Publicada em Jornais do Interior
Gaúcho desde Março de 2002
O outro lado da
Revolução Farroupilha.
Porongos é o nome de um
cerro, localizado entre as nascentes
dos arroios Candiota e Torrinhas,
nas proximidades de Bagé. Ali,
bem naquele lugar, a 14 de
novembro de 1844, mais
precisamente às duas da
madrugada, o Imperial Exército
brasileiro massacrou as forças de
Daví Canabarro e Lucas de
Oliveira, compostas em sua
maioria pelos Lanceiros Negros,
de quem diversos historiadores (e
registros) contam maravilhas. E
com justa razão. É preciso lembrar
que havia Lanceiros dos dois lados, sempre
referidos como quase-heróis.
A 14 de novembro de 1844, mais de
mil rebeldes estavam acampados em Porongos,
sob o comando de Canabarro e Lucas. Na tarde
anterior, segundo documentos oficiais e
correspondências anteriores, “Canabarro
mandou retirar o cartuchame dos soldados de
infantaria” e, “na hora do ataque de Moringue
(apelido de Francisco Pedro de Abreu, ou Barão
de Jacuí, ou Chico Pedro)”, “Canabarro
montou a cavalo com seu Estado Maior” e
“passou um passo, que havia na retaguarda de
sua barraca”, isto é, passou a cavalo por um
trecho raso do arroio e “se mandou”.
Por que Canabarro teria agido assim?
Aí, a História vai mostrando o outro lado,
sempre com material comprobatório. O Tratado
de Ponche Verde foi uma peça criada pelos
farrapos para justificar a rendição, ou seja, não
teria existido.
A correspondência do Barão de
Caxias (barão, na época) ao Ministro da Guerra
(20.11.1844) diz: “eles, no dia 15 do corrente,
me tornaram a enviar o mencionado papel junto
por cópia, assinado pela maioria dos principais
chefes rebeldes”. Os defensores da tese da
traição de Canabarro, apontam fortes razões
para sua posição:
1. nem Caxias, nem qualquer outro, por parte
do Império, jamais teriam assinado qualquer
Tratado de Paz, em época alguma;
2. na verdade, teria havido uma rendição, tendo
sido aceitos quase todos os pontos propostos
pelos farroupilhas: todos os oficiais que
serviram à República passariam a ocupar os
mesmos postos no Exército Imperial; os
patriotas não serviriam na Guarda Nacional; a
dívida pública da República seria reconhecida
pelo governo; as viúvas de oficiais receberiam
uma pensão e os rio-grandenses indicariam os
dois primeiros presidentes da Província.
Onde trancou a negociação?
Em um dos pontos de honra de Bento
Gonçalves, que dizia:
“os escravos que lutaram nas fileiras
e-mail: [email protected]
- “A Teoria do Germe, de Luís Pasteur é uma
ficção ridícula.” (Pierre Pochet, professor de
Fisiologia em Tolouse, 1872).
- “O Raio-X é um engano.” (Lord Kelvin,
físico e líder da Sociedade Científica Real
Britânica, 1900)
Carlos Barbosa, uma
homenagem ao
Governador da época.
- “Até julho, estará fora de moda.” (Variety
Magazine, em março de 1956, dando 3 meses
de vida ao Rock n’ Roll)
republicanas serão considerados como livres”.
O Presidente da Província, Francisco
Álvares Machado, na reunião com José
Pinheiro Ulhoa Cintra e Manoel Alves Silva
Caldeira, os dois enviados com as condições
dos farrapos, contraditou: “os negros que
lutaram pela revolução, serão entregues ao
Governo, para trabalhar nas fazendas da
Nação”. Ulhoa Cintra exaltou-se e foi
convidado pelo Presidente a deixar a sala. A
reunião estava terminada.
Como encaminhar a rendição, se uma
das principais cláusulas estava cortada?
Reposta: Porongos.
Desgostoso, Bento Gonçalves retirouse e Caxias passou a enviar todas as
correspondências para Canabarro.
Canabarro sabia que seria atacado?
Em 09.11.1844, cinco dias antes de
Porongos, Francisco Pedro de Abreu, o
Moringue, recebeu ordens específicas de
Caxias: “atacar às duas da madrugada no dia 14
de novembro. Suas marchas devem ser o mais
ocultas que possível seja, inclinando-se sempre
sobre sua direita, pois posso afiançar-lhe que
Canabarro e Lucas ajustaram ter suas
observações sobre o lado oposto”. No mesmo
documento do Arquivo Histórico do RS, o
Coronel Abreu é advertido para “poupar o
sangue brasileiro tanto quanto puder,
particularmente gente branca da província ou
índios, pois esta pobre gente pode seu útil no
futuro”.
E foi assim que, ao acontecer o
massacre de Porongos, (centenas de mortos e
poucos prisioneiros) com Canabarro e Lucas
ausentes, desapareceu o único problema para a
rendição honrosa, proposta pelos farrapos. As
provas estão no arquivo histórico. Duas não
estão lá, mas tem nome. Bento Gonçalves
afastou-se para sempre e o General Neto, que
proclamara a República do Piratini, retirou-se
para a fazenda de seu pai. Nenhum deles
concordou com o que havia sido feito.
Quem assinou a paz no acordo que só
teve um lado? Canabarro.
A Pré-História começa a 3,5 milhões de
anos, quando surgem os macacos hominídeos,
antecessores do homem moderno. Está
dividida em períodos: Paleolítico (3,5 milhões
de A.C. a 10.000 A.C.); Mesolítico (10.000
A.C. a 8.000 A.C.); Neolítico (8.000 A.C. a
4.000 A.C.). A domesticação de animais, o
surgimento da agricultura, utilização dos
metais e a descoberta da escrita, marcam o fim
desta fase.
“Seus sonhos mantêm aceso o fogo em seu
coração. Eles são a seiva da vida. Nós envelhecemos não porque o tempo passa, mas
principalmente porque abandonamos nossos
sonhos.”
Roberto Shinyashiki
Escritor e conferencista brasileiro
A primeira população
conhecida, no local onde hoje fica
o município de Carlos Barbosa,
foi composta pela nação TupiGuarani. O primeiro foco de
imigração ocorreu, entretanto,
somente na metade do século
XIX, com a chegada, em pequeno
número, de luso-brasileiros que
tinham como finalidade organizar
e administrar as novas colônias;
eram eles engenheiros, agrimensores, serviçais e pequenos
agricultores.
Por volta de 1855, chegaram
os primeiros alemães e depois os
suíços, em 1874. Mas sem dúvida,
os italianos constituíam o grupo
de imigrantes mais numeroso que
se estabeleceu na região. Em
1878, foi construída uma capela
em homenagem à padroeira do
município, Nossa Senhora
Madre-de-Deus.
O nome atual de Carlos
Barbosa foi dado somente em
1910, quando Júlio Azambuja,
Intendente de Garibaldi, batizou o
município em homenagem ao
Governador do Estado (19081913), em cujo governo foi
construída e inaugurada a
Ferrovia Montenegro-Caxias do
Sul.
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