169
ZONEAMENTO
CLIMATICO
PARA
O
CULTIVO
DA PIMENTA-DO-REINO (PIPER
NIGRUM L.) NO SUDESTE DA BAHIA.
HERMES
ALVES DE ALMEIDA, MARCO ANTôNIO
E
G.FRANCO,A~CIO
ALVES DE LIMA
VANDERLEI RAMOS
JOS~
CEPLAC-CEPEC-Caixa Postal 07-Itabuna-Bahia
RESUMO
A
partir de um levantamento das condições c1imaticas desta
região e das exigências basicas para o crescimento e desenvolvimento
da
pimenta-do-reino
planta
,procedeu-se
um
estudo
de interação clima x
que resultou na seleção de três diferentes faixas climaticas
para o cultivo da pimenta-do-reino no Sudeste da Bahia
Os
Bahia
cas
resultados preliminares mostram que a região Sudeste da
dispõe de uma faixa c1imatica com condições hidricas e térmiadequadas
ao
pleno
desenvolvimento e produção da pimenta-do-
reino, sendo classificada como RECOMENDADA e com area de 23.500km2
Existe
uma
outra
RECOMENDADA
com
restrição
hidricas
especialmente
faixa climatica classificada como sendo
devido
no
que
apresentar
pequenas restrições
se
a irregularidade na
refere
distribuição de chuvas em anos mais secos .Essa faixa representa uma
area
de
16.300
km2.Dispõe
ainda
de
uma
outra
faixa c1imatica
denominada de Não RECOMENDADA e com superficie de 50.000 km2 (55% do
Sudeste da Bahia) com condições hidricas B/OU térmicas inadequadas à
expansão da cultivo da pimenta-do-reino em larga escala.
170
Introdução
A
familia
amidos
das
Piperaceae
Piper
nigrum
L.
) ,pertencente ã
,é cultivada especialmente nos tr6picos
entre as latitude de 20 N e 20 S (Milanez, Ventura e Fanton,
1987).Na
mente,
pimenta-do-reino
Bahia, a pimenta-do-reino começou ser explorada,comercialno final da década-de 60 , mas as baixas cotações no mercado
interno,associados à ocorrência de enfermidades, levaram ao declinio
da expansão do cultivo na década de 80 ( Ramos et al,1986).
Nos
principais
precipitação
plo,
centros
produtores
de pimenta-do-reino,a
pluvial anual é superior a l500mm. Na India, por exem-
a pimenta-do-reino é tradicionalmente cultivada nas areas onde
a chuva anual é superior a 2000mm(Maistre,1964 citado por Purgeglove
et al,198l)e,na amazônia,chove mais do que l800mm (Diniz,198l) .
Os
limites
térmicos
adequados
pimenta-do-reino
à
são
observados com temperaturas médias anuais, maximas e minimas mensais
superiores,respectivamente,a 23, 26 e 18.5 C (Diniz,198l).
A
função
produtividade
da
pimenta-do-reino
varia anualmente em
das oscilações climaticos.No entanto, pouca atenção tem sido
dada aos efeitos interativos entre elementos meteoro16gicos e as diversas
fases que compõem o ciclo de produção .0 conhecimento dessas
interações
constituem
um
elemento
basico
para se interpretar as
oscilações na produção em função dos elementos meteoro16gicos.
A
exigências
das
partir
do
interações
do
cultivo
entre
conh~cimento
das condições climaticas e das
da pimenta-do-reino,
procedeu-se um estudo
elementos climato16gicos e o desenvolvimento
desse cultivo a fim de selecionar areas com diferentes potencialidades climaticas para a pimenta-do-reino no Sudeste da Bahia
171
Materiais e Métodos
Os
umidada
dados
de
relativa
outros
c1imato16gicas
Agricultura,
Contra
cujos
limites
utilizados
,temperatura do ar ,
no presente trabalho foram
CEPLAC
da
e
normais
do Ministério da Agricultura ( Brasil, Ministério de
1970)
Obras
pluvial
agroc1imato16gica
rede
da
oriundos
e
precipitação
as
e
pluviométricos
do
Departamento Nacional de
Secas (1969) correspondentes ao Sudeste da Bahia,
estão
compreendidos entre 13 00 e 18 00 de latitude
sul e 39 00 e 41 00 de longitude oeste.Para as localidades desprovidas de informações térmicas,as temperaturas foram estimadas a partir
das equações de regressão estabelecidas por Almeida e Sa (1984).
O
preconizado
balanço
por
hídrico
c1imatico
Thornthwaite
e
foi
estimado
pelo
método
Mather (1955) para valores médios
mensais,adotando-se 125 mm como sendo a maxima capacidade de armazenamento de agua no solo.
