Tratamento de resíduos industriais provenientes do processamento de pescados do empreendimento Kipeixe
Indústria e Comércio de Pescado Ltda
Julho 2014
Tratamento de resíduos industriais provenientes do processamento
de pescados do empreendimento Kipeixe Indústria e Comércio de
Pescado Ltda
Grazielly Vieira Cintra – [email protected]
MBA Engenharia Sanitária e Ambiental
Instituto de Pós-Graduação - IPOG
Goiânia, GO, 06 de agosto de 2013.
Resumo
Este artigo trata-se de um estudo sobre os procedimentos utilizados como medidas de
controle ambiental durante o processamento de pescados e beneficiemento de subprodutos de
do frigorífico Kipeixe Indústria e Comércio de Pescado Ltda, localizado no município de
Quirinópolis – GO. Em virtude do grande desperdício durante o processamento de pescados,
há a possibilidade de reaproveitamento dos subprodutos como uma alternativa para
minimizar a quantidade de resíduos descartados, bem como a viabilidade de utilização das
águas residuárias/efluente como fonte de irrigação, de maneira a buscar meios de produção
mais sustentáveis? O presente trabalho tem como objetivo descrever as práticas de
tratamento de efluentes e os métodos utilizados como fonte de reaproveitamento para os
residuos de pescados. A metodologia utilizada neste trabalho teve como base a pesquisa
bibliográfica, entrevista com os proprietários, registro fotográfico, levantamento de dados in
loco e consequentemente análise e processamento de todas as informações coletadas. Os
resultados encontrados indicam que os sistemas de tratamento, tanto de resíduos sólidos
como de efluentes industriais atingem a eficiência esperada e atedem as legislações
pertinentes. O presente trabalho evidenciou que as formas de tratamento realizadas no
empreendimento concilia produção lucrativa, conservação do meio ambiente e
desenvolvimento social.
Palavras-chave: Frigorífico. Processamento. Resíduos. Efluentes. Tratamento.
1. Introdução
De acordo com dados do Ministério da Pesca, através do Boletim Estatístico da Pesca
e Aqüicultura, o Consumo Per Capita Aparente (CPA) de pescado no país tem crescido
gradativamente anualmente. Os dados começaram a mudar a partir de 2005 quando o
consumo nacional per capita anual passou de 6,66 quilos, para 9,75 Kg/hab./ano em 2010.
Desse total, 66% do pescado consumido são produzidos no Brasil através da aqüicultura, a
qual está presente na maioria dos estados brasileiros, e é hoje uma das atividades que
merecem destaques com relação ao crescimento no Brasil, sobretudo na maricultura e
piscicultura de água doce.
Dentro desse panorama, de desenvolvimento de produção aqüícola aparecem
oportunidades para atuação das indústrias de processamento e beneficiamento de pescados:
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frigoríficos e entrepostos de abate. Uma vez em expansão, várias áreas relacionadas à
produção de pescado são necessárias para o desenvolvimento sustentável de toda cadeia
produtiva. Neste contexto, o processamento se torna uma peça fundamental para o
desenvolvimento desta cadeia, sendo que, grande parte das empresas tem focado sua
comercialização somente na produção de filé resfriados ou congelados e estes representam
cerca 30% da produção deixando de aproveitar os resíduos gerados. Dessa maneira, a maioria
das plantas processadoras de tilápia o rendimento do filé está em torno de 30%, considerando
o peixe inteiro (SHOEMAKER, 1986; TACHIBANA, 2002).
Durante o processamento dos pescados o rendimento de carcaça dos peixes varia em
função de alguns fatores como: espécie, tamanho de abate, sexo, tipo de corte, época de abate,
eficiência dos funcionários, dentre outros. Há pouco aproveitamento da carne comestível e um
índice alto de desperdício de resíduos recuperáveis, que são predominantemente vísceras,
cabeças, ossos, pele e escamas, os quais poderiam estar sendo utilizada como silagem, farinha
de peixe ou fertilizante. No entanto, a maioria das empresas do gênero de processamento
alimentício acabam descartando esses subprodutos de forma irracional, o que acaba
resultando em poluição ambiental e perda de subprodutos que agregariam valor à produção.
