136 ESTUDO DO POTENCIAL ECONÔMICO DE Piper nigrum L. (PIPERACEAE) Ana Cleide Cavalcante de Souza1 Andréia Pereira da Silva1 Evellin Estaniely Mesquita Romio1 Roberto Wagner Travençolo1 Willian Marconato Cordeiro1 Santina Rodrigues Santana2 Reginaldo de Oliveira Nunes2 RESUMO Piper nigrum L., é uma das mais conhecidas dentre as mais de 1000 espécies da família Piperaceae, devido ao seu potencial econômico. Originária da floresta de Kerala, sul da Índia. O trabalho teve como objetivo diagnosticar através do referencial bibliográfico potencial econômico, bem como informações sobre a diversidade de usos cultivo e manejo desta espécie. Para coleta dos dados foi realizada revisão bibliográfica para detectar a diversidade de usos, cultivo e manejo da espécie, alem de visitas para contato com moradores que cultivam a planta. De acordo com os dados obtidos pode-se observar que Piper nigrum L. é utilizada em larga escala principalmente como condimento, sendo indicada também na homeopatia e inseticida natural. É propagada pelo método de estaquia, e para manter o plantio livre de plantas daninhas deve-se realizar limpeza e controle químico com herbicidas. conforme o beneficiamento Piper nigrum pode ser comercializada de quatro tipos: branca, preta, verde e vermelha. O Brasil é um dos maiores produtores de Piper nigrun L., oscilando entre a segunda e terceira posição no mercado mundial, sendo, os maiores importadores atuais da pimenta brasileira os Estados Unidos, Holanda, Argentina, Alemanha, Espanha, México e França. Com base no levantamento realizado, pode- se considerar que Piper nigrun L., apresenta grande potencial econômico para o país devido sua ampla utilização. Palavras – chaves: Piper nigrun L; Potencial econômico; Condimentos. ABSTRACT The species Piper nigrum L., of the gender Piper, is one of the more acquaintances among the more than 1000 species of the family Piperaceae, due to his/her value commercial, economical, and his/her medicinal importance. Original of the forest of Kerala, south of India .The work had as objective accomplishes a bibliographical rising of the economical potential of the Piper nigrum L. The data were collected through bibliographical revision, goods, specific sites and to obtain more information on the cultivation it was accomplished a visit to the planting of Piper nigrum L. it can be observed that Piper nigrum L. it is used in wide climbs as seasoning and it possesses a volatile oil, that attributes him/her a spicy flavor. Being also indicated in the homeopathy and natural insecticide. It is spread by the estaquia method and to maintain the planting free from harmful plants he/she should take place cleaning and chemical control with herbicides. Brazil is one of the largest producing of Piper nigrun L., oscillating between Monday and third position in the market world, being, the largest current importers of the Brazilian pepper the United States, Holland, Argentina, Germany, Spain, Mexico and France. With base in the accomplished rising, it can - to be considered that Piper nigrun L., it presents great economical potential to the due country his/her wide use. Key words: Piper nigrun L; Economical potential; Seasonings. _______________________________________________________ 1 Acadêmicos do curso de Ciências Biológicas 2Prof. Msc. do Curso de Ciências Biológicas da FACIMED. 137 1. INTRODUÇÃO A espécie Piper nigrum L., do gênero Piper, é uma das mais conhecidas dentre as mais de 1000 espécies da família Piperaceae, devido ao seu valor comercial, econômico, e a sua importância medicinal. Originária da floresta de Kerala, sul da Índia. A busca por essa especiaria, utilizada e valorizada desde tempos imemoriais, foi uma das principais causas da expansão e apogeu de Piper nigrum L. no império português. Nessa época 60 kg de Piper nigrum L., chegou a valer, 52 gramas de ouro ((DUARTE e ALBUQUERQUE, 2005). A introdução da pimenta-do-reino, no Brasil, pelos colonos portugueses no séc. XVII ficou restrita aos estados do litoral brasileiro sendo estabelecida como cultivo racional em 1933. Mais tarde, os japoneses e os brasileiros introduziram o sistema de cultivo intensivo praticado na Malásia, tornando o Brasil auto-suficiente, em 1950 (DUARTE e ALBUQUERQUE, 2005). Hoje, Piper nigrum L. é cultivada em mais de 100 municípios nos Estados do Pará, Espírito Santo, Bahia, Maranhão, Ceará, Paraíba e, recentemente, no Estado do Amapá, alcançando o Brasil no ano de 2004 uma produção de 30.000 toneladas por hectare/ano (DUARTE e ALBUQUERQUE, 2005). O presente estudo teve como objetivo diagnosticar através do referencial bibliográfico e regional rondoniense, o potencial econômico bem como informações sobre a diversidade de usos cultivo e manejo desta espécie. 