UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA SETOR DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E DE TECNOLOGIA CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENGENHARIA DE SEGURANÇA NO TRABALHO RISCOS E AGENTES QUÍMICOS NA PAVIMENTAÇÃO COM CIMENTO ASFÁLTICO DE PETRÓLEO MANOELA SÊCCO RIBAS Ponta Grossa 2012 MANOELA SÊCCO RIBAS RISCOS E AGENTES QUÍMICOS NA PAVIMENTAÇÃO COM CIMENTO ASFÁLTICO DE PETRÓLEO Monografia apresentada ao Curso de Especialização em Engenharia de Segurança no Trabalho como requisito parcial à obtenção do Título de ENGENHEIRO DE SEGURANÇA DO TRABALHO. Orientador: Profa. Dra. Célia Regina Carubelli Ponta Grossa 2012 AGRADECIMENTOS A Deus pelo dom da vida, e pela sua energia que equilibra o mundo em que vivemos. Aos meus familiares pelo apoio nos momentos bons e difíceis da minha vida. Ao meu querido filho Cássio minha razão de viver. A todos os colegas do curso pelos bons momentos vividos e pelas experiências trocadas. Em especial a Professora Célia Regina Carubelli que me orientou e me deu luz para chegar até aqui. Obrigada por cada palavra, cada lição, cada conselho. Obrigada por ser tão importante nesse grande passo. RESUMO Este trabalho tem a finalidade de documentar os possíveis riscos para a saúde de trabalhadores quando da preparação e aplicação da pavimentação com asfalto. Diversos agentes químicos deletérios à saúde humana foram identificados nas emissões provenientes de materiais asfálticos e muitos deles são comprovadamente cancerígenos, assim reconhecidos até mesmo pelo Ministério do Trabalho e Emprego. A exposição às emissões de asfalto em pavimentação de ruas e estradas se dá tanto por gases e vapores, quanto por material particulado. Todos esses tipos de emissões são prejudiciais à saúde humana. Palavras-chave: pavimentação; emissões do asfalto; agentes químicos. ABSTRACT The purpose of this work is documenting the possible risks to the health of workers in the preparation and implementation of pavement with asphalt. Several chemical agents deleterious to human health were identified in the emission from asphalt and many of them are proven carcinogens, thus recognized even by the Ministry of Labor and Employment .Exposure to emissions from asphalt in paving of streets All and these roads types of of both gases and emissions are vapors, harmful Keywords: paving; emissions from asphalt; chemicals. and to particulate matter. human health. LISTA DE SIGLAS ACGIH - American Conference of Governmental Industrial Hygenists CAP – Cimento Asfáltico de Petróleo CBQU – Concreto Betuminoso Usinado a Quente CG - Cromatografia Gasosa EPI – Equipamento de Proteção Individual FID - Detector de Ionização de Chama HAP – Hidrocarboneto Aromático Policíclico NIOSH - National Institute for Occupation Safety and Health OSHA - Occupational Safety and Health Administration PAC – Compostos Aromáticos Policíclicos PCMSO - Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional PEL – Nível de Exposição Permitido PM – Material Particulado PPR - Programa de Proteção Respiratória PPRA - Programa de Prevenção de Riscos Ambientais REL – Limite de Exposição Recomendado SESMT – Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho TLV – Valor Limite TMFE – Taxa Máxima de Fluxo Expiratório TWA – Média Ponderada de Tempo USEPA – Agencia de Proteção Ambiental dos Estados Unidos UV – Radiação Ultravioleta LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Representação Esquemática dos componentes do asfalto..................... 04 Figura 2 - Aplicação do Asfalto e Emissões de Vapores. ....................................... 07 Figura 3 - Emissão de vapores de Asfalto............................................................... 07 Figura 4 - Trabalhadores da pavimentação sem roupas de proteção adequadas... 10 Figura 5 - Reciclagem de pavimentação e espalhamento do CBUQ ..................... 21 Figura 6 - Reciclagem de pavimentação asfáltica.................................................... 22 Figura 7 - Preenchimento com CBUQ .................................................................... 22 Figura 8 - Camada de CBUQ para pavimentação asfáltica..................................... 23 Figura 9 - Aplicação de Concreto Betuminoso Usinado à quente............................ 23 Figura 10 - Equipamentos para pavimentação espalhando grande quantidade de gases e vapores....................................................................................... 24 Figura 11 - Laboratorista............................................................................................ 25 Figura 12 - Rolos compactadores em operação......................................................... 26 Figura 13 - Serventes................................................................................................. 27 Figura 14 - Lubrificador de máquinas......................................................................... 28 Figura 15 - Sinalizador de obras e Vigia..................................................................... 29 Figura 16 - Engenheiro Responsável pela obra......................................................... 30 LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Hidrocarbonetos Aromáticos Policíclicos (HAP) encontrados em estudo da USEPA.............................................................................. 08 Tabela 2 - Hidrocarbonetos Aromáticos Policíclicos (HAP) encontrados em estudo da NIOSH............................................................................... 08 Tabela 3 - Estudos Epidemiológicos sobre as exposições aos fumos de asfalto............................................................................................ 12 Tabela 4 - Exemplos de métodos de amostragem e métodos analíticos para caracterizar exposição aos fumos de asfalto..................................... 14 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 01 1 2. OBJETIVOS ................................................................................................................ 01 1 3. JUSTIFICATIVA .......................................................................................................... 02 2 4. REVISÃO DA LITERATURA ....................................................................................... 02 2 4.1 Pavimentação ............................................................................................................. 02 2 4.2 - O Asfalto ..................................................................................................................... 03 3 4.2.1 - O emprego das emulsões asfálticas ........................................................................... 06 5 4.2.2 - As emissões do asfalto ............................................................................................... 06 6 4.3 - Vias de Ingresso dos Agentes Químicos no Organismo Humano .............................. 09 9 4.3.1 - Inalação ...................................................................................................................... 09 9 4.3.2 - Absorção cutânea ..................................................................................................... 10 10 4.4 - Toxicologia ................................................................................................................ 10 10 4.5 - Exposição ................................................................................................................. 13 11 4.5.1 - Métodos de análise do ar no local de trabalho e exposições dérmicas .................... 13 11 4.5.2 - Particulados Totais como um indicador de fumos de asfalto .................................... 13 13 4.5.3 - Fração de Particulados solúveis em benzeno ........................................................... 15 14 4.5.4 4.5.5 - Hidrocarbonetos aromáticos policíclicos e compostos aromáticos policíclicos ................................................................................................................. 15 15 Dados de exposição ocupacional......................................................... 16 5. METODOLOGIA ....................................................................................................... 