UNIVERSIDADE DE LISBOA
FACULDADE DE CIÊNCIAS
DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA
CONTROLOS LITO-ESTRATIGÁFICO E ESTRUTURAL DA
MINERALIZAÇÃO DE MONTINHO (S DE ALJUSTREL);
IMPLICAÇÕES PARA A PROSPECÇÃO E PESQUISA MINERAL NO
SECTOR NW DO ANTICLINÓRIO DO ROSÁRIO
Catarina Alexandra Pereira de Sousa
Mestrado em Geologia Económica
Especialização em Prospecção Mineral
2011
UNIVERSIDADE DE LISBOA
FACULDADE DE CIÊNCIAS
DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA
CONTROLOS LITO-ESTRATIGÁFICO E ESTRUTURAL DA
MINERALIZAÇÃO DE MONTINHO (S DE ALJUSTREL);
IMPLICAÇÕES PARA A PROSPECÇÃO E PESQUISA MINERAL NO
SECTOR NW DO ANTICLINÓRIO DO ROSÁRIO
Catarina Alexandra Pereira de Sousa
Orientador: António Mateus (FCUL)
Co-orientador: José Mário Castello Branco (Lundin Mining
Corporation)
Mestrado em Geologia Económica
Especialização em Prospecção Mineral
2011
AGRADECIMENTOS
Por me ter dado a possibilidade de realizar um estágio ao longo de três meses; por
ter posto à minha disposição, sem reservas, o seu acervo documental e bibliográfico e por
me ter facultado os meios humanos e materiais necessários à prossecução deste trabalho,
agradeço profundamente à
AGC
–
MINAS DE PORTUGAL, UNIPESSOAL LDA., com um
agradecimento especial ao Doutor José Mário Castello Branco, ao geólogo Vitor Araújo e à
geóloga Angela Sanz.
Ao meu caro Professor Doutor António Mateus que tanto me ensinou e enriqueceu
científica e culturalmente, nunca me faltando com a sua disponibilidade afável e palavras de
incentivo. A ele devo a meticulosa orientação do trabalho realizado, nunca apontando erros
sem oferecer alternativas de correcção.
Aos meus amigos, com especial relevo para o geólogo Tiago Silva, agradeço o
apoio e auxílio na ultrapassagem de alguns obstáculos que se me depararam ao longo do
percurso.
Finalmente, devo um agradecimento especial e carinhoso aos meus pais – José
Lima de Sousa e Maria Amélia Pereira Lima – que foram os primeiros a incentivar-me a
prosseguir estudos e não mediram esforços para tornar tudo possível.
“… o Alentejo é na verdade o máximo e o mínimo a que podemos aspirar: o
descampado dum sonho infinito e a realidade de um solo exausto.”
In Miguel Torga, Portugal
ÍNDICE
página
INTRODUÇÃO
1- CONTEXTUALIZAÇÃO GEOLÓGICA REGIONAL.
2- MONTINHO
2.1.1- LITOESTRATIGRAFIA
I.
II.
Complexo Vulcano-Sedimentar
Culm
2.1.2- COMPONENTE ESTRUTURAL
1
10
15
15
17
19
3- CARACTERIZAÇÃO MACROCÓPICA DA SONDAGEM MO-08-001
24
4- SÍNTESE DOS DADOS GEOFÍSICOS
51
5- DISCUSSÃO
57
6- CONCLUSÃO
60
7- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
62
Introdução
A Zona Sul Portuguesa (ZSP), situada no extremo SW do ramo Ibérico da
cadeia Hercínica, inclui uma das maiores províncias metalogenéticas mundiais de
sulfuretos maciços vulcanogénicos, a Faixa Piritosa Ibérica (FPI). Esta província
metalogenética é ímpar devido à quantidade singular de jazigos de sulfuretos
metálicos que comporta. A Faixa Piritosa pode ser dividida em domínios externos (a
Sul) e internos (a Norte), fundamentando-se esta divisão, principalmente, nos
diferentes estilos de deformação. Os domínios externos caracterizam-se por
apresentarem estruturas anticlinais (como exemplo Pomarão e Neves-Corvo) e
ocorrem em posição autóctone em relação aos carreamentos. Os domínios internos
caracterizam-se por apresentarem falhas dobradas isoclinais encontrando-se,
também, estruturas anticlinais (Albernoa, Serra Branca e S. Domingos) onde o Grupo
Filito-Quartzítico se apresenta sobreposto ao Complexo Vulcano-Sedimentar.
Devido à abundância, dimensão e densidade de ocorrência dos depósitos de
sulfuretos maciços e ao seu potencial mineiro, a FPI tem sido alvo de estudos
sucessivos (geológicos, geoquímicos e geofísicos) e de diversos projectos de
prospecção.
O aumento significativo da oferta-procura conduz à necessidade de encontrar
outros depósitos que possibilitem a exploração de mineralizações sulfuretadas. Para
tanto a descoberta de novos jazigos requer um estudo detalhado que alie vários
métodos e técnicas de prospecção para uma melhor caracterização dos alvos
promissores. Assim, o papel da prospecção e pesquisa tem uma importância
acrescida pois, normalmente, recorrem a uma panóplia variada de conhecimentos e
aplicação de diversas técnicas.
Objectivos
O trabalho que agora se apresenta teve como ponto de partida estudos de
prospecção facultados pela AGC, Minas de Portugal, na área de Montinho (a Sul de
Aljustrel,
aproximadamente
20 km).
Assume-se
como
objectivo
principal o
estabelecimento de critérios que fundamentem a planificação de novas sondagens
para a descoberta de alvos mineralizados (depósitos de sulfuretos maciços
polimetálicos). Outro objectivo importante é o de melhorar os conhecimentos acerca
do controlo litoestratigráfico e estrutural da mineralização da área de Montinho.
Metodologia
Como método optou-se por, em primeiro lugar, proceder à compilação dos
dados fornecidos pela AGC, Minas de Portugal (cartografia geológica, estudos
geofísicos, logging de sondagem). A presença de sulfuretos em parte do testemunho
(xistos negros) conduziu, posteriormente, à necessidade de proceder ao re-logging da
sondagem MO-01-008 tendo-se recorrido a diferentes critérios litológicos e de
deformação que permitissem obter outros resultados (posteriormente trabalhados em
programa LogPlot). Por ser desejável uma descrição mais detalhada dos testemunhos
de sondagem, procedeu-se à recolha de amostras em domínios específicos.
A terceira fase (entre Julho e Setembro de 2010) correspondeu ao trabalho de
campo sobre uma área de cerca de 20 km2 na zona de Montinho, concelho de
Aljustrel, com a recolha de nova informação geológica de natureza estrutural e
mineralógica,
orientada
pelos
critérios
litológicos
e
de
deformação
acima
mencionados, cuja cartografia efectuada foi feita com base em mapas com escala
1:30000. A quarta, e última, fase correspondeu à compilação e interpretação integrada
dos dados da sondagem – aqueles que resultaram das saídas de campo, bem como
os que foram facultados pela empresa AGC, Minas de Portugal. A partir da cartografia
realizada criou-se um mapa lito-estratigráfico e outro estrutural (em programa ArcGis).
Uma vez sobrepostos estes mapas, foi possível elaborar cortes geológicos
interpretativos em três zonas dele. As amostras retiradas da sondagem foram objecto
de observação à lupa binocular de que resultou a descrição de cada uma delas. Por
fim, o estudo comparado dos mapas geofísicos e estrutural permitiu aduzir conclusões
completivas das restantes.
"Controlos lito-estratigráfico e estrutural da mineralização de Montinho" - Capítulo 1
1. CONTEXTUALIZAÇÃO GEOLÓGICA REGIONAL
A Faixa Piritosa Ibérica situa-se a Sul do Terreno do Pulo do Lobo e estende-se ao
longo de 250 km, desde Alcácer do Sal até Sevilha. Apresenta uma largura que varia entre
os 25 km e os 70 km, hospedando uma das maiores concentrações mundiais de sulfuretos
maciços (eg. Oliveira et al., 2006).
Fig. 1- Enquadramento geológico da FPI - adaptado de Matos, J., et al (2008)
1
"Controlos lito-estratigráfico e estrutural da mineralização de Montinho" - Capítulo 1
Em termos lito-estratigráficos, a FPI compreende três unidades fundamentais; o
Grupo Filito-Quartzítico (GFQ), o Complexo Vulcano-Sedimentar (CVS) e o "Culm", cujas
principais características estão listadas na tabela 1.
Tabela 1- Descrição generalizada das unidades lito-estratigráficas da FPI
A base deste grupo não está delimitada, porém apresenta mais
de 200 m de espessura (eg. Oliveira et al 2006). O GFQ
corresponde aos terrenos mais antigos da FPI, presente no
Grupo Filito-
núcleo das estruturas anticlinais compreendendo xistos escuros
Quartzítico (GFQ)
contendo sucessões quartzíticas, de espessura e comprimento
variáveis. No topo, ou próximo dele, existem intercalações de
nódulos lenticulares de carbonatos apontando conodontes do
Fameniano (eg. Oliveira et al 2006).
O CVS sobrepõe-se estratigraficamente ao GFQ e a sua
espessura varia entre os 600 e 1300 m. A litologia do CVS é
bastante variável devido à interdigitação de vários tipos de
rochas vulcânicas (bimodais) e sedimentares (resultantes da
remobilização
e
redeposição).
O
vulcanismo
félsico
é
claramente dominante, em volume, sobre o vulcanismo máfico,
consistindo em riólitos, piroclastos e ignimbritos.
Complexo VulcanoSedimentar (CVS)
As rochas máficas estão representadas sob a forma de metabasaltos e meta-doleritos (espilitos e diabases) (Shermerhorn,
1975, Munhá, 1983).
As rochas sedimentares podem apresentar uma contribuição
vulcânica (sob a forma de produtos televulcânicos) (Carvalho,
1975). Outra parte, sem componente vulcânica, sob a forma de
xistos, quartzitos, grauvaques e quartzovaques aos calcários,
chertes e radiolaritos.
Este grupo apresenta idades compreendias entre o Devónico
superior e o Carbónico médio (eg. Oliveira et al., 2006).
2
"Controlos lito-estratigráfico e estrutural da mineralização de Montinho" - Capítulo 1
O Culm apresenta espessura superior a 5 km, sendo composto
por uma sucessão de sedimentos turbidíticos profundos,
divididos lito-estratigraficamente em três sub-unidades (Oliveira
et al., 1979; Oliveira, 1983): Formação de Mértola, constituída
por sucessões de grauvaque alternadas com xistos argilosos e
Grupo Flysch
siltitos e ainda, com níveis de conglomerados; Formação de
(ou "Culm")
Mira, corresponde a uma sucessão turbidítica estratificada onde
podem ocorrer bancadas de grauvaque e raros conglomerados;
e Formação da Brejeira que, na sua parte inferior, está
representada
por
uma sucessão de
quartzitos
impuros,
"Culm"
quartzovaques e xistos argilosos.
