VI Congresso Nacional do ILSI Brasil 8 a 10 de abril de 2015- Campos do Jordão, SP “CIÊNCIA: INDÚSTRIA, GOVERNO E SOCIEDADE OPORTUNIDADES E DESAFIOS” ALIMENTOS ORGÂNICOS: CERTIFICAÇÃO E SEGURANÇA ALIMENTAR Prof. Dr. Paulo César Stringheta UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA DE ALIMENTOS “Orgânico” Organização Sistema organizado de produção Organismo fechado e equilibrado de produção. Todos os elementos necessários `a produção devem ser produzidos e controlados na propriedade. • Desnecessário inputs externos. • • • • Sistema de Produção • Controlado e certificado em toda a sua cadeia • Sem uso de agroquímicos. • Uso de biofertilizantes em substituição aos fertilizantes químicos de alta solubilidade. • Sem adição de aditivos sintéticos. • Ambientalmente sustentável. • Socialmente justo. • Economicamente viável. • Insere o individuo no sistema: quem produz, quem processa e quem consome. Alimentos Orgânicos De acordo com o Codex Alimentarius: “Sistema de manejo sustentável da unidade de produção, com enfoque holístico que privilegia a preservação ambiental, a agrobiodiversidade, os ciclos biológicos e a qualidade de vida do homem, visando à sustentabilidade social, ambiental e econômica no tempo e no espaço.” BRASIL: Sistema de produção ORGÂNICO uso dos recursos naturais e socioeconômicos disponíveis; respeito à integridade cultural das comunidades rurais; sustentabilidade econômica e ecológica; maximização dos benefícios sociais; minimização da dependência de energia não renovável; restrição ao uso de materiais sintéticos; eliminação do uso de organismos geneticamente modificados não utilização de radiações ionizantes; proteção do meio ambiente. Art. 1º, Art. 2º, Lei 10.831/2003 Diretrizes do sistema de produção ORGÂNICO • cumprimento da legislação ambiental e trabalhista • Contribuição ao desenvolvimento local, social e econômico sustentáveis • relações de trabalho baseadas no tratamento com justiça, dignidade e equidade • incentivo à integração da rede de produção orgânica e à regionalização • preservação da diversidade biológica dos ecossistemas • sistemas agropecuários baseados em recursos renováveis • práticas sustentáveis em todo o processo (BRASIL, 2007) Diretrizes do sistema de produção ORGÂNICO • oferta de produtos isentos de contaminantes, oriundos do emprego intencional de produtos e processos • Manutenção da integridade orgânica • consumo responsável, comércio justo baseados em procedimentos éticos • uso saudável do solo, da água e do ar • preservação das condições de bem-estar dos animais • conversão progressiva de toda a unidade para o sistema orgânico. (BRASIL, 2007) Alimentos Orgânicos Primeiros padrões processamento DEMETER 1970 Regulamento CEE 2092 e Diretrizes Codex Alimentarius 1980 Normas IFOAM Marco legal Brasil Lei 10.831 1990 Primeiros debates sobre regulamentação orgânica no Brasil 2000 Cadastro Nacional de produtores orgânicos 2010 Instrução Normativa 18/2009 Processamento (SANTOS, 2005; KAHL et al., 2014) Certificação de Alimentos Orgânicos REDE DE PRODUÇÃO ORGÂNICA NO BRASIL REGULAMENTAÇÃO/FISCALIZAÇÃO ACREDITAÇÃO CERTIFICADORAS CERTIFICADORAS PIA OPAC PPV/PPA OCS POV/POA EXT DISTRIBUIÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO CONSUMO Figura 1 – Cadeia produtiva de alimentos orgânicos no Brasil. OPAC - Organismos Participativos de Avaliação da Conformidade; OCS - Organizações de Controle Social; PPV - Produção Primária Vegetal; PPA - Produção Primária Animal; POV - Processamento de Produtos de Origem Vegetal; POA - Processamento de Produtos de Origem Animal; EXT -Extrativismo Sustentável Orgânico; PIA - Processamento de Insumos Agrícolas SISTEMA PARTICIPATIVO CERTIFICAÇÃO POR AUDITORIA Comercialização direta Ziraldo – BRASIL, 2009 • Cadastro - MAPA Produtos Orgânicos Processados Ingredientes, aditivos, matérias-primas, coadjuvantes – Rastreados e Certificados Alimentos Processados • Não conter resíduos de não orgânicos • Proibido: . OGM . Radiações ionizantes . Microondas . Nanotecnologia. • Cuidados com higienização (BRASIL, 2009) Qualidade de Alimentos Orgânicos Visão dos Consumidores: • • • • Sem agrotóxicos Sem aditivos sintéticos (químicos) Maior valor nutricional Aparência e sabor semelhantes aos alimentos convencionais. Resíduo mg.kg-1 0,06 0,05 0,04 0,03 0,02 0,01 0 T1(10/07/2012) T2(15/08/2012) Carbendazim+benomil+tiofanato metil T3(04/02/2013) Dimetoato Resíduos de defensivos agrícolas em polpa congelada de goiaba orgânica ao longo do tempo. Alimentos Orgânicos Art. 4º A responsabilidade pela qualidade relativa às características regulamentadas para produtos orgânicos caberá aos produtores, distribuidores, comerciantes e entidades