Projecto Educativo da Escola no Estabelecimento Prisional de Paços de Ferreira Índice Página Enquadramento Legal ……………………………………………….. 2 Introdução ………………………………………………………..……. 3 Caracterização do Estabelecimento Prisional ………………….. 5 - Quadro Demográfico da Escola no E.P. em 2006/2007…….. 6 - Caracterização da Escola - Evolução …………………. 7 Identificação e Organização Pedagógica da Escola no E.P. … 10 Declaração da Filosofia …………………………………………….. 11 - Objectivos ………………………………………………… Planos Curriculares ………………………………………………….. 12 13 Disciplinas Extracurriculares: - Educação Física e Desporto ……………………………. 18 - Educação para a Cidadania …………………………….. 20 - Projecto Oficina Teatro …………………………………… 22 - Projecto Oficina Jornalismo ……………………………. 26 - Projecto Oficina Informática …………………………… 31 - Língua e Cultura Portuguesa para Estrangeiros …… 34 - Clube de Línguas ………………………………………… 35 Recursos Físicos …………………………………………………….. 38 Pessoal Docente ……………………………………………………… 40 - Coordenação Pedagógica ………………………………. 42 Caracterização da População Discente …………………………. 43 Plano de Actividades: - Enquadramento ...................................................... 44 - Plano Actividades 2006/2007 ................................... 45 Áreas Prioritárias de Intervenção ……………………………..….. 47 Corpo docente para o ano lectivo 2007/2008 …………………… 47 Da Vida na Escola à Escol(h)a de Vida 2 Projecto Educativo da Escola no Estabelecimento Prisional de Paços de Ferreira ♦ Enquadramento legal Lei nº46/86, de 14 de Outubro Art.º 2 « Todos os portugueses têm direito à educação e à cultura », cabendo ao Estado garantir « o direito à justiça e efectiva igualdade de oportunidades no acesso e sucesso escolares ». Art.º 20 PONTO 1 « Para os indivíduos que já não se encontram na idade normal de frequência dos ensinos básicos e secundário é organizado um ensino recorrente». Despacho Conjunto n.º 451/99, de 1 de Junho Ponto 1.1 « A oferta de ensino deve corresponder às necessidades educativas da respectiva população reclusa e assenta num projecto educativo estruturado em função da vida própria de cada Estabelecimento. Da Vida na Escola à Escol(h)a de Vida 3 Projecto Educativo da Escola no Estabelecimento Prisional de Paços de Ferreira I NTRODUÇÃO «A autonomia da escola concretiza-se na elaboração de um projecto educativo próprio, constituído e executado de forma participada, dentro de princípios de responsabilização dos vários intervenientes na vida escolar e de adequação a características e recursos da comunidade em que se insere.» Partindo do conhecimento da escola e da comunidade em que está inserida, a concepção e realização do Projecto Educativo de Escola exigiu a participação de todos os membros da comunidade de modo que de forma directa ou indirecta se sintam implicados na acção educativa. Este P.E. foi uma oportunidade única da Escola se organizar e desafiar na sua capacidade de autonomia, mobilizar todos os intervenientes na acção educativa e construir o caminho a seguir. Só assim será possível deixar-se envolver por uma assumida vontade política e por uma consistente prática pedagógica. Ensina-nos a vida que muitas vezes o PEE é concebido e preparado por uma pessoa ou por um grupo restrito, aprovado pelo Conselho Pedagógico, afixado oficialmente na sala de professores. Outras vezes é o somatório de um aglomerado mal definido de projectos, clubes e ateliers existentes na escola. Cumpre-se desta forma um decreto, mas a Escola em nada muda. Em nada se altera, para ninguém serve. Não existem projectos-padrão, o Projecto Educativo constrói-se com pessoas. Cada escola é uma realidade específica assim como a comunidade em que se insere. Isto não significa que não haja elementos básicos imprescindíveis a considerar, como sejam a composição da equipa de trabalho, o Da Vida na Escola à Escol(h)a de Vida 4 Projecto Educativo da Escola no Estabelecimento Prisional de Paços de Ferreira conhecimento da escola e do meio, a descoberta dos problemas, das necessidades e das potencialidades, a atitude construtiva face ao futuro, a capacidade de avaliação progressiva das etapas que se vão percorrendo. Como quase tudo na vida, também o Projecto Educativo corre risco de ser uma moda pedagógica, ao sabor do gosto do momento. Teria um estatuto efémero e a ninguém aproveitaria. Para que isso não aconteça, importa embarcarmos numa lógica de acção. Por isso, se definem áreas prioritárias de intervenção, pelas quais mais facilmente se poderá “visualizar” as intenções e intervenções da escola. Também só assim a avaliação se tornará um momento-chave, reflectindo sobre as prioridades. Em conclusão: todo o projecto é um processo dinâmico, envolvente e interactivo, e nunca um acto ou uma soma de actos. Deverá ser uma unidade e um todo, com significado e com vida. Da Vida na Escola à Escol(h)a de Vida 5 Projecto Educativo da Escola no Estabelecimento Prisional de Paços de Ferreira C ARACTERIZAÇÃO DE DO E STABELECIMENTO P RISIONAL P AÇOS DE F ERREIRA O Estabelecimento Prisional de Paços de Ferreira situa-se no lugar de Bouças Novas, nas imediações do nó da auto-estrada A42,no Alto da Serra da Agrela, freguesia da Seroa, e dista cerca de 8 Km da Sede de Concelho a que pertence – Paços de Ferreira. Inaugurado em 28 de Setembro de 1957, com designação de Cadeia Central do Norte, recebe os primeiros reclusos em Dezembro do mesmo ano. Em 11 de Junho de 2003 entrou em funcionamento um novo edifício com 3 alas para 100 reclusos cada uma, denominado “Pavilhões Complementares”. Com esta nova construção a lotação do estabelecimento passou a ser de 870 reclusos. É uma cadeia com características específicas destinada a receber indivíduos do sexo masculino em cumprimento efectivo de pena de prisão. No edifício antigo os reclusos estão alojados em celas distribuídas pelas Alas A e B, que se encontram ligadas a um Corpo Central. No edifício novo estão distribuídos pelas Alas 1, 2 e 3, sendo que entre elas não existe comunicação. Perspectivando a futura reinserção social do indivíduo , a diminuição dos efeitos nefastos decorrentes da reclusão, o gerir de conflitos e o controlo dos mesmos no E. P. P. F., existem sectores de ocupação laboral, formação profissional e ensino. Da Vida na Escola à Escol(h)a de Vida 6 Projecto Educativo da Escola no Estabelecimento Prisional de Paços de Ferreira A escola é, no momento, um sector que ocupa um número significativo da população prisional, sendo também do conhecimento geral que tem reflexos em todo o meio prisional. Assim, é nossa preocupação oferecer à comunidade escolar as melhores condições de trabalho, no sentido de conseguir que os alunos / reclusos atinjam os seus objectivos, proporcionando-lhes desta forma uma melhor integração na comunidade prisional e futuramente uma melhor reinserção social. Quadro Demográfico da Escola no E.P. no ano lectivo 2006/07 Ní vel Ensino TURM AS Nº de ALUNOS 1º Ciclo 2º Ciclo 3º Ciclo CA C AN W1 W2 EF A 1R 1R N 19 18 30 11 16 35 35 39 22 41 17 8 63 52 2R Secundário Total 3R 2P CS HP1 11 26 28 8 16 242 32 32 8 31 345 Inicio ano lectivo Nº de ALUNOS Inicio 2º Período PROFESSORES 2 5 Da Vida na Escola à Escol(h)a de Vida 20 27 7 Projecto Educativo da Escola no Estabelecimento Prisional de Paços de Ferreira CARACTERIZAÇÃO DA E SCOLA Evolução O ensino oficial nos Estabelecimentos Prisionais foi criado pelo Despacho Conjunto n.º 211/79, ao abrigo do qual em 1980/81 foi iniciado o ensino primário no E. P. P. F., tendo em 1982/83 sido formada uma turma do ensino preparatório. No ano lectivo de 1983/84, ao abrigo do Despacho Conjunto n.