Desenvolvimento de Hardware para uma Sonda Multi-Funcional de Medi»c~ ao Simult^ anea do ¶ Conte¶ udo de Agua, Propriedades T¶ ermicas e Condutividade El¶ ectrica do Solo Por Vasco Adriano Machado Ferreira Orientador: Ant¶onio Lu¶‡s Gomes Valente Co-orientador: Raul Morais dos Santos Disserta»c~ao submetida a ¶ UNIVERSIDADE DE TRAS-OS-MONTES E ALTO DOURO para obten»c~ao do grau de MESTRE em Engenharia Electrot¶ecnica e de Computadores, de acordo com o disposto no DR { I s¶erie{A, Decreto-Lei n.o 74/2006 de 24 de Mar»co e no Regulamento de Estudos P¶os-Graduados da UTAD DR, 2.a s¶erie { Delibera»c~ao n.o 2391/2007 Desenvolvimento de Hardware para uma Sonda Multi-Funcional de Medi»c~ ao Simult^ anea do ¶ Conte¶ udo de Agua, Propriedades T¶ ermicas e Condutividade El¶ ectrica do Solo Por Vasco Adriano Machado Ferreira Orientador: Ant¶onio Lu¶‡s Gomes Valente Co-orientador: Raul Morais dos Santos Disserta»c~ao submetida a ¶ UNIVERSIDADE DE TRAS-OS-MONTES E ALTO DOURO para obten»c~ao do grau de MESTRE em Engenharia Electrot¶ecnica e de Computadores, de acordo com o disposto no DR { I s¶erie{A, Decreto-Lei n.o 74/2006 de 24 de Mar»co e no Regulamento de Estudos P¶os-Graduados da UTAD DR, 2.a s¶erie { Delibera»c~ao n.o 2391/2007 Orienta»ca ~o Cient¶‡flca : Ant¶ onio Lu¶‡s Gomes Valente Professor Auxiliar do Departamento de Engenharias Universidade de Tr¶as-os-Montes e Alto Douro Raul Morais dos Santos Professor Auxiliar do Departamento de Engenharias Universidade de Tr¶as-os-Montes e Alto Douro v Do sonho a realidade H¶ a um instante que quero que agarres E te leve em pura felicidade, Por todos os caminhos que conquistares. Jo~ ao A. Peixoto A minha namorada Filipa Aos meus av¶os, Lurdes e Avelino Ao meu irm~ao Jo~ ao Aos meus pais, J¶ ulia e Manuel vii ¶ UNIVERSIDADE DE TRAS-OS-MONTES E ALTO DOURO Mestrado em Engenharia Electrot¶ecnica e de Computadores Os membros do J¶ uri recomendam a Universidade de Tr¶as-os-Montes e Alto Douro a aceita»ca~o da disserta»ca~o intitulada \ Desenvolvimento de Hardware para uma ¶ Sonda Multi-Funcional de Medi»c~ ao Simult^ anea do Conte¶ udo de Agua, Propriedades T¶ ermicas e Condutividade El¶ ectrica do Solo" realizada por Vasco Adriano Machado Ferreira para satisfa»c~ao parcial dos requisitos do grau de Mestre. Dezembro 2008 Presidente: Salviano Soares Filipe Pinto Soares, Direc»c~ao do Mestrado em Engenharia Electrot¶ecnica e de Computadores do Departamento de Engenharias da Universidade de Tr¶as-os-Montes e Alto Douro Vogais do J¶ uri: Jos¶ e Carlos Meireles Monteiro Metr^ olho, Professor Adjunto do Instituto Polit¶ecnico de Castelo Branco Escola Superior de Tecnologia Ant¶ onio Lu¶‡s Gomes Valente, Professor Auxiliar do Departamento de Engenharias da Universidade de Tr¶ as-os-Montes e Alto Douro Raul Morais dos Santos, Professor Auxiliar do Departamento de Engenharias da Universidade de Tr¶ as-os-Montes e Alto Douro ix Desenvolvimento de Hardware para uma Sonda Multi-Funcional de ¶ Medi»c~ao Simult^anea do Conte¶ udo de Agua no Solo, Propriedades T¶ermicas e Condutividade El¶ectrica do Solo Vasco Adriano Machado Ferreira Submetido na Universidade de Tr¶ as-os-Montes e Alto Douro para o preenchimento dos requisitos parciais para obten»c~ ao do grau de Mestre em Engenharia Electrot¶ecnica Resumo | Os modernos sistemas de gest~ao de processos agr¶‡colas requerem o uso de um n¶ umero cada vez maior e mais espec¶‡flco de sensores que permitam estimar o desenvolvimento das culturas. A instrumenta»ca~o tradicional, baseada em solu»co~es discretas com cablagem, n~ao ¶e a mais apropriada para estruturas agr¶‡colas devido, sobretudo, as ¶areas geogr¶aflcas que podem estar envolvidas. Al¶em disso, as t¶ecnicas de controlo baseadas na resposta flsiol¶ogica das plantas requerem a monitoriza»ca~o de par^ametros extra¶‡dos das pr¶oprias plantas. Par^ametros como o teor de ¶agua no solo junto as ra¶‡zes, concentra»ca~o de nitratos e de poluentes, propriedades t¶ermicas, e o uxo de ¶agua/nutrientes no solo, s~ao algumas das grandezas que podem ser obtidas por uma sonda multi-funcional com comunica»c~oes sem flos. Os sensores baseados no m¶etodo do pulso de calor diferem de outros instrumentos no facto de poderem medir simultaneamente e automaticamente em v¶arias situa»c~oes o teor de ¶agua no solo, propriedades t¶ermicas e a condutividade el¶ectrica do solo. Actualmente uma variada gama de sensores de humidade do solo, no geral, apresentam v¶arias limita»co~es nomeadamente, a depend^encia com o tipo de solo e a aquisi»ca~o de dados com cablagem, a imprecis~ao, o alto custo, entre outras, que restringem a sua aplica»ca~o a sistemas de gest~ao de processos agr¶‡colas. Neste trabalho foi desenvolvido e implementado uma sonda multi-funcional, baseada no m¶etodo do pulso de calor, de medi»ca~o simult^anea do teor de ¶agua, propriedades t¶ermicas e condutividade el¶ectrica do solo, constitu¶‡da por circuitos de processamento de sinal, um m¶odulo que incorpora um microcontrolador e recursos de comunica»ca~o sem flos com protocolo ZigBee e alimentada por bateria e painel solar, com o objectivo de obter, tanto quanto poss¶‡vel, um sensor de baixo custo, auto-suflciente, preciso e fl¶avel. Os dados obtidos s~ao enviados para uma esta»ca~o de controlo atrav¶es de uma liga»c~ao por r¶adio-frequ^encia de baixa pot^encia. Palavras Chave: Sensor de humidade do solo, condutividade el¶ectrica, pulso de calor, transmiss~ao por r¶adio-frequ^encia, teor de ¶agua no solo; i Hardware Development for a Multi-Functional Probe of Simultaneous Measurement Soil Water Content, Thermal Properties and Soil Electric Conductivity Vasco Adriano Machado Ferreira Submitted to the University of Tr¶ as-os-Montes and Alto Douro in partial fulflllment of the requirements for the degree of Master in Electrical Engineering Abstract | The modern management systems of agricultural processes require the use of an increasing number of sensors and more speciflcally for estimating crop development. The traditional instrumentation, based on discrete solutions with wiring, is not the most appropriate due to agricultural structures, over all, the geographic areas that may be involved. Moreover, the techniques of control based on the physiological response of plants require the monitoring of parameters extracted from the plant. Parameters such as soil water content near the roots, concentrations of nitrates and pollutants, thermal properties, and the ow of water/nutrients in the soil, are some of the quantities that can be obtained by a multi-functional probe with wireless communications. The sensors based on the heat-pulse method difiers from other tools that they can simultaneously measure in several situations and automatically the soil water content, electrical conductivity and soil thermal properties. Currently a wide range of sensors, soil moisture, in general, have several limitations in particular, the dependency on the soil type and the acquisition of data with wiring, the imprecision, the high cost, among others, which restrict its application to systems management of agricultural processes. This work was developed and implemented a multi-functional probe, based on the heat-pulse method for simultaneous measurement of soil water content, electrical conductivity and soil thermal properties, constituted by signal-processing circuits, a module that incorporates a microcontroller and resources for wireless communication with ZigBee protocol and powered by battery and solar panel, with the objective to get, as much as possible, a low cost sensor, self-su–cient, accurate and reliable. The data obtained are sent to a station for monitoring and storage via a link by radio-frequency low power. Key Words: Soil moisture sensor, electrical conductivity, heat pulse, wireless communications, and soil water content; iii Agradecimentos Ao iniciar este trabalho n~ao queria deixar de agradecer a todos aqueles que, de algum modo, t^em contribu¶‡do para que este projecto seja concretizado. As minhas palavras de apre»co ao Professor Doutor Ant¶onio Lu¶‡s Gomes Valente, orientador deste trabalho, pela sua gentileza, orienta»c~ao e conflan»ca em mim depositada ao longo da sua realiza»c~ao, pelas revis~oes e sugest~oes efectuadas. O meu apre»co pela sua amizade e apoio no decorrer deste u ¶ltimo ano. Gostaria de expressar os meus sinceros agradecimentos ao Professor Doutor Raul Morais dos Santos na qualidade de co-orientador deste trabalho, pela sua disponibilidade em proporcionar as melhores condi»co~es para a evolu»ca~o deste trabalho. Ao colegas Alexandre Peixoto, Samuel Matos e Miguel Fernandes e assim como todos os outros colegas pelo apoio constante, camaradagem e amizade demonstradas desde sempre. Ao professor doutor Jan Hopmans e ao professor doutor Atac Tuli do departamento de solos e hidrologia da Universidade da Calif¶ornia na cidade de Davis pela disponibilidade na ced^encia do laborat¶orio para efectivar os testes deste trabalho, bem como, pela colabora»ca~o e ajuda prestada no fornecimento dos solos. v A minha fam¶‡lia, namorada, pelo apoio, amizade, compreens~ao e companheirismo que me foi dado durante o tempo em que realizei este projecto. Institucionalmente, os meus agradecimentos ao Magniflco Reitor da Universidade de Tr¶as-os-Montes e Alto Douro, Professor Doutor Mascarenhas Ferreira, bem como ao pessoal administrativo, pelas facilidades concedidas e meios colocados a disposi»c~ao para a realiza»ca~o deste trabalho. A todos, bem hajam ! UTAD, Vila Real Vasco Adriano Machado Ferreira 13 de Novembro, 2008 vi ¶Indice Resumo i Abstract iii Agradecimentos v Lista de tabelas viii Lista de flguras ix Lista de s¶‡mbolos xiii 1 Introdu»c~ ao 1.1 Grandezas f¶‡sicas e qu¶‡micas de interesse 1.1.1 Temperatura do solo . . . . . . . 1.1.2 Teor de ¶agua no solo . . . . . . . 1.1.3 Condutividade el¶ectrica do solo . 1.2 Motiva»ca~o e objectivos . . . . . . . . . . 1.3 Organiza»c~ao da tese . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 2 3 5 7 8 11 2 Dispositivos de Medi»c~ ao das Propriedades do Solo 13 2.1 Dispositivos baseados no pulso de calor . . . . . . . . . . . . . . . . . 13 2.2 Outros dispositivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17 vii 3 Metodologias para Medi»c~ ao das Propriedades do Solo 3.1 M¶etodos de medi»ca~o . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3.2 Propriedades t¶ermicas e conte¶ udo de ¶agua no solo . . . . 3.2.1 Pulso de calor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3.3 Condutividade el¶ectrica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3.3.1 Rela»ca~o entre a EC e o conte¶ udo de ¶agua no solo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21 22 22 25 26 29 4 Concep»c~ ao e Implementa» c~ ao 4.1 Arquitectura proposta . . . . . . . . . . . 4.2 Projecto da sonda . . . . . . . . . . . . . . 4.3 Unidade central de processamento . . . . . 4.3.1 Topologia da rede proposta . . . . 4.3.2 Microcontrolador . . . . . . . . . . 4.4 Blocos funcionais . . . . . . . . . . . . . . 4.4.1 Medi»ca~o da temperatura . . . . . . 4.4.2 Medi»ca~o da condutividade el¶ectrica 4.4.3 Controlo e protec»c~ao do aquecedor 4.5 Convers~ao anal¶ogico-digital . . . . . . . . 4.6 Condutividade . . . . . . . . . . . . . . . . 4.7 M¶odulo de alimenta»c~ao e gest~ao de energia 4.7.1 Conversores DC-DC . . . . . . . . 4.7.2 Tens~ao de refer^encia . . . . . . . . 4.7.3 Controlador de carga . . . . . . . . 4.7.4 Redu»ca~o de consumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33 34 34 37 37 39 39 40 41 41 43 44 45 46 55 55 56 5 Resultados Experimentais e Discuss~ ao 5.1 Calibra»c~ao do espa»camento dos sensores 5.2 Teste do pulso de calor . . . . . . . . . . 5.2.1 Descri»ca~o dos solos . . . . . . . . 5.2.2 Procedimentos . . . . . . . . . . 5.2.3 Propriedades t¶ermicas . . . . . . 5.3 Calibra»c~ao da condutividade el¶ectrica . . 5.4 Autonomia e consumo . . . . . . . . . . 5.5 Alcance das comunica»co~es . . . . . . . . 5.6 Prot¶otipo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59 60 62 63 64 64 66 69 71 72 . . . . . . . . . 6 Conclus~ oes Finais e Trabalho futuro 73 Refer^ encias bibliogr¶ aflcas 77 viii ¶Indice de tabelas 4.1 Tens~oes da DAC para controlar a tens~ao pretendida para o pulso de calor. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49 4.2 Tabela dos consumos te¶oricos dos dispositivos. . . . . . . . . . . . . . 57 5.1 Calibra»c~ao do espa»camento efectivos das agulhas para o pulso de calor com 9 V. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62 5.2 Calibra»c~ao do espa»camento efectivos das agulhas para o pulso de calor com 12 V. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62 5.3 Tabela da corrente m¶edia durante um per¶‡odo de 7350 s. . . . . . . . 70 ix ¶Indice de flguras 1.1 Zona n~ao Saturada e Zona Saturada no subsolo. . . . . . . . . . . . . 9 1.2 Exemplo de sondas multi-funcionais propostas . . . . . . . . . . . . . 10 1.3 Sonda Multi-Funcional proposta para a realiza»ca~o deste trabalho. . . 11 2.1 Sonda de duas agulhas apresentada por Campbell. . . . . . . . . . . . 14 2.2 Sonda de quatro agulhas apresentada por Bristow. . . . . . . . . . . . 15 2.3 Sonda multi-funcional apresentada por Mori. . . . . . . . . . . . . . . 16 2.4 Sonda Multi-Funcional proposta por Valente. . . . . . . . . . . . . . . 16 2.5 Exemplo de um sensor de humidade (thermo-TDR) com um datalogger. 17 3.1 Sonda de duas agulhas para medi»ca~o do pulso de calor. . . . . . . . . 25 3.2 Exemplo da resposta da temperatura no sensor depois da aplica»c~ao de um pulso de calor de 8 s no aquecedor. . . . . . . . . . . . . . . . 26 3.3 Movimenta»ca~o dos i~oes. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27 3.4 Diagrama simpliflcado do m¶etodo de dois el¶ectrodos para medi»c~ao da EC. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29 3.5 Diagrama simpliflcado do m¶etodo de quatro el¶ectrodos para medi»ca~o da EC. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29 3.6 M¶etodo de Wenner array. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30 xi 4.1 Arquitectura proposta. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35 4.2 Constitui»c~ao da sonda multi-funcional . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36 4.3 Constitui»c~ao da unidade central . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36 4.4 Diagrama de blocos do microcontrolador. . . . . . . . . . . . . . . . . 38 4.5 Diagrama da topologia em malha. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38 4.6 Microcontrolador JN5139. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39 4.7 Medi»c~ao da temperatura. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40 4.8 Medi»c~ao da condutividade el¶ectrica. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41 4.9 Controlo do aquecedor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42 4.10 Diagrama de blocos do MCP3421. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44 4.11 Diagrama de blocos do OPA4336. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45 4.12 Diagrama funcional do m¶odulo de gest~ao de energia. . . . . . . . . . . 46 4.13 Conflgura»ca~o do conversor DC-DC Step-Up MAX8715. . . . . . . . . 51 4.14 Conflgura»ca~o do conversor DC-DC Step-Down MAX1921. . . . . . . . 54 4.15 Conflgura»ca~o do LM4128. