Rendimento da pimenta-do-reino adubada com esterco bovino
Ademar P. de Oliveira1; Jandîê A. da Silva2; Anarlete U. Alves3; Edna Ursulino Alves1
;Francisco de Assis P. Leonardo3; Mácio F. de Moura2; Arnaldo Nonato P. de Oliveira3;
Iordam da Silva Cruz4
1
UFPB - Centro de Ciências Agrárias, Caixa Postal 02, CEP 58397-000, Areia-PB, Bolsista em produtividade
2
em pesquisa CNPq, E-mail: [email protected]. UFPB - Programa de Pós-graduação em Agronomia, CEP
3
58397-000, Areia-PB; UFPB - Gaduação em Agronomia, CEP 58397-000, Areia-PB; bolsista PIBIC-CNPq;
UFPB - Gaduação em Agronomia, CEP 58397-000, Areia-PB; Bolsista Apoio Técnico-CNPq;
4
5
RESUMO
Embora o estado da Paraíba tenha aptidão para o cultivo da pimenta-do-reino, sendo
possível recomendá-la como alternativa de diversificação agrícola para essa região, não
existe qualquer recomendação de adubação para a espécie. O trabalho foi realizado na
Universidade Federal da Paraíba, em Areia-PB, e teve como objetivo avaliar genótipos de
pimenta-do-reino cultivados com esterco bovino, em delineamento experimental de blocos
casualizados, com os tratamentos dispostos em esquema fatorial 5 x 3, sendo o primeiro
fator representado pelas doses de esterco bovino (0,0; 4,0; 8,0; 12 e 16 kg planta-1) e o
segundo pelos genótipos de pimenta-do-reino (Bragantina, Iaçará e Cingapura), em quatro
repetições. As máximas produções de pimenta por planta dos genótipos Bragantina (169,5
g), Iaçará (215 g) e Cingapura (104 g), foram obtidas com as doses estimadas de 7,2; 8,6 e
6,9 kg planta-1 de esterco bovino, respectivamente. Para a produção da pimenta seca, as
doses estimadas de 6,5; 8,9 e 7,0 kg planta-1 de esterco bovino,foram responsáveis pelas
máximas produções de 78, 147 e 60 g planta-1 de pimenta seca nos genótipos Bragantina,
Iaçará e Cingapura, respectivamente. A pimenta-do-reino respondeu ao emprego de esterco
bovino, nas condições edafoclimática do estado da Paraíba, sendo necessárias doses
variando de 6,5 a 8,9 kg planta-1, para a espécie manifestar seu potencial máximo produtivo.
Palavras-chave: Piper nigrum L, genótipos, adubação orgânica, rendimento.
ABSTRACT
Yield of black pepper fertilized with cattle manure
Although the Paraiba´s State, Brazil, has aptitude for black pepper cultivation, being possible
to recommend it as alternative of agricultural diversification for that area, where there isn´t
recommendation for black pepper species fertilization. This work was accomplished at
Universidade Federal da Paraiba, Areia - PB, with eh objective of evaluate black pepper
genotypes cultivated with bovine manure, in experimental design of randomized blocks, with
the treatments in factorial experiment 5 x 3, being the first factor represented by bovine
manure levels (0.0; 4.0; 8.0; 12 and 16 kg plant-1) and the second factor, for black pepper
genotypes (Iaçará, Singapore and Bragantina), in four replications. The higher pepper yield
for plant of Bragantina (169,5 g), Iaçará (215 g) and Singapore (104 g), were obtained with
estimated levels of 7.2; 8.6 and 6.9 kg plant-1 of bovine manure, respectively. For dried
pepper production, estimated levels of 6.5; 8.9 and 7.0 kg plant-1 of bovine manure were
responsible for higher yields of 78, 147 and 60 g plant-1 of dried pepper in Bragantina, Iaçará
and Singapore genotypes, respectively. The black pepper plants production was increased
with use of bovine manure, at environments conditions in Paraiba area, being necessary
levels among 6.5 to 8.9 kg plant-1, for the black pepper species to show your yield maximum
potential.
