LIXO ELETRÔNICO: COMO A LOGÍSTICA REVERSA PODE AJUDAR NA
RESOLUÇÃO DESTE PROBLEMA
Caroline Gonçalves Corrêa – FATEC – [email protected]
Roberto Carvalho – FATEC – [email protected]
Área Temática
Logística Reversa e Meio Ambiente.
Resumo
Diante do aumento constante no consumo de aparelhos elétricos e eletrônicos, como
computadores, eletrodomésticos e telefones celulares, motivado por diversos fatores,
desde o marketing de divulgação, a redução da vida útil dos equipamentos, os
lançamentos de novos produtos em curto espaço de tempo e até a economia capitalista,
gerando assim uma grande quantidade de lixo eletrônico, surge a necessidade de
realização de estudos a fim de encontrar soluções para este acúmulo de resíduos, uma
vez que são compostos por elementos químicos altamente prejudiciais ao meio ambiente
e a saúde humana. A forma de solução abordada neste artigo é a utilização da logística
reversa para destinação ambientalmente correta do lixo eletrônico através da reutilização
ou reciclagem. Como método de pesquisa, foi elaborado um questionário para alunos de
graduação em logística e professores especializados nesta área, com o objetivo de validar
a solução analisada no artigo.
Palavras-chave: Lixo Eletrônico, Logística Reversa, Meio Ambiente.
Abstract
Given the steady increase in the consumption of electrical appliances and electronics such
as computers, home appliances and mobile phones, motivated by several factors, from
disclosure's marketing, reduction of useful life of equipment, new product launches in a
short time and capitalist economy, thereby generating a large amount of junk mail, arises
the need for studies to find solutions to this accumulation of waste, since they are
composed of chemical elements highly damaging to the environment and human health.
The form of solution discussed in this article is the use of reverse logistics for
environmentally sound disposal of electronic waste through reuse or recycling. As a
research method, a questionnaire was designed for logistics college students and
professors specialized in this area, in order to validate the solution analyzed in the article.
Keywords: Electronic Waste, Reverse Logistics, Environment.
1. Introdução
As capacidades aprimoradas das novas versões dos equipamentos, o marketing de
venda, o sistema econômico capitalista, e a sociedade atual, onde constantemente somos
avaliados pelo o que temos e não pelo o que somos, são grandes influenciadores ao
consumo excessivo dos produtos tecnológicos, o que estimula o aumento da produção
dos mesmos. Muitas vezes, o surgimento em curto intervalo de tempo dos novos
equipamentos funciona como estratégia de venda em diversas empresas, que, sempre
estimuladas pela maximização de seus lucros, deixam de lado o grande problema
ambiental que esta situação tem causado: Um considerável aumento de lixo gerado por
nossa atual sociedade.
Leite (2003) coloca como motivo desta situação, a descartabilidade dos produtos,
ocasionada por diversos fatores como o acelerado desenvovimeno tecnológico, o
marketing, a moda, a cultura de consumo inpulsionada pela economia capitalista, o
enorme crescimento no lançamento de novos produtos devido a competitividade do
mercado, a evolção da logística, e a obsolência mercadológica planejada pelas empresas
para um aumento de vendas.
Tratando-se dos produtos de informática, a descartabilidade é ainda maior. Santos,
Araújo e Silvestre (2010) afirmam que as inovações tecnológicas têm sido constantes em
relação a estes produtos, os quais passam a ter uma vida média muito curta, tornando-se
ultrapassados em pouco tempo de uso devido ao rápido lançamento de novos produtos
com mais funcionalidades, o que aguça a curiosidade dos consumidores por
equipamentos cada vez mais modernos.
1.1 Lixo Eletrônico
O termo “lixo eletrônico” pode ser utilizado como definição de todos os produtos
eletrônicos descartados (MATTOS; MATTOS; PERALES, 2008).
Silva (2010), relata que o lixo eletrônico constitui um problema de extrema
preocupação atual, possuindo a maior taxa de crescimento no mundo, com tendência a
aumentar conforme o desenvolvimento industrial.
“As substâncias mais problemáticas do ponto de vista ambiental presentes nestes
componentes são os metais pesados, como o mercúrio, chumbo, cádmio e cromo (...)”
(CCE, 2000, p.8).