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55 4.16 Controlador de carga da bateria. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56 5.1 Fotograflas da constitui»ca~o da sonda multi-funcional . . . . . . . . . . 60 5.2 Fotografla do m¶etodo de calibra»ca~o na solu»ca~o de agar. . . . . . . . . 61 5.3 Medi»c~ao da resposta em temperatura para a determina»ca~o de refi na solu»c~ao de agar. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61 5.4 Fotograflas do sistema experimental de calibra»ca~o . . . . . . . . . . . 64 5.5 Respostas t¶ermicas para v¶arios valores de teor de ¶agua do solo para Tottori e Columbia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65 5.6 Fotografla do m¶etodo de calibra»ca~o da condutividade el¶ectrica. . . . . 66 5.7 Calibra»c~ao da condutividade el¶ectrica. . . . . . . . . . . . . . . . . . 67 5.8 Acumula»c~ao de i~oes na superf¶‡cie do el¶ectrodo. . . . . . . . . . . . . . 67 5.9 Resist^encia de polariza»ca~o. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68 5.10 Fotografla do teste realizado ao alcance das comunica»co~es. . . . . . . 71 5.11 Fotograflas da sonda multi-funcional proposta. . . . . . . . . . . . . . 72 6.1 Proposta de um sistema port¶atil para a medi»ca~o das propriedades do solo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76 xii Lista de s¶‡mbolos S¶‡mbolo Descri» c~ ao Unidades EC Condutividade El¶ectrica | HPP Heat-Pulse Probe | DHP Dual-Probe Heat-Pulse | MFHPP Multi-Functional Heat-Pulse Probe | I Corrente el¶ectrica A V Tens~ao el¶ectrica V R Resist^encia el¶ectrica › G Condut^ancia S K cm¡1 a Constante da c¶elula de medi»c~ao ¶ Area efectiva dos el¶ectrodos cm2 e Dist^ancia entre os el¶ectrodos cm Condutividade S=cm RSOL Resist^encia da solu»c~ao › REL Resist^encia causada pela polariza»c~ao dos el¶ectrodos › Q Carga el¶ectrica C Z Imped^ancia › t0 Dura»c~ao do pulso de calor s ¢T Eleva»c~ao da temperatura K r Espa»camento entre o sensor e a agulha do aquecedor m (continua na p¶ agina seguinte) xiii (continua»c~ ao) S¶‡mbolo Descri» c~ ao Unidades q0 Energia aplicada por unidade de comprimento do aquecedor Wm¡1 por unidade de tempo ref f Espa»camento efectivo entre o sensor e a agulha do aquece- m dor C Capacidade volum¶etrica de calor do solo J m¡3 K¡1 • Difusibilidade t¶ermica do solo m2 s¡1 ¡Ei (¡x) Integral exponencial com argumento x | tM Tempo da temperatura m¶axima s T Temperatura K ¢TM Sobreleva»c~ao da temperatura K ‚ Condutividade t¶ermica do solo W m¡1 K¡1 Teor volum¶etrico de ¶agua no solo m3 m¡3 ‰ Densidade do material kg m¡3 c Calor espec¶‡flco K kg¡1 K¡1 e Condutividade el¶ectrica aparente S=cm ECb Condutividade el¶ectrica do meio S=cm ECw Condutividade el¶ectrica da ¶agua S=cm ECs Condutividade da superf¶‡cie do solo S=cm VM AIN Tens~ao de alimenta»c~ao da unidade central V VHEAT ER Tens~ao aplicada ao aquecedor V VHP Tens~ao lida da aplica»c~ao do pulso ao aquecedor V HP Controlo do aquecedor V VCC Tens~ao de alimenta»c~ao da sonda V RT HER Resist^encia dos term¶‡stors › Ih Corrente el¶ectrica no aquecedor A Rm Resist^encia por unidade de comprimento do aquecedor › · Rendimento | ESR Resist^encia S¶erie Equivalente › RL Resist^encia de carga › C Capacidade el¶ectrica F CL Capacidade de carga F L Indut^ancia H xiv 1 Introdu»c~ao Todas as actividades que giram em torno dos conceitos da agricultura de precis~ao visam a gest~ao da produ»ca~o agr¶‡cola com o crescimento global da popula»ca~o, assim, s~ao utilizadas t¶ecnicas para diminuir os custos de produ»ca~o e investimentos. T¶ecnicas como a monitoriza»ca~o das caracter¶‡sticas do solo e de outros factores de produ»c~ao fornecem informa»co~es que permitem uma melhor gest~ao da produ»c~ao agr¶‡cola e, em u ¶ltima inst^ancia, resultam num maior rendimento econ¶omico por ¶area cultivada. A agricultura de precis~ao ¶e uma estrat¶egia de gest~ao que utiliza tecnologias da informa»ca~o e electr¶onica para reunir informa»c~ao de m¶ ultiplas fontes, por forma a ¶ composta essencialmente por tr^es apoiar decis~oes associadas a produ»c~ao agr¶‡cola. E componentes: recolha de dados, interpreta»c~ao e an¶alise dos dados, e implementa»ca~o de uma resposta a escala e em tempo adequados. Actualmente a tend^encia da evolu»c~ao nesta ¶area ¶e no sentido da recolha de dados ser electr¶onica, automatizada, de baixo custo e ocorrer mais frequentemente e com maior detalhe. Al¶em disso, a interpreta»c~ao dos dados recolhidos e a sua an¶alise tende a ser mais formal e anal¶‡tica e as regras de decis~ao, suportadas numa base cient¶‡flca, ser~ao aplic¶aveis aos actuais procedimentos agr¶‡colas. A implementa»ca~o de uma resposta ser¶a mais espec¶‡flca, quer em localiza»ca~o, quer em tempo [1]. 1 ~ CAP¶ITULO 1. INTRODUC » AO 2 Os sistemas de gest~ao de processos agr¶‡colas recorrem cada vez mais a um maior n¶ umero de sensores e a monitoriza»ca~o de um maior n¶ umero de par^ametros que re ectem, directa ou indirectamente, o desenvolvimento das plantas. Com a introdu»c~ao de novos conceitos de aquisi»c~ao de dados, controlo distribu¶‡do e intelig^encia artiflcial, os sistemas de apoio a decis~ao t^em-se tornado uma ferramenta poderosa no ¶ neste contexto que as tecnologias da electr¶onica e aux¶‡lio a produ»ca~o agr¶‡cola. E da informa»ca~o t^em tido, nos u ¶ltimos anos, um papel preponderante na evolu»c~ao de novas solu»co~es de instrumenta»ca~o, controlo e gest~ao de processos agr¶‡colas. Os avan»cos nas ¶areas da tecnologia electr¶onica e da informa»ca~o, nomeadamente nas suas aplica»c~oes a produ»ca~o agr¶‡cola, t^em criado o potencial para uma mudan»ca substancial na gest~ao e apoio a decis~ao na agricultura. Tecnologias como interfaces sensoriais que analisam, remoto ou localmente, as propriedades do solo, primordiais na produ»c~ao agr¶‡cola, est~ao constantemente a ser concebidas, aperfei»coadas e disseminadas no meio rural [2]. 1.1 Grandezas f¶‡sicas e qu¶‡micas de interesse Todos os processos f¶‡sicos, qu¶‡micos e biol¶ogicos que ocorrem no solo s~ao in uenciados pela temperatura e pelo conte¶ udo de ¶agua no solo e os seus gradientes. Por exemplo, os processos biol¶ogicos, tais como o transporte de nutrientes e ¶agua pelas ra¶‡zes, a decomposi»c~ao de mat¶eria org^anica por microrganismos e a germina»c~ao de sementes, s~ao afectadas por estes. Existe uma combina»c~ao ¶optima para as quantidades de ¶agua, nutrientes e ar que devem estar presentes ao n¶‡vel das ra¶‡zes de forma a ser proporcionado um melhor desenvolvimento das plantas. Veriflca-se assim a necessidade de aliar a tecnologia a monitoriza»ca~o e gest~ao destas propriedades permitindo deste modo, por exemplo, uma melhoria consider¶avel na produ»c~ao agr¶‡cola. Pela import^ancia da monitoriza»c~ao das variadas grandezas apresenta-se de seguida um breve resumo de algumas e o modo como afectam, de um modo geral, a monitoriza»c~ao dos solos que fornecem as plantas n~ao s¶o um suporte f¶‡sico, mas tamb¶em 1.1. GRANDEZAS F¶ISICAS E QU¶IMICAS DE INTERESSE 3 o meio onde se desenvolvem as ra¶‡zes e onde estas exercem as suas fun»c~oes al¶em dos nutrientes que s~ao necess¶arios a vida [3]. 1.1.1 Temperatura do solo Import^ ancia da temperatura do solo A temperatura do solo ¶e um dos factores mais importantes para o desenvolvimento das plantas. O solo, al¶em de armazenar e permitir os processos de transfer^encia de ¶agua, solutos e gases, tamb¶em armazena e transfere calor. A capacidade de um solo armazenar e transferir calor ¶e determinada pelas suas propriedades t¶ermicas e pelas condi»co~es meteorol¶ogicas que, por sua vez, in uenciam todos os processos qu¶‡micos, f¶‡sicos e biol¶ogicos do solo. A actividade microbiol¶ogica poder¶a ser interrompida, as sementes poder~ao n~ao germinar e as plantas n~ao se desenvolverem, se o solo n~ao apresentar uma faixa de temperatura adequada para a manuten»c~ao dos processos flsiol¶ogicos envolvidos. As propriedades f¶‡sicas da ¶agua e do ar do solo, bem como seus movimentos e disponibilidade no solo, al¶em de muitas reac»co~es qu¶‡micas que libertam nutrientes para as plantas, s~ao in uenciados pela temperatura do solo. Al¶em disso, o calor armazenado pr¶oximo da superf¶‡cie do solo tem grande efeito na evapora»ca~o. As propriedades t¶ermicas do solo e as condi»co~es meteorol¶ogicas, portanto, in uenciam no meio ambiente das plantas. Processos de transfer^ encia Os processos de transfer^encia de calor no solo podem ocorrer por condu»c~ao e convec»c~ao, com ou sem transfer^encia de calor latente. A temperatura do solo ¶e consequ^encia desses processos e das trocas de calor entre a superf¶‡cie do solo com a atmosfera. Nas trocas de calor entre a superf¶‡cie do solo com a atmosfera, al¶em dos processos de condu»c~ao e convec»c~ao, ocorre, ainda, mais um processo: a radia»c~ao. A radia»ca~o ¶e o u ¶nico processo de transfer^encia que pode ocorrer no v¶acuo porque neste processo a energia ocorre por ondas electromagn¶eticas. A condu»ca~o ocorre 4 ~ CAP¶ITULO 1. INTRODUC » AO pela transfer^encia de energia t¶ermica de uma part¶‡cula para outra e ¶e geralmente o processo mais importante de transfer^encia nos solos. Este processo ¶e conduzido pelas propriedades t¶ermicas do solo, que por sua vez s~ao dependentes da humidade do mesmo. A convec»ca~o ocorre atrav¶es de uidos em movimento ( uxo de massa) e ¶e geralmente o processo mais importante de transfer^encia de calor nos solos h¶ umidos. Propriedades t¶ ermicas dos solos A quantidade de calor que pode ser transmitida por condu»c~ao no solo depende: (i) da propriedade do meio que o transmite, ou seja, da sua condutividade t¶ermica, que consiste na quantidade de energia t¶ermica que o solo pode transmitir por segundo a uma dist^ancia de 1 metro, quando a diferen»ca de temperatura nessa dist^ancia for de 1 K (um Kelvin); e (ii) da quantidade de energia t¶ermica que uma massa ou volume de solo armazena antes que a sua temperatura se eleve (calor espec¶‡flco). O calor espec¶‡flco ¶e a quantidade de energia t¶ermica que 1 kg ou 1 m3 de solo necessita para aumentar a temperatura de 1 K. Noutras palavras, o calor espec¶‡flco do solo re ecte a sua capacidade de actuar como um reservat¶orio de calor, enquanto a condutividade re ecte a sua capacidade de transmitir calor. Consequentemente, o tempo requerido para um determinado solo aumentar ou diminuir a temperatura depende de como o calor ¶e transmitido e do calor espec¶‡flco de cada fase constituinte (s¶olida, l¶‡quida e gasosa). Solo com temperatura controlada produz mais e melhor O conhecimento das propriedades t¶ermicas do solo tem um papel preponderante na ¶area agr¶‡cola. A compreens~ao do comportamento t¶ermico do solo auxilia na resolu»c~ao de eventuais problemas nessa ¶area. A temperatura do solo varia em resposta as mudan»cas nas energias radiante, t¶ermica e latente nos processos de trocas de energia que decorrem, em primeiro lugar, a superf¶‡cie do solo. Os par^ametros do solo mais pertinentes s~ao a capacidade volum¶etrica de calor, a condutibilidade e a difusibilidade t¶ermica sendo que estes s~ao afectados pelo teor de ¶agua no solo 1.1. GRANDEZAS F¶ISICAS E QU¶IMICAS DE INTERESSE 5 assim como, por fontes de calor internas. Admite-se assim, que ¶e poss¶‡vel produzir mais e com melhor qualidade, se houver aten»ca~o com a qualidade f¶‡sica dos solos, promovendo-se condi»co~es para uma adequada temperatura do ambiente radicular das plantas. 1.1.2 Teor de ¶ agua no solo Solo saturado e n~ ao saturado de ¶ agua Das tr^es fases do solo, s¶olida, l¶‡quida e gasosa, as duas u ¶ltimas s~ao complementares, isto ¶e, a m¶axima presen»ca de uma implica a aus^encia da outra. A por»c~ao do espa»co poroso n~ao ocupada pela fase l¶‡quida ser¶a complementada pela fase gasosa. Portanto, a fase l¶‡quida pode estar presente, completa ou parcialmente, nos poros do solo. No primeiro caso, o solo ¶e dito saturado e, no segundo, n~ao saturado. De um modo geral, os solos encontram-se n~ao saturados de ¶agua, mas mesmo assim armazenam, consideravelmente, alguma quantidade de ¶agua, parte da qual deve ser utilizada pelas plantas. Os processos din^amicos da ¶agua em solos n~ao saturados fazem parte de assuntos cient¶‡flcos terrestres do ciclo hidrol¶ogico e de problemas relacionados com a irriga»ca~o, ecologia de plantas, e com a biologia da fauna e ora do solo. Processos espec¶‡flcos de grande interesse e import^ancia incluem inflltra»ca~o, redistribui»ca~o e evapora»c~ao da ¶agua pelos solos. Inflltra»c~ ao da ¶ agua no solo ¶ o processo pelo qual a ¶agua penetra no solo. A taxa na qual a ¶agua penetra E ¶ iniciado com taxas altas no in¶‡cio e vai dimino solo ¶e vari¶avel com o tempo. E nuindo progressivamente at¶e atingir valores constantes. As for»cas respons¶aveis por esse movimento s~ao a gravitacional e a capilar, esta u ¶ltima originada nos meniscos c^oncavos resultantes da interac»c~ao entre as fases s¶olida, l¶‡quida e gasosa (for»cas de adsor»ca~o, coes~ao e tens~ao superflcial). Quando o solo se encontra relativamente seco no in¶‡cio da inflltra»ca~o, as for»cas capilares dominam o processo e, por isso, as taxas 6 ~ CAP¶ITULO 1. INTRODUC » AO de inflltra»c~ao s~ao altas. Com o passar do tempo, essas for»cas v~ao se anulando e a for»ca gravitacional passa a ser a principal respons¶avel por esse movimento. O conhecimento deste processo ¶e particularmente importante em estudos de irriga»c~ao, conserva»ca~o do solo e da ¶agua. Redistribui» c~ ao da ¶ agua no solo O processo da redistribui»ca~o ou drenagem interna inicia-se quando acaba a inflltra»c~ao da ¶agua da chuva ou irriga»ca~o. Portanto, o tempo flnal da inflltra»c~ao ¶e o tempo zero da redistribui»ca~o. No in¶‡cio deste processo, a for»ca gravitacional ¶e a principal respons¶avel pelas altera»co~es ocorrentes, e a humidade nas proximidades da superf¶‡cie do solo ¶e a que decrescer¶a mais rapidamente, se o solo apresentar boas condi»c~oes para a drenagem livre. Tanto a taxa de uxo descendente como a humidade ser¶a progressivamente diminu¶‡da com o tempo, at¶e estas varia»c~oes se tornarem t~ao pequenas quanto desprez¶aveis. Nestas condi»co~es, diz-se que o excesso de ¶agua foi drenado e o solo atingiu a sua condi»c~ao de capacidade utiliz¶avel. A capacidade utiliz¶avel assume-se como o limite superior de disponibilidade de ¶agua as plantas e, por isso, ganhou grande import^ancia, particularmente na engenharia da irriga»c~ao. Evapora»c~ ao da ¶ agua do solo A perda de ¶agua do solo por este processo constitui um importante par^ametro no ciclo hidrol¶ogico. A evapora»ca~o que ocorre na superf¶‡cie do solo ¶e indesej¶avel, do ponto de vista agr¶‡cola, porque n~ao participa directamente no ciclo das plantas. O conhecimento dos factores que determinam a evapora»c~ao da ¶agua dos solos permite a adop»c~ao de t¶ecnicas que objectivam control¶a-la, possibilitando a conserva»c~ao da ¶agua armazenada para uso das plantas. 