Nesse cenário, o empreendimento Kipeixe Indústria e Comércio de Pescado Ltda,
localizado na Fazenda Sete Lagoas, município de Quirinópolis, microrregião sul do Estado de
Goiás, é responsável pelo abate e processamento de pescados produzidos na própria região,
com a produção média em torno de 40 ton/mês. A empresa tem buscado soluções alternativas
na tentativa de reaproveitamento dos subprodutos e redução da quantidade de materiais
descartados, e consequentemente mitigando os impactos ambientais de forma a conciliar
produção com sustentabilidade.
Diante desses fatos, este trabalho objetiva descrever os procedimentos realizados no
empreendimento Kipeixe Indústria e Comércio de Pescado Ltda durante o
processamento/beneficiamento do pescado, bem como apresentar os procedimentos realizados
no sistema de tratamento de águas residuárias e tratamento de resíduos, através de um plano
de controle e monitoramento ambiental executado no empreendimento.
2. Abate, Processamento e Quantidade de Resíduos Gerados
A empresa Kipeixe iniciou suas atividades no ano de 2008 e possui como atividade
econômica principal o comércio, preservação do pescado e fabricação de produtos do
pescado, compreendendo a preparação de peixes, frigorificados ou congelados e a preparação
de conservas de peixes.
A matéria-prima principal consiste principalmente em pescados: tilápias (Oreochromis
niloticus), tambacús (cruzamento da fêmea Colossoma macropomum com o macho Piaractus
mesopotamicus) e pintados (Pseudoplatystoma corruscans). Estes peixes são provenientes da
produção aqüícola de tanques-rede e tanques escavados convencional localizados em
propriedades rurais da região.
Atualmente, o empreendimento opera cinco dias por semana e abate 2 ton/dia, sendo o
processamento distribuído basicamente da seguinte forma.
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Espécies
Tipo de
produto
beneficiado
Dias da semana de
abate de cada
espécie
Quantidade
abatida de cada
espécie (kg)
Tilápia
Filé
4 dias
8.000 kg
Tambacú
Costelinha
Meio dia
1.300 kg
Pintado
Postas
Meio dia
700 kg
Tabela 1 – Quantidade de pescado abatido por espécie por semana
Fonte: Kipeixe (2013)
Para o processamento dos pescados, inicialmente a matéria-prima passa pelo tanque de
depuração por um período de aproximadamente 24 horas. A finalidade desta etapa é eliminar
os sabores e odores desagradáveis do peixe. Após a depuração o pescado segue para o abate, o
qual é realizado através de choque térmico. Os pescados são colocados em tanques de
hipotermia com água potável totalmente resfriada e mantidos neste local até a
insensibilização. Após a insensibilização os animais são encaminhados para o local da
sangria, de onde são despachados para o setor da evisceração. A sala de evisceração é o local
onde ocorre a retirada das escamas/couro, cabeça, nadadeiras e remoção das vísceras dos
pescados. Posteriormente, após a remoção das vísceras é realizada uma lavagem final para
remoção dos resíduos aderidos ao pescado. Somente depois de eviscerado, lavado e
decapitado, que o pescado é encaminhado para o beneficiamento.
A fase de beneficiamento consiste em preparar o pescado, gerando produtos
comestíveis aptos para comercialização. Os principais são: files de tilápia, costelinha de
tambacú e postas de pintado.
Durante a produção de resíduos de frigorífico processadores de peixe, principalmente
da indústria de filetagem de tilápias representa, segundo Boscolo et al., (2001), entre 62,5 e
66,5% da matéria-prima. Caracteriza-se por resíduo a cabeça, as nadadeiras, pele, escamas e
vísceras que, dependendo da espécie, pode chegar a 66% em relação ao peso total
(CONTERAS-GUZMÁN, 1994). Para a tilápia, a cabeça, carcaça e vísceras constituem 54%
dos resíduos, a pele 10%, escamas 1% e as aparas dorsais e ventrais e do corte em “v” do filé,
5% (VIDOTTI e BORINI, 2006).
