LIXO ELETRÔNICO: COMO A LOGÍSTICA REVERSA PODE AJUDAR NA RESOLUÇÃO DESTE PROBLEMA Caroline Gonçalves Corrêa – FATEC – [email protected] Roberto Carvalho – FATEC – [email protected] Área Temática Logística Reversa e Meio Ambiente. Resumo Diante do aumento constante no consumo de aparelhos elétricos e eletrônicos, como computadores, eletrodomésticos e telefones celulares, motivado por diversos fatores, desde o marketing de divulgação, a redução da vida útil dos equipamentos, os lançamentos de novos produtos em curto espaço de tempo e até a economia capitalista, gerando assim uma grande quantidade de lixo eletrônico, surge a necessidade de realização de estudos a fim de encontrar soluções para este acúmulo de resíduos, uma vez que são compostos por elementos químicos altamente prejudiciais ao meio ambiente e a saúde humana. A forma de solução abordada neste artigo é a utilização da logística reversa para destinação ambientalmente correta do lixo eletrônico através da reutilização ou reciclagem. Como método de pesquisa, foi elaborado um questionário para alunos de graduação em logística e professores especializados nesta área, com o objetivo de validar a solução analisada no artigo. Palavras-chave: Lixo Eletrônico, Logística Reversa, Meio Ambiente. Abstract Given the steady increase in the consumption of electrical appliances and electronics such as computers, home appliances and mobile phones, motivated by several factors, from disclosure's marketing, reduction of useful life of equipment, new product launches in a short time and capitalist economy, thereby generating a large amount of junk mail, arises the need for studies to find solutions to this accumulation of waste, since they are composed of chemical elements highly damaging to the environment and human health. The form of solution discussed in this article is the use of reverse logistics for environmentally sound disposal of electronic waste through reuse or recycling. As a research method, a questionnaire was designed for logistics college students and professors specialized in this area, in order to validate the solution analyzed in the article. Keywords: Electronic Waste, Reverse Logistics, Environment. 1. Introdução As capacidades aprimoradas das novas versões dos equipamentos, o marketing de venda, o sistema econômico capitalista, e a sociedade atual, onde constantemente somos avaliados pelo o que temos e não pelo o que somos, são grandes influenciadores ao consumo excessivo dos produtos tecnológicos, o que estimula o aumento da produção dos mesmos. Muitas vezes, o surgimento em curto intervalo de tempo dos novos equipamentos funciona como estratégia de venda em diversas empresas, que, sempre estimuladas pela maximização de seus lucros, deixam de lado o grande problema ambiental que esta situação tem causado: Um considerável aumento de lixo gerado por nossa atual sociedade. Leite (2003) coloca como motivo desta situação, a descartabilidade dos produtos, ocasionada por diversos fatores como o acelerado desenvovimeno tecnológico, o marketing, a moda, a cultura de consumo inpulsionada pela economia capitalista, o enorme crescimento no lançamento de novos produtos devido a competitividade do mercado, a evolção da logística, e a obsolência mercadológica planejada pelas empresas para um aumento de vendas. Tratando-se dos produtos de informática, a descartabilidade é ainda maior. Santos, Araújo e Silvestre (2010) afirmam que as inovações tecnológicas têm sido constantes em relação a estes produtos, os quais passam a ter uma vida média muito curta, tornando-se ultrapassados em pouco tempo de uso devido ao rápido lançamento de novos produtos com mais funcionalidades, o que aguça a curiosidade dos consumidores por equipamentos cada vez mais modernos. 