1.1. GRANDEZAS F¶ISICAS E QU¶IMICAS DE INTERESSE 7 Um controlo adequado da ¶ agua do solo permite produzir mais e melhor O conhecimento do teor de ¶agua no solo ¶e um elemento essencial na agricultura, pois muitas s~ao as vari¶aveis f¶‡sicas a ele relacionadas. Os mecanismos de reten»ca~o de ¶agua no solo dependem da sua composi»ca~o granulosa. A medi»ca~o do teor de ¶agua do solo ¶e uma informa»ca~o t¶ecnica fundamental para uma s¶erie de actividades econ¶omicas da ¶area da agricultura. Esta grandeza traduz essencialmente a quantidade de ¶agua dispon¶‡vel para a planta, sendo o principal par^ametro de medida em sistemas de controlo de irriga»c~ao. A medi»ca~o do conte¶ udo de ¶agua no solo ¶e, deste modo, essencial para uma irriga»ca~o eflciente. Doen»cas associadas a irriga»ca~o deflciente podem ent~ao ser prevenidas, reduzindo-se a quantidade de tratamentos necess¶arios para as combater, minimizando o impacto ambiental causado pela sua aplica»ca~o. 1.1.3 Condutividade el¶ ectrica do solo A condutividade el¶ectrica ¶e a capacidade que um material tem em transmitir (con¶ uma propriedade intr¶‡nseca do material, assim como duzir) corrente el¶ectrica. E outras propriedades como a densidade ou porosidade. O solo pode conduzir corrente el¶ectrica atrav¶es da ¶agua intersticial, que cont¶em electr¶olitos dissolvidos, e atrav¶es dos cati~oes troc¶aveis que residem perto da superf¶‡cie das part¶‡culas de solo carregadas e s~ao electricamente m¶oveis em v¶arios n¶‡veis [4]. A condutividade el¶ectrica depende principalmente da solu»ca~o electrol¶‡tica existente no solo. Solos com baixo teor de humidade apresentam resist^encia el¶ectrica muito alta. Alguns minerais presentes aparecem como isolantes, apesar de que em alguns solos pode existir uma pequena corrente que ¶e conduzida atrav¶es de part¶‡culas. Portanto o valor obtido para a condutividade el¶ectrica de um solo ¶e principalmente devido ao seu teor de ¶agua e de sais dissolvidos. A utilidade da condutividade el¶ectrica na ¶area agr¶‡cola prov¶em do facto que os diferentes componentes f¶‡sicos existentes no solo, apresentam diferentes n¶‡veis de condutividade el¶ectrica. A medi»c~ao da condutividade el¶ectrica ¶e um elemento necess¶ario e eflciente na investiga»ca~o do comportamento e ~ CAP¶ITULO 1. INTRODUC » AO 8 da variabilidade espacial das propriedades do solo. Na agricultura os sistemas de condutividade el¶ectrica s~ao aplicados como indicadores qualitativos das propriedades f¶‡sico-qu¶‡micas do solo. A medi»c~ao da condutividade el¶ectrica do solo ¶e assim uma tecnologia que se tornou uma ferramenta inestim¶avel por identiflcar as propriedades f¶‡sica e qu¶‡micas do solo que in uenciam, por exemplo, nos padr~oes do rendimento de colheitas agr¶‡colas e por estabilizar a varia»ca~o destas mesmas propriedades do solo [5]. 1.2 Motiva»c~ ao e objectivos A necessidade de medir as propriedades do solo para gest~ao de processos agr¶‡colas implica a utiliza»ca~o de sensores com caracter¶‡sticas pr¶oprias. A medi»ca~o de algumas destas propriedades exige uma solu»ca~o de medi»c~ao, no campo e n~ao invasiva. A procura por sistemas de dimens~oes reduzidas, baixo custo e sem qualquer tipo de cablagem tem vindo a aumentar signiflcativamente. A ¶area abrangente de medi»co~es no campo da agricultura, a aplica»c~ao destes sistemas ¶e bastante favor¶avel. As medi»co~es das propriedades do solo na Zona n~ao Saturada1 , Fig. 1.1, est¶a de¶ necess¶ario para estudos nesta camada pendente a pequenas escalas de medi»ca~o. E avaliar as propriedades do solo em pequena escala, usando volumes de solo aproximadamente iguais. Surge ent~ao a necessidade para uma sonda multi-funcional que assegure de que as diferentes propriedades do solo sejam medidas dentro de volumes id^enticos, minimizando os efeitos da heterogeneidade do solo e fornecer medidas exactas na monitoriza»ca~o do local. Um aspecto importante ¶e o sistema de transfer^encia de informa»ca~o respons¶avel pela interface do dispositivo com o exterior. As solu»co~es de sistemas centralizados de aquisi»c~ao de dados pressup~oem, em muitos casos, a utiliza»ca~o de sistemas de cablagem complexos, que se traduzem em custos acrescidos. Al¶em disso, a utiliza»c~ao 1 Zona de maior actividade biol¶ogica e est¶a, geralmente, mais enriquecida de mat¶eria org^anica e ¶e mais afectada pelas actividades agr¶‡colas. ~ E OBJECTIVOS 1.2. MOTIVAC » AO 9 Figura 1.1 { Zona n~ao Saturada e Zona Saturada no subsolo. de cablagem acarreta diflculdades na media»c~ao de algumas grandezas, como por exemplo a temperatura das folhas e teor de ¶agua nos solos, devido as modiflca»co~es estruturais que provoca nas plantas, e que consequentemente afectam o seu desenvol¶ neste campo que os dispositivos contribuem de forma signiflcativa para vimento. E a exibilidade e mobilidade das aplica»c~oes. O interesse da utiliza»ca~o de dispositivos sem flos na ¶area agr¶‡cola tem crescido exponencialmente, pois permite a cobertura de ¶areas vastas sem recurso a cablagem. No entanto este tipo de solu»co~es apresenta desde j¶a alguns desaflos ¶a sua concep»ca~o. Al¶em da transfer^encia de informa»c~ao, ¶e tamb¶em necess¶ario recorrer a t¶ecnicas que permitam a alimenta»c~ao de tais sistemas, dado que, na maioria dos casos, n~ao existe nas proximidades qualquer fonte de energia. Torna-se ent~ao claro que uma das chaves para o sucesso comercial de dispositivos de aquisi»c~ao de dados sem flos, ¶e estes estarem dotados de comunica»c~oes sem flos, com suporte de interliga»ca~o em rede, e que possam ser alimentados por fontes de energia renov¶aveis como, por exemplo, atrav¶es de pain¶eis fotovoltaicos. A sonda multi-funcional introduzida por Mori et al. [6] utilizava para o processamento de sinal e recolha de dados um sistema de aquisi»ca~o com cablagem (datalogger ) limitando assim a sua aplica»ca~o no campo. A sonda proposta por Valente et al. [7] evolu¶‡da da sonda de Mori, j¶a tinha como flnalidade ser um dispositivo aut¶onomo, com condicionamento e processamento digital do sinal inclu¶‡do na sonda ~ CAP¶ITULO 1. INTRODUC » AO 10 e transmiss~ao dos dados por r¶adio-frequ^encia. No entanto, apresentava algumas limita»c~oes, nomeadamente, na autonomia do sistema, pois os consumos do aquecedor eram elevados e na transmiss~ao de dados por r¶adio-frequ^encia que era efectuada muito pr¶oximo do solo. (a) (b) Figura 1.2 { (a)- Sonda Multi-Funcional proposta por Mori, (b)- Sonda Multi-Funcional proposta por Valente. Neste trabalho pretende-se desenvolver hardware, para uma sonda multi-funcional baseada no m¶etodo do pulso de calor, para medi»c~ao simult^anea do conte¶ udo de ¶agua do solo, propriedades t¶ermicas e condutividade el¶ectrica do solo. A sonda proposta evoluiu da sonda de Valente et al. [7] apresentando diversos melhoramentos tais como o consumo, sistema de aquisi»ca~o de dados, aperfei»coamento do condicionamento e processamento digital do sinal, transmiss~ao dos dados por radio-frequ^encia mais eflcaz com a coloca»c~ao do sistema RF numa estaca, evitando desta forma eventuais interfer^encias provocadas pela vegeta»ca~o, e melhoramento da autonomia do sistema, com inclus~ao de um carregador solar, isto tudo em dimens~oes reduzidas e baixo custo uma vez que tem como flnalidade ser um sistema de medi»c~ao comercial. Na flgura 1.3 est¶a ilustrada a sonda multi-funcional proposta para realiza»ca~o deste trabalho. Todo o sistema ¶e caracterizado pela transmiss~ao de dados sem flos, alimenta»ca~o por painel solar, elevada exibilidade na coloca»ca~o no terreno, capacidade de interliga»ca~o em rede com outras unidades e elevada autonomia de funcionamento. ~ DA TESE 1.3. ORGANIZAC » AO 11 Figura 1.3 { Sonda Multi-Funcional proposta para a realiza»c~ao deste trabalho. 1.3 Organiza»c~ ao da tese Al¶em deste cap¶‡tulo introdut¶orio, que visou enquadrar este trabalho, bem como apresentar os objectivos tra»cados e sua motiva»c~ao, esta tese ¶e composta por mais cinco cap¶‡tulos. No cap¶‡tulo 2 ¶e feito um estudo das sondas existentes bem como os aspectos que as ¶ justiflcado a necessidade da sonda multi-funcional proposta para assegurar deflne. E as exig^encias no campo da agricultura, como por exemplo no que diz respeito a rentabiliza»c~ao dos processos agr¶‡colas. No cap¶‡tulo 3 ¶e feita uma an¶alise te¶orica, do pulso de calor e da condutividade el¶ectrica, necess¶aria para a compreens~ao dos m¶etodos utilizados na elabora»ca~o da sonda, bem como uma abordagem anal¶‡tica para a interpreta»c~ao das propriedades t¶ermicas, condutividade el¶ectrica e teor de ¶agua no solo. 12 ~ CAP¶ITULO 1. INTRODUC » AO A implementa»ca~o da sonda multi-funcional incluindo as op»co~es tomadas e toda a concep»c~ao estrutural e electr¶onica, ¶e documentada no cap¶‡tulo 4. S~ao abordados todos os m¶odulos que constituem a sonda, os blocos funcionais principais (medi»ca~o da temperatura, controlo do aquecedor e medi»ca~o da condutividade el¶ectrica), bem como os requisitos que a sonda deve obedecer. No cap¶‡tulo 5, apresentam-se os resultados experimentais obtidos dos testes efectuados a sonda multi-funcional, fazendo-se a discuss~ao desses mesmos resultados. O Cap¶‡tulo 6 ¶e exclusivamente dedicado as conclus~oes deste trabalho perspectivandose, tamb¶em, as possibilidades de evolu»c~ao futura. 2 Dispositivos de Medi»c~ao das Propriedades do Solo A necessidade de determinar as propriedades t¶ermicas do solo surge, frequentemente, em muitas investiga»c~oes agron¶omicas, ecol¶ogicas e hidrol¶ogicas com vista a compreender as rela»co~es qu¶‡micas, mec^anicas, hidrol¶ogicas e biol¶ogicas do solo. Existem m¶etodos directos e indirectos para medir o teor de ¶agua e propriedades t¶ermicas do solo, bem como diversos modos de os expressar quantitativamente. As sondas baseadas no m¶etodo do pulso de calor est~ao a advir como sensores para medir simultaneamente o teor de ¶agua no solo, propriedades t¶ermicas e condutividade el¶ectrica do solo [7, 8]. Na sec»c~ao 2.1 ser~ao descritos, alguns dos dispositivos para a determina»ca~o das propriedades do solo, baseados no m¶etodo do pulso de calor, e a sec»c~ao 2.2 ¶e dedicada, de uma forma sum¶aria, a mecanismos baseados noutros m¶etodos. 2.1 Dispositivos baseados no pulso de calor O desenvolvimento da teoria de pulso de calor levou ao desenvolvimento de pequenos sensores como a sonda de duas agulhas DPHP (Dual-Probe Heat-Pulse) (Fig. 2.1) que permite fazer medi»co~es de pequena escala das propriedades t¶ermicas do solo: 13 14 ~ DAS PROPRIEDADES DO SOLO CAP¶ITULO 2. DISPOSITIVOS DE MEDIC » AO capacidade volum¶etrica de calor, condutibilidade e difusibilidade t¶ermica. [9]. As varia»co~es da capacidade volum¶etrica de calor do solo s~ao devido as altera»co~es do teor de ¶agua no solo, deste modo outra das aplica»co~es da sonda de duas agulhas ¶e permitir o c¶alculo do teor de ¶agua no solo a partir das medi»co~es da capacidade volum¶etrica de calor. Figura 2.1 { Sonda de duas agulhas apresentada por Campbell. A t¶ecnica do pulso de calor para medir a capacidade volum¶etrica de calor ¶e baseada numa perspectiva idealizada para a condu»c~ao num material cont¶‡nuo, em que um pulso do calor ¶e libertado instantaneamente por uma linha-fonte de comprimento inflnito [10, 11]. Num sensor real, o flo do aquecedor ¶e colocado numa das agulhas da sonda de comprimento flnito: o pulso de calor ¶e aplicado durante um intervalo flxo, tipicamente 8 s [9, 12]. O aumento na temperatura que ocorre durante a propaga»ca~o do pulso de calor com o meio ¶e detectado por um sensor (termopar) inserido numa segunda agulha da sonda paralela a agulha do aquecedor, espa»cadas entre si por uma dist^ancia conhecida de 6 mm. Uma estimativa da capacidade volum¶etrica de calor do solo ¶e relacionada directamente com a energia libertada pela fonte e relativamente inverso a eleva»c~ao m¶axima da temperatura lida pelo sensor [9]. O m¶etodo DPHP foi testado experimentalmente por Bristow et al. [13], enquanto que os erros de medi»ca~o foram analisados por Kluitenberg et al. [14]. A aplica»ca~o bem sucedida do m¶etodo DPHP foi demonstrada tanto em laborat¶orio [15{17], como em aplica»c~oes no campo [11, 18]. Recentes desenvolvimentos levaram a medi»c~ao simult^anea das propriedades t¶ermicas, conte¶ udo de ¶agua e condutividade el¶ectrica (EC) do solo usando um sensor Thermo-TDR [19] que ¶e a combina»ca~o do TDR (Time Domain Re ectometry) com o m¶etodo de pulso de calor [20, 21]. Bristow et 2.1. DISPOSITIVOS BASEADOS NO PULSO DE CALOR 15 al. [22] aplicou o m¶etodo do pulso de calor para avaliar a capacidade volum¶etrica de calor no solo, condutividade t¶ermica como tamb¶em o teor de ¶agua no solo. Em 2001 Bristow et al. [23] apresentou a inclus~ao na sonda de pulso de calor, HPP (Heat-Pulse Probe), duas agulhas adicionais (Fig.2.2) para medir a condutividade el¶ectrica (EC) do solo pelo m¶etodo de Wenner array permitindo deste modo a medi»c~ao simult^anea da concentra»ca~o da solu»ca~o do solo. Figura 2.2 { Sonda de quatro agulhas apresentada por Bristow. Mais tarde Cobos e Baker [24] demonstraram como uma sonda HPP poderia ser usada para medir exactamente o uxo de calor do solo. Mori et al. [6] demonstrou a medi»ca~o simult^anea do teor de ¶agua no solo, propriedades t¶ermicas e da condutividade el¶ectrica usando uma sonda multi-funcional, MFHPP (Multi-Functional Heat Pulse Probe), para solos saturados e insaturados. A sonda consistia em seis sensores: um aquecedor para aplicar o pulso de calor durante 8 s, quatro term¶‡stors localizados no centro de cada agulha, com dist^ancias radiais aproximadamente iguais de 6 mm do sensor do aquecedor para medir a resposta da temperatura e quatro el¶ectrodos numa disposi»ca~o de Wenner array para medi»ca~o da condutividade el¶ectrica (Fig. 2.3). Em 2005 Mori et al. [8] demonstrou igualmente a aplica»ca~o potencial da MFHPP para determinar o uxo de ¶agua no solo. Apesar destes dispositivos j¶a terem sido testados tanto em laborat¶orio como no campo, apresentam limita»c~oes que os descartam de serem dispositivos de ^ambito comercial. Limita»co~es como o recurso ao datalogger para a aquisi»c~ao de dados e alimenta»c~ao do sistema e o uso de cablagem restringem estes dispositivos ao uso pontual e n~ao de uma forma massiva. No campo da agricultura de precis~ao ¶e exigido, cada vez mais com a evolu»ca~o da tecnologia, a aplica»c~ao de dispositivos de baixo custo, com dimens~oes reduzidas e vers¶ateis. 16 ~ DAS PROPRIEDADES DO SOLO CAP¶ITULO 2. DISPOSITIVOS DE MEDIC » AO Figura 2.3 { Sonda multi-funcional apresentada por Mori. Em 2006 Valente et al. [7] desenvolveu uma sonda multi-funcional que consistia numa agulha central que continha o aquecedor e quatro term¶‡stors circunvizinhos para medi»ca~o das propriedades t¶ermicas e conte¶ udo de ¶agua no solo. Para a medi»c~ao da condutividade el¶ectrica, a sonda era constitu¶‡da por um Wenner array dado pela forma em anel constitu¶‡da por quatro el¶ectrodos (Fig. 2.4). Figura 2.4 { Sonda Multi-Funcional proposta por Valente. A sonda multi-funcional proposta por Valente et al. j¶a se aproximava de um dispositivo aut¶onomo. No entanto apresentava algumas limita»co~es, nomeadamente, na autonomia do sistema, pois os consumos do aquecedor eram elevados e na transmiss~ao de dados via RF uma vez que era efectuada muito pr¶oximo do solo, provocando desta forma muitas interfer^encias e falhas na transmiss~ao de dados. No mercado existem alguns dispositivos para a medi»c~ao do teor de ¶agua no solo, como o sensor de humidade thermo-TDR (thermo-time domain re ectometry), no entanto, s~ao dispositivos de algum custo e apresentam limita»co~es nomeadamente na calibra»c~ao para os diferentes tipos de solo, as medi»co~es n~ao podem ser feitas perto da 2.2. OUTROS DISPOSITIVOS 17 superf¶‡cie do solo [25, 26] e, ¶e necess¶ario recorrer a dispositivos electr¶onicos externos para alimentar o sensor, para a aquisi»ca~o e processamento dos dados [27, 28]. Na flgura 2.5 ilustra-se um exemplo de um sensor de humidade thermo-TDR (thermoTime Domain Re ectometry), usado para medir a condutividade el¶ectrica e o teor de ¶agua no solo, onde ¶e ilustrado a depend^encia de um datalogger para a aquisi»ca~o dos dados [29]. Trata-se portanto de um sistema pouco din^amico com recurso a cablagem, dependente de alimenta»c~ao externa, ou seja, n~ao ¶e um sistema aut¶onomo. Figura 2.5 { Exemplo de um sensor de humidade (thermo-TDR) com um datalogger. 