Xistos e grauvaques
Complexo Vulcano- Sedimentar
Epiclastitos e conglomerados
Xistos "Borra de Vinho"
Fluxos máficos/ xistos
Jaspes (Fe e Mn)
Lavas, brechas e tufos
Xistos e tufitos
Fluxos máficos
Xistos negros, xistos e tufos
Fluxos riolíticos e tufos
Grupo PQ
Devónico superior
Carbónico inferior e médio
Série basal argilosa
Rochas subvulcânicas máficas
Xistos e quartzitos
Fig. 2- Coluna estratigráfica generalizada da FPI - adaptada de Ruiz de Almodóvar & Sáez (1992)
3
"Controlos lito-estratigráfico e estrutural da mineralização de Montinho" - Capítulo 1
A Faixa Piritosa pode ser dividida em domínios externos (a Sul) e internos (a Norte),
fundamentando-se esta divisão, principalmente, nos diferentes estilos de deformação. Os
domínios externos caracterizam-se por apresentarem estruturas anticlinais (Pomarão e
Neves-Corvo) e ocorrem em posição autóctone em relação aos carreamentos. Os domínios
internos caracterizam-se por apresentarem falhas dobradas isoclinais encontrando-se,
também, estruturas anticlinais (Albernoa, Serra Branca e S. Domingos) onde o GFQ se
apresenta sobreposto ao CVS.
Do ponto de vista estrutural a FPI, apresenta elevada complexidade. A deformação
presente pode ser explicada pela actividade contínua de dois episódios principais em
regimes de deformação progressiva, denominados F1a e F1b (Silva, 1983; 1989, Silva et al.,
1986 in Silva, 1998). Os carreamentos (contemporâneos da deposição do "flysch" da
formação de Mértola – Viseano superior) estão associados ao primeiro episódio que é,
contemporâneo do segundo episódio de deformação encontrado no núcleo do Antiforma do
Pulo do Lobo (tabela 2). F1a caracteriza-se por dobras deitadas com o desenvolvimento de
clivagem xistenta (S1a) (preferencialmente localizada em zonas de charneira de dobras). Os
carreamentos previamente desenvolvidos são dobrados pelo episódio de deformação F1b,
originando dobras flexurais achatadas, com vergência para SW e com clivagem xistenta
associada (S1b). Enquanto que no autóctone, S1b surge como clivagem primária, no alóctone
ela coexiste e interpõe-se com a primeira (S1a) (Ribeiro & Silva, 1983 in Silva, 1998).
Tabela 2- Cronologia dos episódios de deformação
(F) e clivagens associadas - adaptado de Silva, J.
(1983, 1986).
Vastefaliano
superior
Antiforma do Pulo do Lobo
F1b (S1b)
Namuriano a
Vastefaliano
inferior
F1b (S1b)
Faixa Piritosa
AnteTournaisiano
inferior
Viseano
superior
?
F1a (S1a)
F1a(S1a)
?
D1 (S1)
4
"Controlos lito-estratigráfico e estrutural da mineralização de Montinho" - Capítulo 1
A deformação hercínica foi acompanhada de metamorfismo regional de baixo grau
(fácies pumpeleíte- prenite a xistos verdes) desenvolvido em condições de baixa pressão e
sob gradiente geotérmico da ordem dos 40-50°C km-1 (Munhá,1983). Este metamorfismo
orogénico sobrepõe-se aos efeitos desencadeados por metassomatismo oceânico
(interacção da água do mar com a crusta oceânica), localmente reforçado por actividade
hidrotermal, representado por domínios de descarga focalizada de fluidos aquosos quentes
(por vezes mineralizados). A conjugação destes processos gera dois tipos de alteração
químico-mineralógica vulgarmente descritos para as rochas constituintes do CVS:
- à escala regional, transcrevendo o metassomatismo oceânico generalizado (por vezes
descrito
como
metamorfismo
hidrotermal)
manifestado
pelas
rochas
vulcânicas
(independentemente da sua natureza e modo de instalação/ocorrência) e sedimentares
constituintes dos domínios superficiais da crusta oceânica (eg. Munhá & Kerrich, 1981); e
- à escala local, reflectindo a presença de alteração hidrotermal intensa e localizada,
normalmente correlacionada com zonas de "stockwork" subjacentes a massas de sulfuretos
maciços (eg. Sáez et al., 1999)
A alteração hidrotermal modifica de forma significativa as composições das rochas
máficas e félsicas da FPI, dando origem a associações minerais diversas, mas geralmente
dominadas por filossilicatos (clorite e sericite), quartzo e carbonatos (Munhá, 1990; Munhá &
Kerrich, 1981; Barriga & Kerrich, 1984; Barriga, 1983, 1990 in Saéz et al., 1999).
Relativamente à zona de alteração do minério podem ser distinguidos os
seguintes tipos de alteração:
- Alteração "stockwork": o minério de "stockwork", é composto por veios de sulfuretos
(calcopirite, pirite, pirrotite e esfalerite) e por disseminações numa matriz silicatada. Esta
é essencialmente composta por quartzo+clorite e/ou sericite. Em Feitais (Aljustrel) o
"stockwork" é composto por quartzo-clorite-sulfuretos, rodeado por um halo de quartzosericite (e sulfuretos) que aumenta, progressivamente, para as rochas encaixantes a
muro. A presença de relíquias de quartzo queratofírico, no "stockwork", indica que a
alteração hidrotermal precede à deposição de sulfuretos (Barriga, 1983).
- Alteração a muro: a presença deste tipo de alteração indica que a actividade
hidrotermal persistiu após a deposição das rochas imediatamente a muro. Estas podem
incluir, não só as rochas vulcânicas, mas também xistos, filitos, tufitos, chertes e jaspes.
- Alteração a tecto: esta alteração é caracterizada, grosseiramente, por uma zonação
concêntrica, com uma zona clorítica interior e uma zona sericítica periférica. A zona clorítica
5
"Controlos lito-estratigráfico e estrutural da mineralização de Montinho" - Capítulo 1
é caracterizada por intensa lixiviação de Ca, Na e K e enriquecimento em Al, Fe e Mg,
enquanto que na zona sericítica a lixiviação de Na e Ca é característica, fazendo-se
acompanhar por enriquecimento importante em K e Al. Outros processos metassomáticos
como a silicificação, sulfidização e carbonatização, podem ocorrer relacionados com as
duas zonas descritas (Carvalho, 1976; Palomero, 1980; Plimer & Carvalho, 1982; Barriga,
1983; Toscano et al., 1993 Almodóvar et al., 1994 in Saéz et al., 1999).
Os jazigos presentes na FPI ocorrem em diferentes níveis do CVS, sob a forma de
corpos estratiformes e de dimensão variável (eg. Carvalho, 1979) preferencialmente
associados ao topo das sequências vulcânicas félsicas, em particular aos níveis que
marcam os períodos finais de actividade vulcânica (Barriga & Carvalho, 1983). A posição
original das mineralizações poderá não ter sido a mesma que a ocupada actualmente,
existindo dois tipos de jazigos que justificam a relação espacial entre as massas
mineralizadas e o vulcanismo ao qual elas se associam (Carvalho et al., 1976):
- Jazigos enraizados, que se caracterizam por apresentarem "stockwork" na base,
acompanhado de alteração hidrotermal (geralmente clorítica ou quartzo-sericítica);
- Jazigos distais, que se afastam da zona de ascensão de fluidos mineralizantes,
sendo, por isso, enquadrados por rochas isentas de alteração hidrotermal ou objecto de
metassomatismo incipiente.
Os depósitos de sulfuretos maciços são maioritariamente compostos por pirite e por
quantidades diversas de esfalerite, calcopirite e galena e correspondem a acumulações
singenéticas e submarinas em conformidade com o vulcanismo félsico.
Para além dos anteriores, existem, os jazigos de manganês que ocorrem
estratiformemente no complexo vulcânico, estando, geralmente, relacionados com o
vulcanismo félsico e sendo típica a sua associação com jaspes. Estes correspondem a
precipitações siliciosas e aparecem em zonas periféricas, em níveis lito-estratigraficamente
superiores aos das massas de sulfuretos (Carvalho, 1975).
As reservas de sulfuretos polimetálicos foram estimadas em mais de 1700 milhões
de toneladas (eg. Leistel et al., 1998; Tornos, 2006). Estas reservas, cuja composição média
está patente na tabela 3, distribuem-se por cerca de 90 depósitos (Leistel et al., 1998).
Tabela 3- Tonelagem média de diferentes metais na FPI
Cu
Zn
Pb
Au
Ag
14.6 Mt
34.9 Mt
13 Mt
887 t
46188 t
6
"Controlos lito-estratigráfico e estrutural da mineralização de Montinho" - Capítulo 1
Localizando-se no sector Sul da Faixa Piritosa Ibérica, o anticlinal do Rosário
apresenta uma orientação geral NW-SE (Fig. 3) com vergência para SW, apresentando um
flanco longo para NE (com inclinação a variar entre os 25° e os 35°) e outro, curto, para SW
(com inclinações que podem atingir os 70°) (Carvalho et al., 1975). O núcleo deste anticlinal
é ocupado pelo CVS, por sua vez coberto pela sequência do "Culm".
Legenda
Sedimentos da Bacia do
Sado
Dolerito da Messejana
Grupo Flysch
Xistos, tufitos e exalitos
Rochas vulcânicas máficas
Rochas vulcânicas félsicas
Grupo Filito-Quartzítico
Rosário
Fig. 3- Geologia geral do anticlinório do Rosário - adaptado de "Carta Geológica do Sul de Portugal", 1:200 000,
Serviços Geológicos de Portugal (1989).
7
"Controlos lito-estratigráfico e estrutural da mineralização de Montinho" - Capítulo 1
As várias unidades presentes no anticlinal do Rosário estão patentes na tabela 4.
Tabela 4- Unidades presentes no anticlinal do Rosário - adaptado de Leca, X. (1983).
Série do "Culm"
Série Vulcano- Sedimentar
Formação do
Zambujal
Carbónico inf.
- Xistos de Brancanes
- Tufitos e xistos de Godinho
Xistos azuis- violetas
Xistos de Grandaços + Quartzitos do Curral
Formação da
Urza
- Básicas de Casével
Xistos negros
de Neves
- Tufos e Lavas ácidas de Almoleias
e Castro Verde
- Básicas e intermédias de Monte
Forno da Cal
Série dos quartzitos de Lançadoiras

Devónico sup.
Série dos quartzitos de Lançadoiras: corresponde à base da sucessão e é composta
predominantemente por quartzitos com intercalações de xistos negros.

Série Vulcano-Sedimentar: Sobrepõe-se aos quartzitos de Lançadoiras, sendo constituída
por:
- Sub-série das Neves, composta essencialmente por xistos negros nos quais ocorrem,
ocasionalmente, sequências siliciosas que, na base, podem ser também de pirite e
vulcanitos tufáceos ou maciços.
- Sub-série do Monte Forno da Cal que comporta três fácies distintas: espilítica verde
escura; espilítica intermédia de cor clara e uma fácies lávica porfírica. Ocorrem, também
diabases microgranulares de cor escura.