Os
dados
maximas
e
minimas,
outros,
referentes
de
precipitação p1uvia1(P) ,temperaturas médias,
deficiência hidrica(DEF) , excedente hidrico e
as
médias
mensais
e
anual, foram p10tadas e
traçados as iso1inhas em mapas, origina1mente,na
esca~a
1:750.000.
Os dados c1imato16gicos utilizados neste trabalho foram gerados
em
estações meteoro16gicas convecionais e se referem â média
c1imato16gica até 1988.
Fina1mente,procedeu-se um estudo de interação entre os e1ementos
c1imaticos e as exigências para ó desenvolvimento do cultivo
I
da
pimenta-do-reino
que resultou no
estabe1eciment~
de três faixas
com distintas potencialidades para expansão desse cultivo no-Sudeste
da Bahia e,
conseq~entemente,mapificação,na
escala 1:750.000
172
Resultados e Discussão
A
Figura
1
mostra
o
zoneamento c1imâtico para o
cultivo da pimenta-do-reino no Sudeste da Bahia.
A
faixa c1imâtica caracterizada como RECOMENDADA apresenta
condições hidricas e térmicas favorâveis ao desenvolvimento e produção
da
anual
pimenta-do-reino.Nessa
faixa, a precipitação pluvial média
é maior do que 1600mm além de ser distribuida regularmente ao
longo do ano, o que proporciona ausência de deficiência hidrica mensa1.A
umidade
relativa do ar é maior ou igual a 85 % pelo menos 12
horas /dia em qualquer mês do ano ,a temperatura média mensal oscila
entre
que
20
apesar
adequada
à
e 26 C e a anual, em torno, 24 C. Ressa1ta-se,entretanto,
dessa
faixa apresentar condições c1imâticas plenamente
ao desenvolvimento da pimenta-do-reino, é também favorâvel
ocorrência de doenças fungicas,principa1mente, a Fusariose ,que
é causada pelo fungo
Nessa
consorciada
jâ
que
acordo
c1imâtica,
a
pimenta-do-reino
pode
ser
outros cultivos tropicais e de interesse regional,
faixa
coincide
com
âreas aptas para o cacaueiro,de
com os resultados encontrados por Sâ et a1(1982), dendezeiro
(Almeida,
às
faixa
com
essa
Fusarium solani f. sp. piperis .
Sâ
e Maia,1982) e Marginal ou
condições
encontrados
adequadas
por
Almeida,
ao
Margin~l
ma1-das-fo1has
Santana
e
a moderada,devido
para
a
Seringueira
Sâ(1987).A faixa RECOMENDADA
abrange uma ârea em torno de 23.500 km2 ( 26,1% da região).
Na
total
hidrica
de
faixa c1imâtica RECOMENDADA COM RESTRIÇOES apresenta um
chuva
em
temperatura
torno
anual
de
médio
entre
1.400 e 1.600 mm, deficiência
50 mm, excedente hidrico de 100 a 400 mm e a
média do ar maior do 22 C. Essa faixa foi caracterizada
173
com
restrições devido ao fator hidrico que, embora seja considerado
bastante
elevado
(chuva
nos
principais
observados
anual em torno de 1500 mm),é inferior aos
centros produtores de pimenta-do-reino.
Essa area abrange em torno de 16.300km2(18,1% do Sudeste da Bahia).
Na
pluvial
faixa classificada como NAO RECOMENDADA ,a precipitação
anual
é
inferior
a
1400 mm, a temperatura média do ar é
menor ou igual a 22 C e a deficiência hidrica chega a 800 mm a oeste
dessa
faixa.
Essas
desenvolvimento
reino. Essa
média
não
do
e
baixa
condições
hidricas
principalmente
quantidade
de
a
e térmicas podem afetar o
produção
de
pimenta-do-
chuva associada com a temperatura
mês mais frio inferior a 20 C, constitui uma condição que
encontra respaldo na literatura para se recomendar a exploração
do cultivo da pimenta-do-reino em escala comercial.Essa faixa dispõe
de uma area, em torno, de 50.000km2.
