Editorial
União fundamental
à sociedade
Marcelo Antonio
Pavanello
Vice-reitor de
Ensino e Pesquisa
Centro
Universitário da FEI
A tecnologia tem sido uma grande aliada da medicina há muito tempo,
mas, nas últimas décadas, o casamento entre saúde e engenharia/tecnologia
tem permitido avanços antes inimagináveis. De sistemas eletrônicos para
marca-­passos mais longevos a equipamentos diagnósticos de última geração,
essa integração traz benefícios a todo o conjunto da sociedade.
Quando pensamos em tecnologia médica e diagnóstica, logo nos lembramos
de equipamentos de grande complexidade, como ressonância e PET SCAN.
No entanto, são as pequenas soluções tecnológicas que podem causar grande
impacto na vida das pessoas – como testes portáteis de glicose e colesterol ou
inoculadores de insulina, todos possíveis de carregar no bolso – que nos dão
a exata dimensão da importância dessa parceria.
As áreas de eletrônica, mecânica e materiais têm contribuído muito com
uma infinidade de novidades que tendem a beneficiar a qualidade de vida e a
saúde de muitos indivíduos com problemas crônicos. Um bom exemplo são
as próteses inteligentes, os exoesqueletos e as cadeiras de rodas funcionais,
equipamentos que oferecem mais autonomia a pessoas que sofreram lesões
de medula ou perderam membros. Como imaginar, há alguns anos, que um
indivíduo com duas próteses de membros inferiores conseguisse correr, como
fazem os atletas das Paralimpíadas? Somente a tecnologia poderia nos possibilitar isso.
Orgulha-nos saber que nossos professores, pesquisadores e alunos têm
voltado seu olhar para a importância dessa união. Muitos dos projetos de pesquisa desenvolvidos no Centro Universitário da FEI nos últimos anos visam
usar os conhecimentos da Engenharia a serviço do bem comum. Exemplos
não faltam, inclusive de nossos alunos de graduação com seus trabalhos de
conclusão de curso, além das pesquisas de nossos docentes, mestrandos e
doutorandos. Nesta edição, alguns desses projetos estão sendo apresentados
nas matérias de Pesquisa & Tecnologia e Responsabilidade Social.
Todo pesquisador tem consciência de que, por estar na fronteira do conhecimento, nem sempre é possível encontrar respostas rápidas. Entretanto,
quando há interface com a saúde os resultados podem ser perceptíveis em curto
prazo. Diante do avanço das pesquisas em nanotecnologia, em processamento
de sinais e inteligência artificial, entre tantas outras áreas, podemos vislumbrar, em um futuro próximo, que até mesmo os aparelhos celulares poderão
ter uma importante função na saúde. Afinal, tudo é possível em termos de
inovação e, quando o objetivo é nobre, vale todo o esforço de pesquisa.
outubro a dezembro DE 2014 | Domínio fei
3
espaço do leitor
Revista Domínio FEI
Publicação do Centro
Universitário da FEI
expediente
“Primeiramente, parabéns pelas excelentes
matérias publicadas no periódico Domínio
FEI. Eu me formei na FEI em 2007, cursei
Engenharia Elétrica com ênfase em Telecomunicações. Mesmo passando por dificuldades, me dediquei muito e fui o melhor aluno
da turma, recebendo prêmio do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA).
Posso dizer que a escolha em cursar a FEI
mudou minha vida, aprendi muito nesta época. Nasci no interior, juntei dinheiro (trabalhava como técnico em eletrônica), prestei o
vestibular e fui morar na capital na ‘cara e
coragem’. Atualmente, sou coordenador técnico na empresa Mectron, e um dos responsá­
veis pelo projeto de um míssil antirradar cuja
tecnologia faz do Brasil ser o terceiro País
no mundo a deter tal tecnologia. Minha equipe é composta por 14 engenheiros altamente
qualificados, e acredito que a FEI, além de
fornecer uma excelente bagagem técnica,
me preparou para gerir uma equipe. Tenho
muito orgulho de ter me formado na FEI.”
Luiz Rubens Lencioni
Engenharia Elétrica com ênfase
em Telecomunicações – Turma 2007 “Sou da turma dos mecânicos 1966, a última da rua São Joaquim! A matéria ‘Fundamentais para a reciclagem’ (19ª edição),
com entrevista do professor doutor Jacques
Demajorovic, é de extrema importância, pois
levanta um quadro entristecedor e preocupante da situação dos catadores de materiais
recicláveis. Tenho uma sugestão: utilizar o
livro/estudo do professor para elaborar uma
proposta ao governo federal para inserir os
catadores e demais trabalhadores da cadeia
de reciclagem em uma legislação específica, para cuidar dos aspectos trabalhistas, de
segurança no trabalho e saúde ocupacional,
objetivando oferecer-lhes condição de vida
adequada, segura, com dignidade. Seria uma
enorme contribuição da nossa querida FEI
com um alto propósito/motivação social. Desejo aplaudir o trabalho feito pelo digníssimo
professor Jacques Demajorovic. A leitura
trou­xe a oportunidade de me manifestar sobre uma enorme preocupação que está alojada em minha mente há bastante tempo. Parabéns a todos da equipe FEI.”
Paulo Faria
Engenharia Mecânica – Turma 1966
Fale com a redação
A equipe da revista Domínio FEI quer saber a sua opinião sobre a publicação, assim como receber
sugestões e comentários. Escreva para Av. Humberto de Alencar Castelo Branco, 3972, Bairro Assunção S.B.Campo - SP - CEP 09850-901, mande e-mail para [email protected] ou envie fax para o número
(11) 4353-2901.
Centro Universitário da FEI
Campus São Bernardo do Campo
Av. Humberto de Alencar Castelo
Branco, 3972 – Bairro Assunção
São Bernardo do Campo – SP – Brasil
CEP 09850-901 ­– Tel: 55 11 4353-2901
Telefax: 55 11 4109-5994
Campus São Paulo
Rua Tamandaré, 688 – Liberdade
São Paulo – SP – Brasil – CEP 01525-000
Telefax: 55 11 3274-5200
Presidente
Pe. Theodoro Paulo Severino Peters, S.J.
Reitor
Prof. Dr. Fábio do Prado
Vice-reitor de Ensino e Pesquisa
Prof. Dr. Marcelo Pavanello
Vice-reitora de Extensão e
Atividades Comunitárias
Profª. Drª. Rivana Basso
Fabbri Marino
Conselho Editorial desta edição
Professores doutores Carlos
Eduardo Thomaz, Camila Borelli,
Edmilson Alves Rodrigues
e Rodrigo Magnabosco
Coordenação geral
Andressa Fonseca
Comunicação e Marketing da FEI
Produção editorial e projeto gráfico
Companhia de Imprensa
Divisão Publicações
Edição e coordenação de redação
Adenilde Bringel (Mtb 16.649)
Reportagem
Adenilde Bringel, Fernanda Ortiz,
Elessandra Asevedo,
Fabrício F. Bomfim (FEI)
Fotos
Arquivo FEI e Ilton Barbosa
Programação visual
Thiago Alves
Tiragem: 18 mil exemplares
Em virtude do espaço, não é possível publicar todas as cartas e e-mails recebidos. No entanto, nossa
equipe agradece a atenção de todos os leitores que escreveram para a redação.
As matérias publicadas nesta edição poderão ser reproduzidas, total ou parcialmente, desde que
citada a fonte. Solicitamos que as reproduções de matérias sejam comunicadas à redação pelo
e-mail [email protected].
4
Domínio fEi | outubro a dezembro DE 2014
Centro Universitário da FEI
Instituição associada à ABRUC
www.fei.edu.br
Sumário
26
ENTREVISTA
Stefan Kalm/saabgroup.com
Engenheiro mecânico formado
pela FEI em 1985, o executivo
José Eduardo Luzzi, presidente
da MWM International, conta
como foi sua carreira e como está
o mercado de motores diesel
no Brasil e na América Latina
matéria de Capa
Centro Universitário da FEI
participa de ações regionais
que visam levar o Grande
ABC a ser polo de pesquisa
e inovação em diferentes
áreas, com destaque
para o setor de Defesa
34
06
DEstaques
24
DESTAQUE JOVEM
30
Concurso Travessia desafia alunos a construir pontes
FEI e Telefônica Vivo inauguram laboratório em parceria
Semana da Administação, Ciência da Computação e Engenharia
SICFEI apresenta 151 pesquisas de iniciação científica
Feira de Empreendedorismo apresenta projetos de alunos
Pesquisa de Engenharia de Materiais é destaque em congresso
Grupo de alunos vence concurso na área de material composite
Estudo de Engenharia Elétrica ganha prêmio no SFORUM
Robótica e Inteligência Artificial em encontro internacional
Alunos são beneficiados por programas educacionais
Mapas Conceituais são usados no curso de Administração
Pesquisadores do Grande ABC se reúnem em simpósio
Dois encontros selam a amizade de ex-alunos da FEI
Ideias sobre uso da água ganham prêmio da FIESP
Projetos de estudantes são vitoriosos em várias competições
Engenheira têxtil formada em 2007 é gerente de
produção em multinacional da área de artigos esportivos
PESQUISA & TECNOLOGIA
Processamento de sinais é tema de pesquisa desenvolvida
por docentes e alunos de mestrado em Engenharia Elétrica
Estimulador elétrico pretende auxiliar deficientes visuais
a identificar sinais por meio de sensação eletrotátil
40
42
responsabilidade social
Trabalhos de conclusão de curso dos estudantes do
Centro Universitário também estão voltados à sociedade
ARTIGO
Criatividade e recursos de Engenharia podem tornar
produtos diferenciados para consumo do cliente
outubro a dezembro DE 2014 | Domínio fei
5
destaques
Resistência
Concurso Travessia
inclui fundações com
pilar central para a
construção das pontes
O
setor da construção civil em­
prega mais de 3 milhões de tra­
balhadores no Brasil, segundo
dados da Câmara Brasileira da Indústria
da Construção (CBIC), e parte desse con­
tingente é formada por engenheiros civis.
Embora as expectativas para o setor para
os próximos anos ainda sejam incertas,
o fato concreto é que a área tem crescido
nos últimos anos e, para isso, necessita
cada vez mais de profissionais. Com
objetivo de estimular o gosto pela Enge­
nharia Civil, o Centro Universitário da
FEI desenvolve, há seis anos, o Concurso
Travessia. O foco é oferecer a estudantes
do ensino médio, e da própria Instituição,
uma oportunidade de vivenciarem um
projeto de Engenharia completo, esti­
mulando novas habilidades e prevendo
dificuldades. Para tanto, os estudantes
são desafiados a construir uma ponte
Projetos apresentam
Das quatro equipes de estudantes da FEI
inscritas na categoria PRO, o time ‘Quinto
Civil’ obteve a melhor pontuação com uma
ponte que suportou 100 quilos. Para a
estudante do 5º ciclo de Engenharia Civil e
integrante da equipe, Gabriela Lilia Akemi
Iha, a conquista do primeiro lugar reflete
o desempenho do grupo. “Estávamos confiantes, pois a construção da ponte foi bem
planejada e estruturada. Criamos o projeto,
consertamos falhas, fizemos pesquisas e
tivemos nossa dedicação recompensada com
o primeiro lugar”, comemora a estudante. Na
categoria ABC, a equipe ‘Soldados de Cesar’
participou do concurso.
A categoria EMC, que integra alunos do
6
Domínio fEi | outubro a dezembro DE 2014
destaques
com palitos de sorvete e cola
André Pereira Amann, coordenador do
curso de Engenharia Civil da FEI e orga­
nizador do concurso.
Para o docente, desta forma o desafio
se torna ainda mais completo, pois exige
mais pesquisa e planejamento para o
desenvolvimento de uma fundação com
melhor desempenho. Os alunos tiveram
apenas quatro horas para a construção das
pontes e 60 segundos para instalação das
mesmas sobre a areia e o encaixe do pilar.
A comissão técnica avaliadora, formada
por professores da Instituição, julgou a
resistência das pontes e critérios como
criatividade nas soluções, estética e rela­
tório técnico (específico para a categoria
profissionalizante). “O concurso estimula
o planejamento, a dedicação, o raciocínio,
a criatividade, o trabalho em equipe e o
cooperativismo dos estudantes”, enumera
o professor Kurt Amann.
Realizado nos dias 29 e 30 de setem­
bro, o Travessia teve participação de 60
equipes, compostas por estudantes de 33
escolas de ensino médio da Grande São
Paulo e por alunos da FEI, inscritos nas
categorias ABC: primeiro e segundo ciclos
dos cursos de Ciência da Computação, Ad­
ministração e Engenharia, e PRO: terceiro
ciclo em diante. O professor Kurt Amann
afirma que é estimulante ver a dedicação
dos estudantes no Concurso Travessia,
porque, mesmo não alcançando os melho­
res resultados, todos são incentivados ao
aprendizado. “Mais do que atração, o Tra­
vessia se destaca por despertar nos jovens
um desafio de Engenharia, de desenvolver
novas habilidades, adquirir conhecimen­
to, buscar soluções e estimular o interesse
pela pesquisa. Essas ações favorecem a
procura pela área, que necessita de novos
talentos”, enfatiza.
Na cerimônia de premiação, realizada
dia 21 de outubro, a equipe da categoria
Ensino Médio foi contemplada com um
computador para a escola e um tablet para
o professor responsável pelo grupo. Além
disso, outras equipes receberam menção
honrosa nos quesitos cooperativismo,
pôster, relatório técnico (obrigatório para
a categoria profissionalizante), estética,
criatividade, maior carga suportada e maior
carga suportada na fundação. Duas equipes
da Escola Estadual Profa. Therezinha Sartori,
de Mauá, receberam menção honrosa em
dois quesitos não obrigatórios: pôster e
relatório técnico.
Para a professora Débora Gomes, que
acompanhou as equipes, é um motivo
de orgulho para a escola ver o empenho
dos alunos, que já pensam no próximo
desafio. “Não ficamos entre os melhores,
mas o fato de ser a única escola do ensino
médio a entregar o relatório técnico e ter
o trabalho reconhecido foi uma grande
motivação para nossos alunos, que pelo
segundo ano participam do Concurso Travessia e se dedicam ao desenvolvimento
de todo o projeto, do planejamento à
montagem final”, ressalta. O segundo lugar ficou com a equipe Azarão, do Colégio
da Polícia Militar de Santo André, e o terceiro colocado foi a equipe WoodBridge,
do Colégio Barão de Mauá.
ETEC Professora Ermelinda Giannini Teixeira venceu na categoria Ensino Médio
apenas com palitos de sorvete, barbante,
cola e clipes de papel.
A grande novidade deste ano foi a inclu­
são do desafio de Geotecnia, que considera
o solo como parte da obra. Assim, além de
testar a resistência da estrutura por meio
da aplicação de cargas, os alunos tiveram
de construir pontes com fundações e pilar
central. “Com a fundação sobre o tanque de
areia temos, além do coeficiente de eficiên­
cia estrutural que relaciona a maior carga
suportada com o peso da ponte, também
a consideração da eficiência da fundação
da ponte”, explica o professor doutor Kurt
bons resultados
ensino médio, apresentou projetos interessantes e com estéticas inovadoras. Com 369
pontos, a equipe ‘Rocket’, da ETEC Professora
Ermelinda Giannini Teixeira, de Santana do
Parnaíba, conquistou o primeiro lugar. A professora de Química da escola, Marta Adelina
Abad, atribui esse resultado à organização e
ao comprometimento dos alunos com o desenvolvimento do projeto. “Já participamos
de outras edições e por duas vezes ficamos
entre os 10 melhores. Conquistar o primeiro
lugar foi uma surpresa e um grande orgulho
para nossos alunos, que ganham mais que um
prêmio, pois adquirem conhecimento, novos
horizontes e lições de trabalho em grupo,
organização e criatividade”, comemora.
outubro a dezembro DE 2014 | Domínio fei
7
destaques
Inovação em Internet das Coisas
Laboratório recéminaugurado é fruto de
parceria firmada entre
a FEI e a Telefônica Vivo
A
s parcerias entre instituições de
ensino superior e o setor indus­
trial permitem o desenvolvimen­
to de projetos inovadores e a construção
do conhecimento com foco na aplicação, o
que proporciona inúmeros ganhos a todos
os envolvidos, especialmente aos alunos.
Com tradição na formação de profissionais
voltados para o mercado de trabalho, o
Centro Universitário da FEI acaba de inau­
gurar, em parceria com a Telefônica Vivo,
um espaço destinado ao desenvolvimento
de tecnologias digitais. O Centro de Inova­
ção Telefônica Vivo e FEI está instalado no
campus São Bernardo do Campo e tem por
meta incentivar os alunos a desenvolverem
projetos sobre Internet das Coisas, usabi­
lidade de aplicativos, plataforma Firefox
OS, interfaces adaptativas e estudo sobre
perfis de usuários.
O novo espaço destina-se a alunos
dos cursos de Ciência da Computação,
Engenharia de Automação e Controle
e Engenharia Elétrica, com ênfase em
Eletrônica, Computadores e Telecomuni­
cações. Para atender às necessidades dos
estudantes, o laboratório foi equipado
com computadores, aparelhos celulares,
sensores, componentes de hardware e
kits de Internet das Coisas desenvolvidos
pela Telefônica Vivo. “O desenvolvi­
mento de laboratórios de pesquisa em
cooperação com empresas qualificadas
caracteriza o esforço da FEI em oferecer
espaços privilegiados para a criação de
novas ideias e para o alinhamento de in­
teresses entre a universidade e a socieda­
de. Estes são requisitos imprescindíveis
para gerar inovação”, reforça o professor
8
Novo espaço destina-se às áreas de Computação, Automação e Controle e Elétrica
doutor Fábio do Prado, reitor do Centro
Universitário da FEI.
