ADAPTAÇÃO DO QUESTIONARIO ITALIANO CAP XI Salão de
Iniciação
Científica
PUCRS
COMPORTAMENTI AGGRESSIVI TRA PARI PARA O CONTEXTO
BRASILEIRO*
Fernanda de Oliveira Flores, Ariane Ferreira Gehling, Juliane Callegaro Borsa (doutoranda), Denise
Ruschel Bandeira (orientador).
1
Faculdade de Psicologia, PUCRS, 2 Instituto de Psicologia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Introdução
Estudos sobre o comportamento agressivo na infância são relevantes na medida em que,
através deles, se torna possível viabilizar intervenções pontuais e preventivas. Para tal
objetivo, é fundamental que existam instrumentos adequados que permitam o diagnóstico dos
comportamentos agressivos na infância. Neste contexto, as escalas ou checklists, são
comumente utilizados, uma vez que são mais fáceis e rápidos de aplicar, além de se tratar de
procedimentos menos dispendiosos (Ladd & Burgees, 1999; Lisboa & Koller, 2001; Sisto &
Oliveira, 2007).
O presente estudo teve como objetivo realizar a tradução e a adaptação do Questionario
CAP - Comportamenti Aggressivi Tra Pari (Gremigni, 2006) para o português brasileiro. A
intenção é contribuir para futuras pesquisas na área da avaliação psicológica infantil,
fornecendo uma medida objetiva dos comportamentos agressivos proativos e reativos, através
da percepção da própria criança.
Metodologia
Participaram do estudo, 81 crianças portoalegrenses, de 7 a 10 anos, de ambos os
sexos, inseridas regularmente no ensino fundamental privado. Este estudo contou, ainda, com
a participação de juízes bilíngues independentes, juízes experts em avaliação psicológica e
duas crianças, as quais realizaram uma primeira avaliação da tradução do instrumento.
O instrumento utilizado foi o Questionario CAP (Gremigni, 2006), o qual tem por
objetivo investigar os comportamentos agressivos da criança em relação aos seus pares. É
destinado a estudantes de 7 a 10 anos e é composto por 21 itens dos quais nove investigam as
formas de agressão proativa (verbal e física) e 12 as formas de agressão reativa (direta,
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indireta e passiva). Cada item do CAP é avaliado através de uma escala Likert de quatro
pontos variando de acordo com a frequência com que os comportamentos ocorrem.
Em um primeiro momento, o CAP foi traduzido do italiano para o português (brasileiro)
por dois tradutores bilíngues independentes. Como o instrumento também foi adaptado na
Espanha, solicitou-se que dois juízes bilíngues em português e espanhol realizassem a
tradução da versão espanhola para o português. Após, foi realizada a análise das versões,
sintetizando-as, onde se tentou manter equivalência semântica, idiomática e conceitual de
cada item do instrumento. Esta versão foi submetida à avaliação de um terceiro juiz, bilíngue
o qual realizou a tradução reversa da versão brasileira para o idioma italiano. A mesma foi
enviada para avaliação final pela autora do instrumento. Uma vez realizado o processo de
tradução, realizou-se uma primeira aplicação livre do instrumento em duas crianças, para
testar a compreensão das mesmas em relação aos termos do CAP. Solicitou-se às crianças que
apontassem os termos julgados incompreensíveis e que sugerissem sinônimos ou palavras
substitutas. Foi solicitado a um grupo de experts em avaliação psicológica, que, também,
sugerissem sinônimos para esses termos.
Para o estudo piloto, foi entregue às escolas uma cópia do projeto explicando os
procedimentos e objetivos da pesquisa. Foi entregue aos pais uma carta de apresentação, uma
carta de aceite e o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Os pais foram informados
dos objetivos e procedimentos realizados. Foi garantida a confidencialidade dos dados bem
como informado o direito de retirar sua permissão quanto à participação no estudo. Foram
informados às crianças todos os objetivos e procedimentos da pesquisa e as mesmas tiveram a
liberdade de aceitar, recusar ou interromper a participação na pesquisa. A aplicação dos
instrumentos aconteceu coletivamente, em sala de aula. As questões éticas foram asseguradas,
conforme Resolução nº. 196/96, do Ministério da Saúde (1996). Todos os procedimentos
atenderam os procedimentos recomendados pelo Comitê de Ética e Pesquisa da UFRGS.
Análise de Dados
Para análise dos dados foi realizada a análise de consistência interna a partir dos
resultados da aplicação com as crianças, para a escala geral.
Resultados e Discussão
Foi realizada a análise da consistência interna, tanto para a escala geral do CAP como
para as suas subescalas. Para a escala geral, composta pelas escalas reativa e proativa obteve-
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se coeficiente Alfa de Cronbach igual 0,78.  A escala de agressividade proativa apresentou
alfa igual a 0,76 e a escala de agressividade reativa apresentou alfa igual a 0,70. Para as
escalas de agressividade verbal e física, obteve-se alfas de 0,73 e 0,64, respectivamente. Já
para as escalas ‘Agressividade Direta’, ‘Agressividade Indireta’ e ‘Agressividade Passiva’, os
alfas obtidos foram iguais a 0,85, 0,82 e 0,82, respectivamente.
Conclusão
O presente estudo objetivou realizar a tradução e a adaptação do Questionario CAP para o português brasileiro. Buscou-se seguir todos os procedimentos éticos e metodológicos
adequados, tanto no que se refere ao processo de tradução e tradução reversa como através do
estudo piloto realizado. Através das análises, conclui-se que o Questionário CAP demonstrou
satisfatória consistência interna, tanto para a escala geral como para as suas subescalas. Novos
estudos estão sendo realizados com o objetivo de avaliar as propriedades psicométricas do
instrumento, a fim de buscar evidências de sua validade para sua utilização na população de
crianças brasileiras. Pretende-se, assim, proporcionar aos profissionais de saúde, uma nova
medida de avaliação de comportamentos agressivos de crianças, facilitando não só o processo
diagnóstico, mas também a prevenção de futuros problemas.
Referências
Gremigni, P. (2006). Validazione di Un Nuovo Questionario Per L’eta’ Evolutiva Il Cap
Comportamento Aggressivo Fra Pari. Report di Ricerca (manuscrito não-publicado).
Universita’ Degli Studi di Bologna, Dipartimento di Psicologia.
Ladd, G., & Burgess, K. (1999). Charting the relationship trajectories of aggressive,
withdrawn and aggressive/withdrawn children during early grade school. Child Development,
70, 910-929.
Lisboa, C. S., & Koller, S. H. (2001). Construção e Validação de Conteúdo da Escala de
Percepção de Professores dos Comportamentos Agressivos de Crianças na Escola. Psicologia
Em Estudo, 6(1), 59-69.
Sisto, F.F. & Oliveira, A.F. (2007). Traços de personalidade e agressividade: um estudo de
evidência de Validade. PSIC - Vetor Editora, 8 (1), 89-99.
* Este estudo é derivado da pesquisa de tese da terceira autora, orientado pela quarta
autora, com apoio financeiro do CNPq.
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