13/Fev/2013 – Aula 1 Temperatura e a Lei Zero da Termodinâmica Sistema Termodinâmico Termómetros e Escalas de Temperatura Descrição macroscópica dos gases ideais Equação dos gases ideais 18/Fev/2013 – Aula 2 Teoria Cinética dos Gases Teoria Cinética e Equação dos Gases Ideais Gás Ideal num Campo Gravitacional Distribuição de Boltzmann; distribuição de velocidades de Maxwell e Boltzmann Velocidades mais provável, média e quadrática média Livre caminho médio e frequência das colisões 1 Aula anterior Sistema Termodinâmico W <0 W >0 Trabalho Sistema (termodinâmico) Conteúdo material no interior de uma superfície Calor Sistema Q>0 Exterior Classificação dos sistemas termodinâmicos Q<0 Universo Aberto: troca matéria (e energia) com o exterior. Fechado: não troca matéria com o exterior (pode trocar energia). Mecanicamente isolado: encontra-se livre de qualquer acção exterior. Termodinamicamente isolado: não troca trabalho, calor ou matéria com o exterior. Aberto Fechado Isolado 2 Aula anterior Equação dos gases ideais Lei de Boyle: 1 V P Lei de Charles: Princípio de Avogadro: V T (n, T constantes) (n, P constantes) V n (P, T constantes) nT V P Constante dos Gases Ideais R = 8,31 Jmol-1K-1 PV=nRT Nota: constante de Boltzmann Eq. dos gases ideais (simulação) kB R 1,38 .10-23 J K -1 NA Gás Ideal Qualquer gás que possa ser descrito pela equação dos gases ideais. 3 Teoria Cinética dos Gases Teoria Cinética dos Gases Explica porque é que os gases se comportam de acordo com a equação dos gases ideais Teoria cinética dos gases (Rudolf Clausius, 1857) Relação entre as grandezas Aplicação das Leis de microscópicas (velocidades movimento de Newton a um moleculares) e macroscópicas grande número de partículas (pressão, temperatura) (aproximação estatística) Física Estatística 4 Teoria Cinética dos Gases Os gases são compostos por um grande número de moléculas em movimento aleatório (movimento Browniano - simulação). O volume de todas as moléculas é desprezável comparado com o volume total disponível (a distância média entre as moléculas é muito grande comparada com as suas dimensões). As moléculas não interagem entre si, excepto quando colidem (as forças de atracção e repulsão são desprezáveis). As moléculas colidem elasticamente entre si e com as paredes do contentor. A energia é transferida durante as colisões (simulação). A energia cinética média é proporcional à temperatura absoluta e não depende do tempo. 5 Consideremos um contentor cúbico de volume V com N moléculas, cada uma de massa m e com velocidade v. l Para simplificar, consideremos apenas uma direcção do movimento ( x positivo) e apenas uma parede do contentor (do lado direito) de área A . zy l A vx v yz x 6 Num intervalo de tempo t , as moléculas que estiverem a uma distância (vx t ) da parede do lado direito e que se dirijam para ela vão incidir na parede. colide Não colide O número de moléculas dentro desta distância é proporcional a vx e ao número de moléculas por unidade de volume ( N / V ). O número de moléculas é, assim, (N/V) vx t A. Admitindo que, em média, só metade das moléculas se dirige para a parede, o número total de moléculas que atinge a parede num intervalo t será igual a 1 N vx t A 2 V 7 Considerando apenas uma molécula a colidir com a parede: Momento antes da colisão : Momento após a colisão : + m vx Antes da colisão - m vx Variação no momento da molécula : - 2 m vx Variação