º 112/ME/MJ/83, foi iniciado o ensino secundário com o funcionamento de uma turma do 7º ano unificado que prosseguiu os seus estudos até ao 9º ano. Tendo-se constatado que seria mais vantajoso para os alunos frequentarem o Curso Geral Liceal Nocturno, dado que, quando em liberdade, lhes possibilitaria o prosseguimento de estudos sem estarem sujeitos a tabelas de equivalência, foi pedido à Direcção Geral do Ensino Secundário autorização para o funcionamento do referido curso. Aceite o pedido, os alunos que em 1985/86 concluíram o 9º ano ingressaram no Curso Complementar Liceal Nocturno e os que pela primeira vez se matricularam na escola iniciaram o Curso Geral, a cujo currículo, pela natureza das disciplinas e a sua utilidade para esta população, foram acrescentadas as disciplinas de Trabalhos Oficinais e Religião e Moral. No ano lectivo de 1986/87 foi assinado um protocolo entre a Escola Secundária de Paços de Ferreira, o Estabelecimento Prisional e o Pólo do Porto do Projecto Minerva, o que possibilitou a criação de “ Núcleo de Informática da Escola Secundária de Paços de Ferreira”. De entre outros, o seu principal objectivo era o de proporcionar aos alunos alguns conhecimentos básicos de informática, visando contribuir para a sua valorização pessoal e futura integração na sociedade. Os objectivos foram conseguidos, já que o Núcleo foi crescendo, foi-se alargando a sua acção a todo o E. P., foi abarcando outros objectivos mais amplos e práticos, encaminhando-se mesmo numa perspectiva de Da Vida na Escola à Escol(h)a de Vida 8 Projecto Educativo da Escola no Estabelecimento Prisional de Paços de Ferreira ensino profissionalizante. Daqui foram saindo pessoas que, lançando mão dos conhecimentos adquiridos, puderam encontrar uma solução para a sua reentrada na sociedade. Mais tarde, já em condições de se tornar independente da escola, tomou novos rumos, proporcionando o funcionamento de Cursos de Formação Profissional. No ano lectivo de 1988/89, após diligências dos Conselhos Directivos das Escolas e Coordenadores dos diferentes níveis de ensino junto da Direcção Geral dos Serviços Prisionais, a Escola pôde beneficiar dum espaço escolar próprio, mais independente e condigno, facilitador da sua acção educativa. No ano lectivo de 1993/94 foi possível, ao abrigo do Despacho Conjunto nº 303/ME/MJ/92 e graças à boa vontade do Sr. Director Geral dos Serviços Prisionais e do Sr. Director do E. P. P. F., conseguir um Ginásio, o que permitiu a inclusão de um professor de Educação Física na equipa docente. O desporto ganhou então nova dinâmica. No ano lectivo de 1996/97 as instalações desportivas foram enriquecidas com a transformação de um pátio de recreio num polivalente desportivo. No ano lectivo 2003/04, com a abertura dos Pavilhões Complementares que incluem instalações escolares, foi decidido que a Escola passaria a funcionar nos dois pólos. Assim, os 1.º e 2.º ciclos ficaram a ser leccionados nas novas instalações, continuando o 3.º ciclo e o ensino secundário nas instalações antigas. No ano lectivo de 2004/05, e pela impossibilidade de deslocação de um grande número de reclusos, foi necessário pôr a funcionar uma turma de 1.º e 2.º ciclos em cada pólo. Nos anos lectivos, 2005/06 e 2006/2007 e porque o número de alunos assim o justificava, uma vez que nos Pavilhões Complementares existem muito poucos “impedimentos” para os reclusos, houve necessidade de ser criada uma turma de 3.º ciclo, para viabilizar o prosseguimento de estudos dos que concluíram o 2.º ciclo, bem como aqueles que, por motivos de vária ordem, para lá foram transferidos ao longo do Da Vida na Escola à Escol(h)a de Vida 9 Projecto Educativo da Escola no Estabelecimento Prisional de Paços de Ferreira ano, ou os que entraram de novo e desejem frequentar a escola. É, pois uma turma que abrange todos os que tenham condições de frequentar o 3.º ciclo, independentemente da unidade em que se encontrem nas várias disciplinas. No ano lectivo 2007 / 2008 e pelas razões expostas no parágrafo anterior, dar-se-á continuidade ao funcionamento de acordo com o seguinte quadro: Número de turmas previstas para funcionar no ano lectivo 2007/2008 CICLO DE ENSINO PAVILHÃO CENTRAL COMPLEMENTAR 1º Ciclo 1 - Ensino Recorrente 1 - Ensino Recorrente 2º Ciclo 1 - Ensino Recorrente 1 - Ensino Recorrente 1 - EFA B1+2 Marcenaria 3º Ciclo 3 - Ensino Recorrente U.C. 1 - Ensino Recorrente U.C. 1 - EFA B3 Padaria/Pastelaria Secundário 2 - Ensino Recorrente Módulos 1 - Ensino Recorrente Módulos Em cada uma das alas dos Pavilhões Complementares existe um recinto desportivo polivalente. A escola utiliza o polivalente da Ala 3, onde existe também um pequeno ginásio. Foi sempre prática da Escola neste Estabelecimento Prisional a dinamização de actividades desportivas e sócio - culturais pelo contributo que elas oferecem na formação integral do homem. Da Vida na Escola à Escol(h)a de Vida 10 Projecto Educativo da Escola no Estabelecimento Prisional de Paços de Ferreira I DENTIFICAÇÃO E ORGANIZAÇÃO P EDAGÓGICA E STABELECIMENTO P RISIONAL DE P AÇOS DA DE E SCOLA NO F ERREIRA ♦ Director do Est. Prisional – Dr. Hernâni Vieira Responsável pelo Ensino no Est. Prisional – Dr.ª Odete Santos Escola Associada – Escola Secundária de Paços de Ferreira Presidente do Conselho Executivo – Dr. José Valentim Teixeira Sousa Coordenador Pedagógico – Dr. Aurélio Sousa Ferreira ♦ As actividades lectivas no Estabelecimento Prisional de Paços de Ferreira desenvolvem-se em 2 turnos (manhã e tarde), articulando com os horários de funcionamento do Estabelecimento Prisional. Da Vida na Escola à Escol(h)a de Vida 11 Projecto Educativo da Escola no Estabelecimento Prisional de Paços de Ferreira D ECLARAÇÃO DA F ILOSOFIA As características do público e o meio em que a escola se insere ditam o objectivo e tipo de trabalho a desenvolver na escola. Temos de estar conscientes dos efeitos da reclusão, dos problemas daí decorrentes, saber enfrentá-los com naturalidade e adaptar metodologias de trabalho que se adequem às características desta população e do meio em que ela se insere, sem perda de exigência pedagógica. Mais do que meros professores, os agentes educativos terão de ser amigos, de dar especial atenção, de proporcionar a possibilidade de utilizar a grande capacidade criativa dos alunos, de os conduzir à descoberta do “eu sou capaz”, estimulando assim a sua auto-estrada. A escola tem que aceitar os alunos como eles são, mostrando-lhes outros valores, ajudandoos a entender capacidades que eles próprios desconheciam, orientando-os no sentido duma formação/instrução que, sem esquecer a vertente da aquisição de conhecimentos, os torne mais autónomos, responsáveis e críticos numa sociedade em constante mutação. Como professores dentro duma cadeia o ideal, será, pois, conseguir que os alunos, para além de se instruírem, se sintam de novo chamados à vida, actuando e sendo encarados como indivíduos comuns, desenvolvendo uma actividade digna e proveitosa que lhes facilite a sua reintegração na sociedade donde foram segregados pela força das circunstâncias. Da Vida na Escola à Escol(h)a de Vida 12 Projecto Educativo da Escola no Estabelecimento Prisional de Paços de Ferreira OBJECTIVOS Dentro deste contexto definimos os seguintes objectivos: ♦ Criar e/ou desenvolver a capacidade para o trabalho em grupo; ♦ Promover uma dinâmica interdisciplinar de saberes; ♦ Valorizar os saberes / experiências e actividades dos participantes, transformando-os em actores e autores da sua própria formação e planificadores / dinamizadores das várias etapas deste plano; ♦ Dinamizar a interacção com as diferentes comunidades; ♦ Levar à integração activa no desenvolvimento social e cultural da comunidade. Da Vida na Escola à Escol(h)a de Vida 13 Projecto Educativo da Escola no Estabelecimento Prisional de Paços de Ferreira Planos Curriculares Na escola deste Estabelecimento Prisional dar-se-á continuidade ao funcionamento dos 4 níveis de ensino. O 1º ciclo com duas turmas (uma no Pavilhão Central e outra nos Pavilhões Complementares), funciona em regime de mono docência. São leccionadas as áreas de Português, Matemática e Mundo Actual. A avaliação dos alunos é feita de forma contínua e qualitativa. No 2º ciclo, com duas turmas (uma no Pavilhão Central e outra nos Pavilhões Complementares), são leccionadas as seguintes disciplinas: Português; Matemática; Homem Ambiente e Formação Complementar, por professores do grupo de recrutamento 230. A disciplina de Inglês e Formação Complementar por um professor do grupo de recrutamento 220. A avaliação dos alunos é qualitativa e feita de forma contínua. O aproveitamento dos alunos é apreciado trimestralmente. No final do 3º período são qualificados, por disciplina, com Apto ou Não Apto. Curso E.F.A. - B2 (Marcenaria) Os cursos E.F.A. têm duas áreas de formação distintas: a formação de base (com as áreas teóricas de: Língua Portuguesa, Inglês, Cidadania, Matemática e TIC) e a formação profissionalizante (com uma área de competências relacionadas com o curso supra citado). Dada a existência de recursos humanos e técnicos neste E.P. e dado o défice de escolaridade da população reclusa, propõe-se a continuação do funcionamento deste curso no próximo ano lectivo 2007 / Da Vida na Escola à Escol(h)a de Vida 14 Projecto Educativo da Escola no Estabelecimento Prisional de Paços de Ferreira 2008 com a colaboração da Escola EB 2,3 de Paços de Ferreira e o Centro Protocolar de Justiça (CPJ), conforme o mencionado no Ponto 15 do Despacho Conjunto 451/99 para as áreas disciplinares acima referidas com uma carga horária semanal, respectivamente, de acordo com o quadro que se segue: EFA / B 2 (Marcenaria) Início Fim C. Horária Aproximado Aproximado Semanal Matemática 09/2007 06/2008 3h 100 L.Portuguesa 09/2007 06/2008 3h 100 L.E. (Inglês.) 