou abrir uma filial brasileira, obteriam do governo incentivos financeiros, ou seja, importação de máquinas e equipamentos com taxas cambiais acessíveis, isenção do imposto alfandegário e de consumo para as máquinas e os equipamentos. Essa possibilidade de crescimento e expansão dos negócios trouxe muitas empresas, montadoras e fabricantes de componentes automotivos interessadas em explorar o mercado brasileiro, cujos crescimentos continuam cada vez maiores. Do inicio da década de 2000, principalmente após 2006 um mercado em específico chamou a atenção, pelo volume gerado e possibilidade de crescimento para todas as empresas que circundam esse nicho. Tal mercado é o pós venda para caminhões a diesel. A seguir definem-se quem são os principais parceiros e concorrentes neste mercado automotivo. 2 1.1.1. Principais Parceiros Comerciais do Mercado Automobilístico de Caminhões Apresenta-se a seguir, os integrantes da cadeia no processo produtivo da indústria automobilística, a personagem central é representada pela montadora, seguida pela fabricante de autopeças (peças de reposição), os quais podem ou não fornecer peças para as montadoras, as entidades sindicais, empresas voltadas para pesquisa, certificação, regulamentação e outras funções dentro do setor automotivo; as empresas analisadas neste estudo serão aquelas que estão de alguma maneira interligadas ao mercado de fabricação de caminhões semipesados através de suas peças de reposição ou que dispõem de informações sobre os mesmos e obtêm faturamento com esta atividade econômica. A fim de mensurar a importância da indústria automotiva, considerou-se as montadoras e os fabricantes de autopeças, constatando-se, segundo informações do Sindipeças (Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores), que o faturamento destes dois setores juntos somou US$ 60 bilhões em 2007, o equivalente a 18% do PIB (Produto Interno Bruto) industrial brasileiro; isoladamente, em 2005, a indústria de autopeças faturou U$ 24,2 bilhões, ou seja, 5% do nosso PIB industrial (Sindipeças, 2007), sendo que o setor automotivo no total equivale a 1,13% do PIB total do Brasil, segundo dados do Anuário de Logística no Brasil, edição 2007/8, publicado pela OTM Editora Ltda. 1.1.2. As Principais Montadoras de Caminhões Semipesados no Brasil Segundo o dicionário Houaiss, montadora é o tipo de fábrica onde o produto final resulta da combinação de peças e subprodutos mecânicos produzidos nas fábricas de processamento. No contexto do estudo, montadora é a fábrica que produz veículos automotores, ou seja, as empresas que produzem, entre outros, caminhões semipesados com motores a diesel. Atualmente existem no mercado 35 modelos diferentes de caminhões semipesados que estão sendo fabricados. Trata-se de um tipo de caminhão para trajetos rodoviários, normalmente rotas curtas, intermunicipais ou urbanas mais pesadas. Pode ser utilizado para distribuição de cargas de bebidas, coleta de lixo e caçamba 3 basculante. Ideal para desenvolver velocidades médias, transporte de líquidos, combustível, combate a incêndios. Veja a lista com as principais montadoras deste segmento e suas respectivas participações no mercado de venda de caminhões semipesados : Tabela 1: Principais Montadoras de Caminhões Semipesados DaimlerChrysler (Mercedes-Benz) Volvo Volkswagen Iveco Scania Ford Fontes: Sites das Empresas (vide endereços na bibliografia) Tabela 2: Participação das montadoras no mercado (vendas 2009/2008) Montadora Volkswagen DaimlerChrysler Ford Volvo Iveco Scania Total 2009 7.510 6.631 4.352 1.287 1.140 2 7.629 % 35,90 31,70 20,80 6,20 5,40 0,00 100 2008 8.992 8.233 5.749 2.128 931 1 10.293 % 34,50 31,60 22,10 8,20 3,6 0,00 100 Variação % -16,50 -19,50 -24,30 -39,50 22,40 100,0 -25,90 Fonte: Revista Jornauto – www.jornauto.com.br (2009) Observando os números acima, podemos confirmar que após 2006 a Volkswagen tomou a liderança da DaimlerChrysler (Mercedes-Benz) na indústria de caminhões, semipesados (objeto deste estudo), sendo que a primeira é responsável por 35,9% do mercado, seguida pela DaimlerChrysler com 31,7% e em terceiro lugar a Ford com 20,8% de participação na venda de veículos novos. Essa posição de liderança nas vendas, ocupada pela DaimlerChrysler já ocorre durante um longo período de tempo e dificilmente poderá ser superada pelas demais montadoras; seu slogan “Mercedes-Benz, sua boa estrela em qualquer estrada”. 4 1.1.3. História da Fabricação dos Motores a Diesel O motor a diesel foi inventado em 1894, pelo engenheiro alemão Rudolf Diesel (1858 – 1913), conforme dicionário Houaiss. Nesta, que foi a sua primeira tentativa de montagem do motor, o mesmo explodiu e por pouco, o nosso inventor teria morrido, e talvez hoje não tivemos o desenvolvimento da tecnologia dos novos motores a diesel com até 6 cilindros. No entanto, ele persistiu na sua criação e em 1897, a empresa alemã M.A.N B&W Diesel, fabricou o primeiro motor a diesel bem sucedido da história. Ele conseguiu provar ao mundo e aos incrédulos que o combustível poderia ser inflamado e colocar o motor em funcionamento sem a utilização de uma centelha, ou seja, sem o uso de uma faísca ou fagulha. O motor é uma peça única, ele possui várias peças e componentes que juntos produzem a força necessária para a locomoção do caminhão. O combustível que torna possível essa operação recebeu o nome de diesel, em homenagem ao inventor do motor, ou seja, óleo diesel, segundo Houaiss, é uma fração líquida do petróleo, incolor ou meio amarelada. Os primeiros motores a diesel eram muito lentos e pesados, devido à sua evolução constante ao longo dos anos, hoje, ele se adapta vantajosamente às mais diversas utilizações, desde marinha, indústria, aviação até no automobilismo, cujo tema será objeto do estudo. Se observadas as instruções dos fabricantes e utilizadas as devidas peças de reposição, o motor a diesel terá a sua vida útil prolongada. Para os objetivos, que serão propostos na seção seguinte deste trabalho, será abordarda a utilização do óleo diesel, somente para motores de caminhões semipesados, cujo foco estará no crescimento e no dinamismo do aftermarket (pósvenda) de suas respectivas peças de reposição; serão nomeadas as peças que são trocadas ou substituídas com maior freqüência, ou seja, os pistões, as camisas, as bombas d‟água, as bomdas d‟óleo e os jogos de juntas. As definições e esclarecimentos sobre estes componentes serão descritas neste trabalho em seção específica. 5 1.1.4 Principais Montadoras de Motores a Diesel no Brasil Na tabela a seguir estão as 6 principais fabricantes de motores a diesel no Brasil: Tabela 3: Principais montadoras de motores a diesel DaimlerChrysler MWM International Cummins Scania Volvo Iveco Fontes: Sites das Empresas (vide endereços na bibliografia) O mercado de fabricação de motores a diesel no Brasil, especificamente o segmento de motores para caminhões semipesados é dominado por essas grandes montadoras de motores. Na tabela a seguir estão relacionadas as empresas e suas participações nas vendas totais de motores em 2008: Tabela 4: Principais montadoras de motores a diesel e seus faturamentos Montadoras de Motores a Diesel Faturamento Mercedes Benz R$ 11,4 bilhões (fechamento 2007) Cummins R$ 8,5 bilhões (fechamento em 2007) MWM International Não informado! Scania Euro 8,9 (fechamento em 2007) Volvo R$ 3,6 bilhões (fechamento 2007) Iveco R$ 1,6 bilhões (fechamento em 2007) Fonte: AutomotiveBusiness – www.automotivebusiness.com.br 6 1.1.5. Principais Fabricantes de Componentes para Motores a Diesel (Grupo A) Fabricantes de componentes para motores a diesel são as empresas que fabricam peças de reposição para motores a diesel. Segue uma tabela com as principais fabricantes, que são homologadas pelas montadoras (possuem as especificações e o certificado de qualidade da montadora) e fornecem peças genuínas para as mesmas, sendo que elas também produzem peças próprias para revenda nas lojas, ou seja, as peças originais. A definição das peças será feita em seção específica deste trabalho. São identificadas a seguir as principais fabricantes: Tabela 5: Principais Fabricantes de Componentes para Montadoras Mahle Tecfil Schadek Vetore Cofap Bosch Dana Riosulense ABR Fontes: Sites das Empresas (vide endereços na bibliografia) 1.1.6. Principais fabricantes de componentes de peças de reposição (Grupo B) Além das fabricantes de componentes ou peças de reposição para motores a diesel que cita-se acima, existem outros fabricantes das mesmas peças de reposição, porém estes não são homologados pelas montadoras e não fornecem para elas. Suas peças são exclusivamente para a venda direta no mercado, por meio de lojas e oficinas mecânicas, essas peças são denominadas peças paralelas. Relaciona-se a seguir as principais empresas: 7 Tabela 6: Fabricantes de componentes que não fornecem para montadoras Riosulense Centrifugal FP Diesel ABR KS Pistões Federal Mogul Metal Leve Fontes: Sites das Empresas (vide endereços na bibliografia) Se observarmos a relação acima, notaremos que as empresas Riosulense e ABR estão presentes tanto nas fabricantes homologadas como nas fabricantes que não fornecem para montadoras, a informação está correta, pois ambas trabalham tanto com a primeira linha, que são as peças homologadas pelas motadoras, quanto na segunda linha que são as peças paralelas. Há também o caso da empresa Metal Leve, que faz parte do grupo Mahle e fabrica, a chamada segunda linha, ou seja, as peças paralelas de reposição para veículos a diesel. 1.1.7. Classificação das Principais Peças de Reposição para Motores a Diesel As peças de reposição para motores a diesel são regulamentadas segundo a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) que é um fórum nacional de normalização no Brasil. As normas brasileiras, cujo conteúdo é de responsabilidade dos comitês brasileiros (ABNT e CB) dos organismos de nacionalização setorial (ABNT e ONS) e das comissões de estudo especiais temporários (ABNT e CEET), são elaborados por comissões de estudo formadas por representantes do setor envolvido. Fazem parte delas, os produtores, consumidores e neutros (Universidades, laboratórios e outros). Veja a seguir as definições dos principais termos técnicos para o setor automotivo de peças de reposição de acordo com a Norma ABNT NBR 15296, válida a partir de 30/01/2006. 8 Autopeça – Peça de aplicação em veículo automotor e veicular. Componente – Peça individualmente considerada e / ou preferencialmente um agrupamento de peças individuais formando um subconjunto montado. Peça de reposição original – também denominada genuína ou peça legítima, destinada a substituir peça de produção original para efeito de manutenção ou reparação, também caracterizada por ter sido concebida pelo mesmo processo de fabricação (tecnologia, apresentará as mesmas especificações técnicas da peça que ela substituirá. Peça de reposição – também denominada peça de pós-venda, é destinada a substituir peça de reposição original ou peça de produção original, caracterizada pela adequação e intercambiabilidade, podendo ou não apresentar as mesmas especificações técnicas, características de qualidade (por exemplo, material, resistência, tratamento de beneficiamento, desempenho e durabilidade) da peça de produção original. Peça de produção original – Peça que integra um produto original (veículo automotor) em sua linha de montagem. Peça remanufaturada – peça ou componente de produção original usado, caracterizado por tecido submetido a processo industrial pelo próprio fabricante original deste ou em estabelecimento autorizado deste fabricante para o restabelecimento das funções e requisitos técnicos originais. Peça recondicionada – Peça ou componente de produção original usado, peça ou componente de reposição original usado ou, ainda, peça ou componente de reposição usado, caracterizado por tecido submetido a processo técnico e / ou industrial para o restabelecimento das funções e requisitos técnicos originais. 9 Peça recuperada – Peça ou componente de produção original usado, peça ou componente de reposição original usado ou, ainda, peça ou componente de reposição usado, caracterizado por tecido submetido a processo artesanal para o restabelecimento da funcionalidade. Conforme informado acima, a ABNT normatiza e define os critérios para regulamentação dos termos técnicos, a fim de que todos possam usar a mesma linguagem e definições, no entanto, essa redefinição dos termos acima citados ocorreu em 30.01.2006, sendo que antes desta data o mercado, ou seja, as montadoras, os fabricantes e os consumidores finais tinham uma outra visão da definição destes termos técnicos. Conforme as descrições abaixo: Peças Genuínas - São componentes fornecidos de acordo com a especificação e aprovação do sistema de qualidade das Montadoras. Após consulta ao dicionário Houaiss, a palavra genuína vem do latim – genuínus, a, um – significa verdadeiro, autêntico ou inato, por si própria a palavra já define que as peças genuínas são verdadeiras, autênticas e inatas, ou seja, a melhor qualidade de peça que existe. Peças Originais - São componentes comercializados pelos mesmos fornecedores das Montadoras, porém estes não possuem a aprovação do sistema de qualidade das Montadoras. Essas peças são as peças que estes fabricantes produzem, normalmente ela possui algum detalhe ou característica que a distingue da peça original, isto ocorre por algumas razões, a primeira delas é que as fabricantes de autopeças precisam confeccionar peças de acordo com a norma técnica, padrão de qualidade e todos os requisitos exigidos pelas montadoras, para a qual elas fornecem, pode acontecer de um lote de peças solicitadas pela montadora, ter alguma ligeira variação dos padrões exigidos, então essas peças não são aceitas pelas montadoras, assim a peça foi feita com qualidade, mas não passou em todos os quesitos, o que não significa, que ela não seja uma peça que possa ser utilizada, nestes casos, a fabricante já investiu capital, tempo e sua linha de produção, teve vários custos com essas peças, portanto, ela revende essas mesmas peças, que passam então a serem peças originais, com o seu próprio nome, a peça será comercializada no mercado, revendida às lojas de autopeças em geral com a marca 10 da fabricante de autopeças e não com a marca da montadora. Outro motivo para a existência da peça original é o período de ociosidade na linha de produção da fabricante de autopeças, ou seja, ela recebeu vários pedidos das montadoras, porém ela ainda tem capacidade e tempo que as máquinas estão ficando paradas; este período de tempo é utilizado para fabricar peças originais, que diferem da peça genuína, por não terem os mesmos testes de qualidade e muitas vezes, pode ser acrescentado, por exemplo, um layout levemente diferenciado, o que faz com que a fabricante possa alegar judicialmente, que a peça não é a mesma peça genuína que a montadora solicitou e que não está sendo feita nenhuma ação ilegal ou cópia pirata. Trata-se de uma produção própria, que será vendida diretamente às lojas especializadas no ramo e que gerarão uma concorrência com as peças genuínas e ao mesmo tempo aumento no lucro da fabricante de autopeças. Outra razão da existência das peças originais é o fato de que existem fabricantes de autopeças, que produzem peças de reposição, porém eles não fornecem para as montadoras, elas são comercializadas no mercado do fabricante para as lojas especializadas e destas a peça chega até o consumidor final. Referente às peças originais, tanto dos fabricantes que fornecerem para montadoras como dos que não fornecem para montadoras, segundo as pesquisas e informações obtidas através de fontes confiáveis, ou seja, o Sindipeças (Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores), e a Revista Jornauto (revista sobre o setor automotivo), a maioria são empresas sérias e idôneas, preocupadas com a qualidade do seu produto, embora, os testes que eles realizam em sua produção, não tenham o mesmo sistema rígido de qualidade exigido pelas montadoras para a fabricação de peças genuínas. As peças originais são aceitas pelo consumidor final e muitos deles não sabem a diferença que existe entre uma peça genuína e uma peça original, imaginam que é a mesma peça, mudando apenas o nome da marca. Com referência à origem da palavra original, conforme pesquisa no dicionário Houaiss, é um vocábulo do latim, vem da palavra – originális, e, - significa origem, modelo ou padrão do qual podem ser reproduzidas peças iguais, neste contexto, a 11 peça original é aquela que não é a genuína, porque ela possui alguma diferenciação, porém por outro lado, ela é considerada o modelo, o original a partir do qual são feitos outros com a mesma qualidade, imagem e semelhança. Peças Paralelas ou Piratas - São componentes comercializados por fornecedores não homologados pelas montadoras. Esses fornecedores além de não serem homologados, logicamente não fornecem peças para as montadoras. As peças piratas podem ser de origem nacional, às vezes são fabricadas sob desenho de uma peça genuína ou original e podem ser peças importadas muitas vezes de fabricantes homologados ou não das próprias matrizes, os quais têm contrato de abastecimento de certas peças fora de seus países de origem ou matrizes, para esse tipo de peça não há um padrão de qualidade e certificação, eles podem algumas vezes, serem peças excelentes, feitas com precisão e boa matéria prima, outras vezes, não passam realmente de uma cópia, que por não passar por um controle de qualidade e certificação, podem apresentar ou conter defeitos que danificarão o veículo, poderão causar acidentes leves, médios ou fatais. “Paralelo” vem do latim, como consta no dicionário Houaiss, origem – parállélos, os, on – quer dizer algo que é parecido, análogo ou afim. Desta forma, o próprio nome já diz, elas são parecidas, não significa que são genuínas e que são originais. Além do termo paralelo, os consumidores de peças, identificam também o termo pirata, que neste caso, trata-se de uma cópia ilegal, feita em oficinas, conhecidas como oficinas de fundo de quintal, que não possuem nenhum tipo de reconhecimento por parte do governo e trata-se simplesmente de uma cópia do original, na qual não há nenhum critério, somente a reprodução da peça já existente e com matéria prima de qualidade duvidosa. Sobre a etimologia desta palavra, Houaiss nos informa, que todo ato realizado através de apropriação da forma anterior ou com plágio ou cópia de uma obra anterior, é uma infração deliberada à legislação que protege a propriedade artística ou intelectual. Esta palavra era usada no latim, mas tem sua origem no greco - peiratês, 'pirata' . Neste caso, como nos exemplos anteriores, a própria palavra já exibe o seu significado sendo desnecessário o acréscimo de mais explicações. 