O mercúrio, cádmio, arsênio, cobre, chumbo e alumínio podem representar um
enorme dano ao meio ambiente se forem jogadas no lixo comum (OLIVEIRA;
NEGREIROS, 2010).
Além dos prejuízos ambientais, alguns também causam danos à saúde humana:
Metais
Alumínio
Cádmio
Chumbo
Mercúrio
Efeitos
Anemia por deficiência de ferro; Intoxicação crônica.
Câncer de pulmões e próstata; Lesão nos rins.
Saturnismo (cólicas abdominais, tremores, fraqueza muscular, lesão renal e cerebral).
Intoxicação do sistema nervoso central.
Tabela I: Efeitos prejudiciais a saúde humana causados pelos metais
Fonte: IEL - Instituto Euvaldo Lodi (FIEC)
1.2 Legislação Brasileira
Em agosto de 2010 foi aprovada a lei nº 12.305 que institui a Política Nacional de
Resíduos Sólidos. No artigo 33 consta que os fabricantes, importadores, distribuidores e
comerciantes de pilhas, baterias, produtos eletroeletrônicos, entre outros, são obrigados a
implementar sistemas de logística reversa para o retorno de seus produtos após o uso
pelo consumidor, de forma indepentente do serviço público, onde os consumidores
deverão devolver os produtos, após o uso, aos comerciantes ou distribuidores, que
devolverão aos fabricantes ou importadores, os quais serão responsáveis pela destinação
ambientalmente adequada dos produtos. (PLANALTO, 2010)
1.3 Possíveis Soluções
Uma solução plausivel para o lixo eletrônico é apresentada por Pallone (2008): A
utilização da política dos 3 R‟s, reduzir, reutilizar e reciclar.
Reduzir: Reduzir o consumo excessivo e impensável de produtos eletrônicos é de
extrema importância para, consequentemente, reduzir o posterior acúmulo de lixo
eletrônico.
Reutilizar: Um equipamento eletrônico, como, por exemplo, um computador, que
perdeu a utilidade para a realização das atividades de uma determinada pessoa, ainda
pode estar em condições de uso para atividades de outra. Assim, é possivel que haja a
reutilização de tal equipamento, prolongando seu tempo de vida útil e diminuindo a
quantidade de lixo eletrônico.
Reciclar: Este ultimo „R‟ é utilizado quando o equipamento realmente se torna lixo
eletrônico, ou seja, quando não está mais em condição de uso. Esta opção é considerada
uma maneira ambientalmente correta de disposição final de bens.
“Quando os produtos tornam-se obsoletos, os mesmos devem retornar ao ciclo
produtivo para reciclagem ou para compor um novo produto final e então ser lançado
novamente no mercado, evitando danos ao meio ambiente e a sociedade”. (SANTOS;
ARAÚJO; SILVESTRE, 2010, p.49)
Todo o processo de destinação dos produtos após sua utilização, neste caso, lixo
eletrônico, desde a coleta, possível reutilização e reciclagem, pode receber a
denominação de „Logística Reversa‟.
1.4 Logística Reversa
Entende-se por Logística Reversa, segundo Leite (2003, p.17), a área da logística
que tem como finalidade o gerenciamento dos processos de retorno dos bens pós-venda
e pós-consumo, além de todos os componentes que os constituem, ao ciclo produtivo ou
de negócios. Associando-lhes, assim, valores de diferentes naturezas, dependendo da
situação: “econômicos, ecológicos, legais, logísticos, de imagem corporativa, entre
outros”.
Leite (2003, p.4) ainda afirma que a preocupação com as etapas e formas em que
os produtos retornam ao ciclo produtivo, ou seja, a atuação da logística nos canais de
distribuição reversos, é recente, e o pouco interesse neste ramo de estudo até então,
possivelmente ocorre devido a pouca importância econômica dos canais de distribuição
reversos em comparação aos diretos.
A logística reversa pode ser dividida em dois subsistemas (LEITE, 2003):
Canais de Distribuição Reversos de Bens de Pós-Venda: Neste canal, os produtos
pós-venda são devolvidos normalmente por terminar sua validade, excesso de estoque no
canal de distribuição ou por apresentar problemas de qualidade e defeitos. Após a
devolução, eles são destinados aos mercados secundários, a reformas, ao desmanche, à
reciclagem ou a disposições finais.