A Instituição designou um professor
de dedicação integral para o laboratório, e
a Telefônica Vivo concedeu duas bolsas de
estudos integrais para um aluno de mes­
trado e um de doutorado. Além de pesqui­
sas aplicadas, o Centro de Inovação será
um espaço para palestras e discussões. “A
interação que teremos com a FEI por meio
desta parceria irá nos ajudar a aprofundar
Domínio fEi | outubro a dezembro DE 2014
o conhecimento de temas e a impulsionar
o desenvolvimento de projetos, que natu­
ralmente enriquecerão nosso ecossistema
de inovação”, afirma Roberto Piazza,
diretor-executivo de Negócios Digitais da
Telefônica Vivo. Os alunos também terão
a possibilidade de estudar, como parte da
sua formação, esta área emergente que é a
Internet das Coisas, agregando valor para
o currículo e gerando conhecimento para
a vida profissional.
Benefícios para todos
Segundo o professor doutor Vagner Barbeta, diretor do Instituto de Pesquisas e
Estudos Industriais (IPEI), projetos como esse tentam preencher a dificuldade que as
pesquisas científicas têm de sair da academia e chegar às empresas. O diretor afirma que há muita expectativa em relação ao laboratório e, por isso, deseja que esta
seja uma experiência de sucesso. “Esta parceria serve para reforçar, mais uma vez, a
relação que a FEI sempre teve com o setor industrial e o potencial para o desenvolvimento de projetos de tecnologia. Com o andamento das atividades do laboratório,
acredito que em breve teremos importantes resultados sendo alcançados”, pontua,
ao ressaltar que são acordos como esse que beneficiam a Instituição, a empresa, os
pesquisadores e os alunos.
destaques
Semana tem extensa programação
Evento reúne palestras
e minicursos para
contribuir com a
formação dos alunos
C
om 166 palestras e 92 minicur­
sos ministrados por docentes e
representantes de empresas reco­
nhecidas no mercado, como 3M, General
Motors, Basf, Intel, Natura e Microsoft,
a Semana da Administração, Ciência da
Computação e Engenharia do campus São
Bernardo do Campo da FEI apresentou
uma programação extensa e diversifica­
da. A professora doutora Rivana Basso
Fabbri Marino, vice-reitora de Extensão
e Atividades Comunitárias, afirma que
as oportunidades oferecidas pela semana
permitem ao aluno o exercício de autono­
mia para escolher o que quer assistir ou
estudar, além de possibilitar uma abertura
da visão e do conhecimento, exercendo a
parcela de responsabilidade que tem pela
própria formação.
“Os palestrantes convidados forne­
cem informações do mundo empresarial
e do mercado de trabalho. Trata-se de
uma iniciativa inovadora, pois os temas
são complementares aos tratados em sala
de aula e isso diversifica o conhecimen­
to e a experiência dos nossos alunos”,
ressalta o professor doutor Hong Ching,
coordenador do curso de Administração
no campus São Bernardo do Campo. Para
o professor doutor Flavio Tonidandel,
coordenador do curso de Ciência da Com­
putação, o evento permite ao estudante
ter contato com o que há de novo e com
as tendências no mercado de trabalho
atual, o que é um diferencial em relação
ao aluno que fica apenas em sala de aula.
Os graduandos concordam com os
benefícios de participar. Luiz Fernando
Batista Lopes, do 9º ciclo de Engenharia­
Mecânica, pediu licença no estágio e
participou de oito minicursos e três
palestras. Para o jovem, o currículo dos
profissionais e os títulos dos professores
fazem com que as atividades tenham
conteúdo e colaborem para a expansão
do conhecimento. A estudante Tassiana
Padeiro, do 7º ciclo de Engenharia de
Produção, diz que é necessário vivenciar
casos reais, bem como conhecer as dife­
rentes áreas de atuação e fazer network.
“Participei de uma palestra ligada à área
de meu interesse e aprendi mais sobre
o desenvolvimento de um site otimiza­
do para vários tipos de computadores.
Eventos como este deixam mais evidente
para os estudantes o que o mercado de
trabalho está buscando”, elogia Marcos
Alexandre de Santana Filho, do 5º ciclo
de Ciência da Computação.
O evento gerou comentários positivos
também dos convidados. Segundo Manoel
Bispo, gerente de excelência operacional da
Solvay, a empresa procura identificar pro­
fissionais que tenham o entusiasmo pela
profissão e, principalmente, pelo desejo
de aprender e aplicar esses ensinamentos.
“Não existe mais o profissional que resolve
problemas ou tem boas ideias sozinho. Os
melhores são aqueles que não têm vergo­
nha de dizer que não sabem, que têm a
humildade de perguntar e solicitar ajuda,
mas que, ao mesmo tempo, têm um grande
foco no resultado a ser obtido”, acrescenta.
Para Frederico Roldan, diretor de
Supply Chain para a América do Sul da
General Motors, a empresa entende que
essa troca de conhecimentos é essencial
para ambas as partes. “Iniciativas que
aproximam a indústria do meio acadêmi­
co trazem benefícios para todos, pois ofe­
recem oportunidades para a aproximação
de novos profissionais no mercado de
trabalho”, afirma. O diretor de compras
da montadora, Claudio Rodrigues Bello,
reforça que a proximidade da área aca­
dêmica com o mercado de maneira mais
perene permite que permaneçam alinha­
dos, atualizados e com acesso às melhores
práticas para estimular a inovação.
outubro a dezembro DE 2014 | Domínio fei
9
destaques
Simpósio registra aumento
no número de pesquisas
Avaliadores destacam
qualidade dos estudos
apresentados pelos
estudantes no SICFEI
P
or meio das pesquisas que rea­
lizam, os alunos de graduação
do Centro Universitário da FEI
mostram que é possível criar metodolo­
gias que ajudam a aumentar a qualidade
de vida de pacientes, melhorar o trânsito
das cidades, empregar corretamente ma­
teriais reciclados, projetar equipamentos
eficientes e seguros, viabilizar medidas
que maximizem lucros nas empresas, co­
laborar com grupos carentes e até mesmo
desenvolver novas metodologias didáti­
cas dentro das universidades. Além de
colaborar com o avanço do conhecimento
e, consequentemente, com o desenvol­
vimento do País, o envolvimento do
estudante em pesquisas gera habilidades
e competências que o torna um profissio­
nal altamente qualificado para o mercado
de trabalho e para a pós-graduação.
Na FEI, todos os alunos têm a opor­
tunidade de se aprofundar nas diversas
áreas do conhecimento por meio da parti­
cipação em projetos apoiados pelas coor­
denações de Iniciação Científica (PBIC),
Iniciação Didática (PRO-BID) e de Ações
Sociais e Extensão (Pro-BASE). Esses
trabalhos são apresentados anualmente
no Simpósio de Iniciação Científica, Di­
dática e de Ações Sociais de Extensão da
FEI (SICFEI) para que sejam avaliados
por docentes da Instituição e por pesqui­
sadores convidados. Os destaques deste
ano foram o crescimento expressivo no
número de projetos inscritos – 151 –, a
participação de alunos estrangeiros e a
percepção de qualidade reportada pelos
avaliadores.
Segundo o professor doutor Gustavo
Hen­r i­que Bolognesi Donato, membro
do comitê organizador do SICFEI e
coordena­dor do Programa de Bolsas de
Iniciação Científica, o aumento de 54%
no número de trabalhos em relação ao
ano anterior – em 2013 foram 98 – é re­
sultado do apoio crescente da Instituição
ao programa, mas, principalmente, do
aumento de consciência dos estudan­
tes de que o sucesso de longo prazo é
fortemente favorecido, ainda durante
a graduação, pela exposição a desafios
mais profundos que os de sala de aula e
que possam cultivar maior flexibilidade
intelectual e autossuficiência na solução
de problemas. Por meio de palestras para
esclarecimento de dúvidas e atendimento
personalizado para orientação específica
aos estudantes na busca de projetos e
orientadores, os programas têm conse­
guido aproximar os alunos de estudos
que se adequem ao seu momento de vida
e às suas expectativas profissionais.
Para o docente, os alunos que par­
ticipam dos projetos ganham amadu­
recimento, melhoram as competências
Tecnologia aplicada e preocupação social
Entre os trabalhos de Iniciação Científica, um dos destaques foi o estudo da aluna
Tami Aline da Cruz, que ficou surpresa
com o resultado frente a tantos projetos
de qualidade apresentados no simpósio.
Com o tema ‘Uso de cimento de aluminato
de cálcio como ligante para a produção de
emulsões cerâmicas’, a estudante do 6º ciclo de Engenharia Química visa estabelecer
condições experimentais para avaliação do
cimento por meio de medidas de viscosidade e condutividade ao longo do tempo. “O
segredo da pesquisa é ir além e devemos
tirar máximo proveito dessa oportunidade
de iniciação científica, procurar aplicações
10
industriais, comerciais, utilidades no dia a dia,
entre outras, e não ficar apenas focado no
que fazemos no laboratório”, pontua.
O aluno Rodrygo Figueiredo Moço, do
10º ciclo de Engenharia Mecânica, recebeu
o destaque pelo estudo ‘Potencial de Corpos
de Prova Charpy Pré-Trincados (PCVN) na
Determinação de Curvas de Propagação de
Trinca à Fadiga de Aços Estruturais’, que teve
como objetivo desenvolver uma metodologia para ensaiar a vida em fadiga de aços
estruturais usando amostras em miniatura,
cujos testes se mostraram viáveis, com pouco
espalhamento experimental e boa repetibilidade. O estudante acredita que o fato de ter
Domínio fEi | outubro a dezembro DE 2014
concluído dois projetos de iniciação científica
colaborou para seu melhor desempenho durante a graduação. “Tornei-me um aluno mais
motivado a estudar e, como consequência,
acabei sendo agraciado com três menções
honrosas como melhor aluno da Engenharia
Mecânica do período diurno e com uma bolsa
de estudos pela Tenaris Confab por meio do
programa Roberto Rocca. Todo esforço empregado durante a graduação valeu a pena”,
comemora. O aluno também foi agraciado,
em 24 de outubro, com menção honrosa do
VII Simpósio de Iniciação Científica da Universidade Federal do ABC (UFABC).
Também considerada destaque no SICFEI,
Alunos vencedores da edição 2014 do Simpósio de Iniciação Científica, Didática e de Ações Sociais de Extensão
técnicas e, no geral, conquistam melhor
rendimento acadêmico e maior estabili­
dade das notas ao longo dos semestres,
já que são expostos à metodologia cien­
tí­f ica, a desafios mais aprofundados
em­ relação àqueles que fazem parte
da­grade curricular padrão e passam a
estudar e resolver seus problemas de
maneira estruturada e crítica. “Conse­
quentemente, os programas de iniciação
oferecem valiosa diferenciação dentro
do processo de formação. Em relação
aos trabalhos expostos no SICFEI, a
qualidade surpreendeu os avaliadores e
a média de notas ficou elevada”, destaca.
O simpósio foi totalmente patrocinado
pela Companhia Brasileira de Metalurgia
e Mineração (CBMM) e teve a participa­
ção de cinco alunos franceses que fazem
intercâmbio na FEI.
A comissão julgadora foi composta de
58 professores do Centro Universitário
e de instituições convidadas, que obser­
varam aspectos técnicos, organização do
conteúdo, clareza e objetividade, assim
como uso correto da língua portuguesa
e relevância do trabalho no contexto da
sociedade atual, entre outros quesitos.
Dos 151 trabalhos relacionados a todos
os departamentos de ensino da FEI, cinco
foram considerados destaques: três de Ini­
ciação Científica, um de Iniciação Didática
e um de Ações Sociais e de Extensão.
a pesquisa ‘Prontuário Eletrônico do Paciente
com Estrutura Centralizada de Assinatura Eletrônica’, do aluno Gabriel Tamassia Martinez,
do 8º ciclo de Ciência da Computação, avalia
a aplicação de mecanismos de segurança
da informação em imagens de prontuário
digitalizados de pacientes, para utilização
em sistemas gerenciadores de prontuários.
“A conquista é fruto da parceria e ajuda de
pessoas que sempre me apoiaram”, afirma o
aluno, ao lembrar a citação de Isaac Newton:
‘Se vi mais longe foi por estar sobre os ombros
de gigantes’.
Na área de Iniciação Didática venceu o
trabalho ‘Construção de material didático
dinâmico para ampliar as competências em
Sociologia Organizacional’, da aluna Gabriela
Cristina Costa da Costa, do 8º ciclo de Engenharia de Produção. O estudo tem como
objetivo a elaboração de um material mais
atual, dinâmico e que desperte o interesse
dos alunos para a disciplina. “Para a execução
do projeto foram utilizados artigos científicos
e jornalísticos dos principais veículos de
informação, trailers de filmes relacionados
aos temas abordados na disciplina, fóruns
de discussões e premiações. Também foram
elaborados tutoriais com instruções gerais e
um roteiro de estudo extraclasse”, explica.
Já na área de Ações Sociais e de Extensão,
o destaque foi o projeto ‘Pelas mãos de
Alice: a leitura como transposição do ser’,
de autoria da estudante Gabriela da Silva
Vieira, do 6º ciclo de Administração. O
projeto de ação social apresenta a leitura a
moradores de abrigos como caminho para
resolução de seus problemas. “Ter meu
projeto destacado mostrou que fiz a escolha certa, a de ser voluntária. Um mês antes
do SICFEI apresentei meu trabalho para um
adolescente do projeto e ele disse que eu
iria ganhar, pois o trabalho foi desenvolvido
sobre crianças maravilhosas e abençoadas.
Ao ouvir meu nome, me emocionei lembrando da frase dele”, comenta.
outubro a dezembro DE 2014 | Domínio fei
11
destaques
O despertar da iniciativa empreen
Feira de Empreendedorismo do
campus São Paulo permite que alunos
desenvolvam ideias de negócios
R
ecente pesquisa da Global Entrepreneurship Monitor,
a GEM Brasil 2013, tem resultados favoráveis em relação
ao empreendedorismo no País nos últimos 12 anos. Com
o aumento da taxa de empreendedores iniciais estima-se que 40
milhões de brasileiros, entre 18 e 64 anos, estejam envolvidos
com alguma atividade empreendedora. Embora os números
sejam positivos, ainda falta aos empreendedores entenderem a
importância de seus negócios para a geração de empregos, renda
e tecnologia que colaboram com o desenvolvimento do País. O
tema foi discutido no Centro Universitário da FEI durante a 16a
Feira do Empreendedorismo, realizada dia 8 de novembro no
campus São Paulo.
O estudo indica dois perfis de empreendedor: aquele que ini­
cia o negócio autônomo por não possuir outra ocupação e pensa
apenas na geração de renda para a família, e aquele que identifica
uma chance de negócio e empreende mesmo tendo alternativa de
renda. De acordo com a pesquisa, dos empreendedores iniciais,
71% teve a iniciativa por oportunidade e 28% por necessidade.
Com esses números, o Brasil está à frente dos cinco países do
grupo dos BRICs (Brasil, Rússia, Índia e China). “Há 20 anos,
este mercado era formado por empreendedores por necessidade
e o novo cenário é muito positivo. No entanto, muitos ficam na
zona de conforto e não evoluem por acharem que o rendimento
12
Domínio fEi | outubro a dezembro DE 2014
e o retorno financeiro estão bons”, enfatiza Maria Rita Spina
Bueno, diretora-executiva da Anjos do Brasil, entidade parceira
da Feira de Empreendedorismo que fomenta o investimento
semente (anjo). Segundo a executiva, que foi jurada na feira, é
necessário ter uma visão mais ampla de empreendedorismo, pois
o brasileiro é criativo e pode gerar grandes inovações para o País.
Além disso, são os empreendedores que criam empregos, fator
importante para o desenvolvimento.
Para o especialista financeiro na Startup House e ex-aluno
de Administração da FEI, Ayrton Motoyama, que também par­
ticipou como jurado da feira, no Brasil, os empreendedores são
desencorajados devido à carga tributária pesada e à cultura de que
é melhor ter um emprego em uma grande empresa ou ser concur­
sado em vez de ser um empreendedor. “Um artigo da doutora em
política científica e tecnológica, Sabine Righetti, apresenta duas
hipóteses para essa realidade: países de economia historicamente
instável, como o Brasil, tendem a educar seus jovens para que
arrisquem menos. A segunda hipótese é o desestímulo da própria
família em relação a se arriscar para criar novos negócios e novas
soluções”, complementa.
Os especialistas acreditam que as universidades são funda­
mentais para despertar e capacitar os alunos para o empreen­
dedorismo. Maria Rita Spina Bueno garante que é um mito a
história de que um indivíduo já nasce empreendedor, pois acredita
na possibilidade de desenvolver e capacitar para empreender.