Conclusões
Pelos resultados deste trabalho,conclui-se que o Sudeste da
Bahia dispõe de uma faixa c1imatica ,no sentido (norte-sul) adequada
à
expansão da pimenta-do-reino,classificada como
prolongamento
de
aproximadamente
40
a
60
km
costa,
cobrindo
uma
area de
23.500 km2.Seguindo em direção oeste, comtemplam-se
duas outras faixas denominadas de
RECOMENDADA .Essas
pimenta-do-reino
da
RECOMENDADA , num
faixas
tanto
RECOMENDADA COM RESTRRIÇOES e Não
apresentam
restrições
ao
cultivo
da
devido à ocorrência de deficiência hidrica,
especialmente em anos mais secos,quanto por deficiência hídrica e/ou
térmica
inadequada
na
faixa
NAO
RECOMENDADA .Essas duas faixas
climaticas dispõem de uma expressiva area de 66.500 km2.
174
Literatura Citada
ALMEIDA.H.A.de;SANTANA,S.O de & SA,D.F.de.Zoneamento edafo-climatico
para
a seringueira no sudeste da Bahia,com enfoque na incidência
do mal-das-folhas.Theobroma,Ilhéus ,17(2):111-23.1987.
--------
& SA.D.F.de.Estimativa
minimas
mensais
e
das temperaturas médias,maximas e
anuais do Sudeste da Bahia,Theobroma,Ilhéus,
14(2):135-42.1984.
& MAIA,A.Zoneamento agrocliinâtico da cultura do
--------;SA,D.F.de
dendê no Sudeste da Bahia.ln:Congresso Brasileiro de Meteorologia
21
,Pelotas,Rs.1982.Anais v.II .Pelotas,SBMet,1982.p 444-53.
BRASIL.MINISTERIO DA
DE METEOROLOGIA. Normais
AGRICULTURA.ESCRIT~RIO
climatológicas (Nordeste);periodo: 1931-60.R.Janeiro,1970,91p.
DEPARTAMENTO
NACIONAL
DE
OBRAS
CONTRA
AS
SECAS.Observações
pluviométricas no Nordeste do Brasil.fortaleza,1969.2v.
DINIZ,T.D.
de
A.S.
Clima
e
a
cultura
Be1ém,EMBRAPA-CPATU,1981.7p.Trabalho
da
pimenta-do-reino.
apresentado
durante
o
Treinamento em pimenta-do-reino,Belém,maio, 1981.
MILANEZ,D.;VENTURA,J.A
&
FANTON,J.C.
Cultura
da
pimenta-do-
pimenta-do-reino.Vitoria,EMCAPA,1987.94p
PURGEGLOVE,
J.W.;BROWN,E.G.;
&
GREEN,C.L.
ROBBINS,S.R.J.
In:SPICES.London,Longman,1981.vol.1,p.10-99.
RAMOS,J.V.;ARAUJO,A.C
diversos
& SANTOS,R.N.dos.
espaçamentos
de
Avaliação
pimenta-do-reino
econômica
de
no
da
sul
Bahia. I1héus,CEPLAC-CEPEC.1986. 12p.Boletim Técnico,145.
SA,D.F
de
ALMEIDA,H.A.de
edafo-climaticos
seletivos
;SILVA,L.F.da
ao
zoneamento
& LEAO,A.C.
Fatores
da cacauicultura no
Sudeste da Bahia. Revista Theobroma 12 (3): 169-87.1982.
175
& MATHER,J.C. The water ba1ance.Centerton, Drexe1
THORNTHWAITE,C.W.
Institute
Techno1ogy,Laboratory
of
of
c1imato1ogy
.104
p.
(Pub1ications in C1imato1ogy, v. 8 ,nJ 1) .1955
POTENCIAL CLIMÁTICO PARA O CULTIVO DA PlMENTA-DO-REINO
(Plplr nigrum L) NO SUDESTE DA BAHIA
DEF
'''to'
..
"uA.Çu
e'l"Co-A'''
'.-00'
,
.
\
,"oçôu
'·-)Oi
......r
C)
\.)
.....
•
,I
;;:
C<f
....
.....
~
c
'I.·OO'L--------,
MINAS
A-
RECOMENDADA
8 -
REC. COM RESTRiÇÕES
C -
NIlo
'.
3ERAIS
RECOMENDADA ,•• ,.
'''00
'--C-E-P-L-A-C---C-E-P-E-C----,·OCLIIlUTOLOQIA
••-00
JO·DI:~>E~S·P1.::R~~I'T~~O.
I
50
AGI'ICOL&
6(
SANTO.
Itc"I,.&
-
, I
)'0000
o
I)
:~:~·v'&.
,"..'
S)
U
c:
.... .
10
~
,~
0.& . . . .
....
L=========:-::='----===~(tc:"I.. ~.~::"~
Figura
1
,.,,,,,. "0
~~====:::J
Zoneamneto c1imatico para o cultivo da pimenta-do-reino
no Sudeste da Bahia.
Download

- cbmet.com - congressos brasileiros de meteorologia