8
"Controlos lito-estratigráfico e estrutural da mineralização de Montinho" - Capítulo 1
- Sub-série de Almoleias e Castro Verde, constituída por lavas e tufos ácidos. Em termos de
composição distinguem-se duas zonas, uma a Norte de Castro Verde (riólitos azuis e
dacitos ricos em fenocristais de feldspato potássico) e outra no Rosário (riólitos verdesazuis com fenocristais de feldspato sódico).
- Sub- série de Casével que compreende espilitos (ocasionalmente, surgem lavas em
almofada), aglomerados básicos, tufos e brechas. Sobre estas existem pequenas lentículas
de jaspe azul com associações de tufitos siliciosos.
- Sub- série de Grandaços e Curral que comporta xistos e quartzitos cinzentos esverdeados,
exibindo lentículas de carbonatos de manganês no topo.
- Sub- série de Godinho, formada por materiais provenientes da mistura de material
piroclástico e sedimentar, essencialmente, compostos por xistos, jaspes e tufitos.
- Sub- série de Brancanes que corresponde a uma unidade de transição entre a
sedimentação vulcano-sedimentar e a sedimentação fossilífera do “Culm”.

Série do "Culm": compreendendo sucessões monótonas de grauvaques e xistos
A área do Montinho insere-se no anticlinal do Rosário, apresentando, por isso, algumas das
suas características gerais. Foi sobre ela que se realizou o estudo que se apresenta
seguidamente.
9
"Controlos lito-estratigráfico e estrutural da mineralização de Montinho" - Capítulo 2
2. MONTINHO
Montinho situa-se na extremidade NE do anticlinal do Rosário e corresponde a uma
antiga mina de sulfuretos maciços (pirite) hospedados em tufitos e xistos do CVS. A área
estudada perfaz cerca de 20 km2 (Fig. 4). O relevo é suave (característico da peneplanície
alentejana) e as altitudes variam entre os 123 m e os 222 m; a rede hidrográfica é pouco
densa, sendo a Ribeira da Ferraria, afluente do Rio Sado, o principal curso de água.
O mapeamento geológico (escala 1:30000) efectuado teve em conta as
características macroscópicas de cada litologia aflorante (sobretudo em termos texturais, cor
e constituição mineralógica), bem como os efeitos resultantes da deformação. As principais
características macroscópicas distintivas para os diferentes tipos litológicos podem ser
encontradas na tabela 5.
Tabela 5- Classificação e descrição sumária dos diferentes tipos litológicos
Classificação
Rochas
metavulcanoclásticas
(félsicas)
Descrição
Apresentam granularidade fina a grosseira. Os fenocristais presentes
correspondem essencialmente a quartzo e
feldspato que se
distribuem numa matriz siliciosa muito fina. Esta tipologia mostra
tonalidade rosada característica.
Manifestam granularidade bastante fina; ocasionalmente destacam-se
grãos de quartzo. Estas rochas podem apresentar variadas cores,
dependendo da intensidade e tipo de alteração a que foram sujeitas,
bem como da composição mineralógica da matriz; a tonalidade mais
Rochas
metassedimentares
comum
é
púrpura/rosa
claro.
Estas
rochas
apresentam-se,
geralmente, laminadas mas, por vezes, evidenciam uma silicificação
bastante intensa (como acontece com alguns horizontes de xistos
"Borra de Vinho", na proximidade de lentículas jaspóides).
Nesta tipologia incluem-se os xistos
Vinho”;
localmente
verificam-se
"Cinzentos"; xistos “Borra de
ocasionais
intercalações
de
metavulcanitos félsicos finos (não representadas no mapa geológico
devido à descontinuidade usual dos afloramentos).
Rochas metavulcânicas
Apresentam granularidade fina, de tonalidade verde escura ou verde
máficas
clara. Por vezes, apresentam aspecto vesicular ou amigdalóide; as
vesículas/poros são geralmente preenchidas por carbonatos.
10
"Controlos lito-estratigráfico e estrutural da mineralização de Montinho" - Capítulo 2
Rochas
metassedimentares
turbidíticas
Evidenciam granularidade fina a grosseira, de composição variada.
Apresentam tonalidade cinzenta e matriz siliciosa.
As rochas aflorantes revelam deformação relativamente intensa, mas heterogénea.
Esta deformação materializa-se pelo desenvolvimento de dobras bastante apertadas, que
foram observadas a diferentes escalas. A estratificação (S0) é normalmente transposta pela
xistosidade (S1), bastante penetrativa, embora seja possível colocar em evidência, em
escassos locais, relações angulares entre S0 e S1 que possibilitaram a reconstrução do
padrão geral de dobramento. Por vezes, as rochas xistentas mostram desenvolvimento de
crenulação relativamente tardia, documentando acomodação polifásica da deformação. O
reconhecimento de precipitados hidrotermais de quartzo (com espessura variável e, por
vezes, relativamente ricos em hidróxidos de ferro), com frequência, definindo alinhamentos
coincidentes com linhas de água encaixadas, denuncia a presença de zonas de falha
tardias, cortando todas as litologias.
A figura 5 corresponde à projecção das estações da área em estudo. A densidade de
pontos mostra, claramente, os locais onde os afloramentos são abundantes, pelo que, nas
zonas onde estes não existem, utilizou-se a "estatística" em rochas soltas para se poder
efectuar a cartografia correspondente.
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"Controlos lito-estratigráfico e estrutural da mineralização de Montinho" - Capítulo 2
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Fig. 4- Delimitação da área estudada
"Controlos lito-estratigráfico e estrutural da mineralização de Montinho" - Capítulo 2
10
Fig. 5- Delimitação da área estudada com a projecção das várias estações
"Controlos lito-estratigráfico e estrutural da mineralização de Montinho" - Capítulo 2
2.1-CARTOGRAFIA
11
Fig. 6- Mapa litológico da área cartografada
"Controlos lito-estratigráfico e estrutural da mineralização de Montinho" - Capítulo 2
2.1.1- LITO-ESTRATIGRAFIA
A sequência lito-estratigráfica é descrita tendo em conta os critérios mencionados
anteriormente e as unidades reconhecidas na FPI, complementada com os dados de campo
recolhidos. Todas as rochas manifestam efeitos resultantes do metamorfismo regional de
baixo grau compatível com o descrito à escala regional (Munhá, 1976).
I- COMPLEXO VULCANO-SEDIMENTAR
Conforme referido anteriormente, este complexo é formado por rochas vulcânicas e
sedimentares e compreende uma vasta diversidade de tipos litológicos que apresentam
variações laterais e verticais de fácies (Shermerhorn et al., 1987). O CVS hospeda as
mineralizações (pirite e manganês) reconhecidas na FPI. Os indícios de vulcanismo são
exclusivos do CVS, não surgindo na unidade inferior (GFQ) nem na unidade superior
("Culm").
Na área cartografada, o CVS apresenta a seguinte sequência litológica, da base para
o topo: Rochas metavulcânicas máficas (fazendo distinção entre as vesiculares e as não
vesiculares); Rochas meta-vulcanoclásticas félsicas; Rochas Metassedimentares (que
compreendem os xistos "Borra de Vinho", com intercalações ocasionais de metavulcanitos
félsicos finos); Lentículas de Jaspe e xistos "Cinzentos".
Como se pode observar no mapa da figura 6, as rochas metavulcânicas máficas são
abundantes, indicando a base da sequência do CVS. As litologias deste tipo mais comuns
apresentam cor escura, granularidade muito fina e, frequentemente vesículas, estando,
geralmente,
estas
últimas
preenchidas
por
carbonatos
e,
por
vezes,
dispostas
subparalelamente a S1. Em certas zonas, estas rochas apresentam xistosidade bastante
penetrativa (estação 562132 ; 4182310 - Zona NW do mapa; perto da zona de MontinhoEstampa1-A), transpondo totalmente S0. As rochas metavulcânicas máficas que não
apresentam vesículas revelam, geralmente, uma tonalidade mais clara e, tal como nas
anteriores, manifestam deformação muito heterogénea. Na estação 562726 ; 4182869
(Parte SW do mapa; perto do vértice geodésico Águia) as rochas máficas revelam cor verde
acastanhada e xistosidade incipiente/moderada (Estampa 1-B).
As rochas meta-vulcanoclásticas félsicas (Estampa 1-C) ocupam uma área bastante
reduzida e, geralmente, associam-se à sequência metassedimentar (xistos "Borra de
Vinho"). Geneticamente, estas rochas relacionam-se com o vulcanismo (explosivo ou
15
"Controlos lito-estratigráfico e estrutural da mineralização de Montinho" - Capítulo 2
intrusivo) podendo, ou não, envolver uma mistura de fragmentos vulcânicos com transporte
sedimentar variável; a sua classificação exacta depende da natureza da matriz e dos clastos
nela inclusos, muito embora a alteração significativa destes últimos dificulte a caracterização
correcta dos processos de fragmentação (eg. Rosa, 2007). Os clastos presentes
correspondem essencialmente a feldspato e, em menor quantidade, quartzo e moscovite,
estando incluídos numa matriz muito fina. Estas rochas possuem uma cor rosa típica e
apresentam uma textura extremamente variada, podendo variar de granularidade fina a
grosseira (564360 ; 4181129 - Zona S do mapa; perto do Monte Branco); estas
características
serão
detalhadas
subsequentemente,
quando
se
descreverem
os
testemunhos de sondagem MO-08-001. Tal como as suas congéneres máficas, as rochas
metavulcânicas félsicas apresentam xistosidade penetrativa que transpõe S0.
As rochas metassedimentares (xistos "Borra de Vinho", em particular) também
ocupam grande parte da área cartografada apresentando cor púrpura característica, cuja
intensidade varia consoante a quantidade de óxidos de Fe e Mn discriminados. Geralmente,
estes óxidos desenvolvem interdigitações, nódulos ou lentículas nos metassedimentos
hospedeiros. Estas rochas apresentam granularidade muito fina e, por vezes, destacam-se
alguns grãos de quartzo e, muito raramente, sulfuretos disseminados de pequenas
dimensões. Evidenciam xistosidade bastante penetrativa e, por vezes, apresentam
crenulação (estação 564375 ; 4184833 - Zona NE do mapa; perto do ponto geodésico do
Laboreiro). Localmente, os metassedimentos registam silicificação acentuada (Estampa 1D); nestas circunstâncias, apresentam cor vermelha/rosada bastante intensa (estação
562521 ; 4182786 - vértice geodésico Águia e estação 564404 ; 4184082 - Zona NE do
mapa).
As lentículas de jaspe ocorrem, preferencialmente, associadas aos xistos "Borra de
Vinho" e às rochas meta-vulcanoclásticas félsicas. Possuem cor vermelha e, por vezes, em
alguns domínios, cor negra. Grande parte dos jaspes apresenta textura brechóide ou
pseudo-brechóide, sendo cortados por redes densas e anastomosados veios de quartzo
hidrotermal (Estampa 1-E)(estação 564039 ; 4185264 - Zona NE do mapa; perto do vértice
geodésico Águia). Localmente, os enriquecimentos em (hidr)óxidos de Fe e Mn são notórios
e, alguns deles, foram sujeitos a desmonte artesanal. É de notar o alinhamento de jaspes
na zona NE do mapa e, como já foi referido, aparecem preferencialmente associados aos
xistos "Borra de Vinho", com excepção da zona SW, em que aparecem associados às
rochas metavulcânicas máficas.