Por isso, sugere que as instituições de ensino despertem nos
alunos o interesse pelo tema, por meio de eventos e inserção do
assunto em todas as disciplinas, não apenas em matérias com
conhecimentos específicos. “A universidade faz a capacitação,
dedora na educação
Primeiro contato
A edição 2014 da Feira de Empreen­
dedorismo da FEI recebeu 16 trabalhos
de alunos do curso de Administração, que
podem ser colocados em prática por futuros
empreendedores e contemplam diferentes
segmentos de serviços e produtos. Entre as
ideias apresentadas estão uma consultoria
em projetos sociais, que faz intermedia­
ção entre voluntários e instituições; um
sistema de pagamento digital utilizando
as impressões digitais dos clientes no
ponto de venda; e uma padaria com foco
em produtos saudáveis e saborosos. Para
o coordenador do evento, professor Luiz
Ojima Sakuda, do Departamento de Ad­
ministração, a feira é uma oportunidade
de aplicar e integrar os conhecimentos
adquiridos durante o curso e permite que
os estudantes tenham as primeiras expe­
riências e conheçam melhor o mercado,
além de interagir com profissionais da área
e ter o retorno de potenciais clientes, forne­
cedores, colaboradores e investidores. “Essa
oportunidade possibilita aos estudantes
entenderem os desafios de empreender
para se prepararem melhor como profis­
sionais. Este tipo de evento pode ajudar a
aproximar a academia – alunos, docentes e
pesquisadores –, empresários, investidores,
gestores públicos e de órgãos de fomento
e de apoio, consultores e outros profissio­
nais, o que é fundamental para o fortale­
cimento do ecossistema empreendedor e
a difusão de modelos e boas práticas”, diz.
Reflexões em Administração
Arquivo pessoal
Os alunos de Administração do campus São Paulo também discutiram assuntos extracurriculares e tiveram contato com profissionais da área durante a Semana da Administração,
em outubro. Sete palestras foram ministradas por professores e convidados que abordaram temas como finanças pessoais, impacto das políticas públicas, cenários econômicos,
­business cases – Motorola e Inovação, Varig e Governança Corporativa – e negócios sociais.
Os alunos participaram, ainda, de jogos interclasses com partidas de futebol de salão e
handebol feminino. “O evento possibilitou aos estudantes receberem informações do
mercado de trabalho por meio de depoimentos e debates com profissionais renomados
da Administração e áreas interligadas. Com isso, tiveram contato com casos reais e práticos
que não são normalmente apresentados em salas de aula”, explica o professor doutor
William Sampaio Francini, coordenador do curso de Administração do campus São Paulo.
Arquivo pessoal
por isso, é necessário que seja mais ativa
e crie oportunidades para que os alunos
empreendam na prática e participem de
estágios em startups”, acredita.
Reconhecimento
de trabalho de
especialização
­
Um trabalho que avalia propriedades protetivas de revestimentos
orgânicos aplicados em módulos fotovoltaicos, produzido no Centro Universitário da FEI, foi apresentado no
XIII Encontro da Sociedade Brasileira
de Pesquisa em Materiais (SBPMat),
realizado em João Pessoa, na Paraíba.
O estudo ‘Evaluation of water uptake
of encapsulants materials used for
photovoltaics modules’ é de autoria
da aluna de especialização Célia Regina Tomachuk dos Santos Catuogno­,
com orientação do professor doutor
William Maluf Filho, coordenador do
curso de especialização em Gestão e
Tecnologia em Projeto de Produto do
Departamento de Engenharia Mecânica da FEI.
“Com a participação, solidificamos
nossa contribuição técnico-científica
em uma valiosa área do conhecimento. Além da direta contribuição que
o trabalho tem com a ampliação das
fronteiras do conhecimento, a publicação de uma pesquisa oriunda da especialização em Gestão e Tecnologia em
Projeto de Produto serve de estímulo
para os alunos que estão cursando,
além de mostrar que é bastante útil
e promove o aprimoramento”, comemora o docente.
outubro a dezembro DE 2014 | Domínio fei
13
destaques
FEI vence desafio internacional
Concurso foi oportunidade para
desenvolvimento de projeto e
fabricação de material composite
U
ma equipe do curso de Engenharia de Materiais e
Engenharia Mecânica do Centro Universitário da FEI
foi a vencedora do 1º Desafio Acadêmico Internacional
de Composites. Promovido pela Sociedade para o Avanço de
Materiais e Engenharia de Processos (SAMPE), o desafio foi
realizado em conjunto com a Feira e Congresso Internacionais
de Composites, Poliuretano e Plásticos de Engenharia, em no­
vembro, em São Paulo. O concurso tem como objetivo dar uma
oportunidade para os estudantes aprenderem e expandirem
suas habilidades para projeto e fabricação de componentes em
material composites.
A equipe, formada pelos alunos Gabriel Prosofsky de Araujo,
Henrique Egidio Seabra, Pedro Henrique Cicolo Lacaze, Pyetro
Curvelo e Víctor Zacarin Merino, venceu na categoria A: Perfil I
com fibra de carbono para 10.000 lbf (44,5 kN), que consiste na
construção de uma ponte feita com fibra de carbono no formato
em I que pudesse suportar uma carga de até 10 mil libras. “O
desafio nos proporcionou a oportunidade de ampliar o conhe­
cimento sobre materiais compósitos, tanto na teoria quanto na
prática, e nos permitiu interagir com diferentes cursos da FEI.
Além disso, tivemos oportunidade de manter contato com pro­
fissionais da área com grande experiência no ramo de compósitos
e de participar de experiências para a elaboração do projeto com
as demais faculdades participantes”, destaca Victor Merino.
Para o professor doutor William Naville, do Departamento
de Engenharia de Materiais da FEI e um dos orientadores dos
alunos, conquistar o desafio foi excelente, porém, a importância
vai mais além, pois essa vitória dá motivação aos alunos para
colocarem em prática seus conhecimentos e fazerem a conexão
entre a teoria e a prática por meio de um objetivo bem defini­
do. “O sucesso da equipe está relacionado aos conhecimentos
acumulados pelos alunos e ao desenvolvimento do projeto,
com a construção de um protótipo e a realização de ensaios e
simulações numéricas que permitiram aperfeiçoar o processo de
fabricação e aprimorar o dimensionamento da ponte (viga I)”,
acrescenta a docente Gigliola Salerno.
Na frente: Os
professores doutores
William Naville e
Gigliola Salerno
foram os orientadores
do grupo de alunos de
Engenharia de Materiais
e Engenharia Mecânica
Prêmio em microeletrônica
Com o artigo ‘Behavior Investigation of Trench-Gate and Vertical Diffusion Power Mosfet’, o estudante Jefferson Willians Moreira Santia­
go, do curso de Engenharia Elétrica do Centro Universitário da FEI, foi premiado como o melhor paper durante o Chip in Aracaju – 14th
Microelectronics Student Forum (SFORUM), realizado em setembro. Este trabalho apresenta uma análise do transistor de potência MOSFET
feita em duas topologias diferentes, difusão vertical (VD-MOSFET) e porta em trincheira (U-MOSFET). “Observou-se que os dispositivos
U-MOSFET apresentaram uma redução na resistência do canal e uma capacitância de porta maior, melhor transcondutância e tensão de
ruptura maior. O impacto do tempo de vida dos portadores na tensão de ruptura também foi analisado, indicando a redução da tensão
de ruptura com o aumento deste parâmetro”, informa a professora doutora Michele Rodrigues, orientadora do estudo. O evento é o mais
importante na área de micro e nanoeletrônica realizado no Brasil e recebeu diversos especialistas de países como Alemanha, Israel, França,
Estados Unidos, Canadá e Holanda para apresentação de produtos, ferramentas e projetos.
14
Domínio fEi | outubro a dezembro DE 2014
MEC reconhece Centro Universitário
como Instituição Comunitária
FEI consolida a vocação
e o compromisso de
prestar serviços de
interesse público
A
Secretaria de Regulação e Su­
pervisão da Educação Superior
(Seres), unidade do Ministério
da Educação (MEC) reconheceu o Centro
Universitário da FEI como Instituição
Comunitária de Ensino Superior (ICES),
de acordo com a portaria nº 678, divul­
gada em 12 de novembro. A certificação
confirma a qualificação da FEI como
instituição pública não estatal que desen­
volve ações educacionais de excelência no
ensino, na pesquisa e na extensão e que, a
partir desta titulação, é convidada, pelas
características institucionais que possui,
a participar mais efetivamente de inicia­
tivas do governo federal para fomento de
projetos de interesse público dirigidos à
comunidade.
Entre os projetos está o Programa
Pró-Equipamentos, que destina recursos
para aquisição de equipamentos que irão
compor a estrutura de pesquisa dos pro­
gramas de pós-graduação recomendados
pela Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal (Capes), e o Edital Proext – Pro­
grama de Extensão Universitária MEC/
SESU, que abrange programas e projetos
de extensão universitária com ênfase na
formação dos alunos e na inclusão social.
Segundo o reitor da Instituição, pro­
fessor doutor Fábio do Prado, a FEI foi
qualificada como Instituição Comunitá­
ria porque cumpriu requisitos expressos
em lei, tais como ser uma organização
da sociedade civil constituída na forma
de associação ou fundação, com perso­
nalidade jurídica de direito privado, sem
fins lucrativos e que possui transparência
administrativa. “Estamos diante de um
marco em nossa história. É o reconhe­
cimento de que, nos seus 70 anos de
serviços prestados à educação brasileira,
a FEI realizou um trabalho de qualidade,
diferenciado e voltado para o bem públi­
co”, afirma.
outubro a dezembro DE 2014 | Domínio fei
15
destaques
Instituição é uma
das organizadoras de
encontro internacional
e campeã com robôs
C
om objetivo de reunir, em um
único espaço, competições e en­
contros científicos nas áreas de
robótica e sistemas inteligentes, a Joint
Conference on Robotics and Intelligente
Systems (JCRIS) 2014, realizada em outu­
bro em São Carlos, interior de São Paulo,
envolveu um conjunto de 12 eventos. Com
a participação de mais de 3 mil pessoas e a
presença de importantes nomes mundiais
da área, a Joint Conference promoveu
encontro científico nas áreas de robótica e
sistemas inteligentes autônomos, unindo
pesquisadores e estudantes de Ciência da
Computação, Engenharia Elétrica, Enge­
nharia de Automação e Controle e áreas
afins. O Centro Universitário da FEI teve
participação intensa na conferência, com
dois papers apresentados, presença em sete
eventos (do total de 12) e vitória em duas
Fotos: Gabriela Fanzão/Estúdio Foto Síntese
Sucesso em inteligência artificial
Humanoides desenvolvidos no Centro Universitário foram destaques na competição
categorias da competição de robôs, o que
coloca a Instituição entre as mais impor­
tantes na área da robótica e inteligência
artificial no País.
Uma das atividades reuniu o Brazilian
Conference on Intelligent Systems e o En­
contro Nacional de Inteligência Artificial
e Computacional (BRACIS/ENIAC) e teve
como program chair o professor doutor
Paulo Eduardo Santos, do Departamento
de Engenharia Elétrica da FEI. O BRA­
CIS é uma combinação dos dois eventos
científicos mais importantes do País em
inteligência artificial e computacional:
o Simpósio Brasileiro de Inteligência
Artificial (SBIA) e o Simpósio Brasileiro
de Redes Neurais (SBRN). Já o ENIAC é
um fórum nacional para pesquisadores,
profissionais, educadores e estudantes que
visa apresentar e discutir inovações, ten­
dências, experiências, desenvolvimentos
e trabalhos em curso.
A área de robótica e automação foi
representada no 11º Latin American e 2º
Brazilian Robotics Symposium (LARS/
SBR), que objetivam promover um encon­
Pentacampeã nacional na categoria Small Size
Parte da programação da JCRIS 2014 foi composta por mostras
e competições que, além do público acadêmico, foram abertas para
todos os alunos do ensino fundamental, médio e técnico. A FEI participou da Latin American Robotics Competition (LARC) e da Competição
Brasileira de Robótica (CBR), consideradas as principais competições
de robótica autônoma da América Latina e do Brasil. Nesses eventos,
robôs competem entre si em jogos de futebol, sem nenhum controle
humano, em diversas categorias.
O Centro Universitário foi pentacampeão nacional e tricampeão
latino-americano de robótica na categoria Small Size, com a equipe
RoboFEI, cujo robôs têm tamanho reduzido, e campeã nacional e
latino-americana na categoria Humanoides, com robôs que têm
similaridade com os humanos. O professor doutor Flavio Tonidandel,
coordenador do curso de Ciência da Computação da FEI, afirma que
16
Domínio fEi | outubro a dezembro DE 2014
as vitórias refletem a dedicação e o trabalho dos alunos de graduação
e pós-graduação. “Os nossos robôs, assim como os das demais instituições, estão em constante evolução. Antes, vencíamos com folga,
agora o resultado fica apertado”, informa.
A conferência também abrigou a Olimpíada Brasileira de Robótica
(OBR), cuja edição foi considerada a maior já organizada no País desde
a criação do evento, em 2007, com a participação de 1,7 mil equipes
de todo o Brasil. “A final teve 80 equipes, sendo 40 do ensino fundamental e 40 do ensino médio. Nesta etapa inovamos no sistema de
pontuação, que foi feito por meio de tablets e permitia acompanhamento em tempo real dos resultados no placar. Os melhores grupos
da olimpíada se classificaram para competir na RoboCup 2015, que
será na China”, explica o professor Flavio Tonidandel, que é organizador
da OBR em nível nacional.
Em novembro, um aplicativo desenvolvi­
do por um aluno do Centro Universitário
da FEI foi finalista no Prêmio Santander
Empreendedorismo. O estudante Gesiel
José dos Santos, do 7º ciclo de Adminis­
tração, chegou à final com o projeto in­
titulado ‘Whatsoffer’, um aplicativo para
mobiles que oferece solução voltada para
dispositivos móveis usando tecnologia
GPS. “O aplicativo traz uma nova solução­
para os usuários e estabelecimentos cre­
denciados que buscam produtos (bens
e serviços), vantagens, valor percebido
e voucher de desconto, e é voltado para
produtos como higiene, padarias, pape­
larias, posto de gasolina, cabeleireiros,
entre outros produtos que não exijam
inspeção física”, explica o aluno, que foi
orientado pela professora doutora Melby
Karina Zuniga Huertas.
Arquivo pessoal
tro científico abrangente na área de inte­
ligência robótica com pesquisadores e es­
tudantes de graduação e pós-graduação.
O simpósio permitiu, por meio de sessões
técnicas, a apresentação oral de artigos
completos, artigos curtos com pôsteres
e palestras. O professor doutor Reinaldo
Bianchi, do Departamento de Engenharia
Elétrica da FEI, apresentou dois artigos
no encontro, que também serão publica­
dos no site do Institute of Electrical and
Electronics­Engineers (IEEE).
O texto ‘Hardware and Software
Aspects of the Design and Assembly of
a New Humanoid Robot for RoboCup
Soccer’ descreve como o robô humanoi­
de que joga futebol foi desenvolvido na
FEI, e o artigo ‘A Single Camera Vision
System For Humanoid Robots Acting At
Robocup Kid-size Soccer League’ aborda
o sistema de visão do robô para enxergar
os demais jogadores, a bola e o gol. “Os
textos foram desenvolvidos com a cola­
boração de todos os alunos de graduação
e pós-graduação que trabalham com os
humanoides, cujo projeto tem três anos
e é resultado do trabalho duro dos estu­
dantes”, enfatiza o docente.
Aluno chega à final em premiação
Gesiel José dos Santos foi finalista
Estudantes e docente em intercâmbio
Arquivo pessoal
e robótica
As estudantes
Iris Jared Silva
e Jaqueline Dias
Santos participam
do programa
Top España, na
Universidad
de Salamanca
Em agosto, duas alunas e o professor doutor
William Francini, coordenador do curso de
Administração no campus São Paulo da FEI,
foram selecionados para fazer um intercâmbio
na Europa com o programa Top España do
Santander Universidades. O programa tem
como objetivo incentivar o aprimoramento
dos conhecimentos no idioma espanhol e na
cultura espanhola, por meio de um curso de
três semanas em uma das instituições mais
tradicionais da Europa, a Universidad de Sa­
lamanca. O projeto selecionou 180 estudantes­
de todo o País com melhor desempenho aca­
dê­mico. As alunas Jaqueline Dias Santos e
Iris Jared Silva, do 8º ciclo de Administração,
foram premiadas com o intercâmbio e uma
bolsa integral. No final do curso os participan­
tes receberam um diploma.
outubro a dezembro DE 2014 | Domínio fei
17
destaques
Conceitos e ideias organizados em
Juliana Nunes/Fevereiro de 2008
FEI traz palestrante
internacional para
Conferência sobre
Mapas Conceituais
R
ealizada a cada dois anos e diri­
gida a pesquisadores, professores
e alunos, a Conferência Interna­
cional sobre Mapeamento Conceitual
(CMC) reúne especialistas de diversas
áreas para discutir o uso da metodologia
pedagógica Mapa Conceitual, idealiza­
da pelo pesquisador norte-americano
Joseph Novak na década de 1970. Com
origem no ensino de ciências, os mapas
conceituais se caracterizam como estru­
turas esquemáticas que representam
conjuntos de ideias e conceitos organi­
zados em rede, de modo a apresentar o
conhecimento e organizá-lo de acordo
com a compreensão intelectual do seu
idealizador.
Utilizada nas disciplinas do curso de
Administração do Centro Universitário
da FEI desde o começo de 2014, a ferra­
menta tem gerado bons frutos e ampliado
o vínculo entre professores e alunos,
assim como a ligação entre disciplinas.
Devido a essa importância, o Centro
Universitário foi um dos apoiadores da
sexta edição da CMC, realizada na cidade
de Santos, em setembro. No evento, que
reuniu cerca de 150 participantes, foram
apresentadas inúmeras alternativas do
uso dos mapas conceituais. Graças ao
apoio da FEI, foi possível trazer ao Brasil
o professor Alberto Cañas, diretor asso­
ciado e pesquisador sênior do Institute
for Human and Machine Cognition, dos
Estados Unidos.
