HISTÓRIA – PROFª CÁSSIA 2ª SÉRIE DO ENSINO MÉDIO GABARITO DA PROVA BIMESTRAL DE HISTÓRIA 1º BIMESTRE 1-‐ a) Poderiam ser citadas qualquer uma das medidas coercitivas, ou seja, que obrigavam os colonos a se submeterem a impostos e demais limitações políticas e burocráticas. Essas medidas devem ser associadas ao abandono da política de negligência salutar que tradicionalmente marcava as relações entre metrópole e colônia e que foi substituída por uma postura de arrocho colonial. Essas medidas de cunho mercantilista entraram em choque com as ideias iluministas (liberalismo político e econômico) que já circulavam na colônia inglesa, fomentando questionamentos e, posteriormente, o processo de independência colonial. b) A questão pede que se localize no trecho ideias que pudessem ser associadas aos princípios liberais no aspecto político, ou seja, que demonstrasse a usurpação do poder dos governados por parte do Estado. Além disso, esse princípio deveria ser associado às muitas discussões intelectuais do período, como as elaboradas por John Locke e Rousseau. Os filósofos iluministas possuíam em comum as críticas ao Antigo Regime e, portanto, concordavam com a ideia de que, diante da tirania do governo absolutista, os cidadãos teriam o direito de se indispor ao Rei, desafiando até mesmo o caráter divino atribuído ao poder do monarca. 2-‐ a) O gráfico demonstra o histórico econômico do Estado Francês. Fazendo sua leitura, podemos perceber os diversos fatores que propiciaram a profunda crise que contextualiza o momento que antecede a eclosão da Revolução Francesa. Um dos fatores primordiais são os gastos gerados pela estrutura social estamental francesa. Esta era constituída por três Estados: o primeiro composto pelo clero, o segundo pela nobreza e o terceiro por todos os outros segmentos sociais (independentemente de riqueza), ou seja, a grande maioria da população francesa. Desses estamentos apenas o terceiro pagava impostos, enquanto os outros dois 1 usufruíam dos privilégios como isenção de impostos e recebimento de pensões. Esse desequilíbrio social se refletia nas também desequilibradas contas do Estado, que gastava muito mais do que arrecadava. Além disso, existe o excessivo gasto militar, dado que esse é o poder material coercitivo que mantém o poder do Rei e a sociedade contida de forma a não se revoltar com tal situação. No plano da política externa, os gastos militares se relacionam às constantes disputas entre os grandes poderios europeus, o que pode ser exemplificado pelo envolvimento da França na Guerra dos Sete Anos e no processo de independência dos Estados Unidos. Podemos concluir que o gráfico demonstra a situação material e econômica que, ao oprimir cada vez mais o Terceiro Estado e conceder privilégios a uma pequena camada da sociedade, forneceu as condições para a eclosão da Revolução Francesa. 3-‐ a) O autor discute as transformações políticas e econômicas do século XVIII das quais deriva a formação do mundo contemporâneo, pautado pelos valores burgueses e que se consolida no século XIX. Nesse contexto, o autor destaca a importância da Revolução Industrial diante da modernização técnica e econômica que vai dar início ao processo de modernização europeu. No entanto, ressalta as transformações políticas francesas como responsáveis por influenciar profundamente a formação de muitos Estados contemporâneos ocidentais. Em ordem de importância e segundo o autor, a Revolução Francesa criou o modelo institucional de política contemporânea, daí sua importância se sobrepor aos acontecimentos ingleses. b) O processo revolucionário francês propiciou a formação de uma consciência de cidadania e pertencimento a uma coletividade. Isso porque a população (todo o terceiro estado) se engajou coletivamente em torno de um objetivo comum: o fim do Antigo Regime. Com isso, criou a possibilidade (ainda que não tenha se realizado plenamente) aberta pela revolução de ampliar a participação política e de criar leis que tenham como finalidade garantir direitos. Esse Estado Nação forjado na luta contra o absolutismo e as nações estrangeiras que tentaram sufocar a revolução e baseado em ideias iluministas permite uma maior identificação do indivíduo com a comunidade nacional. Disso deriva o sentimento nacionalista citado pelo autor. 4-‐ a) A Revolução Francesa, embora se destaque pela ampla participação popular, transformou o Antigo Regime em uma sociedade de classes que instituiu a igualdade jurídica e a liberdade econômica. A combinação e maior valorização desses aspectos em detrimento das ideias de igualdade social permitiram a livre acumulação do capital pelos burgueses. Dessa forma, estes possuem plena liberdade para comprar mão de obra e ampliar seus lucros provenientes da também livre exploração dos trabalhadores. A partir desse 2 quadro econômico e social, podemos inferir que a sociedade que se consolida com a queda dos valores ligados ao Antigo Regime permitiu o pleno desenvolvimento da liberdade econômica com base na meritocracia estabelecida pela igualdade jurídica. No entanto, tal lógica de organização aprofundou (e legitimou ideologicamente) as diferenças sociais, criando uma série de privilégios para as camadas ricas. b) Ao longo do fragmento textual, o autor concentra sua crítica no fato de que a oposição contra a opressão política, social e econômica que fundamentava a luta contra o Antigo Regime, contraditoriamente, deu origem a outra opressão: a do mercado liberal. A liberdade comercial (e a livre acumulação de capital e meios de produção) aliada à proteção da propriedade privada permitiu que a burguesia moldasse a sociedade de acordo com seus interesses. Na busca por essa acumulação de capital desenfreada, a exploração de enormes contingentes de trabalhadores foi responsável pela criação de um quadro de tensão social, já que os trabalhadores também passam a se organizar em busca de seus direitos. A ironia do autor consiste em apontar a contradição da atuação burguesa em busca de lucro. Assim sendo, ela é liberal do ponto de vista econômico e profundamente conservadora no que diz respeito às liberdades sociais dos trabalhadores. 5-‐ a) O Código Civil napoleônico foi o primeiro conjunto de leis civis imposto a todo território francês. De ideologia liberal, sua base legislativa tem como objetivo o pleno desenvolvimento das forças produtivas capitalistas e, consequentemente, o segmento social representado pela burguesia (sobretudo industrial). Seguindo essa linha objetiva, estabelece a proteção plena à propriedade privada, a manutenção do patriarcado e a proibição das liberdades civis populares, como o direito de greve por parte dos trabalhadores. Trata-‐se da consolidação dos valores burgueses ancorados na igualdade jurídica e na desigualdade social. b) A declaração dos direitos do Homem e do Cidadão foi escrita segundo os preceitos iluministas de que todos os homens nascem livres e iguais perante a lei e possuem os mesmos direitos naturais. O Código Civil Napoleônico, buscando valorizar e impulsionar o desenvolvimento industrial capitalista na França, garantiu ampla liberdade econômica e proteção à propriedade privada. Diante das desigualdades sociais criadas pela concentração de capital, criou medidas de restrição das liberdades civis para os trabalhadores, impedindo que se organizassem em torno de seus direitos. Dessa forma, concedeu mais direitos para determinados setores (que se tornaram os novos privilegiados da sociedade) do que para outros (que continuaram sendo os oprimidos da sociedade). 3