Canais de Distribuição Reversos de Bens de Pós-Consumo: Aqui os produtos são
devolvidos após sua utilização e término de vida útil. Eles podem ser destinados ao reuso,
ao desmanche, à reciclagem ou a disposições finais, dependendo de suas condições de
uso e composição.
Para o desenvolvimento do foco deste artigo, o subsistema a ser analisado é o de
bens de pós-consumo, o qual será detalhado no próximo tópico.
1.5 Logística Reversa de Pós-Consumo
Leite (2003, p.45) define os canais de distribuição reversos de bens de pósconsumo como as “diversas etapas de comercialização pelas quais fluem os resíduos
industriais e os diferentes tipos de bens de utilidade ou seus materiais constituintes, até
sua reintegração ao processo produtivo, por meio do subsistemas de desmanche,
reciclagem ou reuso”.
Pereira et al. (2012, p.32) escrevem que não são apenas os bens pós-consumo
originais que fluem por esse canal, mas também apenas as peças ou materiais nos quais
eles são constituidos e seus resíduos, onde todos poderão retornar a cadeia por meio de
sistemas de revalorização: Reúso, desmanche e reciclagem.
1.6 Requisitos para Implantação da Logística Reversa
De acordo com Leite (2003, p.91), eixtem algumas condições essenciais para a
implementação da logística reversa: remuneração em todas as etapas reversas;
qualidade dos materiais reciclados; escala econômica de atividade; mercado para os
produtos em conteúdo de reciclados.
Segundo Pereira et al. (2012, p.42), havendo estas condições, existem mais três
fatores necessários para a organização da logística reversa:
Fatores Econômicos: Economias necessárias para reintegração das matériasprimas secundárias aos processos produtivos, e o financiamento e retorno financeiro
adequado aos agentes da cadeia produtiva reversa.
Fatores Tecnológicos: Existência de tecnologia que permita o tratamento do bem
descartado por todo o processo da logística reversa, desde sua coleta até a
transformação de seus resíduos em matérias-primas recicladas.
Fatores Logísticos: Existência de sistemas de transporte, localização e organização
da cadeia de distribuição reversa.
1.7 Motivos para o Investimento em Logística Reversa
Miguez (2010, p.17) relata que existem vários fatores incentivadores do
investimento nos processos da logística reversa pelas empresas, porém, a maioria deles,
visa o aumento de lucro. Ele cita alguns fatores, como a “conscientização dos
consumidores, pressão do governo, questão legal, responsabilidade ambiental e geração
de lucro”.
Entre tantos fatores, destacam-se dois que podem se tornar verdadeiros „motores‟
ou incentivadores da organização das cadeias reversas (LEITE, 2003):
Fatores Ecológicos: Os novos comportamentos da sociedade em relação a
preocupação com o meio ambiente, passam a exigir novas posições estratégicas das
empresas, que passam a se preocupar com os impactos de seus produtos e processos
industriais no meio ambiente, justificando novas e importantes motivações de
implementação da logística reversa, de modo que se mantenham competitivas.
Fatores legislativos: As legislações mais recentes responsabilizam os fabricantes
pelo impacto de seus produtos no meio ambiente, por meio de leis dirigidas às etapas de
reciclgem ou por meio de proibições de disposição em aterros sanitários, de uso de certos
tipos de embalagens plásticas, até a devida estruturação dos canais reversos.
De acordo com Aita e Ruppenthal (2008), a logística reversa melhora a imagem da
empresa perante o mercado, onde as empresas „ambientalmente responsáveis‟,
apresentam uma forte publicidade positiva e uma relação custo/benefício vantajosa.
1.8 Logística Reversa e o Lixo Eletrônico
Segundo Santos, Araujo e Silvestre (2010, p.52), a logística reversa no setor de
computadores tem como objetivo gerenciar tais produtos ao fim de sua vida útil, ela tem a
função de agregar um novo valor a produtos informáticos já considerados lixo ou seus
elementos, retornando-os ao ciclo produtivo por meio do canal reverso de bens pósconsumo. Atualmente as empresas fabricantes de produtos informáticos estão buscando
meios de reutilizar seus produtos eletrônicos descartados pelos consumidores,
recuperando-os e reinserindo-os ao ciclo produtivo, motivados pelas legislações, redução
de custos e imagem corporativa.