20 19 5.1 - Funções de Trabalhadores na Pavimentação e Uso de EPI’S ................................. 24 24 5.1.1 - Laboratorista ............................................................................................................. 24 24 5.1.2 - 5.1.3 - Motoristas de Rolo Compressor, Motoristas de Aplicação da Camada Asfáltica, Motoristas de Caminhão Basculante, Operador de Carregadeira, Motorista de Caminhão Pipa .............................................................. 25 25 Serventes .................................................................................................................. 26 26 5.1.4 - Lubrificador ............................................................................................................... 27 27 5.1.5 - Sinalizador e Vigia .................................................................................................... 28 28 5.1.6 - Engenheiro Responsável .......................................................................................... 29 28 6. RESULTADOS E DISCUSSÕES .............................................................................. 30 33 7. CONCLUSÕES ......................................................................................................... 31 30 8. REFERÊNCIAS ............................................................................................................ 34 1 1 – INTRODUÇÃO O asfalto tem grande utilidade quando se apresenta na forma de uma rua asfaltada e nivelada, dando conforto aos cidadãos, sejam eles motoristas, passageiros ou moradores próximos ao local pavimentado. Mas, apesar dessa utilidade, para os trabalhadores em pavimentação a história tem sido um pouco diferente. Segundo Freitas (2005), observou-se que os pavimentadores – motoristas de rolo compressor, motoristas da máquina de aplicar a camada asfáltica e motoristas de caminhão basculante, além, é claro, da equipe de aplicação propriamente dita, não utilizam proteção respiratória e, assim, inalam compostos químicos tóxicos. A exposição às emissões de asfalto se dá tanto por gases e vapores, quanto por material particulado e todos esses tipos de emissões são prejudiciais à saúde humana. Entre o material particulado, a maioria das partículas possui tamanho menor que 2,5 μm, o que facilita não apenas a sua inalação, mas também a sua chegada às partes mais profundas do pulmão (alvéolos), diminuindo a capacidade respiratória do indivíduo e aumentando os processos inflamatórios. Alguns estudos confirmam que os compostos químicos tóxicos conseguem se diluir na região do alvéolo passando para a circulação sanguínea. Diversos agentes químicos deletérios à saúde humana foram identificados nas emissões de asfalto, e muitos deles são comprovadamente cancerígenos, reconhecidos pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) como tais. Além disso, enquadram-se entre os fatores de insalubridade, como exposto na Norma Regulamentadora (NR) 15 (NR 15,2008). Este estudo tem a finalidade de documentar os possíveis riscos para a saúde de trabalhadores quando da preparação e aplicação da pavimentação com asfalto. 2. OBJETIVOS Fazer um levantamento dos agentes químicos presentes na emulsão asfáltica de petróleo, bem como analisar os riscos químicos a que estão expostos os trabalhadores da pavimentação asfáltica. 2 3. JUSTIFICATIVA O presente trabalho encontra justificativa no fato de que a grande maioria dos trabalhadores da pavimentação asfáltica desempenham suas atividades sem o conhecimento dos agentes e dos riscos químicos a que estão expostos, assim como não fazem uso de EPI´s específicos para os mesmos. 4. REVISÃO DA LITERATURA 4.1- Pavimentação Pavimento (também conhecido pelo termo menos técnico e menos exato “chão”) do latim “pavimentu” designa em arquitetura a base horizontal de uma determinada construção, ou seja, é a camada constituída por um ou mais materiais que se coloca sobre o terreno natural ou terraplenado. O objetivo principal da pavimentação é garantir a trafegabilidade em qualquer época do ano e condições climáticas, além de proporcionar aos usuários conforto ao rolamento e segurança. Uma vez que o solo natural não é suficientemente resistente para suportar a repetição de cargas de roda sem sofrer deformações significativas, torna-se necessária a construção de uma estrutura, denominada pavimento, que é construída sobre o subleito para suportar as cargas dos veículos, de forma a distribuir as solicitações às suas diversas camadas e ao subleito (CRONEY, 1977). Os pavimentos podem ser divididos basicamente em dois grupos: flexível e rígido. Os pavimentos que são revestidos com materiais betuminosos ou asfálticos são chamados "flexíveis", uma vez que a estrutura do pavimento "flete” devido às cargas do tráfego. Uma estrutura de pavimento flexível é composta geralmente de diversas camadas de materiais que podem acomodar esta flexão da estrutura. Por outro lado, há os pavimentos rígidos que são compostos de um revestimento constituído por placas de Concreto de Cimento Portland (CCP). Tais pavimentos são substancialmente "mais rígidos" do que os pavimentos flexíveis, devido ao elevado Módulo de Elasticidade do CCP. Eventualmente estes pavimentos podem ser reforçados por telas ou barras de aço, que são utilizadas para aumentar o espaçamento entre as juntas usadas ou promover reforço estrutural. 3 A escolha e emprego de cada um dos tipos de pavimento dependem de uma série de fatores. Os pavimentos rígidos são mais frequentes em áreas de tráfego urbanas e de maior intensidade, porém na maior parte das aplicações o pavimento flexível tem menor custo inicial e é executado mais rapidamente. 4.2 - O Asfalto Definimos asfalto como sendo um produto orgânico composto por hidrocarbonetos pesados, óleo combustível, graxas, carvão e petrolato, oriundos de resíduos da destilação fracionada do petróleo, os quais contêm uma mistura de hidrocarbonetos alifáticos, parafínicos, aromáticos, compostos contendo carbono, hidrogênio, oxigênio e nitrogênio, dentre eles, hidrocarbonetos aromáticos policíclicos (HAP). Encontrado livre na natureza, em afloramentos naturais, como por exemplo, o "Asfalto de Trinidad" (obtido no lago de mesmo nome), puros ou misturados em minerais e outras substâncias, ou ainda, impregnado em estruturas porosas denominadas de rochas asfálticas. Genericamente, podemos dizer tratar-se de material composto principalmente de hidrocarbonetos não voláteis, possuidor de uma elevada massa molecular com propriedades que variam dependendo da origem do petróleo e do processo de sua obtenção. No Brasil, o principal processo para refino é da destilação a vácuo e, em menor proporção, o de desasfaltação por solvente. É do resíduo desses dois processos que se obtém o (CAP) Cimento Asfáltico de Petróleo tendo como característica física encontrar-se no estado semissólido ou sólido (dependendo da temperatura ambiente), com cor variando do negro até o pardo. Trata-se de material termossensível e viscoelástico, solúvel em dissulfeto e tetracloreto de carbono, possuidor de propriedades aglutinantes e impermeabilizantes com características de flexibilidade, durabilidade e alta resistência à ação da maioria dos ácidos, sais e álcalis. Os asfaltos podem ser encontrados em estado sólido, pastoso e líquido quando diluídos e aquecidos. Há duas classificações básicas para os asfaltos: industrial e de pavimentação. O asfalto de uso industrial, mais voltado para impermeabilização e revestimento de dutos, é conhecido como asfalto oxidado, ou seja, com injeção de ar na massa asfáltica, durante sua fabricação e é acrescido de pó de asfalto no revestimento externo. É muito resistente à corrosão e à água 4 O asfalto em estado pastoso ou líquido, usado em pavimentação, é obtido com a diluição em querosene e nafta tendo de ser aquecido em tanques antes de sua aplicação. Os CAP´s podem ser classificados segundo a viscosidade e a penetração. A viscosidade dinâmica ou absoluta indica a consistência do asfalto e a penetração indica a medida que uma agulha padronizada penetra em uma amostra em décimos de milímetro. No ensaio penetração