1.1 Lixo Eletrônico O termo “lixo eletrônico” pode ser utilizado como definição de todos os produtos eletrônicos descartados (MATTOS; MATTOS; PERALES, 2008). Silva (2010), relata que o lixo eletrônico constitui um problema de extrema preocupação atual, possuindo a maior taxa de crescimento no mundo, com tendência a aumentar conforme o desenvolvimento industrial. “As substâncias mais problemáticas do ponto de vista ambiental presentes nestes componentes são os metais pesados, como o mercúrio, chumbo, cádmio e cromo (...)” (CCE, 2000, p.8). O mercúrio, cádmio, arsênio, cobre, chumbo e alumínio podem representar um enorme dano ao meio ambiente se forem jogadas no lixo comum (OLIVEIRA; NEGREIROS, 2010). Além dos prejuízos ambientais, alguns também causam danos à saúde humana: Metais Alumínio Cádmio Chumbo Mercúrio Efeitos Anemia por deficiência de ferro; Intoxicação crônica. Câncer de pulmões e próstata; Lesão nos rins. Saturnismo (cólicas abdominais, tremores, fraqueza muscular, lesão renal e cerebral). Intoxicação do sistema nervoso central. Tabela I: Efeitos prejudiciais a saúde humana causados pelos metais Fonte: IEL - Instituto Euvaldo Lodi (FIEC) 1.2 Legislação Brasileira Em agosto de 2010 foi aprovada a lei nº 12.305 que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos. No artigo 33 consta que os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes de pilhas, baterias, produtos eletroeletrônicos, entre outros, são obrigados a implementar sistemas de logística reversa para o retorno de seus produtos após o uso pelo consumidor, de forma indepentente do serviço público, onde os consumidores deverão devolver os produtos, após o uso, aos comerciantes ou distribuidores, que devolverão aos fabricantes ou importadores, os quais serão responsáveis pela destinação ambientalmente adequada dos produtos. (PLANALTO, 2010) 1.3 Possíveis Soluções Uma solução plausivel para o lixo eletrônico é apresentada por Pallone (2008): A utilização da política dos 3 R‟s, reduzir, reutilizar e reciclar. Reduzir: Reduzir o consumo excessivo e impensável de produtos eletrônicos é de extrema importância para, consequentemente, reduzir o posterior acúmulo de lixo eletrônico. Reutilizar: Um equipamento eletrônico, como, por exemplo, um computador, que perdeu a utilidade para a realização das atividades de uma determinada pessoa, ainda pode estar em condições de uso para atividades de outra. Assim, é possivel que haja a reutilização de tal equipamento, prolongando seu tempo de vida útil e diminuindo a quantidade de lixo eletrônico. Reciclar: Este ultimo „R‟ é utilizado quando o equipamento realmente se torna lixo eletrônico, ou seja, quando não está mais em condição de uso. Esta opção é considerada uma maneira ambientalmente correta de disposição final de bens. “Quando os produtos tornam-se obsoletos, os mesmos devem retornar ao ciclo produtivo para reciclagem ou para compor um novo produto final e então ser lançado novamente no mercado, evitando danos ao meio ambiente e a sociedade”. (SANTOS; ARAÚJO; SILVESTRE, 2010, p.49) Todo o processo de destinação dos produtos após sua utilização, neste caso, lixo eletrônico, desde a coleta, possível reutilização e reciclagem, pode receber a denominação de „Logística Reversa‟. 1.4 Logística Reversa Entende-se por Logística Reversa, segundo Leite (2003, p.17), a área da logística que tem como finalidade o gerenciamento dos processos de retorno dos bens pós-venda e pós-consumo, além de todos os componentes que os constituem, ao ciclo produtivo ou de negócios. Associando-lhes, assim, valores de diferentes naturezas, dependendo da situação: “econômicos, ecológicos, legais, logísticos, de imagem corporativa, entre outros”. Leite (2003, p.4) ainda afirma que a preocupação com as etapas e formas em que os produtos retornam ao ciclo produtivo, ou seja, a atuação da logística nos canais de distribuição reversos, é recente, e o pouco interesse neste ramo de estudo até então, possivelmente ocorre devido a pouca importância econômica dos canais de distribuição reversos em comparação aos diretos. A logística reversa pode ser dividida em dois subsistemas (LEITE, 2003): Canais de Distribuição Reversos de Bens de Pós-Venda: Neste canal, os produtos pós-venda são devolvidos normalmente por terminar sua validade, excesso de estoque no canal de distribuição ou por apresentar problemas de qualidade e defeitos. Após a devolução, eles são destinados aos mercados secundários, a reformas, ao desmanche, à reciclagem ou a disposições finais. Canais de Distribuição Reversos de Bens de Pós-Consumo: Aqui os produtos são devolvidos após sua utilização e término de vida útil. Eles podem ser destinados ao reuso, ao desmanche, à reciclagem ou a disposições finais, dependendo de suas condições de uso e composição. Para o desenvolvimento do foco deste artigo, o subsistema a ser analisado é o de bens de pós-consumo, o qual será detalhado no próximo tópico. 