09/2007 06/2008 1,5h 50 Ed. Cidadania 09/2007 06/2008 3h 100 TIC 09/2007 06/2008 3h 100 Áreas Total de Horas No final do curso o formando fica habilitado com o nível escolar do 2.º Ciclo e com a unidade 1 do Curso de Marcenaria Nível II. O total de alunos a frequentar o curso e seleccionados pelo CPJ é de 12. A escola EB 2,3 assegurará a área teórica, sendo a área práticaprofissionalizante assegurada pelo CPJ no E.P. O 3º ciclo , com quatro turmas, (três no Pavilhão Central e uma no Pavilhão Complementar) funciona no sistema de unidades capitalizáveis. O plano curricular relativamente à Formação Geral é o previsto na lei, sendo na área de Formação Técnica oferecida a opção pelas disciplinas de Artes Visuais e Administração Serviços e Comércio. A avaliação dos alunos é feita de acordo com o previsto na lei. Da Vida na Escola à Escol(h)a de Vida 15 Projecto Educativo da Escola no Estabelecimento Prisional de Paços de Ferreira Curso E.F.A. (Padaria/Pastelaria) Os cursos E.F.A. têm duas áreas de formação distintas: a formação de base (com as áreas teóricas de: Língua Portuguesa, Inglês, Cidadania, Matemática e TIC) e a formação profissionalizante (com uma área de competências relacionadas com o curso supra citado). Dada a existência de recursos humanos e técnicos neste E.P. e dado o défice de escolaridade da população reclusa, propõe-se o funcionamento deste curso no próximo ano lectivo 2007 / 2008 com a colaboração da Escola EB3/Secundária de Paços de Ferreira e o Centro Protocolar de Justiça (CPJ), conforme o mencionado no Ponto 15 do Despacho Conjunto 451/99 para as áreas disciplinares acima referidas com uma carga horária semanal, respectivamente, de acordo com o quadro que se segue: EFA / B 3 (Padaria/Pastelaria) Início Fim C. Horária Aproximado Aproximado Semanal Matemática 09/2007 06/2008 4,5h 150 L.Portuguesa 09/2007 06/2008 4,5h 150 L.E. (Inglês.) 09/2007 06/2008 3h 100 Ed. Cidadania 09/2007 06/2008 4,5h 150 TIC 09/2007 06/2008 4,5h 150 Áreas Da Vida na Escola à Escol(h)a de Vida Total de Horas 16 Projecto Educativo da Escola no Estabelecimento Prisional de Paços de Ferreira O Ensino Secundário Recorrente por Módulos, funcionará com três turmas. Nas turmas do 10.º ano ( uma turma a funcionar no Corpo Central e outra nos Pavilhões Complementares) por módulos capitalizáveis será leccionado o curso de Ciências Sociais e Humanas, com os curricula e avaliação previstas na lei. Na turma do 11º ano por módulos capitalizáveis será leccionado o curso de Ciências Sociais e Humanas, com os curricula e avaliação previstas na lei. A avaliação dos alunos é feita de acordo com o previsto na lei. Estes dados, para as turmas de iniciação, poderão ainda ser alterados se as matrículas dos novos alunos o justificarem. Os programas são os que estão em vigor para os vários níveis de ensino. Relativamente ao funcionamento do ensino, são referidas pelos professores como dificuldades a existência de turmas heterogéneas, tendo, por isso, que leccionar um número muito díspar de unidades em cada turma. É de referir que, em virtude da frequente chegada de novos reclusos ao E.P., vão sendo sempre integrados novos alunos ao longo do ano lectivo. O Ensino Secundário Recorrente por Módulos, não se tem revelado adequado ao ensino em Estabelecimentos Prisionais, atendendo à: - especificidade dos alunos; - mobilidade de alunos dentro do E.P. (dois pólos distintos) e transferências entre E.Ps.; - impossibilidade dos alunos se matricularem depois de 31 de Dezembro, o que inviabiliza a integração dos reclusos entrados, bem como daqueles que interromperam temporariamente a frequência escolar para fazerem cursos de formação, que são remunerados; Da Vida na Escola à Escol(h)a de Vida 17 Projecto Educativo da Escola no Estabelecimento Prisional de Paços de Ferreira - impossibilidade dos alunos, ao seu ritmo, progredirem nas diversas aprendizagens; - aumento da carga horária, que se considera desajustada ao contexto prisional. Por força destes considerandos, verifica-se um nível de desistências bastante significativo, o que poderá vir a inviabilizar, no futuro, o funcionamento do ensino secundário, coarctando, assim, o prosseguimento de estudos dos alunos e uma mais fácil reintegração social. Os alunos sentem-se penalizados por não poderem usufruir das actividades extracurriculares, fundamentais neste tipo de ensino. O desajustamento da distribuição horária nas diferentes disciplinas é também notório. A disciplina de língua estrangeira, em que os alunos revelam maior dificuldade na aquisição de competências, é leccionada num único bloco de 90 minutos. Entende, assim, o corpo docente que urge repensar este tipo de ensino, adequando-o à realidade prisional. Quanto à adequação dos conteúdos programáticos, os docentes consideram-nos adequados por permitirem a formação cívica e fornecerem aos alunos os conhecimentos básicos; consideram, no entanto, que os objectivos são ambiciosos para uma parte dos alunos atendendo às condições em que se encontram e à desmotivação que evidenciam. Atendendo às características específicas destes alunos considera-se importante e nuclear o funcionamento na componente lectiva das DISCIPLINAS EXTRACURRICULARES de Educação Física e Desportiva, Educação para a Cidadania, Língua e Cultura Portuguesa para Estrangeiros, Clube de Línguas e as Oficinas de: Teatro ; Jornalismo ; Informática , cujos projectos a seguir se apresentam: Da Vida na Escola à Escol(h)a de Vida 18 Projecto Educativo da Escola no Estabelecimento Prisional de Paços de Ferreira Educação Física e Desportiva Professores responsáveis pela elaboração do projecto: - João Coutinho - Tiago Almeida O desporto promove a saúde e a prática regular do exercício conduz à amizade, respeito e solidariedade. A sua prática desenvolve ainda a interiorização de atitudes de fair-play, civilidade, aceitação e cumprimento de regras. OBJECTIVOS • Avaliação e desenvolvimento da condição física dos alunos. • Conhecimento histórico – evolutivo das modalidades da prática desportiva; estudo e aplicação das regras de jogo • Aperfeiçoamento dos conteúdos técnicos - tácticos. • Desenvolvimento das capacidades coordenativas. • Desenvolvimento das funções motivacionais, capacidades de liderança, auto-confiança e auto-estima, coesão e espírito de conquista. Apelo às funções de solidariedade grupal e fair-play na preparação para a integração na sociedade através das vantagens da prática desportiva. Da Vida na Escola à Escol(h)a de Vida 19 Projecto Educativo da Escola no Estabelecimento Prisional de Paços de Ferreira CONTEÚDOS • Aplicação da bateria de testes: fitnessgram MODALIDADES INDIVIDUAIS • Ginásio – actividades cardiovasculares e de musculação • Atletismo – trabalho de resistência e velocidade. Treino de força (superior / média / inferior) no ginásio com aparelhos e/ou no exterior). MODALIDADES COLECTIVAS • Andebol • Basquetebol • Futebol de 11 • Futsal • Voleibol . Obs.: Aprendizagem, aperfeiçoamento e desenvolvimentos no domínio sócioafectivo (saber estar); psicomotor (saber fazer) e cognitivo (conhecer). Outras modalidades alternativa: - Jogos Tradicionais, Ténis de Mesa e Badminton Obs.: A exemplo dos anos anteriores procurar-se-á, no final da abordagem de cada modalidade realizar intercâmbios (jogos) intra-turmas e com equipas a convidar do exterior nas modalidades enunciadas. Da Vida na Escola à Escol(h)a de Vida 20 Projecto Educativo da Escola no Estabelecimento Prisional de Paços de Ferreira Educação para a Cidadania Professor responsável pela elaboração do projecto: - José Pinto “ Só é educativa a educação que faz crescer o educando” ( Aires Gameiro ) Visando a disciplina uma formação integral, há em termos curriculares e extracurriculares, a preocupação de transmitir um conjunto de valores considerados essenciais para a reinserção social e para a mudança de atitudes dos alunos perante si e perante os outros. Para Ludovice Paixão “a educação para a cidadania constitui uma garantia da democracia e só pode realizar-se em contextos democráticos. Diz respeito a todas as instituições de socialização, de formação e de expressão da vida pública, mas naturalmente, cabe aos sistemas educativos desenvolverem os saberes e as práticas duma cidadania activa”. Ela vai além das quatro paredes da sala de aula e faz-se nos espaços de lazer, bibliotecas, refeitórios, recreios, etc. Da Vida na Escola à Escol(h)a de Vida 21 Projecto Educativo da Escola no Estabelecimento Prisional de Paços de Ferreira A Educação para a Cidadania constitui um conjunto