se a agulha penetrar menos de 10 mm o asfalto é considerado sólido. Se penetrar mais de 10 mm é considerado semi-sólido (PIZZORNO, 2010). A Resolução ANP Nº 19, de 11 de julho de 2005 estabeleceu as novas Especificações Brasileiras dos Cimentos Asfálticos de Petróleo definindo que a classificação dos asfaltos se dará exclusivamente pela penetração. Os quatro tipos disponíveis comercialmente são o CAP 30/45, CAP 50/70, CAP 85/100 e CAP 150/200. A antiga classificação por viscosidade ficou suprimida a partir desta resolução. Os antigos asfaltos CAP 7, CAP 20 e CAP 40 passaram a ser denominados pelo parâmetro penetração e não mais a viscosidade. O CAP tem uma composição química muito complexa com número de átomos de carbono por molécula variando de 20 a 120. (DNIT, 2004) Figura 1 - Representação esquemática dos componentes dos asfaltos. Fonte: SHELL, 2003 O fracionamento do CAP se processa na presença de éter ou heptano, sendo a fase dispersa (insolúvel nesses solventes) constituída de asfaltenos envolvidos por 5 uma resina e a fase dispersante (solúvel nesses solventes) constituídas de maltenos. Os asfaltenos concedem rigidez e a coloração típica do produto correspondendo entre 5 a 30% do CAP e possui alto peso molecular (da ordem de 3000µ ). As resinas envolvem os asfaltenos impedindo a floculação, enquanto que os maltenos, que é a parte oleosa do CAP ou veículo, possui cor marrom escura e é responsável pelas propriedades plásticas e de viscosidade. Em presença de quantidade suficiente de resinas e aromáticos, os asfaltenos formam micelas com boa mobilidade e resultam em ligantes conhecidos como sol. Porém, se as frações não estão bem balanceadas, há formação de estruturas de pacotes de micelas com vazios internos que resultam em ligantes de comportamento conhecido como gel, sendo um exemplo desse tipo os asfaltos oxidados utilizados em impermeabilizações. Esse comportamento gel pode ser minimizado com o aumento da temperatura. Os CAP´s são usados diretamente na construção de revestimentos asfálticos, sendo que, em suas aplicações deve ser homogêneo e estar livre de água e, para que sua utilização seja adequada, recomenda-se o conhecimento prévio da curva de viscosidade/temperatura do mesmo. O CAP é aplicado em misturas a quente, tais como pré-misturados, areia-asfalto e concreto asfáltico, sendo recomendados o uso dos tipos 20 e 40, bem como os do tipo 30/45, 50/60 e 85/100, classificados por penetração, com teor de asfalto de acordo com o projeto respectivo. O cimento asfáltico pode ser encontrado em diversos graus de viscosidade e penetração, de acordo com sua consistência. Os CAP's que são produzidos e comercializados no Brasil seguem a classificação por penetração e viscosidade. Os requisitos técnicos e de qualidade de um pavimento asfáltico serão atendidos com um projeto adequado de estrutura do pavimento e de dosagem da mistura asfáltica compatível com as outras camadas escolhidas. Esta dosagem passa pela escolha adequada de materiais dentro dos requisitos proporcionados, de forma a atenderem padrões e critérios pré-estabelecidos de comportamento mecânico e desempenho. 6 4.2.1 - O Emprego das Emulsões Asfálticas As emulsões asfálticas são enquadradas pela ONU (3082), como substância de risco (9), e subclasse N.E. (substâncias líquidas que apresentam risco ao meio ambiente) (BRASQUÍMICA, 2012). O produto não deverá sofrer aquecimento para o seu emprego. Eventualmente (problema de bomba/usina) poderá ser aquecido até no máximo 55°C, para a sua aplicação. A emulsão viscosa poderá ser aquecida para aplicação em até 70°C. As emulsões asfálticas permitem a utilização de equipamentos de estocagem e de produção de menor custo, pois dispensam o aquecimento do ligante asfáltico e secagem dos agregados. Apresentam as seguintes vantagens: evitam gastos de combustível para aquecimento; eliminam os riscos de incêndios e explosões; tornam mais fáceis o manuseio e a distribuição de ligante; evitam o superaquecimento do ligante; reduzem o tempo de construção das obras rodoviárias (em condições climáticas adversas); permitem o emprego de equipamentos para estocagem e de produção de menor custo; permitem o uso de agregados lavados e em estado de umidade. 4.2.2 - As Emissões do Asfalto Em obras de pavimentação de ruas ou estradas, ocorre a geração de “nuvens” que são formadas durante a aplicação do asfalto no piso, geralmente de cor azulada. Essas “nuvens” são misturas de fumos de asfalto com vapores de asfalto que são produzidos quando do aquecimento do asfalto na sua aplicação. Quando os vapores esfriam, eles se condensam na forma de fumos de asfalto. Assim, os trabalhadores da pavimentação que usam asfalto aquecido estão expostos a estes fumos e vapores. O contato com o produto a frio, não causa irritação à pele, mas provoca ardência nos olhos quando atingidos. O produto frio em contato com a pele pode ser removido com água e sabão, enquanto que o resíduo asfáltico aderido, poderá ser removido com óleo mineral ou vegetal. 7 Durante a utilização do asfalto líquido em temperatura ambiente, não há exposição a fumos, apenas após o aquecimento do mesmo. Os vapores contêm particulados e, quando condensados, ficam viscosos. Dentre as emissões gasosas destacam-se o metano, o dióxido de enxofre, o monóxido de carbono e o dióxido de nitrogênio. Como diluentes do asfalto geralmente se usam a querosene ou a nafta. A querosene é uma mistura de hidrocarbonetos alifáticos, olefínicos e aromáticos tendo como principais componentes os alifáticos (87%), com faixa entre 10 a 16 átomos de carbono (GUIMARÃES, 2003). Figura 2 – Aplicação do Asfalto e Emissões de Vapores FONTE: GUIMARÃES, 2003. Figura 3 – Emissão de vapores de asfalto FONTE: LUTES,1994. A nafta é uma mistura de hidrocarbonetos na faixa de 4 a 12 átomos de carbono, na qual são encontradas parafinas cíclicas e olefinas, além de hidrocarbonetos aromáticos numa proporção de até 18%. Também são encontrados outros solventes aromáticos, como o BTX (benzeno, tolueno e xileno), mas os agentes químicos que mais se destacam negativamente nas emissões do asfalto são os HAP, dada sua ação carcinogênica. 8 Eles representam os de maior risco para a saúde dos trabalhadores diretamente envolvidos nas operações de pavimentação (GUIMARÃES, 2003). Em 1994, Lutes et all. publicaram um estudo sobre as emissões do asfalto aplicado a quente, tendo apontado resultados quanto às emissões tóxicas de HAP. Esse estudo também detectou exposição a vapores de benzeno e fumos contendo chumbo. Estudos realizados em dezembro de 2000 e publicado pela NIOSH (NIOSH, 2000), trouxeram uma ampla relação de HAP, após a retirada de 131 amostras de limpeza da pele da testa e das palmas das mãos de trabalhadores em pavimentação de ruas, na aplicação de mantas asfálticas em telhados e nos que operam tanques na transferência de asfalto para caminhões. Como entre um estudo e outro se passaram alguns anos, a metodologia para detecção do HAP evoluiu, sendo possível a detecção de um maior número de agentes (Tabelas 1 e 2.) Benzopireno Fluoranteno Benzoantraceno Indeno (1,2,3) pireno Benzo (k) fluoranteno Naftaleno Criseno Pireno Tabela 1 – Hidrocarbonetos Aromáticos Policíclicos (HAP) encontrados em estudo da USEPA FONTE: LUTES, 1994 Acenafteno Criseno Antraceno Dibenzo (a,h)-antraceno Benzo (a) antraceno Fenantreno Benzo (a) pireno Fluoranteno Benzo (b) fluoranteno Fluoreno Benzo (e) pireno Indo (1,2,3cd)-pireno Benzo (g,h,i) perileno Naftaleno Benzo (k) fluoranteno Pireno Tabela 2 - Hidrocarbonetos Aromáticos Policíclicos (HAP) encontrados em estudo da NIOSH FONTE: NIOSH, 2000. Outro estudo, Cancer Risk Following Exposure to Polycyclic Aromatic Hidrocarbons – PAHs: a meta-analysis, (ARMSTRONG et al., 2003), desenvolvido 9 pela London School of Hygiene and Tropical Medicine, indicaram que as avaliações quantitativas junto aos trabalhadores apontam exposição excessivas aos fumos de asfalto e ao benzo(a)pireno. É importante destacar que o material particulado emitido durante a pavimentação com asfalto apresenta partículas PM10 e PM2,5, ou seja, material particulado fino, respectivamente inferior a 10 e a 2,5 m, que consegue entrar nos pulmões, atingir os alvéolos e, em se tratando de PM 2,5, passar para a corrente sanguínea e linfática. Como os HAP ficam adsorvidos nesses particulados, percebe-se o risco que correm os trabalhadores, ao terem tais agentes químicos circulando em seu sangue. Estes dados balizam o profissional da área de Higiene do Trabalho em perceber que há a necessidade do uso de respiradores dotados de filtros químicos por parte desses trabalhadores, tanto para material particulado, quanto para vapores orgânicos. Tal medida deve ser precedida da implantação de um PPR, conforme prevê a Instrução Normativa 01/94 do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). 