Observando-se o crescimento da indústria eletrônica e o aumento de vendas destes
produtos pode-se determinar a grande importância da estruturação da logística reversa de
bens pós-consumo direcionada a eles. Miguez (2010) relata que os consumidores não
sabem como descartar seu lixo eletrônico, assim, deixando-os, aproximadamente 75%,
armazenados nas residências.
Miguez (2010) ainda escreve que existem várias formas de contribuirmos para um
consumo e produção de eletrônicos mais racionais, como o controle na emissão de
substâncias, o combate aos desperdícios ou o reaproveitamento dos produtos e seus
componentes. Reaproveitar os produtos significa que haverá menos produção, menos
resíduos, em determinados casos menos substâncias perigosas, menos matérias-primas,
menos energia consumida e menos poluição nas três fases do ciclo de vida: extração de
matérias-primas, fabricação e descarte/reciclagem.
2. Relato Circunstanciado
2.1 Método de Pesquisa
Como método de pesquisa, com o objetivo de comprovar a hipótese de pesquisa
abordada no presente artigo, de que a logística reversa pode ajudar na resolução do
problema do lixo eletrônico, através da análise da opnião de especialistas em logística,
foram aplicados questionários a dez professores que lecionam a disciplina de logística em
quatro instituições de ensino diferentes: FATEC de Guaratinguetá, FEG – UNESP, FATEA
e SENAC de Guaratinguetá, e a cinquenta alunos ingressos no 3º, 4º e 5º semestres do
curso de graduação em técnologo em logística da FATEC de Guaratinguetá.
O questionário foi composto pelas seguintes questões:
Quais motivos levam as empresas a investir em logística reversa de produtos
pós-consumo?
Alternativas: 1. Ambientais; 2. Econômicos; 3. Legislativos; 4. Melhoria da imagem
da empresa; 5. Competitividade do mercado; 6. Outro.
Quais retornos positivos são esperados pelas empresas após o investimento
na logística reversa de bens pós consumo?
Alternativas: 1. Aumento de vendas; 2. Aumento de clientes; 3. Aumento nos
lucros; 4. Aumento da preferência entre as empresas do mesmo ramo; 5. Outro.
Quais as possíveis dificuldades encontradas pelas empresas ao se investir
em logística reversa de bens pós-consumo?
Alternativas: 1. Econômicas; 2. Logísticas; 3. Tecnologias de reciclagem; 4.
Disposição final dos produtos; 5. Reintegração dos produtos reciclados no mercado como
matéria prima secundária; 6. Outro.
Para qual tipo de empresa é mais viável economicamente o investimento em
logística reversa de bens pós-consumo?
Alternativas: 1. Todas, independente de seu tamanho; 2. Grande porte; 3. Médio
porte; 4. Pequeno porte
Você acha que é mais vantajoso para as empresas de eletrônicos o
investimento em todas as fases da logística reversa de bens pós-consumo, desde a
coleta de seus produtos sem mais condições de uso até a reciclagem e sua
reintegração ao processo produtivo ou a participação em apenas algumas fases do
processo, contratando uma companhia especializada na coleta, desmanche,
reciclagem ou disposição final dos produtos?
Alternativas: 1. A empresa realizar todas as etapas da logística reversa de bens
pós-consumo; 2. A empresa possuir contrato com uma companhia especializada; 3. A
empresa possuir contrato com uma companhia especializada apenas na etapa de coleta;
4. A empresa possuir contrato com uma companhia especializada apenas na etapa de
desmanche; 5. A empresa possuir contrato com uma companhia especializada apenas na
etapa de reciclagem; 6. A empresa possuir contrato com uma companhia especializada
apenas nas etapas de desmanche e reciclagem; 7. Outro.
A resposta da pergunta 7 serve para todas as empresas ou apenas em
determinados casos? Explique.
Considerando que lixo eletrônico é a definição de todos os produtos
eletrônicos descartados; Que a lei estadual de São Paulo nº 13.576 responsabiliza
as empresas que produzem, comercializam ou importam equipamentos eletrônicos
por uma disposição final de seus produtos não prejudicial ao meio ambiente; e Que
a lei 12.305 obriga os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes de
produtos eletroeletrônicos a implementar sistemas de logística reversa para retorno
de seus produtos. Você considera que a adoção da logística reversa de bens pósconsumo pelas empresas de eletrônicos é uma alternativa eficiente como solução
para o lixo eletrônico?