complexo que abarca simultaneamente, a adesão a valores, a aquisição de conhecimentos e a aprendizagem de práticas na vida pública. Assim, as componentes temáticas tratadas ao longo do ano lectivo são: -Relações Interpessoais; -Vida Social; -Saúde; -Ambiente; -Consumo. Quanto aos objectivos, são apontados essencialmente os seguintes: -Educar-se para o ser relacional e social; -Desenvolver atitudes e valores que permitam o exercício da cidadania de uma forma autónoma e responsável; -Tomar iniciativas e fazer opções perante alternativas diversas, responsabilizando-se pelas escolhas efectuadas; -Mostrar-se consciente dos problemas que afectam o indivíduo e a sociedade, empenhando-se na melhoria da qualidade de vida, nomeadamente nos domínios da saúde (problemas relativos a higiene, prevenção de doenças, alcoolismo, toxicodependência ...) Demonstrar compreensão e solidariedade para com grupos de pessoa, valorizando as diferentes culturas. Da Vida na Escola à Escol(h)a de Vida 22 Projecto Educativo da Escola no Estabelecimento Prisional de Paços de Ferreira Projecto da Oficina de Teatro Professores responsáveis pela elaboração do projecto: - Carla Leão - Teresa Côrte-Real “The whole world is a stage and all men and women are merely actors” William Shakespear Esta frase revela a importância que o grande, senão o maior, dramaturgo do mundo deu ao teatro e concumitantemente à vida. É no palco da vida que recolhemos informação e ferramentas para transpor para os palcos do teatro as várias visões, esperanças, ódios e anseios. Nos Estabelecimentos Prisionais, os homens detidos costumam dizer que as suas vidas davam um filme. Porque será que o dizem? Porque será que sentem que os outros deveriam ver, ouvir e sentir as suas “estórias”? A estas e outras perguntas é muito difícil dar respostas. Contudo, por vezes, deixar sair o que está no mais profundo do nosso âmago ajuda a sublimar as dores mais acutilantes, os medos da vida, o torpor dos sentimentos. A oficina de teatro pretende ser um espaço de aprendizagem, reflexão e representação. Aí teremos a realidade de mãos dadas com a ficção. Ficcionar a realidade poder ser a terapia para os males do “ser” e do “estar”. A Oficina de Teatro leva dois anos de existência. A sua actividade, ao longo de todo este tempo, sublinha a importância atribuída à mesma e justifica a necessidade da sua manutenção e até um olhar mais atento a tudo o que a ela diz respeito. A Oficina de Teatro tem por base a vontade manifestada pelos alu- Da Vida na Escola à Escol(h)a de Vida 23 Projecto Educativo da Escola no Estabelecimento Prisional de Paços de Ferreira nos, a colaboração disponibilizada pela Câmara Municipal de Paços de Ferreira e pelo Estabelecimento Prisional de Paços de Ferreira, bem como, o apoio prestado pelo Grupo Teatral Freamundense. O trabalho desenvolvido foi amplamente divulgado pelos diversos meios da comunicação social, o reconhecimento do seu trabalho foi expresso pelos mais diversos agentes sociais e culturais do concelho de Paços de Ferreira. A comunidade aplaudiu, de pé, as actuações desta Oficina. Falou-se de prisões, homens reclusos, reintegração, a necessidade de contribuir mais para a ressocialização daqueles que foram excluídos, ou se excluíram, da sociedade. Tudo isto por si só já seria relevante mas, mais que tudo, é de referir o crescimento individual, a elevação da auto-estima, o perspectivar de saídas outras que não o mundo do crime, a vontade de saber estar e ser que os alunos / reclusos foram demonstrando ao longo de todo este processo. A Oficina de Teatro, sem exagero, funcionou como um grupo terapêutico, os seus elementos interagiram, partilharam sentimentos, medos, ânsias, alegrias, tristezas... vidas. Apoiaram-se uns nos outros, das fraquezas fizeram força, enfrentaram o medo da exposição, da crítica, da eventual hostilidade e saltaram os muros da cadeia, até ao exterior. Aí mostraram o que se aprendeu cheiraram a liberdade e mostraram aquilo que são capazes, quando devidamente motivados e preparados, de fazer. A actividade da Oficina já foi amplamente reconhecida pela Direcção Geral dos Serviços Prisionais e pela Direcção Regional de Educação do Norte. Assim, os objectivos desta Oficina são: • Promover a leitura de poesia e sua interpretação • Criar espaços de debate e reflexão • Incrementar o gosto pela leitura deste tipo de obras literárias • Incentivar a análise crítica do que os rodeia • Reflectir sobre a importância política e social destes textos e do teatro propriamente dito • Promover intercâmbio com o Grupo Teatral Freamundense (GTF) e partilha de saberes Da Vida na Escola à Escol(h)a de Vida 24 Projecto Educativo da Escola no Estabelecimento Prisional de Paços de Ferreira • Assistir a peças de Teatro de outros grupos • Contribuir para uma correcta sociabilização dos alunos/reclusos • Promover a auto-estima • Reforçar o respeito mútuo • Respeitar regras • Incrementar o trabalho em grupo • Proporcionar aos alunos/reclusos situações que permitam desenvolver o espírito de cooperação e solidariedade • Desenvolver a consciência e o sentido estético • Adquirir e desenvolver capacidades nos domínios da expressão e comunicação vocal e corporal • Motivar para a frequência da escola • Levar à cena representações dos alunos/reclusos OFICINA DE TEATRO Esta oficina será constituída por um número mínimo de 5 elementos e um número máximo de 25 elementos. As inscrições serão abertas a toda a comunidade de reclusos e não apenas àqueles que frequentam a escola, de acordo com o ponto 13 do Despacho Conjunto N.º 451/99 de 1 de Junho, emanado dos Ministérios da Justiça e Educação. A oficina deverá ser orientada / dinamizada por dois professores. FUNCIONAMENTO A oficina funcionará na sala de maiores dimensões possível. CRÉDITO HORÁRIO A oficina deverá funcionar em duas sessões semanais de três tempos lectivos cada uma, o que totaliza seis tempos semanais. Da Vida na Escola à Escol(h)a de Vida 25 Projecto Educativo da Escola no Estabelecimento Prisional de Paços de Ferreira RECURSOS • Livros, Jornais, Revistas • TV, Vídeo • Computador • Material de Caracterização • Todo o material necessário para a realização de cenários e guarda-roupa • Espaço para guardar todo o material ACTIVIDADES A oficina pretende, após várias leituras de poesia e peças teatrais, bem como sua dramatização, adaptar e ensaiar uma ou mais peças de teatro a levar à cena em momentos que se considerem oportunos. É também nossa intenção, e em parceria com o GTF, trazer para cá das grades actuações do referido grupo, ir ao exterior ver as suas representações e respectivas instalações. E, se possível, levar ao exterior, nomeadamente à Escola Secundária a(s) representação(ões) da nossa oficina. A visibilidade do trabalho efectuado é fundamental para a auto-estima e reconhecimento do trabalho desenvolvido pelos alunos/reclusos. AVALIAÇÃO Elaboração de um relatório final para apreciação pelos órgãos competentes. Da Vida na Escola à Escol(h)a de Vida 26 Projecto Educativo da Escola no Estabelecimento Prisional de Paços de Ferreira Projecto da Oficina de Jornalismo Professores responsáveis pela elaboração do projecto: - Carla Leão - Mário Meireles “ Diz-me e eu esquecerei Ensina-me e eu lembrar-me-ei Envolve-me e eu aprenderei” Provérbio Chinês Ensinar no contexto prisional não é fácil. A vida numa prisão condiciona comportamentos, atitudes, valores. Por isso, motivar homens privados de liberdade é uma tarefa árdua que requer persistência, abertura de espírito e, sobretudo, iniciativa. Atendendo a tais factos, entendemos que a Oficina de Jornalismo seria uma forma de envolver os alunos/reclusos e, concumitantemente, fazê-los aprender. O trabalho a realizar não será para os alunos, mas sim com eles. Só assim se conseguirá um envolvimento efectivo que permitirá a exequibilidade deste projecto. É nossa intenção fazer os alunos/reclusos perspectivar a vida de uma forma saudável e crítica. Os motores do trabalho a desenvolver serão eles próprios, cabendo aos professores um papel de orientadores e dinamizadores do projecto que é de todos. Da Vida na Escola à Escol(h)a de Vida 27 Projecto Educativo da Escola no Estabelecimento Prisional de Paços de Ferreira FINALIDADES 1. Ampliar e aprofundar o conhecimento e compreensão da realidade do meio envolvente, estabelecendo relações entre o indivíduo e a sociedade que o rodeia 2. Promover o conhecimento de si e do mundo, desenvolvendo uma sensibilidade aos problemas sociais, ambientais, culturais e educacionais 3. Fomentar a escrita e a leitura, valorizando a língua portuguesa no domínio da comunicação e da interpretação e compreensão