2.2 Outros dispositivos As medi»co~es do teor de ¶agua no solo podem ser executadas usando outras t¶ecnicas, como o m¶etodo gravim¶etrico [30]; re ectometria no dom¶‡nio do tempo (TDR - TimeDomain Re ectometer ) [19, 31, 32]; t¶ecnica da sonda de neutr~oes [33]. A simplicidade e a precis~ao do m¶etodo gravim¶etrico s~ao as suas principais vanta¶ tamb¶em uma boa op»c~ao para medir o teor de ¶agua do solo junto das ra¶‡zes gens. E das plantas. Infelizmente o m¶etodo ¶e demorado e destrutivo, e n~ao pode ser automatizado. A t¶ecnica do TDR tamb¶em faz medi»c~oes precisas do teor de ¶agua do solo. Uma vantagem signiflcativa do TDR em rela»ca~o ao m¶etodo gravim¶etrico ¶e que permite medi»co~es automatizadas e n~ao destrutivas. Uma desvantagem do TDR ¶e que o m¶etodo exige a calibra»c~ao para a medi»ca~o de solos enriquecidos em mat¶eria 18 ~ DAS PROPRIEDADES DO SOLO CAP¶ITULO 2. DISPOSITIVOS DE MEDIC » AO org^anica [34]. Outras barreiras para usar a t¶ecnica TDR s~ao custo do instrumento e a sua complexidade. A t¶ecnica da sonda de neutr~oes ¶e um m¶etodo eflciente e ¶ de referir que este m¶etodo cred¶‡vel na monitoriza»ca~o do teor de ¶agua no solo. E permite obter, de um modo simples, o perfll de humidade de um solo. Contudo, ¶e necess¶ario que os ensaios sejam realizados a uma profundidade m¶‡nima pois, quando realizados pr¶oximo da superf¶‡cie, permitem que os neutr~oes r¶apidos escapem para a atmosfera. Outra desvantagem ¶e o elevado pre»co deste tipo de equipamentos que tornam quase impratic¶avel o seu uso na agricultura. Embora existam outras t¶ecnicas o m¶etodo do pulso de calor emerge como um m¶etodo bastante vantajoso. Uma vantagem signiflcativa deste m¶etodo ¶e a capacidade de medir o teor de ¶agua perto da superf¶‡cie do solo, nomeadamente junto das ra¶‡zes das plantas, de uma maneira n~ao destrutiva, precisa e automatizada. Dados f¶‡sicos do solo de boa qualidade s~ao necess¶arios em laborat¶orio como no campo para experi^encias, desenvolvimento, testes e aplica»c~ao de modelos das propriedades t¶ermicas do solo, teor de ¶agua e transporte de soluto. Esta necessidade, combinada com os avan»cos na electr¶onica, nomeadamente nas unidades de aquisi»c~ao de dados, sistemas auto-suflcientes, computa»c~ao e m¶etodos num¶ericos resultam em novas melhorias na instrumenta»c~ao para a medi»ca~o das propriedades do solo. Haver¶a sempre uma necessidade cont¶‡nua de melhorar o custo, a robustez e a versatilidade da instrumenta»c~ao de medi»c~ao das caracter¶‡sticas do solo. Este trabalho ¶e provido para o desenvolvimento de hardware para uma sonda multifuncional de medi»ca~o simult^anea do conte¶ udo de ¶agua do solo, propriedades t¶ermicas e condutividade el¶ectrica do solo, com aquisi»ca~o e processamento de dados atrav¶es de um microcontrolador e transmiss~ao dos dados por radiofrequ^encia. Ser¶a um sistema auto-suflciente, pois com o recurso a energia solar, atrav¶es da inclus~ao de um painel solar, dota o sistema com uma maior autonomia. O sistema de comunica»co~es sem flos na sonda multi-funcional possibilita, assim, a cria»c~ao de redes locais de aquisi»c~ao de dados e potencia o processamento distribu¶‡do, bastante vantajoso em ¶areas de implanta»ca~o consider¶aveis, como as que se veriflcam, por exemplo, nos sistemas de controlo de irriga»c~ao. A aquisi»ca~o e o processamento dos dados in situ permite uma 2.2. OUTROS DISPOSITIVOS 19 maior exibilidade na interpreta»ca~o dos resultados, diminuindo desta forma tamb¶em os consumos de energia sendo s¶o necess¶ario transmitir os resultados da monitoriza»ca~o reduzindo deste modo o tempo de transmiss~ao. A sonda multi-funcional proposta neste trabalho d¶a um contributo relevante na ¶area emergente da agricultura de precis~ao, dado que as suas caracter¶‡sticas possibilitam a sua utiliza»ca~o em larga escala a um custo reduzido, favorece a sua utiliza»c~ao em massa e potencia uma avalia»c~ao correcta das propriedades que traduzem por exemplo o crescimento das culturas. 3 Metodologias para Medi»c~ao das Propriedades do Solo As propriedades t¶ermicas e o teor de ¶agua no solo s~ao bastantes importantes na ¶area agr¶‡cola. Um entendimento do comportamento t¶ermico, da medi»c~ao do conte¶ udo de ¶agua e da condutividade el¶ectrica do solo auxilia na resolu»ca~o de eventuais problemas nesta ¶area. Estas propriedades s~ao a condutibilidade t¶ermica, que representa a capacidade do solo em conduzir calor; a difusibilidade t¶ermica, que representa a capacidade do solo em difundir calor, isto ¶e, ¶e uma medida do tempo necess¶ario para as varia»co~es de temperatura se propagarem e a capacidade volumetria de calor, que indica a capacidade do solo em armazenar calor, ou seja, expressa a varia»ca~o de temperatura resultante do ganho ou perda de calor. Essas propriedades, por sua vez, dependem do conte¶ udo da ¶agua no solo. A quantidade de ¶agua contida numa unidade de massa ou volume de solo e o estado de energia da ¶agua no solo, s~ao factores importantes que afectam o crescimento das plantas. H¶a ainda a considerar que o teor de ¶agua no solo condiciona o conte¶ udo de ar e as trocas de g¶as no solo, afectando assim a respira»c~ao das ra¶‡zes, a actividade de microrganismos e o estado qu¶‡mico do solo. 21 ~ DAS PROPRIEDADES DO SOLO CAP¶ITULO 3. METODOLOGIAS PARA MEDIC » AO 22 Neste cap¶‡tulo, ¶e feita uma abordagem a teoria associada a cada m¶etodo de medi»ca~o, nomeadamente, da condutividade el¶ectrica, propriedades t¶ermicas e o teor de ¶agua no solo, descrevendo alguns princ¶‡pios b¶asicos e par^ametros de avalia»ca~o dos m¶etodos. Na sec»ca~o 3.1 s~ao referidos os m¶etodos empregues para medir as propriedades t¶ermicas do solo (temperatura, capacidade volum¶etrica de calor e difusibilidade t¶ermica), condutividade el¶ectrica e conte¶ udo de ¶agua no solo. A sec»c~ao 3.2 ¶e dedicada as propriedades t¶ermicas e conte¶ udo da ¶agua no solo, sendo referidos aspectos anal¶‡ticos e de medi»ca~o na determina»c~ao das caracter¶‡sticas das propriedades do solo. A sec»ca~o 3.3 ¶e dedicada a condutividade el¶ectrica (EC), sendo mencionada a rela»c~ao entre a EC e o teor de ¶agua no solo. 3.1 M¶ etodos de medi»c~ ao Diversos m¶etodos anal¶‡ticos t^em sido apresentados para estimar a difusibilidade ou a condutibilidade t¶ermica dos solos. Alguns envolvem modelos te¶oricos [35] ou modelos semi-emp¶‡ricos. No entanto o desenvolvimento da teoria de pulso de calor bem como a medi»ca~o da condutividade el¶ectrica introduziram na agricultura o conceito de utiliza»c~ao de sensores para a gest~ao e avalia»ca~o dos solos nos diversos processos agr¶‡colas. De seguida s~ao apresentados os m¶etodos nos quais est¶a a base de implementa»ca~o dos processos de medi»c~ao da sonda multi-funcional proposta neste trabalho. 3.2 Propriedades t¶ ermicas e conte¶ udo de ¶ agua no solo Temperatura do solo e uxo de calor A temperatura do solo varia em resposta as mudan»cas nas energias radiante, t¶ermica e latente nos processos de trocas de energia que decorrem, em primeiro lugar, a superf¶‡cie do solo. Os efeitos destes fen¶omenos s~ao propagados para dentro do perfll ¶ ¶ ¶ 3.2. PROPRIEDADES TERMICAS E CONTEUDO DE AGUA NO SOLO 23 do solo atrav¶es de uma s¶erie de processos de transporte complexos sendo a velocidade de propaga»ca~o de cada um deles afectada por vari¶aveis de tempo e de espa»co das propriedades do solo. Da¶‡ que a tarefa de formula»ca~o quantitativa e predi»ca~o do regime t¶ermico do solo seja complexa. Mesmo fazendo uma predi»c~ao passiva a possibilidade de controlar activamente ou de modiflcar o regime t¶ermico requer um conhecimento profundo do processo a decorrer no momento e dos par^ametros do solo e ambientais que orientam as suas velocidades de modiflca»ca~o. Os par^ametros do solo mais pertinentes s~ao a capacidade volum¶etrica de calor, a condutibilidade e a difusibilidade t¶ermica sendo estes afectados pelo teor de ¶agua no solo assim como, por fontes de calor internas, po»cas e calor que actuam em qualquer momento. Teor de ¶ agua no solo A frac»ca~o de ¶agua por volume, ou por massa no solo, pode ser caracterizada em termos de humidade do solo. A condi»ca~o f¶‡sico-qu¶‡mica, ou estado da ¶agua no solo, ¶e caracterizada em termos da sua energia livre por unidade de massa, designada por potencial. Dos v¶arios componentes do potencial ¶e o potencial matricial que caracteriza a capacidade da matriz do solo reter ¶agua. A humidade do solo e o potencial matricial est~ao funcionalmente relacionados e podem ser representados graflcamente pela curva caracter¶‡stica solo-humidade. A humidade do solo e potencial matricial, exibem varia»co~es apreci¶aveis, quer no espa»co quer no tempo, a medida que o solo ¶e molhado pela ac»c~ao da chuva ou rega, drenado pela gravidade e seco pela evapora»ca~o e/ou extrac»ca~o de ¶agua pelas ra¶‡zes. A condi»c~ao de humidade extrema poss¶‡vel ¶e chamada de satura»c~ ao, e ¶e deflnida como a condi»ca~o na qual todos os poros do solo est~ao cheios de ¶agua. A satura»c~ao ¶e relativamente simples de deflnir no caso de solos n~ao-transpirat¶ orios (ex. areia) mas, extremamente dif¶‡cil ou at¶e imposs¶‡vel de deflnir no caso de solos transpirat¶ orios. De facto, este u ¶ltimo tipo de solo pode continuar a absorver ¶agua e transpirar mesmo depois de todos os poros serem preenchidos com ¶agua. A condi»ca~o de menor humidade que se encontra na natureza ¶e o denominado estado ¶ arido variando, este, de acordo com o tipo de solo. A n¶‡vel laboratorial esta condi»ca~o ¶e um estado 24 ~ DAS PROPRIEDADES DO SOLO CAP¶ITULO 3. METODOLOGIAS PARA MEDIC » AO arbitr¶ario conhecido por seco-ao-forno (seco a 105 o C durante 24 horas). A medi»ca~o das propriedades t¶ermicas do solo ¶e feita atrav¶es do m¶etodo de pulso de calor [13] e ¶e baseada na solu»c~ao de uma equa»c~ao da condu»c~ao de calor, para uma fonte de calor de linha inflnita num meio homog¶eneo que est¶a inicialmente com uma temperatura uniforme. Ap¶os a aplica»ca~o de um pulso de calor durante t0 (s), determina-se o teor de ¶agua medindo a eleva»c~ao da temperatura, ¢T (K), a uma dist^ancia r (m) da agulha do aquecedor da sonda do pulso de calor. A rela»ca~o f¶‡sica ¶e descrita por: • q0 Ei ¢T (r; t) = 4…C• ¡r2 4•(t ¡ t0 ) ¶ ¡ Ei ¡r2 4•t ¶‚ ; t > t0 (3.1) onde q 0 ¶e a energia aplicada por unidade de comprimento do aquecedor por unidade de tempo (Wm¡1 ), C ¶e a capacidade volum¶etrica de calor do solo (J m¡3 K¡1 ), • ¶e a difusibilidade t¶ermica do solo (m2 s¡1 ) e ¡Ei (¡x) ¶e um integral exponencial com argumento x [36]. Usando a equa»ca~o 3.1, as propriedades t¶ermicas do solo podem ser expressas como [13, 14]: r2 (1=(tM ¡ t0 )) ¡ (1=tM ) •= 4 ln[tM =(tM ¡ t0 )] • q0 C = ‰c = Ei 4…•¢TM ¡r2 4•(tM ¡ t0 ) ¶ ¡ Ei (3.2) ¡r2 4•tM ¶‚ (3.3) onde tM ¶e o tempo (s) em que a temperatura m¶axima ocorreu e ¢TM ¶e a m¶axima sobreleva»ca~o da temperatura (K). A condutibilidade t¶ermica do solo, ‚ (W m¡1 K¡1 ), ¶e determinada pelo produto entre C e •. Uma vez que C ¶e obtido pela equa»ca~o 3.1, o teor volum¶etrico de ¶agua no solo, (m3 m¡3 ), pode ser determinado por [35, 37]: = C ¡ ‰b cs Cw (3.4) onde ‰ (kg m¡3 ) ¶e a densidade do material, c (K kg¡1 K¡1 ) ¶e o calor espec¶‡flco ¶ ¶ ¶ 3.2. PROPRIEDADES TERMICAS E CONTEUDO DE AGUA NO SOLO 25 e as subscri»c~oes \b", \s" e \w" referem-se ao meio (solo), a fase s¶olida e a ¶agua, respectivamente. 3.2.1 Pulso de calor O desenvolvimento da teoria de pulso de calor levou ao desenvolvimento de pequenos sensores de duas agulhas, flgura 3.1, que permitem a obten»c~ao de medidas rotineiras observacionais das propriedades t¶ermicas e do conte¶ udo de ¶agua no solo [13]. O sensor consiste em duas agulhas montadas em paralelo, separadas por uma dist^ancia de 6 mm. Uma agulha cont¶em um aquecedor e a outra um sensor de temperatura. Figura 3.1 { Sonda de duas agulhas para medi»c~ao do pulso de calor. Com a sonda inserida no solo, ¶e aplicado um pulso de calor atrav¶es do aquecedor durante um per¶‡odo de tempo flxo e a temperatura ¶e registada em fun»c~ao do tempo pelo sensor colocado na outra agulha (Fig. 3.2). A difusibilidade t¶ermica e a capacidade volum¶etrica de calor s~ao ent~ao determinadas a partir da resposta da temperatura em fun»ca~o do tempo no sensor de temperatura utilizando a solu»ca~o anal¶‡tica da equa»c~ao da condu»c~ao de calor radial num cilindro com fonte de calor no seu eixo [22]. Na flgura 3.2 est¶a ilustrado um exemplo da resposta da temperatura depois da aplica»ca~o de um pulso de calor em que a eleva»c~ao da temperatura m¶axima, que ¶e uma fun»ca~o do teor de ¶agua no solo, ¶e registada pelo sensor [23]. 26 ~ DAS PROPRIEDADES DO SOLO CAP¶ITULO 3. METODOLOGIAS PARA MEDIC » AO Figura 3.2 { Exemplo da resposta da temperatura no sensor depois da aplica»c~ao de um pulso de calor de 8 s no aquecedor. 