Keywords: Piper nigrum L, genotypes, organic matter, yield.
INTRODUÇÃO
Historicamente, o estado da Paraíba, sempre produziu pimenta-do-reino e a micro-região do
Brejo Paraibano está incluída entre as áreas produtoras, sendo promissor para sua
exploração com destaque para os municípios de Areia, Solânea e Alagoa Seca. Essa
espécie é uma planta que exige para seu cultivo solos com boas características físicas. No
estado do Pará, do Espírito Santo e da Bahia, grande percentagem das áreas cultivada com
essa espécie são Latossolos, os quais são caracterizados como solos que apresentam boas
características físicas, mas a fertilidade natural é muito baixa. Portanto, é ideal que possua
alto teor de matéria orgânica, para possibilitar a obtenção de resultados promissores, sendo
o esterco bovino, a fonte de matéria orgânica mais recomendada (MILANEZ et al., 1987).
No entanto, não existe informações do emprego de esterco bovino em cultivos dessa
especiaria no estado da Paraíba.
O trabalho teve como objetivo estudar o comportamento de genótipos de pimenta-do-reino,
em função de doses crescentes de esterco bovino em Areia-PB.
MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi desenvolvido na Universidade Federal da Paraíba, em Areia-PB, em
NEOSSOLO REGOLIÍTICO Psamitico típico, em delineamento experimental de blocos
casualizados com os tratamentos distribuídos em esquema fatorial 5 x 3, representados
pelas doses de esterco bovino (0,0; 4,0; 8,0; 12 e 16 kg planta-1) e pelos genótipos de
pimenta-do-reino (Bragantina, Iaçará e Cingapura), em quatro repetições. O solo
apresentava as seguintes caracteristicas químicas: pH H2O = 7; P disponível = 107,54 mg
dm-3; K+ disponível = 64 mg dm-3; Na+ = 0,09 cmolc dm-3, H++Al+3 = 0,91 cmolc dm-3, Al+3 =
0,00 cmolc dm-3; Ca+2 = 2,70 cmolc dm-3; Mg+2 = 0,75 cmolc dm-3 e matéria orgânica = 12,5 g
dm-3. A análise do esterco bovino revelou: P = 3,6 g kg-1; K = 4,1 g kg-1; N = 2,8 g kg-1;
matéria orgânica = 182 g dm-3 e relação C/N = 10/1.
A unidade experimental foi composta por 20 plantas espaçadas de 2,00 x 1,00, e plantadas
em covas de 40 x 40 x 40 cm, distanciadas de 20 cm do tutor.. A adubação constou da
aplicação de 50% das doses de esterco bovino descrito no delineamento estatístico,
acrescida do fornecimento de 50 g de superfosfato simples, 20 g de cloreto de potássio e 85
g de sulfato de amônio por planta, no plantio. Após seis meses do transplantio, foi efetuada a
primeira adubação em cobertura, a qual constou da aplicação de 50% restante de esterco
bovino e de 70 g de sulfato de amônio, 16 g de superfosfato simples e 20 g de cloreto de
potássio por planta, e aos doze meses, realizou-se a segunda adubação em cobertura,
fornecendo-se as mesmas quantidades de adubos aplicados aos seis meses. Durante a
condução da cultura, foram realizados os tratos culturais coroamento, controle de plantas
daninhas, Irrigações, amontoa, amarrio, poda, capação e controle de pragas e doenças
Foram realizadas colheitas manuais aos 24 meses após o transplantio, quando os cachos
apresentavam frutos de coloração vermelha. Foram avaliadas as produções de pimenta
verde e seca por planta, e os resultados foram submetidos à análises de variância e de
regressão polinomial.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
As médias para a produção de pimenta verde dos genótipos Bragantina, Cingapura e Iaçará
se comportaram de forma quadrática, em função da doses de esterco bovino (Figura 1 A).