do mundo 4. Promover a divulgação das diferentes actividades realizadas no processo ensino-aprendizagem 5. Promover a integração de novos saberes-fazer adquiridos e desenvolvidos fora do espaço escolar 6. Promover o desenvolvimento de atitudes de cidadania, responsabilidade e espírito crítico, para a formação integral do indivíduo 7. Promover o espírito de pertença, de entreajuda e partilha 8. Assegurar a periodicidade trimestral do PriJornal (Jornal Escolar que resultou da Oficina de Jornalismo, a funcionar no ano lectivo 2005-2006, entretanto interrompida no ano lectivo 2006-2007, por decisão superior) 9. Manter em actividade o Jornal de Parede, criado em 2006-2007, a partir da criação do PriJornal 10. Manter activa e actualizada a página on-line do PriJornal 11. Promover o gosto pela leitura na população reclusa OBJECTIVOS 1. Desenvolver competências essenciais: 1.1 Seguir uma exposição ou discurso, retendo a informação para depois poder ser utilizada 1.2 Reconhecer a intenção comunicativa do locutor 1.3 Expressar-se de forma fluente e adequada tendo em conta a situação e a intenção comunicativa 1.4 Exprimir pontos de vista, argumentar Da Vida na Escola à Escol(h)a de Vida 28 Projecto Educativo da Escola no Estabelecimento Prisional de Paços de Ferreira 1.5 1.6 Interpretar e utilizar linguagens de natureza icónica e simbólica Reconhecer e transmitir valores culturais, poéticos, religiosos e éticos nas produções de textos 2 Dominar técnicas fundamentais da escrita compositiva: 2.4 2.5 2.6 Seleccionar adequadamente as ideias Planificar e organizar as ideias de forma adequada Usar um vocabulário diversificado e preciso 3 Dominar técnicas de grafismo 4 .Desenvolver capacidades no âmbito das novas tecnologias da informação 5 Promover o intercâmbio com a comunidade escolar e o meio envolvente INTERVENIENTES • • • • Professores da Oficina de Jornalismo Alunos inscritos na Oficina de Jornalismo Outros participantes inscritos/reclusos Eventuais colaboradores: Oficina de Informática e Oficina de Teatro PERIODICIDADE • Trimestral MATERIAL NECESSÁRIO Computadores, disquetes, CDs, programa específico, impressora, tinteiros a cores e a preto e branco, scanner, papel A4 e A3, canetas, lápis, borrachas, cadernos, lápis de cor, tipografia do Estabelecimento Prisional. AVALIAÇÃO • Será feita mensalmente através de inquérito aos intervenientes. • No final do ano lectivo, será apresentado, pelos professores responsáveis, um relatório circunstanciado. Da Vida na Escola à Escol(h)a de Vida 29 Projecto Educativo da Escola no Estabelecimento Prisional de Paços de Ferreira Esta oficina será constituída por um número mínimo de 5 elementos e um número máximo de 25 elementos. As inscrições serão abertas a toda a comunidade de reclusos e não apenas àqueles que frequentam a escola, de acordo com o ponto 13 do Despacho Conjunto N.º 451/99 de 1 de Junho, emanado dos Ministérios da Justiça e Educação. A oficina deverá ser orientada / dinamizada por dois professores. A Oficina de Jornalismo pretende ser um espaço de criação, imaginação e liberdade, ao mesmo tempo que servirá para dar actividade à tipografia que está a ser instalada no E.P., contribuindo para o desenvolvimento de competências dos participantes e, quiçá, para a descoberta de profissões futuras. Esta Oficina ficará a cargo dos professores do Q.N.D. da Escola Secundária de Paços de Ferreira, Mário Meireles e Carla Leão. Considerações finais: Esta Oficina de Jornalismo funcionou no ano lectivo de 2005-2006, com sucesso, não só por ter criado a sua face mais visível: o jornal «PriJornal», mas também, e sobretudo, para os seus intervenientes directos que desenvolveram competência de produção e expressão escrita e ao nível das novas tecnologias de informação, área em que nenhum tinha qualquer conhecimento. O funcionamento em Oficina é, para este público específico, a melhor, mais eficaz e profícua metodologia para o sucesso de qualquer actividade, na medida em que se revela mais motivadora e integradora de todos os saberes-fazer e quereraprender. Na Oficina de Jornalismo, o processo constrói-se de forma participada por todos. Desde aqueles que tinham mais capacidades de domínio da escrita, até aos que, menos dotados, se embrenhavam nos primeiros passos de «fazer notícia», ou até àqueles que se aventuravam no enorme desafio de «apanhar o rato» para processar os textos que produziram, enquanto outros se empenhavam a agrafá-lo ou distribui-lo. E assim o PriJornal e a Oficina de Jornalismo se configuravam como Da Vida na Escola à Escol(h)a de Vida 30 Projecto Educativo da Escola no Estabelecimento Prisional de Paços de Ferreira um processo de optimização de competências, num processo de re-valorização de saberes-fazer que na perspectiva meramente escolar, a escola tem dificuldades em integrar… Todo o processo de concepção, organização, paginação, impressão foi um processo de implicação e cooperação de todos os seus «operários». Todos os números do jornal reflectem esta realidade: trata-se de um jornal que resulta de processos muito rudimentares e artesanais, porque era a este nível que os «operários» se encontravam e não nos parecia necessário, pedagógico e «leal» fazê-lo de modo diferente… porque não seria produto realizado pelos seus «jornalistas». E assim se fizeram os primeiros números do PriJornal, feitos na Oficina pelos seus «operários», durante o ano lectivo anterior. No entanto, neste ano lectivo de 2006-2007, a Oficina de Jornalismo não foi reconhecida e contemplada como tempo lectivo, quer para os alunos, quer para os professores. É claro que, apesar desta dificuldade e contrariedade, o nosso jornal não acabou, tanto mais que já faz parte do quotidiano dos alunos da escola e já vem despertando interesse e curiosidade até de outros públicos, refiro-me, não só aos alunos, professores e demais comunidade educativa da escola associada a este Estabelecimento Prisional, bem como aos próprios familiares dos alunos/reclusos. O PriJornal continua de pé e tem chegado às mãos do seu público, tendo saído à estampa por três vezes, durante este ano lectivo. No entanto, está entregue à boa vontade de uns poucos, tendo perdido os que, com menores competências, deixaram de ser acompanhados e, por isso, ficam de fora do processo. É evidente que toda a dinâmica e envolvência da Oficina se perderam, por força da falta de um tempo e espaço próprios, rotinados e disciplinados. Sim, porque as regras, os hábitos e as rotinas são fundamentais para fidelizar esta população a um projecto, a uma ideia… É por isso que era de toda a conveniência que, de futuro, a Oficina de Jornalismo se visse contemplada novamente nos próximos anos lectivos. Da Vida na Escola à Escol(h)a de Vida 31 Projecto Educativo da Escola no Estabelecimento Prisional de Paços de Ferreira Projecto da Oficina de Informática Professores responsáveis pela elaboração do projecto: - Daniel Gonçalves - Tomás Paiva http://eeppf.com.sapo.pt As Tecnologias de Informação e Comunicação surgem como uma forma de dar resposta a uma necessidade de complementar a formação geral de qualquer cidadão. A ideia subjacente é a de abranger todos os que, de uma forma ou de outra, atingem um patamar de aprendizagem considerado como mínimo essencial. Não podem, portanto, ficar de fora, todos aqueles que não tendo conseguido, pelas mais diversas razões, atingir essa competência em situação de formação regular, o tentem agora por esta via que passamos a explanar. A parte da população que ainda não teve acesso às novas Tecnologias e a situação de reclusão vem dificultar, senão impedir, que essas competências mínimas sejam adquiridas. Também aqueles que possuem conhecimentos informáticos podem com este projecto solidificar, complementar e mesmo adquirir novos conhecimentos. Conjugando as duas vertentes de actuação, o objectivo é o de que, tendo em vista a reinserção social, ser importante que esta população adquira uma mais-valia de saberes e saberes-fazer que é significativa quer no plano pessoal quer no da futura reintegração no mercado de trabalho. A Oficina de Informática pretende ser um espaço de aprendizagem prático e experimental onde se executem trabalhos que recorram a ferramentas e competências entretanto desenvolvidas. É, por isso, importante uma ligação colaborado- Da Vida na Escola à Escol(h)a de Vida 32 Projecto Educativo da Escola no Estabelecimento Prisional de Paços de Ferreira ra às oficinas de, Teatro e Jornalismo, num âmbito interdisciplinar. Os intervenientes devem encarar a utilização das aplicações informáticas não como um fim em si, mas, pelo contrário, como uma ferramenta poderosa para facilitar