XVI Congresso Brasileiro de Biblioteconomia e Documentação 22 a 24 de julho de 2015 AS BIBLIOTECAS E O USO DE FONTES DE INFORMAÇÃO NO ENSINO Juliana Carvalho Pereira (UFRGS) - [email protected] Maria do Rocio Fontoura Teixeira (UFRGS) – [email protected] Introdução: O profissional da informação está sendo cada mais exigido para identificar, conhecer e promover fontes de informações pertinentes, num universo de inúmeras possibilidades com a confiabilidade científica para contribuir no processo formativo e na busca pelo conhecimento, neste contexto da sociedade em rede conforme denomina Castells (1999). A disponibilidade de ferramentas de inovação nos leva à reflexão de quais são as ações necessárias para compreender, fazer uso delas e também contribuir para o desenvolvimento da profissão de Bibliotecário. Nos últimos anos, em função da conjunção entre tecnologia e informação, os debates sobre a frequência do uso de fontes clássicas, como livros e periódicos científicos impressos tornamse relevantes no ambiente atual. A possibilidade de acesso a grandes bases de dados online, atualizadas em tempo real e também da explosão de informações, apresenta inúmeros recursos informacionais que merecem ser investigados em decorrência desta constante evolução. Neste cenário, realizaram-se uma pesquisa de Doutorado (TEIXEIRA, 2011) e outra de Mestrado (PEREIRA, 2014), objetivando caracterizar as redes de conhecimento que atuam no campo científico, em suas relações entre os atores e com o uso de fontes de informação. As redes de conhecimento neste estudo foram definidas como espaço onde ocorre a troca, a interação e o compartilhamento da informação, nas mais diferentes áreas do conhecimento. (SCHWARTZ, 2002; TOMAEL, 2012). Método da pesquisa: Foi utilizada a abordagem teórica metodológica de Análise de Redes Sociais (ARS), que faz o mapeamento dos atores, através das ligações e da caracterização das relações existentes entre eles, na formação das redes. A organização e sistematização dos dados coletados para análises e mapeamento das relações invisíveis entre os atores investigados, bem como no uso das fontes de informação, foram realizadas através do software Ucinet (BORGATTI, EVERETT, FREEEMAN, 2002). O universo da pesquisa de doutorado foi composto por três grupos de alunos da disciplina de Bioquímica médica I, oferecido no primeiro semestre do Curso de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em três semestres consecutivos 2009/2, 2010/1, 2010/2. A pesquisa de mestrado foi constituída por 17 professores do Ensino de Ciências, da rede pública municipal de ensino do Município de Cachoeirinha, RS, que atuam em sala de aula, com alunos dos anos finais do Ensino Fundamental, ou seja, do 6º ao 9º ano. O instrumento de coleta de dados foi um questionário com aplicação inicialmente aos alunos de Medicina, no primeiro e último dia letivo da disciplina de Bioquímica médica I, solicitando ao respondente (identificado numericamente) que assinalasse a frequência de uso de 14 fontes de informação, divididas em pessoais e bibliográficas. A segunda etapa da pesquisa, com os Professores do Ensino de Ciências, realizou-se a partir de um questionário, adaptado da primeira etapa da pesquisa, com aplicação no início do primeiro semestre de 2014, que investigou as fontes de informação utilizadas na formação do professore as fontes usadas em sua prática de ensino. Resultados: A primeira etapa da pesquisa, ou seja, a pesquisa de doutorado envolveu 103 atores, isto é, alunos de três semestres, diferentes e consecutivos da disciplina de Bioquímica Médica 1, do curso de Medicina da UFRGS, que permitiu conhecer as fontes de informação utilizadas pelos alunos respondentes. Os livros, as bibliotecas, as anotações de aula e a internet, nas três turmas, apresentam-se inicialmente como as principais fontes de informação para os alunos. Os professores, também se destacam como uma fonte tradicional como mostra a literatura da área (MARTIN, VEJA, 1995), assim como os colegas e os monitores da turma. A segunda