No frigorífico estudado, a produção de resíduos se configura da seguinte forma:
Espécies
Quantidade
aproveitamento direto
Quantidade de subprodutos
gerados (kg)
Quantidade de resíduo
“descartado” (kg)
Composteira
Silagem
Tilápia
40%
4.800kg
1.500 kg
3.300kg
Tambacú
70%
390kg
120 kg
270kg
Pintado
75%
175kg
60 kg
115kg
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Tabela 2 – Produção de resíduos gerados durante o processamento de pescados por semana
Fonte: Kipeixe (2013)
Para o processamento de pescados é gerando uma grande quantidade de resíduos,
sendo a tilápia responsável pela produção de cerca de 60% de resíduos. Para as demais
espécies o indície de desperdício é bem inferior, conforme tabela acima.
Figura 1 – Descartes de resíduos para compostagem
Fonte: CINTRA (2012)
Assim faz-se necessário o emprego de técnicas de tratamento para reaproveitamento
desses subprodutos e até mesmo descarte adequado para os resíduos, além do tratamento de
efluentes, de maneira a minimizar os impactos gerados no meio ambiente.
3. Etapas de Tratamento
Devido a grande quantidade de resíduos gerados durante as fases de processamento
dos pescados, além do significativo volume de efluente líquido (cerca de 16m³/dia),
proveniente dos processos de beneficiamento dos pescados. Tendo em vista que estes
efluentes apresentam matéria orgânica, gordura e elevada concentração de nitrogênio, faz se
obrigatório seu tratamento antecedente ao descarte, sendo de vital necessidade a
operacionalização de um sistema eficiente para tratamento das águas residuárias e também a
destinação correta para os subprodutos. Dessa forma, diversas tecnologias têm surgido com
possíveis utilizações dos resíduos como fontes alimentares, transformando-os em produtos
nutritivos e com boa aceitação no mercado.
Para os resíduos produzidos por esta categoria de empreendimento existem diversas
formas de aproveitamento, algumas já estão sendo utilizadas na indústria de processamento,
outras ainda são pouco utilizadas. As diferentes formas de se aproveitar o resíduo está
diretamente relacionada com a quantidade que é gerada.
No empreendimento em questão, o sistema de controle de poluição é dividido em duas
categorias: tratamento de efluente, o qual compreende as águas residuárias provenientes de
lavagem e processamento dos pescados e o tratamento de resíduos, que compreende os
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resíduos descartados das partes que não forão aproveitadas pela indústria alimentícia, tais
como: escamas, pele, vísceras, cabeça, nadadeiras, etc.
O sistema de tratamento das águas resíduárias do frigorífico geradas no
processamento dos peixes (sangria, evisceração, esfola, filetagem, entre outros) é composto
pelas etapas de Tratamento Preliminar: Gradeamento, Caixa de Gordura e Tratamento
Secundário: Lagoa de Estabilização e Lagoa de Aeração.
As etapas do processo de tratamento de efluente ocorrem conforme figura a seguir.
Etapas do Processo
de Tratamento
Processamento:
Geração de Subprodutos
Gradeamento
Tratamento Preliminar
Caixa de Gordura
Lagoa de
Estabilização
Tratamento Secundário Biológico
Lagoa Aeração
Irrigação
Figura 2 – Fluxograma do sistema de tratamento de águas residuárias do frigorífico Kipeixe
Fonte: CINTRA (2013)
3.1. Tratamento de Águas Residuárias
A primeira etapa de tratamento do frigorífico é constituída pelo tratamento preliminar
com gradeamento, no qual ocorre a remoção sólidos suspensos, areias, escamas e pequenos
pedaços de peixes, que se desviaram durante a coleta para os recipientes de descartes para
encaminhamento na produção de silagem ou compostagem.
Segundo Giordano (2004) o tratamento preliminar tem como objetivo a remoção de
sólidos grosseiros capazes de causar entupimentos e aspecto desagradável nas unidades do
sistema de tratamento são utilizadas grades mecânicas ou de limpeza manual. O espaçamento
entre as barras varia normalmente entre 0,5 e 2 cm.