certificadoras, segundo o nível de participação de cada um (Lei 10.831/2003). Regulamentação e Fiscalização Certificadoras, OCS’s e OPAC’s • Fiscalização ineficiente • Falta de transparência com o consumidor • Regulamentos que permitem contraargumentações por envolverem critérios difíceis de avaliar e trechos vagos • Não há obrigatoriedade de análises de matérias-primas e produtos • Diretrizes vagas, pouco informativas • Controle não transparente PPV • Uso de substâncias proibidas na produção • Falha em evitar contaminação ambiental • Presença de resíduos persistentes e período de conversão não respeitado POV Consumo • Compra de produtos não orgânicos intencionalmente ou não • Não manutenção da integridade orgânica • Falta de conhecimento • Falta de pressão nos órgãos fiscalizadores • Falta de atuação dos órgãos de defesa do consumidor Problemas potenciais relacionados a contaminação por agrotóxicos identificados ao longo da cadeia produtiva de orgânicos no Brasil Possibilidades • O mundo está preocupado com a questão alimentar, requerendo produtos saudáveis e preservação ambiental • O Brasil apresenta ampla vantagem à maioria dos demais, com 80% das terras disponíveis para a agricultura no mundo • Terras virgens, sub-utilizadas, proporcionam outra grande vantagem comparativa por reduzir o tempo de conversão de 3 para 1 ano • Condições edafoclimáticas e uma estrutura social agrária favorável (pequenas propriedades e mão de obra familiar) Problemas • Custo da conversão de certificação ao pequeno produtor • Falta de capacitação de consultores e inspetores • Desinformação do consumidor perante ao grande número de produtos similares • Deficiência tecnológica • Desorganização da cadeia produtiva • Normas inadequadas de fiscalização e controle. CONCLUSÃO GERAL • As informações sobre o sistema de produção orgânico e qualidade de seus produtos no Brasil ainda são insuficientes para garantir a sustentabilidade do setor e a confiança do consumidor; • Expectativas não estão sendo totalmente atendidas (vitamina C e contaminantes): mudanças nas normas, maior eficiência das certificadoras e fiscalização contínua pelo MAPA; • Disponibilização de dados: mais completa e transparente, permitindo verificação da autenticidade dos produtos adquiridos; • Divulgação: redirecionamento de “qualidade dos produtos” para “vantagens no sistema de produção” • Rede de produção orgânica no Brasil: recente, promissora, com requisitos que devem ser revistos e problemas sanados para permitir sua sustentabilidade e crescimento. REFLECÇÕES • Ao caracterizar o comportamento do consumidor de produtos orgânicos como racionalista e utilitário, ele transfere as responsabilidades de confirmação dos produtos aos ambientes produtivos e institucionais. Por conseguinte, OCS’s, OPAC’s e Certificadoras devem introduzir e operacionalizar procedimentos que evidenciam para os consumidores a qualidade orgânica dos produtos. Uma delas, por exemplo, é a análise de matérias primas e produtos como referência para a qualificação orgânica. Com isto, a confiança deixa de se fundamentar pelas relações pessoais e passa a ser construída pela referência técnica, desde que os relatórios sobre os procedimentos e resultados deixem de ser sigilosos. Se há instabilidade do sistema orgânico pela não objetividade funcional dos produtos, se há riscos, o momento é de reavaliação das causas para que, a médio prazo, não haja uma coletividade de perdedores. Mercado interno de orgânicos – R$ 510 milhões em 2011 – produtos orgânicos mais procurados : hortaliças, legumes, frutas e produtos processados como sucos, arroz, açúcar e café. Mercado externo de orgânicos – U$ 196 milhões em exportações – 20% de crescimento em relação a 2010 – Produtos mais exportados: complexo soja (grão, farelo e óleo), açúcar, café, cacau, frutas (abacaxi, mamão e manga) – Principais países consumidores: Holanda, Suécia, Estados Unidos, França, Reino Unido, Bélgica e Canadá (MDIC/SECEX, 2012; IBD, 2012) OBRIGAD0! [email protected] Tel: (31) 9165-3640 INTERAÇÃO DOS DADOS Pesquisa com consumidores Base de dados Dados incompletos Falta de transparência com os consumidores Regulamentação/ fiscalização ineficientes Baixa disponibilidade de produtos Processados Expectativas de qualidade nos produtos Orgânicos Baixo conhecimento sobre processados orgânicos Produtos do mercado Orgânico x convencional Pesticidas detectados Menores teores de Vitamina C Mais polpas, menos aditivos Maior teor de minerais, polifenóis e carotenoides Ainda… • Tem sua origem na Agricultura Biodinâmica • Incorporado recentemente a pesquisa científica. • O conhecimento básico é oriundo das comunidades tradicionais. • É uma ciência nova.