Diálogos A BUSCA DE LUCRÉCIO EM ALEXANDRIA - Filho, não Precisa pegar toda a fala - Não. Preciso pegar tudo, depois eu edito, Pai. - Eu os vi quando eles tinham chegado em São Paulo, na Estação do Norte. Uma triagem. Um serviço do governo. Foi quando eu fiz esse registro - Foi em que ano essa foto? - Foi em 69, 70 me parece. Foi para o Jornal da Tarde. Quem fez o texto foi o Eric Nepomuceno. Uma época bem difícil Faz algum tempo eu tinha um plano que quando eu me aposentasse eu poderia ficar um mês em cima de um tema O tema seria essa família Um funcionário me confirmou que ali ficava a agência de colocação de migrantes. Por isso a foto foi tirada ali oito pessoas aqui. que a gente encontre duas, vai ser uma maravilha. Está aqui esta imagem. Eu quero ver essa imagem transplantada, transportada para os dias de hoje Uma família tão grande. Tanta gente que veio. Onde eles estão? Meu pai também entrou no clima da busca e começou a registrar os momentos e não só ficar procurando. Isso me ajudou por que eu estava com esse problema. "Não, isso não vale a pena". Agora ele está achendo que as coisas valem a pena. - Escuta, Francisco, você é de Alexandria? - Rio Grande do norte. - Eu sou de Alexandria - Sou de Alexandria - Olha aí o homem de Alexandria! - Então depois você conversa com ele aí que ele está querendo achar alguém de alexandria. - Uma família de Alexandria. Faz tempo que você está aqui em São Paulo? - Faz bastante tempo. - Desde quando você está aaui? - desde 89 - Você tinha parentes aqui antes? - Não. viemos todos juntos. Eu minha mãe e meus irmãos. deixa eu ir ali em cima que eu já desço. - Viemos ou não no lugar certo? - Podemos contar com você? - Mas com certeza! Todo o prazer. Ave Maria! Ninguém se interessa pela minha cidade. Até que enfim! Eu posso fazer uma busca. ligar lá, falar com o pessoal, minha tia, que é das antigas. Eu tenho um avô lá... A primeira placa "Alexandria" que a gente vê Enquanto aguardamos a participação do deputado, vamos conversar um pouco com o Lucrécio Júnior. Ele é jornalista de São Paulo. Também está presente aui nos estúdios o Patrício Salgado, diretor do documentário "A Busca de Lucrécio em Alexandria". Você que está ouvindo a nossa conversa, se você tem algum parente ou conhece a história de Cícero Joaquim de Oliveira pode entrar em contato com a Cidadania FM pelo telefone... O pai, Cícero Joaquim de Oliveria havia falecido. Eram onze filhos quando saíram de Alexandria. entre eles estava Maria de Fátima na ocasião com 16 anos. A gente pode colocar no site. Conhecer eu não conheço não. Inclusive teve uma criança aqui de Alexandria que foi doada e foi para a Alemanha. Isso com 2 anos de idade. Ele colocou no Orkut que estava procurando a mãe dele em Alexandria. A gente colocou a matéria no site no mesmo dia a gente encontrou. A Internet aqui é péssima. Lenta... É difícil por que segundo os dados que eles trouxeram ele residiu aqui na cidade até 1971, partindo pela capital bandeirantes. Infelizmente não temos o registro do sítio onde ele residiu, por que nesse caso ficaria mais fácil a procura. Cícero ficou doente, foi vendendo tudo. Um a um as cabeças de gado, a vendinha e as braças de terra. - Mas é famílias de vocês? - Não, meu pai tirou essa foto. - Meu filho também via a foto quando era pequeno e se interessou - Eu acho que já vi essa mulher em algum lugar. Eu bati muita foto de muita gente aqui. Tem muita gente de Alexandria em Praia Grande. - Por que Praia Grande? - Pessoas que foram pra lá se deram bem. Um foi puxando o outro: "Venha cá para Praia Grande". - Não sabe o nome dela? - Só o nome do pai que é falecido e dessa menina maior que está de braços cruzados. - Qual o nome dela? - Maria de fátima Hoje ela teria 53 anos - Ela mora lá? - A gente nnao sabe. Todo o algodão da região era beneficiado em Alexandria. Era uma cidade que tinha dinheiro. Aí acabou com o problema do bicudo - bicudo é a praga? - Sim. Acabou o algodão, a cooperativa fechou, faliu, os bancos foram embora - As pessoas que vivem aqui elas não passam a não ser que herde, herança. Mas aqui não se cresce. - poderia ter uma vendinha, alguma coisa assim? - Mas não distante do centro por que nessa época, na deecada de 60 se resumia a esse centro aqui toda Alexandria. Na esquina tem "Casa Oliveira". Dona Diumira, muito educada, é gente muito bia - Esse povo de retrato é bonito Não lembro Pode ser também que esse senhor não fosse localizado aqui no mercado. Tivesse o comércio aqui nas redondezas. A gente puxando um fio, vem o resto. mas esse fio é que está difícil. - Aqui a gente está mais perto do que lá. Aqui a gente ficou perto deles. a gente sabe. Eu tenho certeza que eles estavam na zona rural - Se eles estão na zona rural eles não estão perto da gente. A gente está dentro da cidade. - Pai, você não sente que está perto deles? - Eu sinto - Agora eu tenho 23 anos. Eu não era nem nascida - Sua mãe falou isso? - Sim - Como ela falou? - "Não minha filha não é possível. Você não era nem nascida no tempo desse povo" Tinha um Joaquim lá - Mas no caso não era né? - Sim. Que pena, não? Tem uma informação importante que antes, Não sei em que ano, vários Municípios das redondezas pertenciam a esta cidade. Então talvez estejamos no lugar errado. Quando a pessoa nasce o internamento é feito em nome da mãe. Por que na época a criança não tem nome. Nessa época muita gente nascia em casa, no sítio. As parteiras. Faziam o parto em casa mesmo. - Foi o que disseram na maternidade, não foi? - Sim - É, não tinha não. Tinha aqueles livros de registro da sala de cirurgia, de parto. Mas não era obrigatório. - Até agora ainda não deu. - Você está sentindo que não vai ser aqui que a gente vai encontrar. Que vai ser voltando para o estado de São Paulo? - Sim, por que a documentacão aqui está precária. Fundamental seria ter o nome da mãe. Mas naquela época a gente já não tinha o nome da mãe. - A família Oliveira que deve saber - Não, Homem. O nome dele é Cícero Joaquim DE Oliveira. Não é desses Oliveira que nós conhecemos aqui - Alô? Dona Maria de Fátima, meu nome é Lucrécio. A senhora é filha ou parente de Cícero joaquim de Oliveira? Não? Não conhece? Está bem , obrigado. - Não é? - Não é. - Quero dizer o seguinte. Nessas alturas está na hora de voltar. Vamos ter mais tempo de fuçar isso e ver Santos e Praia Grande. - Eu sei, pai. É que as pessoas... A gente vai sempre ter uma dica nova. A gente vai ficar procurando até quando? - Até encontrar ou até não ter vestígio nenhum. É impossível não encontrar nada. Nem um final dessa História.