12 Peças Remanufaturadas Importadas e Nacionais - As peças de reposição remanufaturadas podem ser de importadas de outros paises ou nacionais; remanufaturado quer dizer a peça foi restaurada e reparada, assim ela perde a sua qualidade e durabilidade, que diminuirá a performance e a vida útil do motor. A restauração destas peças é feita pelo próprio fabricante. Peças Recondicionadas - As peças recondicionadas são as peças usadas, independentemente do fabricante ou da marca, que quando sofrem algum dano ou avaria, são restauradas ou recuperadas por terceiros, que podem ser oficinas mecânicas especializadas, mecânicos autônomos ou os próprios mecânicos das empresas. A fim de atingir os objetivos da pesquisa, no questionário e na entrevista, continuarei utilizando a nomenclatura anterior: genuíno, original e paralelo, pois o mercado ainda não absorveu e não utiliza completamente a nova nomenclatura. Ilustrações das Peças de Reposição para Motores a Diesel A fim de facilitar a compreensão e a visualização dos componentes que fazem parte do motor e identificar dentre esses componentes, as peças que são objeto de estudo deste trabalho, mostra-se a seguir quatro figuras, nas quais são apresentadas as peças de reposição para os motores a diesel, que possuem maior giro: pistão, camisa, bomba d‟água, bomba d‟óleo e jogos de juntas. 13 Figura 1: Pistão e seus componentes Fonte: Automotive Business – www.automotivebusiness.com.br Figura 2: Bloco do cilindro (camisa) Fonte: Automotive Business – www.automotivebusiness.com.br 14 Figura 3: Bomba injetora Fonte: Automotive Business – www.automotivebusiness.com.br Figura 4: Jogo de juntas Fonte: Automotive Business – www.automotivebusiness.com.br 15 2. OBJETIVOS O suporte ao produto no mercado paralelo de peças de reposição para motores a diesel tem uma importância cada vez maior na economia brasileira e causa muito impacto para o consumidor final. Este mercado cresce a cada ano, pois as empresas transportadoras e de logística geram muitos empregos e lucros para todos os setores da sociedade. A indústria automotiva é um dos segmentos que mesmo com a recessão e com a crise política e econômica do governo, se mantêm em movimento. Devido a este crescimento, surgiu o interesse em fazer um estudo exploratório, através de uma pesquisa empírica, com uma amostra não-probabilística, para entenderemos o dinamismo e o crescimento deste mercado, além das principais mudanças que ocorreram após uma primeira análise mais detalhada, realizada em 2006. Veja a seguir a questão central de pesquisa deste estudo: Descobrir o porquê do crescimento e do dinamismo do mercado paralelo de peças de reposição para motores a diesel cresce a cada ano, o que leva o consumidor final a buscar essa alternativa e quais os resultados causados após a compra. Além de entender as mudanças ocorridas após 2006 16 2.1. Objetivo Geral Estudar as razões e o porquê do crescimento e do dinamismo do mercado paralelo de peças de reposição para motores a diesel, o que leva o consumidor final a buscar essa alternativa e quais os resultados causados após a compra, e também identificar as mudanças ocorridas após 2006, ano das mudanças conceituais da ABNT, conforme já definimos acima na questão central de pesquisa. 2.1. Objetivos Específicos 2.1.1. Objetivo específico 1 Responder algumas indagações básicas de pesquisa. Definimos 10 fatores essenciais para a decisão de compra de uma peça de reposição para motor a diesel. Portanto, a intenção é entender através do grau de importância, o que confirma a compra. Ela está baseada apenas em preço? Na disponibilidade das peças? Nas condições de pagamento? Na durabilidade? Na confiança na marca? No suporte comercial? Na garantia? No suporte técnico? Na idade do caminhão? Ou na agilidade e no dinamismo do fornecedor? Ou qual é a combinação destes 10 itens que definirá a compra? 2.1.2. Objetivo específico 2 Descobrir qual é o nível de satisfação após a primeira compra e se esse consumidor repetirá a mesma. 2.1.3. Objetivo específico 3 Identificar quem decide a compra das peças. É o dono? O diretor comercial? Algum departamento específico para esta finalidade? O mecânico? Ou outros? 17 3. MÉTODO DE TRABALHO Esta seção tem o objetivo de descrever o método de trabalho realizado na pesquisa. Segundo as orientações de KOTLER (1998), há algumas etapas a serem realizadas para a execução de uma pesquisa, orientações que serão utilizadas durante o estudo, que pretende ser um estudo exploratório a respeito do suporte ao produto no mercado de peças de reposição para motores a diesel, com a finalidade de responder ao objetivo geral e aos objetivos específicos, relacionados na descrição do problema, e confirmar ou rejeitar as proposições levantadas no capítulo confirmação das hipóteses. Neste estudo a prioridade será o caráter exploratório da pesquisa, a fim de identificar as causas do crescimento do mercado paralelo de peças de reposição. 3.1. Descrição do Método Etapa 1: Revisão detalhada da literatura relacionada O ponto de partida para a revisão da literatura relacionada foi a busca pelos exemplares e títulos localizados através dos sites, a literatura foi selecionada através da busca de palavras chaves relacionadas ao tema de estudo. Depois de localizados os livros, alguns artigos e informações foram impressos diretamente da Internet, foi feita uma leitura de todo o material, com a finalidade de buscar as informações e conceitos relevantes para o tema da pesquisa. Nesta segunda etapa, fez-se um levantamento da literatura (traduzida) a respeito do tema da pesquisa, coletaram-se de vários autores os pontos mais relevantes e informações que auxiliariam na fase das entrevistas e posterior análise da mesma, através de subsídios teóricos e conceituais que permitirão analisar e concluir com bastante conhecimento acumulados o questionamento básico para este estudo, bem como a sua validação ou não, decorrente da pesquisa de campo que será realizada. Esta revisão fornecerá os dados secundários necessários para a coleta e análise 18 das informações dos dados primários que serão obtidos pelas entrevistas e proporcionará uma segurança de conhecimentos para apresentar os resultados e conclusões do estudo. Nesta etapa fez-se o questionário inicial, estruturado com perguntas fechadas e perguntas abertas. Também se definiu nesta etapa a forma de contato com o público alvo, forma de obtenção das respostas e como aplicar os questionários. Através do cruzamento entre os dados secundários e os dados primários obtidos na pesquisa, poderá ser feito o que se denomina triangulação, ou seja, o cruzamento das informações oriundas das fontes primárias, secundárias e do problema e objetivos da pesquisa. Essa metodologia proporcionará ganhos na convergência dos resultados, maior complementaridade, destaque para os diferentes aspectos do mercado de pós-venda. Também se definiu nesta etapa a forma de contato com o público alvo, forma de obtenção das respostas e como aplicar os questionários. Foram realizadas disciplinas do curso Engenharia de Produção com ênfase em controles e operações logísticas, na Universidade Anhembi Morumbi - Pesquisa de Mercado; - Movimentação e Armazenagem; - Política dos Transportes; - Gestão de Empreendimentos; - Processos de Criação - Administração Financeira e Orçamentária; - Gestão de Pessoas; - Metodologia da Pesquisa. Foram realizadas as consultas via Internet aos diversos sites relacionados ao tema e consultas ao acervo da biblioteca da Universidade Anhembi Morumbi. Esses temas foram divididos em seções e transcritas e comentadas na parte teórica de revisão da literatura do presente estudo. 19 Na elaboração do questionário para as perguntas fechadas, utilizou-se segundo a terminologia de KOTLER (1998), uma pergunta com 10 itens, cada um com uma escala de intenção de compra, ou seja, uma escala que descreve a intenção do respondente, a pontuação deveria ser definida pelo respondente numa escala de 0 a 10. Sendo que quanto maior a nota atribuída, maior a influência do item na decisão de compra, conforme pergunta abaixo: O Objetivo das entrevistas realizadas através dos questionários foi identificar quais são as motivações de compra de peças de reposição dos donos, administradores, pessoas responsáveis pela área de manutenção dos caminhões em transportadoras de diversos segmentos e verificar qual a relação entre as decisões de compras e as percepções destes respondentes. Responderam ao questionário um número de oitenta empresas. A coleta e busca das empresas que seriam entrevistadas foi feita via Internet, principalmente devido à agilidade e rapidez para localizar dados essenciais, como razão social, telefone, endereço e email. Como fruto desta busca, obteve-se uma amostragem com cerca de 300 empresas. Digitadas e relacionadas as empresas, chegou-se à conclusão que a amostra final resultaria numa quantidade não-probalistíca de 80 transportadoras, independemente do seu ramo de atividade, desde que as mesmas tivessem em sua frota caminhões semi-pesados com idade acima de 1 ano. Para obter uma visualização mais científica e confiável, segmentou-se as 80 empresas em quatro grupos, sendo que cada grupo constituiria uma amostra de 20 empresas, conforme a tabela a seguir. A pesquisa foi realizada em agosto de 2008 por um conjunto de 3 colaboradores da empresa Cummins Brasil, a saber: Emerson Cabral – Lider do Projeto Reginaldo Barbosa – Especialista em Peças Ana Carolina Simões – Analista de Marketing 20 Tabela 7: Quantidade da Amostra por Empresa e número de caminhões Empresa Quantidade da Frota de Caminhões Semipesados Grupo 1 – 20 Transportadoras 1a2 Grupo 2 – 20 Transportadoras 3a6 Grupo 3 – 20 Transportadoras 7 a 50 Grupo 4 – 20 Transportadoras Acima de 51 Total da Amostra = 80 Transportadoras Não mensurado Etapa 2: Forma de Aplicação do Questionário Para minimizar os custos da pesquisa, principalmente com transporte, deslocamento e tempo optou-se por realizar todos os contatos via telefone. Cada uma das 300 empresas foi contatada e fez-se um contato inicial para determinar a pessoa responsável e a quantidade de caminhões, fez-se então uma pré-seleção, cada contato foi inserido em um dos grupos de 1 a 4, de acordo com o número de caminhões. Naturalmente ocorreu também uma exclusão natural, pois várias empresas estavam com os dados cadastrais incorretos, telefones antigos, a empresa não existia mais, e em alguns casos, devido a procedimentos internos, não foi fornecido o nome do contato, ou a pessoa responsável não teve interesse em responder à uma pesquisa. Fez-se um pré-teste do questionário com as cinco primeiras empresas que se disponibilizaram a responder a pesquisa, eliminaram-se as perguntas muito longas e diminui-se também a quantidade de questões, pois foi constatado que via telefone, as pessoas não possuem muito tempo para responder, são interrompidas por outros assuntos e o questionário precisa ser rápido, sucinto e principalmente enxuto. Fez-se então o segundo contato, com o respondente qualificado que se dispôs a responder à pesquisa, também via telefone em todos os casos. A versão final do questionário está apresentada na seção “Apêndices” deste estudo. 21 Etapa 3: Análise dos Dados de Campo Uma vez realizadas as entrevistas via telefone com a aplicação do questionário, reuniu-se todos os 80 questionários preenchidos e começou-se a tabular as repostas, confeccionar os gráficos e tabelas ilustrativos das respostas obtidas e comparando os dados empíricos recebidos com as hipóteses, sempre buscando apoio e referência na revisão da literatura que forneceu os dados secundários e o conhecimento necessário para relacionar com os dados primários obtidos na leitura e decodificação dos questionários. Pôde-se confirmar que algumas das hipóteses de pesquisas estavam corretas, e que a análise da literatura exibe claramente o pensamento e o comportamento do consumidor. Etapa 4: Conclusões e Contribuições para Trabalhos Futuros Nesta etapa revisaram-se os principais argumentos e informações obtidos com a análise do questionário e da literatura e definiu-se as conclusões para este estudo. 22 4. JUSTIFICATIVA Conforme mencionado anteriormente, a escolha do tema ocorreu devido à importância cada vez maior do comércio de peças paralelas no mercado de peças para reposição de motores a diesel, por este motivo, após identificadas as razões e os porquês deste crescimento, poderemos exibir um perfil desse consumidor final. Esse perfil trará respostas importantes sobre o seu comportamento de compra e consumo. A partir das análises e das respostas obtidas, as montadoras e fabricantes de componentes homologados poderão criar mecanismos para frear este mercado paralelo. Algumas contribuições que poderão ser dadas como sugestões: - incentivo a promoções a clientes fiéis, fortalecer a lealdade e a fidelidade dos clientes; - campanhas de fortalecimento da identificação da marca no mercado, principalmente através de seu símbolo, ou seja, gravar a sua logomarca na mente do consumidor; - elaborar novas estratégias de concorrência e definições de preços no mercado; - confecção de contratos de proteção à propriedade intelectual e novos mecanismos para frear a pirataria; - colocar em prática as estratégias para ganhar a batalha pelo consumidor, ou seja, entender o comportamento do consumidor. 23 5. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Através de uma revisão cuidadosa da literatura sobre o mercado e especialmente sobre o desempenho do mercado pós-venda em diversos segmentos, desde supermercados, confecções, bens de consumo, perfumes e outros setores, observase que os consumidores compram produtos, no entanto eles freqüentemente querem mais do que os atributos funcionais ou tangíveis proporcionados pelo produto. Eles também desejam uma boa experiência, uma boa resposta emocional do uso do produto ou os benefícios proporcionados pelos mesmos. Os consumidores compram produtos para desempenhar uma função, conseqüentemente ele precisará corresponder às expectativas geradas antes da compra, através de propaganda, recomendação de amigos, sugestão do vendedor ou indicação do fabricante no rótulo da embalagem. Juntamente com o conceito da marca e do porquê da escolha de uma em detrimento de outras pelos clientes, foram identificados os itens fundamentais para compreender o funcionamento do mercado e seus integrantes. Na primeira parte desta revisão da literatura, elaborou-se um levantamento bibliográfico, no qual poderemos analisar o posicionamento de marcas na mente das pessoas; a batalha das empresas pelos consumidores; as relações entre os concorrentes e os preços; os princípios que conduzem à lealdade e a fidelidade dos clientes e as estratégias de imitação e pirataria. Na segunda parte da revisão da literatura, serão apresentadas e comentadas as pesquisas realizadas pelo Sindipeças e pela Revista Jornauto (revista com informações sobre o setor automotivo). As pesquisas e os relatórios do Sindipeças referem-se ao desempenho do setor automotivo e as pesquisas da Revista Jornauto referem-se à pesquisas feitas diretamente com os consumidores finais, ou seja, com as empresas e tem a finalidade de traçar um panorama geral do mercado e da preferência e hábitos de compra e consumo destes consumidores do mercado automotivo e de peças de reposição. 24 5.1.1. Posicionamento de Marcas Em CARRIL (2004), a autora nos informa que o conceito de marca surgiu no século XVIII, os primeiros nomes de marca referiam-se a gravuras de animais, lugares, ou pessoas famosas. O propósito era associar o nome do produto com a marca. No século XIX, o propósito passou a ser aumentar o valor percebido do produto através da identificação da marca. No início do século XX, as características principais da marca eram as associações da mesma com nomes próprios de lugares ou expressões que denotavam a origem geográfica do produto. No Brasil, as primeiras marcas datam de 1875 a 1899, eram associados os produtos aos serviços comercializados na época; aos nomes próprios de lugares ou associados aos nomes de seus comerciantes (CARRIL, 2004). Essa evolução da marca permaneceu sempre em ascendência durante os séculos seguintes, chegando finalmente aos dias atuais, em BLECHER (1997), ele nos evidência que a marca é o maior ativo de uma empresa, ou seja, as marcas que não se comunicarem tenderão a desaparecer, perder a força ou cair no esquecimento do público. Além dos contínuos investimentos em exposições, as marcas devem evoluir junto com os seus produtos sob pena de desaparecer do mercado. Por este motivo, devido à importância da marca e da mensagem que ela comunica, ela expressa seus aspectos de ícone, índice e símbolo; a mesma tem um potencial comunicativo, que criará na mente do consumidor uma identidade visual, como nos exemplifica CARRIL (2004), ao trabalhar o conceito de marca (logotipo) através da ciência, chamada semiótica. Devido a esta simbologia, acrescenta-se nas seções de apresentação das empresas tabelas que continham a figura representativa da logomarca (logotipo) de cada empresa, pois a maioria dos consumidores ao procurar o produto de sua preferência têm em mente a imagem do logotipo, da figura, que simboliza o mesmo. A logomarca e a marca estão intimamente interligadas e o consumidor associa a imagem ao produto. 