16
"Controlos lito-estratigráfico e estrutural da mineralização de Montinho" - Capítulo 2
O topo da sequência Vulcano- Sedimentar é marcado por uma sucessão de xistos
"cinzentos". A escassez de afloramentos e a intensa alteração dificulta imenso a
caracterização macroscópica fidedigna destas rochas; a caracterização dos testemunhos de
sondagem MO-08-001 permite, contudo, obviar tais dificuldades, conforme será apresentado
adiante.
II- CULM
O "Culm" compreende uma sequência turbidítica xisto-grauvacóide. A maior parte
dos grauvaques apresenta clastos provenientes das rochas vulcânicas félsicas e máficas
(Schermerhorn, 1971a; Oliveira et al., 1979; Oliveira, 1990). Estes grauvaques apresentam
granularidade fina a grosseira, cor cinzenta e são bastante mal calibrados; geralmente,
ocorrem interestratificados com xistos (Estampa 1-F) (565318 ; 4180979 - Zona SE do
mapa; perto de Conceição).
17
"Controlos lito-estratigráfico e estrutural da mineralização de Montinho" - Capítulo 2
18
"Controlos lito-estratigráfico e estrutural da mineralização de Montinho" - Capítulo 2
2.1.2 - COMPONENTE ESTRUTURAL
A figura 7 representa o mapa estrutural da área de Montinho; note-se que a presença
de depósitos de cobertura na zona SE da área cartografada impede a observação e
obtenção de dados, dificultando assim a interpretação (Fig. 9- corte geológico E-F).
O dobramento é heterogéneo, vergente para SW (conforme denunciado pelas
relações flanco longo/flanco curto). Os alinhamentos do "Culm" marcam os eixos dos
sinformas e os alinhamentos das rochas metavulcânicas máficas marcam os eixos dos
antiformas; estes eixos orientam-se grosso modo segundo a direcção NW-SE e o plano axial
das dobras inclina cerca de 45° para NE. Conforme evidenciado no mapa e perfis
geológicos apresentados nas figuras 7,8 e 9, o dobramento relativamente apertado conduz
com alguma facilidade à ruptura dos flancos curtos de várias dobras, criando assim
condições para a repetição tectónica da sequência lito-estratigráfica (sobre-espessamento
tectónico das unidades). Tal é praticamente evidente no sector NE da área cartografada,
possivelmente devido aos maiores contrastes mecânicos impostos pela abundância de
níveis competentes (jaspes e xistos "Borra de Vinho" silicificados). Neste sector verifica-se
ainda que o espaçamento entre dobras é mais apertado, havendo também rotação
assimilável do eixo dos dobramentos. Estas características podem ser devidas ao efeito
conjugado da deformação acomodada pelos diferentes acidentes tectónicos que
tardiamente cortam e rejeitam todas as litologias e estruturas. É ainda possível que os
efeitos de arraste causados pelo desligamento quilométrico acomodado pela falha da
Messejana (localizada a escassos quilómetros a Norte) já se façam sentir neste sector; com
efeito, de acordo com Carvalho et al., (1976), a falha da Messejana imprime rotação
acentuada de orientação geral dos dobramentos Variscos.
A heterogeneidade do estilo de dobramento seguida de rupturas de flanco curto
sugere polifasismo na acomodação da deformação. Contudo, tal não se manifesta pelo
desenvolvimento de uma segunda xistosidade e a formação de crenulações corresponde a
reajustamentos estruturais de natureza local e tardia. Note-se, porém, que em diferentes
sectores, a xistosidade observada (S1) estabelece uma relação angular variável com os
eixos de dobra projectados, denunciando uma componente cisalhante direita (transecção).
Tal volta a sugerir polifasismo da acomodação de deformação, atribuindo-se a transecção
direita a uma segunda fase que, grosso modo, é responsável pelo acentuar do dobramento
e subsequente ruptura dos flancos curtos (inversos). Se assim for, a xistosidade medida
corresponderá a (S1+S2), transpondo (por vezes totalmente) S0. Acresce referir que não
obstante da maioria dos trabalhos realizados na FPI colocarem em evidência os efeitos de
19
"Controlos lito-estratigráfico e estrutural da mineralização de Montinho" - Capítulo 2
transecção esquerda à escala regional, vários sectores (como Aljustrel) registam
transecções direitas em contextos estruturais (e estilo de dobramento) equivalentes aos
descritos para a área de Montinho.
Os principais acidentes tectónicos (carreamentos/cavalgamentos) apresentam
orientação NW-SE colocando, por vezes, unidades mais antigas (CVS) sobrepostas às mais
recentes ("Culm") (Fig. 9- cortes geológicos A-B; C-D e E-F: sobreposição das rochas
metavulcânicas máficas relativamente ao "Culm" e cortes geológicos C-D e E-F:
sobreposição das rochas metassedimentares, xistos "Borra de Vinho", relativamente ao
"Culm"). Estes acidentes principais são cortados por falhas tardias, com orientação geral
NE-SW e que apresentam uma componente de desligamento direito associado (cinemática
inferida com base em critérios cartográficos; Fig. 8). O mesmo acontece nas regiões de
Aljustrel, em que as falhas tardi-orogénicas apresentam orientação NNE-SSW, deslocando
as estruturas tectónicas principais (Carvalho et al., 1976).
20
"Controlos lito-estratigráfico e estrutural da mineralização de Montinho" - Capítulo 2
Fig. 7- Mapa estrutural da área cartografada
21
"Controlos lito-estratigráfico e estrutural da mineralização de Montinho" - Capítulo 2
B
D
A
F
C
E
Fig. 8- Mapa estrutural sobreposto ao litológico com a representação dos cortes geológicos efectuados
22
"Controlos lito-estratigráfico e estrutural da mineralização de Montinho" - Capítulo 2
A
B
C
D
E
F
Fig. 9- Perfis geológicos interpretativos (sobre-elevação 3x) ao longo das secções A-B, C-D e E-F indicados no mapa
patente na Fig. 8
Depósitos detríticos de cobertura
Metassedimentos- xistos "Borra de Vinho"; ocasionais intercalações de
metavulcanitos félsicos finos
Xistos e grauvaques
Meta-vulcanoclásticas félsicas
Jaspes
Metassedimentos- xistos "Cinzentos"
Metavulcânicas máficas vesiculares
Metavulcânicas máficas não vesiculares
23
"Controlos lito-estratigráfico e estrutural da mineralização de Montinho" - Capítulo 3
3. CARACTERIZAÇÃO MACROSCÓPICA DA SONDAGEM MO-08-001
A sondagem MO-08-001 foi realizada em 2008 na área de Montinho, mais
concretamente no local com coordenadas [563339,25 ; 4182391,48] referentes ao sistema
UTM - World Geodetic System 84, zona 29, visando a intersecção de uma anomalia
magnética e gravimétrica previamente identificada. A sondagem estende-se ao longo de 742
m segundo 65º WSW, 250º.
Este capítulo tem como objectivo proceder à revisão do logging original,
uniformizando os critérios usados na caracterização das diferentes unidades geológicas
intersectadas por sondagem, nomeadamente no que diz respeito às texturas apresentadas e
eventuais padrões de alteração hidrotermal / mineralização.
A observação geral dos testemunhos de sondagem permite, desde logo, colocar em
evidência a repetição das sequências litoestratigráficas. Esta repetição é de natureza
tectónica, sendo condicionada por cinco zonas de falha (muito possivelmente denotando
contrastes reológicos), a saber:
- A primeira, aos 19,70 m de profundidade, coloca em contacto rochas metavulcânicas
máficas e félsicas;
- A segunda, aos 40,80 m de profundidade,
marca o contacto entre as rochas
metavulcânicas félsicas, referidas anteriormente, com as de natureza meta-vulcanoclástica;
- A terceira, aos 178 m de profundidade, estabelece o contacto entre rochas metavulcânicas
máficas e as rochas metassedimentares;
- A quarta, aos 225 m, põe em contacto um domínio de interface vulcânico com rochas
vulcanoclásticas félsicas. Este domínio apresenta carácter máfico muito mais pronunciado
do que os anteriores;
- Por último, a quinta, aos 546 m de profundidade, cortando rochas metavulcânicas máficas
e rochas metavulcânicas maciças;
Previamente elaborou-se log sumário da sondagem e respectiva descrição bem
como um gráfico que traduzisse, em percentagem, o total de recuperação do testemunho
em função da profundidade (Fig. 10).
24
"Controlos lito-estratigráfico e estrutural da mineralização de Montinho" - Capítulo 3
I
II
A
B
C
D
E
F
III
A: Metavulcanitos máficos vesiculares alterados;
componente carbonatada significativa, por vezes
sob a forma de veios.
B: Zona de falha; deformação do testemunho a
tecto e a muro das rochas metavulcânicas.
Precipitação hidrotermal associada, incluindo
sulfuretos (Py± Cpy)
C:
Metavulcanitos
félsicos
microporfíricos
ligeiramente sericitizados. Py ± Cpy dispostos
preferencialmente ao longo dos planos de
foliação.
D: Zona de falha; forte deformação do agregado
mineral, seguida de fracturação intensa.
G
H
I
J
K
E: Metavulcanoclástica, contendo fragmentos
líticos. O contacto a muro aparenta corresponder
a
uma
interface
primária
retocada
tectonicamente.
F: Alternância de metavulcanitos máficos e
félsicos com escassos sulfuretos (Py ± Cpy)
disseminados.
G: Zona de falha (cataclasito subsequentemente
fracturado) estabelecendo o contacto entre metavulcanitos (máficas e félsicos) e rochas
metassedimentares.
L
H: Metassedimentos contendo ocasionais
"bolsadas" milimétricas preenchidas por Qz, Py e
Carb.
I: Alternância irregular de metavulcanitos félsicos
e máficos.
J: Zona de Falha; forte deformação do agregado
mineral (redução da granularidade, fábrica
anisótropa e fracturação tardia).
M
K: Metavulcanoclásticas félsicas com finas
intercalações de metassedimentos; contactos
graduais.
N
L: Metassedimentos finos, incluindo xistos
cinzento-escuro e negros; alguns níveis
siliciclásticos finos revelam quantidade apreciável
de
sericite;
outros
poderão
apresentar
componente vulcânica considerável.
M: Alternância entre metassedimentos e metavulcanitos máficos
O
N: Zona de falha; fracturação do testemunho
sobre-imposta a fábrica anisótropa com evidente
redução tectónica da granularidade.
O: Metavulcanitos maciços cortados por zona de
falha aos 703,35 m de profundidade; carácter
brechóide evidente em alguns domínios.
Fig. 10– I: Log sumário da sondagem MO-08-001: II: Percentagem de recuperação do testemunho em função da profundidade; III: Síntese das características apresentadas pelos diferentes conjuntos/domínios litológicos intersectados por sondagem.
25
"Controlos lito-estratigráfico e estrutural da mineralização de Montinho" - Capítulo 3
A análise do log sumário apresentado na figura 10 permite concluir que os segmentos com
menor recuperação correspondem a zonas de falha ou, então, a unidades litológicas menos
competentes.