3.3 Condutividade el¶ ectrica A medi»c~ao da condutividade el¶ectrica (EC) ¶e um m¶etodo u ¶til e extremamente difundido, especialmente para o controlo de qualidade, flscaliza»c~ao da pureza da ¶agua de consumo e da qualidade do processo de fabrico. A determina»ca~o do n¶ umero total de i~oes numa solu»c~ao ou a medi»ca~o directa dos componentes em solu»c~oes podem ser determinadas fazendo medi»co~es da condutividade el¶ectrica. A medi»ca~o da condutividade el¶ectrica do solo ¶e uma tecnologia que se tornou uma ferramenta inestim¶avel por identiflcar as propriedades f¶‡sica e qu¶‡micas do solo que in uenciam, por exemplo, nos padr~oes do rendimento de colheitas agr¶‡colas e por estabilizar a varia»c~ao destas mesmas propriedades do solo. O teor de ¶agua, as propriedades f¶‡sicas e qu¶‡micas bem como a varia»ca~o da temperatura s~ao factores de grande in u^encia na condutividade el¶ectrica. Medi» c~ ao da condutividade el¶ ectrica A condutividade el¶ectrica ¶e a capacidade de uma solu»c~ao, de um metal ou de um g¶as, permitir a passagem de uma corrente el¶ectrica. Nas solu»co~es a corrente ¶e transitada por cati~oes e ani~oes e nos metais ¶e transitada por electr~oes. Para uma solu»ca~o ¶ 3.3. CONDUTIVIDADE ELECTRICA 27 conduzir corrente el¶ectrica depende de um n¶ umero de factores: (i) concentra»c~ao, (ii) mobilidade dos i~oes, (iii) valencia de i~oes e (iv) temperatura. A condutividade el¶ectrica pode ser medida aplicando uma corrente el¶ectrica alternada (I) a dois el¶ectrodos imergidos numa solu»ca~o, medindo a tens~ao resultante (V). Durante este processo, os cati~oes migram para o el¶ectrodo negativo, os ani~oes para o el¶ectrodo positivo e a solu»c~ao actua como um condutor el¶ectrico (Fig. 3.3). Figura 3.3 { Movimenta»c~ao dos i~oes. Deflni»co ~es Resist^ encia A resist^encia (R) de uma solu»ca~o pode ser calculado usando a lei de Ohm (V = R £ I). R= V I (3.5) V - tens~ao (voltes) I - corrente (amperes) R - resist^encia da solu»ca~o (ohms) Condut^ ancia Condut^ancia (G) ¶e deflnida como o rec¶‡proco da resist^encia el¶ectrica (R) entre dois el¶ectrodos numa solu»ca~o. G= 1 (S) R (3.6) 28 ~ DAS PROPRIEDADES DO SOLO CAP¶ITULO 3. METODOLOGIAS PARA MEDIC » AO Constante da c¶ elula de medi»c~ ao ¶ a raz~ao da dist^ancia (e) entre os el¶ectrodos e a ¶area (a) dos el¶ectrodos. E K= e a (3.7) K - constante da c¶elula de medi»ca~o (cm¡1 ) a - ¶area efectiva dos el¶ectrodos (cm2 ) e - dist^ancia entre os el¶ectrodos (cm) Condutividade Electricidade ¶e o uxo de electr~oes. Isto indica que os i~oes na solu»ca~o conduzem electricidade. A condutividade ¶e a capacidade da solu»c~ao conduzir corrente el¶ectrica. =G†K (3.8) - condutividade (S/cm) G - condut^ancia (S), onde G = 1=R K - constante da c¶elula de medi»ca~o (cm¡1 ) M¶ etodos de medi»c~ ao da EC Dois el¶ ectrodos No m¶etodo tradicional de dois el¶ectrodos, ¶e aplicada uma corrente alternada entre os dois el¶ectrodos e ¶e medida a tens~ao resultante. O objectivo ¶e apenas medir a resist^encia da solu»ca~o (RSOL ). No entanto, a resist^encia (REL ) causada pela polariza»c~ao dos el¶ectrodos e o efeito campo interfere com a medi»ca~o, e ambas s~ao medidas, RSOL e REL (Fig. 3.4). ¶ 3.3. CONDUTIVIDADE ELECTRICA 29 Figura 3.4 { Diagrama simpliflcado do m¶etodo de dois el¶ectrodos para medi»c~ao da EC. Quatro el¶ ectrodos No m¶etodo de quatro el¶ectrodos, ¶e aplicado uma corrente aos dois el¶ectrodos exteriores (1 e 4) de modo a obter uma diferen»ca de potencial constante entre os dois el¶ectrodos internos (2 e 3). Ao medir a tens~ao o valor da corrente ¶e insigniflcante e deste modo os dois el¶ectrodos n~ao est~ao polarizados (R2 = R3 = 0). A condutividade el¶ectrica ¶e directamente proporcional a corrente aplicada (Fig. 3.5). Figura 3.5 { Diagrama simpliflcado do m¶etodo de quatro el¶ectrodos para medi»c~ao da EC. 3.3.1 Rela» c~ ao entre a EC e o conte¶ udo de ¶ agua no solo A condutividade el¶ectrica do solo assume um interesse consider¶avel, quer a n¶‡vel te¶orico quer a n¶‡vel pr¶atico. A sua import^ancia pr¶atica assenta no facto da condutividade el¶ectrica do solo servir como um indicador, sens¶‡vel e exacto, do teor de ¶agua no solo ou da sua salinidade. O solo ¶e um material extremamente complexo constitu¶‡do por poros (vazios) e part¶‡culas s¶olidas. Os solos variam bastante em salinidade, no tamanho e forma 30 ~ DAS PROPRIEDADES DO SOLO CAP¶ITULO 3. METODOLOGIAS PARA MEDIC » AO das part¶‡culas, no teor de mat¶eria org^anica, porosidade, percentagem de ¶agua livre (existente nos espa»cos porosos) e a frac»ca~o de ¶agua retida por for»cas de absor»ca~o. A ¶agua retida poder¶a re ectir um comportamento, em termos de condutividade ¶ necess¶ario deste modo, como reel¶ectrica, bastante distinto da ¶agua livre [38]. E sultado destas diflculdades, um conhecimento te¶orico da resposta da condutividade el¶ectrica ao teor de ¶agua no solo. Al¶em do aquecedor e dos sensores de temperatura, a sonda multi-funcional inclu¶‡ quatro el¶ectrodos para a medi»c~ao da condutividade el¶ectrica. Consiste em quatro el¶ectrodos paralelos cuja disposi»c~ao destes constituem uma conflgura»c~ao em Wenner array pela qual a condutividade el¶ectrica do solo pode ser determinada (Fig. 3.6). Figura 3.6 { M¶etodo de Wenner array. No Wenner array, as dist^ancias entre os el¶ectrodos s~ao iguais (para um valor constante e) e a condutividade el¶ectrica aparente, e = e (S m¡1 ) para o Wenner array ¶e: 1 I 2…K VM N (3.9) onde I (A) ¶e a fonte de corrente, VM N (V) ¶e a tens~ao medida entre os el¶ectrodos internos M e N e (1=2…K) (m¡1 ) ¶e a constante da c¶elula de medi»ca~o em que 1 = K • 1 1 ¡ AM MB ¶ ¡ 1 1 ¡ AN NB ¶‚ (3.10) ¶ 3.3. CONDUTIVIDADE ELECTRICA 31 denota o factor geom¶etrico que adquirir¶a um valor particular para uma dada dist^ancia do el¶ectrodo. No Wenner array o factor geom¶etrico assume a forma simpliflcada K = e e assim o valor da constante da c¶elula ser¶a (1=2…e). Rhoades prop^os uma express~ao que relaciona a condutividade el¶ectrica (EC) com o teor de ¶agua no solo [39]: ECb =a ECw 2 +b + ECs ECw (3.11) onde ECb ¶e o valor da condutividade el¶ectrica do meio, ECw ¶e a condutividade el¶ectrica da ¶agua no solo e ECs ¶e a condutividade da superf¶‡cie do solo. 4 Concep»c~ao e Implementa»c~ao Para o projecto da sonda multi-funcional, h¶a que ter em considera»ca~o a especiflcidade do processo agr¶‡cola a que se destina. Assim consideram-se importantes os seguintes aspectos: † O sistema deve ser ex¶‡vel, † De opera»ca~o simples, † Deve ser aut¶onomo, † N~ao deve usar flos nas comunica»c~oes com o exterior, † Deve permitir a liga»ca~o em rede com outras unidades, † Deve ser port¶atil. Por ex¶‡vel entende-se que tal sistema deve permitir alguma variedade de utiliza»c~ao para a medi»c~ao das propriedades do solo. Ser de opera»ca~o simples signiflca neste contexto que o sistema deve ser de f¶acil liga»c~ao, n~ao exigindo do agricultor conhecimentos t¶ecnicos para a sua liga»ca~o. Quando se diz que o sistema deve ser aut¶onomo, pretende-se que seja dotado de alimenta»ca~o pr¶opria, sem recorrer a alimenta»c~ao pela 33 ~ E IMPLEMENTAC ~ CAP¶ITULO 4. CONCEPC » AO » AO 34 rede el¶ectrica. No que se refere a comunica»ca~o entre o sistema e o exterior ¶e conveniente que seja feita sem flos, por forma a facilitar os trabalhos agr¶‡colas. Quanto a portabilidade esta ¶e essencial quando se pretende que o sistema possa ser facilmente mudado de local de opera»ca~o. Neste cap¶‡tulo abordam-se todos os m¶odulos que constituem a sonda multi-funcional, descrevendo-se os circuitos utilizados e as op»c~oes tomadas para a implementa»ca~o dos mesmos, bem como os blocos funcionais principais (medi»c~ao da temperatura, controlo do aquecedor e medi»c~ao da condutividade el¶ectrica). 4.1 Arquitectura proposta A arquitectura proposta, representada na flgura 4.1, ¶e composta por seis m¶odulos: controlo do aquecedor, medi»c~ao da temperatura, medi»ca~o da condutividade el¶ectrica, transmissor de r¶adio frequ^encia, controlo digital e m¶odulo de alimenta»c~ao. O controlo digital realizar¶a o condicionamento de sinal necess¶ario para controlar o pulso de calor, medi»ca~o da temperatura, bem como todo o condicionamento de sinal necess¶ario para a leitura da condutividade el¶ectrica. O m¶odulo de alimenta»c~ao ¶e respons¶avel pelo controlo de carga da bateria atrav¶es do painel solar, fornecer a tens~ao necess¶aria para o pulso de calor, bem como pela alimenta»ca~o de todo o sistema. O m¶odulo de comunica»co~es (transmissor de r¶adio-frequ^encia) realiza a interface entre sinais digitais e sinais r¶adio. 4.2 Projecto da sonda A sonda multi-funcional representada nas flguras 4.2 (a) e 4.3 (a), foi desenvolvida de modo a fazer medi»co~es simult^aneas das propriedades t¶ermicas do solo (capacidade volum¶etrica de calor, condutibilidade e difusibilidade t¶ermica), conte¶ udo de ¶agua no solo usando o m¶etodo do pulso de calor e condutividade el¶ectrica pelo m¶etodo de Wenner array. O sistema ¶e dividido em duas partes, a sonda e a unidade central 4.2. PROJECTO DA SONDA 35 Figura 4.1 { Arquitectura proposta. com o microcontrolador com comunica»c~oes sem flos, painel solar e gest~ao de energia. A sonda ¶e constitu¶‡da por quatro agulhas paralelas separadas 6 mm entre si, sendo que tr^es delas s~ao usadas para medir as propriedades t¶ermicas e o conte¶ udo de ¶agua no solo pelo m¶etodo do pulso de calor enquanto que o conjunto das quatro agulhas s~ao usadas para medir a condutividade el¶ectrica pelo m¶etodo de Wenner array. A sonda consiste num aquecedor, contido na agulha entre as duas agulhas que cont^em os dois term¶‡stors, e quatro el¶ectrodos (Fig. 4.2 (a)). As agulhas s~ao feitas em forma de tubo em a»co inoxid¶avel com 1,49 mm de di^ametro e 28 mm de comprimento exterior a caixa PVC onde est~ao montadas e o interior destas ¶e preenchido, ap¶os a coloca»ca~o dos sensores e do aquecedor, por uma cola ep¶oxica de elevada condutividade t¶ermica e muito baixa condutividade el¶ectrica (OMEGABOND 101). O aquecedor ¶e feito de um flo esmaltado, Stablohm 800 A (0.062 mm de di^ametro e 440:8 › m¡1 de resitividade), inserido na agulha do aquecedor de modo a obter uma resist^encia de … 70 ›. O Wenner array ¶e formado por quatro el¶ectrodos em que os el¶ectrodos externos (referentes a A e B na flgura 4.2) s~ao excitados por uma tens~ao de 1 V durante 100 ms, enquanto que a diferen»ca de potencial ¶e medida atrav¶es dos dois el¶ectrodos internos (M e N). ~ E IMPLEMENTAC ~ CAP¶ITULO 4. CONCEPC » AO » AO 36 Os circuitos para controlo do aquecedor e toda a electr¶onica de aquisi»ca~o de dados est~ao implementados no sistema onde est~ao colocadas as agulhas numa caixa PVC (caixa sonda) de dimens~oes 46 £ 20 £ 32 mm ( Fig. 4.2 (b)). (a) (b) Figura 4.2 { (a)- Constitui»c~ao da sonda multi-funcional , (b)- Caixa sonda. O sistema constitu¶‡do pelo painel solar, microcontrolador, respons¶avel pela gest~ao e comando de todo o sistema bem como pela transmiss~ao RF dos dados, o m¶odulo de gest~ao de energia, nomeadamente a bateria, o controlador de carga do painel solar, os conversores DC/DC, que fornecem a tens~ao necess¶aria ao pulso de calor e a alimenta»c~ao de todos os dispositivos est¶a implementado numa caixa PVC (caixa da unidade central) de dimens~oes 120 £ 80 £ 55 mm (Fig. 4.3). (a) (b) Figura 4.3 { (a)- Unidade central , (b)- Caixa da unidade central.. 4.3. UNIDADE CENTRAL DE PROCESSAMENTO 4.3 37 Unidade central de processamento A evolu»ca~o dos microcontroladores tornou economicamente vi¶avel o armazenamento e processamento de informa»ca~o permitindo a sua aplica»c~ao em sistemas de aquisi»ca~o e controlo cada vez mais compactos, vers¶ateis e fl¶aveis. Al¶em do mais, s~ao inclu¶‡dos um n¶ umero cada vez maior de perif¶ericos fazendo destas unidades poderosos microcontroladores embebidos. Ao desenvolver um sistema aut¶onomo para a monitoriza»c~ao ambiental, um interesse principal ¶e como trocar dados entre o sistema de processamento e aquisi»c~ao e o ¶ vantajoso que a sistema respons¶avel pela sustenta»ca~o do tratamento de dados. E leitura das vari¶aveis f¶‡sicas por parte do utilizador possa ser feita de um local remoto tornando assim desnecess¶arias as desloca»co~es deste, sempre que n~ao haja necessidade da sua interven»c~ao directa. Cada sonda, do ponto de vista da transmiss~ao de dados, ¶e considerada como um n¶o de uma rede que possa ser composta por um grande n¶ umero de unidades. Um constrangimento est¶a relacionado com o local f¶‡sico considerado da transmiss~ao [40]. Para ultrapassar este problema deve ser considerada uma rede com uma topologia em malha para interligar cada sonda com um sistema central de processamento. Na flgura 4.4 est¶a ilustrado o diagrama de blocos do microcontrolador, implementado no sistema proposto, com a indica»c~ao das vari¶aveis mais pertinentes de entrada e de sa¶‡da que este controla. 4.3.1 Topologia da rede proposta O protocolo ZigBee ¶e uma escolha apropriada, desenvolvido especialmente para ser usado com um grande n¶ umero de n¶os de sensores interligados numa topologia em malha (Fig. 4.5). Utiliza a norma IEEE 802.15.4 que funciona na faixa ISM (n~ao ¶ um protocolo simples que permite a requer licen»ca para funcionamento), 2,4 GHz. E transfer^encia fl¶avel de dados com n¶‡veis apropriados de seguran»ca. Nas redes ZigBee um dispositivo pode permanecer durante um longo tempo sem ter que comunicar. ~ E IMPLEMENTAC ~ CAP¶ITULO 4. CONCEPC » AO » AO 38 Figura 4.4 { Diagrama de blocos do microcontrolador. VHP - Linha de comunica»c~ ao que l^ e a energia aplicada ao aquecedor. VT H - Linha de comunica»c~ ao que l^ e uma tens~ ao proporcional a temperatura gerada pelo term¶‡stor colocado na agulha do aquecedor para a protec»c~ ao deste. HP - Linha de comunica»c~ ao que permite ligar e desligar o aquecedor. DAC - Fornece um pulso de tens~ ao para o Wenner array e controla o conversor DC-DC de modo a que este forne»ca a tens~ ao pretendia para o pulso de calor para uma gama de valores desde 6 a 12V. ¢§ADC - Linhas de comunica»c~ ao I2 C para ler os dados adquiridos pelas ADC¢§ durante a medi»c~ ao do pulso de calor e da condutividade el¶ ectrica. Al¶em disso o tempo de acesso a rede ¶e muito pequeno, tipicamente 30 ms. Outra caracter¶‡stica importante ¶e o tamanho reduzido dos pacotes de dados que circulam na rede. O ZigBee associa a transmiss~ao de dados sem flos a um reduzido consumo energ¶etico e com elevada flabilidade. Figura 4.5 { Diagrama da topologia em malha. 4.4. BLOCOS FUNCIONAIS 4.3.2 39 Microcontrolador O m¶odulo JN5139 da Jennic incorpora um microcontrolador e recursos de comunica»ca~o sem flos. Este m¶odulo est¶a de acordo com a norma IEEE 802.15.4 e implementa a stack do protocolo ZigBee. Este dispositivo ¶e constitu¶‡do por um CPU 16 MHz de 32-bit RISC, um transmissor de 2.4 GHz IEEE 802.15.4 de alto desempenho, 192 kB de ROM, 96 kB de RAM e fornece uma solu»ca~o vers¶atil de baixo custo para aplica»c~oes de redes de sensores com comunica»c~oes sem flos. O n¶‡vel elevado de integra»c~ao ajuda a reduzir o custo do sistema total. Em particular, a ROM que permite a integra»ca~o da topologia de rede ponto-a-ponto e malha e a RAM que permite a sustenta»ca~o de fun»co~es do router e do controlador, bem como as suas aplica»c~oes, sem a necessidade de mem¶oria externa. O JN5139 utiliza MAC por hardware e encripta»ca~o AES. O modo sleep do oscilador e a facilidade de conten»ca~o de energia, fornecem um sistema com baixos consumos energ¶eticos. O dispositivo incorpora tamb¶em portas SPI (Serial Peripheral Interface) e I2 C (Inter-Intergrated Circuit) que permitem a comunica»c~ao do microcontrolador com outros diversos componentes. A flgura 4.6 ilustra o m¶odulo central de processamento implementado. Figura 4.6 { Microcontrolador JN5139. 4.4 Blocos funcionais Nesta sec»ca~o s~ao descritos os blocos funcionais respons¶aveis pela medi»ca~o das propriedades t¶ermicas e da condutividade el¶ectrica do solo, bem como o bloco respons¶avel pelo controlo do aquecedor para o pulso de calor. 40 ~ E IMPLEMENTAC ~ CAP¶ITULO 4. CONCEPC » AO » AO Para a medi»ca~o da condutividade el¶ectrica s~ao usados quatro ampliflcadores operacionais, quatro el¶ectrodos, uma DAC do microcontrolador e duas ADC ¢§ com sa¶‡das I2 C. Para o pulso de calor ¶e utilizado um MOSFET controlado pelo microcontrolador, uma resist^encia de precis~ao e a tens~ao necess¶aria para o aquecedor ¶e fornecida pelo conversor DC/DC (step-up). Para a medi»c~ao da temperatura s~ao usado dois term¶‡stors e duas ADC ¢§, estas tamb¶em com sa¶‡das I2 C. 4.4.1 Medi»c~ ao da temperatura Para a medi»c~ao da temperatura, s~ao usados dois term¶‡stors, colocados no interior das duas agulhas exteriores a agulha do aquecedor, como mostrado na Fig. 4.7, excitados por uma corrente. Esta corrente de excita»ca~o u¶‡ directamente atrav¶es do term¶‡stor gerando uma tens~ao proporcional a sua resist^encia que varia com a temperatura. Esta tens~ao diferencial ¶e distribu¶‡da directamente as entradas positivas e negativas das ADC ¢§ que permitem fazer medi»co~es simult^aneas com uma precis~ao de 5 m o C. Figura 4.7 { Medi»c~ao da temperatura. 