Pela primeira vez na CMC, o Centro
Universitário apresentou os trabalhos
Encontro com representantes da FEI e o professor Alberto Cañas (4o da dir. para esq.)
18
Domínio fEi | outubro a dezembro DE 2014
‘O Papel dos Mapas Conceituais no De­
senvolvimento do Projeto Pedagógico do
Curso de Administração de Empresas’,
desenvolvido pelos professores douto­
res Paulo Henrique Trentin, Hong Yuh
Ching, coordenador do curso de Adminis­
tração campus São Bernardo­do Campo,
e Fabio Gerab, chefe do Departamento
de Matemática, e ‘Mapas Conceituais:
Modelos de Avaliação para Educadores’,
de autoria do professor doutor Edson
Coutinho, do Departamento de Admi­
nistração. O primeiro estudo retrata a
aplicação da metodologia no primeiro
semestre de 2014 nas disciplinas do curso
de Administração da FEI, e o segundo
apresenta um estudo comparativo e
de análise dos modelos de avaliação de
mapas conceituais de diversos autores.
Durante o evento foram apresentadas
várias aplicações da ferramenta, em espe­
cial na área de educação, onde ganha cada
vez mais espaço, desde a escola básica até
projetos de pesquisa multidisciplinares.
“Certamente, a participação nos abre
horizontes, nos faz discutir e avaliar uma
nova abordagem de pesquisa, pensando
em estabelecer algumas análises de
bancos de dados, assim como consolida
a ideia de mapas conceituais dentro dos
nossos cursos”, comenta o professor doutor
Hong Yuh Ching, ao afirmar que o mapa
conceitual é um caminho viável, tendo em
vista as experiências positivas apresentadas
na conferência.
Modelo inovador
Dispostos a incentivar novas metodologias
de aprendizagem, os departamentos de Mate­
mática e Administração do Centro Universitário
da FEI têm buscado o uso dos mapas conceituais
como alternativa para inserir o aluno de forma
mais ativa no processo de aprendizagem. Segun­
do o professor doutor Fabio Gerab, tal metodo­
logia possui estrutura lógica bem estabelecida
e identifica conceitos que são hierarquizados e
interconectados por estruturas de ligação. “Com
os mapas conceituais conseguimos estabelecer
conexões com diferentes áreas do conhecimen­
to, campos afins e intersecções entre aspectos
distintos de um mesmo conceito, o que orga­
niza o conhecimento segundo a ótica de cada
um”, descreve. Para o coordenador do curso
de Matemática da FEI, trata-se de uma leitura
individual e personalizada, que especifica as in­
terconexões entre conhecimento e seus usos, e a
maior importância da ferramenta é o processo
de construção de forma contínua.
Para sanar dúvidas, destacar os pontos
positivos e avaliar se o uso da ferramenta tem
sido aplicado da maneira correta, o professor
Alberto Cañas participou de um encontro na
FEI com representantes da Reitoria e dos de­
partamentos de Administração, Matemática,
Ciências Sociais e Jurídicas e Engenharia Civil.
“Foi incrível recebê­-lo e poder discutir sobre
o uso da metodologia, com questões bem
direcionadas, objetivando resolver determi­
nadas questões específicas, além de avaliar e
mensurar os benefícios diretos, estabelecer
critérios comparativos, os ajustes que preci­
sam ser feitos e se a metodologia deve ou não
ser usada de forma avaliativa. Tivemos uma
atenção específica ao uso que a FEI tem feito
da ferramenta a partir da visão de um grande
especialista”, avalia o professor Fabio Gerab.
Encontro envolve pesquisadores de
sete instituições do Grande ABC
Bruno Carvalho/UFABC
rede
A quarta edição do Simpósio de
Pesquisa do Grande ABC, realizada em
outubro, teve como principal objetivo
repensar a estrutura original da inicia­
tiva criada em 2010 por sete institui­
ções de ensino superior da região. Essas
instituições, que possuem programas
de pós-graduação em nível de mestrado
e/ou de doutorado e desenvolvem pes­
quisas relevantes em diversas áreas do
conhecimento, trabalham no sentido
de desenvolver ações práticas mais
intensas entre seus pesquisadores.
Durante o encontro, que foi dividi­
do em quatro eixos temáticos principais
que contemplam as áreas de Ciências
Humanas e Sociais Aplicadas, Saúde
e Biológicas, Exatas e Engenharias e
Edu­cação, representantes de agências
de fomento informaram sobre as
opor­tunidades de cooperação entre a
academia e o setor produtivo. Além
disso, as instituições de ensino superior
mostraram seu potencial nas diversas
áreas do conhecimento e os pesquisa­
dores apresentaram resumos de seus
trabalhos, em forma de pôster, visan­
do uma maior interação nos diversos
temas de pesquisa.
“A principal virtude dessa iniciativa
é que cada instituição percebeu que
pode atuar de forma complementar e
aditiva às demais, ampliando o aspecto
social e tecnológico das pesquisas de­
senvolvidas na região”, afirma o profes­
sor doutor Marcelo Antonio Pavanello,
vice-reitor de Ensino e Pesquisa do
Centro Universitário da FEI. O Simpó­
sio reúne FEI, Centro Universitário do
Instituto Mauá de Tecnologia, Centro
Universitário Fundação Santo André
(FSA), Faculdade de Medicina do ABC
(FMABC), Universidade Federal do ABC
(UFABC), Universidade Metodista de
São Paulo (UMESP) e Universidade Mu­
nicipal de São Caetano do Sul (USCS).
outubro a dezembro DE 2014 | Domínio fei
19
destaques
Décadas de amizade depois da fa
Fotos: Arquivo pessoal
Ex-alunos formados em 1976 e 1984
mantêm a tradição de fazer encontros
periódicos desde que se formaram
D
a neblina característica de São Bernardo do Campo,
passando pelas salas de aula e pelos laboratórios – bem
diferentes dos atuais – até os pontos de encontro para
estudar, bater papo e se divertir, lá se foram mais de 40 anos.
De cursos diferentes, mas frequentadores da mesma república,
a ‘Manga Felpa’, esses feianos, todos moradores da Baixada
Santista, dividem mais que histórias de aulas e de professores,
pois compartilham relações de amizade que só se estreitaram
ao longo dos anos e se multiplicam com suas famílias.
Ingressos da FEI em 1971 e formados em 1976, os 22 ex­
alunos começaram a construir uma relação de amizade que não
acabou após a formatura. “No começo não nos encontrávamos
com frequência, mas, de uns anos para cá, passamos a fazer de
duas a quatro reuniões por ano, fora os encontros casuais que,
certamente, são sempre muito divertidos”, garante o engenheiro
têxtil Arlindo Passos Navarro Filho, responsável pela captação
de negócios em uma empresa de construção civil. O ex-aluno
acrescenta que as muitas histórias dos tempos de FEI são sem­
pre lembradas, mas outras lembranças têm sido construídas
ao longo desses 40 anos e, por isso, assunto é o que não falta.
O último encontro, realizado dia 30 de agosto na cidade de
Santos, reuniu os amigos e suas famílias e foi regado a muitas
histórias, risadas e fotos para registrar mais um ano de amizade.
“Churrasco, jantar, passeio de lancha, não importa para onde, sem­
pre conseguimos manter o grupo unido. Quando completamos
40 anos de amizade fizemos um cruzeiro até Búzios, com nossas
famílias, com direito a camiseta comemorativa. Foi espetacular”,
lembra o engenheiro eletrônico Piramo Menon, diretor de­uma
empresa de construção civil e um dos organizadores do grupo.
Saudoso, o ex-aluno comenta que, no decorrer dos anos,
o grupo sofreu quatro perdas que são sempre lembradas com
muito carinho, mas os demais estão presentes em todas as
oportunidades. “A escolha pela Engenharia nos colocou na FEI
e a convivência na república, talvez mais do que em sala de aula,
já que éramos de cursos diferentes, nos tornou amigos”, sim­
plifica Arlindo Passos Navarro Filho, ao traduzir o sentimento
de todo o grupo. Os feianos lembram com muito carinho dos
anos de estudo, das dependências do Centro Universitário, de
alguns professores e, principalmente, das amizades que levam
para toda a vida.
20
Domínio fEi | outubro a dezembro DE 2014
Engenheiros de diferentes cursos se reuniram em restaurante
Grupo graduado em Engenharia Elétrica volta ao campus da FEI
Reencontro
Para comemorar 30 anos de formatura, a turma de 1984 do
curso de Engenharia Elétrica se reuniu no dia 16 de agosto, no
campus São Bernardo do Campo, para reencontrar colegas, relem­
brar histórias e conferir todas as melhorias e investimentos que
foram implementados ao longo de três décadas na Instituição.
Devido às agendas profissionais, com compromissos até fora do
Brasil, reunir todo o grupo foi quase uma missão impossível. Dos
cerca de 20 alunos que se formaram juntos, apenas oito estiveram
presentes neste encontro histórico. “Reencontrar os amigos é
sempre muito bacana. Saber o que cada um tem feito na vida
pessoal e profissional, dar boas risadas relembrando algumas
culdade
das muitas passagens dentro da FEI,
recordar as dificuldades em sala de aula,
as reuniões para o trabalho de conclusão
de curso, enfim, resgatar um pouco do
que foram esses anos de universidade
foi muito especial”, afirma o ex-aluno
Carlos Antonio Pizo, hoje professor
do Departamento de Engenharia de
Produção da Universidade Estadual de
Maringá (UEM) e um dos organizadores
do encontro.
O ex-aluno comenta que, apesar de
o grupo manter contato por telefone ou
e-mail, nem sempre consegue se reunir.
No entanto, desde 2009 tenta se encon­
trar ao menos uma vez por ano. Resgatar
histórias em um encontro no campus
da FEI, onde a maioria não retornava
há muitos anos, também foi marcante
para André Bifulco. “Claro que rever
os amigos, colocar a conversa em dia
e lembrar um tempo tão bom é o prin­
cipal, mas fazer isso dentro do campus
onde passamos tanto tempo, visitando
os laboratórios e as salas de aula que
frequentamos, foi mais que nostálgico,
foi inesquecível”, comemora.
O engenheiro, que é diretor executi­
vo­de uma empresa automotiva, ficou
feliz e impressionado ao ver como o
campus cresceu e que, mesmo com todo o
progresso, a FEI não perdeu sua essência
e manteve a filosofia de investir em no­
vas tecnologias com foco em pesquisas.
Após a visita ao Centro Universitário,
o grupo se reuniu em um jantar, junto
com as famílias, para dar continuidade
às comemorações. Segundo Carlos An­
tonio Pizo, a ideia dos amigos é realizar
um grande evento para festejar os 35
anos de formatura, em 2019. “Claro que
os encontros anuais continuam, mas, se
hoje fizemos algo especial retornando à
FEI, quem sabe para os 35 anos não con­
seguimos localizar todo o grupo e fazer
um encontro memorável”, programa.
Prêmio para ideias sobre uso da água
Em tempos de falta de chuva e água, iniciativas que visam estimular as melhores contri­
buições e propostas inovadoras para a solução de problemas relacionados ao uso e tratamento
da água pela indústria são bem-vistas e devem assumir uma perspectiva de longo prazo.
Para incentivar os estudos e despertar neles o interesse sobre o assunto, a Federação das
Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) criou o concurso ‘Água Ideias Inovadoras – So­
luções Sustentáveis’ e premiou, em setembro, os três melhores trabalhos de 11 instituições
de ensino, entre elas o Centro Universitário da FEI.
A FEI recebeu cerca de 20 trabalhos, que foram julgados pelos professores da Instituição
para chegar aos três primeiros colocados. O tema do trabalho vencedor da FEI foi o ‘Uso Sus­
tentável de Água em uma Empresa do Ramo de Molas’, dos alunos Jhony Guimarães Lopes,
Kaique de Lima Onofre e Robson dos Reis, de Engenharia Mecânica. A proposta dos alunos é
fazer um plano de conservação e reuso da água em uma empresa do setor de molas helicoidais,
feixes de molas e acessórios para suspensões automotivas, com base no tripé econômico,
social e ambiental. O segundo lugar ficou com o projeto ‘Green Booklet’, das alunas Beatris
Dulce Fátima Martins e Natália Cerqueira Pereira de Souza, que tem como objetivo oferecer
uma proposta para auxiliar na sensibilização da população para o uso consciente da água,
sob coordenação da professora Eryka Fernandes, do curso de Administração.
O terceiro colocado foi o trabalho ‘Proposta para Uso Sustentável da Água em uma Em­
presa de Embalagens’, dos estudantes de Engenharia Mecânica Jéssica Miranda Leal, Luis
Henrique Batista Arantes, Victor Leonardo Seixas e Walter Luiz Feriotti Jr. A solenidade
de premiação teve a presença do presidente da FIESP, Benjamin Steinbruch, que elogiou a
iniciativa da premiação. Os grupos selecionados em primeiro e terceiro lugares foram coor­
denados pelo professor Ailton Pinto Alves Filho, dos departamentos de Ciências Sociais e
Administração – campus São Paulo da FEI.
Acima: O professor
Ailton Pinto Alves
Filho (ao centro) com
os alunos premiados
em primeiro e
terceiro lugares.
Ao lado: a professora
Eryka Fernandes
(ao centro) com as
alunas premiadas
com o projeto
Green Booklet
outubro a dezembro DE 2014 | Domínio fei
21
destaques
Projetos vitoriosos em
Baja é tetracampeão
nos Estados Unidos,
Fórmula investe no
motor elétrico e alunos
da Civil se destacam
em concursos do setor
O
s projetos extracurriculares
dos vários departamentos de
ensino do Centro Universitário­
da FEI têm conquistado resultados im­
por­tantes ao longo das duas últimas dé­
cadas, fruto de um trabalho de motivação
por parte de docentes que estimulam os
estudantes a se dedicarem para além da
sala de aula. Entre os destaques estão as
equipes de Engenharia Civil, que vence­
ram concursos na área; os projetos do
Departamento de Engenharia Mecânica
Baja FEI e Fórmula­FEI, que colecionam
títulos e são respeitados nas disputas
universitá­rias nacionais e internacionais,
e o Aerodesign, que também fez boni­to­
22
em competição em outubro; e o time de
Futebol de Robôs, que ganhou mais títu­
los nas últimas disputas (leia reportagens
nas páginas 16 e 39).
As conquistas incluem o tetracampeo­
nato do Baja SAE Kansas 2014, realizado
em maio, em Pittsburgh, nos Estados
Unidos, com mais de 100 equipes de
estudantes de Engenharia de todo o
mundo. Por causa do resulta­do, a equipe
foi convidada a participar do Commercial
Vehicle Engineering Congress­(Comvec),
Domínio fEi | outubro a dezembro DE 2014
realizado em outubro nos Estados Uni­
dos, que reúne profissionais de monta­
doras de veículos e empresas de compo­
nentes, estudantes e executivos da área
da mobilidade. “A experiência foi muito
importante como aprendizado, porque
conhecemos as tendências mundiais e
muitas inovações”, afirma o estudante
Raul Luís Grosso Mascarenhas, do 10º
ciclo de Engenharia Mecânica com ênfase
em Automobilística da FEI.
O aluno, que foi capitão de uma das
equipes Baja FEI até julho deste ano, re­
presentou o Centro Universitário com
outros dois colegas da
equipe, que foi home­
nageada no encontro
pela SAE Internatio­
nal. Além disso, em
setembro foi realizada
a etapa Sudeste do Baja
SAE Brasil, quando o
carro da FEI ficou
em segundo
lugar, entre
27 compe­
tidores. O
Arquivo pessoal
capitão da equipe, Enzio Simão Bianchi­
ni, do 6º ciclo de Engenharia Mecânica,
afirma que foi uma competição difícil
devido à qualidade dos projetos e porque
algumas regras foram alteradas, como a
proibição do abastecimento durante o
enduro. “Foi um teste importante para a
equipe, que está renovada, mas sabemos
que o carro está bom e pode ficar ainda
melhor”, argumenta.
Também em setembro, o Fórmula FEI
Elétrico conquistou o segundo lugar na
competição nacional. O carro construído
pela equipe, que participa há três anos
da competição, ainda está passando por
melhorias. Segundo o professor doutor
Roberto Bortolussi, coordenador do
curso de Engenharia Mecânica da FEI,
por ser uma tecnologia nova, o motor
elétrico será revisto para o próximo ano.
“Queremos trabalhar para ter um carro
com motor mais competitivo e ganhar
em 2015”, prevê. O docente, que é o
coordenador dos projetos, lembra que o
objetivo é ampliar a formação dos alunos,
de forma a torná-los ainda mais bem
preparados para o mercado de trabalho.
Da esq.: Equipe Fórmula FEI
Elétrico conquistou o segundo
lugar em outubro e
capitães do Baja FEI
representaram a equipe em
congresso da SAE International
Arquivo pessoal
várias áreas
Grupo que participou das competições durante o Congresso Brasileiro do Concreto
Engenharia Civil é vencedora
Mais de 1,2 mil profissionais e estudantes de Engenharia Civil estiveram reunidos
em Natal, no Rio Grande do Norte, para
participar do 56º Congresso Brasileiro do
Concreto. O evento, realizado em outubro,
foi composto de palestras, apresentações
e concursos estudantis que envolveram
métodos construtivos, ensaios e análises
de materiais e pesquisa científica para concreto e estruturas. Estu­dantes do Centro
Universitário da FEI par­ticiparam de três
concursos diferentes no mesmo evento e
foram os vencedores do concurso Aparato
de Proteção ao Ovo (APO), no qual constroem um pórtico de concreto armado de
alto desempenho – cinco vezes mais resistente que o concreto convencional – que
tem de proteger um ovo de um impacto
de 15 quilos lançado de alturas crescentes.