Elaborou-se segundo gráfico que reflectisse a variedade da dispersão/concentração,
ao longo da profundidade, dos seguintes minerais/padrões de alteração: py+cpy;
sericitização e cloritização (Fig. 11). Para a sua elaboração adoptou-se um critério
quantitativo de um a três, correspondendo o último à maior abundância (qualitativamente
estimada) do mineral ou à maior intensidade da alteração. Tendo em conta as
características macroscópicas apresentadas pelas rochas, não se consegue obter um
padrão convergente de resultados que permitam, efectivamente, distinguir se existem, ou
não, efeitos de alteração hidrotermal sobrepostos ao metamorfismo regional (após
metassomatismo oceânico).
Fig. 11- Variedade da dispersão/concentração, ao longo da profundidade, dos
minerais/padrões de alteração: py+cpy; sericitização e cloritização
26
"Controlos lito-estratigráfico e estrutural da mineralização de Montinho" - Capítulo 3
A figura 12 corresponde ao corte geológico interpretativo C-D com a projecção da
sondagem, dando ênfase aos domínios atravessados pela mesma. O acidente principal
(marcado a tracejado negro), inferido com base em informações de campo, é confirmado na
sondagem, estabelecendo o contacto entre as rochas metavulcânicas félsicas (com algumas
contribuições de rochas metavulcânicas máficas) e os xistos negros. Os tracejados mais
finos correspondem a falhas menores, possivelmente resultantes de pequenos ajustamentos
estruturais intra-sequência que não têm expressão cartográfica.
Fig. 12- Corte geológico interpretativo C-D com a projecção da sondagem MO-01008, dando ênfase aos domínios atravessados pela mesma.
27
"Controlos lito-estratigráfico e estrutural da mineralização de Montinho" - Capítulo 3
Com o propósito de enriquecer a descrição macroscópica dos testemunhos de
sondagem, procedeu-se a uma amostragem da mesma (Fig.13), sujeitando os diferentes
exemplares (representativos de aspectos particulares dos vários domínios intersectados por
sondagem) a um exame detalhado à lupa binocular; note-se que está em falta a amostra nº
15, pois não foi possível concretizar a sua análise. Uma vez que a escala de observação é
diferente, algumas classificações podem não corresponder integralmente às indicadas com
base na caracterização macroscópica. Importa ainda salientar que a intensa deformação
apresentada por vários exemplares impede a preservação de características primárias,
impossibilitando a sua classificação textural de acordo com critérios de vulcanologia física.
28
"Controlos lito-estratigráfico e estrutural da mineralização de Montinho" - Capítulo 3
A
B
C
D
E
Amostra 1
Amostra 2
F
Amostras 3 à 11
G
H
Amostra 12
I
J
Amostras 13 e 14
K
Amostras 15 e 16
L
Amostras 17 e 18
M
Amostras 19, 20 e 21
N
O
Amostras 22 à 27
Fig. 13- Projecção da amostragem ao longo dos testemunhos de sondagem
29
"Controlos lito-estratigráfico e estrutural da mineralização de Montinho" - Capítulo 3
Domínio A:
A amostra 1 corresponde a uma rocha metavulcânica máfica com coloração verde.
As vesículas distribuem-se paralelamente a S1 e são preenchidas por carbonatos e, como se
pode observar, apresentam achatamento notório que pode ser devido à deformação
acomodada pela rocha. Esta exibe veios e filonetes compostos por Carb + Qz (de
exsudação) que se desenvolvem sub-paralelamente e sub-perpendicularmente a S1
(Estampa 2-1)
Domínio C:
A amostra 2 documenta um aspecto particular da brecha riolítica. Os elementos
sedimentares são, predominantemente, litoclastos de dimensão pequena e coloração
escura. Os elementos vulcânicos são de natureza riolítica e apresentam dimensão
heterogranular (Estampa 2-2).
Domínio F:
A zona F corresponde a intercalações de rochas metavulcânicas máficas e félsicas.
As rochas máficas, no geral, apresentam vesículas preenchidas por carbonato que se
podem dispor paralelamente a S1 (com achatamento notório; Estampa 4-11), ou não
(Estampa 2-4). A sericitização é incipiente (Estampa 4-11). Nestas rochas também é
possível observar alguns veios de quartzo que se apresentam concordantemente com S1.
Algumas das amostras correspondem a rochas intermédias-máficas (Estampa 4-9 e 10) com
fábricas quasi-isótropas, cuja matriz é composta essencialmente por clorite e quartzo).
Duas das amostras correspondem a rochas riolíticas deformadas, sendo cortadas
por uma zona de falha, adquirindo assim uma textura cataclástica; é possível observar
faixas com redução intensa do grão, correspondendo, por isso, a bandas de acomodação
preferencial da deformação (mais claras; Estampa 3-5)
A amostra 8 mostra uma zona de interface (contacto) entre duas rochas vulcânicas
de natureza diferente, uma com maior componente félsica e outra com maior componente
máfica (Estampa 3-8). Esta interface manifesta processos de recristalização tardios,
possivelmente assistidos tectonicamente, pondo em evidência heterogeneidades primárias
retocadas durante o metassomatismo oceânico/metamorfismo regional.
Domínio H:
A amostra 12 corresponde a uma rocha metassedimentar (xistos negros) onde se
podem observar, bastante bem, veios preenchidos por quartzo e sulfuretos, (sub)paralelos a
S1 (Estampa 5-12).
30
"Controlos lito-estratigráfico e estrutural da mineralização de Montinho" - Capítulo 3
Amostra 1
2 cm
Amostra 2
Amostra 3
Amostra 4
2 cm
2 cm
2 cm
ESTAMPA 2: 1- Rocha metavulcânica máfica - presença de vesículas com achatamento notório, preenchidas
por carbonato e paralelas a S1. 2- Brecha riolítica; os elementos sedimentares estão presentes sob a forma de
litoclastos (coloração escura) e os vulcânicos são de natureza riolítica. 3- Rocha metavulcânica máfica;
presença de algumas vesículas com algum achatamento ; . 4- Rocha metavulcânica máfica; visualização de
vesículas de carbonato, sem qualquer orientação preferencial
31
"Controlos lito-estratigráfico e estrutural da mineralização de Montinho" - Capítulo 3
2 cm
Amostra 5
2 cm
Amostra 6
2 cm
Amostra 7
2 cm
Amostra 8
2 cm
ESTAMPA 3: 5- Rocha riolítica; textura cataclástica; presença de bandas de acomodação preferencial da
deformação (mais claras). 6- Brecha riolítica; textura cataclástica. 7- Rocha riolítica; fabric intenso; presença
de porfiroblastos ; 8- Zona de interface - contacto entre duas rochas vulcânicas de natureza diferente
(félsica/máfica)
32
"Controlos lito-estratigráfico e estrutural da mineralização de Montinho" - Capítulo 3
Amostra 9
Amostra 10
2 cm
2 cm
Amostra 11
2 cm
ESTAMPA 4: 9- Rocha intermédia-máfica; fabric quasi- isótropo; matriz composta essencialmente por clorite e
quartzo. 10- Rocha intermédia-máfica; matriz composta por clorite e quartzo, com domínios de maior
sericitização; presença de veio de quartzo a cortar a amostra. 11- Rocha metavulcânica máfica; rocha bastante
sericitizada; achatamento notório das vesículas preenchidas por carbonato e dispostas paralelamente a S1.
33
"Controlos lito-estratigráfico e estrutural da mineralização de Montinho" - Capítulo 3
Domínio I:
Domínio composto por rochas metavulcânicas félsicas e máficas. A amostra 13
corresponde a uma rocha vulcanoclástica félsica que apresenta um aspecto bandado com
alteração sericítica sobreposta; os sulfuretos surgem de forma disseminada na matriz
rochosa (Estampa 5-13).
A amostra 14, contudo, corresponde a uma rocha metassedimentar (xistos negros)
colhida na interface que estabelece o contacto entre a sequência vulcânica e a sedimentar;
este exemplar apresenta alguns grãos de quartzo e carbonato que ocorrem disseminados
(Estampa 5-14).
Domínio K:
Rocha metavulcânica félsica apresentando fabric bastante forte, denunciando maior
intensidade da deformação. A granularidade da rocha é bastante fina, sendo cortada,
ocasionalmente, por filonetes de quartzo (Estampa 6-16).
Domínio L:
A amostra 17 corresponde a uma rocha vulcanoclástica fina. Como se pode observar
(Estampa 6-17), apresenta-se bastante sericitizada e cortada por veios e filonetes
(condicionados por fracturas) preenchidos maioritariamente por quartzo, carbonato e clorite,
documentando actividade hidrotermal pós-pico metamórfico.
A amostra 18 é de natureza metassedimentar. Apresenta matriz muito fina (Estampa
6-18), relativamente rica em sericite, no seio da qual ocorrem disseminações de pequenos
grãos de quartzo ou carbonato.
Domínio M:
As amostras colhidas neste domínio, previamente classificadas como metavulcânicas
máficas (Estampa 6-19 e Estampa 7-20), apresentam características mineralógicas que
sublinham o seu carácter intermédio. Todas apresentam alteração sericítica moderada a
forte, mais pronunciada na amostra 21 (Estampa 7-21). Alguns destes exemplares são
cortados por veios preenchidos maioritariamente por quartzo e carbonatos.
Domínio O:
Com excepção da amostra 25, todas as outras exibem forte sericitização e
correspondem a rochas metavulcanânicas félsicas. Algumas destas amostras apresentam,
por vezes, uma componente sedimentar (bandas mais escuras, preferencialmente dispostas
paralelamente a S1) que aparentam corresponder a fragmentos de xistos negros (Estampa
8-24). Ocasionalmente observam-se filonetes preenchidos por sulfuretos (Estampa 7-23).
A amostra 25 corresponde a uma rocha riolítica cortada por fracturas seladas por
quartzo e clorite (Estampa 8-25).
34
"Controlos lito-estratigráfico e estrutural da mineralização de Montinho" - Capítulo 3
Amostra 12
Amostra 13
2 cm
2 cm
Amostra 14
2 cm
ESTAMPA 5: 12- Rocha metassedimentar; apresentando veios preenchidos por quartzo e sulfuretos paralelos a
S1. 13- Rocha vulcanoclástica félsica sericitizada; presença de sulfuretos disseminados. 14- Rocha
metassedimentar; presença alguns grãos de quartzo e carbonato que ocorrem disseminados.