De acordo Sperling (2005) o tratamento preliminar destina-se à remoção de: sólidos
grosseiros e areia e as principais finalidades da remoção dos sólidos grosseiros são: proteção
dos dispostivitos de transporte (bombas e tubulações), proteção da unidades de tratamento
subseqüentes e proteção dos corpos receptores. Já as finalidades da remoção da areia são:
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evitar abrasão nos equipamentos e tubulações, eliminar ou reduzir a possibilidade de
obstrução em tubulações, tanques, orifícios, sifões, etc e também de facilitar o transporte do
líquido em suas diversas fases.
Seguida da etapa de gradeamento, tem-se a caixa de gordura, a qual tem a função de
remover objetos maiores contidos na água servida e excesso de graxas e gorduras. Segundo
Dezotti et al (2008), as caixas de gorduras estão presentes em alguns sistemas de tratamento,
estas consistem em tanques de retenção de materiais flutuantes destinados à remoção de
gorduras, óleos e graxas, além de outras substâncias com densidade menor do que a água.
O dimensionamento do sistema de tratamento se baseia na atual quantidade de abate
semanal (10 ton/semana), e no provável crescimento desta demanda em função do aumento
das melhorias das condições de uso, que atenderão aos padrões exigidos pelas normas
vigentes. O projeto, além dos aspectos técnicos, visa também compatibilizar tais aspectos com
a realidade econômica do município.
A construção do frigorífico segue as orientações da Agência Goiana de Defesa
Agropecuária - Agrodefesa do Estado de Goiás, do Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento - MAPA e também do órgão ambiental do Estado – SEMARH/GO
responsável pela fiscalização e emissão da licença ambiental.
A segunda etapa é composta pelo tratamento secundário, de ordem biológica, no qual
todo efluente industrial, após passar pelo gradeamento e caixa de gordura é conduzido através
de tubulação e canaletas para a primeira lagoa de estabilização – Lagoa de Facultativa. Estas
são lagoas de estabilização especialmente projetadas, construídas com a finalidade de tratar os
efluentes (SPERLING, 2005)
Para Sperling (2005), o objetivo do tratamento secundário é a remoção da matéria
orgânica dissolvida (DBO solúvel) e matéria orgânica em suspensão (DBO suspensa).
A vazão do efluente industrial está diretamente relacionada com o tempo de
funcionamento de cada linha de produção e com as características do processo, da matériaprima (diferentes tipos de pescados: tilápias, tambacus ou pintados) e dos equipamentos,
podendo ser constante ou bastante variada, em média o consumo de água em dias de
processamento é de 20m³/dia.
Os tratamentos biológicos de esgotos e efluentes industriais têm como objetivo
remover a matéria orgânica dissolvida e em suspensão, através da transformação desta em
sólidos sedimentáveis (flocos biológicos), ou gases (RAMALHO, 1991). Os produtos
formados devem ser mais estáveis, tendo os esgotos ou efluentes industriais tratados um
aspecto mais claro, e significativa redução da presença de microorganismos e menor
concentração de matéria orgânica.
Esta etapa de tratamento tem como princípio utilizar a matéria orgânica dissolvida ou
em suspensão como substrato para microorganismos tais como bactérias, fungos e
protozoários, que a transformam em gases, água e novos microorganismos.
A análise das características dos efluentes de frigorífico pode ser uma tarefa mais
complicada do que se pensa, pois depende muito da situação operacional de cada
estabelecimento. De acordo com BRAILE e CAVALACANTI (1995), os despejos de
matadouros e frigoríficos têm grande carga de sólidos em suspensão, nutrientes, material
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flotável, graxos, sólidos sedimentáveis e uma DBO que fica entre 800 e 32.000 mgL-1 , que
podem variar em função dos cuidados na operação e com o reaproveitamento da matéria.
Entretanto, a melhor alternativa para realizar esse tipo de tratamento são as lagoas de
estabilização. Essas que por sua vez, são unidades especialmente construídas com a finalidade
de tratar as águas residuárias por meios predominantemente biológicos, isto é por ação de
microrganismos naturalmente presentes no meio.