25 O mercado vive um processo de comoditização (do inglês “commodity”, ou seja, mercadoria, cujo valor agregado é o mesmo para todos os fornecedores, sem diferencial), para SAMPAIO (2004) os consumidores estão cada vez mais críticos e a concorrência está sempre mais acirrada, ele expressa sua opinião e de outros especialistas de que na essência, todos os produtos e serviços estão ficando muito parecidos; atualmente, o grande diferencial é obtido pelo extraordinário, pelo acessório e pela imagem. Esse autor demonstra que no fundo, as empresas produzem e vendem valor, logo, esse valor é proposto pela empresa, todavia de fato, quem defini o valor da marca é o consumidor. Seguindo o mesmo raciocínio, SAMPAIO (2004) relata que os produtos e serviços são, em sua redução máxima, sistemas de valores e que as marcas são os símbolos desse sistema, por conseguinte, para o consumidor, a marca é síntese da experiência de valor que ele vivenciou com ela. O mesmo pensamento é explicado na revista HAVARD BUSINESS REVIEW, traduzida em 2000 pela editora Campus, assim sendo, o envolvimento do cliente numa experiência mais ampla relacionada com a utilização do produto, aumenta o poder de construção da marca no mercado e o seu poder de penetração nas várias camadas sociais. A marca do ponto de vista do consumidor é a síntese das experiências reais e virtuais objetivas ou subjetivas, vividas em relação a um produto, serviço, empresa, instituição, ou mesmo, pessoa. Marca é a síntese da experiência de valor, vivida pelos consumidores, em relação a cada um dos inúmeros produtos, serviços, empresas, pessoas com as quais se relacionam. Marca é para as organizações, a síntese do valor de franquia de mercado de seus produtos e serviços, bem como, das empresas e instituições em si e mesmo, de pessoas que atuam com os produtos. As marcas possuem um papel cada vez mais importante na decisão de compra dos nossos clientes e consumidores, principalmente no mercado de peças de reposição para motores a diesel. Trava-se uma luta de gigantes entres as grandes, médias e pequenas empresas para decidir qual delas obterá maior lucro e mais participação 26 no mercado. As empresas estruturam os seus produtos e suas inovações sempre tendo como base um produto pré-existente, portanto cada nova criação amplia a qualidade dos itens que já estão disponíveis para a venda. Quando uma marca é firmemente construída, ela torna-se forte e sólida, traz consigo benefícios diretos para o fabricante (SAMPAIO, 2004): - mais lealdade de consumidores, clientes; - menos vulnerabilidade a ações competitivas de marketing da concorrência; - preços superiores de venda e maiores margens; - menor reação a aumento de preços e maior reação à promoções e ofertas; - maior suporte e cooperação do trade (expressão em inglês para denominar o comércio entre distribuidores, representantes, atacadistas, varejistas, etc.). (para as indústrias), dos fornecedores ( para o comércio) e da network (rede) na qual a empresa está inserida; - aumento constante da efetividade e retorno dos investimentos em marketing; - maior potencial de licenciamentos, concede a outras empresas de licença de uso ativo e receptivo; - colaboração dos próprios consumidores no aprimoramento dos produtos e serviços; - mais tempo para reposicionar produtos/serviços na fase final de seu ciclo de vida; - maiores perspectivas de extensão da marca. Durante o processo de consolidação da marca, cada empresa é responsável por definir um conjunto de valores, aos quais a sua marca estará associada, em outras palavras, o seu departamento de marketing criará uma personalidade própria e singular, pela qual o seu público alvo identificará o produto no mercado e se identificará perante à sociedade. AAKER (1996) nomeia perfeitamente o conceito de personalidade da marca. Ela está ancorada em cinco características básicas a sinceridade, a emoção, a competência, a sofisticação e a robustez. 27 A seguir a escala de personalidade da marca, com os exemplos do autor AAKER (1996): 1. Sinceridade (exemplo => Kodak) Prática: voltada para a família, convencional; Honesta: sincera, realista, ética, conscienciosa, interessada; Integra: original, genuína, eterna, clássica; Alegre: sentimental, amigável, carinhosa, feliz; 2. Emoção (exemplo => Porsche) Ousada: determinada, excitante, diferente, vistosa, provocativa; Corajosa: controlada, jovem, vigorosa, extrovertida, aventurosa; Criativa: exclusiva, humorística, surpreendente, artística, divertida; Atualizada: independente, contemporânea, inovadora, agressiva; 3. Competência (exemplo => IBM) Confiável: empenhada, segura, eficiente, digna de confiança, cuidadosa; Inteligente: técnica, corporativa, séria, bem-sucedida, leal, confiante, influente; 4. Sofisticação (exemplo => Mercedes) Elitista: deslumbrante, impecável, pretensiosa, sofisticada; Fascinante: feminina, suave, sensual, delicada; 5. Robustez (exemplo => Nike) Voltada para o ar livre: masculina, ativa, atlética; Valente: robusta, sólida, sensata. Uma vez que a empresa está posicionada no mercado como uma marca forte e sólida e possui uma personalidade marcante e bem definida, ela conquista uma camada de consumidores, que se identificam com ela. O próximo passo é manter a vantagem competitiva sustentável por um período de tempo relativamente longo, por este motivo, a empresa está constantemente pensando a evolução de sua marca baseada na percepção do seu consumidor e com atenção constante voltada para as ações da demais organizações. 28 A partir dessa constatação, a grandes empresas precisam conhecer o funcionamento do mecanismo que SAMPAIO (2004) denominou como pirâmide das marcas, para se manter na competição e lucratividade, todas as empresas desejam subir os degraus da pirâmide, rumo ao topo. Assim sendo, poderemos nomear e definir os degraus da pirâmide. Pirâmide das Marcas - Marcas Sinalizadoras representam a base da pirâmide, seu ponto forte é a sua imagem, são aquelas que apenas oferecem uma imagem distinta dos demais produtos, serviços e empresas. Representam 90% do mercado, a rigor, servem apenas para que se possa saber que se trata de uma coisa e não de outra. Contudo acrescenta pouco valor, já que são desconhecidas e significam muito pouco para os consumidores. Em relação ao estudo, nessa categoria estão inseridas as chamadas peças similares ou piratas. - Marcas Identificadoras estão no segundo nível da pirâmide, representam cerca de 5% ou 6% das marcas existentes, é sua característica principal é o posicionamento, oferecem individualidade, neste caso, já se trata de marcas que carregam um significado próprio e são bastante conhecidas das pessoas em geral e dos seus consumidores particulares. Pode-se no estudo, colocar neste nível as marcas paralelas de peças de reposição para motores a diesel. - Marcas Catalisadoras situam-se no terceiro nível da pirâmide, representam cerca de 3% ou 4% das marcas, seu principal atributo é a indução, ou seja, elas geram indução à compra/uso pela confiança que passam aos consumidores. Elas identificam, são individuais e estão tão claramente posicionadas que acabam gerando atração natural sobre as pessoas de modo que seu consumo acontece de forma quase natural e espontânea. 29 - Marcas Personificadoras estão posicionadas no topo da pirâmide de marcas, são consideradas ícones, são consumidas com orgulho por seus compradores. Mais do que isso, essas marcas são amplamente conhecidas e consideradas pelo restante da população não consumidora, o que lhes acrescenta valor adicional, já que elas são objeto de desejo de boa parte das pessoas. Essa é posição privilegiada da pirâmide, no entanto é tão difícil chegar ao seu topo, quanto manter-se infinitamente lá. Além da possibilidade de movimentação e ascensão das marcas pelos diversos níveis da pirâmide, SAMPAIO (2004) enumera os 5 passos no ciclo de vida das marcas de sucesso: - identidade - confiabilidade - intimidade - fidelidade - advocacia (quando o consumidor passa a ser o advogado da marca) Todas as marcas ao serem lançadas no mercado, percorrerão um árduo caminho rumo ao sucesso, pois seria perfeito se não existissem os concorrentes, se todos os consumidores tivessem que comprar uma única marca, porém não é assim que funciona o mercado no mundo capitalista, em AAKER (1996), revemos que as empresas precisam saber como os clientes vêm as marcas concorrentes, é indispensável saber como é o posicionamento do concorrente, ter uma equipe capaz que esteja sempre atenta à movimentação dos concorrentes e fazer um exame dos seus pontos fortes e de suas debilidades. Tendo uma visão global de como é a situação do mercado e de como age e pensam os concorrentes, a empresa que estiver bem estruturada sempre saberá em que estágio do ciclo de vida o seu produto está localizado. O primeiro estágio é a identidade da marca, o consumidor encontra-a nas prateleiras e sabe distingui-la das demais, a partir do momento em que ela possui um diferencial na mente do consumidor, ela pode experimentá-la e se a experiência for satisfatória, ele passara para a fase da confiabilidade, seu uso se tornará mais freqüente, à medida que a relação entre compra/consumo se intensificar, o consumidor passará a experimentar uma sensação de intimidade com a marca 30 escolhida pela sua preferência. Dessa relação surge a fidelidade à marca, a compra será repetida continuamente, exceto, quando o cliente não a encontre no mercado. Um cliente fidelizado e fiel, certamente praticará o que SAMPAIO (2004) define como advocacia, isto é, o usuário do produto passa a se comportar com um advogado da marca, não somente a utilizará, como recomendará aos amigos e fará a sua defesa, sempre que ocorrer alguma situação em que a própria seja o alvo de ataque ou discussão. Conclui-se que é inquestionável o poder das marcas na mente do consumidor, entretanto é ele quem tem o poder de determinar por quais leis e regras o mercado deve jogar, portanto, não é suficiente ter uma boa marca, ela precisa buscar sempre a diferenciação real dos demais produtos, qualidade e aprimoramento constantes, a fim de manter-se competitiva no mercado consumidor. 31 5.1.2 Batalha pelo Consumidor O consumidor é desde os tempos mais remotos o alvo de todo o tipo de produção, afinal é para ele que nos dedicamos e nos esforçamos para oferecer produtos com qualidade, durabilidade, garantia, entre outros benefícios adicionais, desse modo, ele é o rei, que recebe todos os atributos e todas as homenagens. Contudo, a preocupação com os clientes não foi sempre o centro de interesse das empresas, nos primórdios do comércio, a base de troca de mercadoria e posteriormente durante a sua evolução, não havia tanto interesse no cliente como existe hoje. As “ciências sociais”, ou seja, administração, marketing, propaganda, são ciências relativamente novas, que nasceram da necessidade de compreender e administrar o mercado, saber como funciona o comportamento do consumidor, para gerir negócios, cujo foco é o consumidor final. As empresas adotam complexas estratégias de marketing e propaganda para conquistar um espaço na mente, no bolso e na casa do consumidor. Para entender o que significa a batalha pelo consumidor, foi feita uma busca detalhada na literatura e localizados vários autores que trataram este tema. Existe grande variedade de livros sobre comportamento do consumidor, psicologia do consumidor, estratégias para conquistar a preferência do consumidor, entre vários outros títulos semelhantes. Em REICHHELD (1996) ele nos descreve como devemos tratar os nossos clientes, uma empresa precisa servir aos seus clientes. As pessoas são seu ativo mais valioso. Deve-se escolher os associados com cuidado e certificar-se de que eles compartilham com a empresa os valores mais importantes. É necessário aprender com os próprios erros. Não se pode gerenciar o que não se pode medir. Precisa-se tratar as pessoas como se gostaria de ser tratados. O lucro não é a base de tudo. Se a empresa puder comunicar fielmente essa filosofia, os clientes não só ganharão confiança nos produtos e serviços mas também sentirão que alguém se preocupa com eles. Conforme nos assegura AAKER (2002), é muito mais fácil gostar de alguém que gosta de você. A empresa precisa considerar o cliente como um amigo. 32 Esta metáfora do amigo é muito poderosa porque implica que a marca oferecerá aquilo que o cliente deseja honestidade, atenção, confiabilidade e respeito. Se o cliente não receber aquilo que deseja, ele procurará em outro lugar, certamente não faltarão concorrentes dispostos a oferecer aquilo que acidentalmente, por um pequeno deslize escapou de sua empresa. Em MAHFOOD (1994), ele descreve como será o comportamento do cliente desde àquele que está insatisfeito e dá à empresa a possibilidade de corrigir o erro e retêlo, àquele que não demonstra o seu descontentamento, e a empresa talvez nem perceba quando, como ou porquê o perdeu. O autor nos diz que há somente um cliente mais prejudicial à sua empresa do que aquele que está insatisfeito e reclama, é aquele que está insatisfeito e não reclama. O cliente que reclama está dando à sua empresa a chance de tomar providências, de ter êxito em suas promessas para satisfazer a todos os compradores. O cliente que não diz nada a você sobre suas relações infelizes com sua empresa é o que simplesmente sai de sua loja e jamais retorna. Nós não possuímos os clientes, isto é um fato. Nós os temos temporariamente e, se formos realmente bons naquilo que fazemos, podemos tê-los por um período de tempo mais longo. Entretanto não somos seus donos e não podemos e não podemos obrigá-los a comprar de nós. Como podemos, então, esperar construir um negócio, que use como base um núcleo de compradores satisfeitos? A resposta é simplesmente esta, devemos tratar cada cliente como ele deseja ser tratado (MAHFOOD, 1994). Diante destas considerações, todas as empresas deveriam preocupar-se não somente com os clientes novos, mas principalmente com os que ela já possui. Há um custo muito alto a ser pago na aquisição de novos clientes, quando os antigos são deixados à margem do centro de atenções da empresa. 33 Observemos a seguir, o custo de aquisição dos clientes novos: - custo da aquisição - lucro básico - custos operacionais - referências através dos clientes satisfeitos - preço diferenciado para novos clientes Para ter um novo cliente há o que o autor cita com custa da aquisição, serão necessários investimentos em marketing e propaganda para atrai-lo, o lucro gerado com esse novo cliente no início será um lucro básico, talvez nada muito extraordinário, ocorrerá um aumento nos custos operacionais para atender este novo cliente, existe um custo referente à manutenção de clientes satisfeitos que possam recomendar os produtos para estes prováveis novos clientes e na maioria das vezes, as empresas oferecem um preço diferenciado, através de descontos ou promoções para atrair novos clientes, valores estes que diminuirão a receita líquida da mesma no fechamento do período contábil. Uma vez demonstrado que obter novos clientes apresenta um custo muito alto, a pergunta que se apresenta em seguida é, qual o valor para reter um cliente fiel? De acordo com MAHFOOD (1994), foram listados os valores abaixo: 1. Alguns clientes são inerentemente previsíveis e leais, independentemente da empresa com a qual estejam fazendo negócios. Eles simplesmente preferem relacionamentos estáveis e duradouros. 2. Alguns clientes são mais rentáveis do que outros, gastam mais, pagam as contas com maior presteza e demandam menos serviço. 3. Alguns clientes acharão seus produtos e serviços mais valiosos do que o de seus concorrentes. Nenhuma empresa pode ser tudo para todos. Seus pontos fortes específicos simplesmente serão mais oportunidades e necessidades de determinados clientes. adequados às 34 Além dos três itens apresentados acima, existem características dos consumidores que as empresas precisam conhecer para conquistar, cativar, reter e manter um relacionamento duradouro com seus clientes. GADE (1998) escreve sobre a psicologia do consumidor e da propaganda, para ela o comportamento do consumidor está baseado vários fatores que se traduzem em atividades físicas, mentais e emocionais que são ativadas no momento da seleção, compra e uso de produtos e serviços para satisfação de necessidades e desejos. Os principais fatores que influenciam a decisão do consumidor são fatores psicológicos, fatores culturais, fatores pessoais, fatores sociais. - Fatores culturais: a cultura, hábitos, costumes, pensares e ideologia. A mudança cultural, as correntes culturais, a moda. - Fatores sociais: os grupos sociais primários e secundários, de referência. Os líderes, os inovadores. A aceitação social e o conformismo. - Fatores internos: fatores pessoais, as variáveis demográficas, idade, sexo, posição no ciclo de vida, escolaridade e atividades, situação econômica e estilo de vida. - Fatores externos: fatores psicológicos, processamento de informação, sua captação e decodificação através de mecanismos de sensação, percepção, aprendizagem e memória. Processamento psicodinâmico e seus aspectos motivacionais, emocionais e atitudinais. Personalidade. Finalizando, podemos afirmar que a empresa que tiver o consumidor como centro e for conhecedora do comportamento do consumidor, do funcionamento de suas decisões de compra e estiver consciente do custo para reter novos clientes e principalmente não descuidar da manutenção dos atuais clientes, já estará um passo à frente da batalha. Ela terá muitas armas e estará preparada para reagir no momento oportuno, com a ferramenta correta de ação. Com certeza, não lhe faltarão clientes fiéis e novos clientes serão atraídos para ela. 35 5.1.3. Concorrência e Preços A busca por literatura, cujo tema era a concorrência e preços, tornou-se muito rica e trouxe vários trabalhos muito interessantes. Podemos dizer que a concorrência é a pretensão de mais de uma pessoa à mesma coisa. É a competição, é a rivalidade, entre produtos ou entre negociantes, fabricantes ou empresários, conforme dicionário Michaelis. Concorrente é aquele que captura os seus clientes hoje e no futuro. (AAKER, 2002) A expressão, portanto, traz a idéia de disputa entre agentes econômicos num espaço ou lugar designado, mercado, e certo tempo ou período, acerca de determinado objeto. Não se pode articular a idéia de concorrência sem a existência de mercado, que é pressuposto básico, o que implica ser a preocupação com a garantia uma característica própria das sociedades onde o mercado cumpre papel relevante. A concorrência repousa em dois pilares (PEREIRA, 2001): - objetividade ou autenticidade da oferta - a liberdade ou genuinidade da escolha Poucas empresas são abençoadas com a ausência de verdadeiros concorrentes. A maioria sofre pressão dos preços dos concorrentes sobre seus produtos. As principais causas das pressões são capacidade excessiva de produção, vendas em declínio ou poder de varejo, quedas de preços, descontos e promoções, os concorrentes das marcas reagem defensivamente e os consumidores começam a focar mais os preços do que a qualidade e os atributos diferenciadores do produto (AAKER, 2002). A guerra e a concorrência não param, ainda em AAKER (2002), a pressão principal é para competir em termos de preço. Ele é elemento principal, e os competidores focam os clientes que procuram produto mais barato. 