35
"Controlos lito-estratigráfico e estrutural da mineralização de Montinho" - Capítulo 3
Amostra 16
2 cm
2 cm
Amostra 17
Amostra 18
Amostra 19
ESTAMPA 6:
2 cm
2 cm
16- Rocha metavulcânica félsica, apresenta fabric bastante forte; cortada por filonetes. 17- Rocha
vulcanoclástica fina; sericitização bastante intensa; cortada por veios e filonetes (quartzo+carbonato+clorite). 18Rocha metassedimentar; matriz muito fina rica em sericite. 19- Rocha intermédia-máfica; rocha cortada por veio
de quartzo preenchido por quartzo+carbonato+clorite
36
"Controlos lito-estratigráfico e estrutural da mineralização de Montinho" - Capítulo 3
Amostra 20
2 cm
Amostra 21
2 cm
Amostra 22
2 cm
Amostra 23
2 cm
ESTAMPA 7: 20- Rocha intermédia máfica; rocha bastante sericirizada, cortada por veio de quartzo. 21Rocha intermédia-máfica, componente sericítica bastante forte; cortada por veios irregulares de quartzo. 22Rocha
metavulcânica
félsica;
sericitização
bastante
intensa;
cortada
por
veios
e
filonetes
(quartzo+carbonato+clorite). 23- Rocha metavulcânica félsica; matriz muito fina rica em sericite; presença de
filonetes preenchidos por sulfuretos
37
"Controlos lito-estratigráfico e estrutural da mineralização de Montinho" - Capítulo 3
Amostra 24
2 cm
Amostra 25
2 cm
2 cm
Amostra 26
Amostra 27
ESTAMPA 8:
2 cm
24- Rocha metavulcânica félsica componente sedimentar presente sob a forma de bandas mais
escuras (possivelmente xistos negros) ; 25- Rocha riolítica cortada por fracturas e seladas por quartzo e clorite.
26- Rocha metavulcânica félsica, apresenta fabric bastante forte; cortada por filonetes. 27- Rocha
metavulcânica félsica bastante sericitizada
38
"Controlos lito-estratigráfico e estrutural da mineralização de Montinho" - Capítulo 3
Re- Logging descritivo
A tabela 6 corresponde ao re-logging descritivo efectuado através da análise
macroscópica da sondagem MO-08-001
Tabela 6- Re-logging descritivo da sondagem MO-08-001
Profundidade (m)
Dos 0 aos 742,55
0
3,10
Descrição Geral
Sem recuperação de testemunho
Rochas
metavulcânicas
coloração
esverdeada
máficas
e
vesiculares
avermelhada.
As
alteradas;
vesículas
apresentam
distribuem-se
paralelamente a S1 e são preenchidas por carbonatos; apresentam
achatamento notório que pode ser devido à deformação acomodada pela
3,10
7,55
rocha. Presença de veios e filonetes de Carb + Qz,com desenvolvimento
sub-paralelo e sub-perpendicular a S1. Alguns dos veios apresentam
movimento associado e evidências de enchimento polifásico. Presença de
clorite neoformada (pós-pico metamórfico). Os sulfuretos presentes ao longo
de fracturas resultam de remobilização hidrotermal tardia. A base desta
sequência é truncada por uma zona de falha.
7,55
8,20
Zona de falha: o testemunho encontra-se fracturado; presença de
precipitados hidrotermais tardios constituídos por quartzo leitoso e clorite.
Rochas metavulcânicas máficas. Nos primeiros centímetros não é tão
evidente o carácter vesicular da rocha. Existem domínios com intercalações
sedimentares. Apresenta filonetes irregulares (grosso modo coplanares de
8,20
19,70
S1) junto aos quais a quantidade de clorite matricial tende a aumentar. No
início da sequência, os sulfuretos desenvolvem disseminações matriciais;
após os 16,85 m de profundidade, a Py, euédrica e com dimensões
consideráveis, manifesta alguma alteração (oxidação).
Zona de falha: deformação intensa a tecto e a muro das rochas
metavulcânicas. Veio composto por Qz + Chl de espessura significativa. Ao
longo
19,70
25,00
da
sequência,
existem
intervalos
que
são
compostos
por
metassedimentos que contactam com uma unidade metavulcânica félsica. A
passagem de uma sequência para outra faz-se através de um contacto
tectónico, onde se observa o produto da alteração hidrotermal (cor mais
clara) dos metassedimentos em contacto com o protoclasito de natureza
metavulcânica félsica.
Rochas
metavulcânicas
félsicas
microporfíricas
incipientemente
sericitizadas. Presença de vesículas de calcite em domínios quartzofeldspáticos. A matriz é de natureza clorítica. Aos 38,70 m de profundidade
25,00
40,80
observa-se preservação de fragmentos metassedimentares deformados. Ao
longo do testemunho existem domínios que aparentam registar silicificação
significativa. Os veios observados denunciam actividade hidrotermal tardia
(pós-pico metamórfico), arrastando fragmentos da rocha hospedeira. Os
sulfuretos são de pequenas dimensões e a sua deposição aparenta ser
39
"Controlos lito-estratigráfico e estrutural da mineralização de Montinho" - Capítulo 3
controlada pelo bandado.
40,80
42,00
42,00
44,90
Zona
de
falha:
fortíssimo
achatamento
e
fracturação
das
rochas
metavulcânicas; presença de veios de quartzo.
Rocha
metavulcanoclástica.
A
componente
sedimentar
apresenta
granularidade reduzida e contém fragmentos líticos. Corresponderá a uma
interface primária retocada tectonicamente (?)
Rochas metavulcânicas máficas. Troço de mistura com metassedimentos.
Trata-se, muito possivelmente, de uma interface que, a topo, preserva
44,90
64,90
critérios de polaridade. A matriz compreende uma componente detrítica
relativamente
fina,
condicionando
os
efeitos
subsequentemente
desencadeados pela deformação e metamorfismo.
Cataclasito; passagem gradual. Apresenta aspecto brechóide herdado. Esta
64,90
81,40
zona de interface corresponde a uma brecha tectónica. Presença de Cpy e
Py disseminadas
81,40
82,20
Zona de falha: testemunho fracturado e evidências de actividade hidrotermal
tardia (veios de quartzo com escassos sulfuretos).
Rochas metavulcânicas félsicas. Aos 88,80 m de profundidade desenvolve-
82,20
92,50
se o contacto gradual com uma rocha metavulcanoclástica contendo uma
componente detrítica notória. Localmente observam-se finas disseminações
de sulfuretos.
Cataclasito, sublinhando o contacto tectónico entre rocha metavulcânica
92,50
93,00
félsica e rocha metassedimentar. A Py ocorre disseminada e aparenta
resultar de processos de remobilização tardia.
93,00
95,05
Rocha metassedimentar com contribuição vulcânica de granularidade fina.
Rocha vulcânica félsica. Alternância de horizontes vulcânicos mais finos e
grosseiros (quartzo- feldspáticos). Evidências de deformação; dos 101 aos
95,05
101,40
101,40 m de profundidade, a acomodação da deformação é mais evidente
(não se trata de zona de falha ou de cisalhamento; a partição da deformação
poderá dever-se a contrastes composicionais e/ou granulométricos em
domínio multi-layer). É ainda possível observar um horizonte lávico.
101,40
102,40
Rocha vulcanoclástica. Os sulfuretos estão disseminados e, por vezes,
acompanham o bandado.
Rocha vulcanoclástica félsica com diferentes granularidades; matriz clorítica.
102,40
115,90
A componente carbonatada manifesta-se sob a forma de veios; estes
formam diferentes gerações, desenvolvendo-se perpendicularmente e
paralelamente a S0 (e S1).
40
"Controlos lito-estratigráfico e estrutural da mineralização de Montinho" - Capítulo 3
Rocha metavulcânica máfica. Esta sequência compreende uma componente
115,90
164,00
carbonatada e clorítica significativa. Os efeitos imputáveis à deformação são
incipientes.
Rocha metavulcânica máfica. Os grãos aparecem orientados segundo uma
164,00
178,15
direcção preferencial (paralelamente a S1). A partir dos 176,20 m de
profundidade os grãos apresentam menor granularidade e não desenvolvem
fabric. A componente carbonata nesta sequência continua a ser importante.
Cataclasito sublinhando o contacto entre rocha metavulcânica máfica e
178,15
189,40
rocha sedimentar. Existência de sulfuretos com dimensões consideráveis; a
sua deposição aparenta ser condicionada pela foliação.
189,40
192,00
Xistos Negros com contribuição vulcânica.
Possível zona de falha: testemunho fracturado, afectando a rocha
192,00
195,50
metassedimentar.
Veios
(carb+
Qz)
com
sulfuretos
resultantes
da
remobilização hidrotermal aparentemente síncrona do desenvolvimento da
zona de falha.
Rocha metassedimentar cortada por filonetes irregulares preenchidos por Qz
195,50
205,30
+ sulfuretos. A partir dos 200,20 m de profundidade verifica-se aumento da
componente siliciosa, mostrando, por vezes, nódulos de sílica. Transição
gradual para a rocha metavulcanoclástica félsica.
Rocha metavulcanoclástica félsica, localmente sericitizada. O contacto
205,30
213,30
inferior desta sequência é marcado pela presença de veios de Qz. Foliação
bastante forte. A rocha é cortada por diferentes gerações de veios de
carbonatos. Os sulfuretos ocorrem disseminados.
Zona de interface. O carácter máfico aumenta significativamente. A partir dos
213,30
225,75
221,50 m de profundidade observa-se incremento da granularidade e,
posteriormente, contacto com uma sequência com importante componente
sedimentar.
Zona de
225,75
227,5
falha; contacto tectónico.
O testemunho apresenta forte
deformação. Veios de Qz, com Py como produto de remobilizaçao
hidrotermal.
227,5
229,35
229,35
234,1
234,1
254,8
254,8
255,5
Rocha vulcanoclástica félsica sericitizada. Fracturação do testemunho ao
longo dos planos de foliação.
Possível zona de falha; fracturação do testemunho, com veios de Qz
associados. Alternância de níveis com diferente intensidade de sericitização.
Rocha vulcanoclástica félsica. Veios de Qz com clorite e carbonato
associados.
Possível zona de falha; testemunho fracturado com veios de Qz e pirite
41
"Controlos lito-estratigráfico e estrutural da mineralização de Montinho" - Capítulo 3
(indicadores de remobilização hidrotermal tardia).
255,5
274,95
Rocha vulcanoclástica cortada por veios preenchidos por Qz+ Carb.
274,95
275,5
Brecha tectónica; Interface rocha vulcânica/ sedimento
275,5
293,25
Rocha vulcanoclástica félsica com domínios maciços localmente intercalados
com horizontes de carácter sedimentar.
Rocha metavulcânica máfica vesicular. As vesículas não apresentam
direcção preferencial e desaparecem à medida que se progride na
sondagem. Ocorrência de domínios mais clásticos com evidências que
293,25
301,1
permitem inferir fluidez sedimentar em algumas interfaces. Incremento da
fracturação do testemunho à medida que se progride em profundidade. Os
veios de Qz acompanham a foliação. O final desta sequência é composta
essencialmente por metassedimentos - xistos negros - contendo py euédrica
disseminada.
301,1
303,15
303,15
315,6
Xistos Negros - foliação bastante intensa. A Py ocorre associada a veios
tardios de Qz,.
Rocha vulcanoclástica fina com gradação granolumétrica, cortada por veios
irregulares de Qz.
Rocha metassedimentar - Xistos Negros. Contacto de natureza tectónica
entre esta sequência e a descrita anteriormente. Rocha cortada por veios
315,6
331
preenchidos por Qz + Chl + Carb. Localmente observam-se efeitos
imputáveis a oxidação tardia. Reconhecem-se ainda veios de Qz+ Chl+
Carb, bem como disseminações de sulfuretos que acompanham a foliação.