No Frigorífico Kipeixe a lagoa de estabilização possui volume total de 70m³
(comprimento: 10m, largura: 3,5m e profundidade: 2m), com tempo de detenção de 3 dias.
Esta lagoa é impermeabilizada com manta PEAD e com uma camada de massa concretada,
constituí a primeira etapa do Tratamento Secundário – Lagoa Facultativa.
Figura 3 – Lagoa de Estabilização - Facultativa
Fonte: CINTRA (2013)
Após o período de três dias de detenção na lagoa facultativa, a água pré-tratada segue
para a lagoa de aeração, permanecendo por mais oito horas com estimulação de aerador, onde
ocorre o tratamento biológico, sendo acrescidas a presença de bactérias facultativas
(tratamento probiótico). Esta lagoa de aeração possui 600m³ de volume total, com vazão de
20m³/dia.
Figura 4 – Lagoa de Aeração
Fonte: CINTRA (201
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As bactérias facultativas (Nitrossomonas, Nitrobacters e Bacilos) auxiliam na
mineralização da matéria orgânica em compostos inorgânicos que são aproveitados pelas
microalgas durante o ciclo produtivo. Desta forma, leva a melhoria da qualidade da água.
Sperling (2005), observa que na lagoa facultativa o oxigênio é adivindo
principalmente da fotossintese, no caso da lagoa aerada o oxigêncio é obtido através de
equipamentos denominados aeradores.
Os aeradores mecânicos são unidades de eixo vertical que, causam um grande
turbilhonamento na água, que propicia a penetração do oxigênio atmosférico na massa líquida
onde ele se dissolve, o que permite a decomposição da matéria orgância mais rapidamente
(SPERLING 2005).
Na empresa Kipeixe, após o período de detenção de oito horas, a água tratada segue
para a irrigação de árvores frutíferas, através de queda gravitacional.
A área irrigada possui a área total de 1.600m² (40m x 40m), com 240 mudas plantadas,
sendo que 23 espécies são frutíferas nativas do cerrado. O plantio foi realizado durante o
segundo semestre do ano de 2012 e as mudas tem mostrado adaptação ao local, sendo que
algumas espécies já estão produzindo frutos e outras estão em floração.
Figura 5 – Árvores frutíferas - Irrigação
Fonte: CINTRA (2013)
Para monitoramento da área irrigada o empreendimento deve apresentar análise
completa do solo conforme determina a licença ambiental emitida pela SEMARH. Além da
análise do solo deve-se monitorar periódicamente o tratamento de efluente, sendo que a
última análise de efluente realizada, o efluente bruto coletado na entrada do sistema
apresentou DBO 240 mg/LO2, DBO 460,6 mg/LO2, Nitrato 2,8 mg/LNO3 e Ph 6,72 e após o
efluente tratado coletado na sáida do sitema, obteve-se a redução desses parâmentro, tendo:
DBO 60 mg/LO2, DQO 141,6 mg/LO2, Nitrato 1,7 mg/LNO3 e Ph 5,75. (Resultado de análise
de efluente – Aqualit Tecnologia em Saneamento – 2012, empresa acreditada pela ISO
17025). Sendo a lagoa de aeração responsável pela última etapa do tratamento de efluentes.
Após tratado é utilizado para irrigação.
3.2. Tratamento de Subprodutos e Resíduos
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3.2.1. Silagem
No frigorífico durante o processamento dos pescados os resíduos sólidos
(subprodutos) gerados são encaminhados para a silagem ou diretamente para a composteira.
Para a silagem é utilizado, os subprodutos, escamas, ossos, nadadeiras, couro/pele, pedaços de
carnes, entre outros e para a composteira é direcionado todo o material de descarte como
víscera, tripas, etc.
Por ser a tilápia a espécie de maior quantidade abatida no empreendimento, os
descartes podem chegar a 60% da produção total diária. Dessa forma, o aproveitamento do
material residual deve ser reaproveitado na tentativa de aumentar a renda da produção, além
de sanar o grande problema de eliminação de resíduos, matéria poluente e de difícil descarte,
traz vantagens econômicas para a indústria.