1.5 Logística Reversa de Pós-Consumo Leite (2003, p.45) define os canais de distribuição reversos de bens de pósconsumo como as “diversas etapas de comercialização pelas quais fluem os resíduos industriais e os diferentes tipos de bens de utilidade ou seus materiais constituintes, até sua reintegração ao processo produtivo, por meio do subsistemas de desmanche, reciclagem ou reuso”. Pereira et al. (2012, p.32) escrevem que não são apenas os bens pós-consumo originais que fluem por esse canal, mas também apenas as peças ou materiais nos quais eles são constituidos e seus resíduos, onde todos poderão retornar a cadeia por meio de sistemas de revalorização: Reúso, desmanche e reciclagem. 1.6 Requisitos para Implantação da Logística Reversa De acordo com Leite (2003, p.91), eixtem algumas condições essenciais para a implementação da logística reversa: remuneração em todas as etapas reversas; qualidade dos materiais reciclados; escala econômica de atividade; mercado para os produtos em conteúdo de reciclados. Segundo Pereira et al. (2012, p.42), havendo estas condições, existem mais três fatores necessários para a organização da logística reversa: Fatores Econômicos: Economias necessárias para reintegração das matériasprimas secundárias aos processos produtivos, e o financiamento e retorno financeiro adequado aos agentes da cadeia produtiva reversa. Fatores Tecnológicos: Existência de tecnologia que permita o tratamento do bem descartado por todo o processo da logística reversa, desde sua coleta até a transformação de seus resíduos em matérias-primas recicladas. Fatores Logísticos: Existência de sistemas de transporte, localização e organização da cadeia de distribuição reversa. 1.7 Motivos para o Investimento em Logística Reversa Miguez (2010, p.17) relata que existem vários fatores incentivadores do investimento nos processos da logística reversa pelas empresas, porém, a maioria deles, visa o aumento de lucro. Ele cita alguns fatores, como a “conscientização dos consumidores, pressão do governo, questão legal, responsabilidade ambiental e geração de lucro”. Entre tantos fatores, destacam-se dois que podem se tornar verdadeiros „motores‟ ou incentivadores da organização das cadeias reversas (LEITE, 2003): Fatores Ecológicos: Os novos comportamentos da sociedade em relação a preocupação com o meio ambiente, passam a exigir novas posições estratégicas das empresas, que passam a se preocupar com os impactos de seus produtos e processos industriais no meio ambiente, justificando novas e importantes motivações de implementação da logística reversa, de modo que se mantenham competitivas. Fatores legislativos: As legislações mais recentes responsabilizam os fabricantes pelo impacto de seus produtos no meio ambiente, por meio de leis dirigidas às etapas de reciclgem ou por meio de proibições de disposição em aterros sanitários, de uso de certos tipos de embalagens plásticas, até a devida estruturação dos canais reversos. De acordo com Aita e Ruppenthal (2008), a logística reversa melhora a imagem da empresa perante o mercado, onde as empresas „ambientalmente responsáveis‟, apresentam uma forte publicidade positiva e uma relação custo/benefício vantajosa. 1.8 Logística Reversa e o Lixo Eletrônico Segundo Santos, Araujo e Silvestre (2010, p.52), a logística reversa no setor de computadores tem como objetivo gerenciar tais produtos ao fim de sua vida útil, ela tem a função de agregar um novo valor a produtos informáticos já considerados lixo ou seus elementos, retornando-os ao ciclo produtivo por meio do canal reverso de bens pósconsumo. Atualmente as empresas fabricantes de produtos informáticos estão buscando meios de reutilizar seus produtos eletrônicos descartados pelos consumidores, recuperando-os e reinserindo-os ao ciclo produtivo, motivados pelas legislações, redução de custos e imagem corporativa. Observando-se o crescimento da indústria eletrônica e o aumento de vendas destes produtos pode-se determinar a grande importância da estruturação da logística reversa de bens