2. MATERIAIS E MÉTODOS Para a coleta dos dados foi feita uma criteriosa revisão bibliográfica, para detectar o uso diferenciado da espécie em nível geral. Com referência à obtenção de dados para Cacoal, foram realizadas visitas em áreas de plantios para contatos com moradores, coleta dos dados etnobotânicos e registros fotográficos. 138 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO 3.1 Descrição botânica da familia A família Piperaceae (Agardh), inclui grandes variedades de pimentas do gênero Piper (RIZZNI, 1995). Comum nas formações florestais, particularmente na Mata Atlântica. Predominam os representantes herbáceos. As folhas são sempre inteiras com disposição alternadas. Caule frequentemente articulado. Inflorescência geralmente do tipo espiga. Flores muito pequenas, hermafrodita protegidas por uma ou duas bractéolas. Androceu composto de 1 a 10 estames, ovários com até 5 carpelos e unilocular, comumente sem estilete, estígma papiloso e fruto do tipo drupa (JOLY, 2002). 3.2 Descrição botánica da espécie Piper nigrun L. é uma planta trepadeira, perene com caule liso, redondo, nodoso e ramificado. As folhas são inteiras, lâminas ovaladas, com ápice agudo, coriáceas e com sete globulares. Apresenta inflorescência do tipo espiga, terminal, axilar ou oposta à folha. Fruto do tipo drupa indeiscente e carnoso (MOBOT, 2005, apud, FRAIFE FILHO et al.2007). Quando cultivada Piper nigrun L. apresenta dois tipos de ramos, o de crescimento, desenvolve junto ao tutor, e o produtivo que se desenvolve lateralmente e produz os frutos. (TERADA & CHIBA, 1971, apud, DUARTE e ALBUQUERQUE, 2005). A floração ocorre no início da estação chuvosa (dezembro/janeiro), atingindo o pico na segunda quinzena de março. A maturação completa das espigas ocorre seis meses após a floração (DUARTE e ALBUQUERQUE, 2005). 3.3 Importância econômica de Piper nigrum de acordo com a literatura 3.3.1 Culinária É a mais importante especiaria comercializada mundialmente sendo usada em larga escala como condimento, em indústrias de carnes e conservas. Podendo ser utilizada em forma de grãos inteiros, moídos, e misturados com outros condimentos. Possui um óleo 139 volátil, que lhe atribui um sabor picante, e o alcalóide piperina, responsável pelo seu aroma intenso (DUARTE e ALBUQUERQUE, 2005). 3.3.2 Homeopatia Na Homeopatia é indicada nos casos de inflamações oculares, eczema, úlceras, cefalalgias, problemas renais amidalites e palpitações. Mas se utilizada em excesso pode afetar quem sofre de distúrbios hepáticos, fissuras anais, hemorróidas e inflamações intestinais (ERVAS MEDICINAIS, 2008). No Brasil, a população rural sempre utiliza Piper nigrun L. com finalidade medicinal, pois são vendidas em feiras livres e no comércio local, com baixo custo, o que favorece sua utilização (PISSINATE, 2006), 3.3.3 Inseticida natural A piperina demonstrou toxidez aos mosquitos das espécies Cullex pipiens pallens, Aedes togoi e Aedes aegypti (FERNANDES, 2001). Demonstrou também eficiência como repelente a demais insetos. 3.4 Exigência edafoclimáticas 3.4.1 Clima O clima mais adequado para Piper nigrun L. é o quente úmido, temperatura média de 25°C e umidade relativa em torno de 80%. O solo de textura mediana, bem drenada com relevo plano ou levemente inclinada. Não se recomenda o plantio de Piper nigrun L., por sementes, pois apresenta desenvolvimento muito vagaroso com frutificação irregular e tardia, sendo propagada comercialmente por via vegetativa pelo método de estaquia, apresentando multiplicação uniformidade no campo e produtividade regular (DUARTE e ALBUQUERQUE, 2005). 3.5 Tratos culturais Para manter o plantio livre de plantas daninhas realiza-se limpeza manual ou mecânica e controle químico com herbicidas. O uso de enxadas deve ser evitado, devido o sistema radicular ser muito superficial. Em caso de ocorrência de doenças de raiz recomenda-se 140 arrancar e queimar as plantas doentes e tratar das pimenteiras circunvizinhas com fungicidas recomendados para a cultura (MOBOT, 2005, apud, FRAIFE FILHO et al.2007). 3.5 Pragas e doenças As doenças conhecidas como Podridão-das-raízes (Fusarium solani f. piperis) e Podridão-do-pé (Phytophthora palmivora) são as principais responsáveis pela morte das pimenteiras. Os sintomas dessas doenças caracterizam-se pelo amarelamento da parte aérea e apodrecimento da raiz, culminando com a morte da planta (DUARTE e ALBUQUERQUE, 2005). Para evitar doenças recomenda-se, selecionar áreas longe de plantios doentes, utilizar estacas de ramos novos provenientes de plantas sadias e tratadas com fungicida sistêmico, usar matéria orgânica curtida na cova e mergulhar as tesouras de poda em solução fungicida antes de passar para a próxima planta (DUARTE e ALBUQUERQUE, 2005). 