Para Arruda (2002) os resíduos da industrialização do pescado podem ser dirigidos
para vários tipos de aproveitamento e divididos em quatro categorias: alimentos para consumo
humano, ração para animais, fertilizantes e produtos químicos.
A silagem de peixe é um produto líquido com alta digestibilidade e rico em
aminoácidos livres. Existem basicamente dois métodos de produção: a silagem química em
que são adicionados ácidos aos resíduos e a silagem fermentada obtida pela ação de bactérias
láticas, produtoras de ácido lático, através da degradação da biomassa por enzimas e
microorganismos.
Para Vidotti et al. (2002), o processo de produção de silagem é acessível em pequena
escala, mostrando potencial e viabilidade para a utilização em dietas para organismos
aquáticos, uma vez que não há necessidade de equipamentos de alto custo.
No frigorífico, os empreendedores processam a silagem através da fermentação
bacteriológica, e posteriormente este produto (70% do volume) é somado a cerca de mais
30% de um mix de cereais (farelo, soja, milho, etc). O produto final é considerado como uma
fonte de proteína para ser incorporado na ração animal.
Figura 6 – Silagerm pronta para ser trasnsformada em ração animal
Fonte: CINTRA (2013)
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3.2.2. Compostagem
Define-se compostagem como um processo biológico, aeróbio, controlado, por meio
do qual se consegue a humificação do material orgânico obtendo-se, como produto final, o
composto orgânico. O processo de compostagem é desenvolvido em duas fases distintas, em
que na primeira ocorre a degradação ativa e, na segunda, maturação (humificação) do material
orgânico, ocasião em que é produzido o composto propriamente dito (MATOS et al., 1998).
Para Prosab (1999) a compostagem é uma técnica muito antiga usada como
alternativa de destino para resíduos facilmente biodegradáveis, sendo assim um processo que
emprega processos químicos, físicos e biológicos no qual, organismos, como bactérias e
fungos, degradam a matéria orgânica, estabilizando-as.
O processo de compostagem instalado do empreendimento tem proporcionado
diversas vantagens, principalmente se comparada a outras metodologias de tratamento de
resíduos. As principais vantagens do processo de compostagem executado no frigórifico são:
evita a poluição ambiental, fornece adubo de alta qualidade, melhora a qualidade de vida
dentro da propriedade, custo baixo para funcionamento do projeto de compostgem, evita a
propagação de insetos e odores desagradáveis, é um processo que pode ser feito de acordo
com o porte da propriedade e produção e o processo é independente de equipamentos
mecânicos, energia elétrica ou combustível.
No frigorífico a compostagem é realizada com cerca de 31,30% do produto total
diário, sendo composta pelo material que seria diretamente descartado sem aproveitamento,
ou seja vísceras tripas, etc.
Figura 7 – Composteira com adubo orgânico curtido.
Fonte: CINTRA (2013)
Juntamente aos resíduos é adicionado um substrato composto por terra e maravalha
(serragem), o que permite uma melhor relação entre carbono e nitrogênio, favorecendo o
processo de decomposição. A composteira é umedecida diariamente com água dos tanques de
depuração, para acelerar o processo de compostagem por conter microorganismos benéficos e
também evitar o consumo de outro fonte de recurso hídrico.
Os empreendedores monitoram o tempo de compostagem, de acordo com a
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temperatura do ambiente, o prazo para o curtimento do composto pode variar de 90 a 120
dias, até que os ossos maiores (carcaças) estejam totalmente decompostos.
Gradativamente, quando as células da composteira vão sendo abertas, após o
curtimento, o composto orgânico é espalhado sobre áreas de pastagem da propriedade.
4. Procedimentos Metodológicos
A metodologia utilizada para o desenvolvimento do estudo teve como base a pesquisa
bibliográfica específica, sites especializados, entrevista verbal com os proprietários, registro
fotográfico, levantamento de dados in loco e consequentemente análise e processamento de
todas as informações coletadas.