“O que se avalia é a resistência desse
pórtico ao impacto. O ovo cozido íntegro
serve para identificar que aquela estrutura resistiu bem; se quebrar a casca,
finaliza-se o ensaio”, explica o professor
doutor Kurt André Pereira Amann, chefe
do Departamento de Engenharia Civil da
Instituição. No concurso Concrebol, no
qual a FEI conquistou o terceiro lugar,
o desafio é construir uma esfera de
concreto leve o mais resistente possível,
com materiais e dimensões previamente
estabelecidos, que seja capaz de rolar
em uma trajetória retilínea até acertar
um gol. Já o concurso Cocar tem como
proposta a construção de uma peça de
concreto colorido com mistura de corante, cimento e outros materiais, que
obtenha alta resistência e coloração mais
uniforme e nítida possí­vel. Neste desafio,
a FEI ficou entre os 10 melhores.
outubro a dezembro DE 2014 | Domínio fei
23
destaque jovem
Profissional ligada aos
Engenheira têxtil formada no Centro Universitário
da FEI em 2007 é gerente de produção na área de
vestuário em multinacional de artigos esportivos
P
oucos são os privilegiados que
conseguem unir o hobby com a
profissão, garantindo satisfação
ao trabalhar e transformando as metas
em algo prazeroso de se alcançar. A engenheira têxtil Camila Roseane Kolososki,
de 29 anos, faz parte do seleto grupo de
profissionais que têm a oportunidade de
se dedicar integralmente à área que admira, e ainda pode colocar em prática todos
os conhecimentos adquiridos durante a
graduação. Apaixonada por diferentes
modalidades esportivas, a ex-aluna do
Centro Universitário da FEI é gerente
de produção na área de vestuário da Decathlon, rede multinacional varejista de
artigos esportivos.
Formada em Engenharia Têxtil em
2007, Camila Kolososki é responsável
pelo gerenciamento dos fornecedores de
artigos de vestuário da empresa. Coordenadora de uma equipe formada por 16
profissionais, a engenheira faz acompanhamento de todas as etapas produtivas,
que incluem a escolha dos fornecedores,
preparação para auditorias, negociação
de preços e gestão das entregas. “Temos
20 marcas exclusivas, que são a força
da nossa empresa e representam 70%
do volume de vendas, e trabalho para
viabilizar a produção no Brasil, garantindo que os produtos tenham o melhor
custo-benefício do mercado. Além disso,
temos a loja virtual, 15 unidades físicas
espalhadas pelo País e mais duas que
serão inauguradas ainda neste ano, o
que significa o aumento no volume de
produção”, explica.
Embora seja ainda muito jovem, a
24
carreira decolou porque a engenheira
sempre trabalhou muito, de forma responsável e cumprindo metas profissionais e pessoais. Camila Kolososki entrou
na FEI em 2003 com o objetivo de cursar
Engenharia Química, mas, durante o
ciclo básico, ao conversar com os professores, fazer pesquisas sobre a área e
assistir algumas aulas, conheceu e optou
pela Engenharia Têxtil. “Trata-se de uma
área cujo mercado é desafiador e ainda
com poucos profissionais, mas com boas
oportunidades e empresas em atuação.
Como sempre gostei de esportes, logo
pensei que seria interessante construir
uma carreira dentro da área de vestuário
esportivo”, ressalta. A jovem conta que
gostou do curso desde a primeira aula,
na qual já teve contato com diferentes
tipos de fios e tecidos, e que a área a
cativou bastante porque envolve muitas
atividades que gosta, como mecânica,
química e vestuário.
A vontade de aliar o hobby com o trabalho aconteceu logo que a jovem começou
a participar dos processos seletivos e foi
chamada para fazer estágio na Decathlon,
em fevereiro de 2006, no departamento
de produção. Durante um ano, trabalhou
na área de qualidade e, embora não tivesse
experiência, se destacou por colocar em
prática as ferramentas e o ensino que a
FEI propiciava. Como a empresa incentiva
a autonomia do colaborador, no início de
2007, ainda no departamento de produção, Camila Kolososki foi para a área de
desenvolvimento de produto, na qual
auxiliava a engenheira responsável no
gerenciamento dos fornecedores.
Domínio fEi | outubro a dezembro DE 2014
Camila Roseane Kolososki coordena uma equipe
Ao finalizar o curso, foi convidada para
permanecer na área e ser responsável pela
produção de meias e artigos sintéticos,
onde ficou por­dois anos e meio. Em março de 2010 recebeu o convite para assumir
a área de vestuário do departamento de
esportes
Evolução
contínua
formada por 16 profissionais na Decathlon
produção e o cargo de gerente. “Fiquei
bem­surpresa, porque tinha apenas 24
anos e assumi uma grande responsabilidade. Mas era uma oportunidade única.
Acredito que o que colaborou muito com
a minha trajetória foi o fato de poder unir
a cultura da empresa com minhas caracte­
rísticas pessoais, ou seja, o dinamismo
e os esportes”, enfatiza, ao reforçar que
também dominava o idioma inglês e estudava francês, o que ajudou na escolha
da empresa.
O período em que estudou na FEI
também colaborou para que Camila
Kolososki obtivesse uma série de respostas às suas questões, propiciando
experiências que hoje são colocadas
em prática na vida profissional. Além
de atuar na Atlética e participar de
todos os campeonatos esportivos
representando o Centro Universitário, a então aluna participou de um
projeto de iniciação científica – que,
coincidentemente, era sobre meias –
com a professora Toshiko Watanabe,­
realizou viagens organizadas pelo
Departamento de Engenharia Têxtil
da FEI para visitar fábricas e recebeu
todo o suporte necessário do corpo
docente do curso, que está sempre
preocupado com a evolução dos
alunos.
A paixão pelo compartilhamento
do conhecimento despertou, ainda,
a vontade de seguir a carreira acadêmica, por isso, Camila fez mestrado
em Engenharia Mecânica na FEI,
na área de Produção, em 2010, e
pretende, em um futuro próximo,
cursar o doutorado. “Dar aulas é algo
que quero realizar paralelamente
à minha carreira na empresa. Além
disso, dentro da Decathlon espero
ter a oportunidade de assumir mais
responsabilidades e ter experiência
no exterior, já que a organização onde
trabalho está presente em 20 países.
Claro que todos esses projetos têm de
envolver a Engenharia Têxtil”, pontua.
outubro a dezembro DE 2014 | Domínio fei
25
Entrevista – José eduardo Luzzi
Especialista em motores
F
ormado em 1985 na antiga Faculdade de Engenharia Industrial
– hoje parte do Centro Universitário da FEI – o engenheiro mecânico
José Eduardo Luzzi construiu toda a sua
carreira pautada na área técnica e, desde
2010, preside a MWM International,
líder no segmento de motores diesel no
Brasil, com responsabilidades por todo
o Mercosul. Nesta entrevista exclusiva, o
executivo conta como está o mercado atual
de motores a diesel, as expectativas para
o futuro e como utiliza o conhecimento
técnico na sua prática diária.
O senhor construiu toda a sua vida
profissional na MWM, onde está há
29 anos. Como foi essa trajetória?
Eu entrei na empresa como estagiário
de Engenharia no dia 11 de fevereiro de
1985. Tinha acabado de iniciar o 5º ciclo
da FEI. Anteriormente, eu havia feito
estágio em uma fábrica que a Alpargatas
tinha na Mooca, que fazia jeans. Mas foi
curiosa a forma como entrei na MWM
e a FEI tem tudo a ver com o fato. Na
época, a FEI tinha um convênio com uma
empresa chamada Perkins, que também é
fabricante de motor diesel e é concorrente
da MWM até hoje. Grupo inglês que tem
fábrica no Brasil, a Perkins na época era
em São Bernardo do Campo e tinha um
convênio com a FEI, por meio do qual dava
um curso de uma semana sobre motores
para os alunos de Engenharia. E, no meu
4º ano da faculdade, quando estagiava na
Alpargatas, eu fiz esse treinamento, que
se chamava convênio FEI-Perkins, e fiquei
apaixonado por motor. Até então, eu não
sabia exatamente o que queria fazer, mas,
como gostei muito do negócio de motor,
fui fazer uma pesquisa de quem fabricava
motores no Brasil além da Perkins. Assim,
descobri que tinha também a MWM em
Santo Amaro e a Cummins, que fica em
26
Guarulhos. Acabei optando pela MWM.
A empresa está no Brasil há 61 anos e
per­tencia a um acionista alemão até 2005,
quando foi vendida para a Navistar, um
grupo norte-americano que fabrica caminhões, ônibus e motores.
Por que seu interesse pela empresa?
Primeiro, porque como era – e ainda
é – em São Paulo, estava mais próximo da
minha casa. Segundo porque, daquilo que
pesquisei na época, a empresa me atraiu
pela tradição, pela marca, pela tecnologia. Isso foi no fim de 1984. Peguei uma
máquina de escrever emprestada, liguei
para cá para descobrir quem era o diretor
de RH, que era um alemão, e escrevi uma
cartinha me apresentando. Eu tinha 23
anos. Coloquei a carta no correio e, depois
de algumas semanas, toca o telefone da
minha casa e era a empresa me chamando
para uma entrevista. Fiz as entrevistas de
praxe e, pelo fato de estar na FEI, também
fiz a entrevista com o diretor de Engenharia, que era outro alemão. E, assim, fui
escolhido para entrar como estagiário na
área de Engenharia, mais precisamente
Desenvolvimento de Produto. Entrei na
empresa como estagiário no comecinho de
1985, me formei no fim do mesmo ano e
fui efetivado no dia 6 de janeiro de 1986,
como engenheiro trainee.
O senhor foi ousado ao buscar um
estágio na MWM. Sua carreira seguiu
baseada em ousadias?
Bom, desde o começo eu adorei a empresa e até hoje eu gosto demais de traba­
lhar aqui. Não é à toa que faço 30 anos de
MWM em janeiro de 2015. Comecei na
área de Engenharia. Trabalhei nas áreas
de Desenvolvimento do Produto e de
Engenharia de Aplicações, fui engenheiro
residente dentro do campo de provas da
Ford, que era cliente da MWM na época e,
Domínio fEi | outubro a dezembro DE 2014
em determinado momento, por ter muito
contato com os clientes, recebi o convite
para mudar para a área de vendas. Como
o nosso produto é muito técnico, como a
venda é técnica, é fundamental conhecer
e saber o produto que estamos vendendo. Por isso, o engenheiro nesse tipo de
empresa faz muita diferença trabalhando
na área de vendas. Afinal, o produto que
fabricamos não é vendido para um diretor
de compras, mas para um diretor de Engenharia do cliente. Se o diretor de Engenharia do cliente comprar a ideia tecnicamente
de que o produto é adequado, o próximo
passo é fechar o preço com o diretor de
compras. O passo fundamental é o diretor
técnico da empresa cliente estar convencido sobre o valor do produto, então, quando
se tem engenheiros trabalhando na área de
vendas, isso facilita muito. Assim, depois
de 10 anos na Engenharia, fiz carreira na
área de vendas até chegar a ser diretor de
vendas e marketing, em 1998. No final do
terceiro ano em vendas assumi a diretoria
de vendas e marketing e aí a carreira naturalmente deslanchou.
Sua carreira sempre foi no Brasil?
Em 2009, a Navistar criou uma Divisão
de Negócios Globais, a Global Business, e
eu fui convidado para assumir a vice-presidência dessa unidade. Embora minha base
continuasse sendo o Brasil, eu ficava três
semanas por mês no exterior. Em Chicago,
onde é a matriz, ou viajando o mundo inteiro. Eu desenvolvi joint venture na China,
joint venture na Índia, clientes na Coreia,
na Turquia, praticamente não parava no
Brasil. Em meados de 2010, a Navistar fez
uma reorganização das operações no Brasil
e me convidou para assumir a presidência
da MWM. Estou nessa função desde agosto
de 2010, baseado aqui no Brasil, e sou o
responsável pelo Mercosul. Temos essa
fábrica de São Paulo, uma fábrica em Ca-
“Trabalhamos com uma que­bra de paradigma, pois, além de vender
nossos motores, podemos produzir e vender um motor exclusivo...”
noas, no Rio Grande do Sul, e uma fábrica
na Argentina, e sou responsável pelas três
operações.
Chegar à presidência aos 49 anos de
idade era uma das suas metas?
Não, a minha meta no início era trabalhar com tecnologia. Quando entrei na
MWM, meu objetivo era desenvolver uma
carreira na área técnica. Não me passava
pela cabeça ir para a área de vendas e, no
fundo, essa migração da área técnica para
a área de vendas é que acabou alavancando
o resto da carreira.
O seu maior desafio é manter a MWM
líder do mercado de motores?
A MWM vende motores para as montadoras de veículos, para fabricantes de
tratores, colheitadeiras, máquinas de construção, ônibus, caminhões, picapes. E as
grandes montadoras desse segmento estão
se verticalizando. No passado, as montadoras compravam motores de fabricantes
independentes e, hoje, a tendência global é
que esses fabricantes tenham seu próprio
motor. Isso faz, naturalmente, com que
as oportunidades de negócios diminuam
com essas grandes montadoras. Portanto,
o maior desafio da MWM é descobrir como
continuar crescendo em um ambiente no
qual as grandes montadoras, que concentram a maior parte do volume, estão
desenvolvendo e produzindo seu próprio
motor. Esse é o grande desafio.
E como a empresa está trabalhando
para vencer esse desafio?
Primeiro, estamos convencendo as
montadoras de que a MWM pode ser o
parceiro ideal para produzir e fabricar­os
motores. Trabalhamos com uma que­bra
de paradigma, pois, além de vender nossos motores, podemos produzir e vender
um motor exclusivo de uma montadora.
Usamos de toda a expertise que a empresa
tem, de toda a base industrial que a empresa tem no Brasil, os 61 anos de conhecimento no Brasil, para fazer com que as
montadoras deixem de investir em fábricas
para fazer motor e confiem na MWM para
produzir esse motor.
Essa estratégia já está dando bons
resultados?
Sim. Temos um contrato muito interes­
sante com a General Motors, de longa
duração, e temos um contrato com a MAN
Latin America, antiga Volkswagen Caminhões e Ônibus, localizada em Resende,
no Rio de Janeiro. Hoje, produzimos
um motor GM e um motor MAN. Isso é
flexibilidade, é fazer do limão a limonada,
do risco uma oportunidade. Outro pilar
que trabalhamos é a diversificação. Não
estamos restritos a segmentos que estão
sendo verticalizados, porque vendemos
motor para barco, para grupo gerador,
irrigação, trator, para pulverizador e para
outros tantos segmentos nos quais essa
característica de verticalização não existe.
O terceiro ponto é a exportação, porque a
MWM é uma empresa que tem a exportação no seu DNA e, independentemente
do momento favorável ou não para exportação – estou me referindo à cotação do
dólar –, a empresa investe muito em abrir
novos mercados e isso tem um pouco a ver
com a minha formação também. Como fui
vice-presidente de Negócios Globais, me
envolvi muito com o mercado exterior e
investimos muito na exportação, em abrir
mercados e conquistar clientes. O quarto
pilar é o mercado de reposição. A MWM já
produziu 4 milhões de motores em 61 anos
de Brasil, dos quais 2,3 milhões ainda estão
rodando, e esta frota requer manutenção,
portanto, peças de reposição. Somos muito
fortes no mercado de reposição. Hoje, a
outubro a dezembro DE 2014 | Domínio fei
27
Entrevista – José eduardo Luzzi
MWM tem quase 500 dealers (revendedores) no Brasil, a maioria vendendo peças
de reposição e fazendo serviços de reparo,
que é a assistência técnica. A MWM nunca
mudou de nome e, mesmo quando o Grupo
Navistar comprou a empresa, optou por
manter a marca MWM justamente pelo
poder que essa marca tem. Temos 500
dealers espalhados pelo Brasil atendendo
uma frota de 2,4 milhões de motores. O
negócio de peças de reposição é muito forte
e fundamental para a MWM.
O senhor disse em 2013 que estava otimista com o crescimento do mercado
nacional. Esse otimismo continua?
É muito mais fácil responder essa pergunta para você do que para os acionistas
da Navistar porque, assim como a maioria
dos executivos de multinacional com filial
no Brasil, eu também vendi otimismo e
falei para acreditarem no Brasil. Estive
em Chicago há três ou quatro anos e vendi otimismo para os acionistas. Afirmei
que o Brasil ia crescer, porque teríamos
Copa do Mundo, Olimpíadas, PAC I, PAC
II, PAC III... Disse a eles: “o Brasil está
carente em infraestrutura, por isso, tem
muito investimento em infraestrutura; os
fundamentos da economia brasileira são
sólidos, o País vai crescer de 2% a 3%, no
mínimo, todos os anos.” Enfim, pedi que
acreditassem no Brasil e eles acreditaram.
Agora, imagina eu voltando lá para dizer:
“Olha, o segmento de caminhões neste
ano vai cair 23%, o segmento de ônibus
vai cair 18%, máquinas agrícolas vai cair
7%, tratores vai cair...” Eles vão olhar para
mim e perguntar o que mudou. Bem, eu
continuo otimista sim, acho que o que está
acontecendo no Brasil é transitório. Vou
completar 30 anos de empresa e já passei
por pelo menos umas 10 crises e o Brasil
sempre saiu fortalecido e a empresa também saiu fortalecida. O Brasil é o quarto
maior mercado de caminhões do mundo.