Rocha metassedimentar - Xistos Negros. Presença de alguns veios de Qz,
331
362
alguns deles concordantes com a foliação. Py euédrica de grandes
dimensões que, localmente, desenvolve alinhamentos subparalelos à
foliação. A rocha apresenta-se bastante sericitizada.
362
380,5
Rocha metassedimentar - Xistos Negros. Os sulfuretos apresentam-se
euédricos (Py) e paralelos à foliação. Veios tardios de Qz.
Rocha metassedimentar com componente vulcânica associada (aos 381 e
395 m de profundidade), conferindo a esta sequência um aspecto bandado
380,5
421,9
(níveis mais escuros alternados com níveis mais claros). A sequência
apresenta-se fortemente deformada e truncada por veios de quartzo. Os
sulfuretos presentes acompanham a foliação da rocha, ocorrendo também
no seio dos veios de quartzo.
421,9
429,1
429,1
437,8
Rocha Metassedimentar - Xistos Negros com contribuição vulcânica.
Presença de veios de Qz com Py associada.
Rocha metassedimentar fortemente sericitizada; a sericitização é mais
acentuada no final da sequência. Os sulfuretos (Py) manifestam oxidação.
42
"Controlos lito-estratigráfico e estrutural da mineralização de Montinho" - Capítulo 3
437,8
440
440
461,75
461,75
492,85
492,85
509,10
Possível zona de falha; testemunho fracturado
Rocha metassedimentar com contribuição vulcânica fina. Carácter sericítico
mais evidente na base da sequência.
Rocha metassedimentar com componente sericítica (mais evidente na base).
Os sulfuretos desenvolvem finas disseminações.
Rocha metavulcânica máfica. Contacto brusco entre metassedimentos e
rochas metavulcânicas máficas. Note-se a banda (milimétrica) de cozimento
exibida pelo metassedimento.
509,10
510,45
Rocha metassedimentar - presença de veios de quartzo com sulfuretos
associados (Cpy e Py) .
Rocha metavulcânica máfica (mais alterada). Transição de granularidade
510,45
530
grosseira a fina à medida que se progride na sequência. Contacto quasigradual entre rochas metassedimentares e metavulcânicas máficas.
Evidência para sericitização e cloritização.
Zona de falha materializada por cataclase e brechificação afectando a
sequência
530
541,95
de
natureza
metassedimentar.
Os
sulfuretos
presentes
acompanham a foliação da rocha metassedimentar. A falha afecta, também,
a sequência seguinte (rocha metavulcânica máfica cortada por veios de Qz)
que se apresenta bastante fracturada.
541,95
546,3
546,3
549,85
Rocha metavulcânica máfica com fabric notório e evidências para alguma
sericitização.
Zona de falha; testemunho bastante fracturado afectando sequência
vulcanoclástica.
Rocha metavulcânica maciça (doma lávico), exibindo carácter pseudo-
549,85
555,3
brechóide; núcleos de material herdado mais escuro (cloritização e
silicificação). Domínios quartzo- feldspáticos com matriz sericítica junto a
fracturas precoces.
555,3
555,85
555,85
572,6
572,6
575,1
575,1
627,1
627,1
630,45
Forte silicificação; transição entre rocha metassedimentar e brechóide
Rocha metavulcânica maciça com fracturação (Qz + Chl) e matriz
sericitizada. Os veios de Qz presentes são portadores de sulfuretos (Py).
Possível zona de falha; testemunho bastante fracturado
Brecha tectónica; preenchimentos de quartzo hidrotermal com alguma Py
disseminada.
Possível zona de falha; testemunho bastante fracturado
43
"Controlos lito-estratigráfico e estrutural da mineralização de Montinho" - Capítulo 3
Rocha metavulcânica. Ao longo de toda esta sequência existem variações
no que diz respeito ao carácter brechóide da rocha, sendo mais intenso em
alguns domínios. Aos 652,05 m de profundidade verifica-se a presença de
630,45
694.4
uma brecha monomítica com matriz sedimentar, perturbada tectonicamente
e tardiamente. Domínio de interface aos 692 m de profundidade
caracterizado pela perda da componente vulcânica em detrimento da
sedimentar. Os sulfuretos (Py e Cpy) observados associam-se ao quartzo e
desenvolvem disseminações finas.
694,4
697,6
697,6
703,35
703,35
714,65
Possível zona de falha; rocha metassedimentar bastante fracturada (rotura
tardia subparalela aos planos de foliação).
Rocha metavulcânica maciça. A alteração sericítica é condicionada pela
zona de falha. O carácter brechóide não é predominante.
Zona de falha; intensa silicificação. Sulfuretos (Py e Cpy) em pouca
quantidade. Existência de uma zona de esmagamento aos 706 m de
profundidade que afecta um precipitado hidrotermal silicioso.
Rocha vulcanoclástica félsica. Dos 712,20 aos 713,15 m de profundidade
existe perda do testemunho. Presença de domínios clásticos e outros com
714,65
742,55
brechificação incipiente. Alguns sulfuretos (Py) aparecem associados a veios
de Qz. No final da sondagem os sulfuretos desenvolvem disseminações
matriciais.
Fig.14 (página seguinte)- Ilustração do Re-logging da sondagem MO-08-001 com a localização de
algumas fotografias (Estampa 9, 10 e 11) que retratam alguns aspectos particulares dos vários domínios
intersectados por sondagem.
44
"Controlos lito-estratigráfico e estrutural da mineralização de Montinho" - Capítulo 3
Foto
A
ZF 1
Foto B
ZF 2
Foto C
Foto
D
Foto E
Foto F
Foto
ZFG3
Foto
H
ZF 4
Foto I
Foto J
45
"Controlos lito-estratigráfico e estrutural da mineralização de Montinho" - Capítulo 3
Foto K
Foto L
Foto
M
Foto N
Foto O
46
"Controlos lito-estratigráfico e estrutural da mineralização de Montinho" - Capítulo 3
ZF 5
Foto P
Foto Q
47
"Controlos lito-estratigráfico e estrutural da mineralização de Montinho" - Capítulo 3
ESTAMPA 9: Foto A (10,80m): Rocha metavulcânica máfica vesicular; apresentado filonetes irregulares
coplanares de S1, junto aos quais, a quantidade de clorite matricial tende a aumentar. Foto B (28,60m):
Rocha metavulcânica félsica cortada por veio irregular de quartzo e carbonato. Foto C (43,80m): Rocha
metavulcanoclástica de granularidade fina contendo fragmentos líticos. Foto D (85,80m): Rocha
metavulcânica félsica em contacto gradual com rocha metavulcanoclástica félsica. Foto E (93m): Cataclasito,
sublinhando o contacto tectónico entre as rochas metavulcânica félsica e metassedimentar Foto F(114m):
Rochas metavulcanoclásticas com diferentes granularidades e matriz clorítica.
48
"Controlos lito-estratigráfico e estrutural da mineralização de Montinho" - Capítulo 3
ESTAMPA 10: Foto G (178,20m): Cataclasito sublinhando contacto tectónico entre rochas metavulcânica
máfica e metassedimentar. Foto H (197m): Rocha metassedimentar cortada por filonetes (irregulares e
dobrados) preenchidos por sulfuretos. Foto I (251m): Veio de quartzo com clorite e carbonato. Foto J
(255,20m): Veio de quartzo tardio com pirite remobilizada. Foto K (293,10m): Rocha vulcanoclástica com
intercalações de domínios mais maciços (carácter mais lávico), com domínios de carácter sedimentar. Foto L
(309m): Rocha vulcanoclástica com gradação granulométrica e cortada por veios irregulares de quartzo (±
calcite, ± clorite).
49
"Controlos lito-estratigráfico e estrutural da mineralização de Montinho" - Capítulo 3
ESTAMPA11:Foto M (328,15m): Rocha metassedimentar com evidências de oxidação, cortada por veios/
filonetes de quartzo. Foto N (492,90m): Contacto brusco entre rochas metassedimentar e metavulcânica
máfica; note-se a banda (milimétrica) de "cozimento" exibida pelo metassedimento. Foto O (510,50m):
Contacto quasi-gradual entre rochas metassedimentares e metavulcânicas máficas. Foto P (558,15m): Rocha
metavulcânica maciça com fracturação (quartzo ± clorite) e matriz sericitizada. Foto Q (657,30m): Rocha
metavulcânica cortada por veios de quartzo e clorite.
50
"Controlos lito-estratigráfico e estrutural da mineralização de Montinho" - Capítulo 4
4 - SÍNTESE DOS DADOS GEOFÍSICOS
No início do presente trabalho, a AGC- Minas de Portugal Unipessoal, Lda., Lundin
Minig Corporation, disponibilizou os mapas de gravimetria e magnetometria patentes nas
figuras 15 e 16. A leitura geral destes mapas permite colocar em evidência diferentes
anomalias e gradientes de intensidade cuja interpretação geológica importa precisar.
A simples comparação dos mapas de gravimetria e magnetometria revela que, de
grosso modo, os domínios anómalos coincidem e desenvolvem alinhamentos segundo a
direcção NW-SE. Contudo, no detalhe, verifica-se que as alternâncias de baixa/alta
densidade (anomalias de Bouguer) nem sempre se sobrepõem às de maior/menor
intensidade magnética e que os contornos das principais anomalias definem configurações
geométricas distintas (tendencialmente mais regulares no caso da magnetometria).
Sobrepondo o mapa geológico apresentado no capítulo 2 a estes dois mapas
geofísicos (Fig. 17 e 18) constata-se que:
1) os "altos" magnéticos reflectem invariavelmente a presença de rochas metavulcânicas
máficas, que também são mais densas;
2) a discrepância entre as anomalias magnética e gravimétrica positivas no domínio central
do mapa sugere menor contraste de densidade entre as metavulcânicas máficas e os
metassedimentos do "Culm", muito embora tal possa ser interpretado como um efeito
induzido pelo dobramento;
3) os gradientes magnéticos e gravimétricos a NW e SW da área cartografada, sobrepondose ao contacto tectónico estabelecido entre a sequência do "Culm" e os metavulcanitos
máficos do CVS, nem sempre são suficientemente discriminativos;
4) a NE e SE da área cartografada, a sequência metassedimentar do CVS (contendo
intercalações de metavulcanitos félsicos) apresenta um sinal gravimétrico bem mais forte do
que o medido no corredor central, quase indistinto da assinatura geofísica determinada para
as rochas metavulcânicas máficas; note-se que aquele corredor metassedimentar central
coincide com um alinhamento gravimétrico negativo cuja a intensidade do sinal magnético é
média;
5) a antiga mina de Montinho (massa de pirite) posiciona-se sobre os gradientes magnético
e gravimétrico que marcam o contacto entre os metassedimentos do CVS e os do "Culm"; e
51
"Controlos lito-estratigráfico e estrutural da mineralização de Montinho" - Capítulo 4
6) as principais anomalias negativas gravimétricas e magnéticas definem alinhamentos que
se sobrepõem ao traçado dos principais acidentes tectónicos sin- e tardi-orogénicos; notese, contudo, que o desligamento ≈ N-S que limita os depósitos de cobertura a SE da área
cartografada é apenas marcado de forma clara pelo mapa gravimétrico.