Alternativas: 1. Sim; 2. Não; 3. Outro.
2.2 Apresentação dos Resultados
Outro
0
1
Competitividade do mercado
20
3
Melhoria da imagem da empresa
33
5
Legislativos
7
Econômicos
7
Alunos
23
Professores
30
Ambientais
37
10
0
5
10
15
20
25
30
35
40
Gráfico I: Motivos que levam as empresas a investir em logística reversa
Outro
4
0
Aumento da preferência entre as
empresas do mesmo ramo
23
6
Aumento nos lucros
Aumento de Clientes
Professores
20
5
Aumento de Vendas
14
2
0
Alunos
30
5
5
10
15
20
25
30
35
Gráfico II: Retornos positivos esperados pelas empresas após o investimento na logística reversa
1
Outro
Reintegração dos produtos reciclados
no mercado, como matéria-prima
Disposição Final dos Produtos
2
22
2
16
5
Tecnologias de Reciclagem
Alunos
28
5
Logísticas
26
8
Econômicas
12
2
0
Professores
5
10
15
20
25
30
Gráfico III: Dificuldades encontradas pelas empresas ao se investir em logística reversa
Gráfico IV: Tipo de empresa para qual o investimento em logística reversa é mais viável
economicamente
12
Outro
A empresa possuir contrato com uma companhia
especializada apenas nas etapas de desmanche e
A empresa possuir contrato com uma companhia
especializada apenas na etapa de reciclagem
A empresa possuir contrato com uma companhia
especializada apenas na etapa de desmanche
A empresa possuir contrato com uma companhia
especializada apenas na etapa de coleta
A empresa possuir contrato com uma companhia
especializada
A empresa realizar todas as etapas da logística reversa
de bens pós-consumo
1
1
0
5
2
2
Alunos
Professores
1
1
18
2
21
3
0
5
10
15
20
25
Gráfico V: Etapas da logística reversa realizadas pela própria empresa ou terceirizadas.
Gráfico VI: A logística reversa é ou não uma solução eficiente para o lixo eletrônico
2.3 Discussão dos Resultados
Analisando os resultados apresentados no capítulo anterior, podemos chegar a
conclusão de que o motivo que mais influencia a decisão das empresas em estruturar os
canais reversos de bens pós-consumo de seus produtos é o fator ecológico. Este
resultado é de extrema importância em nossa sociedade atual, uma vez que evidencia a
percepção do estado de degradação do meio ambiente, ocasionado parcialmente pelo
acúmulo de lixo, pelas empresas e a conscientização de que não se pode mais adiar a
tomada de medidas para amenizar e reverter este quadro.
O segundo fator que possui mais influencia são as legislações, o que mostra que
não só as empresas, como também o governo, estão começando a fazer sua parte na luta
contra a poluição do meio ambiente. Em seguida, além dos fatores econômicos, também
há a melhoria de imagem da empresa em relação aos clientes e favoritismo na
competitividade de mercado, que também nos mostra o início da conscientização da
população, o que pode ser a melhor arma nesta batalha, por diversos motivos, como a
pressão popular e o fato de representar maior número em quantidade.
As respostas da segunda pergunta também comprovam esta idéia, da
conscientização popular, já que, na visão dos professores, o resultado mais esperado
pelas empresas após o investimento na logística reversa de bens pós-consumo é o
aumento da preferência dos clientes entre as empresas do mesmo ramo.
Já para os alunos, o resultado mais esperado pelas empresas é o aumento nos
lucros, assim, as respostas desta pergunta também podem levar a outras conclusões: De
que as empresas não estão satisfeitas em somente ajudar ao meio ambiente, mas
também esperam um retorno que influencie em seus ganhos; e que, este se torna um
grande incentivo para que as empresas que ainda não realizam o ciclo reverso, comecem
a implantá-lo. Mesmo que elas comecem este investimento com um propósito em
benefício próprio, também estarão ajudando nas causas ambientais.
A maior dificuldade encontrada pelas empresas em relação à logística reversa,
segundo os professores entrevistados, são os fatores logísticos. No fluxo direto, os
produtos são enviados das indústrias ao comércio, onde as indústrias normalmente se
localizam próximas as fontes de matérias-primas. No fluxo reverso, os produtos são
levados dos usuários finais até as indústrias de reciclagem e posteriormente as indústrias
de produção, como matéria-prima secundária, neste caso as fontes dos produtos são
várias e estão nos centros urbanos, distantes das indústrias, o que gera dificuldades
logísticas diferentes das analisadas nos canais diretos.