4.4. BLOCOS FUNCIONAIS 4.4.2 41 Medi» c~ ao da condutividade el¶ ectrica A medi»ca~o da condutividade el¶ectrica ¶e feita atrav¶es do m¶etodo de Wenner array ¶ aplicado um pulso de tens~ao de 1 V durante 100 ms como ilustrado na Fig. 4.8. E nas agulhas exteriores (A e B) e a diferen»ca de potencial ¶e medida nas duas agulhas internas (M e N), utilizando dois AMPOP para isolar o sinal diferencial (VM ¡ VN ). A tens~ao resultante ¶e convertida ent~ao numa palavra digital por uma ADC1 ¢§. O mesmo pulso de tens~ao ¶e aplicado a uma resist^encia de refer^encia, RREF , e a queda de tens~ao resultante (VRREF ), convertida numa palavra digital por uma ADC2 ¢§, a dividir pela resist^encia de refer^encia, permite-nos obter a corrente injectada no solo (I = VRREF =RREF ). A partir da diferen»ca de potencial obtida nos dois el¶ectrodos internos (M e N) e da corrente injectada no solo, obtemos a rela»c~ao I=VM N na medi»ca~o da condutividade el¶ectrica para o Wenner array descrito na equa»c~ao 3.9. Figura 4.8 { Medi»c~ao da condutividade el¶ectrica. 4.4.3 Controlo e protec»c~ ao do aquecedor Para o pulso de calor ¶e aplicada uma tens~ao (VHEATER = 12 V) no aquecedor atrav¶es do conversor DC/DC (Step-Up). O controlo ¶e feito activando o trans¶‡stor Q1 durante 8 s e desligando-o durante 7200 s. A precis~ao de q’ na Eq. (3.1) ¶e importante para a ~ E IMPLEMENTAC ~ CAP¶ITULO 4. CONCEPC » AO » AO 42 determina»c~ao do ¢T . A pot^encia dissipada por unidade de comprimento da agulha do aquecedor, q’, ¶e calculado por, q 0 = Ih2 Rm (4.1) onde Ih ¶e a corrente que passa pelo aquecedor e Rm ¶e a resist^encia por unidade de comprimento do aquecedor. Se os valores de Ih e de Rm forem exactos, este c¶alculo d¶a um valor exacto para q’. Isto requer uma medi»ca~o da tens~ao atrav¶es da medi»ca~o da queda de tens~ao, VRSEN S , na resist^encia de precis~ao, RSENS , (Fig. 4.9 (a)). A queda de tens~ao, em conjunto com a resist^encia de precis~ao, de valor conhecido, ¶e utilizada para calcular a corrente Ih no circuito do aquecedor (Ih = VRSENS =RSENS ). Para a protec»ca~o do aquecedor, ¶e utilizado um term¶‡stor colocado no interior da agulha, excitado por uma corrente que percorre uma resist^encia em s¶erie, RREF , gerando uma tens~ao proporcional a temperatura, aplicada a uma ADC1 do microcontrolador (Fig. 4.9 (b)). A tens~ao resultante assegura que o aquecedor n~ao atinja temperaturas elevadas permitindo deste modo deslig¶a-lo evitando que este se queime. (a) (b) Figura 4.9 { Controlo do aquecedor ~ ANALOGICO-DIGITAL ¶ 4.5. CONVERSAO 4.5 43 Convers~ ao anal¶ ogico-digital O processamento local de informa»c~ao proveniente de sensores leva a que os circuitos ¶ a capade interface sejam uma componente fundamental de um sistema integrado. E cidade de processamento de sinal on-chip que confere a este tipo de sistemas as suas vantagens. Os conversores anal¶ogico-digital s~ao deste modo estruturas essenciais no processamento de sinal. Este sub-cap¶‡tulo ¶e dedicado ao processo de convers~ao anal¶ogico-digital (A/D) onde ¶e tamb¶em justiflcada a escolha da arquitectura A/D inclu¶‡da na sonda multi-funcional. A escolha de uma determinada arquitectura de convers~ao A/D ¶e condicionada por alguns par^ametros que se relacionam com o tipo de aplica»c~ao, o tipo de sinais de entrada e a presen»ca de outros circuitos no mesmo sistema. Resolu»ca~o, precis~ao, velocidade de convers~ao, largura de banda, n¶‡veis de ru¶‡do e consumo s~ao algumas caracter¶‡sticas que t^em de ser equacionadas e cujo compromisso condiciona a escolha de uma determinada arquitectura de convers~ao A/D. A op»c~ao por um conversor A/D ¢§ deve-se ao facto de trocarem resolu»ca~o no tempo por resolu»ca~o em amplitude. A combina»c~ao da t¶ecnica de modula»ca~o de ru¶‡do com uma amostragem a uma frequ^encia muito superior a frequ^encia de Nyquist permite a obten»c~ao de conversores A/D que apresentam uma elevada insensibilidade as n~aoidealidades dos seus componentes e ao ru¶‡do de substrato, a custa de uma maior utiliza»ca~o de circuitos digitais r¶apidos [1]. A utiliza»c~ao dos sensores propostos na monitoriza»c~ao da temperatura do solo ¶e a t¶‡pica aplica»ca~o onde as t¶ecnicas de modula»ca~o ¢§ s~ao particularmente vantajosas, tendo em considera»c~ao a reduzida largura de banda dos sinais a serem convertidos. O MCP3421 ¶e um conversor A/D ¢§ de elevada precis~ao e baixo ru¶‡do, com entradas diferenciais com uma resolu»c~ao at¶e 18 bits num pequeno circuito integrado SOT23 ¡ 6. A tens~ao de refer^encia interna de 2,048 V permite uma tens~ao de entrada diferencial de § 2; 048 V (¢V = 4; 096 V). O dispositivo usa o protocolo I2 C compat¶‡vel com interface s¶erie e funciona com uma alimenta»ca~o de 2,7 V a 5,5 V. O ~ E IMPLEMENTAC ~ CAP¶ITULO 4. CONCEPC » AO » AO 44 MCP3421 executa a convers~ao em taxas de 3,75, 15, 60 ou 240 amostras por segundo (SPS) dependendo da conflgura»c~ao de controlo de bits usando as duas liga»co~es interface s¶erie, I2 C. O dispositivo tem um ampliflcador interno program¶avel (PGA) com ganhos de £1, £2, £4 e £8 que podem ser seleccionados antes da convers~ao anal¶ogico para digital. Isto permite que o MCP3421 possa converter um pequeno sinal de entrada com uma resolu»c~ao elevada. O dispositivo tem dois modos de convers~ao: modo cont¶‡nuo e modo one-shot. No modo one-shot o dispositivo entra num modo autom¶atico de corrente auxiliar m¶‡nima depois de uma convers~ao, reduzindo assim a corrente de consumo durante per¶‡odos inactivos. O MCP3421 pode ser usado para a convers~ao anal¶ogico-digital de diversas aplica»co~es com elevada precis~ao, onde a constitui»ca~o simples, baixo consumo e tamanho pequeno s~ao as suas considera»c~oes mais relevantes. Na flgura 4.10 est¶a ilustrado o diagrama de blocos do conversor A/D ¢§ implementado na sonda multi-funcional. Figura 4.10 { Diagrama de blocos do MCP3421. 4.6 Condutividade Para isolar os sinais de entrada dos el¶ectrodos do Wenner array para a medi»ca~o da tens~ao ¶e usado o OPA4336 (Fig. 4.11). O OPA4336 ¶e um ampliflcador operacional CMOS microPower single-supply que permite uma alimenta»ca~o t~ao baixa quanto 2,1 V. Al¶em do tamanho pequeno e do baixo consumo de energia (20 „A=ampliflcador), ¶ ~ E GESTAO ~ DE ENERGIA 4.7. MODULO DE ALIMENTAC » AO 45 tem uma tens~ao baixa de ofiset (125 „V) e uma corrente de polariza»c~ao de entrada muito baixa (1 pA). Figura 4.11 { Diagrama de blocos do OPA4336. 4.7 M¶ odulo de alimenta»c~ ao e gest~ ao de energia Para alimentar todo o sistema a partir da bateria s~ao necess¶arios alguns cuidados, pois a eflci^encia de convers~ao da tens~ao da bateria para valores adequados aos circuitos a jusante condiciona a autonomia do sistema. Por forma a aumentar a eflci^encia do circuito de alimenta»ca~o e o tempo durante o qual a bateria ¶e capaz de manter a tens~ao necess¶aria ao funcionamento do sistema, torna-se necess¶ario utilizar conversores DC-DC. O sistema de alimenta»c~ao da sonda multi-funcional proposta ¶e constitu¶‡do por 3 c¶elulas de NiCd (3 AA £ 1; 4 V) recarreg¶aveis pelo painel solar que fornece uma pot^encia m¶axima de 0,5 W. A tens~ao em vazio do painel solar ¶e de 4,6 V e a corrente de curto-circuito ¶e de 160 mA. As c¶elulas fotovoltaicas utilizadas na constru»c~ao do painel solar s~ao de sil¶‡cio policristalino de alta eflc¶acia e o encapsulamento ¶e de EVA (acetato de vinil-etileno). A alta eflc¶acia destes pain¶eis permite o seu funcionamento com a maior parte das condi»c~oes atmosf¶ericas diurnas. Todas as especiflca»co~es foram testadas sob as condi»co~es de teste standard (STC), pelas quais o painel foi exposto a uma ilumina»c~ao de 1 KW=m2 (1 sun) e a uma temperatura de 25 – C. Para fornecer a tens~ao pretendida ao aquecedor (12 V) ¶e usado um step-up enquanto ¶ usado que para a alimenta»ca~o dos restantes m¶odulos ¶e usado um step-down. E ~ E IMPLEMENTAC ~ CAP¶ITULO 4. CONCEPC » AO » AO 46 um controlador de carga para gerir eflcientemente a energia acumulada atrav¶es do carregador solar para recarregar a bateria, e uma tens~ao de refer^encia que ¶e utilizada para alimentar os sensores atrav¶es de uma tens~ao constante. O diagrama de blocos funcional do m¶odulo de gest~ao de energia est¶a ilustrado na flgura 4.12. A seguinte sec»ca~o ¶e dedicada aos conversores DC-DC onde s~ao justiflcados os c¶alculos para o funcionamento dos mesmos. Figura 4.12 { Diagrama funcional do m¶odulo de gest~ao de energia. 4.7.1 Conversores DC-DC Step-Up Para fornecer a tens~ao para o pulso de calor foi escolhido o step-up da MAXIM (MAX8715). O MAX8715 tem um desempenho elevado (at¶e 1,2 MHz), modula»ca~o por largura de impulso (PWM) constru¶‡do com circuitos 0,21 ›/0,15 › n-channel MOSFET para fornecer um regulador altamente eflciente com resposta r¶apida. A frequ^encia de comuta»ca~o elevada (640 KHz ou 1,2 MHz seleccion¶avel) permite uma flltragem f¶acil e um alto desempenho do ciclo de convers~ao. Um pino de compensa»ca~o externo fornece a exibilidade em determinar a din^amica do ciclo, permitindo o uso de pequenos condensadores cer^amicos, com um baixo ESR (Equivalent-SeriesResistance, Resist^encia em S¶erie Equivalente). O dispositivo pode fornecer uma ¶ ~ E GESTAO ~ DE ENERGIA 4.7. MODULO DE ALIMENTAC » AO 47 tens~ao de sa¶‡da t~ao alta quanto 12 V, para um tens~ao de entrada t~ao baixa quanto 2,6 V. O soft-start ¶e programado com um condensador externo, que ajusta o valor de pico da corrente de arranque. Deste modo ¶e limitada a corrente de arranque poupando assim energia. No modo desligado a corrente de consumo ¶e reduzida para 0; 1 „A. O MAX8715 ¶e disponibilizado num circuito integrado ultra-pequeno 8-Pin „M AX Dimensionamento A frequ^encia do MAX8715 pode ser seleccionada para funcionar nos 640 KHz ou 1,2 MHz. Para permitir o uso de componentes externos pequenos e para obter um ru¶‡do m¶‡nimo na sa¶‡da a frequ^encia de funcionamento escolhida ¶e de 1,2 MHz. O condensador para o soft-start deve ser o suflciente (2,2 nF) para que o conversor n~ao atinja o valor m¶aximo antes da regula»ca~o da tens~ao de sa¶‡da. O valor m¶‡nimo da indut^ancia, o valor da corrente de pico, e a resist^encia em s¶erie s~ao factores a considerar na selec»c~ao da bobine. Estes factores in uenciam a eflci^encia do conversor, a pot^encia m¶axima da carga de sa¶‡da, o tempo da resposta transit¶oria bem como a tens~ao de ripple. As equa»c~oes usadas incluem uma constante, LIR, que relaciona a corrente de ripple com a corrente m¶edia da bobine. No melhores dos casos a rela»ca~o entre o tamanho da bobine e a eflci^encia de um step-up geralmente tem um LIR entre 0,3 e 0,5. Utilizando a tens~ao t¶‡pica de entrada VIN (4; 2 V), a corrente m¶axima de sa¶‡da IMAIN(max) (600 mA), a eflci^encia prevista baseada na curva t¶‡pica de opera»ca~o ·typ (85 %) e uma estimativa da constante LIR, o c¶alculo do valor aproximado da bobine ¶e dado por: L = = VIN ¶2 VMAIN 4; 2 V 12 V ¶2 = 2; 26 „H VMAIN ¡ VIN IMAIN;max £ fosc ¶‡ 12 V ¡ 4; 2 V 600 mA £ 1; 2 MHz · · LIR ¶ 0; 85 0; 5 (4.2) ¶ ~ E IMPLEMENTAC ~ CAP¶ITULO 4. CONCEPC » AO » AO 48 C¶alculo do corrente m¶axima de entrada DC para a tens~ao de entrada m¶‡nima, IIN(DC;max) , onde VIN;(min) ¶e a tens~ao de entrada m¶‡nima, VMAIN ¶e a tens~ao de sa¶‡da e ·min representa a eflci^encia m¶‡nima esperada ¶e dado por: IINDC;max = = IMAIN;max £ VMAIN VIN;min £ ·min (4.3) 600 mA £ 12 V 3; 8 V £ 0; 8 ’ 2A A corrente de ripple para este ponto de funcionamento e a corrente de pico necess¶aria para a bobine ¶e determinada por: IRIPPLE = = VIN;min £ (VMAIN ¡ VIN;min ) L £ VMAIN £ fosc (4.4) 3; 8 V £ (12 V ¡ 3; 8 V) 2; 26 „H £ 12 V £ 1; 2 MHz ’ 957 mA IPEAK = IINDC;max + = 2 A+ IRIPPLE 2 (4.5) 957 mA 2 = 2; 5 A Para controlar a tens~ao de sa¶‡da foi escolhido um d¶‡odo de schottky. Para flltrar a tens~ao de sa¶‡da, foi dimensionado um condensador de baixo ESR (Equivalent Series Resistor), atrav¶es da f¶ormula: ¶ ~ E GESTAO ~ DE ENERGIA 4.7. MODULO DE ALIMENTAC » AO C ‚ 2 0; 5 £ L £ (IPK ) VRIPPLE £ VOUT 49 (4.6) 0; 5 £ 2; 26 „H £ (2; 52 A) ‚ 200 mV £ 12 V ‚ 2; 94 „F O MAX8715 funciona com uma sa¶‡da ajust¶avel desde VIN at¶e 13 V. Para controlar a tens~ao pretendida a sa¶‡da do conversor para o pulso de calor, ¶e usado uma DAC do microcontrolador. Tabela 4.1 { Tens~oes da DAC para controlar a tens~ao pretendida para o pulso de calor. V V 2; 4 V 5V 2; 05 V 6V 1; 71 V 7V 1; 36 V 8V 1; 02 V 9V 0; 67 V 10 V 0; 33 V 11 V 0V 12 V O dimensionamento das resist^encias R1 e R3 , onde VDAC ¶e a tens~ao a sa¶‡da da DAC e VFB ¶e 1,24 V e como a corrente de amostragem em FB ¶e tipicamente 0, R2 pode ter uma valor at¶e 100 K›, ¶e dado por: Quando VDAC = 2; 4 V ) VOUT = 5 V, ~ E IMPLEMENTAC ~ CAP¶ITULO 4. CONCEPC » AO » AO 50 VDAC ¡ VFB VFB VFB ¡ VOUT = + R3 R2 R1 (4.7) 2; 4 V ¡ 1; 2 V 1; 2 V 1; 2 V ¡ 5 V = + R3 100 K› R1 R1 = R3 £ 317 K› R3 ¡ 100 K› Quando VDAC = 0 V ) VOUT = 12 V, VFB = 1; 2 V = R3 ==R2 £ VOUT (R3 ==R2 ) + R1 (4.8) R3 ==100 K› £ 12 V (R3 ==100 K›) + R1 Substituindo R1 determinado na equa»c~ao 4.7, R3 … 209 K› Substituindo R3 na equa»ca~o 4.7, R1 … 607 K› A tens~ao de feedback necessita de uma compensa»ca~o apropriada para prevenir um ripple excessivo na sa¶‡da e uma fraca eflci^encia causada pela instabilidade. Isto pode ser feito ligando uma resist^encia, RCOMP , e um condensador, CCOMP em s¶erie do pino COMP ao GND, onde VIN ¶e a tens~ao de entrada, VOUT ¶e a tens~ao de sa¶‡da, COUT ¶e o condensador de flltragem da sa¶‡da e IOUT ¶e a corrente pretendida de sa¶‡da: ¶ ~ E GESTAO ~ DE ENERGIA 4.7. MODULO DE ALIMENTAC » AO RCOMP = (274 ›=A2 ) £ VIN £ VOUT £ 51 COUT L £ IOUT = (274 ›=A2 ) £ 4; 2 V £ 12 V £ (4.9) 2; 94 „F 2; 26 „H £ 600 mA ’ 30 K› CCOMP = 0; 36 £ 10¡3 A=› £ = 0; 36 £ 10¡3 A=› £ L VIN (4.10) 2; 26 „H 4; 2 V = 194 pF Na flgura 4.13 est¶a representado o circuito t¶‡pico de funcionamento do conversor DC-DC MAX8715. Figura 4.13 { Conflgura»c~ao do conversor DC-DC Step-Up MAX8715. ~ E IMPLEMENTAC ~ CAP¶ITULO 4. CONCEPC » AO » AO 52 Step-Down A redu»c~ao da tens~ao para a alimenta»c~ao dos m¶odulos do sistema ¶e feito com um step-down da MAXIM (MAX1921). O conversor MAX1921 garante 400 mA para uma sa¶‡da t~ao baixa quanto 1,25 V. Estes conversores usam um esquema pr¶oprio de controlo de corrente conseguindo assim uma eflci^encia superior a 90 %. Este dispositivo mant¶em uma fonte de corrente inactiva extremamente baixa (50 „A) e a sua frequ^encia m¶axima de funcionamento, 1,2 MHz, permitem o uso externo de componentes pequenos e de baixo custo. Esta combina»c~ao faz do MAX1921 uma alternativa excelente de eflci^encia elevada para reguladores lineares em aplica»c~oes de espa»co conflnado. O MAX1921 ¶e disponibilizado num circuito integrado ultrapequeno 6-Pin SOT23. Dimensionamento O MAX1921 tem controlo pr¶oprio de limita»ca~o de corrente para assegurar uma eflci^encia elevada, resposta transit¶oria r¶apida e pequenos componentes externos. O rectiflcador s¶‡ncrono interno elimina a necessidade de um d¶‡odo de schottky externo. A frequ^encia de funcionamento do MAX1921 ¶e de 1,2 MHz e no modo desligado a corrente de consumo ¶e de 0; 1 „A. O conversor tem um circuito interno que limita a corrente de arranque reduzindo os transit¶orios na tens~ao de entrada. Para calcular o valor m¶‡nimo da bobine, s~ao necess¶arios fazer alguns c¶alculos. Primeiro calcular