36 Não existe varejo sem preços cada vez mais baixos, também não há preços cada vez mais baixos sem uma forte concorrência entre os varejistas. Não existe comerciante que perdure, se não souber bem lançar guerras de preços para ter boa imagem e conseguir conquistar novos clientes (CHETOCHINE, 1999). Os resultados da guerra podemos notar no crescimento reduzido e na capacidade saturada da categoria (entrada de novos concorrentes), na permanência de concorrentes antigos, que estão a beira da falência. Os fornecedores, em especial os que ocupam a 3. ou a 4. posição na participação de mercado, com níveis de fidelidade modesto são muito pressionados a fazer concessões em termos de preços. (AAKER, 2002). Como conseqüências uma das medidas básicas será baixar os custos, este é um fator fundamentas para o sucesso. As organizações precisam reduzir seus custos físicos, enxugar suas equipes, diminuir os níveis organizacionais e cortar todos os gastos desnecessários. Os concorrentes adicionais não só contribuem para a pressão dos preços e a complexidade das marcas, contudo também tornam muito difícil conquistar e conservar uma posição. O preço de uma marca também está relacionado aos benefícios que ela oferece AAKER (2002). A fixação de preços vem sendo apontada como a decisão mais importante que as empresas devem tomar, mas saber, com certeza, se isto é verdade é uma questão aberta ao debate. Contudo, há que se concordar que é uma questão muito importante LERE (1979). Os responsáveis pela decisão sobre preços sofrem muitas influências. O preço estabelecido por uma empresa pode ser influenciado, por exemplo, por fatores psicológicos, sociológicos, jurídicos, econômicos e de custo. John C. Lare Tão importante quanto decidir qual preço praticar no mercado é conhecer as variações de preços em regime de concorrência no longo prazo. Custos de produção, na realidade, a proposição clássica de que, em longo prazo, em regime de concorrência, o preço depende do custo de produção, é sempre válida. Isso ocorre porque, se o aumento de demanda acarreta a elevação do preço, surgem 37 lucros extras que induzem as empresas existentes a expandir a produção e levam novas empresas a entrar nesse mercado. Para os clássicos, a característica essencial da concorrência não é o grande número de produtores, mas a livre entrada, transcorre em certo tempo para que a produção se expanda. Pelo menos um ano, no caso dos produtos agrícolas, e um período indefinido no caso de produtos minerais ou industriais, mas normalmente superior a um ano ( se se trata de ampliar ou criar novos equipamentos e instalações). A medida que a produção aumenta, o preço tende a diminuir. Tudo o mais permanecendo constante, exclusive a demanda. O preço tende a retornar ao nível de partida que cobria o custo de produção e permite lucros não superiores aos normais. Um processo inverso ocorre no caso de uma diminuição da demanda, o preço cai, certo número de empresas sobre perdas e algumas se retiram do mercado, a produção diminui e o preço tende a voltar ao nível inicial. O processo não é exatamente simétrico já que é ainda mais incerto o tempo que deve transcorrer para que ocorra a redução da produção (LABINI, 1984). BROYDRICK (1997) nos afirma que se todos os programas podem executar o trabalho e nenhum fornecedor oferece uma vantagem considerável, não é de espantar que o principal critério para fechar um negócio seja o preço. Todavia há vários fatores a serem analisados, assim você não pode valorizar um cliente cujo único propósito é fazer com que você reduza seu preço. BROYDRICK (1997) Características desses clientes: - baseados apenas no preço do seu produto; - saltam continuamente de um fornecedor para outro, procurando o melhor negócio possível; - não pagam suas contas” Além da guerra de preços, a empresa precisa ter em sua carteira de clientes, aqueles que pagam mais caro no momento, pois sabem que isso irá poupar tempo e dinheiro no futuro (BROYDRICK 1997) 38 Em outras palavras, os consumidores não estão sempre procurando o menor preço possível ou mesmo a melhor razão preço-qualidade. Outros fatores como conveniência ou nome da marca podem assumir maior importância (JAMES, 2000). Em SUN TZU (2005), há um trecho que se adapta perfeitamente ao mundo dos negócios e da concorrência, ele nos diz para conhecer o inimigo como se fosse a si mesmo, pois se você conhecer a si mesmo e conhecer o seu inimigo, você já ganhou a batalha, nunca correrá perigo; se você conhecer a si próprio e não conhecer o adversário, terá 50% de chances de sucesso, no entanto, se você não conhecer a si mesmo e também não conhecer o inimigo, suas chances de sucesso são totalmente incertas. Certamente estará em perigo em todas as batalhas que travar, ou seja, em todas as concorrências que disputar. Isso se aplica, não somente à guerra, mas também em todos os negócios e atividades do comércio e concorrência. Deste modo, as empresas vencedoras encontrarão um meio de criar um valor duradouro na mente do cliente. Primeiramente, elas precisam entender o seu concorrente (AAKER, 2002): - coletar anúncios representativos de cada concorrente e obter uma estimativa de seu orçamento de comunicação; - verificar os relatórios anuais dos concorrentes referentes aos últimos quatro anos; - Investigar o que os clientes pensam das marcas dos concorrentes. No momento em que a empresa tem em suas mãos as informações sobre os seus concorrentes e os conhecem tão bem quanto a mesma mesma, ela poderá planejar uma estratégia de tomada de mercados, seguindo o modelo dos japoneses, estudado por Kotler (1986): - estratégia do produto, constante refinamento do produto; - estratégia de preço, cobrar preços muito abaixo dos cobrados pelos concorrentes; 39 - estratégia de distribuição, fornecimento e serviços prestados após as vendas como aspectos chaves do programa de marketing; - estratégia da promoção, aumentar os gastos com propaganda. Se o cliente seu for fiel apenas enquanto tiver preços baixos, nas interações com o cliente, a empresa precisa descobrir se há atributos o que mais ele valoriza além de preço. Há muitas atividades que envolvem a relação empresa e cliente (FERREIRA, 2000). Se alguma delas falha, não é o preço que irá segurar o cliente. O que aconteceria caso houvesse atraso na entrega? Esse seria o momento da verdade, o cliente não iria considerar que comprou pelo menor preço, e sim o conjunto de atividades. (FERREIRA, 2000). Uma empresa não sobrevive só de preço. Ela precisa ter qualidade, cumprir prazos de entrega, oferecer assistência técnica eficiente, rede ampla de distribuição e atendimento adequado (FERREIRA, 2000). 40 5.1.4. Lealdade do Consumidor e Fidelidade à Marca Ninguém vende seu produto ou serviço tão suficientemente quanto seus clientes satisfeitos. A credibilidade que eles têm com seus amigos, vizinhos ou colegas de trabalho é inquestionável. Eles enviam clientes potenciais para você, dispensando o investimento excessivo em publicidade e marketing, como nos informa BROYDRICK (1997), os clientes fiéis são mais lucrativos, portanto quanto mais tempo eles permanecem fiéis, mais a sua empresa ganha. BROYDRICK também afirma que a fidelidade significa maior lucratividade, porque os clientes fiéis são a uma força de venda secreta. Especialmente porque os clientes fiéis são uma valiosa fonte de informações. A maioria fica contente em dizer como sua firma pode continuar a satisfazer suas necessidades. Eles podem ajudar a projetar os seus futuros produtos e serviços. Estes mesmos clientes não são tão sensíveis ao preço. Em JAMES (2000), nota-se que o autor afirma que a maioria dos consumidores prefere continuar o que já está funcionando, porém para o cidadão comum quando eles se dirigem à seção, na qual espera encontrar a sua marca preferida, ele normalmente já sabe ou tem anotado o produto que deseja, todavia quando não acham o produto desejado, compram o que está ao lado. Se a experiência for ruim, eles riscam o produto da memória e da sua preferência. Se a experiência for boa, satisfatória, ele voltará a consumir a sua marca preferida e talvez também aquela outra marca. Assim começará um novo hábito de compra e consumo (CHETOCHINE, 1999). Pode-se considerar a lealdade às marcas como um comportamento e como uma atitude, em outros termos, os profissionais de marketing definem a lealdade a marcas em termos de que marcas as pessoas compram e também de como elas se sentem em relação às marcas (SHETH, 2001). Para SHETH (2001) pode-se relacionar vários comportamentos e atitudes que demonstram a lealdade do consumidor: - ocorre uma recompra consistente do mesmo produto; 41 - o cliente compra sempre a mesma marca, não obstante eventualmente, por variáveis externas, ele compra uma outra marca; - a proporção de compras é de 70% de uma mesma marca; - o cliente utiliza as marcas A e B. Por outro lado, a lealdade a marcas também é uma atitude, JAMES (2000) considera uma lealdade atitudinal a marcas quando o cliente possui um apreço especial à marca. A mensuração do apreço a marca é feita pedindo ao cliente para classificar várias marcas por apreço às mesmas. Quanto maior o grau de importância da classificação, mais compras repetidas são efetivadas, motivadas por uma forte disposição interna, ou seja, atitude favorável. Resumindo, lealdade do cliente é o compromisso dele com certa marca, loja ou fornecedor, com base em uma forte atitude favorável, manifestada na recompra consistente. Inclui tanto o comportamento como a atitude. Quando a atitude é fraca, o cliente não tem nenhum apreço ou preferência pela marca. Se o comportamento é fraco, a compra da marca é esporádica, não é comprada consistentemente. Finalmente, quando tanto a atitude como o comportamento são fortes, existe uma firme lealdade. Existem fatores que tornam os clientes leais - percepção da adequação do desempenho da marca; - a identificação social e emocional com a marca; - hábito combinado com longa história de uso da marca; (SHETH, 2001): Há também fatores que impedem o uso da marca (SHETH (2001): - grupos, que tenham atração por alternativas; - promoções dos concorrentes; Classificaremos a seguir os principais tipos de clientes identificados na revisão da literatura: 42 Tabela 8: Principais tipos de clientes Denominação Definição Não-clientes Compram produtos de marcas concorrentes ou não são usuários da marca da empresa Clientes pesquisadores de preços Compram somente baseados em preços baixos Clientes passivamente fiéis Compram sem distinção duas ou mais marcas Clientes compromissados Compram sempre a mesma marca, exceto quando há indisponibilidade de oferta no mercado Clientes “em cima do muro” Compram indiferentemente várias marcas, não possuem uma preferência definida Cliente muito fiéis Compram preferencialmente sempre a mesma marca Fonte: Elaborada pelo autor do TCC A fidelidade à marca é uma consideração fundamental quando se atribui um valor a uma marca que deverá ser comprada ou vendida, porque é de se esperar que uma base de clientes altamente fiéis gerasse um fluxo de vendas e lucro muito previsível. Na realidade, uma marca sem uma base de clientes fiéis, é vulnerável ou tem valor apenas em seu potencia para criar novos clientes fiéis (AAKER, 2002). Para garantir a fidelidade à marca, existem alguns desafios para as empresas, que necessitam aperfeiçoar o perfil de fidelidade à sua marca (AAKER, 2002): - aumentar o número de clientes que não compram apenas com base nos preços; - fortalecer os vínculos dos „em cima do muro‟ e dos comprometidos para com a marca e aumentar o número daqueles que pagariam mais (ou enfrentariam algumas inconveniências) para usar a marca ou serviço; - investir nos clientes passivamente fiéis e nos clientes compromissados; - desenvolver identidade com a marca; - evitar lacunas de distribuição ou faltas de estoque que podem provocar a decisão de mudar de marca; 43 - disponibilizar tamanhos, cores ou sabores que podem ser procurados; - ter programas especiais para os clientes compromissados ou muito fiéis, não considerar estes grupos como garantidos; - procurar explorar o potencial de novos negócios com esses clientes; - aperfeiçoar continuamente o produto; - evitar o desvio do cliente fiel para não-cliente ou pesquisador de preços; - desenvolver ou fortalecer o relacionamento com os clientes „em cima do muro‟ através de conscientização, qualidade percebida e identidade eficiente e nítida com a marca. Ações concretas que poderão ser implementadas: - programas de comprador freqüente, que proporciona recompensa tangível e direta; - clube de clientes, pode promover a lealdade maior, receber descontos, boletins sobre eventos futuros, ofertas especiais, apoio e assistência, oportunidade para os clientes expressarem o seu interesse na empresa e no produto; - Marketing por banco de dados, chamadas sobre novos produtos, promoções especiais segmentadas; - Adaptar esses recursos segmentados aos clientes e fazê-lo sentir tratado com individualidade, fortalecerá o relacionamento com a marca. Em JAMES (2000), encontra-se ainda outra sugestão para reforçar a lealdade do cliente. Ele cita Bergiel e Trosclair, que demonstraram os benefícios de uma aplicação muito simples da teoria da aprendizagem instrumental. Eles descobriram que a lealdade de clientes assegurados podia ser reforçada por lembretes ocasionais de que sua empresa ainda está interessada neles. Para REICHHELD (2002), a lealdade precisa existir não somente por parte do consumidor, mas também dentro da empresa. 44 Ele sugere os seis princípios da lealdade empresarial: 1. jogue para que todos ganhem, lucro à custa dos parceiros é um atalho para um beco sem saída; 2. escolha bem os seus parceiros, a participação é um privilégio; 3. não complique, a complexidade é inimiga da rapidez e da flexibilidade; 4. Recompense os resultados certos, parceiros de valor merecem objetivos de valor; 5. Preste atenção e seja franco, relacionamentos de longo prazo requerem comunicação e aprendizagem honestas e mútuas; 6. Diga o que faz, um ato geralmente vale mais que mil palavras, logo juntos eles são imbatíveis. Quando uma empresa possui a lealdade dos seus funcionários, os seus custos diminuirão e conseqüentemente o seu preço e aumenta o seu poder de mercado. É uma estratégia fundamental recompensar os clientes leais. Ele repete a opinião dos demais autores de que a maioria das empresas não recompensa a fidelidade, clientes leais pagam o preço mais alto. Normalmente os benefícios concedidos para atrair novos clientes são maiores que para os clientes fiéis. Por este motivo, ele sugere que se recompense também os fornecedores leais, seus gerentes podem ajudá-los a alcançar metas de lucro ou mesmo o reconhecido da parceria e dos serviços prestados. BROYDRICK (1997) reforça a importância de investir nos clientes leais, custa menos que do que gastar muito para atrair outros. Sempre oferecer algum benefício, assim o cliente entende que a lealdade é mais vantagem do que ficar pulando de um fornecedor para outro. Lealdade e fidelidade do consumidor são uma conquista que realmente necessita a valorização e esforços das empresas competitivas e preocupadas com a sua fatia de mercado, nota-se na revisão bibliográfica a importância que os diversos autores atribuem a estas duas características. A lealdade e a fidelidade devem começar de dentro para fora, a partir de todos os funcionários, desde a alta administração até o chão de fábrica, desta maneira, atingirá o seu foco, que são os clientes e consumidores, os quais garantirão o sucesso e a permanência nos negócios. 45 5.1.5. Estratégias da Imitação e Pirataria O mercado mundial e o mercado brasileiro sofrem com o aumento constante na produção de itens imitados, similares e piratas. No site nova escola/editora Abril, localizou-se uma reportagem sobre a pirataria e seus efeitos sobre o mercado, eles definem a pirataria como copiar, reproduzir ou vender produtos alheios sem respeitar os direitos e a vontade dos criadores e donos originais. Essa é basicamente a definição de pirataria, prática ilegal que vem sendo muito difundida e discutida ultimamente, que já incomoda a sociedade há séculos. Algumas das grandes invenções da humanidade tiveram a paternidade disputada, e mesmo copiada, por várias pessoas. Todas sempre competindo para obter o reconhecimento legal, intelectual e financeiro sobre as obras. Segundo dado deste mesmo site, em 2003 houve um rombo estimado em R$ 10 bilhões na arrecadação de impostos, dados apurados pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) instaurada em 2003 na Câmara Federal em Brasília. Neste artigo, o redator nos informa o principal motivo da cópia ou reprodução ilegal de bens, serviços e tecnologia, ou seja, o desemprego e a conseqüente busca pelo trabalho informal, os roubos de carga, a corrupção de fiscais, a sofisticação das quadrilhas e o sistema tributário brasileiro, que muitas vezes torna a produção de bens excessivamente cara contribuem imensamente para o aumento desta atividade, assim como a compra pelos consumidores, desse tipo de produto, mesmo sabendo que provém de uma fonte não regulamentada, que está trazendo prejuízos para as empresas sérias e respeitáveis, para os cofres públicos, e finalmente nos nossos bolsos, pois no final dessa cadeia de ações ilegais, o principal prejudicado será o consumidor final, que terá um aumento na carga tributária, ICMS, e outras formas de arrecadação que serão utilizadas para manter a sociedade em funcionamento. Na literatura especializada, SCHNAARS (1997), em seu livro Administrando as Estratégias da Imitação, trata de todo o processo relacionado à imitação em geral. Ele explica que as falsificações em geral são cópias mal-acabadas, de baixa qualidade, vendidas sob o disfarce de marca respeitável e de preço alto, para 46 aumentar o número de vendas, elas são comercializadas a um preço bem mais baixo que o original. Ele esclarece que as falsificações são no mínimo, uma tentativa criativa de imitação. O que os separa de outras formas de produtos imitados é sua ilegalidade. Tudo pode ser alvo da imitação, desde produtos, procedimentos, processos, estratégias até tecnologia. Para que ocorra a imitação, precisa existir um produto para ser imitado, normalmente é a invenção da empresa líder ou da empresa pioneira, isto é, aquela que chegou ao mercado primeiro, que iniciou as atividade e ao longo dos anos foram aparecendo novas empresas e/ou concorrentes, que podemos chamar de retardatários, aqueles que entraram no mercado já estabelecido ou entraram no mercado por último. Porque ocorre a motivação para imitar? - jogo de alcançar, quando um concorrente lança um produto novo no mercado e a firma que detém o monopólio se vê forçada a copiar a idéia para alcançá-los, em sentido de urgência; - espera vigilante, o imitador entra e toma o mercado que era tido como certo. As principais estratégias da imitação: - oferecem preços mais baixo que os pioneiros; - ou uma combinação de três, em primeiro lugar, oferecem preços mais baixos que o pioneiro, em segundo lugar vendem um produto com qualidade superior, ou em terceiro lugar usam seu poder de mercado para sobrepujar o pioneiro mais fraco; - vendem ma duplicata perfeita a preço reduzido; - fabricam uma versão simplificada destituída de extras a um preço bem mais barato; - a essência da imitação, preços mais baixos, manter os custos baixos, economizar nas despesas promocionais, apelo emocional, qualidade similar a preços baixos. 