WWW.ALUNONOTA10.COM.BR A Revolução Francesa Introdução A Revolução Francesa representa o marco mais importante na transição do feudalismo para o capitalismo e não pode ser considerada um fato isolado: a maioria dos autores a situa como uma parte específica e destacada de um único processo revolucionário que cobriu o período que vai de 1789 a 1848 e que teve como centro os dois principais países rivais - França e Inglaterra. O historiador inglês Eric Hobsbawm considera esse período marcado por uma "dupla revolução - a francesa, bem mais política, e a industrial (inglesa)", que seriam "inconcebíveis sob qualquer outra forma que não a do triunfo do capitalismo liberal burguês". Essa "dupla revolução", política e econômica, aconteceu simultaneamente e foi responsável não só pela transformação das sociedades européias como também por todas as outras por ela influenciadas. Ou seja: o mundo todo. E, ainda segundo Hobsbawm, "Se a economia do mundo do século XIX foi formada principalmente sob a influência da revolução industrial britânica, sua política e ideologia foram formadas fundamentalmente pela Revolução Francesa". Assim, a importância da Revolução Francesa extrapolou época e lugar: seus efeitos se fizeram sentir em toda a Europa e no mundo europeizado (particularmente a América) e, em certo sentido, estão presentes nos diferentes sistemas político-ideológicos vigentes até hoje. A Revolução Francesa pode ser considerada a revolução burguesa típica e a ela estão ligados dois conceitos fundamentais para a compreensão dos Luís XIV processos de mudanças sociopolíticas: o conceito de revolução como transformação social que implica modificação da estrutura da sociedade e o de luta de classes, concebido como o processo pelo qual as mudanças estruturais se realizam. A Revolução Francesa foi a luta na qual a burguesia se apresentou como classe revolucionária, de cuja vitória resultaram o aniquilamento da sociedade feudal do Antigo Regime e a afirmação da sociedade liberal burguesa, basicamente capitalista. Quando se afirma o caráter burguês por excelência da Revolução Francesa, não se pretende excluir dela os demais segmentos sociais; o processo revolucionário foi amplo e complexo e todas as forças sociais da época dele participaram. O caráter burguês diz respeito sobretudo ao resultado final, que assinalou de forma incontestável a vitória da burguesia. Em se tratando de um processo extremamente complexo, é natural que os motivos e as características da Revolução Francesa 12 sejam igualmente complexos e digam respeito a todos os setores e atividades da sociedade. Por outro lado, à medida que a Revolução significou a destruição do Antigo Regime, é nele que suas raízes devem ser buscadas. A França pré-revolucionária A Sociedade Francesa A França era, no final do século XVIII, a mais típica e poderosa das velhas monarquias aristocráticas e absolutistas da Europa, e a sociedade francesa apresentava-se ainda na forma estamental. Os dois extremos sociais, de uma população composta por cerca de 25 milhões de habitantes, eram os nobres, aproximadamente 400 mil pessoas, e os camponeses, que compreendiam 80% do total da população. Gravura intitulada “Isso não durará sempre”, representando a exploração das classes populares pelo clero e a nobreza. No Primeiro Estado, às vésperas da revolução, tornava-se clara a divisão entre alto e baixo clero. O alto clero, bispos e cardeais principalmente, era constituído por elementos de famílias nobres possuidoras de inúmeros privilégios. O baixo clero, composto por padres de paróquias e frades, era proveniente do Terceiro Estado; inúmeros dos seus elementos eram extremamente pobres e tendiam a simpatizar com a revolução. A nobreza, Segundo Estado, também encontrava-se dividida em inúmeras partes com interesses muitas vezes divergentes. Em Versalhes encontrava-se a nobreza palaciana, formada por quatro mil pessoas que viviam na Corte ostentando muitos privilégios. No interior do país, uma parte da segunda ordem era constituída pela chamada nobreza provincial que, dotada de pequenas propriedades, levava vida pouco brilhante, com poucos privilégios, vivendo da exploração de direitos feudais e sendo por isso detestada pelos camponeses. De forma geral, a nobreza de sangue - cortesãos, nobres provinciais e alto clero - consistia numa classe decadente vivendo de forma parasitária. Estavam isentos da maioria dos impostos diretos, recebiam pensões, doações e outros privilégios do poder real. Possuíam tribunais próprios e eram a maioria da oficialidade do exército e da marinha. Exploravam boa parte da população camponesa por meio de inúmeros "direitos feudais": servidão, corvéias, banalidades. Ainda no Segundo Estado, existia a nobreza de toga, que predominava nas atividades administrativas e judiciárias. Esses WWW.ALUNONOTA10.COM.BR A Revolução Francesa nobres eram em sua maioria burgueses nobilitados. A França era sustentada pelo terceiro estado, liderado pela burguesia e formado pelas camadas populares - uns poucos operários, artesãos e uma imensa maioria de camponeses. Entre estes, mais ou menos um milhão de pessoas ainda estava submetido à servidão. O terceiro estado financiava toda a estrutura parasitária do Antigo Regime, pagando todos os impostos. Os mais explorados eram os camponeses, que pagavam dízimos para a Igreja, impostos para o Estado, arrendamentos para a nobreza e juros sobre os empréstimos concedidos pela burguesia. A burguesia, elite financeira e intelectual do terceiro estado, também não era um grupo homogêneo. Uma parte dela havia aplicado seu capital na compra de terras, outra parte dedicava-se ao pequeno comércio e outra, à produção manufatureira ou ao grande comércio externo. Alguns burgueses empregavam seu capital na exploração de engenhos escravistas nas colônias francesas, mais precisamente no Haiti e na Guiana. Apesar de ser a camada social mais rica e culta da sociedade francesa, a burguesia ocupava um lugar social inferior ao do clero e ao da nobreza. Isso explica a adesão de muitos burgueses à revolução: o ressentimento criado pelas humilhações que sofriam cotidianamente. A situação política Mesmo tendo ocorrido as revoluções liberais na Inglaterra e a independência dos Estados Unidos, a França vivia ainda em pleno Estado absolutista. Seus reis tudo podiam e aos súditos só restava a obediência total. O único órgão capaz de limitar um pouco esse poder eram os Estados Gerais, reunião de deputados dos três estados que votavam os tributos criados. Mas essa assembléia deveria ser convocada pelo rei, que não o fazia desde o século XVI. Na França, não existia nenhuma das liberdades democráticas já conquistadas na Inglaterra e na Holanda. Através do mercantilismo, o Estado dirigia toda a economia do país e tudo decidia. Os burgueses não tinham liberdade de comércio. No comércio interno, precisavam pagar várias taxas aduaneiras: no comércio externo, não possuíam chances, pois este era monopolizado por companhias dirigidas pelos favoritos do rei. Apesar de toda a centralização, o Estado absolutista francês era desorganizado, gastando mais do que recebia. As pensões pagas à nobreza, as guerras, as festas, tudo saía do tesouro real, que se confundia com a riqueza pessoal do rei. A cobrança de impostos era arrendada por preços irrisórios a grupos de burgueses que se enriqueciam explorando essa atividade. Luís XVI, o último rei absolutista, era um bonachão. Era alvo de O navegador francês La Pérouse recebe instruções de Luís XVI antes de partir para uma viagem de exploração do oceano Pacífico, na tentativa de ampliar os domínios coloniais da França,que haviam sido bastante reduzidos. ironias, devido às infidelidades da rainha Maria Antonieta, princesa austríaca odiada pelo povo, que a chamava prostituta. O absolutismo francês estava desmoralizado. Um nobre, o conde de Richelieu, havia advertido o rei dessa desmoralização, dizendo-lhe: "No tempo de Luís XIV, as pessoas ficavam em silêncio; com Luís XV, as pessoas murmuravam: em seu governo as pessoas gritam abertamente". Luís XVI A situação econômica O quadro sociopolítico era agravado pelos problemas financeiros da monarquia. A estrutura fiscal e administrativa da França era completamente obsoleta. Em 1774, Luís XVI assumiu o poder e nomeou Turgot para cuidar das finanças. O grande problema financeiro era o da arrecadação de impostos, que a nobreza e o clero não pagavam. Entre 1774 e 1776, Turgot procurou remediar a difícil situação que o país atravessava, tentando fazer com que as