HOBSBAWM, Eric. A Era das Revoluções. São Paulo: Paz e Terra, 2006. A Nobreza e o Terceiro Estado segundo Hobsbawm Karla Pereira Santiago Estudante de graduação de História da Universidade Federal de Viçosa Segundo Hobsbawm, a Revolução Francesa – apesar de não ter sido um fenômeno isolado – foi o mais fundamental dos fenômenos contemporâneos, tendo conseqüências profundas. Duas das classes ou ordens que desempenharam um papel significativo na Revolução foi a Nobreza e o chamado Terceiro Estado. A nobreza, considerada a “1ª linha” da nação, representava uma pequena porcentagem, porém de peso significativo, da população francesa – 400 mil pessoas entre 23 milhões de franceses. Desfrutavam assim de consideráveis privilégios como a isenção de vários impostos e o direito de receber tributos feudais. Porém, a situação política e econômica da nobreza não eram muito satisfatórias. Segundo Hobsbawn, a monarquia absoluta havia destituído a nobreza de sua independência política e responsabilidade, reduzindo às instituições de sua ordem. Economicamente, a situação da nobreza não era mais favorável. Os nobres dispensavam elevados gastos para a manutenção de seu status, enquanto sua renda era cada vez menor (eram proibidos de exercer uma profissão e a inflação reduzia o valor das rendas fixas). (HOBSBAWM, 2006, p. 87-88). Do outro lado estava o Terceiro Estado - que não era uma classe homogênea – formada por todos aqueles que não eram nobres e nem membros do clero, como: camponeses, burguesia, sans-culottes 1 ; e englobava 80% da população francesa. Este estamento sofria com as pesadas tributações (tributos feudais, dízimos, etc), com a inflação e com as más colheitas; tudo isso agravado pela obsoleta estrutura fiscal e administrativa do reino. 1 Os sansculottes eram os trabalhadores pobres, pequenos artesãos, lojistas, artífices, pequenos empresários, organizados em um movimento disforme e urbano; considerados os verdadeiros responsáveis pelas agitações e manifestações da Revolução Francesa. Em meio a esta crise socioeconômica, a aristocracia, numa tentativa de recuperar seus privilégios, acabou por iniciar a Revolução, subestimando o poder do Terceiro Estado. As idéias da burguesia - uma classe bem definida e coerente dentro do Terceiro Estado – foram responsáveis pela unidade do movimento revolucionário. O autor defende o sucesso da Revolução devido às “forças bem mais poderosas” como os trabalhadores pobres de Paris e o campesinato revolucionário. Identificando assim o “povo” com a “nação”, conceitos estes criados ou resignificados pela Revolução Francesa. Enfim, Hobsbawm defende que é devido a esses dois atores centrais – a Nobreza e o Terceiro Estado – e a um momento de grandes crises por toda a França é que se deu a Revolução Francesa.