Os trabalhos de campo foram realizado em seis etapas, através de visita para registro
fotográfico e levantamento de dados, durante uma vez por mês nos meses de novembro e
dezembro/2012 e janeiro, fevereiro, março, abril e maio de 2013.
Também foram realizadas consulta aos resultados de análise de água de efluente bruto
e efluente tratado, o qual foi realizado pela empresa Aqualit Tecnologia em Saneamento de
Goiânia (empresa acreditada pela ISO 17025), bem como acesso a licença ambiental –
Licença de Funcionamento 1048/2013 – SEMARH.
Os parâmetros adotados para verificação da eficiência do sistema de controle de
poluição foram selecionados atraves de leis ambientais vigitentes estabelecidas para aquisição
da licença ambiental, e principalmente seguindo os parâmetros estabelecidos pelo CONAMA,
através da Resolução nº 357/ 2005, a qual dispõe sobre a classificação dos corpos de água e
diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como Resolução nº 430/2011, que
estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá outras providências.
5. Resultados
Os dados coletados mostraram que, do valor total de resíduos gerados,5.365
kg/semana (100%), incluindo o descarte dos subprodutos, é correspondente a variação do
abate por espécie, sendo: 89,5% de tilápia, 7,30% de tambacú e 3,20% de pintado. Sendo que
o produto final pós-tratamento corresponde a 31,30% de adubo orgânico pelo processo de
compostagem e 68,70% de silo produzido para ser agregado a outros componentes para a
fabricação de ração animal.
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Resíduos gerados/semana
90,00%
80,00%
70,00%
60,00%
50,00%
40,00%
30,00%
20,00%
10,00%
0,00%
Resíduos
gerados/semana
Figura 8 – Geração de resíduos de acordo com as espécies processadas
Fonte: CINTRA (2013)
Tratamento de Resíduos Gerados no
Processamento de Pescados - kipeixe
70,00%
60,00%
50,00%
40,00%
30,00%
20,00%
10,00%
0,00%
Tratamento
Resíduos/seman
a
Figura 9 – Tratamento de resíduos: silagem e compostagem
Fonte: CINTRA (2013)
Contudo, o tratamento de resísuos sólidos resultou no aproveitamento integral dos
produtos de descarte provenientes do abate e processamento de peixes do frigorífico Kipeixe.
Com relação as águas residuárias para o tratamento realizado comprovou-se a
eficiência de remoção da DBO de 75%, sendo que os demais parâmetros atenderam as
Resoluções nº 357/2005 e 430/2011 – CONAMA.
Dessa forma, além do tratamento adequado dos resíduos gerados no processamento
dos pescados, o empreendimento contribui com as questões ambientais, de maneira a
conservar os recursos naturais: ar, água e solo, além da contribuição para geração de emprego,
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Tratamento de resíduos industriais provenientes do processamento de pescados do empreendimento Kipeixe
Indústria e Comércio de Pescado Ltda
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através da sustentabilidade social, a qual está sendo aumentada em função das tecnologias que
favorecem a criação de empregos diretos e indiretos.
6. Conclusão
Com base nos resultados obtidos conclui-se que o sistema de tratamento de águas
residuárias, que compreende as etapas de tratamento físico e tratamento biológico possui a
eficiência desejada, pois mesmo que o efluente tratado não esteja sendo lançado diretamente
em nenhum curso d’água, atende os padrões de lançamento ao corpo receptor classificado
como Classe 2, estando de acordo com os padrões aceito pela legislação Resoluções
CONAMA nº. 357/2005 e 430/2011, a qual dispõe sobre a classificação dos corpos de água e
diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões
de lançamento de efluentes, e dá outras providências.
Sobre a geração dos resíduos evidenciou-se que que o reaproveitamento dos
subprodutos para silagem e tratamento dos resíduos para produção de adubo orgânico reduz
de forma siginificativa os descartes inadequados desses produtos permitindo a redução de
impactos no meio ambiente.
7. Referências
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de trabalhos acadêmicos. Rio de Janeiro, 2002.
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CONAMA. Resoluções nº 357 de 2005 e nº 430 de 2011. Dispõe sobre a classificação dos
corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as
condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá outras providências. Disponível em:
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