classes abastadas fornecessem recursos para o Estado. Mas fracassou por causa da resistência dos nobres, que se recusaram a pagar impostos e a abrir mão de seus privilégios. Turgot foi obrigado a renunciar. O mesmo aconteceu com Calonne, que o substituiu. O rei então chamou Necher, banqueiro genebrino que, no posto de Fiscal Geral, conseguiu realizar algumas reformas, como a emancipação dos servos das fazendas reais. Tentando chamar a atenção para a gravidade da situação financeira do país, Necker publicou a lista das pensões pagas pelo Estado aos nobres e orçamento do Estado; por isso também foi afastado. Para completar a crise, o envolvimento da França na guerra de independência americana acarretou aumento de gastos e conseqüentemente da dívida; a vitória sobre a Inglaterra custou, praticamente, a bancarrota. Com o intuito de superar a crise, a monarquia francesa procurou então o apoio das classes sociais abastadas e para isso recorreu à Assembléia dos Notáveis, escolhidos a dedo, convocada em 1787 e, em função do fracasso dessa medida, convocou os Estados Gerais, a velha assembléia feudal do reino que desde 1614 não era reunida. Os nobres, uma vez convocados, tanto na Assembléia dos Notáveis como nos Estados Gerais, recusaram-se a pagar pela crise se seus privilégios não fossem estendidos. "Assim, a Revolução começou como uma tentativa aristocrática de recapturar o Estado. Esta tentativa foi mal calculada por duas razões: ela subestimou as intenções independentes do terceiro estado (...) e desprezou a profunda crise socioeconômica no meio da qual lançara suas exigências políticas". Início da Revolução A França dos anos 80 do século XVIII vivia um crescente agravamento das condições socioeconômicas, que culminava em revoltas cada vez mais violentas nas cidades e no campo, na capital e nas províncias. A partir de 1786, com a concorrência dos produtos industriais ingleses (têxteis e metalúrgicos), surgiu uma onda de falências, 13 WWW.ALUNONOTA10.COM.BR A Revolução Francesa acompanhada de desemprego e queda de salários, arruinando o comércio nacional. Ao mesmo tempo, fenômenos climáticos (secas e inundações) comprometiam a agricultura, elevando os preços de produtos essenciais e fomentando a insatisfação geral. Às crises econômicas juntavam-se as políticas, com sucessivas demissões de ministros, que tinham seus projetos reformistas barrados pela intransigência aristocrática, como aconteceu com Turgot Brienne e também Calonne. Frente ao agravamento da crise política, Calonne demitiu-se. Pressionado pela crise, Luís XVI nomeou Necker para o ministério, que confirmou a convocação dos Estados Gerais para maio de 1789. A nobreza confiava no controle do Parlamento, pois teria maioria de votos se fosse preservada a tradicional votação por Estado (clero, um voto; nobreza, um voto; e povo, um Sessão de abertura dos Estados Gerais. voto), já que clero e nobreza comungavam os mesmos interesses. A nobreza só não contou com o potencial revolucionário do Terceiro Estado, que exigiu a participação nos Estados Gerais de um número de deputados compatível com sua representação. O primeiro Estado ficou com 291 deputados, o Segundo com 270 e o Terceiro com 578. A 5 de maio de 1789, quando se abriu a sessão dos Estados Gerais no palácio de Versalhes, os interesses antagônicos dos grupos sociais ali representados entraram em choque. Os representantes do Terceiro Estado exigiram a votação individual, pois, com o apoio de aproximadamente 290 deputados do baixo clero e da nobreza togada, alcançariam a maioria na Assembléia dos Estados Gerais. Diante da impossibilidade de conciliar tais interesses, Luís XVI tentou dissolver os Estados Gerais, impedindo a entrada dos deputados na sala de sessões. Os representantes do Terceiro Estado rebelaram-se e invadiram a sala do jogo da péla (espécie de tênis em quadra coberta), jurando que seus membros não se separariam enquanto não tivessem dado à França uma constituição. A 9 de julho, juntamente com muitos deputados do baixo clero, declararam-se em Assembléia Nacional Constituinte. Os ânimos se exaltavam e aumentavam as propostas de tomar armas. Luís XVI tentou reunir forças para enfrentar a Assembléia, mas a demissão de Necker, em 11 de julho, e a nomeação do