a comunicação, o tratamento de dados e a resolução de problemas. Assim, esta oficina tem por objectivo: Fomentar a disponibilidade para uma aprendizagem ao longo da vida como condição necessária à adaptação a novas situações e à capacidade de resolver problemas no contexto da sociedade do conhecimento Promover a autonomia, a criatividade, a responsabilidade, bem como a capacidade para trabalhar em equipa na perspectiva de abertura à mudança, à diversidade cultural e ao exercício de uma cidadania activa Fomentar o interesse pela pesquisa, pela descoberta e pela inovação à luz da necessidade de fazer face aos desafios daí resultantes Fomentar a análise crítica da função e do poder das novas tecnologias da informação e comunicação Desenvolver capacidades para utilizar adequadamente e manipular com rigor técnico aplicações informáticas Promover o intercâmbio com as oficinas de Teatro e Jornalismo; Contribuir para uma correcta socialização dos alunos/reclusos Promover a auto-estima Reforçar o respeito mútuo Respeitar regras Proporcionar aos alunos/reclusos situações que permitam desenvolver o espírito de cooperação e solidariedade Incrementar o trabalho de grupo Motivar para a frequência da escola Manter actualizada a página WEB criada este ano lectivo Da Vida na Escola à Escol(h)a de Vida 33 Projecto Educativo da Escola no Estabelecimento Prisional de Paços de Ferreira Esta oficina será constituída por um número mínimo de 10 elementos e um número máximo de 15 elementos. As inscrições serão abertas a toda a comunidade educativa de reclusos que frequentem a escola. A oficina de informática será orientada/dinamizada por dois professores P.Q.N.D da escola. FUNCIONAMENTO A oficina funcionará nas salas de informática, nas instalações da escola. CRÉDITO HORÁRIO A oficina deverá funcionar em duas sessões de dois tempos lectivos semanais em cada um dos pavilhões : Pavilhão Central e Pavilhão Complementar. RECURSOS - Salas de informática constituída por 5 computadores; - Disquetes; - Impressora ligada em rede; - Bibliografia de apoio. AVALIAÇÃO Elaboração de um relatório final para apreciação pelos órgãos competentes. Da Vida na Escola à Escol(h)a de Vida 34 Projecto Educativo da Escola no Estabelecimento Prisional de Paços de Ferreira Língua e Cultura Portuguesa para Estrangeiros Professor responsável pela elaboração do projecto: Sandra Silva As escolas tornaram-se um verdadeiro ponto de encontro de línguas, culturas, modos de estar e de ser completamente diferentes entre si. É neste contexto que a língua portuguesa surge como factor de unificação entre indivíduos oriundos dos quatros cantos do mundo. O curso de Língua e Cultura Portuguesas para Estrangeiros visa a promoção da aquisição de competências básicas de comunicação em português que permita uma melhor inserção do indivíduo na sociedade, que promova o desenvolvimento pessoal, o aprofundamento da cidadania e facilitação de empregabilidade. Com este curso, o indivíduo será capaz de transmitir as suas ideias com correcção e à-vontade, compreender a dimensão intercultural do espaço português, exprimir correctamente opinião em enunciado escrito. O favorecimento da comunicação permite também uma maior abertura de espírito no que toca ao outro e à relação interpessoal que se estabelece. Da Vida na Escola à Escol(h)a de Vida 35 Projecto Educativo da Escola no Estabelecimento Prisional de Paços de Ferreira Clube de Línguas Professores responsáveis pela elaboração do projecto: Ana Maria Fernandes Cristina Borges INTRODUÇÃO As línguas (língua materna e língua inglesa) são um factor essencial à transmissão e apropriação de outros conteúdos disciplinares e, por isso mesmo, determinante do sucesso escolar. O domínio das Línguas está inerente ao complexo processo ensino/aprendizagem. A criação do Clube de línguas destina-se a criar empatia pela aprendizagem da Língua Materna e Língua Estrangeira, motivando os alunos a participarem activamente e a construírem a sua própria aprendizagem. O Clube de línguas ambiciona despertar no aluno uma certa autonomia e perseverança conducente a uma melhor compreensão e utilização da Língua portuguesa e Inglesa nas suas relações orais e escritas. Tendo em conta, o perfil específico e sui-generis destes alunos, pensamos que a criação deste Clube lhes proporcionará para além de um espaço de aprendizagem, um espaço lúdico e de convívio onde diferentes culturas e saberes se entrecruzam. OBJECTIVOS - Promover a ligação Escola/ Aluno mais activa e proveitosa. - Motivar os alunos para o estudo das Línguas ( Portuguesa e Inglesa). - Estimular o gosto pela Língua Portuguesa e Inglesa. Da Vida na Escola à Escol(h)a de Vida 36 Projecto Educativo da Escola no Estabelecimento Prisional de Paços de Ferreira - Desenvolver uma relação afectiva e privilegiada com o Inglês por parte dos jovens aprendentes. - Desenvolver as capacidades de trabalho e de pesquisa. - Contribuir para o alargamento cultural dos alunos. - Desenvolver o espírito criativo. - Desenvolver a comunicação oral e escrita. - Incentivar e promover hábitos de leitura. - Promover a comunicação com estudantes estrangeiros. - Desenvolver o espírito de inter ajuda e solidariedade. - Consciencializar os alunos da identidade nacional no quadro da integração europeia. - Aplicar o método de aprender-fazendo. - Desenvolver a capacidade de produzir textos. - Esclarecer dúvidas. - Colaborar com o Prijornal. REGRAS DE FUNCIONAMENTO E ADMISSÃO Podem participar no Clube de Línguas todos os alunos do Ensino Recorrente do E.P. dos Pavilhões Complementares dos 1º, 2º e 3º Ciclos, bem como os professores que leccionam as disciplinas de Português e Inglês (Ana Fernandes e Cristina Borges). O Clube funcionará em horário a determinar, abrangendo os turnos da manhã e da tarde durante a semana, sendo fundamental atender aos interesses da comunidade escolar através de um horário de funcionamento compatível com a disponibilidade dos seus destinatários. CRÉDITO HORÁRIO O Clube deverá funcionar em dois blocos de 90 minutos para cada professora. AVALIAÇÃO Elaboração de um relatório final para apreciação pelos órgãos competentes. Da Vida na Escola à Escol(h)a de Vida 37 Projecto Educativo da Escola no Estabelecimento Prisional de Paços de Ferreira LOCAL DE FUNCIONAMENTO O Clube de Línguas funcionará numa sala dos Pavilhões Complementares do Estabelecimento Prisional, junto das salas de aula. MATERIAL ACTIVIDADES - Livros - Jogos - Leitor de CD/ cassete - Vídeo/Cassete - Computador e Impressora - Revistas e Jornais - Mapas - Posters - Dicionários e Gramátcas - Televisão - Leitor de DVD - CDRoms - Material de papelaria - Placards - Armário - Audição de textos e canções - Outros materiais - Comemoração de datas festivas - Visualização de filmes - Leitura de livros, revistas, jornais, etc - Jogos e passatempos - Realização de trabalhos individuais e colectivos - Realização de concursos de leitura e/ou escrita - Elaboração de material para o Prijornal - Exposições CONCLUSÃO O Clube de Línguas tem como objectivo principal orientar os alunos de forma aprazível, para um envolvimento ainda maior na língua materna e inglesa. Será mais uma ocupação dos tempos livres que os alunos irão usufruir, numa perspectiva pedagógica- lúdica de aproximação às línguas. Em nosso entender, estas disciplinas extracurriculares são essenciais para uma formação que se pretende seja integral. Da Vida na Escola à Escol(h)a de Vida 38 Projecto Educativo da Escola no Estabelecimento Prisional de Paços de Ferreira Recursos Físicos A escola no E.P.P.F. funciona, como já foi referido, em dois edifícios diferentes. No mais antigo, funciona em recinto próprio onde foram implantados dois pavilhões: um pré-fabricado e outro, mais recente, em estrutura de cimento. No pavilhão pré-fabricado, em mau estado de conservação, situam-se as salas do 2º e 3º ciclos, uma sala de professores que é constituída por uma sala de estar, duas casas de banho e uma arrecadação destinada ao arquivo de documentação da escola. Estas instalações são exíguas, com pouca privacidade. Seria de todo urgente equacionar a possibilidade duma sala mais funcional, com espaço reservado para o trabalho e funções específicas dos professores e atendimento dos alunos. O pavilhão de cimento é constituído por uma sala destinada ao 1.