Neste ano serão produzidos 130 mil caminhões no País, enquanto há 10 anos eram
60 mil. É verdade que o mercado brasileiro
de caminhão já chegou a 150 mil/ano,
mas ainda é o quarto mercado do mundo
28
“O Brasil é o
quarto maior
mercado de
caminhões
do mundo”
e praticamente dobrou de tamanho em
10 anos. A MWM já produziu 4 milhões
de motores a diesel, mas esse mercado no
Mercosul é em torno de 350 a 400 mil por
ano. Portanto, o Brasil é o grande líder.
Deveria haver um estímulo do governo para renovação dessa frota?
Existe um programa de renovação
de frota, do qual a MWM faz parte. Naturalmente, a frota brasileira precisa ser
renovada, porque a idade média da frota de
caminhões no Brasil é de 17 anos. Quando
olhamos para a carência total que o País
tem de infraestrutura pensamos que, em
algum momento, esses investimentos do
PAC vão ter de chegar na ponta, da forma
como têm de chegar. O Brasil é um País de
altos e baixos, e o que os executivos têm
de fazer é o que fazemos aqui: aproveitar o
momento de baixa para fazer uma profunda reflexão interna e reinventar a empresa,
descobrindo como podemos ser mais produtivos, mais eficientes, o que temos de
fazer em termos de investimento, de novas
tecnologias. É em momentos de baixa
que conseguimos fazer isso. Desde 2013,
estamos fazendo um programa de Lean
Manufacturing para aumento de eficiência produtiva, justamente aproveitando
esse momento de baixa, e já conseguimos
aumentar em quase 35% a eficiência do
nosso processo produtivo.
A MWM também desenvolve tecnologia no Brasil?
Embora a MWM pertencesse a um
acionista alemão, era a única fábrica de motores desse acionista, que é o proprietário
Domínio fEi | outubro a dezembro DE 2014
da Freios Knorr, líder mundial na produção
de freios. E, como a MWM não tinha uma
matriz fora do Brasil que pudesse prover
tecnologia, sempre desenvolveu a própria
tecnologia aqui mesmo. Esse foi o ponto
que me atraiu na MWM, voltando para a
sua primeira pergunta. Era uma empresa
que desenvolvia sua própria tecnologia
ao invés de importar tecnologia e, para
um engenheiro que está acabando de se
formar, nada melhor. Temos um Centro
de Desenvolvimento Tecnológico com 230
pessoas trabalhando na área de Engenharia. Em 2005, quando a Navistar adquiriu
a MWM, a empresa tinha planos, como de
fato executou, de expansão global, só que
os motores que são produzidos nos Estados Unidos não são os mesmos utilizados
fora daquele país. Isso ocorre porque o
norte-americano tem um gosto particular
em relação a motores, que é diferente do
que é utilizado no resto do mundo. Até
hoje, o mercado norte-americano utiliza
motores em V, enquanto no resto do mundo utiliza motores em linha. Os motores
norte-americanos têm um padrão de atendimento de emissões que é específico para
os Estados Unidos, enquanto que o resto
do mundo utiliza um padrão europeu,
inclusive o Brasil. Quando compraram
a MWM e tinham planos de expansão
global, se deram conta de que os produtos
da MWM eram muito mais adequados
para o resto do mundo do que os norte­
americanos, então, decidiram continuar
investindo na tecnologia brasileira, na
Engenharia brasileira e adotar os produtos
brasileiros para a expansão global. A Navistar já teve uma joint venture na Índia para
produzir motores brasileiros, fez uma joint
venture na China para produzir motores
brasileiros, e isso deu uma dose extra de
energia e motivação de investimentos para
essa operação no Brasil.
O que mudou em termos de tecnologia
de motores nos últimos 20 anos?
Muito. Em primeiro lugar, mudou a
necessidade de atender normas de emissões de poluentes existentes na Europa,
no Japão, no Brasil e em todos os países
praticamente e que, a cada quatro anos,
se renovam e são cada vez mais exigentes.
Hoje, na Europa, com o padrão Euro 6, o
gás que sai do escapamento do caminhão
é mais limpo do que o ar que entrou no
motor. O Brasil está no Euro 5, um estágio atrás. Para conseguir atender a esses
níveis de emissões precisamos de muita
tecnologia. O segundo drive é o consumo
de combustível. Cada vez mais, o conceito
que se utiliza é do custo total para o proprietário, que envolve não quanto ele vai
pagar pelo caminhão, mas o custo que terá
ao longo do ciclo de vida desse caminhão,
o que inclui manutenção mais barata,
manutenção mais fácil e consumo de combustível. Reduzir consumo de combus­tível
e, ao mesmo tempo, atender a índices de
emissões cada vez mais rigorosos é tecno­
logia pura. Quando entrei na MWM os
motores eram todos mecânicos; hoje, os
motores são eletrônicos, gerenciados por
uma central eletrônica, a centralina, que é
o cérebro do motor. E não só a eletrônica,
mas também a área de materiais passou
por uma evolução extraordinária, entre
outras. O processo produtivo também
evoluiu demais e, hoje, o parque industrial
da MWM é formado por máqui­nas computadorizadas com altíssima precisão.
Que perfil deve ter o profissional que
interessa à MWM?
Isso também mudou na última década.
Hoje, não precisamos apenas de engenheiro mecânico, mas também de engenheiro
eletrônico e de mecatrônica, porque cada
vez mais a eletrônica está associada com
a mecânica para aumento de eficiência,
produtividade, redução de consumo. Inglês
fluente é uma condição para todos, inclusive os estagiários, porque hoje o mundo
é globalizado. Também se privilegia aquele
profissional que tem o conceito mais generalista, porque não adianta ser só expert
em tecnologia; o profissional tem de ter
noções de gestão, de velocidade, de agilidade, precisa ser um engenheiro que entende
o que o cliente precisa, o que o cliente está
falando, a linguagem do cliente. Esse perfil
mais generalista é fundamental também.
e não raro eu ia direto para a praia surfar.
Com isso, peguei nove DPs. Quando voltei
para fazer de novo o primeiro semestre,
coloquei na minha cabeça que tinha de me
formar o quanto antes e da melhor maneira possível e nunca mais peguei nenhuma
DP. Lembro as semanas de provas, as P1 e
P2 porque, modéstia à parte, eu raramente
ia para a P3. Montava um cronograma de
estudo, pegava duas semanas antes do
início das provas e estudava.
O senhor é um presidente mais engenheiro ou mais gestor?
Sou um presidente engenheiro que
também faz a gestão. O diretor técnico
da empresa se reporta a mim, o diretor de
manufatura se reporta a mim, participo
das reuniões de tecnologia, das reuniões
de Engenharia. Estou envolvido com toda
a estratégia de manufatura, compra de
máquinas, enfim, uso muito meu conhecimento técnico. Lógico que hoje tem um
equilíbrio grande entre a área técnica, de
negócios e a gestão de pessoas.
“...cada vez mais
a eletrônica está
associada com
a mecânica para
aumento de
eficiência...”
O senhor ainda usa o surfe para manter o corpo e a mente mais saudáveis?
Por que o senhor optou pela Engenharia Mecânica na FEI?
Eu morava em Florianópolis, embora
seja de São Paulo, e prestei vestibular para
a Universidade Federal de Santa Catarina
no final de 1978, mas não passei. Aí,
em 1979, comecei a fazer cursinho para
prestar o vestibular de novo. A FEI era
uma das poucas escolas de Engenharia
que tinha vestibular no meio do ano e,
por isso, resolvi prestar em julho e entrei.
Lembro até do meu número: 29202. Eu
sabia da tradição da FEI e acho que foi uma
boa escolha. No meu primeiro semes­tre
peguei nove dependências, de um total
de 11 matérias. Eu tinha acabado de chegar de Florianópolis e gostava – e ainda
gosto – de surfar. Entrei na FEI e levei um
choque. Em São Bernardo só chovia e fazia
muito frio. Cheguei a pensar: “Meu Deus,
o que eu estou fazendo aqui?” Então, no
primeiro semestre eu costumava colocar a
prancha dentro do carro para ir para a FEI,
Comecei a surfar com 12 anos de idade
e surfo até hoje. Tenho três pranchas e,
sempre que dá, desço a serra. É um hobby.
Surfar dá uma sensação de liberdade, de
contato direto com a natureza, é a natureza pura ali, é um esporte fantástico. Mas
adoro esporte de forma geral. Sou sócio da
mesma academia há 13 anos e treino três
vezes por semana. Também gosto de correr
nos fins de semana e adoro jogar futebol.
Faço esporte por uma questão de saúde e
para me ajudar a tocar o dia a dia, porque
oxigena o cérebro, dá energia e disposição,
e isso é fundamental, pois a rotina diária é
bem exaustiva.
O trabalho também dá prazer?
Muito, adoro o que eu faço, gosto muito
dessa empresa, gosto das pessoas. É por
isso que fiz uma carreira inteira na MWM.
Esse querer bem, essa identificação com a
empresa é fundamental e isso só é possível
se você faz o seu trabalho com alegria.
outubro a dezembro DE 2014 | Domínio fei
29
pesquisa & tecnologia
Inovações com foco no
Estudos na área de
processamento de
sinais visam melhorar
o dia a dia da sociedade
O
campo de pesquisas na área
de processamento digital de
sinais e voz é de grande importância para diversos setores, como
medicina, segurança e telecomunicações.
Dentre outras aplicações, a tecnologia
permite o desenvolvimento de implantes cocleares bilaterais ou binaurais que
possibilitam às pessoas com deficiência
auditiva comunicarem-se de maneira
mais fácil e natural, e a localização de
fontes sonoras, como o disparo de armas
de fogo, ajudando a garantir a segurança
de indivíduos em zonas de guerra ou
guerrilha. O processamento é realizado
com o uso de uma arquitetura de multicanais de aquisição de sinais aliada a
algoritmos, chamados de beamformers,
que permitem melhorar a relação sinal/
ruído de uma determinada direção ou
azimute. Mas, para que estes algoritmos
funcionem corretamente, é necessário
que a aquisição dos sinais nos diversos
canais seja simultânea.
Por meio da tecnologia empregada no
processamento de sinais, alunos e professores do curso de Engenharia Elétrica do
Centro Universitário da FEI trabalham em
projetos que visam melhorar o desempenho de equipamentos presentes no cotidiano da sociedade, como telefonia celular,
consoles para jogos e dispositivos médicos
e militares. Um dos projetos envolve o
desenvolvimento de um sistema de aquisição simultânea multicanal para processamento digital de sinais e voz, que pode ser
utilizado em equipamentos com arranjo de
microfones. Com a dissertação ‘Proposta
de Hardware para Aquisição Simultânea
Multicanal e sua Aplicação na Localização
de Fontes Sonoras’, o engenheiro Marcelo
Costa, aluno de mestrado em Engenharia
Elétrica, está desenvolvendo uma arquitetura de captura e conversão analógico/
digital (A/D) simultânea de oito canais de
microfones que possua um razoável custo
x benefício e que se conecta a um notebook
ou desktop padrão de mercado.
Segundo o mestrando, os arranjos
Marcelo Costa é autor do estudo de mestrado com orientação do docente Ivandro Sanches
30
30
Domínio fEi | outubro a dezembro DE 2014
Domínio fEi | outubro a dezembro DE 2014
de microfones (microphone arrays) têm a
forte tendência para estar cada vez mais
presentes em elementos da vida cotidiana, como aparelhos de telefonia celular,
que usam esses microfones para o cancelamento do ruído ambiente permitindo
uma conversa mais clara. “Consoles de
jogos como Xbox já utilizam arranjo
de microfones em seus kits kinect e os
implantes ou aparelhos auditivos com
arranjo dão ao paciente a sensação de
direção da fonte sonora e do espaço à sua
volta. Já no campo militar, arranjos de
microfones podem ser utilizados como
um radar na localização de disparos de
armas, principalmente de snippers. Com
a evolução dos microprocessadores e do
tamanho dos arranjos, os resultados
estão mais eficientes e precisos, o que
possibilita a redução do tamanho dos
equipamentos, tornando-os possíveis
de incorporação em drones e de serem
carregados em mochilas”, pontua.
O professor doutor Ivandro Sanches,
do Departamento de Engenharia Elétrica,
informa que o estudo objetiva a criação de
uma placa com um hardware específico
de aquisição simultânea do áudio capturado em todos os microfones – neste caso
são oito canais – e desenvolvimento de
algoritmo que analisa e detecta a direção
específica do som. “Com a possibilidade
de capturar simultaneamente diversos
canais e de colocar os microfones em
diferentes posições relativas, até mesmo
de forma tridimensional, será possível,
com o desenvolvimento dos algoritmos
adequados, não só identificar a direção da
fonte sonora, mas também a redução de
ruído de fontes sonoras fora da direção de
interesse”, acrescenta. Para o desenvolvimento da pesquisa, o primeiro passo foi o
levantamento dos requisitos do projeto,
pois hardware e software deveriam atender a algumas especificações simples, mas
cotidiano
H
met
Meh
ilmi
c
Bar
k
stoc
in/i
to.
pho
com
importantes, para a utilização do
processamento digital. Posteriormente foi realizado um estudo
inicial sobre métodos de detecção
da estimativa de atraso de sinais
e como aplicá-los neste estudo.
“O trabalho não é inédito,
mas os existentes são muito
caros e a ideia é dominar a técnica para produzir e reduzir o
custo na obtenção desse tipo
específico de hardware. Além
disso, os produtos comercializados no mercado possuem
microfones fixos, enquanto
o sistema elaborado na FEI
dará mais liberdade em relação
à escolha do tipo do microfone e do seu posicionamento”,
explica o docente que orienta o
estudo. Para a produção de um
hardware que tenha um bom custo
x benefício, sem prejuízo dos resultados, foi necessária a escolha de uma
arquitetura Analog-to­-Digital Converter
(ADC) e de subsistemas para suprirem os
pré-requisitos exigidos, que dependem da
destinação dada ao produto final e de sua
resolução, seja como cancelador de ruído ou
geolocalizador.
Já existem fabricantes deste tipo de
hardware no mercado, no entanto, os custos
elevados restringem uma maior difusão dos
produtos, o que impacta negativamente na produção de conhecimento científico e acadêmico.
Até o momento, 80% da proposta está concluída,
o protótipo funcional do hardware está pronto e as
simulações de algoritmos de estimativa de tempo de
atraso foram realizadas com sucesso. “Neste momento, estou trabalhando no software de aquisição em
tempo real e, em seguida, serão realizadas aquisições
de amostras para criação de novos bancos de dados.
Diversas aplicações acadêmicas podem derivar deste
trabalho, que pretendo dar continuidade no meu
doutorado”, enfatiza Marcelo Costa.
outubro a dezembro DE 2014 | Domínio fei
31
pesquisa & tecnologia
Estudo direcionado
a deficientes visuais
Pesquisadores desenvolvem estimulador elétrico
para auxiliar na identificação de sensação tátil
32
formações visuais, no­caso palavras, pelo
sentido tátil”, detalha Kauê Cruz Guillen
que, atualmente, cursa o mestrado na California State ­University Northridge, nos
Estados Unidos. Para concluir o estudo, o
ex-aluno recebeu o apoio de colegas que
participaram do trabalho de conclusão
de curso (TCC) de Engenharia Elétrica
com ênfase em Eletrônica, no primeiro
semestre de 2014.
O protótipo do estimulador de­sen­
vol­­vi­­do tem três partes principais: um
gerador com saída em corrente, responsável por gerar o sinal de estimulação; um
circuito seletor que ativa o par de eletrodos deseja­do e a matriz de eletrodos. O
símbolo a ser­escrito na pele é desenhado
de forma se­quencial, como se um dedo
passasse pe­la pele e, para este fim, é montada uma se­quência de ativação de pares
de eletrodos que estimula as células de
percepção tátil ordenadamente, possibili-
Domínio fEi | outubro a dezembro DE 2014
tando ao usuário perceber esta sequência
e identificar o símbolo escrito. Ambas as
partes eletrônicas são controladas por um
microcontrolador, e uma fonte chaveada
flyback gera os níveis de tensão desejados
a partir de uma bateria.
“Para a execução deste projeto, indo
além dos objetivos iniciais, foi desenvolvido o módulo de entrada externo que
realiza a captação de imagem e se comunica com o protótipo do estimulador. Entretanto, este protótipo pode ser acoplado
a qualquer dispositivo de aquisição de
dados que informe os símbolos a serem
escritos na pele, bastando seguir o protocolo de comunicação”, enfatiza Kauê Cruz
Guillen. As ideias sobre estimuladores
eletrotáteis começaram no fim da década
de 1970 e, embora tenham sido realizados
alguns estudos, não foi um campo extensamente explorado. Por isso, para elaborar
seu projeto, o ex-aluno da FEI executou
Arquivo pessoal
A
Engenharia e a Medicina são
duas importantes ciências que
possuem papel fundamental na
sociedade e, quando unidas, são capazes
de criar equipamentos, métodos e procedimentos que melhoram a qualidade de
vida e o bem-estar das pessoas. O Centro
Universitário da FEI, com a expertise e
estrutura que possui, tem colaborado por
meio de projetos que envolvem a aplicação
da tecnologia na saúde. Essa parceria, com
a participação de professores e alunos,
tem gerado resultados satisfatórios. Um
bom exemplo é o projeto de iniciação cien­
tífica de Engenharia Elétrica, de autoria
do ex-­aluno Kauê Cruz Guillen, que resultou em protótipo de um estimulador eletrotátil para auxiliar deficientes visuais.