o valor m¶aximo do ciclo de trabalho (duty cycle) para esta aplica»c~ao, em que VOUT ¶e a tens~ao de sa¶‡da e VINmin ¶e a tens~ao m¶‡nima de entrada: DutyCycleMAX = VOUT £ 100 % VIN;min = 3; 3 V £ 100 % 3; 8 V = 86; 8 % (4.11) ¶ ~ E GESTAO ~ DE ENERGIA 4.7. MODULO DE ALIMENTAC » AO 53 Segundo, calcular a tens~ao critica na bobine. Se o duty cycle for menor que 50 %: VCRITICAL = (VIN;min ¡ VOUT ) (4.12) Se o duty cycle for maior que 50 % ent~ao: VCRITICAL = VOUT = 3; 3 V (4.13) Por flm, calcular o valor m¶‡nimo da bobine: LMIN = 2; 5 £ 10¡6 £ VCRITICAL (4.14) = 2; 5 £ 10¡6 £ 3; 3 V = 8; 25 „H Para quase todas as aplica»co~es o condensador de entrada pode ser t~ao pequeno quanto 2; 2 „F. O condensador na entrada flltra a corrente de pico e o ru¶‡do da tens~ao de entrada e por esta raz~ao ¶e necess¶ario conhecer os requisitos do ripple de entrada e o valor da tens~ao. O c¶alculo da corrente IIN;RMS m¶axima de entrada, onde VIN ¶e a tens~ao m¶axima de entrada, VOUT ¶e a tens~ao m¶axima de sa¶‡da e IOUTmax ¶e a corrente m¶axima de sa¶‡da, ¶e dado por: p IIN;RMS = IOUT;max £ VOUT (VIN ¡ VOUT ) VIN (4.15) p = 400 £ 10¡3 £ 3; 3 V(4; 2 V ¡ 3; 3 V) 4; 2 V = 164 mA O condensador de sa¶‡da, COUT , pode ser cer^amico ou de t^antalo dependendo do circuito de aplica»ca~o pretendido. Para esta aplica»ca~o foi seleccionado um condensador ~ E IMPLEMENTAC ~ CAP¶ITULO 4. CONCEPC » AO » AO 54 de t^antalo. Com um condensador de t^antalo, COUT , a resist^encia em s¶erie equivalente, ESR, de COUT tem que ser o suflciente grande para uma boa estabilidade: ESRCOUT;min = 8; 0 £ 10¡2 £ VOUT (4.16) = 8; 0 £ 10¡2 £ 3; 3 V = 264 £ 10¡3 › O valor m¶‡nimo do condensador, COUT , onde o factor multiplicativo 1; 25, ¶e a toler^ancia do condensador, ¶e dado por: COUT;min = 1; 25 £ = 1; 25 £ L £ IOUT;max ESRCOUT;min £ VCRITICALL 8; 25 „H £ 400 mA 264 £ 10¡3 £ 3; 3 V = 4; 5 „F Na flgura 4.14 est¶a representado o esquema do conversor DC-DC MAX1921. Figura 4.14 { Conflgura»c~ao do conversor DC-DC Step-Down MAX1921. (4.17) ¶ ~ E GESTAO ~ DE ENERGIA 4.7. MODULO DE ALIMENTAC » AO 4.7.2 55 Tens~ ao de refer^ encia Al¶em da alimenta»ca~o principal de 3,3 V, ¶e utilizada uma tens~ao de refer^encia de precis~ao, o LM4128 (Fig. 4.15), para a alimenta»ca~o dos sensores atrav¶es de uma tens~ao constante de 3 V. O LM4128 apresenta um baixo consumo de energia (60 „A e 3 „A no modo desligado) e um pino de Enable permitindo desta forma ligar e desligar o dispositivo para controlo. O LM4128 t^em uma precis~ao de 0,1 % garantindo um coeflciente de temperatura de 75 ppm/– C. Figura 4.15 { Conflgura»c~ao do LM4128. 4.7.3 Controlador de carga Dada a fonte de energia utilizada, dotou-se a sonda multi-funcional com um controlador de carga da bateria e implementaram-se algumas t¶ecnicas para gerir eflcientemente a energia acumulada. O circuito de carga utiliza a tens~ao proveniente do painel solar e utiliza essa tens~ao para carregar a bateria. O diagrama de blocos funcionais do controlador de carga est¶a ilustrado na flgura 4.16. O controlador de carga ¶e constitu¶‡do por um conversor DC/DC, (step-up MAX856) e por dois comparadores (MAX982) com histerese (Comp1 e Comp2). O circuito de carga ¶e baseado numa tens~ao de carga de 3,3 V, ¶e utilizado um conversor DC/DC step-up para evitar a descarga da bateria uma vez que a tens~ao no painel solar ¶e inferior a tens~ao na bateria (4,2 V). De referir que o consumo t¶‡pico do MAX982 ¶e cerca de 25 „A podendo-se obter rendimentos na ordem do 85 %. O comparador, Comp1, controla o pino de Shutdown do conversor. O conversor est¶a no modo ~ E IMPLEMENTAC ~ CAP¶ITULO 4. CONCEPC » AO » AO 56 Shutdown, durante o tempo enquanto a tens~ao de carga do condensador (C1) for mais baixa que a tens~ao de carga do painel solar. Quando a tens~ao do condensador (C1) atinge a tens~ao de carga do painel solar, o conversor ¶e activado at¶e a tens~ao do condensador (C1) atingir o limite mais baixo da faixa de histerese do comparador. O comparador, Comp2, ¶e utilizado para monitorizar a tens~ao de sa¶‡da, inibindo a transfer^encia de carga quando a tens~ao atinge um limite elevado e permitir a carga quando a tens~ao atinge um limite baixo pr¶e-determinado. Figura 4.16 { Controlador de carga da bateria. 4.7.4 Redu»c~ ao de consumo Um dos problemas que efectivamente existia na sonda proposta por Valente et al. era o consumo energ¶etico. Como tal foram tecidas algumas considera»co~es para ultrapassar esta diflculdade neste trabalho, uma vez que se trata de uma sonda multi-funcional de ^ambito comercial, que dever¶a ser ent~ao, o mais aut¶onoma poss¶‡vel. O consumo m¶edio da sonda multi-funcional pode ser reduzido com a diminui»ca~o do aquecimento do aquecedor aplicando um pulso de tens~ao de 9 V. Isto ¶e poss¶‡vel com o aumento da resist^encia do aquecedor e devido a elevada resolu»c~ao das ADC ¢§ utilizadas neste trabalho que permitem uma aquisi»c~ao e processamento eflciente dos dados. Neste sistema, ¶e utilizado um novo e robusto algoritmo que calcula todas as propriedades do solo on-line. Esta nova abordagem permite economizar energia, ¶ ~ E GESTAO ~ DE ENERGIA 4.7. MODULO DE ALIMENTAC » AO 57 uma vez que reduz o tempo de transmiss~ao de dados. A selec»ca~o dos dispositivos electr¶onicos que comp~oem todo sistema tamb¶em foram considerados em rela»ca~o ao consumo energ¶etico de cada um de forma a minorar os gastos de energia (Tab. 4.2). No cap¶‡tulo 5 ser¶a feito um estudo energ¶etico da sonda multi-funcional. Tabela 4.2 { Tabela dos consumos te¶oricos dos dispositivos. Dispositivo Modo activo Modo desactivo Microcontrolador(JN5139) T X ¡ 37 mA 2; 8 „A RX ¡ 37 mA Step-Up (MAX8715) ’ 130 mA1 0; 1 „A Step-Up (MAX856) 25 „A 1 „A Step-Down (MAX1921) 50 „A 0; 1 „A ADC (MCP3421) 145 „A 0; 1 „A AMPOP (OPA4336) 80 „A ¡¡ AMPOP (MAX982) 4 „A ¡¡ Tens~ ao de refer^encia (LM4128) 60 „A 3 „A 1 Consumo estimado durante o pulso de calor 5 Resultados Experimentais e Discuss~ao Neste cap¶‡tulo, apresentam-se os resultados obtidos durante os testes e medidas efectuadas com o prot¶otipo, flnalizando-se com a sua discuss~ao. Para caracterizar o prot¶otipo da sonda multi-funcional foram desenhados os circuitos impressos onde foram colocados todos os componentes passivos, conversores DC-DC, tens~ao de refer^encia, as ADC ¢§, os AMPOP e o microcontrolador (Fig. 5.1). As placas de circuito impresso foram fabricadas na OLIMEX-Bulg¶aria. A sonda multi-funcional foi caracterizada pela avalia»c~ao do pulso de calor, para determinar as propriedades t¶ermicas do solo, do Wenner array para a medi»ca~o da condutividade el¶ectrica, da transmiss~ao de dados via RF, autonomia e consumo. Numa primeira fase foram realizados ensaios com a sonda multi-funcional, em laborat¶orio na Universidade de Tr¶as-os-Montes e Alto Douro, de todos os blocos de medi»ca~o bem como da transmiss~ao de dados. Numa fase posterior, os testes flnais foram realizados na Universidade da Calif¶ornia na cidade de Davis (EUA) no departamento de solos e hidrologia com a supervis~ao e ajuda dos professores Jan Hopmans e Atac Tuli. 59 ~ CAP¶ITULO 5. RESULTADOS EXPERIMENTAIS E DISCUSSAO 60 (a) (b) Figura 5.1 { Fotograflas da constitui»c~ao da sonda multi-funcional, (a)- Unidade principal , (b)- Sonda. 5.1 Calibra»c~ ao do espa»camento dos sensores Kluitenberg et al. [41] apontou que as mudan»cas de temperatura medidas s~ao altamente sens¶‡veis as dist^ancias efectivas do espa»camento, ref f , entre a agulha do aquecedor e cada um dos term¶‡stors. Assim, a calibra»c~ao da dist^ancia efectiva ¶e crucial para medi»c~oes exactas. A calibra»c~ao foi feita introduzindo a sonda num gel que foi feito a partir de uma solu»c~ao de agar com 4 g L¡1 (Fig. 5.2). O agar tem propriedades t¶ermicas iguais as da ¶agua, contudo n~ao cria a convec»ca~o de calor como ocorreria aquecendo a ¶agua em estado liquido [6]. A medi»ca~o da resposta da temperatura na solu»ca~o de agar foi usada para calibrar a dist^ancia do espa»camento do sensor para cada term¶‡stor fazendo uma aproxima»ca~o n~ao-linear a curva da temperatura atrav¶es da Eq. 3.1 usando valores conhecidos da capacidade volum¶etrica de calor (4174 kJ m¡3 K) e da difusibilidade t¶ermica (1; 436 £ 10¡7 m2 s¡1 ) da ¶agua. A flgura 5.3 representa a resposta da temperatura em fun»ca~o do tempo efectuada na solu»c~ao de agar para um dos term¶‡stors. Neste procedimento da optimiza»ca~o n~aolinear, os res¶‡duos entre dados medidos e previstos da temperatura foram minimizados. A rela»c~ao entre os dados medidos e a aproxima»ca~o n~ao-linear ¶e razoavelmente bom, mas alguns pequenos desvios ocorreram na cauda das curvas da resposta da temperatura. Em parte, os desvios maiores nas caudas s~ao causados pela grande ~ DO ESPAC 5.1. CALIBRAC » AO » AMENTO DOS SENSORES 61 Figura 5.2 { Fotografla do m¶etodo de calibra»c~ao na solu»c~ao de agar. capacidade de calor da solu»ca~o de agar, exigindo assim tempos longos da medi»c~ao. As pequenas varia»c~oes das propriedades do solo podem consequentemente mudar as respostas previstas da temperatura, como determinado pela Eq. 3.1. Embora seja crucial saber exactamente o espa»camento entre as agulhas que cont^em o aquecedor e os term¶‡stors para as medi»co~es das propriedades t¶ermicas do solo [14], os impactos do erro no espa»camento entre agulhas nas medi»co~es de condutividade el¶ectrica n~ao s~ao t~ao cr¶‡ticos. A principal exig^encia ¶e que as agulhas devem ser paralelas. Figura 5.3 { Medi»c~ao da resposta em temperatura para a determina»c~ao de refi na solu»c~ao de agar. ~ CAP¶ITULO 5. RESULTADOS EXPERIMENTAIS E DISCUSSAO 62 Sob condi»co~es deste pulso em fun»ca~o do tempo foi desenvolvido um algoritmo para determinar o espa»camento entre os el¶ectrodos. Os valores da aproxima»ca~o n~ao-linear da dist^ancia efectiva do espa»camento, refi , para todos os term¶‡stors s~ao apresentados nas tabelas 5.1 e 5.2 com a aplica»c~ao do pulso de calor a 9 V e 12 V. Os valores de ref f para os dois term¶‡stors variam entre 0,00555 e 0,00558 m (5,55 e 5,58 mil¶‡metros), visto que as dist^ancias f¶‡sicas medidas entre a agulha do aquecedor e as agulhas dos term¶‡stor est~ao entre 0,0058 e 0,00594 m (5,80 e 5,94 mil¶‡metros). As diferen»cas entre as dist^ancias previstas e efectivas s~ao causadas provavelmente pelos erros introduzidos por: (i) concep»ca~o da agulha do aquecedor e dos term¶‡stors, tais como a varia»c~ao da dist^ancia real dos term¶‡stors, do aquecedor e das diferen»cas das propriedades t¶ermicas do material do aquecedor e do term¶‡stor, (ii) a resist^encia de contacto entre os sensores e o agar circunvizinho, e (iii) na exactid~ao do pulso de calor, q’. Tabela 5.1 { Calibra»c~ao do espa»camento efectivos das agulhas para o pulso de calor com 9 V. Sensor 1 2 Medido r (m) 0;00587 0;00594 r (m) 0;00555 0;00557 Tabela 5.2 { Calibra»c~ao do espa»camento efectivos das agulhas para o pulso de calor com 12 V. Sensor 1 2 5.2 Medido r (m) 0;00587 0;00594 r (m) 0; 00558 0; 00556 Teste do pulso de calor Para o teste do sensor em estudo utilizaram-se dois tipos de solos: arenoso, Tottori e argila-arenoso, Columbia. As principais caracter¶‡sticas destes solos s~ao descritos na sec»c~ao seguinte. 5.2. TESTE DO PULSO DE CALOR 63 Para homogeneizar e uniformizar o teor de ¶agua por toda a amostra houve a necessidade de misturar, cuidadosamente, com a ajuda de uma esp¶atula, a ¶agua com o solo. Terminado este procedimento, ¶e colocado, em cada um dos recipientes, a sonda implementada procedendo-se a recolha dos dados durante, aproximadamente, uma hora e vinte minutos por cada conte¶ udo de ¶agua no solo. Durante este intervalo de tempo s~ao efectuados cerca de quatro pulsos de calor, dois pulsos a 9 V e os outros dois a 12 V, em intervalos de vinte minutos de modo a garantir a dissipa»c~ao do calor para n~ao in uenciar as medi»co~es. 5.2.1 Descri»c~ ao dos solos Um solo pode deflnir-se como um conjunto heterog¶eneo de fragmentos de mat¶eria inorg^anica, de v¶arias dimens~oes e diferentes composi»c~oes mineral¶ogicas, bem como de mat¶eria org^anica, ar e ¶agua. O solo Tottori permite uma satura»c~ao e uma drenagem r¶apida para uma larga escala de teor de ¶agua uma vez que se trata de um solo arenosos e possui um teor de areia superior a 70 %. Tamb¶em possui argila e outros compostos em menor percentagem. Nos solos arenosos as plantas e microrganismos vivem com mais diflculdade, devido a pouca humidade. Estes tipos de solos s~ao bastantes perme¶aveis, isto ¶e, os gr~aos de areia s~ao maiores e t^em mais espa»co entre si facilitando a passagem da ¶agua. O solo Columbia ¶e composto por areia (40 %), argila (40 %) e silte (20 %). Os gr~aos de argila s~ao menores e muito pr¶oximos uns dos outros diflcultando a passagem da ¶agua. Este tipo de solo possui baixa permeabilidade e alta capacidade de reten»c~ao de ¶agua e geralmente cont^em mais nutrientes e h¶ umus do que os solos arenosos. Este tipo de solo ¶e considerado ideal para utiliza»ca~o agr¶‡cola. Durante as medi»c~oes do pulso de calor, as amostras de solo foram mantidas num ambiente com a temperatura entre 20 o C a 25 o C. ~ CAP¶ITULO 5. RESULTADOS EXPERIMENTAIS E DISCUSSAO 64 5.2.2 Procedimentos Para efectuar os testes utilizaram-se dois recipientes de volume conhecido, um para a medi»ca~o da satura»ca~o dos dois tipos de solo e outro para medir a concentra»c~ao de ¶agua contida nestes. Para a medi»c~ao da satura»c~ao de cada solo em estudo (Tottori = 0; 39 cm3 cm¡1 e Columbia - = 0; 466 cm3 cm¡1 ), foi colocada uma amostra de cada um no recipiente, com a sonda posicionada verticalmente no centro da c¶elula de medi»c~ao. (Fig. 5.5(a)). Posteriormente adicionou-se a cada amostra de solo Tottori, 10 %, 20 % e 30 %, e a cada amostra de solo Columbia, 15 %, 25 % e 35 % de ¶agua correspondendo aos conte¶ udos de ¶agua no solo seco, com um erro m¶aximo de § 1 % e colocou-se no recipiente, com a sonda posicionada horizontalmente, (Fig. 5.5(b)) para medir as respectivas concentra»co~es de ¶agua contida nas amostras. (a) (b) Figura 5.4 { Fotograflas do sistema experimental de calibra»c~ao, (a) - Medi»c~ao da satura»c~ao, (b) - Medi»c~ao da concentra»c~ao. 5.2.3 Propriedades t¶ ermicas A flgura 5.5 ilustra os resultados obtidos das respostas t¶ermicas registados pelo term¶‡stor ao aplicar o pulso de calor, com 9 V e 12 V durante 8 s, nos dois tipos de solos em estudo, para teores de ¶agua no solo de 0,1, 0,2 e 0,3 m3 m¡3 (10 %, 20 5.2. TESTE DO PULSO DE CALOR 65 % e 30 %) para o solo Tottori e 0,15, 0,25 e 0,35 m3 m¡3 (15 %, 25 % e 35 %) para o solo Columbia. Como esperado, as mudan»cas na temperatura do solo diminuem conforme aumenta o teor de ¶agua e o pico da temperatura ¶e m¶aximo no mais baixo teor de ¶agua no solo. As curvas resultantes ilustram a evolu»c~ao da temperatura ao longo do tempo demonstrando que este m¶etodo ¶e, praticamente, independente do tipo de solo. Bristow et al. [42] recomendou a exclus~ao de dados para tempos maiores, porque s~ao esperados desvios em rela»ca~o ¶a teoria subjacente da curva da resposta da temperatura. (a) (b) (c) (d) Figura 5.5 { Respostas t¶ermicas para v¶arios valores de teor de ¶agua no solo, (a) - Tottori (VHEAT ER = 9V ), (b) - Tottori (VHEAT ER = 12V ), (c) - Columbia (VHEAT ER = 9V ), (d) - Columbia (VHEAT ER = 12V ). 