Na visão dos alunos, diferente dos professores, a maior dificuldade é a falta de
tecnologias de reciclagem de equipamentos eletrônicos. A reciclagem deste tipo de
equipamento é mais complexa que a reciclagem de papel ou plástico, envolvendo
processos industriais mais elaborados e necessitando de equipamentos sofisticados para
separação dos materiais que os compõem.
Posteriormente, os entrevistados elegeram como maior dificuldade a disposição
final dos produtos eletrônicos e a reintegração destes produtos reciclados no mercado
como matéria-prima secundária.
O investimento na logística reversa de bens pós-consumo foi avaliado como viável
para todas as empresas, independente de se tamanho, tanto pelos professores, como
pelos alunos, o que não justifica a não implantação da logística reversa por empresas de
pequeno ou médio porte. Porém, há divergências, em maior parte vindas dos alunos, que
acreditam que este investimento é mais viável para as empresas de grande porte.
Para a realização da logística reversa de bens pós-consumo as empresas têm a
opção de contratar companhias especializadas para diversas etapas do processo. Foi
constatado, por ambos públicos pesquisados (professores e alunos), que é mais viável a
própria empresa realizar todas as etapas, porém uma quantidade consideravel tem opnião
diferente, de que a empresa deveria contratar uma companhia especializada que
administrasse todo o processo. Outros poucos acreditam que a empresa deveria contratar
uma companhia especializada apenas para a fase de desmanche e/ou reciclagem. Estas
opções podem variar de acordo com a conveniência de cada empresa, seu tamanho ou
tipo de produto que fornece, entre outros motivos.
Enfim, realizada por diversos motivos e várias expectativas, inteiramente pelas
empresas ou através de companhias terceirizadas, apesar de algumas dificuldades, a
logística reversa de bens pós-consumo é uma alternativa viável e eficiente como solução
aos problemas do lixo eletrônico, na visão dos alunos e professores entrevistados.
Considerações Finais
Conclui-se que a logística reversa tem meios de ajudar na resolução do problema
do lixo eletrônico. Ao se estruturar os canais reversos de bens pós consumo, é possivel
reduzir os equipamentos eletroeletrônicos inservíveis, dos quais as pessoas abrem mão
jogando-os em lugares inadequados, causando danos ao meio ambiente, devido aos seus
componentes tóxicos, o que se reverte em danos a própria população.
O que precisamos inicialmente é da conscientização da sociedade, da ação do
governo, por meio de leis, incentivo e auxilio as organizações, e a iniciativa das empresas
em realizar a logística reversa de bens pós-consumo de seus produtos. Assim, cada qual
cumprindo o seu papel, pode-se reduzir a poluição do meio ambiente causada pelo lixo
eletrônico.
Através dos canais reversos de bens pós-consumo, os produtos eletrônicos, já sem
utilidade para seus donos, ou seja, considerados lixo, podem ser recolhidos dos usuários
finais através de pontos de coleta. Os produtos que ainda possuirem condições de uso
podem ser encaminhados ao mercado de segunda mão, enquanto os outros são levados
ao processo de desmanche e reciclagem, até se tornarem matéria-prima novamente.
Todo este processo apresenta inúmeras dificuldades, desde a logística, devido as
localizações diferentes dos usuários finais e a distância das indústrias de reciclagem, até
a pouca tecnologia de reciclagem de alguns tipos de equipamentos. Porém, estes
impecilhos não impedem a realização da logística reversa e são compensados ao fim do
processo, seja na melhoria da situação atual do meio ambiente, até o aumento da
preferência dos clientes e lucros empresariais.
Em determinados casos existe até a opção de se contratar uma organização
especializada na logística reversa, dependendo do que for mais conveniente para
empresa. Estes tipos de organizações têm se tornado cada vez mais comum, o que
oferece ainda mais condições de se realizar a estruturação dos canais reversos.
Finalmente, é possivel considerar que a logística reversa, somada a redução do
consumo excessivo, é uma das melhores soluções ao acumulo de lixo eletrônico
atualmente.
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