O projeto, intitulado ‘Desenvolvimento­
de Estimulador Elétrico para a Percepção
Tá­til’, visa criar um protótipo de estimula­
dor eletrotátil para auxiliar deficientes
vi­suais a identificarem símbolos por meio
da evocação artificial de uma sensação
tá­til. O protótipo é constituído por dois
módulos e um canal de radiofrequência
que permite a interação entre eles. “Em
um módulo (módulo de entrada), um
software controla uma câmera, que tira a
foto de uma palavra qualquer, identifica
e ordena as letras das palavras contidas
na fo­to e, através de um transmissor, as
envia pe­lo canal de comunicação wireless­
para o outro módulo, chamado de estimulador ele­trotátil. O estimulador está
acoplado à pele do usuário e desenha
nela as letras identificadas, uma a uma,
construindo no fim a palavra original.
Assim, o usuário consegue identificar in-
A professora doutora Maria Claudia Ferrari de Castro orientou o estudo de Kauê Cruz Guillen
jklune/istockphoto.com
uma extensa revisão
bibliográfica na qual foram
levantados todos os estudos já
desenvolvidos sobre este tema em
diversas universidades do mundo.
“A aplicação do trabalho foi uma forma
de mostrar a viabilidade de se utilizar o
estímulo elétrico convertido em sensação
tátil para passar informações visuais, que
podem ser palavras de um texto ou um
teclado, já que a forma de entrada da informação pode ser diversa. O sistema foi
baseado em um sistema de implante de
retina”, explica a orientadora do projeto
de iniciação científica, professora doutora­
Maria Claudia Ferrari de Castro, do Departamento de Engenharia Elétrica, que
desenvolve estudos sobre o tema na FEI
desde 2001 (leia quadro). A docente conta que os
resultados atingidos pelo projeto ficaram
acima dos objetivos iniciais estipulados,
uma vez que, no começo, o foco era desenvolver um estimulador eletrotátil que
projetaria apenas desenhos de formas,
como quadrados, triângulos e círculos. No
entanto, foi possível finalizar o trabalho
com um canal de comunicação e com um
módulo de entrada capaz de fazer algumas
análises de imagens e, também, de estimular palavras inteiras.
A estimulação de palavras consecutivas
possibilita a formação de frases, assim,
com o devido treino, o usuário poderá ‘ler’
grandes textos com o uso do estimulador.
“O protótipo ainda não está pronto para
o usuário final, pois algumas melhorias
devem ser feitas, principalmente com relação ao módulo de entrada”, pontua o engenheiro, ao ressaltar que são necessários
mais estudos em diversas áreas, como em
Engenharia Eletrônica, para miniaturizar
os circuitos; em Biomédica e Têxtil, para a
confecção de uma matriz de eletrodos de
melhor usabilidade; e em Inteligência Artificial para interpretar as mais complexas
imagens do dia a dia. O artigo do estudo
fez parte do XXIV Congresso Brasileiro de
Engenharia Biomédica, principal evento
nacional da área, realizado em outubro
em Uberlândia, Minas Gerais.
Docente trabalha com o tema há 13 anos
A professora Maria Claudia Ferrari de
Castro trabalha há 13 anos com estimuladores, principalmente para restaurar
artificialmente movimentos e, atualmente,
tem como linha de pesquisa a utilização de
sinais musculares e cerebrais para a criação
de interfaces homem-máquina, o que
envolve uma série de abordagens, como
a aquisição e o processamento desses
potenciais, desenvolvimento da interface
e análise da interação. Isso permite que
qualquer pessoa use sinais gerados no próprio corpo para controlar qualquer sistema
eletrônico. Atualmente, os sistemas conhecidos como BCI (Brain Computer ­Interface
ou Interface Cérebro Computador) têm
obtido grande interesse por parte da comunidade científica. Nos meses de junho
e julho deste ano, a professora foi convidada
para participar de um intercâmbio e integrar
o grupo de biossinais do Royal Melbourne
Institute of Technology (RMIT), na Austrália,
coordenado pelo professor Dinesh K. Kumar.
Durante a experiência, a docente trabalhou
com processamento de sinais musculares
para controle de próteses e deu continuidade
a estudos iniciados no Brasil. O intercâmbio
resultou em dois artigos que foram submetidos a revistas internacionais.
No segundo semestre, a docente da FEI
também firmou parceria com o professor
doutor Alberto Cliquet Júnior, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp),
que trabalha com estimulação elétrica para
restaurar o movimento das mãos e a marcha
em lesados medulares. Parte do trabalho
visa avaliar o efeito da estimulação elétrica
na velocidade de condução muscular e a
utilização do sinal muscular e/ou cerebral
como sinal de controle, ao invés da voz,
bem como comparar o sinal obtido com
voluntários sem lesão. “Após o doutorado,
com a orientação do professor Cliquet, só
trabalhei com pessoas sem deficiência e,
com o acordo, terei contato novamente
com pacientes com lesão medular. Será um
trabalho assistencial junto com a pesquisa,
que permitirá comparar os resultados com
estudos anteriores”, afirma a professora.
Além disso, durante o XXIV Congresso
Brasileiro de Engenharia Biomédica, a professora encontrou outros pesquisadores da
área e espera que, em um futuro próximo,
novas parcerias possam ser efetivadas.
outubro a dezembro DE 2014 | Domínio fei
33
Aeronaves: Stefan Kalm/saabgroup.com
gestão & inovação
APL para o desenvolvi
FEI participa de
iniciativas que visam
levar o ABC a ser polo ­­
de pesquisas e inovação
na área da Defesa
O
conceito de Arranjos Produtivos Locais (APL) ou Sistema
Produtivo Local (SPL) foi criado
devido às experiências desenvolvidas na
década de 1980, marcada pelo declínio
da competitividade da indústria norte-­
americana, pela emergência de uma nova
indústria asiática, encabeçada pelos
japoneses, e pelas experiências regionais
provenientes de países da Europa, como
Itália e Alemanha. Estes países apontavam
o ressurgimento da pequena empresa com
influência enraizada em determinadas
regiões e dependente de culturas locais,
onde micro e pequenos empresários se
uniam para trabalhar por meio de associações e passavam a produzir e exportar com
experiências de sucesso internacional.
Essa discussão de distritos industriais
começou, no entanto, com os distritos
marshallianos – teoria criada pelo economista britânico Alfred Marshall em 1890
– nos quais se previam que as empresas
que operavam geograficamente próximas
34
obtinham ganhos de externalidade dinâmica. O conceito de distrito industrial foi
revitalizado por Giacomo Beccatini em
1979, com seus estudos sobre províncias italianas que tinham como marca o
forte laço cultural e de confiança no qual
as empresas desenvolviam parceria de
produção, eficiência coletiva, projetos
colaborativos de design e exportação, com
apoio das instituições locais. Foi então que
a ideia de arranjo produtivo local passou
a ganhar relevância e importância como
uma forma alternativa de desenvolvimento nacional e regional.
“O empreendedorismo contemporâneo também nasce dessas experiências,
pois, até então, não se falava com tanto
entusiasmo na atividade empreendedora.
A ideia de um empresário empreendedor
alavancando o desenvolvimento econômico, por meio de lançamento de produtos
e processos inovadores, é do economista
Joseph Alois Schumpeter, no início do
século 20”, explica o professor doutor
Roberto Bernardes, do Departamento de
Administração do Centro Universitário da
FEI. Como os APLs são um esforço local
direcionado à interação e cooperação para
aprendizado e eficiência coletiva visando o
mercado externo, sua existência pode ser
importante para a economia do Brasil, que
tem um mercado de consumo interno bas-
Domínio fEi | outubro a dezembro DE 2014
tante exuberante e vantajoso. Outra visão
é a questão da circulação dos sistemas regionais de inovação, que devem conversar
com os sistemas setoriais e nacionais de
inovação. Isso inclui trabalhar e interagir
com universidades e instituições de pesquisas, prefeituras, governos estaduais e
federal e indústrias da área.
“Um valor básico dos APLs é a questão
da confiança, que tem valor subjetivo, mas
absolutamente fundamental. Ao definir a
identidade das regiões e entender o que
representam existe uma propensão maior
de colaboração”, acentua o docente da FEI.
No Brasil, essa discussão se consolida em
2000. A partir daí, as instituições de fomento do País começaram a considerar o
conceito como algo relevante e fundamental para o desenvolvimento econômico e
passaram a estabelecer políticas de desenvolvimento e institucionalizar esses APLs
em determinadas regiões com métricas de
avaliação e desempenho.
Uma das regiões envolvidas com os
arranjos produtivos locais é o Grande
ABC, que possui notoriedade como um
dos principais polos industriais do País e
está aproveitando seu potencial regional
para criar essas parcerias. Na região, por
exemplo, já foram desenvolvidos 12 APLs,
entre eles Defesa, Ferramentaria e Moveleiro, para reduzir a forte dependência em
Fundo: AlinaMD/istockphoto.com
mento regional
relação à indústria automotiva, aproveitar
todo o potencial produtivo já instalado e
diversificar a produção. O objetivo é elevar
a taxa de empregos qualificados e a possibilidade de pesquisa e desenvolvimento
tecnológico avançado na região. Com isso,
as empresas envolvidas, as universidades,
os centros de pesquisas e os próprios municípios se beneficiariam da dinamização
da atividade econômica.
No segundo semestre deste ano, o APL
de Defesa do Grande ABC – que envolve
algumas cidades da região –, juntamente
com outros APLs coordenados ou estimulados pela prefeitura de São Bernardo
do Campo, conquistou o reconhecimento
pelo Observatório Brasileiro de Arranjos Produtivos Locais do Ministério do
Desenvolvimento, Indústria e Comércio
Exterior (MDIC). Este fato possibilita
que cada arranjo consiga um convênio
específico com a Caixa Econômica Federal
com vistas ao fornecimento de linhas de
crédito com taxas de juros mais baixas e
prazos de pagamento mais favoráveis para
as empresas participantes.
O secretário de Desenvolvimento
Econômico, Trabalho e Turismo (SDET)
de São Bernardo do Campo, Jefferson
José da Conceição, ressalta que as instituições de ensino superior são parceiras
indispensáveis para tratar de diversos
Professor doutor Roberto Bernardes: desafio
O professor Willian Naville participa do APL
assuntos situados no foco dos APLs. Um
deles é a formação e qualificação da mão
de obra, seja em nível técnico, superior ou
de pós-graduação. “Essas instituições também são indispensáveis no que se refere
à pesquisa aplicada para a solução de problemas tecnológicos das empresas. Além
disso, cursos de especialização específicos
são temas de interesse dos APLs, que têm
nas empresas o principal interlocutor”,
complementa.
O Centro Universitário da FEI, loca­
li­zado no município, possui docentes
in­terlocutores em todos os arranjos. Para
o professor William Naville, do Departa-
mento de Engenharia de Materiais e representante da Instituição no APL de Defesa,
as universidades têm um caráter importante no desenvolvimento de tecnologias
e acesso à informação, colaborando para
os desafios que se apresentam. Segundo o
docente, os projetos e as parcerias de desenvolvimento podem gerar conhecimentos que são transferidos aos cursos por
meio dos projetos de iniciação científica,
mestrado e doutorado. “Ao trazer negócios
e desenvolvimento para a região é possível
gerar mais empregos e as possibilidades de
os alunos participarem de projetos e serem
mais reconhecidos”, reforça.
outubro a dezembro DE 2014 | Domínio fei
35
gestão & inovação
rivetti/istockphoto.com
Investimentos e ações
A constituição do APL de Defesa no Grande ABC, no início
de 2013, representa uma iniciativa de buscar a diversificação
parcial da indústria local. O caminho para isso é a reconversão
de linhas de produção e prestação de serviços especializados
a um segmento que recebe forte impulso do governo federal.
Enquanto a indústria de Defesa representa importante mercado
em expansão, com características complementares à estrutura
produtiva da região, as universidades e centros de pesquisa têm
importante papel a desempenhar nesse processo de reconversão
e no desenvolvimento de pesquisa aplicada ao setor. Os investimentos no Grande ABC estão relacionados ao fornecimento
de peças, vestuários e serviços tecnológicos. “Embora este APL
ainda esteja em fase embrionária, vem recebendo esforços reais
e significativos por parte das instituições locais, como a FEI, e
tem uma manifestação importante do Ministério da Defesa
que, junto com as Forças Armadas (Marinha, Aeronáutica e
Exército) já declarou oficialmente que pretende desconcentrar
os investimentos e criar aglomerados no País, sendo um deles
na região”, pontua o professor Roberto Bernardes.
No entanto, o docente acredita que o sucesso do APL dependerá do foco dos investimentos que devem ser feitos em ciência
e conhecimento, na organização do sistema regional de inovação
e na criação de capacidades de assimilação de alta tecnologia de
fluxos de conhecimento intangíveis, e não exclusivamente em
produção de peças e manufaturas, já que neste setor a escala de
produção é muito baixa e geralmente os fornecedores dependem de políticas de compra com muitas especificidades. Para o
êxito da iniciativa será preciso desenvolver competências para
participar de projetos globais e articular os esforços junto com
o sistema regional
e com outros parques, como de
São José dos
Campos e São
Carlos, no
interior de
São Paulo, e
Itajubá, em
Minas Gerais, além
dos internacionais.
“A capacidade de colaboração das
universidades
deverá ser maior
na área de inteligência. As instituições não vão colaborar
apenas com a Engenharia, mas com a área de Ciência da Computação­e também
Administração, com capacitação­
em gestão de compe­tências pa­ra o
desenvolvi­mento de projetos tecnológi­cos­
globais, assimi­lação de fluxos de conhecimento e novos
negócios internacionais. O investimento da FEI é importante,
Visita técnica para troca de conhecimento
A prefeitura de São Bernardo do Campo e o Business Sweden, organismo de negócios sueco, convidaram universidades e
empresas do município para participarem
de uma missão técnica na Suécia, com
o objetivo de estreitar relações com o
país europeu, especialmente nas regiões
como Linköping, cidade onde está a
sede da empresa de sistemas de defesa
aeroespacial SAAB, e com universidades
renomadas de Gotemburgo, Linköping e
Estocolmo. O Centro Universitário da FEI
36
foi representado na visita pelo professor
doutor Fábio do Prado, reitor da Instituição,
e pelo professor doutor Vagner Barbeta,
diretor do Instituto de Pesquisas e Estudos
Industriais (IPEI).
A agenda de atividades, que durou cinco
dias, incluiu visitas a universidades, empresas e parques tecnológicos, que permitiram
conhecer os diferentes aspectos do sistema­
de inovação da Suécia. “A FEI possuía
um conjunto de interesses em diferentes
áreas, como em materiais, nanotecnologia,
Domínio fEi | outubro a dezembro DE 2014
nanociência e nanoeletrônica, dispositivos
irradiados, sistemas de mobilidade e química. Essas visitas permitiram conversar com
profissionais e acadêmicos que podem se
tornar parceiros da nossa Instituição. Além
disso, facilitarão os trâmites no momento
de firmar um convênio ou um processo de
cooperação, pois esses contatos pessoais
ajudam a estreitar os laços entre as instituições”, enumera o diretor do IPEI.
Em Gotemburgo, a comitiva visitou a
Chalmers University of Technology, que
combinadas
tem dois parques tecnológicos, sendo um
muito parecido com o que será construído em São Bernardo do Campo. No parque de Linköping, cuja área foi constituída
pela Linköping University e que possui
um mix de empresas e parcerias, a FEI
assinou um convênio representando o reconhecimento que ambas as instituições
têm em relação às suas competências e
demonstrando o interesse em desenvolver projetos de cooperação envolvendo
alunos de graduação e pós-graduação.
aeroestruturas no município, pela empresa Saab, cuja matriz
é na Suécia, escolhida na licitação federal dos caças. O modelo
Gripen NG terá parte de sua fabricação realizada na região e isso
estimulará o desenvolvimento de uma cadeia de fornecedores e
supridores de bens e serviços.
Estruturação
Na busca pela maior participação do Grande ABC na base
industrial de Defesa e em outras áreas em ascensão está sendo
desenvolvida a Associação Parque Tecnológico de São Bernardo do Campo, que deverá concentrar suas atividades em cinco
áreas de pesquisa: Defesa, Petróleo e Gás, Automotiva, Design
e Ferramentaria. Essa associação civil terá um espaço territorial, ainda não divulgado, para reunir entidades empresariais,
sindicatos, universidades e poder público, com o objetivo de
buscar soluções tecnológicas para os participantes por meio
das equipes de pesquisa e desenvolvimento.
O parque tecnológico está sendo criado com apoio da prefeitura e terá universidades e empresas no conceito de preencher o ‘vale da morte’, assim chamada a dificuldade que os
projetos científicos têm de chegar às empresas. “É um trabalho
que se desenvolve com a ideia de a empresa se aproximar das
instituições de ensino com foco não apenas no produto, mas
no desenvolvimento de projetos de pesquisa. O setor público
também é importante nesta interação, formando a tripla hélice”,
explica o professor doutor Vagner Barbeta, diretor do Instituto
de Pesquisas e Estudos Industriais (IPEI) da FEI e presidente do
Conselho Técnico Científico da Associação Parque Tecnológico
de São Bernardo do Campo.