conservador barão de Bretevil precipitaram os acontecimentos. Criou-se a Guarda Nacional, uma milícia burguesa para resistir ao rei e liderar a população Tomada da Bastilha 14 civil, que começou a se armar. No dia 14 de julho, a multidão invadiu o Arsenal dos Inválidos à procura de munições e, em seguida, a fortaleza da Bastilha, onde eram encarcerados os inimigos da realeza. Foi o estopim da rebelião, que se alastrou de Paris para o resto da França. No campo, onde os privilégios da aristocracia eram mais gritantes, os camponeses chegaram a invadir e incendiar castelos e a massacrar elementos da nobreza, num período que ficou conhecido como Grande Medo. Etapas da Revolução Assembléia Nacional (1789-1792) Na primeira fase (1789-1792), chamada de Fase da Assembléia Nacional, destacou-se a atuação da burguesia nas cidades e dos camponeses no interior, estes destituindo autoridades e nobres de seus castelos e repartições, muitas vezes matando e incendiando, e aquela lutando por conquistas sociais e políticas nas ruas e na Assembléia. Em Paris, aprovou-se, na Assembléia dos Estados Gerais, a abolição dos privilégios feudais, numa tentativa de restabelecer a ordem dirigindo a insatisfação apenas contra os restos do feudalismo. Inspirada na Declaração de Independência dos Estados Unidos, foi aprovada a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, estabelecendo a igualdade de todos perante a lei, o direito à propriedade privada e de resistência à opressão. Em agosto de 1790, foi votada a Constituição Civil do clero, separando a Igreja do Estado e transformando os clérigos em assalariados do governo, a quem deviam obediência. O papa opôsse a isso e a maior parte do clero negou-se ao juramento de fidelidade à Constituição. Entre os revolucionários de 1789 começaram as divisões. A grande burguesia não queria aprofundar e radicalizar a revolução, temendo o radicalismo popular. Aliada a setores da nobreza liberal do baixo clero, formou o Clube dos Girondinos – assim chamados porque seus líderes eram provenientes da Gironda, um departamento francês. Os girondinos dominavam a Assembléia. Seus deputados sentavam-se à direita da Assembléia, eram os mais conservadores. A partir daí o termo direito passou a ser aplicado a todas as forças políticas contrárias a mudanças ou transformações sociais. No centro, ficava um grupo de deputados sem opiniões muito firmes, que votava na proposta com mais chances de vencer. Eram chamado planície ou pântano. À esquerda, ficavam os jacobinos - assim chamados porque se reuniam no convento de Saint Jacques –, liderados pela pequena burguesia e apoiados pelos sans-culottes massas populares de Paris, que queriam aprofundar a revolução, aumentando os direitos do povo a partir deles o termo esquerda passou a simbolizar os partidos e políticos favoráveis às transformações sociais. Sua facção mais radical era representada pelos raivosos, liderados por Herbert, que queriam o povo no poder. No palácio real, conspirava-se abertamente contra a revolução. O rei, a rainha, seus conselheiros, os embaixadores da Áustria e da Prússia eram os cabeças da conspiração. A Áustria e a Prússia, países absolutistas, invadiram a França que foi derrotada porque oficiais ligados à nobreza permitiram o fracasso do exército francês. Na assembléia, os jacobinos denunciaram a traição. A família real fugiu, mas foi aprisionada por populares. Os girondinos, temendo a radicalização da revolução, tentaram lhes salvar a vida, WWW.ALUNONOTA10.COM.BR A Revolução Francesa enquanto os jacobinos defendiam sua execução, acusando o soberano de cumplicidade na invasão. Verdun, última defesa de Paris, foi sitiada pelos prussianos. O povo, chamado a defender revolução, saiu às ruas e massacrou muitos partidários do Antigo Regime. Formou-se então um exército popular, que, ao som de Marselhesa, hino da revolução, em 20 de setembro de 1792 derrotou os invasores. No mesmo dia, foi proclamada a República na França. Convenção Nacional (1792 - 1795) Em 10 de agosto de 1792 a Assembléia foi dissolvida e a monarquia extinta. Criou-se a Convenção Nacional, que abriu caminho para o estabelecimento da república. Nas reuniões, à direita, ficavam os deputados girondinos, que desejavam consolidar as conquistas burguesas, estancar