As máximas produções de pimenta por planta dos genótipos Bragantina (169,5 g), Iaçará
(215 g) e Cingapura (104 g), foram obtidas com as doses estimadas de 7,2; 8,6 e 6,9 kg
planta-1 de esterco bovino, respectivamente.
A exemplo da produção de pimenta verde, as médias para a produção da pimenta seca dos
genótipos, também se comportaram de forma quadrática (Figura B). As doses estimadas de
6,5; 8,9 e 7,0 kg planta-1 de esterco bovino,foram responsáveis pelas máximas produções de
78, 147 e 60 g planta-1 de pimenta seca nos genótipos Bragantina, Iaçará e Cingapura,
respectivamente.
Os genótipos Bragantina e Cingapura necessitaram de menor dose de esterco bovino para
atingir seu máximo potencial produtivo, quando comparado ao genótipo Iaçará, porém não
conseguiram expressar um potencial produtivo superior ao do genótipo Iaçará. Também,
ficou evidente que a produção de pimenta seca na pimenta-do-reino, é função da produção
de pimenta verde, uma vez que os genótipos Bragantina e Cingapura apresentaram
comportamento semelhante e o genótipo Iaçará, apresentou maior valor para as duas
características.
De forma geral, a pimenta-do-reino respondeu ao emprego de esterco bovino, nas condições
edafoclimática da região do Brejo Paraibano, sendo necessárias doses variando de 6 a 8 kg
planta-1, para a espécie manifestar seu potencial máximo produtivo. Essa resposta,
possivelmente foi motivada pela melhoria na estrutura do solo e conseqüentemente aumento
na troca catiônica (CTC), melhorando o aproveitamento dos nutrientes originalmente
presentes no solo (PEAVY GREIG, 1972). No entanto, em decorrência de fatores adversos
ao seu perfeito desenvolvimento, os dados obtidos foram baixos, quando comparados com
aqueles registrados na região Norte (PIMENTEL, 1985).
AGRADECIMENTEOS
Os autores agradecem ao Banco do Nordeste do Brasil pelo apoio financeiro
LITERATURA CITADA
MILANEZ, D.; VENTURA, J.A.; FANTON, C.J. Cultura da pimenta-do-reino. Vitória-ES,
EMCAPA, 1987. 94p. (documentos, 33).
PEAVY, W.S. E GREIG, J.K. Organic and mineral fertilizers compared by yield, quality and
composition of spinach. Journal Américan Society Horticulture Science .v. 97, p.718-723,
1972.
PIMENTEL, A..A.M.P. Olericultura no trópico úmido: hortaliças na Amazônia. São Paulo,
Agronômica Ceres, 1985, 322 p.
y1 =52,886 + 31,757x - 2,1786x2
y2 = 24,629 + 44,386x - 2,5804x2
250
R2 = 0,61
200
150
100
y2
2
y3 = 51,257 + 15,271x-1,0982x
50
R2 = 0,80
y3
y1
0
0
4
8
12
Esterco bovino (kg/planta)
y1 = 42,857 + 10,696x -0,817x2
180
A
R2 = 0,73
16
Pimenta seca (g/planta)
Pimenta verde (g/planta)
300
B
R2 = 0,82
y2 = 7,1143 +31,157x - 1,7411x2
150
R2 = 0,66
120
90
60
y2
y3 = 27,143 +9,1786x - 0,6518x2
30
y1
R2 = 0,81
0
0
4
8
y3
12
16
Esterco bovino (kg/planta)
Figura 1. Produção de pimenta verde (A) e seca (B), nos genótipos de pimenta-do-reino,
Bragantina (y1), Iaçará (y2) e Cingapura (y3), em função de doses de esterco bovino. Areia,
CCA-UFPB, 2006
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