Arquivo pessoal
pois não se trata
de uma questão
da área bélica,
mas sim do
conhecimento dual que
tem po­
tencial pa­ra
aplicação
m i­l i t a r e
ci­vil, replicado em diferentes setores”, com­
plementa o­
professor Roberto Bernardes. O programa
FX-2 da Força Aérea Brasileira (FAB),
iniciado em 2001 e
com um custo estimado
de ­US$ 6­bilhões, prevê a
aquisição de 36 aeronaves de
caça Gripen NG com transferência
de tecnologia para o Brasil. Os novos
caças substituirão os Mirage 2000, que serão
desativados. Segundo a prefeitura de São Bernardo
do Campo, já foi anunciada a implantação de uma fábrica de
Da dir.: Os
professores
doutores Fábio
do Prado (2º)
e Vagner
Barbeta (5º)
estiveram na
Suécia com
representantes
brasileiros
outubro a dezembro DE 2014 | Domínio fei
37
gestão & inovação
As Águas Jurisdicionais Brasileiras,
com quase 4,5 milhões de km², equivalem
a mais de 50% da extensão territorial do
Brasil. Por sua vastidão e riqueza, essa
área é chamada de Amazônia Azul e abriga
um patrimônio inestimável, como 80% do
petróleo e as grandes reservas de gás natural, além da diversidade biológica. Para
proteger essa área e garantir a soberania
brasileira no mar, a Marinha do Brasil
tem investido na expansão da sua força
naval e no desenvolvimento da indústria
de Defesa por meio do Programa de Desenvolvimento de Submarinos (PROSUB),
que viabilizará a produção do primeiro
submarino brasileiro de propulsão nuclear
e de mais quatro submarinos convencionais diesel elétrico.
Durante o evento IPEI InFoco, realizado no dia 10 de setembro no campus São
Bernardo do Campo, o contra-almirante e
engenheiro naval Alan Paes Leme Arthou
ministrou a palestra ‘O Programa de Desenvolvimento do Submarino com Propulsão Nuclear Brasileiro (PROSUB)’ para uma
plateia formada por professores, alunos e
representantes do governo e de empresas
da região. Com o PROSUB, parte da pesquisa e todo o projeto, produção fabril,
montagem e manutenção será brasileiro,
reforçando a nacionalização que acarreta
em transferência de tecnologia e deverá
gerar empregos.
38
O contra-almirante e engenheiro naval
Alan Paes Leme Arthou ministrou palestra
Para o PROSUB será necessário cons­
truir um grande complexo militar, formado por um estaleiro, uma moderna base
naval e uma unidade industrial para fabricação de partes dos submarinos. A nacionalização da parte do estaleiro e Base
Naval envolveu 600 empresas brasileiras
e 90% dos equipamentos usados para a
construção foram nacionais, e uma parte
Domínio fEi | outubro a dezembro DE 2014
dessa produção nacional já é desenvolvida
pela empresa Termomecânica, instalada
em São Bernardo do Campo. “Para a construção de um submarino são necessárias
950 mil peças, enquanto um boeing possui 130 mil e um carro 3 mil”, compara o
palestrante, ressaltando a complexidade
logística do empreendimento. Além da
parte técnica, o contra-almirante reforçou
a importância da construção de submarinos para a proteção das águas brasileiras,
pois tem capacidade de ocultação, de
detecção do que está acontecendo em seu
entorno, poder de destruição, mobilidade
tridimensional e relativa independência
dos problemas ambientais, ou seja, não
sente fenômenos como furação.
Já o submarino nuclear vai além graças à propulsão com energia proveniente
de um reator nuclear. O modelo não precisa ir à superfície, pois conta com gerador
de oxigênio e eliminador do dióxido de
carbono, proporcionando capacidade
ilimitada de submersão. Na questão da
defesa, também se destaca pela grande
mobilidade, elevada velocidade e capacidade de cobrir grandes áreas geográficas.
“Quando falamos em energia nuclear logo
se pensa no perigo, mas, reforçamos que
todos os cuidados são tomados e os riscos
estudados. A probabilidade de acontecer
um acidente é baixa, menor do que a de
um avião cair”, enfatiza.
uatp2/istockphoto.com
Submarinos brasileiros
Sergio Fujiki
Projeto Aerodesign envolve
Engenharia Aeronáutica
Embora o Centro Universitário da FEI não possua em sua
grade curricular o curso de Engenharia Aeronáutica, desde
2002 os alunos têm a oportunidade de participar do projeto
AeroDesign, que trabalha os conceitos da área e é voltado ao
desenvolvimento do estudante no ramo aeronáutico por meio
do projeto e da construção de aeronaves controladas por rádio.
Além de colaborar com conhecimento e complementação no
currículo acadêmico dos alunos, todos os aviões participam
do campeonato SAE Brasil Aerodesign, que envolve protótipos
criados em cursos de Engenharia do Brasil e exterior.
Assim como os demais projetos extracurriculares desenvolvidos na FEI, o AeroDesign possibilita aos alunos adquirirem
conhecimentos que vão além dos ensinados em sala de aula, e
permite o aprofundamento no setor aeronáutico por meio da
aplicação das técnicas e conhecimentos da Engenharia Aeronáutica. “O projeto envolve as áreas aerodinâmica, estrutural,
elétrica e da dinâmica de voo, e os integrantes da equipe usam
toda teoria aeronáutica com foco na construção de peças cada
vez mais modernas e competitivas”, explica o professor doutor
Cyro Albuquerque, orientador do AeroDesign.
Para a atividade extracurricular, a FEI mantém uma oficina
completa dentro do Centro de Laboratórios Mecânicos e os
alunos também utilizam os laboratórios de Materiais para obtenção das propriedades mecânicas de alguns itens. Nos últimos
anos, a equipe firmou parceria com o Centro Meteorológico
do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) para análises no
túnel de vento. “Na área de projeto utilizamos ferramentas de
análise de elementos finitos para estudo das estruturas do avião,
aerodinâmica e estabilidade por meio de software utilizados na
indústria de ponta, como a aeronáutica e a Fórmula 1. Outro
software também nos auxilia nas análises de otimização multidisciplinar (MDO), além do uso de programas mais específicos
de cálculo aeronáutico”, explica o capitão Victor Cunha Zoni,
estudante do 9º ciclo de Engenharia Mecânica.
Para o campeonato SAE Brasil Aerodesign, o grupo formado
por 13 alunos desenvolveu e construiu quatro aeronaves que
competiram na categoria regular, que impõe restrições geométricas e delimita as dimensões máximas das aeronaves, que devem
ser capazes de decolar a uma distância máxima delimitada. O
principal mérito da equipe neste ano foi conseguir fazer uma
aeronave leve, confiável e com sistema de retirada rápida de
carga. Cada peça construída pelos estudantes pesa menos de dois
quilos, carrega cerca de nove quilos e chega a até 85 km/h. Nesta
edição, a FEI competiu com 64 equipes e ficou em quarto lugar.
outubro a dezembro DE 2014 | Domínio fei
39
responsabilidade social
Engenheiros voltados
Formandos de 2014
desenvolvem projetos
inovadores e focados
na saúde humana
C
ada vez mais, a Medicina e a
Engenharia caminham juntas em
busca de soluções que garantam­
mais qualidade de vida a pacientes com
doenças crônicas e que propiciem o
desenvolvimento de equipamentos de
diagnóstico e tratamento mais eficientes,
entre outras iniciativas que têm como
foco o bem-estar da sociedade. O Centro
Universitário da FEI sempre reforçou a
necessidade de os alunos terem um olhar
voltado para o social. O resultado dessa
formação focada nas necessidades da
sociedade está cada vez mais presente
nos trabalhos de conclusão de curso que,
semestralmente, são apresentados por
formandos de todas as áreas.
No segundo semestre de 2014, parte
desses projetos voltados à área da saúde
foi desenvolvida por formandos de En­
genharia Elétrica. Um dos projetos é um
protótipo eletrônico que visa
auxiliar deficientes visuais a
identificarem símbolos por
meio do sentido tátil. “O equipamento
consiste basicamente em uma matriz de
eletrodos circulares acoplada à pele, que
transmite sinais elétricos estimulando as
células responsáveis por enviar a sensação
de toque ao cérebro”, conta Filipe Costa
Feitosa, um dos idealizadores do projeto.
Para a execução do trabalho também foi
desenvolvido um módulo de captação de
imagem, que se comunica com o protótipo
através de radiofrequência.
Outro grupo de Engenharia Elétrica
desenvolveu um monitor de eletrocardio­
grama portátil que tem como objetivo
observar a atividade cardíaca por meio
da captação das derivações dos sinais
elétricos, responsáveis pela contração e re­
laxamento dos músculos do coração. Estes
sinais podem fornecer informações sobre
o funcionamento do órgão, auxiliando de
forma eficiente o diagnóstico clínico e, em
casos extremos, ajudando a salvar a vida
do paciente. Atentos às dificuldades de
portadores do Mal de Alzheimer, doença
40
AndreyPopov/istockphoto.com
Combate ao estres
Tubos plásticos descartáveis ou
feitos de aço cirúrgico para utilização
permanente, os trocateres estão presentes em cada corte realizado em um
procedimento por videolaparoscopia
em todas as partes do mundo. É por
meio desses cortes que os cirurgiões
conseguem introduzir pinças, tesouras e outros equipamentos para a
realização de procedimentos. Atentos
à importância desses equipamentos,
formandos de Engenharia Mecânica
Plena desenvolveram um equipamento
pré-operatório visando à complementação
do trocater. O projeto consiste em facilitar­
a inserção do instrumento no corpo, porque, quando o médico punciona, tem de
fazer controle de força e de direção para
ao bem-estar
degenerativa cerebral que causa perda
de memória e torna difícil a autonomia,
formandos do curso também desenvol­
veram um kit doméstico de cuidados para
indivíduos com a doença.
A ideia do grupo é monitorar alguns
parâmetros e desenvolver dispositivos
para ajudar os pacientes a terem uma vida
mais segura e independente. “O aparelho
avisa a hora certa de tomar remédios e
informa para não atender a porta para pes­
soas estranhas e não sair da cama durante
a noite, além de verificar a temperatura
do ambiente e possíveis vazamentos de
gás”, explica o engenheiro Rodrigo Costa
Rodrigues, um dos integrantes do grupo.
O equipamento é de manuseio simples, o
que permite ao próprio cuidador progra­
mar funções de acordo com as necessida­
des do paciente.
O coordenador do Departamento de
Engenharia Elétrica da FEI, professor
doutor Renato Giacomini, explica que é
importante que projetos de tecnologia as­
Alunos de Engenharia Elétrica desenvolveram monitor de eletrocardio­grama portátil
sistiva, saúde, inclusão e bem-estar social
estejam presentes nos projetos de forma­
tura. “Considero natural o interesse dos
alunos por essa área, pois trata-se de um
reflexo de sua formação na FEI”, afirma.
O docente informa que grande parte dos
projetos criados por formandos pode ser
aproveitada pela indústria e, nessa área
de projetos com fim social, a FEI já teve
alguns casos de empresas que procuraram
a Instituição porque tinham interesse em
desenvolver produtos.
se e proteção nas cirurgias
inserir o instrumento. O equipamento foi desenvolvido para que o médico pudesse trabalhar com o trocater sobre a região abdominal
do paciente, e consiste de uma alavanca e
um parafuso regulador de altura. A alavanca
é o mecanismo por onde o médico cirurgião
consegue aplicar, em sua extremidade, uma
força equivalente à metade da força necessária para inserir o instrumento dentro do
corpo do paciente. O parafuso regulador auxilia no controle e na altura do deslocamento
do instrumento perfurocortante no início da
cirurgia. “Com esse equipamento, esperamos
trazer mais segurança ao paciente que está
submetido ao processo cirúrgico, pois reduz
os riscos de acidentes por lesões em algum
órgão interno pela lâmina, e maior controle
de inserção do trocater pelo médico”, explica
o engenheiro Diego Dagys Franco, um dos
integrantes do grupo.
O projeto foi escolhido pelos estudantes
depois de avaliarem dados estatísticos da
literatura médica que indicam lesões sérias
causadas em pacientes submetidos ao trocater. Observando os mecanismos de uma
furadeira de bancada, os alunos perceberam
que conseguiriam fazer esse controle de
deslocamento e força nesse instrumento
para reduzir o risco. “Com o equipamento,
tentamos encontrar uma solução para reduzir o número de casos e para que os médicos
tivessem maior controle ao usar o trocater.
Voltamos os olhos para a saúde, porque
identificamos essa necessidade e quisemos
desenvolver um equipamento que pudesse
auxiliar a Medicina”, sinaliza o engenheiro.
Os formandos da FEI encontraram solução até para relaxar o corpo de maneira
saudável. Pesquisando diferentes tipos de
massagem, assim como equipamentos encontrados no mercado nacional e internacional, os alunos de Engenharia Mecânica Plena
desenvolveram uma poltrona de massagem
indicada para aliviar o estresse e melhorar
a circulação sanguínea, oferecendo aos
usuários melhor qualidade de vida. Segundo
Alexandre Gomes de Jesus Seixas, um dos
integrantes do grupo, a ideia surgiu para
aliviar o que está sendo chamado de ‘mal
do século’. “A massagem, além de combater
o estresse, tem a capacidade de aumentar
a imunidade, a flexibilidade, melhorar a
circulação sanguínea e aliviar dores, graças
à liberação de endorfina”, justifica.
outubro a dezembro DE 2014 | Domínio fei
41
artigo
Diferenciação torna
produto mais atraente
C
William Maluf
é professor
doutor do
Departamento
de Engenharia
Mecânica e
coordenador
do curso de
pós-graduação
em Gestão e
Tecnologia
em Projeto
de Produto
do Centro
Universitário
da FEI
42
om criatividade, inventividade e recursos da Engenharia é possível agregar
valor a qualquer produto para torná-lo
diferenciado, aumentando o interesse, o apelo e
a necessidade de consumo do cliente. Sabe­-se que
o custo é um aspecto fundamental para o sucesso
do negócio, sendo mandatória a sua apreciação.
Entretanto, a eventual diminuição do preço pode
não ser a melhor estratégia para o aumento das
vendas. É certo que, em alguns casos, é mais
difícil agregar valor ao produto, mas a própria
história da humanidade,­recheada de inovações
e progressos, mostra que sempre é possível promover mudanças e torná-lo diferenciado.
Existem técnicas de resolução de problemas,
ferramentas para aprimoramento de qualidade
e melhoria de valor de produtos descritas pela
Engenharia. Contudo, é imprescindível saber
empregá-las. Profissionais capacitados e com experiência podem contribuir decisivamente para
a melhoria do desempenho global das empre­sas.
Técnicas simples de criatividade já foram utilizadas para desenvolver produtos e agregar funções
e utilidades antes não previstas, e uma delas
baseia-se em adicionar/subtrair características
ao produto. Um exemplo dessa técnica parece ter
sido empregado para aprimoramento do celular.
Acredita-se que diversas pessoas foram reu­
ni­das e questionadas sobre o que removeriam
do celular. Tal método deve ser aplicado sempre
em um ambiente propício e sem qualquer tipo de
interrupção ou cerceamento da participação dos
entrevistados. As respostas costumam ser dadas
de maneira espontânea, sem grandes reflexões
prévias, e não devem sequer ser julgadas em
ter­mos de mérito. De uma dinâmica como essa,
sugestões como a remoção dos números, do valor
da conta, dos botões, da antena, entre outras,
certamente foram apresentadas. Naturalmente,
alguém deve ter achado hilária a ideia de eliminar
a conta, uma vez que seria muito interessante
usar o celular de graça. Creio que, ao submeter
tais comentários para apreciação da direção
Domínio fEi | outubro a dezembro DE 2014
da empresa, deve ter surgido a ideia do celular
pré-pago (sem conta). Outro resultado provável
pode ter sido o de remover a antena. Outra
inovação para a época foi a remoção dos botões.
Essa mesma estratégia poderia ser facilmente
utilizada em outros objetos. Recentemente, fui
questionado sobre o que poderia ser acrescido a
um produto simples como clipes. Cor, textura e
cheiro foram algumas de minhas respostas. Isso
daria um diferencial ao produto e chamaria a
atenção do cliente. Evidentemente, a publicidade
e o marketing devem ser igualmente considerados na intenção de incrementar a quantidade de
vendas, pois fazem com que os consumidores
saibam que o produto existe e o comprem pela
primeira vez. E se o produto (ou serviço) tiver
qualidade, e o atendimento, seja antes, durante
ou depois da compra, for bom, aumenta muito
a chance de ser adquirido novamente.
Atualmente, existem maneiras de se fazer
marketing com custo muito reduzido. As redes
sociais são exemplos claros disso. A diferença reside em como as empresas usam as ferramentas
disponíveis. E, invariavelmente, desembocamos
nos profissionais que trabalham nas empresas
e na capacidade que os responsáveis têm de
gerir o negócio de maneira lucrativa. Por isso, a
relevância da educação em Engenharia e da criatividade dos gestores. Vale ressaltar que, para a
sobrevivência das empresas, é importante o cuidado especial com a área de recursos humanos.
O resultado final de uma organização é fruto do
trabalho de pessoas, e a qualidade e competência
dos funcionários influenciam diretamente no
resultado final. Além desses aspectos técnicos,
costumo recomendar três virtudes fundamentais para comandantes e comandados: perseverança, disciplina e determinação. Acredito que
essa combinação de fatores pode culminar em
excelentes resultados. Tem uma frase usada na
área de qualidade que afirma: “se você não fizer
algo diferente, os resultados provavelmente
serão os mesmos”.
Download

Resumo: Centro Universitário da FEI participa de ações regionais