º ciclo, uma sala de informática, duas para o ensino secundário, uma arrecadação e um pequeno gabinete destinado ao guarda em serviço na escola. Os alunos da escola frequentam um ginásio e um polivalente exterior comum a toda a população reclusa. Assim, geram-se dificuldades de conciliação de actividades e o espaço torna-se reduzido. Para tornar o espaço escolar mais agradável, foi feita uma cobertura e o piso existente está actualmente todo cimentado, conforme o sugerido. Equaciona-se a possibilidade de efectuar uma construção de raiz mais funcional e agradável, substituindo os pavilhões pré-fabricados frios e degradados, o que possibilitaria a realização de um sonho antigo – a sala de convívio dos alunos, onde poderia funcionar um bar, a Da Vida na Escola à Escol(h)a de Vida 39 Projecto Educativo da Escola no Estabelecimento Prisional de Paços de Ferreira existência de um Centro de Recursos / Biblioteca / Mediateca devidamente apetrechada. Também se sugere a criação de uma sala específica para a Oficina de Teatro. Deveria ser criada uma sala contígua à dos professores e com comunicação para esta que seria destinada a gabinete de coordenação e atendimento de alunos. Os alunos propõem a construção de um ginásio mais espaçoso e equipado com água quente em balneários suficientes. O polivalente exterior, segundo a opinião dos alunos, deveria ser ampliado, ter campos separados e os equipamentos melhorados. Desta forma, acreditam que seria possível uma maior diversificação de actividades desportivas e mais motivação para a prática das mesmas. Nos denominados Pavilhões Complementares, a escola ocupa três salas de aula (uma por ciclo de ensino), uma sala de apoio pedagógico que funciona como reprografia, arrecadação e gabinete do guarda e uma sala de professores. No piso escolar existe ainda uma biblioteca que serve toda a população reclusa, em funcionamento uma sala de convívio e uma sala que se encontra por ocupar. Existem ainda casas de banho para professores e alunos. Sugere-se que a sala contígua à dos professores seja destinada a gabinete de coordenação e atendimento de alunos. Para as aulas de Educação Física a escola dispõe de dois espaços exteriores que funcionam como polidesportivo e de dois ginásios (Ala 2 e Ala 3) com equipamento básico o que permite a sua utilização não só pelos alunos mas também por outros reclusos. Para um bom funcionamento da disciplina, recomenda-se a aquisição de todo o material desportivo, uma vez que o pouco existente já está gasto. É de referir que a escola funciona no 1.º piso, não dispondo, como seria aconselhável, de qualquer espaço aberto (pátio / recreio). Da Vida na Escola à Escol(h)a de Vida 40 Projecto Educativo da Escola no Estabelecimento Prisional de Paços de Ferreira Sugere-se abertura de uma porta, no piso inferior, o que possibilitaria a criação de um recreio. No referente a materiais poder-se-á dizer que a escola tem os materiais mínimos necessários ao desenvolvimento das actividades lectivas. No entanto, o único retroprojector existente é obsoleto, não apresentando já uma qualidade de imagem satisfatória. De referir também a não existência de écran para projecção e de computadores para reforço da sala informática existente no Pavilhão Central e equipar uma nova sala nos Pavilhões Complementares. Sugere-se a aquisição do material supra referido, dado a escola ter dois pólos distintos em funcionamento. Pessoal Docente Leccionam, no presente ano lectivo, na Escola do Estabelecimento Prisional : Professores 1º Ciclo 2º Ciclo 2 5 Total 3º Ciclo/Secundário 20 27 Leccionar no E. P. é bastante complexo e por vezes difícil exigindo dos professores capacidades que ultrapassam a mera competência científica e pedagógica. É notória a angústia sentida por muitos professores aquando da atribuição de horários, receando que lhes seja distribuído serviço lectivo no E. P. É sabido que há professores que eliminam do seu concurso escolas que também leccionam em E.Ps, ou quando lá colocados pedem destacamento. Da Vida na Escola à Escol(h)a de Vida 41 Projecto Educativo da Escola no Estabelecimento Prisional de Paços de Ferreira É ainda de referir o facto dos horários dos professores desta escola que leccionam no E.P. serem bastante piores que os dos restantes professores dos respectivos grupos. É, portanto, cada vez mais difícil manter um corpo docente estável, o que acarreta problemas ao bom funcionamento da escola. Lamenta-se que assim seja, até porque um professor desmotivado, receoso e com pouca abertura de espírito para este tipo de trabalho não terá certamente o perfil desejável para o melhor desempenho da actividade docente num estabelecimento com características tão específicas. Parece-nos, assim, cada vez mais necessário o conjugar de esforços que garanta a continuidade de um grupo que, só com a experiência adquirida ao longo dos anos, poderá responder com algum sucesso às exigências deste público. De acordo com as directrizes expressas no ponto 5.2 do Despacho nº 451/99, é necessário que a escola dê prioridade à elaboração dos horários dos professores que leccionam no E.P. para que estes se não sintam prejudicados na organização dos mesmos horários em relação ao resto dos colegas. Será ainda de todo conveniente a atribuição de uma tarde livre comum a todos os professores dos diferentes níveis de ensino (a indicar em tempo oportuno ao Conselho Executivo, consoante a disponibilidade das instalações do E.P.), a fim de possibilitar uma melhor coordenação de todas as actividades a desenvolver. Sugere-se que a referida tarde livre seja a de quinta feira e nunca a de sexta por motivos inerentes ao funcionamento do E.P. Deverá ser cumprido, de acordo com a legislação vigente, na elaboração dos horários, a atribuição a cada professor de 2 horas da componente não lectiva para o desenvolvimento de actividades de natureza extracurricular e de animação sociocultural, bem como a participação em reuniões. Elas deverão ser coincidente na hora e dia a todos os docentes que leccionam neste Estabelecimento Prisional. Da Vida na Escola à Escol(h)a de Vida 42 Projecto Educativo da Escola no Estabelecimento Prisional de Paços de Ferreira Sugere-se ainda que não sejam marcadas às Sextas-Feiras da parte da tarde, como referido anteriormente, de modo a não interferir na orgânica de funcionamento do Estabelecimento Prisional. Os professores que delas não usufruem não se sentem obrigados a desenvolver, qualquer tipo das citadas actividades, e até a participar nas que são desenvolvidas, prejudicando o seu envolvimento na dinâmica da escola e, consequentemente, em todo o processo ensino-aprendizagem. Ressalte-se o caso de professores que, pelo seu brio profissional e elevada estatura moral, mesmo sem a atribuição no seu horário, dos tempos da componente não lectiva, participaram de uma forma empenhada em todas as actividades realizadas. Sugere-se ainda, a realização de Acções de Formação promovidas pelos Ministérios tutelares – M.E. e M.J. – e no âmbito do Programa Foco, mas a realizar no Norte. Crê-se que o número de professores que leccionam em E.Ps. desta zona do país o justifica e que a adesão à sua frequência será maior. Sugere-se como áreas de interesse, a análise dos comportamentos dos reclusos, toxicodependência e doenças do foro psicológico, muitas vezes decorrentes da própria situação de clausura. Coordenação Pedagógica De acordo com o Despacho nº 451/99 e com as instruções emanadas da DREN, ao Coordenador Pedagógico deverão ser atribuídas 12 horas (que parte ou totalidade das mesmas poderão ser da componente não lectiva) para exercer o respectivo cargo. A proveniência das mesmas é: Devido à existência de quatro níveis de ensino - 8 horas; existência de entre 100 a 300 alunos – 2 horas; devido ao funcionamento de actividades de natureza extracurricular com carácter sistemático – 2 horas. Da Vida na Escola à Escol(h)a de Vida 43 Projecto Educativo da Escola no Estabelecimento Prisional de Paços de Ferreira C ARACTERIZAÇÃO DA P OPULAÇÃO D ISCENTE A escola jamais seleccionou a população estudantil, sendo a única condição de acesso a prescrita na lei. Não há qualquer discriminação em relação à idade, nacionalidade, etnia ou tipo de crime cometido. É pois, uma população heterogénea, com características “muito diversas” das existentes nas escolas em meio livre. São alunos que nunca frequentaram a escola ou há vários anos a abandonaram e que, na sua maioria, têm dela más recordações – recordações de inferioridade, humilhação e um grande sentimento de incapacidade. Muitos são oriundos de bairros degradados, de famílias desestruturadas, do mundo da droga e da anarquia, sem quaisquer hábitos de trabalho e resistentes, portanto, ao cumprimento de regras. São alunos que optam por frequentar a escola para terem o tempo ocupado e acesso a um espaço que consideram mais “livre” e agradável, ou até mesmo para conseguirem alguns privilégios no que se refere às medidas de flexibilização das penas. A