4.3 - Vias de Ingresso dos Agentes Químicos no Organismo Humano Os diversos agentes químicos encontrados nas emissões do asfalto, que podem poluir um local de trabalho e entrar em contato com o organismo dos trabalhadores, podem apresentar uma ação localizada ou podem ser distribuídos aos diferentes órgãos e tecidos. As principais vias de ingresso destas substâncias no organismo são por inalação e por absorção cutânea. 4.3.1 - Inalação Constitui a principal via de ingresso de tóxicos, já que os alvéolos pulmonares representam, no homem adulto, uma superfície entre 80 a 90m 2. Essa grande superfície facilita a absorção de gases e vapores, os quais passam para o sangue, que por sua vez as distribui às outras regiões do organismo. Alguns sólidos e líquidos ficam retidos nesses tecidos podendo produzir uma ação localizada, ou ainda, dissolverem-se para ser distribuídos através do aparelho circulatório. Considerando-se que o consumo de ar de uma pessoa adulta é de 10 a 20 kg diários, dependendo do esforço físico realizado, pode-se concluir que mais de 90% das intoxicações generalizadas têm essa origem (SOTO et al., 1985). 10 4.3.2 - Absorção Cutânea Quando uma substância entra em contato com a pele podem acontecer as seguintes situações: • a pele e a gordura, geralmente, atuam como uma barreira protetora efetiva; • agem na superfície da pele, provocando uma irritação primária; • combinam-se com as proteínas da pele e provocar uma sensibilização; • penetram através da pele, atingem o sangue e atuam como um tóxico generalizado. Assim, por exemplo, o ácido cianídrico, mercúrio, chumbo tetraetila (usado em algumas gasolinas como antidetonante), alguns defensivos agrícolas, dentre outros, são substâncias que podem ingressar através da pele, produzindo uma ação generalizada. Apesar dessas considerações, normalmente a pele é uma barreira eficiente para os diferentes tóxicos, sendo poucas as substâncias que conseguem ser absorvidas em quantidades perigosas. Mesmo assim, as medidas de prevenção de doenças, nesses casos, devem incluir a proteção da superfície do corpo (SOTO et all., 1985). 4.4 – Toxicologia Os HAP representam risco à saúde humana, pois alguns jsão comprovadamente carcinogênicos, como já citado anteriormente. A Organização Mundial da Saúde (OMS), conforme seu Critério Ambiental 202, de 1998, alerta para tal fato (GUIMARÃES, 2003). No Brasil, o Ministério da Saúde, desde 2001, já indica referências bibliográficas com estudos sobre as emissões de asfalto e também relaciona a atividade de pavimentação com asfalto como de risco para a formação de câncer de pulmão e dos brônquios, os epiteliomas (câncer de pele) e o câncer de bexiga. Estes dados constam do manual Doenças Relacionadas ao Trabalho (2001) e também da Portaria 1.339/99 do Ministério da Saúde, na lista de doenças relacionadas ao trabalho. O benzopireno é um dos HAP que se destacam na toxicologia humana. As vias de penetração do benzopireno no organismo são duas: por inalação e pela 11 epiderme. Quando os trabalhadores estão no local aplicando o asfalto quente, não apenas inalam esse agente químico, mas também sua pele é atingida por ele. Além disso, o benzopireno é um agente químico causador de câncer de pele, portanto, os trabalhadores que atuam na pavimentação de ruas não deveriam trabalhar, em hipótese alguma, de camiseta e bermuda como muitas vezes pode ser observado em obras de pavimentação. (a) (b) Figura 4: Trabalhadores da pavimentação sem roupas de proteção adequadas (a) Fonte: Agência de Notícias São Joaquim On Line (b) Fonte: FlorianoNews Também o benzoantraceno e os benzofluorantenos são reconhecidos como carcinogênicos, além de possuírem propriedades mutagênicas. Ambos os compostos são encontrados nas emissões do asfalto. As manifestações agudas dos pavimentadores envolvem: irritação ocular, irritação nas mucosas do trato respiratório superior (nariz e garganta), tosse, dispnéia, asma química, bronquite, dor de cabeça, irritação, ressecamento e queimaduras da pele, pruridos, rachaduras e feridas. Também já foram indicados, em menor escala, sintomas agudos, tais como enjoo, náuseas, diminuição de apetite, dor de estômago e fadiga. Quanto aos efeitos crônicos, há estudos, como o da NIOSH - Health Effects of Occupational Exposure to Asphalt (NIOSH, 2000) - relatando o risco de câncer, dentre eles: leucemia, câncer na boca, faringe e pulmão. Também há relatos de câncer gastrointestinal e de próstata/bexiga (tabela 3). 12 Nº de Casos Estudados 679 Período Doença ou Condição 1959-1986 Hansen 1991, Dinamarca, trabalhadores do asfalto 679 1959-1986 Engholm,1991,Su écia, pavimentadores 2,572 1971-1985 Maizilish et al, 1988, Estados Unidos, trabalhadores da manutenção de rodovias 1,570 1970-1983 Bender,1989, Estados Unidos, trabalhadores da manutenção de rodovias 4,849 1945-1984 Câncer Câncer de Pulmão Câncer na boca, Câncer no esôfago Câncer no reto. Câncer Câncer Câncer de pulmão Câncer (exceto de pulmão) Bronquite, enfisema, asma Cirrose hepática. Câncer Câncer Câncer estômago Câncer estômago Câncer pulmão Câncer pulmão Enfisema Câncer no sistema digestivo Câncer no estômago Câncer de pele Câncer próstata Câncer cérebro Câncer linfopoiético. Câncer Câncer Câncer pulmão Câncer Faríngeo bucal Câncer gastrointestinal Câncer próstata. Câncer no rim, na bexiga e outros órgão urinários Leucemia Autor, País e Ocupação Hansen 1989, Dinamarca, trabalhadores do asfalto Partanen,1997, Finlândia, pavimentadores de rodovias (somente homens) Milham,1997 Estados Unidos, niveladores, pavimentadores, operadores de máquinas, escavadeiras e engenheiros operacionais. Engenheiros Operacionais niveladores, pavimentadores, operadores de máquinas e escavadores. Nº de Mortes ou de Casos 74 27 2 3 7 Taxa de Risco 95% CI ou Pvalor SIR 1,95 SIR 3,44 SIR 11,11 SIR 6,98 SIR 3,18 1,53-2,44 2,27-5,01 1,35-40,14 1,44-20,39 1,28-6,56 148 62 25 37 9 7 SMR 1,57 SMR 2,29 SMR 2,90 SMR 2,00 SMR 2,07 SMR 4,67 1,34-1,85 1,75-2,93 1,88-4,29 1,41-2,76 0,95-3,93 1,88-9,62 96 47 5 6 7 8 SMR 0,69 SMR 0,86 SMR 2,01 SMR 2,07 SMR 1,10 SMR 1,24 NR NR NR NR NR NR 8 25 6 2 7 4 8 PMR 2,50 PMR 1,51 PMR 2,27 PMR 1,22 PMR 2,26 PMR 1,60 PMR 1,15 1,80-4,92 0,97-2,23 0,83-4,95 0,12-4,93 0,91-4,66 0,40-4,10 0,50-2,26 1,530 274 57 2 3 11* 7** SMR 0,9 SMR 0,83 SMR 0,69 SMR 11,10 SMR 5,82 SMR 2,98 SMR 2,92 0,86-0,96 0,73-0,94 0,52-0,90 1,30-40,10 1,20-17,00 P < 0,01 1,17-6,02 8*** SMR 4,49 1,94-8,84 NR NR SMR 1,5 SMR 1,4 1,2-1,9 0,9-1,9 Sistema respiratório Câncer na traquéia, brônquios, pulmões. 614 558 PMR 1,1 PMR 1,20 P<0,05 P<0,05 Câncer sistema respiratório Brônquios, traquéia e pulmão (ICD 162) Brônquios, pulmão (ICD 162.1 E 163) Asma Linfático ,hematopoiético Reticulosarcoma Linfosarcoma Doença de Hodgki Outros linfomas Acidentes com veículos 136 122 PMR 1,21 PMR 1,21 P<0,01 NS 76 PMR 1,42 P< 0,05 5 43 7 6 4 10 47 PMR 1,60 PMR 1,42 PMR 1,37 PMR 1,88 PMR 1,58 PMR 2,00 PMR 1,59 NS P<0,05 NS NS NS P<0,05 P<0,05 Câncer nos brônquios, pulmão (ICD 162.1 E 163) Acidentes com veículos 288 PMR 1,24 P<0,01 249 PMR 1,39 P<0,01 Câncer no pulmão 7,266 1950-1989 Abreviações: CI: intervalo de confiança, ICD: classificação internacional de doenças; NR: não reportado; NS: estatística não significativa; PMR: taxa de mortalidade proporcional; SIR: taxa de incidência padronizada; SMR: taxa de mortalidade padronizada. Tabela 3 – Estudos Epidemiológicos sobre as exposições aos fumos de asfalto (NIOSH, 2000) 13 4.5 – Exposição 4.5.1 - Métodos de Análise do Ar no Local de Trabalho e Exposições Dérmicas Uma variedade de formas de coletar amostras e métodos analíticos estão disponíveis para avaliar a exposição aos fumos de asfalto no local de trabalho. Dois métodos frequentemente empregados na medição, são o de partículas totais e da fração solúvel destas em benzeno. Infelizmente, nenhum destes métodos mede a exposição aos componentes químicos distintos, ou mesmo a uma classe distinta de produtos químicos, tornando difícil relacionar os componentes específicos com os possíveis efeitos sobre a saúde. Numa tentativa para caracterizar os fumos de asfalto com maior precisão, os investigadores desenvolveram métodos para medir HAP´s insubstituídos, tal como acenaftileno, antraceno e naftaleno; compostos aromáticos policíclicos totais e outras substâncias potencialmente irritantes, tais como compostos contendo enxofre. Estes métodos são descritos na tabela 4. 