A leitura comparada dos mapas disponíveis mostra, assim, que existe forte
compatibilidade entre os dados geológicos obtidos e a informação geofísica que foi
facultada.
52
"Controlos lito-estratigráfico e estrutural da mineralização de Montinho" - Capítulo 4
Fig. 15- Mapa de gravimetria.
53
"Controlos lito-estratigráfico e estrutural da mineralização de Montinho" - Capítulo 4
Fig. 16- Mapa de magnetometria.
54
"Controlos lito-estratigráfico e estrutural da mineralização de Montinho" - Capítulo 4
Fig. 17- Mapa estrutural sobreposto ao mapa de gravimetria.
55
"Controlos lito-estratigráfico e estrutural da mineralização de Montinho" - Capítulo 4
Fig. 18- Mapa estrutural sobreposto ao mapa de magnetometria.
56
"Controlos lito-estratigráfico e estrutural da mineralização de Montinho" - Capítulo 5
5- DISCUSSÃO
O levantamento geológico efectuado mostra que a área estudada exibe o estilo de
deformação característico do sector autóctone da FPI: por um lado, torna evidente a
presença de carreamentos/cavalgamentos que põem em contacto unidades distintas e, por
outro, o dobramento heterogéneo que conduz à repetição tectónica da sequência litoestratigráfica. Por analogia com outros sectores da FPI, em particular Aljustrel, a
heterogeneidade do dobramento, seguida de roturas de flanco curto das dobras e o facto de
a transecção ser direita, sugere polifasismo da deformação; todavia, à escala do
afloramento e da observação macroscópica, não foi possível colocar em evidência uma
segunda xistosidade.
Como foi referido no capítulo 1, lito-estratigraficamente, a FPI compreende três
unidades fundamentais. Na zona cartografada, todavia, apenas afloram duas delas, o
"Culm" e o CVS. Este último ocupa grande parte da área cartografada e compreende uma
vasta diversidade de tipos litológicos que apresentam variações de fácies (descritas no
capítulo 2); assim sendo, a possibilidade de encontrar indícios de mineralização é maior,
atendendo às características usuais da FPI. As observações de terreno revelam, contudo, a
presença de raros sulfuretos, desenvolvendo finas disseminações em algumas das rochas
meta-vulcanoclásticas félsicas e "Xistos Borra de Vinho". O mesmo acontece com as
lentículas de jaspe (sector NE do mapa) que, na sua maior parte, apresentam texturas
(pseudo-)brechóides, sendo cortadas por redes densas de veios de quartzo. O conjunto das
observações realizadas, porém, sugere que maior atenção deve ser dada ao sector NE da
área cartografada, não obstante a maior deformação aí registada.
Relativamente à sondagem MO-08-001, confirma-se a existência de repetição litoestratigráfica das unidades que, como referido no capítulo 2, é condicionada pela tectónica.
A observação cuidada dos testemunhos de sondagem revela que, para além dos xistos
negros ocasionalmente ricos em pirite, a deposição de parte fundamental dos sulfuretos
(pirite ± calcopirite) é controlada por actividade hidrotermal desenvolvida durante e após o
pico de deformação (e de metamorfismo), sendo assinalada pela formação de veios e
filonetes preenchidos por quartzo + carbonato ± clorite (muitas vezes concordantes com
S1). Estas estruturas são em parte correlativas do acentuar da deformação por dobramento,
conduzindo à rotura dos flancos curtos das dobras, reflectindo pressões de fluidos elevadas;
a génese destes fluidos deve-se, na sua essência, à progressão das reacções de
desidratação metamórfica a que toda a sequência vulcano-sedimentar foi sujeita.
Reajustamentos estruturais de carácter local, eventualmente síncronos da deformação
tardiamente acomodada pelos desligamentos tardi-orogénicos, podem ainda conduzir a
57
"Controlos lito-estratigráfico e estrutural da mineralização de Montinho" - Capítulo 5
reactivações de algumas destas descontinuidades ou favorecer a formação de outras,
também seladas por fluidos hidrotermais siliciosos.
De acordo com os dados disponíveis, os efeitos de alteração hidrotermal têm
expressão localizada e são tardios, correlacionando-se na maior parte dos casos com a
dinâmica de fluidos referida no parágrafo anterior. Ao nível do protólito, não é possível
afirmar se a intensificação da sericitização, cloritização ou silicificação registada por
algumas litologias se deve apenas a efeitos heterogéneos do metassomatismo oceânico
(reforçados pelo metamorfismo regional) ou, pelo contrário, se tal documenta a circulação
activa e focalizada de fluidos hidrotermais relacionados com um eventual sistema
mineralizante. Só a realização de um estudo petrográfico detalhado poderá fornecer
indicações adicionais quanto à natureza desta alteração; tal estudo permitirá ainda o
reconhecimento e caracterização (sem ambiguidade) de texturas primárias em domínios
rochosos preservados da deformação.
Importa ainda referir que os Xistos "Borra de Vinho" não foram intersectados por
sondagem, apesar desta fácies ter expressão cartográfica. Os Xistos Negros, pelo contrário,
são muito abundantes ao longo da sondagem estudada e apresentam quantidades
significativas de pirite (muito possivelmente gerada durante a sedimentogénese/diagenése).
Os dados geofísicos disponibilizados para a área de Montinho são, globalmente,
compatíveis com os levantamentos geológicos realizados e respectiva interpretação. Os
"altos" magnéticos reflectem a presença de rochas metavulcânicas máficas; e as principais
anomalias negativas gravimétricas e magnéticas revelam alinhamentos que se justapõem ao
traçado dos principais acidentes tectónicos sin- e tardi-orogénicos. Acresce sublinhar que,
nas zonas NE e SE da área cartografada, o sinal gravimétrico apresentado pela sequência
metassedimentar do CVS é bem mais forte do que o medido no corredor central, sendo
quase indiferenciável da assinatura geofísica determinada para as rochas metavulcânicas
máficas.
As características apresentadas pelo CVS na área de Montinho, apesar de não ter
sido possível reconhecer halos de alteração hidrotermal, sugerem a necessidade de realizar
trabalhos adicionais de pesquisa em alguns sectores, nomeadamente os posicionados a NE.
Tal inferência baseia-se na observação conjunta de jaspes contendo indícios mineralizantes
(Fe, Mn) e de metassedimentos (Xistos Borra de Vinho) e metavulcanitos félsicos
silicificados; este domínio do CVS manifesta ainda uma anomalia gravimétrica positiva
independente do sinal magnético. Não obstante estas indicações positivas, a deformação é
intensa, pelo que a existir alguma mineralização intra-CVS ela estará, muito possivelmente,
desmembrada, o que poderá revelar-se crítico quanto à decisão de prosseguir com
trabalhos futuros.
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"Controlos lito-estratigráfico e estrutural da mineralização de Montinho" - Capítulo 5
Em termos gerais, no entanto, e do ponto de vista da prospecção e pesquisa mineral,
os levantamentos geológicos realizados conduziram à obtenção de dados inovadores que
incrementam o conhecimento geológico existente sobre a área. Conviria, contudo, que, além
dos dados geofísicos, existissem informações de natureza geoquímica para melhor
caracterizar as diferentes litologias, nomeadamente ao nível do seu conteúdo metalífero.
Como é sabido, é grande o potencial das províncias metalogenéticas portuguesas,
designadamente da FPI. A localização de novos jazigos requer, no entanto, estudo
detalhado multi-disciplinar, i.e. que reúna várias componentes para melhor caracterizar os
alvos promissores e, entre estes, os que revelam maior potencial económico. Para tal,
reveste-se de especial importância o papel das actividades de prospecção e pesquisa que,
normalmente, recorrem a uma gama variada de conhecimentos e aplicação de diversas
técnicas. Sendo geralmente de intervenção pontual, estas últimas têm sempre como
condicionantes fundamentais os factores de natureza geológica. Assim sendo, o ponto de
partida radica sempre no conhecimento geológico, fundamentado em levantamentos de
campo e cruzando dados obtidos por diferentes metodologias.
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"Controlos lito-estratigráfico e estrutural da mineralização de Montinho" - Capítulo 6
6- CONCLUSÃO
Os dados recolhidos ao longo da elaboração deste trabalho podem, após a
análise efectuada nos capítulos anteriores, ser utilizados para retirar várias ilações
acerca da geologia da área de Montinho e, consequentemente, do seu potencial
metalogenético.
Os dados obtidos permitem, desde logo, concluir que a área de Montinho
apresenta estruturas típicas do sector autóctone da Faixa Piritosa Ibérica. Dessas
estruturas destaca-se a presença de carreamentos/cavalgamentos (que estabelecem
o contacto entre unidades geológicas distintas), bem como a heterogeneidade do
dobramento (frequentemente seguido de rotura dos flancos curtos). Em conjunto com
a transecção direita, o desenvolvimento destas estruturas sugere polifasismo da
deformação.
Na área cartografada afloram sequências constituintes do “Culm” e do
Complexo Vulcano-Sedimentar. O facto de as mineralizações desta região se
associarem ao CVS e de este ocupar grande parte da área cartografada, justifica
plenamente a necessidade de se proceder à realização de trabalhos de pesquisa
adicionais no sentido de reconhecer, ou não, a presença indícios de mineralização
sulfuretada. Tal é especialmente importante para o sector NE da área cartografada
onde as lentículas de jaspe se associam a rochas metavulcânicas félsicas e "Xistos
Borra de Vinho" silicificados. Esta dedução encontra também fundamento nos dados
de geofísica disponíveis, os quais revelam a presença de uma anomalia gravimétrica
positiva independente do sinal magnético. Contudo, a intensa deformação verificada
nessa área sugere que, a existir, a massa de sulfuretos deverá estar desmembrada
tectonicamente.
A observação/caracterização dos testemunhos da sondagem MO-08-001,
complementada pelo exame detalhado de várias amostras, permite concluir que as
manifestações de carácter hidrotermal são muito localizadas e tardias, associando-se
ao desenvolvimento pós-pico de deformação e de metamorfismo de diversos
veios/filonetes de quartzo + carbonato ± clorite, ocasionalmente contendo sulfuretos
(maioritariamente pirite). Em termos macroscópicos não é possível dizer se o protólito
metavulcânico ou metassedimentar apenas se encontra afectado por metassomatismo
oceânico (e metamorfismo regional) ou se a este registo se sobrepõe um outro
relacionado com a descarga focalizada de fluidos hidrotermais; este último a existir é
bastante efémero e apresentará forte heterogeneidade. Neste contexto, apenas os
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"Controlos lito-estratigráfico e estrutural da mineralização de Montinho" - Capítulo 6
Xistos Negros contêm quantidades apreciáveis de pirite, possivelmente resultante do
avanço de processos sedimentares e diagenéticos.
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"Controlos lito-estratigráfico e estrutural da mineralização de Montinho" - Capítulo 7
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UNIVERSIDADE DE LISBOA FACULDADE DE CIÊNCIAS