pós-consumo direcionada a eles. Miguez (2010) relata que os consumidores não sabem como descartar seu lixo eletrônico, assim, deixando-os, aproximadamente 75%, armazenados nas residências. Miguez (2010) ainda escreve que existem várias formas de contribuirmos para um consumo e produção de eletrônicos mais racionais, como o controle na emissão de substâncias, o combate aos desperdícios ou o reaproveitamento dos produtos e seus componentes. Reaproveitar os produtos significa que haverá menos produção, menos resíduos, em determinados casos menos substâncias perigosas, menos matérias-primas, menos energia consumida e menos poluição nas três fases do ciclo de vida: extração de matérias-primas, fabricação e descarte/reciclagem. 2. Relato Circunstanciado 2.1 Método de Pesquisa Como método de pesquisa, com o objetivo de comprovar a hipótese de pesquisa abordada no presente artigo, de que a logística reversa pode ajudar na resolução do problema do lixo eletrônico, através da análise da opnião de especialistas em logística, foram aplicados questionários a dez professores que lecionam a disciplina de logística em quatro instituições de ensino diferentes: FATEC de Guaratinguetá, FEG – UNESP, FATEA e SENAC de Guaratinguetá, e a cinquenta alunos ingressos no 3º, 4º e 5º semestres do curso de graduação em técnologo em logística da FATEC de Guaratinguetá. O questionário foi composto pelas seguintes questões: Quais motivos levam as empresas a investir em logística reversa de produtos pós-consumo? Alternativas: 1. Ambientais; 2. Econômicos; 3. Legislativos; 4. Melhoria da imagem da empresa; 5. Competitividade do mercado; 6. Outro. Quais retornos positivos são esperados pelas empresas após o investimento na logística reversa de bens pós consumo? Alternativas: 1. Aumento de vendas; 2. Aumento de clientes; 3. Aumento nos lucros; 4. Aumento da preferência entre as empresas do mesmo ramo; 5. Outro. Quais as possíveis dificuldades encontradas pelas empresas ao se investir em logística reversa de bens pós-consumo? Alternativas: 1. Econômicas; 2. Logísticas; 3. Tecnologias de reciclagem; 4. Disposição final dos produtos; 5. Reintegração dos produtos reciclados no mercado como matéria prima secundária; 6. Outro. Para qual tipo de empresa é mais viável economicamente o investimento em logística reversa de bens pós-consumo? Alternativas: 1. Todas, independente de seu tamanho; 2. Grande porte; 3. Médio porte; 4. Pequeno porte Você acha que é mais vantajoso para as empresas de eletrônicos o investimento em todas as fases da logística reversa de bens pós-consumo, desde a coleta de seus produtos sem mais condições de uso até a reciclagem e sua reintegração ao processo produtivo ou a participação em apenas algumas fases do processo, contratando uma companhia especializada na coleta, desmanche, reciclagem ou disposição final dos produtos? Alternativas: 1. A empresa realizar todas as etapas da logística reversa de bens pós-consumo; 2. A empresa possuir contrato com uma companhia especializada; 3. A empresa possuir contrato com uma companhia especializada apenas na etapa de coleta; 4. A empresa possuir contrato com uma companhia especializada apenas na etapa de desmanche; 5. A empresa possuir contrato com uma companhia especializada apenas na etapa de reciclagem; 6. A empresa possuir contrato com uma companhia especializada apenas nas etapas de desmanche e reciclagem; 7. Outro. A resposta da pergunta 7 serve para todas as empresas ou apenas em determinados casos? Explique. Considerando que lixo eletrônico é a definição de todos os produtos eletrônicos descartados; Que a lei estadual de São Paulo nº 13.576 responsabiliza as empresas que produzem, comercializam ou importam equipamentos eletrônicos por uma disposição final de seus produtos não prejudicial ao meio ambiente; e Que a lei 12.305 obriga os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes de produtos eletroeletrônicos a implementar sistemas de logística reversa para retorno de seus produtos. Você considera que a adoção da logística reversa de bens pósconsumo pelas empresas de eletrônicos é uma alternativa eficiente como solução para o lixo eletrônico? Alternativas: 1. Sim; 2. Não; 3. Outro. 