47 Principais defesas contra a imitação: - vender a empresa para um concorrente mais forte ou na ausência deste para outra empresa; - licenciar ou compartilhar a sua tecnologia com os retardatários; - brigar judicialmente pelos seus direitos como pioneiro ou desenvolvedor da idéia, produto ou serviço. Vantagens das estratégias de defesa: - vender a empresa, atrai mais investimentos, por conseguinte maior poder de mercado; - formar um Joint Venture (criação de uma terceira empresa, com um objetivo específico, para explorar um negócio ou nova tecnologia) com um sócio majoritário ou concordar em licenciar a tecnologia, também trará benefícios de maior disponibilidade de capital e maior capacidade de competição, além de manter o controle sobre a administração da empresa; - lutar contra os imitadores, trará vantagens, se a empresa documentar e patentear documentos e dados de produtos que foram desenvolvidos e utilizar os meios legais para mover processos. Se for uma cópia óbvia, através do processo, algumas vezes os imitadores preferem obter uma licença para usar a sua tecnologia ao invés de arriscar-se a um longo e oneroso processo. Desvantagens das Estratégias de Defesa: - no caso da venda da empresa, perde-se o controle acionário da empresa, pois normalmente a empresa compradora exige a maioria das ações, ou seja, mais que 51%, ou em situação pior, a venda poderá resultar na perda total do controle da empresa; - nas práticas de licenciamento e Joint Ventures os parceiros ou licenciados podem roubar suas idéias, deixar a sociedade e surgir como principais concorrentes no mercado; - quando a opção for por lutar contra os imitadores à medida em que eles forem aparecendo, neste caso a empresa estará sozinha e suas chances de sobrevivência ficam bastante limitadas. 48 Quando todas as alternativas anteriores falharem, SCHNAARS (1997), nos descreve algumas outras possibilidades: - cobrir a extremidade inferior do mercado, produzir versões genéricas, marcas próprias, obrigará o imitador a compartilhar o mercado, embora diminua a sua margem de lucro; - ceder a extremidade inferior do mercado aos clones e imitadores; - concentrar-se na parte mais lucrativa, também possui a desvantagem de apenas adiar o problema, porque corre o risco do imitador alcançar a parte principal do mercado. - Inovar perpetuamente, estar um passo à frente da tecnologia, os concorrentes sempre estarão passos atrás - estabelecer um padrão exclusivo, que não permita cópia, tanto em forma de clones como versões melhoradas, contudo, os usuários deste padrão exclusivos podem ficar alienados, em caso de software, pois algumas vezes, eles não poderão ser integrados com outros sistemas e tecnologia. Conclui-se que não há remédio perfeito contra a imitação e principalmente a pirataria, mas existem medidas de segurança que as empresas podem adotar que ajudarão a frear o crescimento desta atividade, retardar o processo de imitação e ter sucesso no combate a concorrência desleal. É importante também contar com a contribuição da população para, se não evitar, ao menos minimizar e reduzir os custos que advêm dessas práticas. 49 5.2.1 Sindipeças e as Principais Estatísticas do Setor de Autopeças Um acontecimento importante, na década de 50, para o setor automotivo e especialmente para o mercado de peças de reposição foi a criação do Sindipeças (Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores), este sindicato representa a indústria de autopeças instalada no Brasil, possui empresas associadas em vários estados do Brasil, as quais são responsáveis por cerca de 95% da produção brasileira de autopeças, destinadas ao mercado de reposição e também para a exportação. Suas atividades são regulamentadas segundo os padrões da Norma NBR ISSO 9001:2000. Sua sede fica em São Paulo (SP), possui diretorias regionais em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Bahia e uma filial de representação em Brasília. Relaciona-se a seguir a tabela com os principais serviços prestados pelo Sindipeças: 50 Tabela 9: Serviços prestados pelo Sindipeças Alguns serviços Acordos de cooperação tecnológica com entidades congêneres em todos os países com indústria automobilística ativa. Apoio técnico ao governo brasileiro na definição de acordos comerciais com países e blocos econômicos. Acompanhamento e defesa do processo de aprovação da inspeção veicular obrigatória. Elaboração detalhada de previsões da produção automobilística no Brasil e na Argentina nos próximos cinco anos. Elaboração de relatórios com os principais dados estatísticos do setor de autopeças. Coordenação de várias comissões e grupos de trabalho com o objetivo de atender a interesses de cerca de 500 empresas, de segmentos bem distintos. Organização de encontros mensais para análise da conjuntura com representantes das maiores empresas do setor, os sistemistas. Organização de encontros abertos a todos os associados para análise de mercado e discussão de outros temas que influenciam o bom desempenho das empresas associadas. Coordenação de encontros periódicos do Conselho Superior do Sindipeças e do Conselho de Administração do Sindipeças e da Abipeças (Associação Brasileira da Indústria de Autopeças). Informatização total da entidade e instalação de programas de videoconferência na sede e nos escritórios regionais. Elaboração do Estudo da frota, que levanta, com rígidos critérios estatísticos, tamanho, idade média e quantidade por modelo da frota circulante brasileira. Lista de associados, com todas as empresas representadas pelo Sindipeças e seu produtos, em três idiomas (português, espanhol e inglês). Esse material, em meio eletrônico, é distribuído nacional e internacionalmente. Fonte: Sindipeças – www.sindipeças.org.br - Anuário 2009) Além das suas atividades, juntamente com a ANDAP (Associação Nacional dos Distribuidores de Autopeças) e o Sincopeças (Sindicato do Comércio Varejista de Peças e Acessórios para Veículos do Estado de São Paulo), o Sindipeças criou o 51 GPE (Grupo de Planejamento Estratégico) que terá a função de desenvolver um programa de certificação para logística e distribuição de autopeças, voltado para a cadeia de distribuição do mercado independente, ou seja, as empresas que não estão diretamente associadas às montadoras ou que vendem diretamente para o mercado. A finalidade desse grupo é permitir que todas as empresas associadas recebam um selo de qualidade que as qualificará no mercado, principalmente nas áreas de organização e instalações; processos de distribuição de produtos, vendas; armazenagem; manuseio e entrega das mercadorias, assistência e suporte técnico e qualidade nas seguintes áreas: organização e instalações; processo de distribuição de produtos; vendas; armazenagem, manuseio e entrega; assistência e suporte técnico e competência do pessoal. Este selo de qualidade é indispensável no mercado atual, no qual todas as empresas buscam vantagens competitivas para gerar aumento de vendas e participação numa fatia maior do mercado. A seguir, é mostrada a importância que as empresas e o mercado estão atribuindo à certificação de qualidade dos processos e produtos: 52 Figura 5: Empresas certificadas e em processo de certificação Fonte: Sindipeças – www.sindipeças.org.br - Anuário 2009) Conforme podemos observar na figura acima, a certificação, o controle rígido da qualidade e testes já fazem parte da rotina dos processos das grandes empresas; referente ao setor de autopeças já existem 822 empresas com certificações já garantidas entre as diversas modalidades de certificações, que variam de acordo com o ramo de especialização e atividade da empresa e temos 107 empresas que estão sendo avaliadas, estão em processo para receber a certificação de qualidade dentro de sua respectiva área de produção. Estes números referem-se ao número total de empresas legalizadas que existem no Brasil e fazem parte do ramo de autopeças, sendo que o Sindipeças possui atualmente 477 empresas fabricantes de autopeças associadas. As tabelas apresentadas anteriormente, que se referem à evolução da quantidade fabricante de autopeças no Brasil e à quantidade total de empresas com certificação de qualidade, fazem parte de um relatório minucioso, elaborado pelo Sindipeças e pela Abipeças (Associação Brasileira da Indústria de Autopeças). Este relatório foi 53 publicado no site do Sindipeças em 2009, denominado “Desempenho do Setor de Autopeças” e traz as informações mais detalhadas e relevantes para o setor, desde 1950 até 2008, sendo que as principais comparações são feitas entre dados de 1998 e 2008. Foi ilustrado, detalhadamente, os gráficos e figuras que contem informações essenciais para o desenvolvimento do trabalho; dados que ajudaram a atualizar as informações que foram obtidas nas pesquisas anteriores, cuja maioria dos dados eram referentes à pesquisas anteriores, principalmente, as que foram realizadas em 2007 e 2008. A figura a seguir exibe o quadro de evolução da quantidade de empresas de autopeças estabelecidas no Brasil a partir de 1957 e o seu surpreendente crescimento; sendo que a partir de 1950, o crescimento de 6% pulou para 15%, devido principalmente às medidas do governo e o segundo período de maior crescimento, 30%, ocorreu no período entre 1991 e 2000, na década de 90, quando o Brasil estava com uma boa conjuntura econômica para atrair novos investimentos. Vários motivos incentivaram o investimento e crescimento do número de montadoras no Brasil. Em 1991, a Secretaria Nacional de Economia, iniciou uma série de negociações com empresários, principalmente do setor automobílistico, priorizando a análise dos custos e os preços da linha de produção, criando dessa maneira, uma política industrial mais sustentável, que garantiu a recuperação da crise que afligia o setor automobílistico até então. As medidas adotadas pelo governo tiveram repercussão principalmente na diminuição do desemprego, observou-se uma queda nos preços, seguida de um poderoso aumento nas vendas, que se manteve em alta durante todo o ano de 1992. Em decorrência dessa melhora substancial na economia e no ramo automotivo, em 1994, ocorreu uma segunda migração de montadoras e empresas de autopeças, que vieram de fora e juntamente com as que já estavam no mercado, transformou o Brasil em um grande parque automotivo. 54 Figura 6: Evolução da quantidade de fabricantes de peças no Brasil Fonte: Sindipeças – www.sindipeças.org.br - Anuário 2009) A seguir, uma figura que nos aponta a migração das empresas com capital nacional e estrangeiro, e a predominância do capital estrangeiro no controle acionário das empresas de autopeças: 55 Figura 7 Origem do Capital 497 empresas associadas e 477 em 2008 Fonte: Sindipeças – www.sindipeças.org.br - Anuário 2009) Na figura a seguir, podemos visualizar com clareza, a distribuição da participação do capital nacional e estrangeiro e o grau de importância e decisão que cada um deles possui dentro da empresa: 56 Figura 8: Origem do Capital Fonte: Sindipeças – www.sindipeças.org.br - Anuário 2009) Após comprovar que as empresas brasileiras de autopeças estão se internacionalizando, é necessário identificar, de onde vem o investimento, ou seja, quais são os paises que estão dominando a nossa economia. Na figura descrita a seguir, pode ser vista a participação do capital segundo o país de origem: 57 Figura 9: Distribuição das empresas conforme participação estrangeira 513 empresas associadas em 1998 e 477 em 2008 Fonte: Sindipeças – www.sindipeças.org.br - Anuário 2009) Constata-se que a maior participação é da Alemanha com quase 23%, seguido pelas empresas americanas que possuem 21,6% do mercado; também é possível visualizar comparando os indicadores de 2005, observa-se que essa liderança alemão vem desde 1998, embora apenas em 2005 os americanos tenham ficado a 58 frente dos germânicos. Concluímos que apesar da liderança desses dois paises, eles perderam em participação de mercado, uma fatia para outros países, tais como França, que passou de 4,9% para 6,0%; e novos concorrentes, entre eles a Espanha (8,0%); Itália (8,4%); Holanda (2,8%) Suíça (2,4%); Canadá (3,2%); Bélgica (1,6%); Suécia (1,2%), Reino Unido (3,2%); Uruguai (3,6%) e México (1,6%). Ao mesmo tempo em que aumenta a participação do capital estrangeiro, aumentam o número de concorrentes, percebe-se uma migração geográfica, das grandes empresas, que até 1998 estavam localizadas no estado de São Paulo e durante um processo de transição entre 1998 e 2008, migraram para outros estados e principalmente para fora da cidade de São Paulo. Uma das causas da migração das empresas é o aumento de incentivos fiscais por parte de outros estados e cidades menores, custo mais atraente de mão-de-obra e conveniências logísticas conforme a figura abaixo: Figura 10: Distribuição geográfica das empresas 513 empresas associadas em 1998 e 477 em 2008 Fonte: Sindipeças – www.sindipeças.org.br - Anuário 2009) 59 Após a identificação do imenso potencial do mercado automobilístico brasileiro, da fantástica capacidade de produção automotiva, indica-se, a seguir, uma figura que revela a participação dos veículos, sua quantidade, na frota circulante no Brasil: Figura 11: Frota Circulante Brasileira 2008 Fonte: Sindipeças – www.sindipeças.org.br - Anuário 2009) O segmento alvo desta pesquisa é a quantidade de caminhões que circulam pelo Brasil, ou seja, da frota circulante brasileira 5% total refere-se à participação dos caminhões; se compararmos em termos de porcentagem em relação ao ano de 1960 observa-se que ocorreu uma redução de 41% para 5% na quantidade de caminhões circulando e o número de automóveis para uso individual teve um aumento significativo de 18% para 80% do total da frota circulante. Mesmo possuindo apenas 5% da frota, eles significam uma quantidade de 1.301.375 caminhões no Brasil, enquanto em 1960, a quantidade total era somente 126.768 caminhões. Essas quantidades referem-se a todos os tipos de caminhões, isto é, caminhões leves, semipesados, pesados e outros tipos. Podemos documentar a importância do uso de caminhões, do transporte de carga e da nossa rede rodoviária, se analisar a tabela abaixo: 60 Tabela 10: Principais transportes utilizados para envio de cargas MODO 1996 1997 1998 1999 2000 Aéreo 0,33 0,26 0,31 0,31 0,33 Aquaviário 11,47 11,56 12,69 13,19 13,86 Dutoviário 3,78 4,555 4,44 4,61 4,46 Ferroviário 20,74 20,72 19,99 19,60 20,86 Rodoviário 63,68 62,91 62,57 62,29 60,5 Total 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 Fonte: CNT (Confederação Nacional do Transporte) – www.cnt.org.br O transporte rodoviário de cargas representa desde 1996, um percentual na média dos 60%, ou seja, em 2000, 60,50% de toda nossa produção era transportada de uma parte à outra do Brasil através de caminhões, enquanto os demais meios de transporte possuem uma comparadas ao rodoviário. participação praticamente inexpressiva quando Apesar da importância deste tipo de transporte, infelizmente ainda convivemos com estradas esburacadas, mal sinalizadas e trechos não pavimentados. A importância do transporte de cargas e do potencial dos caminhões comprova-se no faturamento do setor, conforme figura abaixo: 61 Figura 12: Faturamento das Empresas Autopeças Fonte: Sindipeças – www.sindipeças.org.br - Anuário 2009) A partir de 2002, após algumas fases de altos e baixos na economia e nas vendas, observa-se um aumento constante nas vendas e nos lucros, conforme figura ilustrativa a seguir: 62 Figura 13: Rentabilidade das Vendas Fonte: Sindipeças – www.sindipeças.org.br - Anuário 2009) Saiu-se de um declínio nas vendas, -1 (ponto percentual negativo) e chegou-se a 6.0 (pontos percentuais positivos) e cuja tendência é continuar em crescimento. Essa melhora significativa no volume de vendas e no lucro líquido está diretamente ligada ao aumento das exportações, como descreve a figura: 63 Figura 14: Exportações e Importações de Autopeças Fonte: Sindipeças – www.sindipeças.org.br - Anuário 2009) O Brasil, apesar de estar no chamado grupo de paises emergentes, ou antigos paises em desenvolvimento, conseguiu alcançar uma posição privilegiada no ranking mundial dos principais paises com indústrias de autopeças, sua colocação é o 6° lugar, de 1.586 em 1998 para 3.220 em 2008 (valores em milhares de unidades) como nos demonstra a figura abaixo: 64 Figura 15: Produção mundial nos paises – 1995 x 2005 Fonte: Sindipeças – www.sindipeças.org.br - Anuário 2009) Ressalta-se também que ele conseguiu ultrapassar o Reino Unido (de 1.976 em 1998 para 1.650 em 2008) e o México (de 1.453 em 1998 para 2.191 em 2008) em participação no mercado internacional. 