etapa da pesquisa, ou seja, a pesquisa de mestrado entrevistou 17 professores do Ensino de Ciências, da rede pública municipal de ensino do Município de Cachoeirinha, RS, que atuam em sala de aula, com alunos dos anos finais do Ensino Fundamental, ou seja, do 6º ao 9º ano. A partir do uso das fontes de informação utilizadas na formação e as fontes usadas na prática de ensino foi possível identificar que, durante a sua formação acadêmica, os professores de ciências, utilizaram com maior frequência a biblioteca, seguido de livros e artigos científicos. No entanto, em sua prática de ensino, as fontes que se destacam são os livros didáticos, o buscador google.com e os jornais. Discussão: No desenvolvimento das duas pesquisas, observa-se uma diminuição do uso das bibliotecas. Uma das razões para que isso ocorra, como identificado pelos resultados encontrados, no caso dos alunos da Medicina, em sua maioria eles adquirem os livros necessários e, com a familiaridade que apresentam no uso do ambiente virtual, somada à autonomia oferecida pela internet, os treinamentos no suo das bases de dados como à PubMed e ao Portal de Periódicos CAPES/MEC, a solicitação pelo auxílio do Bibliotecário diminui consideravelmente. Em relação à pesquisa do uso de fontes pelos professores, observa-se que a utilização da biblioteca como fonte, especificamente neste caso a biblioteca universitária, em sua formação acadêmica era uma constante, o que não ocorre na prática de ensino, visto que a biblioteca escolar na Educação Básica pode estar necessitando de uma maior valorização enquanto espaço interativo e dinâmico, fundamental no compartilhamento e troca de informações para uma sólida construção do saber. (KUHLTHAU, 2010). Por consequência, os livros didáticos e os jornais são muito utilizados por estarem à disposição em cada sala de aula e pela tradição da própria prática escolar da instituição (SIBILIA, 2012). O uso da internet, através da ferramenta do google,com se sobressai pela própria configuração da sociedade, como uma ferramenta tecnológica muito utilizada. Conclusões: Os usuários de hoje possuem, cada vez mais, acesso a variadas fontes de informação e comunicação existentes em suas casas, na universidade ou escola, possuindo uma cultura diferente e vivenciando a partir de novos valores e padrões sociais. Esta diversidade se configura num importante elemento de difusão e compartilhamento do conhecimento. Neste contexto, os estudos acima expostos apontam um panorama da estrutura em forma de redes de conhecimento no campo cientifico através do uso de fontes, no ambiente de ensino e convergem com a gestão da informação. Uma das conclusões da pesquisa remete-se ao papel do bibliotecário e das bibliotecas enquanto espaço de aprendizagem que necessita de um olhar diferenciado, pois a tecnologia e a informação em rede são alguns dos desafios e implicam na necessidade de discussões no que se refere à geração de conhecimentos e a contribuição das bibliotecas na inovação do ensino. Palavras-chave: Fontes de informação. Bibliotecas. Sociedade em Rede. Redes de conhecimento. REFERÊNCIAS; BORGATTI, S. P; EVERETT, M. G; FREEMAN, L. C. UCINET 6 for Windows: user’s guide. Natick: Analytic Technologies, 2002. CASTELLS, M. A sociedade em rede. 2.ed. São Paulo: Paz e Terra, 1999. KUHLTHAU, C. C. Como orientar a pesquisa escolar: estratégias para o processo de aprendizagem. Belo Horizonte, MG: Autêntica, c2010. MARTIN VEJA, Arturo. Las Fuentes de información bibliográfica. In: ______ Fuentes de Información Geral. Gijón: Ed. Trea, 1995. P. 108-136. PEREIRA, J. C. O conhecimento em rede e as fontes de informação no Ensino de Ciências. Dissertação (Mestrado em Educação em Ciências). Programa de Pós Graduação Educação em Ciências, UFRGS, Porto Alegre, 2014. SIBILIA, P. Redes ou paredes: a escola em tempos de dispersão. Rio de Janeiro: Contraponto, 2012. SCHWARTZ, G. Redes: vias de acesso às profissões do futuro. São Paulo: Aprendiz, 2002. TEIXEIRA, M. do R. F. 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