2.2 Apresentação dos Resultados Outro 0 1 Competitividade do mercado 20 3 Melhoria da imagem da empresa 33 5 Legislativos 7 Econômicos 7 Alunos 23 Professores 30 Ambientais 37 10 0 5 10 15 20 25 30 35 40 Gráfico I: Motivos que levam as empresas a investir em logística reversa Outro 4 0 Aumento da preferência entre as empresas do mesmo ramo 23 6 Aumento nos lucros Aumento de Clientes Professores 20 5 Aumento de Vendas 14 2 0 Alunos 30 5 5 10 15 20 25 30 35 Gráfico II: Retornos positivos esperados pelas empresas após o investimento na logística reversa 1 Outro Reintegração dos produtos reciclados no mercado, como matéria-prima Disposição Final dos Produtos 2 22 2 16 5 Tecnologias de Reciclagem Alunos 28 5 Logísticas 26 8 Econômicas 12 2 0 Professores 5 10 15 20 25 30 Gráfico III: Dificuldades encontradas pelas empresas ao se investir em logística reversa Gráfico IV: Tipo de empresa para qual o investimento em logística reversa é mais viável economicamente 12 Outro A empresa possuir contrato com uma companhia especializada apenas nas etapas de desmanche e A empresa possuir contrato com uma companhia especializada apenas na etapa de reciclagem A empresa possuir contrato com uma companhia especializada apenas na etapa de desmanche A empresa possuir contrato com uma companhia especializada apenas na etapa de coleta A empresa possuir contrato com uma companhia especializada A empresa realizar todas as etapas da logística reversa de bens pós-consumo 1 1 0 5 2 2 Alunos Professores 1 1 18 2 21 3 0 5 10 15 20 25 Gráfico V: Etapas da logística reversa realizadas pela própria empresa ou terceirizadas. Gráfico VI: A logística reversa é ou não uma solução eficiente para o lixo eletrônico 2.3 Discussão dos Resultados Analisando os resultados apresentados no capítulo anterior, podemos chegar a conclusão de que o motivo que mais influencia a decisão das empresas em estruturar os canais reversos de bens pós-consumo de seus produtos é o fator ecológico. Este resultado é de extrema importância em nossa sociedade atual, uma vez que evidencia a percepção do estado de degradação do meio ambiente, ocasionado parcialmente pelo acúmulo de lixo, pelas empresas e a conscientização de que não se pode mais adiar a tomada de medidas para amenizar e reverter este quadro. O segundo fator que possui mais influencia são as legislações, o que mostra que não só as empresas, como também o governo, estão começando a fazer sua parte na luta contra a poluição do meio ambiente. Em seguida, além dos fatores econômicos, também há a melhoria de imagem da empresa em relação aos clientes e favoritismo na competitividade de mercado, que também nos mostra o início da conscientização da população, o que pode ser a melhor arma nesta batalha, por diversos motivos, como a pressão popular e o fato de representar maior número em quantidade. As respostas da segunda pergunta também comprovam esta idéia, da conscientização popular, já que, na visão dos professores, o resultado mais esperado pelas empresas após o investimento na logística reversa de bens pós-consumo é o aumento da preferência dos clientes entre as empresas do mesmo ramo. Já para os alunos, o resultado mais esperado pelas empresas é o aumento nos lucros, assim, as respostas desta pergunta também podem levar a outras conclusões: De que as empresas não estão satisfeitas em somente ajudar ao meio ambiente, mas também esperam um retorno que influencie em seus ganhos; e que, este se torna um grande incentivo para que as empresas que ainda não realizam o ciclo reverso, comecem a implantá-lo. Mesmo que elas comecem este investimento com um propósito em benefício próprio, também estarão ajudando nas causas ambientais. A maior dificuldade encontrada pelas empresas em relação à logística reversa, segundo os professores entrevistados, são os fatores logísticos. No fluxo direto, os produtos são enviados das indústrias ao comércio, onde as indústrias normalmente se localizam próximas as fontes de matérias-primas. No fluxo reverso, os produtos são levados dos usuários finais até as indústrias de reciclagem e posteriormente as indústrias de produção, como matéria-prima secundária, neste caso as fontes dos produtos são várias e estão nos centros urbanos, distantes das indústrias, o que gera dificuldades logísticas diferentes das