17 QUARTA-FEIRA, 2 DE DEZEMBRO DE 2015 A GAZETA EDITOR: EDUARDO FACHETTI [email protected] Tel.: 3321.8332 agazeta.com.br/política gazetapolítica RENATO COSTA/AE E J. BATISTA/AG. CÂMARA O Conselho de Ética começou a analisar a abertura da investigação contra o presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha, por quebra de decoro parlamentar CONSELHO ADIA VOTAÇÃO SOBRE CUNHA PARA HOJE Questionamentos foram usados para atrasar a votação do relatório BRASÍLIA Depois de quase seis horas de debates e questionamentos até mesmo sobre filasfuradas,oConselhode Ética da Câmara começou a discutir ontem a abertura da investigação do processo contra o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), mas nada foi decidido,easessãoacabou remarcada para hoje. Mesmo assim, o sentimento entre os partidários do peemedebista era que ele deverá ser poupado, com a providencial ajuda doPaláciodoPlanalto,que trocou o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) pela manutenção do mandato de Cunha. Durante a sessão, cinco deputados titulares se manifestaram, sem votar, a favor do relatório do deputado Fausto Pinato (PRB-SP) pelo seguimento das investigações contra Cunha, e um a favor de TUMULTO EMOÇÃO “Esse relatório paralelo serve apenas para tumultuar. Não estamos no momento da pena, até porque ele pode ser absolvido” “O relator agiu com emoção quando prejulgou e quer forçar a barra para dar continuidade ao processo contra Cunha” FAUSTO PINATO (PRB-SP) RELATOR WELLINGTON ROBERTO (PR-PB) DEPUTADO Cunha: o deputado Wellington Roberto (PR-PB), que apresentou um voto emseparado pedindo apenas a punição de censura escrita para Cunha. À tarde, contabilizando os votos do PT, aliados de Cunha acreditavam que venceriam avotaçãopor12 votosa8.OvotodeRoberto provocoucríticasdosdeputados favoráveis à abertura do processo contra Cunha. O próprio relator atacou o colega: “Esse relatório Eduardo Cunha é presidente da Câmara dos Deputados paralelo serve apenas para tumultuar.Nãoestamosno momentodapena, atéporque ele pode ser absolvido. O voto não é fruto de ignorância jurídica, mas uma estratégiacomafinalidade de criar embaraço a este conselho”, disse Pinato. Roberto reagiu: “O voto é regimental, posso apresentar. O relator agiu com emoção quando prejulgou e quer forçar a barra para dar continuidade ao processo contra Cunha”. O deputado do PR sustenta que a conduta de Cunha “não acarretou quaisquer danos ao patrimônio da Câmara” e, ao depor espontaneamente na CPI, “não buscou ludibriar seus pares”. O presidente do Conselho de Ética, José Carlos Araújo (PSD-BA), disse que o voto de Wellington Roberto só será considerado se o relatório de Pinato for derrotado. Apesar da contabilidade favorável a Cunha, no Conselho de Ética o clima foi tenso. O exército do presidente usou como tática apresentar várias questões de ordem e questionamentos, além do voto em separado antes da votação do relatório de Pinato. PRESSÃO Os três representantes do PT no Conselho de Ética – Zé Geraldo (PA), Valmir Prascidelli (SP) e Léo de Brito (AC) – foram pressio- nadosadarosvotosquefaltavam para salvar Cunha. O PT fez uma jogada dupla: trinta e um deputados do partido divulgaram um abaixo-assinado pedindo que o Conselho de Ética acate a representação contra Cunha, e o presidente da legenda, Rui Falcão, divulgou no Twitter que o partido estava orientando os três petistas a votarem pela admissibilidade. Mas o ato público de Falcão serviu apenas para dar uma satisfação à militância. Nos bastidores, a siglajogoupesadoparaarrancar de seus representantes no conselho o compromisso de que apoiariam o principal inimigo do Palácio do Planalto. Seguro de que escaparia do processo, Cunha acabou não iniciando as votações noplenáriodaCâmara,permitindo que o órgão estendesseasessão atéoinícioda sessão do Congresso. (AG)