4.5.2 - Particulados Totais Como um Indicador de Fumos de Asfalto Particulados totais são uma medida de todas as partículas transportadas pelo ar que podem ser recolhidos num filtro amostrado tarado (pesado). Vários limites de exposição ocupacionais para fumos de asfalto são expressos como partículas totais. Em um estudo em local de aplicação de mistura asfáltica quente, a distribuição de tamanho de aproximadamente 95% a 98% das partículas mostrou-se entre 1 e 5 m de diâmetro, enquanto que num local de pavimentação onde as amostras foram recolhidas acima do veículo pavimentador, aproximadamente 76% das partículas tinham entre 1 e 5 µm de diâmetro (HICKS, 1995). Estes dados indicam que os fumos de asfalto são compostos de partículas relativamente pequenas e podem ser recolhidas uniformemente usando o método de amostragem mais tradicional (cassetes amostradores faciais fechados de 37 mm) ou amostradores inaláveis. No entanto, mais estudos são necessários para definir as diversas frações de fumos de asfalto na pavimentação e outros locais de trabalho onde o asfalto é utilizado. Em um documento de 1977, a NIOSH estabeleceu um REL de 5 mg/m3 com um limite teto de 15 min. para fumos de asfalto medidos como partículados totais. O 14 Substância Forma de Amostragem Método Analítico Informação Adicional Particulados Totais Filtro de PVC tarado ( 37mm, tamanho de poro 0.8-μm) ou filtro Zefluor tarado ( 37mm, tamanho de poro 1μm) Filtro tarado (PVC ou PTFE) analisado gravimetricamente. Nota: os filtros devem ser deixados equilibrar em uma área ou câmara de pesagem controlada. O LOD e o LOQ para particulados totais foram 0.04 e 0.13 mg por amostra, respectivamente. Amostragem NIOSH e Método Analítico no. 5042 para a fração TP e solúveis em benzeno (fumos de asfalto) o uso de filtro PTFE um tarado é recomendada. Isto permite a medição simultânea de TP e BSP. Partículas solúveis em benzeno Filtro PTFE ( 37-mm diam, tamanho de poro 1μm) Os filtros PTFE são lavados com benzeno, os lixiviados coletados e evaporados. Os resíduos são pesados para determinar a fração solúvel em benzeno. O LOD e o LOQ para os solúveis em benzeno foram 0.04 e 0.14 mg por amostra, respectivamente. Os compostos orgânicos são geralmente solúveis em benzeno. Amostragem para BSP (ou TP) assume-se que o processo de produção de fumos de asfalto é o contribuinte predominante para a poluição do ar no local de trabalho. Compostos aromáticos policíclicos e compostos sulfurados Filtro PTFE ( 37-mm diam, tamanho de poro 2μm) seguido por um tubo sorvente ORBO 42 Após a coleta, as amostras de fumos de asfalto são extraídos com hexano e, em seguida, eluídos através de uma coluna de extração em fase sólida para separar compostos alifáticos e aromáticos a partir de compostos com grupos funcionais polares. PAC´s são quantificados usando cromatografia líquida de fase reversa com detecção de fluorescência. Uma vez que comprimentos de onda de excitação e de emissão não são os mesmos para todos os PACs, dois conjuntos comprimentos de onda de excitação e de emissão são utilizados. Compostos de enxofre são subsequentemente analisados por CG com detecção por quimioluminescência de enxofre. Amostragem NIOSH e Método o Analítico n 5800 contém mais detalhes sobre a coleta e análise de PACs. Este método é semelhante à Amostragem NIOSH e Método o Analítico n 5506, hidrocarbonetos aromáticos polinucleares. Cassetes de filtros e suportes de tubos sorventes opacos são recomendados para prevenir a degradação de PAC´s por UV. Abreviações: BSP = partículas solúveis em benzeno; CG = cromatografia gasosa; cromatografia; LOD = limite de detecção; LOQ = limite de quantificação; PTFE = politetrafluoroetileno (Teflon®); PVC = cloreto de polivinila; TP = partículas totais; UV = radiação ultravioleta Tabela 4 – Exemplos de amostragem e métodos analíticos para caracterização da exposição ocupacional a fumos de asfalto (NIOSH, 2000) REL da NIOSH tinha a intenção de proteger os trabalhadores contra os efeitos agudos da exposição aos fumos de asfalto, incluindo irritação das membranas serosas da conjuntiva e das membranas mucosas do trato respiratório. Em 1988, a NIOSH (em depoimento ao Ministério do Trabalho Americano) recomendou que os fumos de asfalto devem ser considerados como um potencial carcinógeno ocupacional (NIOSH, 1988). Entretanto, até o ano de 2000, não existia nenhuma norma OSHA para vapores de asfalto. Em 1988 em uma norma proposta sobre contaminantes do ar, a OSHA propôs um REL de 5 mg/m³, com TWA de 8 horas para exposições de fumos de asfalto na indústria em geral. Esta proposta foi baseada em uma constatação preliminar de que os fumos de asfalto devem ser considerados carcinogênicos em potencial (53 Fed. Reg. 21193,1988). Em 1989, a OSHA anunciou que adiaria uma decisão final sobre a proposta de 1988 em virtude 15 de questões complexas e conflitantes apresentadas para o registro (54 Fed. Reg. 2679,1989). Em 1992, publicou outra proposta para fumos de asfalto que incluíram um REL de 5 mg/m3 (partículas totais) para a indústria geral, construção, transporte marítimo e agricultura (57 Fed. Reg. 26182,1992). Posteriormente, estabeleceu um REL de 5 mg/m3 (partículas totais) com base na prevenção de efeitos adversos respiratórios. A ACGIH estabelece um TLV para fumos de asfalto de 0,5 mg/m3 (TWA 8-hr) para um aerossol solúvel em benzeno (fração inalável) ou método equivalente com uma designação A4, indicando que não é classificável como um carcinogéneo humano (ACGIH, 2000). O efeito mais crítico considerado é o de irritação. 4.5.3 – Fração de Particulados Solúveis em Benzeno Os compostos orgânicos são geralmente solúveis em benzeno, enquanto que os compostos inorgânicos não são. Historicamente, esta fração particulada tem sido utilizado para diferenciar entre os fumos de asfalto e de partículas não asfálticas presentes, tais como pó de estrada, no local de pavimentação. Claro que, na amostragem das partículas solúveis em benzeno, ou das partículas totais, assumese que os fumos de asfalto são os contribuintes predominantes, ou exclusivos, para a poluição do ar em um canteiro de obras. Devido a preocupações com a carcinogenicidade de benzeno, outros solventes (tais como ciclo-hexano, acetonitrila e cloreto de metileno) têm sido utilizados para medir a fração solúvel de uma matriz em particular. Quanto a amostragem de fumos de asfalto, no entanto, é difícil comparar os resultados, porque a capacidade de extração destes solventes varia. Por exemplo, dissulfeto de carbono pode não ser tão eficaz como o benzeno para extrair alguns compostos presentes nos fumos. Pesquisadores do NIOSH acreditam que o benzeno proporciona a melhor solubilidade global dos vapores de asfalto, apesar de seus malefícios à saúde. 