no momento da parede : px=+2m vx Após a colisão 8 p Variação total do momento : 1N N vx t A 2 mvx mvx2 A t 2V V Pressão causada por esta variação : F 1 p N P mvx2 A A t V PV N mvx2 Como as moléculas do gás não se movem todas com a mesma velocidade, substituamos o quadrado da velocidade pelo seu valor médio : vx2 vx2 1 PV 2 N mvx2 2 9 Da equação dos gases ideais (PV=NkBT) : 1 2 1 mvx k B T 2 2 Generalizando para as três direcções (x, y e z) : 1 1 1 1 3 Ecin mvx2 mv 2y mvz2 3 mvx2 k BT 2 2 2 2 2 A cada grau de liberdade corresponde uma energia 1 k BT 2 A energia cinética média de cada molécula é então 3 Ecin k BT 2 10 Energia cinética de um gás composto por N moléculas : 3 1 2 3 Ecin N mv Nk BT nRT 2 2 2 A energia cinética média dum gás ideal é proporcional à temperatura 1 1 2 2 2 3 1 2 PV 2 N m vx 2 N m v N Ecin N kB T N kB T 3 2 3 2 2 3 Medição da relação entre a Pressão e a Temperatura para um gás ideal simulação PV N kB T n RT Modelo simples de um gás ideal simulação 11 Teoria Cinética e Equação dos Gases Ideais A pressão é causada pelas colisões das moléculas do gás com as paredes do contentor. A força total dessas colisões depende do número de colisões e da força média por colisão O aumento da temperatura a volume constante confere maior energia cinética às moléculas e, portanto, maiores velocidades. Devido ao aumento da velocidade média, ocorrem mais colisões e a pressão exercida pelo gás aumenta P T O aumento do volume a temperatura constante provoca uma diminuição do número de moléculas por unidade de volume e, portanto, do número de colisões. Como resultado, a pressão exercida pelo gás diminui (Lei de Boyle) V R nT P V 1 P 12 Gás Ideal num Campo Gravitacional Seja P a pressão atmosférica para a altura z e consideremos uma camada atmosférica de espessura dz e área A , onde a temperatura é constante. F 0 P A - m g n( z) A dz - (P +dP) A =0 dz Massa de uma molécula de ar P V = N kB T Número de moléculas de ar por unidade de volume N z P z k B T n z k B T V 13 dP z - m g n z dz A diferença entre as pressões para as alturas z e z+dz é igual a : Admitindo que nz n para dz suficientemente pequeno : m g n z dz dP mg dz P n z k B T kB T Integrando a equação : dP mg Po P kBT P Dependência da pressão com a altura ao solo : P P0 e z 0 mg z kB T dz ln P mg z P0 k BT Energia potencial gravitacional de uma molécula Pressão a z = 0 14 Pressão em função da altitude P P0 e mg z kB T Pressão (atm) 1 0,8 0,6 0,4 0,2 0 0 20 40 60 80 100 Altitude z (km) simulação 15 Dependência da densidade molecular com a altura ao solo: n n0 e mg z kB T Energia potencial gravitacional de uma molécula Boltzmann : a diminuição da densidade molecular com a altura pode ser explicada em termos da distribuição das velocidades das moléculas nos níveis mais baixos 16 A razão entre o número de moléculas de oxigénio e de azoto ao nível do mar é igual a 0,27. Determine essa razão à altitude de 10 km, admitindo que a temperatura é constante. n n0 e mg z kB T A 10 km de altitude, as densidades do oxigénio e do azoto são: n(O2 ) n0 (O2 ) e m(O2 ) g 10000 k BT n( N 2 ) n0 ( N 2 )e m( N 2 ) g 10000 k BT sendo n0(O2) e n0(N2) as densidades de oxigénio e azoto ao nível do mar. Nota: constante de Boltzmann kB R 1,38 .10-23 J K -1 NA 17 A razão entre o número de moléculas de oxigénio e de azoto ao nível do mar é igual a 0,27. Determine essa razão à altitude de 10 km, admitindo que a temperatura é constante. n n0 e mg z kB T g m (O ) m ( N 2 ) n(O2 ) n0 (O2 ) 2 10000 k T e B n( N 2 ) n0 ( N 2 ) 0, 27 e 9,8 (32 28)(1,661027 ) (1,3810 23 )300 10000 0, 27 0,855 0, 23 Nota: constante de Boltzmann kB R 1,38 .10-23 J K -1 NA 18 Distribuição de Boltzmann n n0e kBT Densidade de moléculas com energia : Densidade de moléculas no nível de energia mais baixo, (T = 0). 