66 5.3 ~ CAP¶ITULO 5. RESULTADOS EXPERIMENTAIS E DISCUSSAO Calibra»c~ ao da condutividade el¶ ectrica A rela»ca~o I/V, onde V ¶e o VM ¡ VN (Fig. 4.8), ¶e proporcional a condutividade el¶ectrica (EC). A constante de proporcionalidade entre o valor de I/V e a condutividade el¶ectrica depende da resist^encia e da geometria do sensor. A constante de proporcionalidade ¶e igualmente designada por constante de c¶elula de Wenner array. Esta constante ¶e determinada pela calibra»ca~o utilizando valores conhecidos de EC de uma s¶erie de concentra»c~oes de solu»co~es numa temperatura de refer^encia conhecida (23o C). Para a calibra»ca~o da EC foram preparadas e utilizadas solu»c~oes de cloreto de c¶alcio (CaCl2 ) (Fig. 5.6) com concentra»co~es de 0,01 M, 0,03 M, 0,06 M e 0,1 M por L¡1 com uma escala de valores correspondente ao volume de condutividade el¶ectrica de 2,28, 6,64, 11,72 e 18; 64 mS cm¡1 . As curvas lineares de calibra»c~ao resultantes est~ao ilustradas na Fig. 5.7. A aproxima»ca~o do declive da linha de regress~ao linear correspondeu a uma constante de c¶elula de 2; 3108 cm¡1 . Figura 5.6 { Fotografla do m¶etodo de calibra»c~ao da condutividade el¶ectrica. ~ DA CONDUTIVIDADE ELECTRICA ¶ 5.3. CALIBRAC » AO 67 Figura 5.7 { Calibra»c~ao da condutividade el¶ectrica. An¶ alise da medi»c~ ao da EC Ap¶os a elabora»c~ao de um estudo qualitativo e quantitativo dos resultados obtidos chegou-se a conclus~ao que na medi»ca~o da condutividade el¶ectrica (EC) registaram-se in u^encias na medi»c~ao desta. A precis~ao das medi»c~oes da EC pode ser in uenciada pelos seguintes factores: (i) polariza»ca~o; (ii) contamina»co~es das superf¶‡cies dos el¶ectrodos; (iii) efeito-campo; (iv) efeito da temperatura. A polariza»c~ao ocorre quando a corrente el¶ectrica que passa nos el¶ectrodos na solu»ca~o, provoca uma acumula»ca~o de i~oes junto ao el¶ectrodo e reac»c~oes qu¶‡micas na superf¶‡cie (Fig. 5.8). Desta forma, surge uma resist^encia de polariza»ca~o na superf¶‡cie do el¶ectrodo, que pode levar a resultados errados, pois ¶e um componente parasita para a resist^encia da solu»ca~o. Figura 5.8 { Acumula»c~ao de i~oes na superf¶‡cie do el¶ectrodo. 68 ~ CAP¶ITULO 5. RESULTADOS EXPERIMENTAIS E DISCUSSAO Estes efeitos da polariza»c~ao podem ser reduzidos ou evitados, aplicando uma corrente alternada, ao inv¶es de um pulso de tens~ao, ou seja, a corrente ui atrav¶es da capacidade da camada (Cel) dos el¶ectrodos em vez de acumular uma queda de tens~ao atrav¶es da superf¶‡cie do el¶ectrodo devido a resist^encia da solu»ca~o (Rsol). A resist^encia do el¶ectrodo (Rel) ¶e ent~ao muito menor do que a resist^encia da solu»c~ao (Fig. 5.9). Figura 5.9 { Resist^encia de polariza»c~ao. Contamina»co~es ou res¶‡duos na superf¶‡cie dos el¶ectrodos tamb¶em in uenciam na medi»c~ao da EC, tendo um efeito semelhante aos erros de polariza»c~ao. Erros causados pelo efeito-campo tamb¶em podem estar presentes na medi»ca~o da EC, isto ¶e, as linhas de campo podem ser afectas, se durante a medi»ca~o algo interferir com estas, como por exemplo as paredes laterais do recipiente que continha a solu»ca~o. Os testes da medi»ca~o da EC efectuaram-se numa temperatura praticamente constante, no entanto podem ter ocorrido durante alguns ensaios varia»c~oes desta e uma vez que a EC ¶e in uenciada pela temperatura, se a temperatura aumenta, a EC tamb¶em aumenta. Durante a concep»c~ao da sonda e aquando da soldadura das agulhas a placa PCB foi utilizado ¶acido clor¶‡drico e, veriflcou-se um efeito pilha entre as agulhas, devido a um efeito qu¶‡mico causado pela n~ao utiliza»ca~o de um neutralizador para o ¶acido, pelo que possa ser uma das in u^encias na medi»ca~o da condutividade el¶ectrica. 5.4. AUTONOMIA E CONSUMO 5.4 69 Autonomia e consumo Sistemas como a sonda multi-funcional alimentados por bateria e painel solar, devem estar dotados de autonomia energ¶etica adequada a aplica»ca~o em causa, assim durante a fase de projecto da sonda ¶e necess¶ario fazer algumas considera»c~oes relativamente ao seu consumo energ¶etico. ¶ fundamental ter em conta o per¶‡odo em que o painel solar n~ao fornece energia E suflciente para carregar a bateria. Factores como o consumo de energia e taxa de amostragem da sonda multi-funcional s~ao consider¶aveis durante este per¶‡odo. Deste modo a autonomia do sistema depende principalmente da capacidade da bateria. Para a realiza»ca~o dos testes ao consumo energ¶etico da sonda aplicou-se a tens~ao da bateria (4,2 V) e as medi»co~es das respectivas correntes de consumo foram obtidas atrav¶es de um mult¶‡metro de precis~ao (KEITHLEY 2000). Durante o ciclo normal de funcionamento da sonda multi-funcional, foram considerados os seus v¶arios modos de opera»ca~o para determinar os consumos que lhe est~ao associados. Este modo de funcionamento consiste na activa»ca~o de todos os dispositivos da sonda para os processos de opera»ca~o, nomeadamente o Wenner array, pulso de calor, aquisi»c~ao e transmiss~ao de dados e flnalmente ap¶os este modo de funcionamento a sonda entra no modo repouso (sleep mode) durante um per¶‡odo de tempo, at¶e \acordar" para voltar ao modo de opera»ca~o normal. Deste modo, o consumo m¶edio ¶e determinado pela rela»ca~o entre o tempo dispendido por determinada tarefa e o per¶‡odo (tempo de amostragem) multiplicado pelo consumo da respectiva tarefa. Na tabela 5.3 apresentam-se os diferentes modos de opera»c~ao e respectivos consumos tendo em vista a determina»c~ao da corrente m¶edia pedida a bateria durante um per¶‡odo de 7350 segundos (amostragem de … 2 horas). ~ CAP¶ITULO 5. RESULTADOS EXPERIMENTAIS E DISCUSSAO 70 Tabela 5.3 { Tabela da corrente m¶edia durante um per¶‡odo de 7350 s. Ligado (activa os dispositivos) 62; 08 mA 0; 0136 % 0; 0084 mA (1 s todos os 7350 s) Wenner array 10; 03 mA 0; 0014 % 0; 0001 mA (0; 1 s todos os 7350 s) Pulso de calor1 380 mA 0; 1088 % 0; 4136 mA (8 s todos os 7350 s) Aquisi»c~ ao de dados 35; 41 mA Transmitir dados 1; 84 mA 1; 6327 % 0; 5781 mA (120 s todos os 7350 s) 0; 0272 % 0; 0005 mA (2 s todos os 7350 s) Repouso ( ) 0; 83 mA 97; 9592 % 0; 7837 mA (7200 s todos os 7350 s) (1; 8139 mA 1 Pulso 4; 2 V) de calor a 9 V Atrav¶es do valor da corrente m¶edia, ¶e poss¶‡vel calcular o tempo m¶aximo que o sistema pode funcionar sem que haja necessidade de carregar a bateria bem com veriflcar se o painel solar ¶e ou n~ao adequado. Teoricamente a autonomia da bateria ¶e igual a sua capacidade de armazenamento de carga dividida pela corrente m¶edia consumida. Atrav¶es dos dados referidos na tabela 5.3, onde o tempo de amostragem utilizado foi de 7350 segundos, a bateria de 4,2 V/2100 mAh confere uma autonomia de: 2100 mAh … 1158 horas (… 48 dias) 1; 8139 mA (5.1) Na pr¶atica o sistema deixa de funcionar quando a bateria atinge cerca de 60 % da carga total, isto ¶e, ¶e a tens~ao min¶‡ma necess¶aria para os dispositivos funcionarem, que para este caso corresponde a uma autonomia de 463 horas, ou seja, aproximadamente 19 dias. O painel fotovoltaico instalado na sonda possui uma pot^encia (0,5 W) muito superior a pot^encia m¶edia consumida pelo sistema (7,62 mW). Deste modo veriflcase que este ¶e adequado para a aplica»c~ao em causa. ~ 5.5. ALCANCE DAS COMUNICAC » OES 5.5 71 Alcance das comunica»c~ oes Para determinar o alcance m¶aximo de comunica»c~oes em linha de vista da sonda multi-funcional com o coordenador ZigBee, colocou-se a sonda a v¶arias dist^ancias e realizaram-se ensaios com vista a determinar a dist^ancia a que esta deixa de comunicar com ^exito (Fig. 5.10). Ap¶os alguns testes de comunica»c~oes veriflcou-se que para dist^ancias superiores a 200 metros estas deixavam de ter sucesso, pelo que a dist^ancia entre a sonda multi-funcional e o coordenador ZigBee n~ao dever¶a ultrapassar esta dist^ancia. Outro teste realizado foi o alcance m¶aximo de comunica»co~es em campo com obst¶aculos, uma vez que numa cultura agr¶‡cola existe sempre vegeta»c~ao ou outro qualquer tipo de obst¶aculo. Efectuando o mesmo procedimento para veriflcar o alcance m¶aximo que o coordenador ZigBee e a sonda conseguiam comunicar entre eles, obteve-se uma dist^ancia m¶axima com sucesso de comunica»co~es entre estes de 155 metros. Tendo em conta o local utilizado para efectivar o teste, que se trata de um pinhal, considerado um pior caso, os resultados do alcance foram bastantes satisfat¶orios uma vez que num campo agr¶‡cola as condi»co~es de comunica»c~ao dever~ao ser melhores. Figura 5.10 { Fotografla do teste realizado ao alcance das comunica»c~ oes. 1 - Coordenador . 2 - Sonda multi-funcional em linha de vista (a - Alcance de 200 m). 3 - Sonda multi-funcional em campo com obst¶ aculos (b - Alcance de 155 m). ~ CAP¶ITULO 5. RESULTADOS EXPERIMENTAIS E DISCUSSAO 72 5.6 Prot¶ otipo O prot¶otipo da sonda multi-funcional est¶a ilustrado nas fotograflas, Fig. 5.11, onde ¶e poss¶‡vel veriflcar alguns dos objectivos delineados para a concep»ca~o deste trabalho, nomeadamente, a interac»ca~o que esta confere em campo, portabilidade, autonomia com a coloca»c~ao do painel fotovoltaico regul¶avel de modo a obter um bom ^angulo de incid^encia de radia»ca~o solar, opera»ca~o simples (apenas com um interruptor ONOFF ) e com o m¶odulo de comunica»co~es sem flos colocado na estaca de modo a evitar poss¶‡veis interfer^encias causadas pela vegeta»c~ao circundante. (a) (b) Figura 5.11 { (a)- Fotografla do sistema global. (b)- Fotografla da sonda. 6 Conclus~oes Finais e Trabalho futuro Neste trabalho foi apresentada uma sonda multi-funcional com gest~ao de energia por painel solar, para medi»c~ao simult^anea do conte¶ udo de ¶agua do solo, propriedades t¶ermicas e condutividade el¶ectrica (EC) do solo, com sistema de aquisi»c~ao de dados e processamento destes atrav¶es de um microcontrolador e transmiss~ao dos dados por radio-frequ^encia. Os objectivos delineados no in¶‡cio deste trabalho foram, principalmente, a concep»ca~o de uma sonda multi-funcional de baixo custo, ex¶‡vel, aut¶onoma e com comunica»co~es sem flos. Para alcan»car estes objectivos procedeu-se a implementa»ca~o de um sistema constitu¶‡do por dois blocos principais, em que um deles, a unidade central, contem o microcontrolador com comunica»co~es sem flos, painel solar e circuitos para gest~ao de energia. O outro bloco que engloba o sistema ¶e a sonda, onde est¶a implementada a electr¶onica de aquisi»ca~o, ¶e constitu¶‡da por quatro agulhas paralelas separadas entre si, sendo que tr^es delas s~ao usadas para medir as propriedades t¶ermicas e o conte¶ udo de ¶agua no solo pelo m¶etodo do pulso de calor enquanto que o conjunto da quatro agulhas s~ao usadas para medir a EC pelo m¶etodo de Wenner array. 73 74 ~ CAP¶ITULO 6. CONCLUSOES FINAIS E TRABALHO FUTURO Ap¶os a elabora»ca~o de um estudo qualitativo e quantitativo dos resultados obtidos chegou-se a conclus~ao que, o pulso de calor constitui um eflciente meio para a determina»c~ao das propriedades t¶ermicas e conte¶ udo de ¶agua no solo revelando ainda independ^encia com o tipo de solo. A aplica»ca~o de 9 V ao aquecedor para o pulso de calor ao inv¶es de 12 V, normalmente usado na literatura, permite deste modo uma redu»c~ao nos consumos sem descurar a inteireza dos resultados obtidos uma vez que a as ADC ¢§ utilizadas permitem obter resultados bastantes precisos na aquisi»ca~o dos dados. A transmiss~ao dos dados por r¶adio-frequ^encia dota a sonda multi-funcional com vantagem de permitir ao utilizador monitorizar as vari¶aveis f¶‡sicas a partir de um local remoto, evitando assim desloca»co~es deste, sempre que n~ao haja necessidade da sua interven»ca~o directa. O m¶etodo adoptado para a medi»ca~o da condutividade el¶ectrica (EC) revelou algumas lacunas, de modo que, o sistema de medi»c~ao dever¶a ser reconsiderado para colmatar as in u^encias veriflcadas nos resultados da medi»ca~o da EC, apesar de n~ao afectar os resultados flnais pretendidos neste trabalho, uma vez que a condutividade el¶ectrica tinha como objectivo ser um indicador qualitativo do teor de ¶agua no solo. V¶arios requisitos foram ponderados de modo a que a solu»ca~o implementada constitu¶‡sse um contributo v¶alido na gest~ao de explora»c~oes agr¶‡colas nomeadamente, alimenta»ca~o atrav¶es de bateria, electr¶onica de aquisi»ca~o, gest~ao de energia da sonda multi-funcional enquanto sistema aut¶onomo alimentado por painel solar, microcontrolador com comunica»c~ao com o exterior atrav¶es de r¶adio-frequ^encia, capacidade de interliga»c~ao em rede com outras unidades e portabilidade do sistema. Com a coloca»c~ao do microcontrolador na unidade central, que ¶e suportada por uma estaca, permite uma transmiss~ao dos dados por radiofrequ^encia mais eflcaz, evitando desta forma eventuais interfer^encias provocadas pela vegeta»ca~o. A possibilidade de medir atrav¶es de um sistema de dimens~oes m¶‡nimas, potencia a sua utiliza»c~ao em massa e permite medir vari¶aveis que de outra forma seria impens¶avel [27]. No que respeita a medi»ca~o do teor de ¶agua em solos agr¶‡colas, a 75 interac»c~ao com a sonda proposta ¶e de facto uma potencial solu»c~ao para a determina»ca~o deste par^ametro. Isto porque as medi»c~oes podem ser realizadas ao n¶‡vel da raiz da planta, o que se reveste de especial relev^ancia, por exemplo, em sistemas de controlo de irriga»c~ao. Perspectivas de trabalho futuro Al¶em da evolu»c~ao natural do hardware da sonda multi-funcional, h¶a a ter em considera»ca~o metas futuras. Um dos poss¶‡veis desenvolvimentos seria a implementa»ca~o de um circuito capaz de fazer a protec»c~ao do aquecedor por hardware, pois este aquecia enquanto se procedia a programa»c~ao do microcontrolador, o que implicava desconectar o cabo de liga»c~ao da sonda a unidade central. Desenvolver um sistema de agulhas remov¶‡vel da placa de circuitos da sonda, uma vez que existe a possibilidade de estes se daniflcarem, nomeadamente o aquecedor e os term¶‡stors, tendo em conta que a sua coloca»ca~o (soldadura na placa) apresenta algum grau de diflculdade. Fica assim um sistema mais ex¶‡vel possibilitando de uma forma muito f¶acil a substitui»c~ao das agulhas caso os sensores tenham eventuais problemas, mantendo a mesma placa de circuitos da sonda. Desenvolver um m¶etodo mais preciso na medi»c~ao da condutividade el¶ectrica (EC) de modo a anular as poss¶‡veis in u^encias que foram veriflcadas durante os testes de calibra»ca~o da EC. Para uma maior robustez e capacidade de interven»c~ao directa no local da sonda, foi idealizado uma unidade port¶atil (Fig. 6.1), para que possa ser poss¶‡vel fazer medi»co~es em tempo real no ponto onde preside a sonda, para detec»c~ao de eventuais erros de medi»ca~o, diflculdades na transmiss~ao e conflrma»ca~o de resultados. Deste modo uma unidade port¶atil dotar¶a a sonda multi-funcional de novas potencialidades no que se refere a exibilidade do seu uso em todas as vertentes do trabalho agr¶‡cola. Finaliza-se esta disserta»c~ao com a convic»ca~o de que o trabalho apresentado pode constituir uma forte evolu»ca~o e melhoria da gest~ao dos processos agr¶‡colas, uma 76 ~ CAP¶ITULO 6. CONCLUSOES FINAIS E TRABALHO FUTURO vez que se trata de uma sonda multi-funcional de pequena escala com conspec»ca~o comercial. Figura 6.1 { Proposta de um sistema port¶atil para a medi»c~ao das propriedades do solo. Refer^encias bibliogr¶aflcas [1] R. d. S. 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