65 6. ESTUDO DE CASO O presente estudo tem a finalidade de entender o crescimento e o dinamismo do mercado paralelo de peças de reposição para motores a diesel de caminhões semipesados, portanto, qualquer outro tipo de veículo estará automaticamente excluído do foco de pesquisa, bem como caminhões semipesados que estejam dentro do prazo de garantia. Dentre as várias peças de reposições para o motor a diesel, será abordado especificamente, as peças que são mais vendidas, que são consideradas itens de giro, nomeadamente, o pistão, as camisas para o motor, a bomba d‟água, a bomba d‟óleo e os jogos de juntas. Todas as demais peças também estarão fora do interesse de pesquisa. Dentro do universo de peças de reposição, além das peças genuínas, originais e paralelas, existem também as peças piratas, peças remanufaturadas e peças recondicionadas, que serão abordadas e definidas em seções específicas, mas que não farão parte da amostra, ou seja, não haverá no questionário de pesquisa, nenhuma menção a estas peças, uma vez que foi escolhido como foco de estudo, peças que normalmente não são remanufaturadas ou recondicionadas. As peças piratas também não serão objeto de estudo nas entrevistas, eventualmente, as entrevistas, nas quais o respondente informar que utiliza apenas peças remanufaturas, recondicionadas e piratas serão eliminadas da amostra, pois não serão objeto dos estudos empíricos. Cabe lembrar que o presente trabalho teve como base importante pesquisa realizada pela Revista Jornauto que está reproduzida no Anexo I Os números apresentados pelo Sindipeças e demonstram um importante dinamismo nesse mercado que é absorvido e tem impacto no segmento de caminhões a diesel. Os problemas encontrados pelos fabricantes de motores diesel está no crescimento do mercado paralelo que por sua vez, tem sua estratégia focada no preço e disponibilidade. 66 Para tentar minimizar e/ou frear este crescimento, as montadoras tem criado departamentos específicos e estratégias pontuais. Entretanto não basta apenas direcionar o foco para redução no custo das peças, pois como mostra a pesquisa, o preço é um item dentre outros que geram necessidade do consumidor buscar alternativas fora das montadoras. Necessita-se entender qual o real motivo que faz com que o cliente busque outras alternativas e após essa análise focar sua estratégia e força nesse sentido. Algumas das ações propostas que já foram implantadas deram resultado e os fornecedores de peças genuínas já sentem alguma diferença benéfica, conforme pode-se perceber nas pesquisas abaixo mostradas. 67 7. RESULTADOS DA PESQUISA A seguir são descritos os resultados do estudo exploratório obtidos em campo, com a realização de pesquisa em profundidade, sendo essas pesquisas realizadas através de um questionário respondido via telefone pelo entrevistado, sendo elaborado em duas partes; a primeira parte quantitativa e a segunda parte qualitativa, na qual o respondente poderia expor a sua opinião livremente. Por este motivo, a apresentação dos resultados obtidos será através de: 1. Análise Qualitativa das Respostas por grupo 1, 2, 3 e 4, segmentadas pelo Perfil do Respondente: Genuíno, Original ou Paralelo Para facilitar a segmentação do mercado, as empresas foram dividas em quatro grupos, sendo que em cada grupo foram entrevistadas 20 empresas. As análises serão feitas por grupo de empresas, conforme o detalhamento abaixo. Na primeira parte do questionário, cuja finalidade era obter os dados quantitativos, conseguiu-se identificar através das escolhas sobre o tipo de peças utilizadas, qual era o perfil do entrevistado. Desse modo, elaborou-se um gráfico geral com todas as respostas dos entrevistados do grupo, os quais deveriam dar uma pontuação de 0 a 10 para cada item da decisão de compra. Estas informações ajudaram a identificar quais são os fatores que realmente decidem a compra das peças de reposição. 68 7.1. Resultados Gerais 7.2.1 Análise Quali-Quantitativa das Respostas do Grupo 1 (1 a 2 caminhões) No grupo das transportadoras de 1 a 2 caminhões constatou-se que o que decide a compra para eles é em primeiro lugar a disponibilidade, seguida pela condição de pagamento e agilidade e dinamismo no atendimento. Conforme nos mostra a figura abaixo: Figura 16: Grau de Importância na Decisão de Compra GRAU DE IMPORTÂNCIA NA DECISÃO DE COMPRA 12 10 8 6 4 2 da gi lid Fr ad ot e/ a D in am is m o A Id ad e ia or te Té cn ic o ar an t G Su p o ur a C bi on lid fia ad nç e a na Su M ar po ca rt e C om er ci al D de P ag am en t ni bi da de C on di çã o D is po Pr eç o 0 ORIGINAL PIRATA GENUÍNO total da amostra 20 empresas (grupo 1) 69 Comentários dos entrevistados possuidores de 1 a 2 caminhões que adquirem peças genuínas A partir destes resultados obtidos com transportadoras que possuem de 1 a 2 caminhões, as quais preferem adquirir peças genuínas leva a crer que o fator mais importante na aquisição de peças para motores de caminhões é a disponibilidade do material a ser comprado. O fato de que 100% dos entrevistados desse grupo responder que a disponibilidade é extremamente fundamental mostra que a fidelidade na entrega representa significante parcela na hora da decisão da compra. Esse número é elevado porque eles dependem de seus veículos para trabalhar, uma vez que os dois entrevistados são autônomos. O trabalho que desempenham com seus caminhões são a única fonte de renda e quanto mais tempo parado menos dinheiro ele ganha. O proprietário neste caso corre o risco de perder seu lugar nas empresas para quem prestam serviços, já que a concorrência neste setor é grande. Outro fator atrelado à disponibilidade de peças está a durabilidade das peças compradas. Os dois entrevistados que compram peças genuínas disseram que preferem pagar mais caro e ter a peça por mais tempo do que pagar mais barato e correr o risco de novas quebras. A confiança na Marca também os leva a adquirir somente peças genuínas, pois sabem que terão garantia em caso de falha. Um ponto relevante levantado pelos entrevistados é que a condição de pagamento das empresas que vendem peças genuínas é inflexível e isto lhes prejudica o fluxo de caixa, porém deixam para buscar prazos em outros itens como combustível, pneus, e outras peças do veículo que não seja o motor, considerado o componente mais importante por eles. Assim como os outros entrevistados os dois enxergam a agilidade e o dinamismo como algo fundamental para a escolha de seus fornecedores. Deve haver segundo eles comprometimento nas respostas técnicas e comerciais, além de informações precisas e rápidas quando solicitado às montadoras. 70 Já o suporte comercial e técnico tem importância mediana, visto que não há uma estrutura para receber visitas e ou tempo disponível para visitar as empresas. A conclusão que se faz com as pesquisas referentes a esse grupo é que por se tratar de pessoas que dependem financeiramente apenas de seus veículos, eles fazem o possível para que seu caminhão circule pelo maior tempo possível com o maior custo versus beneficio do mercado. Os dois entrevistados desse grupo já tiveram problemas com peças paralelas e o prejuízo fora grande. Atualmente dão preferência aos itens genuínos, mesmo que tenham que arcar com um custo maior para obtê-los. Outro ponto que os levam a buscar itens genuínos é a confianças nos fornecedores desse tipo de componentes, uma vez que detém as informações técnicas precisas e prontas a serem divulgadas, além da segurança de ter seu veículo com as mesmas peças de produção. Comentários dos entrevistados possuidores de 1 à 2 caminhões que adquirem peças originais O grupo de transportadoras entrevistadas que possuem de 1 à 2 caminhões e preferem comprar peças originais representa 25% dos entrevistados nessa categoria. Para eles o que mais importa na hora da aquisição de peças são as facilidades comercias, tais como condições de pagamento e principalmente preço. As pesquisas possibilitaram a compreensão de que para este grupo as diferenças entre as peças genuínas e as chamadas originais são as menores possíveis no que tange a qualidade do material comprado. 71 Os entrevistados afirmaram que o preço da peça original é muitas vezes 30% mais barata que uma peça genuína. Outro dado importante é que estariam dispostos a pagar até 20% a mais, para ter uma peça genuína, porém essa redução deve ser acompanhada de boas condições de pagamento, visto que o mercado original lhe oferece prazos de 30 à 60 dias. A disponibilidade é outro fator que afeta os motoristas no pós-venda. Eles dão preferência para este tipo de produto (original) porque o encontram com maior facilidade. Essa informação, porém, contradiz com a realidade do mercado, uma vez que as pesquisas mostram que a disponibilidade para as peças em questão é igual em qualquer canal, tanto genuína como originais e paralelas. Onde o índice de 98% aparece para as três categorias, sendo assim esse não deveria ser um fator decisivo na compra. Já quanto à durabilidade dos componentes, eles responderam que a importância é alta, contudo está atrás das condições comerciais. Ficou claro que esse não é o ponto crucial na aquisição, assim como a garantia. Ela aparece num bom patamar, entretanto, sabe-se que o canal que proporciona melhor garantia é o genuíno com períodos de seis meses a um ano. A confiança na marca adquirida é mais um ponto a ser observado, uma vez que sua nota é considerável. Como citado anteriormente esse grupo não vê grandes diferenças entre as peças genuínas e originais, contudo quando questionado se há diferenças nas formas de fabricação e nos padrões de qualidade, eles responderam que acreditam que não são feitos os mesmos testes para as duas categorias. Os suportes técnicos e comerciais não afetam na decisão da compra, eles não conseguem receber visitas e tão pouco visitar as empresas fornecedoras desse tipo de peças de reposição. A conclusão que se faz é que este grupo não tem grandes informações de mercado, visto que a melhor condição de pagamento é oferecida pelo mercado paralelo, no qual os prazos chegam até 120 dias. Se o único fator preponderante fosse o preço a escolha poderia ser feita pela utilização de peças genuínas, já que os valores informados conferem com os valores praticados pelo mercado genuíno. Além disso, a durabilidade e garantia também pesam na hora da escolha, porém a condição de pagamento tem maior importância na decisão e faz com que a opção genuína seja descartada neste grupo. 72 Comentários dos entrevistados possuidores de 1 à 2 caminhões que adquirem peças paralelas No segmento peças paralelas, pode-se constatar que a procura por estas peças, se deve principalmente devido ao diferencial preço. Onde ao comparar-se com as genuínas e originais, o preço possui bastante significância de valor inferior. Além do diferencial preço, pode-se citar que as peças paralelas, têm maior disponibilidade e maior prazo de pagamento. O que nos dias de hoje é um fator muito relevante para efetuar qualquer compra. Um tópico que teve destaque na entrevista foi o de garantia, no qual todos os compradores de peças paralelas relataram que buscam garantia nas peças que compram. No entanto esses clientes estão procurando um benefício em um lugar que não existe. Uma solução seria que estes compradores procurassem efetuar as compras em Revendedoras Autorizadas, pois além de adquirirem peças genuínas, estariam tendo a garantia que tanto procuram. Para estes clientes, os tópicos Idade da Frota, Suporte Técnico e Comercial, Durabilidade e Confiança na Marca, não são levados em consideração, pois o que realmente eles almejam, são preços baixos, disponibilidade de peças e diferenciações nas formas de pagamento. Por ter essa flexibilidade na hora de efetuar as compras, faz com que a procura de peças se volte a peças paralelas. 73 7.2.2 Análise Quali-Quantitativa das Respostas do Grupo 2 (3 a 6 caminhões) O grupo entrevistado, cujas frotas consistiam entre 3 e 6 caminhões, a grande maioria independentemente da marca e tipo de peça que compram, afirmaram que a agilidade e o dinamismo, seguido pela disponibilidade eram o fator primordial na escola da peça de sua preferência. Conforme nos mostra a figura abaixo: Figura 17: Grau de Importância na Decisão de Compra GRAU DE IMPORTÂNCIA NA DECISÃO DE COMPRA Agilidade/Dinam ism o Idade da Frota Suporte Técnico Garantia Suporte Com ercial Confiança na Marca Durabilidade Condição de Pagam ento Disponibidade Preço 0 5 ORIGINAL 10 15 PIRATA 20 25 GENUÍNO total da amostra 20 empresas (grupo 2) 30 35 74 Comentários dos entrevistados possuidores de 3 a 6 caminhões que adquirem peças genuínas Este grupo na hora da compra opta por peças genuínas não por questão de preço, pois estas peças têm um preço superior às demais, mas pela disponibilidade de entrega, qualidade da marca e garantia oferecida. Acreditam que comprando uma peça genuína, a empresa está adquirindo uma peça com qualidade e durabilidade garantida e que pode se assegurar que as mesmas não oferecerão problemas em curto prazo. Caso isso ocorra sabem que possuirão acesso ao suporte técnico onde quer que estejam, pois são peças comercializadas em diversas cidades. Com garantia exclusiva. São empresas de pequeno porte que se preocupam com o que estarão colocando na frota. Devido a baixa quantidade de caminhões, se preocupam em ter os mesmos disponíveis no mercado e em bom estado, assim conseguem e podem atender a diversos trabalhos simultaneamente. Comentários dos entrevistados possuidores de 3 à 6 caminhões que adquirem peças originais Dos entrevistados que possuem de 3 à 6 caminhões, são empresas pequenas, porém com uma frota representativa no mercado. A procura desse tipo de empresa é por peças originais. Geralmente são transportes onde a distância é longa e exige-se um pouco mais de força dos caminhões, causando um desgaste maior a vida útil do mesmo. Então, a procura por peças originais, se deve ao preço, disponibilidade e ainda pela forma de pagamento comum ou semelhantes entre vários fornecedores. São empresas que se preocupam com as peças que precisam repor em seus caminhões. 75 Consideram importante a marca e a garantia oferecida. Com relação ao suporte técnico e comercial julgam imprescindível que os suportes prestem um bom serviço, pois percorrem longos trechos e caso haja algum imprevisto gostariam que ter fácil acesso aos suportes. Devido a idade de caminhões foi citado que os mesmos não são novos, são caminhões com alguns anos de uso. Estas empresas procuram agilidade ao comprar peças de reposição, preço justo, disponibilidade de entrega e condições de pagamento condizentes com suas possibilidades. Os entrevistados acreditam não haver diferenciação entre peças genuínas e originais. Comentários dos entrevistados possuidores de 3 à 6 caminhões que adquirem peças paralelas Neste Grupo, o que prioriza a compra das peças, é principalmente o preço que é o principal argumento na hora da compra. Estes compradores procuram peças baratas e com disponibilidade imediata, pois como a frota da empresa é pequena e eles não podem deixar seus caminhões inoperantes, procuram peças de baixo custo, que tenham pronta entrega e que ainda ofereçam um prazo de pagamento flexível. Essa flexibilidade faz com que estes clientes, não se preocupem com a qualidade da peça, mesmo assim, desejam que a peça tenha uma garantia igual a da genuína ou original, que não é igual. Ainda pode-se dizer que eles não procuram um suporte técnico ou comercial, pois a frota da empresa, geralmente é de caminhões com uma vida útil já ultrapassada, mas com condições de executar os trabalhos oferecidos pela empresa. Portanto, mesmo neste grupo apesar de comprarem peças paralelas, eles esperam agilidade e disponibilidade imediata das peças, normalmente esperam receber as peças dentro de algumas horas ou no máximo em um ou dois dias. 76 7.2.3 Análise Quali-Quantitativa das Respostas do Grupo 3 (7 a 50 caminhões) Os respondentes do grupo 3 afirmam que a disponibilidade, durabilidade e suporte técnico são fundamentais na decisão de compra. Conforme a figura abaixo: Figura 18: Grau de Importância na Decisão de Compra – Grupo 3 GRAU DE IMPORTÂNCIA NA DECISÃO DE COMPRA 100% 80% 60% 40% 20% C Pr D eç is on o po di ni çã bi o da de de P ag am en to D ur ab C on ili fia da nç de a na Su M po ar rt ca e C om er ci al G ar Su an po tia rt e Té cn ic Id o ad A e gi d lid a Fr ad ot e/ a D in am is m o 0% ORIGINAL PIRATA GENUÍNO total da amostra 20 empresas (grupo 3) 77 Comentários dos entrevistados possuidores de 7 a 50 caminhões que adquirem peças genuínas Neste segmento os clientes entrevistados optam por peças genuínas preocupam com as peças que estão comprando, levam em consideração a durabilidade da peça e a garantia oferecida. Sabem que comprando peças genuínas, não terão problemas em curto prazo, pois possuem o conhecimento de que essas peças possuem a mesma qualidade que há em um caminhão novo. Consideram de extrema importância os suportes oferecidos, constataram que peças que essas peças possuem garantia e durabilidade confirmada. Os preços destas peças são mais elevados se comparados com as peças paralelas e originais, mas este grupo não leva essa questão em consideração em virtude dos benefícios que lhe são gerados. Quanto a disponibilidade, também não tem interferência, pois suas frotas são grandes e sempre há caminhões que poderão substituí-los em caso de emergência. Comentários dos entrevistados possuidores de 7 à 50 caminhões que adquirem peças originais Neste grupo a procura por peças originais se deve pelo conhecimento as peças de reposição que necessitam colocar em suas frotas. Sabem diferenciar as peças paralelas das originais. Sendo assim consideram que a diferença de preço entre as peças citadas não é tão elevador, mas podem gerar enorme diferença em durabilidade. Estes clientes se preocupam com bom preço, disponibilidade imediata de peça e garantia, mas o fator mais relevante é o tipo de marca da peça, pois constataram após comparações com peças paralelas que as peças originais propiciam maior tempo de uso, menor quantidade de manutenção, durabilidade da peça e do caminhão. Acreditam que entre peças genuínas e paralelas, não há diferença. Apostam também que se necessitar de suportes, poderão obter onde estiverem. 78 Comentários dos entrevistados possuidores de 7 à 50 caminhões que adquirem peças paralelas Neste segmento, estão enquadradas as empresas de médio porte. Transportadoras renomadas e que prestam serviços a importantes empresas. A opção por obter peças paralelas é decidida devido a agilidade em encontrar rapidamente a peças para reposição e devido a quantidade de serviços prestados. Por isso os fatores de preços, disponibilidade de entrega, condição de pagamento diferenciada, são exigências estabelecidas para que a empresa esteja sempre conseguindo prestar os serviços oferecidos. Necessitam de seus caminhões em perfeito estado para manter os caminhões em rotatividade. Conhecem e sabem o tipo de peças que estão colocando em reposição. Sabem que se precisarem de suportes técnicos ou comerciais, não estarão conseguindo, mas pelo preço, podem estar repondo a qualquer instante. 