1 0,8 n 0,6 0,4 0,2 0 0 20 40 60 80 100 Energia 19 Para um gás monoatómico a energia é simplesmente cinética. O número de moléculas cuja velocidade está compreendida entre v e v+dv (ou seja, entre vx e vx+dvx, vy e vy+dvy e entre vz e vz+dvz), de acordo com a distribuição de Boltzmann, é m v2 2k T dn const. e B dv dv dv x y z Constante a determinar, sabendo que o nº total de moléculas é N e que e -x2 dx - m v2 2 2 kB T e m dn N 2 kB T 3 dv dv dv x y z 20 Distribuição de velocidades de Maxwell-Boltzmann Fonte Selector de velocidades: Num gás de N moléculas, o número delas com velocidades entre v e v+dv é dado por: dn N f v dv Função de distribuição de velocidades de Maxwell- Boltzmann: 3/ 2 m f (v ) 4 2 k T B mv 2 2 2k BT v e Distribuição de velocidades simulação 21 dn N f v dv 3/ 2 m f (v ) 4 2 k T B mv 2 2 2k BT v e dN : número de moléculas com velocidades entre v e v + dv N : número total de moléculas no gás. Velocidade mais provável (vmp ) df (v) 0 dv 2k BT k BT vmp 1, 414 m m 22 Velocidade média A velocidade média pode ser calculada integrando f(v) v dv entre 0 e e dividindo por N : v v 0 f (v)vdv e como N 0 3 bx 2 ax e dx a 2b2 3/ 2 m 4 N 2 k T B v 2 m 2 2 k T B 8 kB T k T 1,596 B m m 23 Velocidade quadrática média (vrms), ou velocidade térmica 2 v 0 f (v)v 2 dv e como 0 ax e N m 3 4 k B 2 k T B vrms v 2 8 4 bx 2 dx 3a 8 b5 3/ 2 m 2 k T B 5/ 2 3k BT k T 1, 732 B m m 24 simulação Velocidade mais provável Velocidade média Vel. quadrática média Variação com a temperatura Função de distribuição de velocidades de Maxwell f(v) Relação entre as várias velocidades: Velocidade molecular (m/s) Velocidades moleculares Número de moléculas Número de moléculas Velocidade molecular simulação Velocidade molecular (m/s) 25 Determine a velocidade quadrática média (rms) duma molécula de N2 à temperatura de 25 ºC. Dados: M = 28,0 g/mol = 28,0 x 10-3 kg/mol R = 8,314 J/mol K = 8,314 kg m2/s2 mol K vrms 3 RT v M 2 vrms 3 (8,314 kg m2 /s 2 mol K) (298 K) -3 (28,0.10 kg/mol) 515 m/s 26 A velocidade de escape em Marte é de 5 km/s e a temperatura à superfície é de cerca de 0 ºC. Considerando que se a velocidade quadrática média (rms) das moléculas dum gás for maior do que 20% da velocidade de escape elas saem da atmosfera do planeta, determine se as moléculas de H2, O2 e CO2 poderão existir na atmosfera de Marte. vrms 3RT M vrms, H 2 vrms,O2 vrms,CO2 v = 20% vesc = 15 5 km/s = 1km/s 3 8,314 J / mol.K 273 K 3 2 10 kg / mol 1850 m / s 3 8,314 J/mol K 273K 3 32 10 kg/mol 3 8,314 J/mol K 273K 3 44 10 kg/mol X 461m/s 393m/s 27 Livre caminho médio = distância média entre colisões: n d4 di d2 n d1 i 1 Colisão real d3 Colisão equivalente Limite: Sem colisão: Colisão: 28 v : velocidade da “molécula” de tamanho 2d Número de colisões em t = nº de moléculas no cilindro = nv d2 vt vt 1 2 nv d vt nv d 2 Correcção (as moléculas pontuais também se movem) 1 2 nV d 2 Valores típicos (ar ao nível do mar): = 0,1m = 10-4 mm 29 Frequência das colisões Número de colisões por unidade de tempo: f v 2nv d 2 v 30