4.5.4 - Hidrocarbonetos Aromáticos Policíclicos e Compostos Aromáticos Policíclicos Em muitos estudos de fumos de asfalto, os investigadores têm tentado analisar HAP´s indivíduais usando CG/UV/FID ou GC/FID. Embora esta abordagem tem sido bem sucedida em muitas matrizes que contêm HAP, os estudos de fumos de asfalto têm demonstrado que estes contêm uma mistura complexa de PAC´s, 16 uma classe de compostos químicos que contêm dois ou mais anéis aromáticos fundidos. Pesquisadores do NIOSH acreditam que, numa base individual, os PACs não podem ser facilmente separadós ou quantificados. Em resposta a este dilema analítico, os investigadores NIOSH desenvolveram um método de injeção em fluxo (NIOSH, Método 5800) para medir PAC´s contidos nos fumos de asfalto (MILLER e BURR, 1998). Depois que os fumos são recolhidos, a amostra é extraída do filtro de amostragem com hexano. Este extrato é então eluído através de uma coluna de extração em fase sólida para separar os compostos alifáticos e aromáticos. Os compostos aromáticos são, então, separados dos compostos alifáticos, utilizando um procedimento de extração líquido-líquido. Porém, apesar de todo esse esforço dos pesquisadores em quantificar esses compostos, ainda não há limites de exposição ocupacional estabelecidos para PAC´s totais associados com vapores de asfalto. 4.5.5 - Dados de Exposição Ocupacional A comparação de dados de exposição a partir de estudos de fumos de asfalto pode ser complicado por muitos fatores, incluindo a natureza complexa e variável do asfalto em si, a falta de uma única substância química que represente a exposição a fumos de asfalto e à utilização de amostragem e métodos analíticos diferentes. Por exemplo, estudos de fumos de asfalto podem relatar HAP´s individuais ou totais, mas os métodos analíticos utilizados para obter os resultados podem variar quanto à precisão e, assim, a identificações desses compostos não são confiáveis. Além disso, quando outros solventes que não o benzeno, tais como ciclo-hexano ou acetonitrila, são usados para obter a fração solúvel das partículas totais, os resultados não podem ser comparados facilmente porque a capacidade de extração destes solventes varia consideravelmente. Por causa dos possíveis problemas encontrados ao combinar os resultados dos estudos em que os métodos de amostragem e de análise são diferentes, dados obtidos a partir de estudos de refino de asfalto, fábricas de mistura quente de asfalto, pavimentação, coberturas, pisos, impermeabilização são encontrados de forma resumida na literatura específica (NIOSH, 2000). Uma análise destes dados indicam que as maiores exposições à partículas totais ocorrem nas seguintes atividades: 17 revestimento de asfalto e atividades de impermeabilização (1,1-42 mg/m3), fabricação de telhas asfálticas (0,07-15 mg/m3), refino de asfalto (0,3-14 mg/m3), aplicação de asfalto em telhados (0,04-13 mg/m3), fábricas de mistura de asfalto quente (0,1-7,2 mg/m3), pavimentação de estradas (0,1-5,6 mg/m3). Estudos sobre as exposições a partículas solúveis em benzeno seguiram padrão semelhante. Em um estudo realizado na Noruega, (NORSETH et all., 1991) avaliou a incidência de sintomas relatados entre 333 trabalhadores expostos à pavimentação asfáltica e 247 “pessoas controle”. Para isso, os trabalhadores foram divididos em três grupos: Grupo I: composto de 79 pavimentadores de asfalto que foram submetidos a monitoramento da exposição pessoal durante 5 dias de pavimentação, Grupo II: consistiu de 254 pavimentadores de asfalto que não foram submetidos ao monitoramento da exposição pessoal, Grupo III: consistiu de 247 trabalhadores de manutenção, sem exposição ao asfalto. Sintomas subjetivos de um período de uma semana foram determinados por questionários padronizados entregues a todos os trabalhadores no fim da semana. Dados de exposição de asfalto, condições meteorológicas e densidade de tráfego foram monitorados nos três grupos. Os resultados foram analisados separadamente para (1) fumantes e não fumantes; (2) outras variáveis como idade, número de horas trabalhadas na semana anterior e tempo de trabalho. A análise dos sintomas relatados baseou-se quantidade de sintomas que tiveram sua frequência aumentada significativamente entre os trabalhadores nos grupos que tiveral contato com o asfalto. As taxas de resposta para os grupos I, II, e III foram 100%, 57% e 70%, respectivamente. Os sintomas: fadiga, diminuição do apetite, irritação nos olhos, laringe e faringe foram notificadas mais frequentemente entre os trabalhadores expostos a fumos de asfalto do que entre os não expostos. 18 Não foram encontradas diferenças para sintomas como dor de cabeça, tonturas, náuseas, dor abdominal, perturbação do sono, reações cutâneas ou sensação de "cheiro adocicado." Trabalhadores expostos ao asfalto apresentaram uma quantidade de sintomas significativamente maior o que os trabalhadores da manutenção não expostos. Estas diferenças não puderam ser explicadas pelo hábito de fumar, pelas horas trabalhadas durante a semana anterior, pelo tempo de trabalho, pela densidade de tráfego ou pelas condições meteorológicas. A quantidade de sintomas correlacionados subiu significativamente com o aumento das temperaturas do asfalto, sendo que o aumento mais marcante foi registrado quando as temperaturas atingiram 146°C e aumentaram ainda mais quando a temperatura atingiu 175 °C Em outro estudo, sete avaliações de risco à saúde foram concluídas como parte de um acordo interinstitucional entre a NIOSH e a Federal Highway Administration (FHWA), do Departamento de Transportes dos EUA. As avaliações foram realizadas durante as operações de pavimentação de rodovias em Michigan (HANLEY e MILLER, 1996a), Flórida (ALMAGUER et al., 1996), Indiana [MILLER e BURR, 1996a), Arizona (MILLER e BURR, 1996b), Massachusetts (MILLER e BURR, 1998), e dois na Califórnia, em Sacramento (HANLEY e MILLER, 1996b) e San Diego (KINNES et al., 1996). O objetivo foi avaliar exposições ocupacionais e efeitos à saúde entre os trabalhadores de pavimentação com asfalto emborrachado e o asfalto convencional. Para cada avaliação foram escolhidos de 6 a 10 trabalhadores (“pavers”) cujas tarefas envolviam a exposição direta ao asfalto durante as operações de pavimentação. Um grupo controle de “não-pavers” consistiu de trabalhadores da mesma área que não foram expostos às operações de pavimentação. Os “pavers” foram avaliados durante 2 dias de pavimentação com asfalto emborrachado e 2 dias de pavimentação com asfalto convencional. “Não-pavers” foram avaliados durante os mesmos 4 dias de período. As temperaturas do asfalto variaram pouco de dia para dia e local para local. O maior número de sintomas, como: irritação nos olhos, nariz, garganta e na pele, falta de ar e chiado no peito foram relatados em maior número pelos “pavers” do que pelos “não-pavers”. Os sintomas mais freqüentemente relatados, em ordem decrescente, foram: irritação na garganta, irritação nasal, irritação nos olhos e tosse. 19 Dadas as opções de leve, moderada e grave, mais de 90% dos sintomas relatado por “pavers” foram classificadas como leves. Durante uma avaliação de riscos à saúde da NIOSH, avaliações médicas foram realizadas durante a jornada de trabalho em única noite em duas equipes distintas de pavimentação (grupo 1 e grupo 2) que trabalhavam dentro de um túnel em Boston, MA (SYLVAIN e MILLER, 1996). Asfalto convencional foi aplicado a 154°C e as exposições dos trabalhadores foram avaliados durante a jornada de trabalho na zona de respiração pessoal. Nove trabalhadores participaram da avaliação, que incluiu um questionário sobre a saúde geral, o histórico ocupacional, além de perguntas sobre sintomas e testes de TMFE para avaliar alterações agudas na função pulmonar. Os cinco trabalhadores no grupo 1 relataram uma série de sintomas agudos de saúde associados com a exposição de seu trabalho. No entanto, a ausência de sintomas agudos foram relatadas pelos quatro trabalhadores do grupo 2. Os sintomas mais frequentemente relatados foram irritação nos olhos, tosse, irritação nasal e falta de ar. Dos sintomas relatados, 84% foram classificados como leves nas opções fornecidas de gravidade: leve, moderada ou grave. Medições de TMFE indicaram que três funcionários (um da equipe 1 e dois da equipe 2) experimentaram problemas brônquicos, sendo que apenas um deles tinha um histórico de tabagismo. A partir desse estudos, os investigadores da NIOSH concluíram que: 1 – as exposições pessoais (partículas totais em ou solúveis em benzeno) foram até 10 vezes superiores aos encontrados durante pavimentações ao ar livre, mas ainda estavam abaixo de 2,2 mg/m3 TWA calculada para um turno