Junho 2012 10 Escola Aberta à Cultura Algumas escolhas para Janeiro a Abril coincidiram com eventos que decorriam em simultâneo no local, valorizando as experiências vividas. Foi o caso da visita guiada à Casa-Museu Medeiros e Almeida com a Exposição Biográfica e Documental O Triunfo de uma Vida - António de Medeiros e Almeida (1895-1986), dedicada ao fundador e inserida na comemoração da abertura da Casa-Museu Medeiros e Almeida ao público. Conhecemos a história de um empresário de sucesso que tinha como paixão profunda a arte e por isso, paralelamente à vida profissional, dedicou-se a reunir um vasto e precioso conjunto de obras de arte refletindo um gosto eclético e cosmopolita. Com um acervo de cerca de 2.000 obras expostas, incluem-se na coleção terracotas chinesas (primeiras encomendas de porcelana da China para a Europa), peças de relojoaria francesa, inglesa e suíça (onde estão presentes a sofisticação e o apuro técnico), mobiliário português e francês, pinturas holandesas e flamengas dos séc. XVI e XVII, retratos ingleses do séc. XIX, adereços de joalharia, baixelas de prata inglesa, ourivesaria sacra e tapeçarias flamengas e francesas dos séc. XVI, XVII e XVIII. Foi primoroso o atendimento da DrªConceição Coelho, a par da sua simpatia e particular diligência com o grupo visitante. A escolha seguinte recaiu numa forma diferente de conhecer a cidade: um passeio pedestre com visitas a lojas tradicionais e modernas. Esta iniciativa do Gabinete de Estudos Olisiponenses (GEO), designada por Lojas da Baixa e Chiado - património vivo e imaterial, suscitou curiosidade e foi com alguma expectativa que se marcou presença no Largo Camões para o primeiro passeio, As Lojas do Chiado. A experiência de andar por algumas zonas da baixa lisboeta sob orientação do Dr. Guilherme Pereira, dando-nos a conhecer locais de ontem e de hoje e chamando a nossa atenção para pormenores que de outro modo passariam despercebidos a olhares mais distraídos, foi de tal modo interessante que no final estávamos a perguntar pelos restantes trajectos. Congratulando-nos pelo excelente e meritório trabalho de investigação que o Dr. Guilherme Pereira tem em curso, claro que renovámos presença em mais três Sábados dos quatro programados pelo GEO: junto à casa do Alentejo para As Lojas da Praça da Figueira à Rua da Prata, no largo de São Domingos para As Lojas do Rossio à Rua Augusta e no largo do Chiado para As Lojas de S. Roque, S. Paulo e Arsenal. Cada visita foi uma caixinha de surpresas. Entrar em alguns dos mais emblemáticos e notáveis estabelecimentos comerciais de Lisboa, considerados como património material e cultural, foi uma descoberta para alguns, exemplo da Conserveira de Lisboa no nº34 da Rua dos Bacalhoeiros, fundada em 1930 e sem- Jornal Académico pre cheia de turistas em busca dos produtos das marcas registadas Tricana, Prata do Mar e Minor. Se por um lado estas originais incursões pela cidade nos fizeram gostar ainda mais da Cidade Europeia do Ano 2012 (recente distinção atribuída pela Academia do Urbanismo, com sede no Reino Unido), também nos sensibilizaram para a triste realidade que é a descaracterização de alguns lindíssimos interiores de edifícios antigos onde existiram lojas tradicionais, certamente pela ausência de legislação que regulamente a sua preservação. Esperamos que tal não venha a suceder no nº 50 da Rua Garret, adquirido por uma imobiliária espanhola para apartamentos. Aí visitámos um belíssimo exemplar do comércio histórico e significativo da capital, a Ourivesaria Aliança, loja centenária com uma decoração estilo Luís XV e com o teto decorado com uma tela de 1914, de Alves Cardoso, autor dos painéis da Sala das Sessões da Assembleia da República. Antecipando uma exposição com inauguração prevista para 2013 na Fundação Calouste Gulbenkian, do vasto ciclo de iniciativas da Sociedade Nacional de Belas Artes (SNBA) dedicadas a homenagear o pintor surrealista, crítico de arte e curador Fernando de Azevedo, falecido em 2002, escolheram-se três para uma mesma tarde: - a Exposição Fernando de Azevedo e os Outros, retrospetiva da obra do pintor na Galeria de Arte Moderna Fernando de Azevedo; - a Exposição Um Texto – Uma Obra, vasta e heterogénea amostra de obras de pintores, escultores, gravadores, fotógrafos, ceramistas e tapeceiros sobre as quais Fernando de Azevedo escreveu e finalmente - o Colóquio O Pintor e a Pintura, onde Emília Nadal, Eduardo Nery, Graça Morais, José de Guimarães e Nikias Skapinakis, entre outros artistas, recordaram aquele que foi um dos fundadores do Grupo Surrealista de Lisboa. Uma visita de três dias a Castro Marim deu a conhecer não só o património mas também a beleza natural da paisagem envolvente. No Revelim de Santo António, outrora pequena fortificação mandada erigir por D. João IV para defender e controlar a embocadura do Guadiana, visitou-se o Centro de Interpretação do Território, um espaço de receção e de informação aos visitantes com um miradouro virtual de todo o concelho, sendo um miradouro natural com visibilidade a 360º. Um Moinho, uma Ermida em estilo barroco, um Anfiteatro ao ar livre e um Jardim Andaluz situam-se nesta colina. O Castelo Medieval e o Forte de São Sebastião