grande maioria da população escolar tem problemas de toxicodependência, sendo muitos deles portadores de seropositividade, hepatites e outras doenças infectocontagiosas. São, portanto, alunos bastante desmotivados, com um baixo nível de auto-estima, sem perspectivas de futuro, logo sem objectivos definidos e mesmo sem qualquer projecto de vida, facto que se reflecte no seu aproveitamento, assiduidade, postura. Os próprios alunos reconheceram a sua falta de assiduidade, tendo revelado que esta se deve à preguiça, falta de interesse e dificuldade em acompanhar as matérias. Para procurar resolver este problema, a escola sugere que o subsídio atribuído mensalmente aos alunos seja contabilizado pelo registo de faltas feito nos livros de ponto e não apenas pelo registo feito pelo guarda de serviço (apenas realizado no início de cada turno), dado que Da Vida na Escola à Escol(h)a de Vida 44 Projecto Educativo da Escola no Estabelecimento Prisional de Paços de Ferreira se verifica um elevado número de faltas intercalares. Sugere-se ainda que os portões de acesso ao recinto da escola estejam sempre fechados de modo a impedir que os alunos se ausentem sem motivo justificado. Visando um melhor funcionamento da escola, aconselha-se um ajustamento entre os horários do E.P. e os da escola no respeitante a horários de banho, distribuição de medicação, acesso às celas depois do almoço e abertura das celas no período da tarde. Seria ainda da maior conveniência que a escola fosse informada, em tempo oportuno, da justificação das faltas dos alunos. Sugere-se que o Coordenador Pedagógica e/ou Coordenadores de Turma sejam ouvidos aquando da análise das medidas de flexibilização de penas /precárias, de forma a motivar os alunos para a assiduidade e aproveitamento. As características destes alunos, a especificidade do funcionamento do E.P. e o papel desempenhado pela escola na formação integral do indivíduo, indispensável à sua reintegração social, levam a que, apesar de legalmente prevista, não se considere desejável e aconselhável a frequência em regime não presencial, salvo excepções devidamente analisadas e justificadas. Plano de Actividades Enquadramento Constatados os problemas, interesses e anseios deste público, sente-se a necessidade de investir nos diferentes contextos sociais em que a formação se “ produz “ e se “ constrói “, ou seja, nos locais em que se vive, se trabalha e se aprende, através de processos de cooperação transdisciplinar e intersectorial, assentes na participação das pessoas e comunidades enquanto sujeitos e agentes do seu próprio desenvolvimento. Da Vida na Escola à Escol(h)a de Vida 45 Projecto Educativo da Escola no Estabelecimento Prisional de Paços de Ferreira Assim, no sentido de construir uma escola mais humana, mais aberta à comunidade envolvente e mesmo promotora de saúde, será elaborado, no início de cada ano lectivo, um Plano de Actividades. Na sua implementação recorrer-se-á a metodologias participativas e de animação comunitária, tendo em vista a promoção da autoestima do sentido crítico e de autonomia que são um importante meio de desenvolvimento pessoal e social. De seguida, se apresenta o Plano de Actividades que está a ser implementado neste ano lectivo de 2006/2007, tendo como responsáveis pela sua concretização, todo grupo docente a leccionar no Estabelecimento Prisional. Plano de Actividades 2006/2007 ACTIVIDADES Jogo de Futsal : “Taça Cidadania” Alunos Vs Imprensa Regional Comemoração do S. Martinho : Jogos e Magusto / Convívio Jogos de Futsal e Basquetebol: Alunos Vs Profs. Esc. Sec. Jogo de Futsal : “Taça Amizade” Alunos Vs Profs. Esc. Sec. CALENDARIZAÇÃO DESTINA TÁRIOS LOCAL 8/11/2006 Alunos E.P.P.F. P.C. 9 e 10/11/2006 Alunos E.P.P.F. Novembro 24/11/06 Alunos Pavilhão Desportivo Municipal Dezembro 13/11/06 Alunos E.P.P.F. P.C. Alunos E.P.P.F. Festa de Natal Dezembro 14/11/06 Futsal e Basquetebol: Alunos Vs. Ass. Nac. Treinadore de Futebol e Juventude Pacense Da Vida na Escola à Escol(h)a de Vida 46 Projecto Educativo da Escola no Estabelecimento Prisional de Paços de Ferreira 22 de Dezembro Oficina de Teatro da Escola no E.P. Alunos Freamunde 2.º Período Alunos E.P.P.F. 2.º Período Alunos E.P.P.F. P.C. Fevereiro 2007 Alunos Estádio Sport Clube Freamunde 2.º Período Alunos Paços de Ferreira Visita de Turma 10.º Ano da Esc. Sec. P.F. 2.º Período Alunos P.C. Festa da Páscoa Final do 2º Período Jogo de Futsal : Alunos Vs A. R. C. Sobrado Actividades permanentes Jogo de Futsal Alunos de Cidadania Vs Profs. Escola Secundária Jogo de Futebol : Alunos Vs. Selecção Professores / Directores S.C.Freamunde. Visitas de Estudo: Jornal Tribuna Pacense e Biblioteca Municipal de Paços de Ferreira E.P.P.F. Alunos Jogos Tradicionais P.C. Palestra por um elemento da PATRIUM - Associação de Defesa e Divulgação do Património Tarde Desportiva I: Alunos Vs. ISMAI Tarde Desportiva II: Alunos Vs. ISMAI Tarde de Estrelas : Alunos Vs. Árbitros Internacionais Jogos Inter-Cadeias 2.º e 3.º Períodos Alunos P.C. Março 2007 Alunos E.P.P.F. Abril 2007 Alunos Maia Maio 2007 Alunos Estádio Mata Real Julho 2007 Alunos dos E.P.s Participantes E.P.P.F. Da Vida na Escola à Escol(h)a de Vida 47 Projecto Educativo da Escola no Estabelecimento Prisional de Paços de Ferreira Áreas Prioritárias de Intervenção Como facilmente se constata que são inúmeras as necessidades/problemas da escola e conscientes da impossibilidade de a todas responder eficazmente, definimos como áreas prioritárias de intervenção, para os anos de vigência deste projecto: Assiduidade Área Curricular Aproveitamento Instalações Físicas Melhoramento Actividades Sócio -culturais Actividades Desportivas Dimensão Psicossocial Abertura ao Meio Prisional Abertura à Comunidade Corpo Docente para o Ano Lectivo de 2007/2008 Prevendo-se alterações nas equipas pedagógicas para o próximo ano lectivo e tendo ainda em conta que a maioria dos professores lecciona turmas na Escola e no E.P., o que obriga a uma distribuição de serviço simultânea, é, neste momento, impossível designar a constituição das referidas equipas. Optou-se, assim, e tendo em conta o número de turmas a funcionar em cada nível de ensino, dar a indicação do número de professores e/ou horas necessárias para cada disciplina. No entanto, os dados que a seguir se apresentam poderão ter de ser alterados caso as matrículas para o próximo ano o justifiquem. Da Vida na Escola à Escol(h)a de Vida 48 Projecto Educativo da Escola no Estabelecimento Prisional de Paços de Ferreira 1º Ciclo do Ensino Recorrente Nº de Nº de turmas no Pavilhão Grupo 110 Professores Central Complementar 2 1 1 2º Ciclo do Ensino Recorrente Grupo Disciplinas Nº Turmas 200 220 230 Tempos Lectivos BLOCO Segmento 90´ 45´ Total (45´) Português 2 2 0 8 H. Ambiente 2 2 1 10 Formação Comp. 2 1 0 4 Curso EFA B2 1 2 0 8 Inglês 2 2 0 8 Formação Comp. 2 1 0 4 Curso EFA B2 1 1 0 2 Matemática 2 2 0 8 H. Ambiente 2 2 1 10 Formação Comp. 2 1 0 4 Curso EFA B2 1 2 0 4 Da Vida na Escola à Escol(h)a de Vida P ro fe ss or es 2 1/2 1/2 49 Projecto Educativo da Escola no Estabelecimento Prisional de Paços de Ferreira 3º Ciclo do Ensino Recorrente Disciplinas Grupo Nº Tempos Lectivo Professores Turmas 90´ 45 Total (45´) 300 Português 3 2 0 12 1 500 Matemática 3 2 0 12 1 330 L.E.- Inglês 3 1 1 9 1 520 Ciências Ambiente 3 1 1 9 1 400 C.S.F.C. 3 1 1 9 1 600 Artes Visuais 3 1 1 9 1 430 Adm. Serv. Com. 3 1 1 9 1 Curso EFA B3 – Padaria / Pastelaria Disciplinas Grupo Nº Tempos Lectivo Professores Turmas 90´ 45 Total (45´) 300 Língua Portuguesa 1 3 0 6 1 500 Matemática 1 3 0 6 1 330 L.E.- Inglês 1 2 0 4 1 290 Ed. Cidadania 1 3 1 7 1 550 TIC 1 3 1 7 1 No t a: D evid o à ca r ga ho r ári a, est e cu rs o te rá a du r açã o d e tr ês s em est res. Da Vida na Escola à Escol(h)a de Vida 50 Projecto Educativo da Escola no Estabelecimento Prisional de Paços de Ferreira Ensino Secundário por Módulos Disciplinas Grupo Nº Tempos Lectivo Professores Turmas 90´ 45 Total (45´) 300 Português 3 2 0 12 1 340 L.E.- Alemão 3 1 0 6 1 410 Filosofia 3 2 0 12 1 400 História 3 3 0 18 1 500 M.A.C.S. 3 3 0 18 1 430 Economia A 3 3 0 18 1 550 TIC 2 1 0 4 1 Disciplinas Turmas Extracurriculares Grupo Blocos ( 90´) Total Pavilhão Tempos Lectivos Central Compl. Professores (45´) Educação Física 4 2 2 8+8 = 16 2 Ed. Cidadania 2 1 1 4 1 Oficina Teatro 1 3 -- 6+6 = 12 2 * Oficina Jornalismo 1 2 -- 4+4 = 8 2 * Oficina Informática 2 2 2 8 2 L.C.P.E. 1 1 1 4 1 Clube Línguas 1 -- 4 4+4 = 8 2 * Legenda: L.C.P.E. - Língua e Cultura Portuguesa para Estrangeiros * Funciona com o número de professores indicado em simultâneo Da Vida na Escola à Escol(h)a de Vida 51