3.6 Beneficiamento e processamento A colheita é manual e as espigas são colhidas individualmente, sendo destacadas dos ramos com o auxílio das unhas, canivete ou pequenas facas. À proporção que vão sendo colhidas, as espigas são colocadas em sacos de aniagem ou de polipropileno trançado. (MOBOT, 2005, apud, FRAIFE FILHO et al.2007). Depois de seca, a pimenta é ventilada para eliminação de resíduo e embalada. Até a década de 90, a pimenta processada era guardada em armazéns simples, onde a pimenta ficava armazenada até o momento da comercialização. Hoje, devido à exigência de boas condições de higiene durante o armazenamento, para prevenir a contaminação por Salmonella e outros microrganismos, são usados armazéns de alvenaria fechados e ventilados (MOBOT, 2005, apud, FRAIFE FILHO et al.2007). Segundo Duarte e Albuquerque, (2005) dependendo do estádio de maturação podem ser processados quatro tipos de pimenta (Tabela 01). 141 Tabela 01: beneficiamento de Piper nigrum de acordo com DUARTE e ALBURQUERQUE, 2005. TIPO DE PIMENTA PRETA VERMELHA COLORAÇÃO PARA BENEFICIAMENTO COLHEITA Verde-clara ou amareladas Secar ao sol Vermelha à ligeiramente púrpura Debulhada, imersas em salmoura 24hs, drenada, pasteurizada 80º C, novamente imersa em salmoura por 72 hs, drenagem final. BRANCA Amarelada ou vermelha VERDE Verde Maceradas em água corrente, imersas em calcário e água durante 12 dias e secas ao sol. Debulhada, imersas em salmoura 24hs, drenada, pasteurizada 80º C, novamente imersa em salmoura por 72 hs drenagem. 3.7 Produção nacional e mundial Os maiores importadores da pimenta brasileira são os Estados Unidos, Holanda, Argentina, Alemanha, Espanha, México e França. Enquanto a Índia, maior produtor mundial de pimenta-do-reino consome 50% do total produzido, o Brasil consome apenas 10%.. Por muitos anos o consumo doméstico não ultrapassou 5%, no entanto a recuperação da economia brasileira melhorou as condições econômicas da população o que estimulou o aumento do consumo, principalmente na forma de embutidos (DUARTE e ALBUQUERQUE, 2005). O Brasil é um dos maiores produtores de Piper nigrun L., oscilando entre a segunda e terceira posição no mercado mundial. Das 50 mil toneladas por ano, o País exporta 45 mil, principalmente para a Europa e para os Estados Unidos. Rondônia produz em torno de 400.000 kg/ano de pimenta preta (DUARTE e ALBUQUERQUE, 2005). 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS Com base nos dados obtidos Piper nigrun L. apresenta grande potencial econômico para o país devido sua grande variedade, além de apresentar importância medicinal 142 amplamente utilizada pela população rural.Grande parte da literatura, indica o potencial de extratos de Piper nigrun L. para o controle de insetos, principalmente das larvas do Aedes aegypti. Para realizar o levantamento encontrou- se dificuldade devido a falta de literatura específicas e por serem realizados poucos estudos relacionado a Piper nigrun L. 5. REFERÊNCIAS JOLY, A. B. Botânica: Introdução a taxonomia vegetal. 13ª ed. São Paulo: Nacional, 2002. BARROSO, G. M. et al. Sistemática de Angiospermas do Brasil. 2ª ed. Viçosa: UFV, 2002. JUNIOR, E. B. et al. Efeito Inseticida de amidas naturais de Piper e do derivado sintético tetraidropiperina sobre Lucilia cuprina e Musca doméstica. Rev. Bras. Parasitol. Vet., 16, 2, 87-91, 2007. RIZZNI, C. T.; MORS, W. B. Botânica econômica brasileira. 2ª ed. Rio de Janeiro: Âmbito cultural, 1995. PISSINATE, K. Estudo preliminar da correlação entre a citotoxicidade e hidrofobicidade da piperina e derivados sintéticos; 2006. Disponível em < http://www.ice.ufrrj.br/posgrad/pdf/dis-112.pdf> acesso em 04/9/2009. FRAIFE FILHO, G. A. et al. – Ceplac: Disponível <http://www.ceplac.gov.br/radar/pimentadoreino.htm> acesso em 22/09/2009. em ERVAS MEDICINAIS, Disponível em <http://www.meusite.pro.br/ervas/erva20.htm> acesso em 22/09/ 2009. FERNANDES, W. D. Efeito do Extrato de Pimenta--do--Reino sobre Larvas de Aedes aegypti. Informe Epidemiológico do SUS 2001; 10(Supl. 1): 53-55. DUARTE M. L. R.; ALBUQUERQUE F. C. Sistema de Produção da Pimenteira-do-reino, Embrapa Amazônia Oriental, 2005. Disponível em<http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Pimenta/PimenteiradoReino/ paginas/importancia.htm> acesso em 04/09/2009.