analisadas nos canais diretos. Na visão dos alunos, diferente dos professores, a maior dificuldade é a falta de tecnologias de reciclagem de equipamentos eletrônicos. A reciclagem deste tipo de equipamento é mais complexa que a reciclagem de papel ou plástico, envolvendo processos industriais mais elaborados e necessitando de equipamentos sofisticados para separação dos materiais que os compõem. Posteriormente, os entrevistados elegeram como maior dificuldade a disposição final dos produtos eletrônicos e a reintegração destes produtos reciclados no mercado como matéria-prima secundária. O investimento na logística reversa de bens pós-consumo foi avaliado como viável para todas as empresas, independente de se tamanho, tanto pelos professores, como pelos alunos, o que não justifica a não implantação da logística reversa por empresas de pequeno ou médio porte. Porém, há divergências, em maior parte vindas dos alunos, que acreditam que este investimento é mais viável para as empresas de grande porte. Para a realização da logística reversa de bens pós-consumo as empresas têm a opção de contratar companhias especializadas para diversas etapas do processo. Foi constatado, por ambos públicos pesquisados (professores e alunos), que é mais viável a própria empresa realizar todas as etapas, porém uma quantidade consideravel tem opnião diferente, de que a empresa deveria contratar uma companhia especializada que administrasse todo o processo. Outros poucos acreditam que a empresa deveria contratar uma companhia especializada apenas para a fase de desmanche e/ou reciclagem. Estas opções podem variar de acordo com a conveniência de cada empresa, seu tamanho ou tipo de produto que fornece, entre outros motivos. Enfim, realizada por diversos motivos e várias expectativas, inteiramente pelas empresas ou através de companhias terceirizadas, apesar de algumas dificuldades, a logística reversa de bens pós-consumo é uma alternativa viável e eficiente como solução aos problemas do lixo eletrônico, na visão dos alunos e professores entrevistados. Considerações Finais Conclui-se que a logística reversa tem meios de ajudar na resolução do problema do lixo eletrônico. Ao se estruturar os canais reversos de bens pós consumo, é possivel reduzir os equipamentos eletroeletrônicos inservíveis, dos quais as pessoas abrem mão jogando-os em lugares inadequados, causando danos ao meio ambiente, devido aos seus componentes tóxicos, o que se reverte em danos a própria população. O que precisamos inicialmente é da conscientização da sociedade, da ação do governo, por meio de leis, incentivo e auxilio as organizações, e a iniciativa das empresas em realizar a logística reversa de bens pós-consumo de seus produtos. Assim, cada qual cumprindo o seu papel, pode-se reduzir a poluição do meio ambiente causada pelo lixo eletrônico. Através dos canais reversos de bens pós-consumo, os produtos eletrônicos, já sem utilidade para seus donos, ou seja, considerados lixo, podem ser recolhidos dos usuários finais através de pontos de coleta. Os produtos que ainda possuirem condições de uso podem ser encaminhados ao mercado de segunda mão, enquanto os outros são levados ao processo de desmanche e reciclagem, até se tornarem matéria-prima novamente. Todo este processo apresenta inúmeras dificuldades, desde a logística, devido as localizações diferentes dos usuários finais e a distância das indústrias de reciclagem, até a pouca tecnologia de reciclagem de alguns tipos de equipamentos. Porém, estes impecilhos não impedem a realização da logística reversa e são compensados ao fim do processo, seja na melhoria da situação atual do meio ambiente, até o aumento da preferência dos clientes e lucros empresariais. Em determinados casos existe até a opção de se contratar uma organização especializada na logística reversa, dependendo do que for mais conveniente para empresa. Estes tipos de organizações têm se tornado cada vez mais comum, o que oferece ainda mais condições de se realizar a estruturação dos canais reversos. Finalmente, é possivel considerar que a logística reversa, somada a redução do consumo excessivo, é uma das melhores soluções ao acumulo de lixo eletrônico atualmente. 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