79 Análise Quantitativa das Respostas do Grupo 3 (7 a 50 caminhões) Para este grupo a durabilidade e o suporte comercial são muito importantes, como nos mostra a figura: Figura 19: Grau de Importância na Decisão de Compra – Grupo 4 GRAU DE IMPORTÂNCIA NA DECISÃO DE COMPRA 100% 80% 60% 40% 20% 0% o e ta o o ti a to de ia l r ca eç ad nic en Fr o ran ism ida Pr lid c erc Ma a i m a b é m i b a m a G d T n n ra i na ag Co de po r te ça Du eP e/ D r te Ida po Dis an d d i o u f a p o S n ilid Su içã Co Ag nd o C ORIGINAL PIRATA GENUÍNO total da amostra 20 empresas (grupo 4) 80 7.2.4 Análise Quali-Quantitativa das Respostas do Grupo 4 (+ 51 caminhões) Comentários dos entrevistados possuidores de quantidade maior que 51 caminhões que adquirem peças genuínas Embora os números de entrevistados que utilizam peças genuínas não foram tão expressivos como o esperado, o resultado apurado, demonstra que as grandes empresas tem preocupações parecidas com as dos entrevistados do grupo de autônomos e de empresas de menor porte (3 à 6 caminhões). Com exceção da condição de pagamento que não lhes atraem, os outros quesitos se repetem disponibilidades, durabilidade, garantia etc. A explicação para a não atração por condições de pagamento é que estas empresas preferem pagar à vista ou ter uns dias de prazo para pagar a taxa financeira cobrada para financiamentos. Preço para eles não afeta a compra, mas sim itens ligados à confiabilidade do produto, tais como garantia, suporte técnico, durabilidade e confiança na marca. Aliás, este último teve sua importância máxima nesse grupo, obtendo nota dez. Segundo dois dos seis entrevistados que optam por genuínos, o suporte comercial é o fator de maior importância, visto que sua frota circula por todo o Brasil e não pode sofrer com falta de estrutura no atendimento a qualquer veículo seu, esteja onde estiver. Ainda segundo eles as empresas que vendem genuínos possuem a melhor Rede distribuída no país e a garantia de que seu caminhão seja atendido, lhe faz pagar o preço que for para ter segurança. Além disso, a confiança na marca e a durabilidade dos produtos genuínos têm peso importantíssimo na decisão da compra. Segundo eles os padrões de qualidade estabelecidos pelas montadoras estão acima dos parâmetros utilizados na fabricação dos originais e paralelos. Perguntado se essa diferença é percebida, cinco dos seis entrevistados disseram que sim, pois já tiveram problemas com peças 81 originais e paralelas. Para evitar novos prejuízos se abastece apenas de itens genuínos, mesmo que isso lhes custe mais. A fidelidade na entrega também afeta o relacionamento entre os canais, porém segundo os entrevistados os prazos de entrega estão dentro dos padrões normais, salvo situações esporádicas. Esse dado confere com a pesquisa realizada, pois indica que o índice de fidelidade na entrega é igual para os três canais, genuíno, original e paralelo, chegando ao patamar de 98% de disponibilidade. As visitas do suporte comercial também têm relevância nesse grupo, visto que as promoções e divulgações de novos produtos são feitas durante a visita. Um ponto interessantíssimo observado nesse nicho de frota é que a idade dos veículos é considerada prioritária. Algumas entrevistas que a pedido dos entrevistados não poderemos identificar a empresa, mostram que as grandes transportadoras trocam sua frota antes do término da garantia do veículo, e assim não se utilizam de peças de reposição regularmente. Muitas outras empresas de logística e transportes terceirizaram a manutenção de seus caminhões e não tem controle sobre a utilização das peças nos mesmos. Conclui-se que a maior parcela de cliente que compram genuínos está nesse nicho (acima de 51) porque a cultura nas empresas é diferente, principalmente no que tange preço e condição de pagamento. Para este grupo a durabilidade do equipamento alinhado com o suporte técnico e garantia lhes dão a segurança necessária para tocar sua frota sem maiores prejuízos com seus veículos na maioria novos. O custo x beneficio é visto com bons olhos por estes entrevistados. Mesmo o número sendo inferior aos que adquirem peças por canais originais e paralelos, o número foi o maior entre todas as categorias representando 25% do grupo, 6% do total dos 80 entrevistados e ainda 38% do total que compram peças genuínas. Estão na opção certa uma vez que comprovadamente os itens genuínos tem maior durabilidade, maior tempo de garantia e melhor marca reconhecida no mercado. 82 Comentários dos entrevistados possuidores de quantidade maior que 51 caminhões que adquirem peças originais Assim como para os portadores de 7 a 50 caminhões, a utilização de peças originais lidera a preferência dos entrevistados que possuem acima de 51 caminhões. Não há dúvidas que os proprietários se abastecem desse tipo de opção na maioria das vezes por não conhecerem as diferenças básicas entre os canais de reposição. Incrivelmente a disponibilidade não é o fator fundamental nesse grupo, embora tenha papel importante na escolha do tipo das peças. Segundo os entrevistados a disponibilidade é a mesma em todos os canais para os itens pesquisados. Essa resposta vai de encontro com o estudo feito pelo grupo que aponta 98% de disponibilidade para todos os canais de distribuição. Os itens de maior relevância estão no suporte técnico e garantia. Isto porque as grandes empresas temem não serem atendidas quando necessário. Três dos oito entrevistados disseram que optam por este tipo de produto porque tem frota bem diversificada e com circulação em todo o território nacional. A garantia também afeta na aquisição e consideram que o período de garantia oferecido pelas empresas fornecedoras de material original deveria aumentar. De acordo com as informações dadas por eles, treinamentos técnicos sobre os produtos também são de grande valia para aumentar o conhecimento do usuário e fomentar o uso de peças originais. Confiança na marca e durabilidade tem lugar reservado na preferência dos proprietários, uma vez que para eles não é interessante a diversificação de marcas. Seis dentre os oito entrevistados, compram sempre das mesmas marcas para facilitar os contatos e estreitar relacionamento. Após perguntarmos das diferenças entre os canais de peças, sete entrevistados disseram que só há diferenças entre as peças originas e paralelas. Segundo eles não existem diferenças entre os itens genuínos e originais. Contudo quando perguntado se acreditam que os testes realizados são os mesmos, entraram em contradição, dizendo que certamente os componentes genuínos passam por testes mais rigorosos. 83 Preço e condição de pagamento não é fator decisivo para este grupo, pois trabalham com pagamentos a vista e os preços estão de acordo com o mercado. Para 100% do grupo não há grandes discrepâncias de preço entre os canais e os já citados, como suporte técnico e garantia fazem a diferença na escolha. A conclusão que se faz é que para este grupo o melhor valor agregado está em itens genuínos e não nos componentes originais. Isto porque o melhor período de garantia e o melhor suporte técnico estão no canal genuíno. Se o preço fosse um limitador, a opção deveria ser por peças originais, contudo confiança na marca, durabilidade e suporte comercial são quesitos que podem ser melhor encontrados com os genuínos. Para este grupo está totalmente descartada a opção por peças paralelas, visto que segundo gráfico esse grupo de entrevistados opta sempre por peças originais. Os entrevistados desse grupo conhecem bem o mercado de reposição de peças para motores, uma vez que 100% disse que só utilizam peças paralelas para carroceria e outras partes do caminhão. Quando se trata do motor os itens escolhidos são originais, onde a qualidade, segundo eles é superior a do paralelo e igual à do genuíno. Conclui-se que falta neste caso uma aproximação maior do mercado genuíno junto a esses clientes, com a finalidade de apresentar-lhes o valor agregado de seus produtos bem como as diferenças entre os canais. Outro ponto a favor dos genuínos é a confiança na marca, visto que segundo gráfico levam vantagem sobre os outros mercados. Já para o mercado original, para manter seus clientes sempre fiéis, é necessário estudar os períodos de garantia e melhor localização da sua Rede. Além disso, realizar treinamentos com a equipe de frotistas desse porte pode ajudar a consolidar a marca perante os usuários. 84 Comentários dos entrevistados possuidores de quantidade maior que 51 caminhões que adquirem peças paralelas A menor representação do Canal Paralela está nesse grupo. A grande explicação está na sensibilidade dos “compradores” em buscar itens antes de tudo duráveis e com garantia. Percebe-se que do grupo que possuem mais de 51 caminhões os entrevistados tem um grau de conhecimento maior sobre o mercado de reposição e tem um cuidado específico com os veículos da frota. As empresas que abastecem do mercado paralelo o fazem na grande maioria por três quesitos: Preço, disponibilidade e condição de pagamento. Para essas empresas os custos das peças originais e genuínas os fazem buscar a opção paralela. Segundo quatro dos entrevistados a diferença nos preços chegam à 60% mais cara no canal original e genuíno. Essa informação difere da apurada no estudo onde é mostrado que a diferença entre os canais é conforme o gráfico. Os outros dois não tem a informação de forma precisa. Referente à condição de pagamento, as informações conferem, ou seja, o mercado paralelo pratica condições com tempo para pagamento maior (gráfico pág xx). Cinco dos seis entrevistados disseram que desconhecem as diferenças entre os canais e que a qualidade entre elas são semelhantes. Como apurado na entrevista, durabilidade não é algo que preocupa os pesquisados, pois preferem gastar menos, mesmo que isso se repita por mais vezes. Disseram que não encontram problemas com garantia, e quando uma peça falha optam pela substituição imediata. Por este motivo, percebemos porque a disponibilidade é tão importante para eles. Conclui-se que mesmo tendo pequena participação no nicho acima de 51 caminhões, o mercado paralelo ataca com preços baixos e condições de pagamento favoráveis. 85 Mesmo sendo empresas que tem estrutura de compras separada, com profissionais dedicados, a pressão que sofrem de seus patrões para redução de custos faz com que essas transportadoras busquem opções mais baratas de fornecimento. A opção escolhida ainda é a correta, porém isso pode ficar oneroso a medida que sua frota tenha problemas seguidos. Enquanto a falha ocorrer em um caminhão por vez, o impacto não será sentido, contudo se ocorrem falhas simultâneas, a falta de garantia e suporte técnico do mercado paralelo pode levar tais empresas a mudar o tipo de peça escolhida. Não há como dizer que o ideal seria o uso de peças originais ou genuínas, porque o foco dessas cinco empresas está no preço e atualmente o paralelo é o mais competitivo nesse quesito. 86 8. CONCLUSÕES A idéia inicial do estudo era entender o dinamismo do mercado de reposição de peças para motores a diesel, destacando quais seriam os fatores mais importantes no momento de aquisição das mesmas. Além disso entender se após um estudo preliminar em 2006, ocorreram mudanças significativas na compra de peças de reposição. Descobrir ainda se após os investimentos das montadoras, os consumidores passaram a entender o benefício em adquirir um item genuíno. Para obter uma amostra mais confiável, resolveu-se aplicar o estudo nas mesmas peças utilizadas escolhidas em 2006, nos motores de caminhões semipesados. Isso porque essa fatia tem maior representatividade nesse negócio. Também foi escolhido dentre milhares de peças que compõem um motor, focar nos itens de maior giro, ou seja, que vendem com maior freqüência, atrelados a sua importância no contexto do equipamento. Outro dado importante é a separação dos entrevistados por categorias, pois assim foi possível obter uma maior clareza quanto às questões importantes para cada segmento. O conceito que se propaga no mercado de modo geral é que o fator de maior relevância no momento da compra é o quesito “preço”. Após as pesquisas realizadas, concluiu-se que o fator preço tem sua importância, porém não é o único que leva o consumidor a decidir qual tipo de componente usará em seu veículo (genuíno, original ou paralelo pirata). Ficou evidente nas pesquisas que cada grupo pesquisado tem suas preferências e valores. Contudo alguns itens como disponibilidade e condições de pagamento aparecem na maioria das respostas. Para o grupo que possui quantidade menor de caminhões, os fatores comerciais como preço condições de pagamento e disponibilidade são cruciais. Isso se deve ao fato de que para eles o custo nas operações deve ser o mais enxuto possível para 87 que o retorno financeiro seja lucrativo. Como eles não podem diminuir seus gastos com pedágio e combustível tenta minimizar os custos com manutenção, mesmo que isso seja um erro, visto que para eles a durabilidade deveria ter importância vital. A durabilidade evita gastos futuros e possíveis novas paradas, tornando o negócio mais lucrativo. A falta de conhecimento sobre as diferenças entre os grupos de peças de reposição faz com que em alguns casos a compra dessas peças seja feita de maneira aleatória, demonstrando falta cultura neste mercado. A conclusão que se pode fazer é que mesmo com diferentes culturas entre os grupos, a disponibilidade, alinhada com a agilidade comercial, são os quesitos cruciais na decisão do consumidor no momento da aquisição de um componente, seja ele genuíno, original, ou paralelo/pirata. O conceito “preço” continua tendo sua importância, porém não na mesma intensidade com que se prega no mercado, uma vez que na maioria pesquisada, pagaria mais caro para ter a peça no momento certo e com maior qualidade. Embora haja muito trabalho a ser feito por cada grupo, principalmente as montadoras com seus produtos genuínos, o gráfico da pagina 91, mostra que houve um progresso na aquisição desses produtos. Isso se deve ao trabalho de redução de custo das peças além de maior fomento nas diferenças de durabilidade, garantia suporte técnico e vida útil. O conceito de “valor” do consumidor está mudando e isto o leva a buscar produtos que lhe garantam maior custo x benefício, além de maior segurança e confiabilidade nas marcas. As montadoras devem cada vez mais buscar conscientizar o consumidor sobre estes itens e mostrar cada vez mais o real valor de suas peças. Já o setor paralelo deve criar alternativas para não perder parcela significativa no mercado e perder força nesse segmento. Tais alternativas ser desde aumento no período de garantia até melhor qualidade nos componentes. Fora isso buscar entender as mudanças no comportamento do consumidor e seguí-las. Por fim o mercado de reposição de peças para motores a diesel segue seu dinamismo e a concorrência tende a crescer cada vez mais, uma vez que todos os segmentos, genuíno, original e paralelo, não estão satisfeitos com sua fatia atual nesse mercado. 88 9. RECOMENDAÇÕES PARA PESQUISAS FUTURAS Como contribuições para pesquisas futuras, sugere-se que a pesquisa seja aprofundada, podendo também estender o foco para os outros tipos de caminhões, ou seja, caminhões leves, semileves, pesados, etc. Recomenda-se também que a amostra utilizada contenha um número maior de empresas respondentes, pois assim poderia ser feita uma amostra probabilística. Como sugestão final, os futuros pesquisadores poderão utilizar com mais eficiência e menores margens de erro, as entrevistas pessoalmente e em profundidade. 89 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AAKER, David A. “Criando e administrando marcas de sucesso.” São Paulo: Futura, 1996. AAKER, David A. “Como construir marcas líderes”. São Paulo: Futura, 2a. ed., 2002. BROYDRICK, Stephen C. “Valorizando o consumidor: como conquistar clientes e influenciar mercados”. São Paulo: Futura, 1997. CARRIL, Carmem. “A alma da marca Petrobras: significado e potencial comunicativo”. São Paulo: Anhembi Morumbi, 2004. 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Questionário Empresa: Cargo que ocupa: Veículo: Modelo / Marca / Ano: Quantidade de veículos: 1- Considerando as seguintes peças de motores para caminhões a diesel: Pistão, Camisa, Bomba d‟água, bomba d‟óleo e Jogo de juntas. Qual é o tipo de peça que o Sr. (a) costuma comprar? Genuíno ( ) , Original ( ) ou paralelo ( ). Tipo de peça Pistão Camisa Bomba d‟água Bomba d‟óleo Jogo de juntas Genuíno Original Paralelo 2 2- Em uma escala de 0 à 10 enumere por grau de importância qual é o real motivo para a escolha de peça para reposição de motores de caminhões a diesel? Preço 0 1 Disponibilidade Condição de pagamento 2 0 0 Durabilidade 3 1 1 0 4 2 2 1 5 3 3 2 6 7 8 5 6 7 4 4 3 5 6 4 7 5 6 9 10 8 8 7 9 9 10 10 8 9 10 Confiança na marca 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Suporte comercial 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Garantia 0 1 2 3 Suporte técnico 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Idade do 0 caminhão 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Agilidade/ dinamismo 0 1 2 4 3 5 4 6 5 7 6 8 7 9 8 10 10 10 9 10 3 - Preço a) O Sr. (a) saberia nos informar a diferença de preço entre as peças que compra e as outras? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ b) Quanto o Sr. (a) pagaria a mais para comprar uma peça____ ou _________? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 4 - Disponibilidade a) Qual é o prazo máximo que o Sr. (a) aguardaria pela peça procurada? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 3 5- Condição de pagamento a) Qual a forma de pagamento que mais atrai a sua empresa? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 6 -Durabilidade a) Em sua opinião qual é a comparação de durabilidade entre peças genuínas, originais e paralelas? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ b) O Sr. (a) acha que são feitos os mesmos testes nas peças genuínas, originais e paralelas? Comente. ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 7- Confiança na marca a) O que o Sr. (a) espera comprando uma peça do tipo de sua preferência? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 8- Suporte comercial a) Que influência que o vendedor tem na sua opção de compra? Bastante Média Não tem influência b) As visitas do suporte comercial refletem na sua decisão de compra? Interferem muito Interferem pouco Não interferem 9- Garantia a) Qual o tempo de cobertura referente a garantia que o Sr. (a) considera ideal? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ b) Que tipo de cobertura a garantia deve proporcionar à sua empresa? Integral ( todo o caminhão) Parcial (motor) Somente a peça 4 10- Suporte técnico Qual serviço técnico que o Sr. (a) julga mais importante? Treinamento externo Rede / localização Suporte técnico 11- Idade do Caminhão a) A sua empresa faz uso do mesmo tipo de peças para reposição para motores a diesel na manutenção de caminhões semi-novos e usados? Comente ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ b) O Sr. (a) espera que a qualidade da peça influencie na vida útil do caminhão? Comente. ___________________________________________________________________ __________________________________________________________________ 5 ANEXOS Pesquisas da Revista Jornauto A Revista Jornauto foi lançada em 1989 com a finalidade de ajudar os empresários ligados à industria automotiva a terem uma visão completa e realista do mercado através da divulgação de pesquisas e matérias jornalística sobre o setor automotivo e a indústria de autopeças, as quais irão ajudá-los a tomarem decisões administrativas e de compras, baseados nos dados de uma publicação segura e confiável. As peças de reposição são a alavanca que move o mercado de peças de reposição para a indústria automobilística. Com a finalidade conhecermos melhor este mercado, fizemos várias buscas por literatura especializada e encontrado além do Sindipeças, já mencionado anteriormente, o site da revista Jornauto. Este site traz artigos de excelente qualidade e confiabilidade sobre o setor automotivo, não somente de autopeças, como também linha automotiva geral para todos os setores. Suas pesquisas são elaboradas a partir de um cadastro próprio com mais de 10.000 empresas, as quais adquirem peças de reposição para sua frota, entre outros itens. A revista Jornauto é uma importante publicação editorial do setor automotivo, de acordo com o gráfico a seguir, ela expõe a participação do setor de caminhões no conjunto de suas reportagens, o que ressalta a sua relevância para o estudo e a importância dos dados por ela fornecidos. 6 Figura 20: Jornauto – principais segmentos de pesquisa Fonte: Revista Jornauto – www.jornauto.com.br Em relação ao gráfico acima 50% das pesquisas reportagens e são sobre o transporte de carga e de passageiros, seguido pelas oficinas e postos autorizados que representam 15% do total de informações selecionadas. A circulação da Revista Jornauto é nacional, possui pesquisadores distribuídos em vários estados do Brasil, que são responsáveis pelas pesquisas, coleta de dados e reportagens, que são editadas pela mesma, revelando às empresas de vários setores a realidade do mercado. Há 16 anos no mercado, ela consolidou-se através da divulgação de uma imagem segura, confiável, com ampla experiência, a qual os empresários buscam quando precisam tomar decisões para suas empresas. Suas pesquisas e reportagens referem-se ao setor de caminhões leves, médios, pesados, ônibus, indústria de autopeças, equipamentos, comércio de autopeças e serviços em geral e outras categorias de carros particulares e de empresas. Apresenta-se a seguir os resultados de pesquisas de campo realizadas pela Revista Jornauto em 2005 e 2007. Essas pesquisas são relevantes para o estudo, pois mostram a opinião do consumidor final, porém elas diferem da pesquisa realizada para este trabalho, pois não são focadas somente nas empresas, cuja frota é analisada refere-se aos caminhões semipesados. Trata-se de uma pesquisa com maior amplitude e mais abertura, abordando vários tipos diferentes de consumidores e veículos. Dentre os dados que serão relevantes entre o estudo e as pesquisas da Revista Jornauto, destaca-se que a pessoa responsável pela decisão de compra é um dos 7 dados mais importantes, dessa maneira, localizou-se que a mesma pesquisa foi realizada pela Revista Jornauto em 2005, foram enviados aproximadamente 10.0000 questionários para as empresas que constavam na base de dados deles. O retorno referente à questão “quem decide a compra de peças de reposição?” que poderá ser visualizado na figura abaixo: Figura 21: Quem decide a compra das peças Fonte: Revista Jornauto – www.jornauto.com.br Assim sendo, os proprietários ou donos do negócio são os principais responsáveis pela decisão de compra, seguidos dos gerentes. Devido ao grau de responsabilidade destes dois decisores, normalmente a decisão de compra, avaliará os resultados em longo prazo para a empresa, essas pessoas estão mais preocupadas em adquirir peças que aumentam a vida útil do seu veículo e que em longo prazo tragam menos custos adicionais para as mesmas. Nesta pesquisa, foi questionado qual era o ramo de atividade e a grande totalidade está concentrada no transporte de carga, ou seja, utilizam caminhões, suas respostas refletem a opinião das empresas do segmento que se está analisando que é o transporte de carga, através de caminhões, veja resultado na figura abaixo: 8 Figura 22: Principais ramos de atividade Fonte: Revista Jornauto – www.jornauto.com.br Devido à importância e a participação do transporte de carga na economia brasileira, a quantidade destes veículos que trafegam pelas nossas estradas também não poderia ser insignificante, observa-se na figura a seguir que o transporte rodoviário, principalmente o de carga representa 48,7% do total de veículos que cruzam o país todos os dias. Figura 23: Tráfego principais tipos de veículos Fonte: Revista Jornauto – www.jornauto.com.br A maior parte das empresas participantes 29,5% são empresas pequenas, que possuem até 10 caminhões, normalmente, são os caminhoneiros autônomos e as pequenas empresas, cujo proprietário é o responsável por todas as decisões, e as empresas de porte médio com capacidade entre 11 e 100 veículos, caracterizadas por pertencerem a poucos sócios e serem capital de origem nacional, as quais não possuem muitos recursos financeiros e também têm mais dificuldades em adquirir empréstimos, incentivos e benefícios fiscais do governo. Precisam arcar com os custos com recursos próprios e para estas empresas o caminhão parado é prejuízo certo, eles precisam que sua frota esteja 100% circulando, de acordo com as porcentagens da figura abaixo: 9 Figura 24: Empresas participantes por quantidade de veículos Fonte: Revista Jornauto – www.jornauto.com.br A manutenção dos veículos também é muito importante, principalmente considerando que mais de 50% dos respondentes da pesquisa estão classificados entre pequenas, medianas e de médio porte, mostrada na figura a seguir, onde é feita a manutenção: Figura 25: Onde efetua a manutenção do veículo Fonte: Revista Jornauto – www.jornauto.com.br Pode-se a partir dos dados da figura acima, comprovar que 49% dos respondentes fazem a manutenção própria, ou seja, volta a confirmar a hipótese da falta de recursos e da dificuldade de obter recursos externos, por este motivo, faz-se necessária a redução dos custos, e um dos setores onde há mais despesas é com a manutenção e a compra de peças de reposição que normalmente são bastante caras. No quesito preferência do consumidor pelas marcas das peças, nota-se que as peças denominadas originais possuem 44,1% de participação de preferência do mercado, isso ocorre porque para a maioria das empresas as peças originais são tão 10 boas quantos as peças genuínas, fornecidas pelo fabricante. Não são todas as empresas que têm conhecimento de como são feitos os testes e controles de qualidade, mas quase todos eles têm consciência de que os fabricantes de peças originais mais conhecidos são os mesmos fabricantes que fornecem as peças genuínas para as montadoras, logo, eles concluem que é utilizada a mesma linha de produção e os mesmos processos na fabricação das peças genuínas e nas originais. Figura 26: Preferência do Consumidor em Relação às Peças Fonte: Revista Jornauto – www.jornauto.com.br Utilizar-se-á para as figuras a seguir dados da pesquisa realizada recentemente pela Revista Jornauto em 2005 com aproximadamente 400 empresas, noat-se que estas informações estão atualizadas e contribuirão muito para entendermos comportamento de compra e consumo de peças de reposição pelo consumidor final, independemente de qual tipo de frota ele possui. Na figura a seguir, podemos notar que dois anos após a realização da pesquisa, ocorreu uma sensível mudança no comportamento de compra e consumo de peças de reposição, as principais diferenças poderão ser observadas na figura abaixo: 11 Figura 27: Preferência da origem na aquisição de peças Quantidade da amostra: 400 empresas de setores diversos Fonte: Revista Jornauto – www.jornauto.com.br Nota-se que a oscilação na preferência pelas peças originais e genuínas tente um pequeno avanço, ou seja, o setor não perdeu a sua parcela de consumidores fiéis e ao mesmo tempo conseguiu conquistar consumidores de outros fornecedores. O crescimento mais significativo, foi na preferência pelas peças remanufaturadas que aumentou sua participação no mercado de 5,3% para 7,2%, ou seja, um aumento de % em 2 anos, tanto a opção por peças recondicionadas cresceu de 1,6% para 3,5%, um crescimento de %, a queda mais significativa ocorreu na preferência pelas peças não originais, ou seja, peças do paralelo e peças piratas, demonstrando que pode estar começando a ocorrer uma maior conscientização das empresas em relação aos custos com peças do paralelo/piratas ou que ocorreu alguma alteração na comercialização das mesmas, que poderia significar um aumento no preço, ou mais facilidade da própria empresa em recondicionar ou remanufaturar as suas próprias peças e com esta medida diminuir os custos. Também a opção de deixar a critério da oficina sofreu uma queda, que também simboliza a preocupação da empresa, seja com as peças que serão utilizadas, seja com os custos de manutenção. 12 Durante a pesquisa observou-se que algumas empresas não conseguiam distinguir claramente a diferença entre as peças remanufaturadas e as peças recondicionadas, ou seja, como já dito anteriormente, peças remanufaturadas são recuperadas pelos próprios fabricantes das peças, o que garante maior confiabilidade e as peças recondicionadas, são recuperadas por empresas/terceiros que não são os fabricantes originais das peças. Por este motivo foi feita a pergunta, respondida pela figura abaixo: Figura 28: O que o Sr. entende por “peça remanufaturada”? Quantidade da amostra: 400 empresas de setores diversos Fonte: Revista Jornauto – www.jornauto.com.br Pode-se então afirmar que 29,2% dos entrevistados, não sabiam que peças, chamadas remanufaturadas, somente obtém essa denominação quando são restauradas pelos próprios fabricantes, o que gera um desvio, uma margem de erro nas respostas que definem a porcentagem de preferência por peças remanufaturadas. Porém esse desvio, não altera os valores das demais opções, somente interferirá nas porcentagens referentes às peças remanufaturadas e nas recondicionadas. Prevalecendo, portanto, a mudança de orientação do mercado para o uso de peças remanufaturadas e recondicionadas, em relação às chamadas peças paralelas e piratas. Para identificar a importância da preferência do uso de peças remanufaturadas e peças novas, as respostas obtidas deram origem aos dados da figura abaixo: 13 Figura 29: Preferência das peças remanufaturas em relação às peças novas Quantidade da amostra: 400 empresas de setores diversos Fonte: Revista Jornauto – www.jornauto.com.br Há uma predominância na preferência pelas peças novas, todavia não pode deixar despercebido o crescimento da preferência pelas peças remanufaturas, isto significa 33,1% do mercado. De acordo com outras informações que foram obtidas através das entrevistas e leituras via Internet, há uma tendência a para o aumento da preferência pelo uso de peças remanufaturadas, principalmente quando a peça nova é muito cara. Essa pesquisa também trouxe uma informação muito importante, que define qual a preferência das empresas pelas marcas de motores; 29,9% das empresas preferem os motores da MWM, a qual comprou em 2005, a empresa International, ou seja, ela possui além dos 29,9% também os 7,8% da International, assumindo assim a liderança na preferência com 37,7%, seguida pela Daimlerchrysler (Mercedes-Benz) com 22,4% do mercado e a terceira posição ficou para a empresa Cummins com 14,7% da preferência. Figura 30: Preferência marcas de motores a diesel Fonte: Revista Jornauto – www.jornauto.com.br 14 A empresa MWM aparece também como maior fabricante de motores a diesel dentre os veículos pertencentes às frotas das empresas entrevistadas, ou seja, 29,8% dos motores, que somados aos 33% de participação da empresa International, a deixam na liderança com 62,8%, enquanto a DaimlerChrysler aparece com 14% da quantidade de motores das empresas entrevistadas. Figura 31: Participação da empresa de acordo com a produção de motores Quantidade da amostra: 400 empresas de setores diversos Fonte: Revista Jornauto – www.jornauto.com.br Foi inserida a seguir uma figura que mostrará se as empresas mantêm um contrato para manutenção de sua frota: 15 Figura 32: Quantidade de empresas que mantêm um contrato de manutenção Quantidade da amostra: 400 empresas de setores diversos Fonte: Revista Jornauto – www.jornauto.com.br De acordo com a figura acima, a maioria das empresas 84,1% não possuem um contrato de manutenção, e nota-se que a quantidade de empresas que mantêm contratos com oficinas independentes e com concessionários é muito próxima, ou seja 7,0% mantêm com oficina independente e 6,1% mantêm com as concessionárias. Por outro lado, as empresas que mantêm o contrato de manutenção com o fabricante, representam somente 2,3% do total, e com a rede autorizada é quase inexpressiva, isto é, 0,5% da amostra. Da mesma maneira que observa-se o crescimento da preferência por peças originais e o crescimento do mercado paralelo, pode ser notado que após o período de garantia do fabricante, as empresas optam por realizar os serviços de manutenção através de oficinas próprias (38,7%) e nas oficinas independentes (31,0%), pois assim elas poderão diminuir os custos e gastos e ter o controle e mais agilidade na realização de serviços de manutenção, troca de peças, reparação e outras atividades relacionadas com o veículo. Apenas 8,5% dos entrevistados procuram a oficina autorizada para realizar os reparos após a garantia. Veja a figura abaixo: 16 Figura 33: Onde realizam serviços após a garantia Quantidade da amostra: 400 empresas de setores diversos Fonte: Revista Jornauto – www.jornauto.com.br Nesta pesquisa de 2007, foi repetida a pergunta para testar se o consumidor sabia o que é uma peça remanufaturada, ocorreu uma alteração, pois foi acrescentada a peça recondicionada. Veja na figura a seguir, que ocorreu uma pequena alteração, pois em 2005 das empresas entrevistadas 70,8% souberam a resposta correta, em 2007, a porcentagem diminuiu para 66,4% das empresas que sabiam que a peça remanufaturada é restaurada pelo próprio fabricante. Em relação às peças recondicionadas, o percentual de acerto foi maior, portanto 84,1% dos entrevistados sabiam que peças recondicionadas são restauradas por outras empresas e não pelo fabricante, apenas 15,9% acharam que o recondicionamento de autopeças era feito pelo fabricante. Conforme figura abaixo: 17 Figura 34: O que você entende por peça Remanufaturada e Recondicionada? Quantidade da amostra: 400 empresas de setores diversos Fonte: Revista Jornauto – www.jornauto.com.br Para finalizar as empresas escolheram as melhores marcas no setor caminhões, autopeças e pós-vendas. Os dados obtidos nos ajudaram a identificar que a Mercedes-Benz é considerada uma referência, ou seja, a marca que está no topo da pirâmide de marca, quando o assunto é caminhão. Para o setor de autopeças, a preferência foi para a Metal Leve, fabricante de componentes com 15,8% da preferência. No pós-venda, que é coração do mercado de peças de reposição, em uma escala de 0 a 10, a Volvo recebeu a pontuação 7,53, como referência neste serviço. De acordo com a figura abaixo: 18 Figura 35: Empresas que inspiram maior confiança Fonte: Revista Jornauto – www.jornauto.com.br Por causa da importância do pós-venda no mercado automotivo, a pesquisa teve também o objetivo de identificar quais são os atores mais importantes que o consumidor final busca ao escolher a marca de sua preferência. Na tabela a seguir, estão listados os fatores de acordo com o grau de importância na decisão de compra: 19 Tabela 11: Fatores de escolha do melhor pós-venda Grau de importância dos fatores na escolha do melhor pós-venda a) Maior presença na região (número de pontos de atendimento) 14,5% b) Disponibilidade de peças 14,0% c) Rapidez na execução do serviço 10,7% d) Execução de todos os serviços 10,0% e) Entrega dos serviços no prazo combinado 8,6% f) Realização de visitas freqüentes 7,6% g) Execução de diagnóstico correto 6,9% h) Oferta de condições de pagamento 6,9% i) Custo conveniente das peças 6,0% j) Custo conveniente dos serviços 4,9% k) Atendimento (call center, telemarketing) 4,4% l) Ações diretas 4,4% Fonte: Revista Jornauto – www.jornauto.com.br 20 Verificou-se que os fatores decisivos para a compra são: maior presença na região (número de pontos de atendimento), disponibilidade de peças, rapidez na execução do serviço, execução de todos os serviços, entrega dos serviços no prazo combinado e realização de visitas freqüentes, dessa maneira, a combinação de todos esses itens resultará na lealdade e fidelidade do consumidor final, pois o mesmo está preocupado não somente com preço, mas também com a prestação de serviços completos, ou seja, como afirma o slogan das “Casas Bahia” – “Dedicação total a você”, o que para o diretor Administrativo das Casas Bahia, significa, satisfazer totalmente o cliente (Logística no Brasil, 2008).