integral de trabalho; 2 - alguns trabalhadores apresentaram irritação ocular e nasal, tosse e falta de ar associados com a pavimentação; 3 - sob certas condições, como durante pavimentação em ambientes fechados, os trabalhadores podem estar em risco aumentado de apresentar problemas brônquicos. Estudos relativos à exposição a fumos de asfalto e mortalidade por câncer foram considerados inconclusivos por causa de problemas metodológicos, tais como dados de exposição incompletos, discrepâncias na terminologia, períodos de latência insuficientes e outras variáveis (tabagismo e exposição a outros potenciais 20 agentes carcinogênicos, como produtos de alcatrão de hulha) (NIOSH, 1977a). Estes problemas tornaram impossível determinar a causa da alta incidência de câncer em trabalhadores expostos a vapores de asfalto durante as operações de pavimentação. Desde o lançamento do documento de critérios NIOSH, estudos adicionais epidemiológicos têm sido realizados para avaliar a possível associação entre a exposição aos fumos de asfalto e o risco de câncer (HANSEN, 1989a, 1989b, 1991; ENGHOLM et al., 1991; WILSON, 1984; MAIZLISH et al., 1988; BENDER et al., 1989; MOMMSEN et al., 1983; RISCH et al., 1988; BONASSI et al., 1989). Os resultados desses estudos estão resumidos na tabela 3, apresentada anteriormente. 5. METODOLOGIA Este estudo iniciou-se pela análise do trabalho de profissionais ligados à pavimentação asfáltica, bem como pelo estudo do PPRA de uma empresa pavimentadora na cidade de Ponta Grossa-PR. Foram reunidas informações sobre as funções desempenhadas, bem como sobre os EPI´s utilizados pelos trabalhadores em questão. Conforme Norma Regulamentadora nº.6, EPI é todo dispositivo de uso individual utilizado pelo empregado, destinado à proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde no trabalho. A fiscalização do uso dos EPI´s estabelecidos é feita pelo engenheiro responsável pela obra e se efetiva no local da mesma, através de visitas periódicas, tantas quantas forem necessárias para o acompanhamento de todas as etapas da obra. O engenheiro responsável deve se fazer presente por ocasião da execução dos serviços de maior responsabilidade e atuar desde o início dos trabalhos até o recebimento definitivo da obra. A fiscalização será exercida no interesse exclusivo do contratante, não excluindo nem reduzindo a responsabilidade da contratada, inclusive de terceiros, por qualquer irregularidade. A fiscalização pode exigir a substituição de qualquer empregado da contratada ou de seus contratados no interesse dos serviços, assim como aceitar a substituição dos integrantes da equipe técnica contratada, através de solicitação por escrito da mesma. 21 Para cada EPI entregue ao trabalhador é preenchido um formulário com o “Contrato de Entrega do EPI”, constando o tipo de EPI entregue, data, e assinatura do funcionário. Além disso, todo funcionário deve passar por um treinamento de utilização correta dos EPI´S nas seguintes circunstâncias; item 6.2- NR- 6 : A empresa é obrigada a fornecer aos empregados, gratuitamente, EPI adequado ao risco e em perfeito estado de conservação e funcionamento, nas seguintes circunstâncias: a) sempre que as medidas de proteção coletiva forem tecnicamente inviáveis ou não oferecerem completa proteção contra os riscos de acidentes do trabalho e/ou de doenças profissionais e do trabalho; b) enquanto as medidas de proteção coletiva estiverem sendo implantadas; c) para atender a situações de emergência. A seguir encontram-se fotografias que ilustram o trabalho com asfalto, onde pode ser observada a utilização de alguns EPI´s: Figura 5 – Reciclagem de pavimentação e espalhamento do CBUQ. Fonte: A autora 22 Figura 6 - Reciclagem de pavimentação asfáltica. Fonte: A autora Figura 7 – Preenchimento com CBUQ. Fonte: A autora 23 Figura 8 - Camada de CBUQ para pavimentação asfáltica. Fonte: A autora Figura 9 – Aplicação de CBQU. Fonte: A autora 24 Figura 10 - Equipamentos para pavimentação espalhando grande quantidade de gases e vapores. Fonte: A autora 5.1 - Funções de Trabalhadores na Pavimentação e Uso de EPI’S As funções descritas a seguir, bem como os EPI´s a serem utilizados são os que constam no PPRA da empresa como Luvas, óculos de segurança, protetores respiratórios, coletes refletivos etc. 5.1.1 – Laboratorista Função: Realizar o controle tecnológico do asfalto e solos. Realizar manipulação de pequenas amostras no laboratório e repassar os resultados obtidos para a gerência. EPI’s: Luvas de proteção com borracha nitrílica para proteção das mãos e braços contra choque em trabalhos e atividades com circuitos elétricos energizados e proteção das mãos e punhos do empregado contra agentes químicos e biológicos. Óculos de segurança para proteção dos olhos contra impactos mecânicos, partículas volantes e raios ultravioletas. Proteção respiratória com filtro utilizada para atividades e locais que apresentem tal necessidade, em atendimento a Instrução Normativa Nº1 de 25 11/04/1994 – (Programa de Proteção Respiratória - Recomendações/ Seleção e Uso de Respiradores). Botinas para coletas em campo. Figura 11 - Laboratorista Fonte: A autora 5.1.2 - Motoristas de Rolo Compressor, Motoristas de Aplicação da Camada Asfáltica, Motoristas de Caminhão Basculante, Operador de Carregadeira, Motorista de Caminhão Espargidor de Asfalto. Função: Operar equipamentos de arrasto, elevação e deslocamento de materiais, como: pás carregadeiras, retroescavadeiras, tratores e outros similares, controlando a velocidade de tração e freando para movimentar diversas cargas. Zelar pela manutenção da máquina, lubrificando, abastecendo e executando pequenos reparos, para assegurar o bom funcionamento e a segurança das operações. Auxiliar nos trabalhos de carga e descarga de materiais diversos. Registrar as operações realizadas, bem como os processos utilizados para permitir o controle dos resultados. EPI’s: Uso obrigatório de capacete para proteção da cabeça contra agentes meteorológicos (trabalho a céu aberto) e trabalho em local confinado, impactos provenientes de queda ou projeção de objetos, queimaduras, choque elétrico e irradiação solar quando da circulação na usina de asfalto 26 Botina de segurança de borracha para proteção dos pés e pernas contra umidade, derrapagens e agentes químicos agressivos. Colete refletivo ou camisa com refletivo para sinalizações em rodovias, sendo esses em tecidos impermeáveis para chuva. Protetor auricular tipo concha para proteção dos ouvidos nas atividades e nos locais que apresentem ruídos excessivos, como as máquinas operadas. Creme de proteção solar para a proteção contra ação dos raios solares. Figura 12 – Rolos compactadores em operação. Fonte: A autora 5.1.3 – Serventes (inclui aplicadores de asfalto, terraplenagem, etc) Função: Fazer a limpeza do local e ajudar em diversos serviços como auxiliar geral. EPI’s: Uso obrigatório de capacete para proteção da cabeça do empregado contra agentes meteorológicos (trabalho a céu aberto) e trabalho em local confinado, impactos provenientes de queda ou projeção de objetos, queimaduras, choque elétrico e irradiação solar, quando da circulação na usina de asfalto. Botina de segurança de borracha para proteção dos pés e pernas contra umidade, derrapagens e agentes químicos agressivos. Colete refletivo ou camisa com refletivo para sinalização em rodovias, sendo em tecidos impermeáveis para chuva. 27 Óculos de segurança para proteção dos olhos contra impactos mecânicos, partículas volantes e raios ultravioletas. Luva de proteção em raspa para proteger mãos e braços contra agentes abrasivos e escoriantes. Creme de proteção solar para a proteção contra ação dos raios solares. Figura 13 - Serventes Fonte: A autora 5.1.4 – Lubrificador Função: Lubrificar máquinas e equipamentos, sinalizar pontos de lubrificação, interpretar desenhos de máquinas, avaliar situação de equipamentos. EPI’s: Botina de segurança de borracha para proteção dos pés e pernas contra umidade, derrapagens e agentes químicos agressivos. Colete refletivo ou camisa com refletivo para sinalização em rodovias, sendo em tecidos impermeáveis para chuva. Proteção respiratória com filtro utilizada para atividades e locais que apresentem tal necessidade, em atendimento a Instrução Normativa Nº1 de 11/04/1994 – (Programa de Proteção Respiratória - Recomendações/ Seleção e Uso de Respiradores). 28 Cinturão de segurança para proteção contra quedas de níveis. Óculos de segurança para proteção dos olhos contra impactos mecânicos, partículas volantes e raios ultravioletas. Luva de proteção em raspa para proteger mãos e braços contra agentes abrasivos e escoriantes. Creme especial para pele quando em contato com óleos e graxas. Figura 14 - Lubrificador de máquinas Fonte: A autora 5.1.5 - Sinalizador e Vigia Função: Ajudar na sinalização da rodovia devido ao seu tráfego intenso de transportes e auxiliar na segurança do local com os equipamentos utilizados. EPI’s: Colete refletivo ou camisa com refletivo para sinalização em rodovias, sendo em tecidos impermeáveis para chuva. Botina de segurança de borracha para proteção dos pés e pernas contra umidade, derrapagens e agentes químicos agressivos. 29 Figura 15 - Sinalizador de obras Fonte: A autora 5.1.6 - Engenheiro Responsável Função: Executar a obra e a supervisionar trabalhos executados com as unidades de serviços de pavimentação. EPI’s: Uso obrigatório de capacete para proteção da cabeça contra agentes meteorológicos (trabalho a céu aberto). Colete refletivo ou camisa com refletivo para sinalização em rodovias, sendo em tecidos impermeáveis para chuva; Creme de proteção solar para a proteção contra ação dos raios solares; Protetor auricular para proteção dos ouvidos nas atividades e nos locais que apresentem ruídos excessivos, como as máquinas operadas a serem fiscalizadas. Botina de borracha para fiscalização e trabalho em campo. 30 Figura 16 - Engenheiro responsável prela obra Fonte: A autora 6. RESULTADOS E DISCUSSÕES A exposição às emissões de asfalto em pavimentação se dá tanto por gases e vapores, quanto a material particulado e essas de emissões são prejudiciais à saúde humana. São numerosos os gases e vapores que podem estar presentes na atmosfera dos ambientes de trabalho e que, quando inalados, desenvolvem efeitos irritantes, principalmente nas vias respiratórias. O local de ação é em geral determinado pela sua solubilidade. Aqueles que são muito solúveis na água são rapidamente absorvidos pelas vias aéreas superiores onde agem como irritantes. Os de baixa solubilidade agem mais adiante, no pulmão. A ação daqueles de solubilidade intermediária se faz ao longo de todo o aparelho respiratório. Dentre o material particulado, a maioria das partículas é de um tamanho minúsculo (< 2,5 μm), o que facilita não apenas a sua inalação, mas também a sua chegada às partes mais profundas do pulmão (alvéolos), diminuindo a capacidade respiratória do indivíduo e aumentando os processos inflamatórios. Alguns estudos indicam que os compostos químicos presentes no material particulado conseguem se diluir na região do alvéolo e passam para a circulação sanguínea. No caso de hidrocarbonetos aromáticos, que são os compostos 31 presentes em maior quantidade nas emissões do asfalto, o tamanho das partículas se situa entre 1 e 3 μm, portanto conseguem entrar na corrente sangüínea e se fixar nos glóbulos vermelhos. Muitos dos agentes químicos que foram identificados, por pesquisadores, nas emissões de asfalto são comprovadamente carcinogênicos, reconhecidos pelo Ministério do Trabalho e Emprego. A presença de vários HAP´s reconhecidamente tóxicos (sendo alguns também mutagênicos e/ou carcinogênicos) é agravada pela presença de outros HAP´s diferentes (HAP´s com cadeias alifáticas laterais) daqueles usualmente estudados pelos padrões analíticos, o que dificulta a quantificação e o estabelecimento de limites de exposição dos mesmos. Além disso, eles também podem agir, quando no estado líquido, sobre a pele determinando queimaduras ou inflamações. O controle dos riscos causados por estas substâncias se faz através da detecção de sua presença no ambiente de trabalho e das observações clínicas de seus sintomas em trabalhadores expostos. Foram identificadas funções (serventes e motoristas) que obviamente se encontram mais expostas às emissões de asfalto e que merecem uma grande atenção por parte do SESMT das empresas, pois é esperada a ocorrência de um maior número de doenças respiratórias nesses trabalhadores por se encontrarem em tal situação. Os exames clínicos e laboratoriais também devem receber maior atenção, pois dentro de alguns anos ou décadas, casos de câncer podem surgir entre esses trabalhadores, o que tem implicações jurídicas evidentes às empresas. O PPRA e o PCMSO devem também sofrer uma revisão, pois tais riscos químicos ainda não são reconhecidos pelo SESMT da maioria das empresas. A proteção respiratória para estes trabalhadores deve ser implantada. 7. CONCLUSÕES Atualmente, a legislação que trata da exposição ocupacional a produtos químicos no Brasil é a Norma Regulamentadora 15 (NR-15, 2008) da Portaria nº 3.214/78 do MTE. O Anexo 13 dessa NR traz alguns enquadramentos de insalubridade para trabalhadores expostos a alguns dos produtos químicos que foram citados aqui, mas devemos lembrar que ele é qualitativo e não quantitativo. Outro parâmetro é o 32 Quadro 1 do ANEXO Nº 11 da mesma NR, que estabelece limites de tolerância, valor teto. Porém, os agentes químicos apresentados no subitem 6.5, na sua maioria, não apresentam limite de tolerância no âmbito brasileiro. Neste caso, utiliza-se o subitem 9.3.5.1 do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) da Norma Regulamentadora 9 (NR 9), que diz: “Quando não se tem parâmetros nacionais, podem-se utilizar os parâmetros internacionais da ACGIH (American Conference of Governmental Industrial Hygienist)”. O Benzo(a)pireno, que é citado no Anexo 13 como Benzopireno, é enquadrado como insalubre em grau máximo (40%) pelo item “Operações Diversas”. O Betume, sinônimo de asfalto no Brasil, também é enquadrado como insalubre em grau máximo (40%), mas pelo item “Hidrocarbonetos e outros compostos de carbono”. O Antraceno detectado no estudo da NIOSH citado anteriormente, também é enquadrado como insalubre em grau máximo (40%), pelo mesmo item “Hidrocarbonetos e outros compostos de carbono”. Tanto o betume quanto o antraceno são textualmente apontados pelo item “Hidrocarbonetos e outros compostos de carbono” como “substâncias cancerígenas”. Um PPR com os respectivos equipamentos de proteção deve ser implantado para esses trabalhadores, uma vez que há anos os que se dedicam a essas atividades permanecem sem nenhum tipo de respirador purificador. Os uniformes devem merecer atenção do SESMT das empresas, uma vez que não se pode permitir trabalho com exposição a agentes que causam câncer de pele, entre outros. Os trabalhadores expostos à radiação solar correm maior risco de desenvolver câncer de pele. No caso dos pavimentadores, esse risco é ampliado, pois se trata de uma combinação de fatores que se associam, ou seja, HAP com radiação solar, merecendo maior atenção nesse aspecto. Os trabalhadores devem, portanto, utilizar uniformes apropriados e o creme de proteção para a pele, com banho logo após o término do trabalho. A empresa que contratar terceiros para a prestação de serviços em seus estabelecimentos deve estender aos trabalhadores da contratada as mesmas condições de higiene e conforto oferecidas aos seus próprios empregados (NR-24), Item 24.6.1.1. 33 O conjunto dos trabalhos aqui apresentados traz à tona um questionamento fundamental: o que realmente se alcançou na saúde do trabalhador no tocante à exposição a agentes químicos? Ainda se confere um valor maior às medidas individuais de proteção contra agentes físicos, que não condizem com o seu papel efetivo na garantia da proteção integral à saúde do trabalhador. Os trabalhadores ainda executam suas atividades em condições precárias, não apenas no que diz respeito à segurança e à higiene do trabalho, mas também no que tange às garantias de um trabalho digno e decente. Enfim, ainda há muito que fazer para proteger esses trabalhadores dos riscos químicos a que estão continuamente expostos. 34 8. REFERÊNCIAS 53 Fed. 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