a Revolução e evitar a radicalização. Ao centro ficavam os deputados da Planície ou Pântano - assim denominados por agruparem-se na parte mais baixa -, que eram os elementos da burguesia sem posição política previamente definida. À esquerda, formando o partido da Montanha, pois colocavam-se na parte mais alta do edifício, ficavam os representantes de pequena burguesia jacobina, que liderava os sans-culottes, defensores de um aprofundamento da Revolução. O conflito entre as facções políticas se agravava à medida que cresciam as dificuldades econômicas e militares. É desse período que herdamos o uso das expressões esquerda e direita, quando nos referimos a posições sociopolíticas progressistas e conservadoras, respectivamente. No primeiro período da Convenção, liderado pelos girondinos, foram descobertos documentos secretos de Luís XVI, no palácio das Tulherias, que provavam seu comprometimento com o rei da Áustria. O fato acelerou as pressões para que o rei fosse julgado como traidor. Na convenção, a Gironda dividiu-se: A família real recebe a notícia da condenação. alguns optaram por um indulto, outros pela pena de morte. A Montanha, reforçada pelas manifestações populares, exigia a execução do rei, indicando o fim da supremacia girondina na Revolução. Em 21 de janeiro de 1793, Luís XVI foi guilhotinado na praça da Revolução. Vários países europeus, como Áustria, Prússia, Holanda, Espanha e Inglaterra, indignados e temendo que o exemplo francês se refletisse em seus territórios, formaram a Primeira Coligação contra a França. Encabeçando a Coligação, a Inglaterra financiava os grandes exércitos continentais para conter a ascensão burguesa da França, sua potencial concorrente nos negócios europeus. As dificuldades se avolumavam: a ameaça externa se somava à crise econômica, às divisões políticas, às insatisfações gerais e até aos levantes anti-republicanos regionais, como a revolta da Vendéia, no oeste da França. Em 2 de junho de 1793, os jacobinos, comandando os sans-culottes, tomaram a Convenção, prendendo os líderes girondinos. Marat, Hébert, Danton, SaintJust e Robespierre assumiram o poder, dando início ao período da A morte de Marat, quadro de Convenção Montanhesa (1793 autoria do pintor Louis David. 1794). Devido ao predomínio da atuação popular, esse período caracterizou-se por ser o mais radical de toda a Revolução Francesa, conhecido como o período do "Terror". Em 1793, foi aprovada nova constituição (Constituição do Ano I), Comitê de Salvação Pública (poderes civis e militares), Comitê de Salvação Nacional (polícia política, que procurava e prendia os suspeitos), Tribunal Revolucionário(que julgava sem apelação), Lei do Preço Máximo(tabelava o preço dos alimentos). Decretou-se a abolição completa de todos os direitos feudais, sem indenizações alguma. Os documentos feudais foram Georges Jacques Danton incinerados. Também foi abolida a escravidão nas colônias. Em Julho de 1793, o líder revolucionário Jean Paul Marat foi assassinado por uma monarquista, desencadeando violenta reação do governo jacobino e do povo. A ruptura entre os revolucionários dentro da Convenção desestabilizava o poder dos jacobinos. Havia os radicais que pregavam a intensificação da violência e os que desejavam conter a Revolução e acabar com as prisões e execuções. O primeiro grupo era o dos radicais, liderado por Herbert; o segundo era o dos indulgentes, liderado por Danton. Robespierre, aliado aos indulgentes, liquidou primeiramente os Raivosos: Herbert e seus adeptos foram decapitados. Dias depois, fez com que Danton e seus amigos fosse guilhotinados. Robespierre jura sobre a Declaração dos Direitos do Entrava no apogeu o poderio de Homem. 15 WWW.ALUNONOTA10.COM.BR A Revolução Francesa Robespierre. Sua terrível ditadura durou quase quatro meses. Foi denominado de Período de grande Terror. As dificuldades econômicas e militares, com a constante ameaçam de invasões estrangeiras, somadas à insegurança da população provocada pelas sucessivas execuções, levaram Robespierre a perder progressivamente o prestígio como líder nacional. Aproveitando-se disso, a burguesia se reorganizou e, em 27 de julho de 1794 (9 de termidor), retomou o poder na Convenção, derrubando os líderes da Montanha. Quase sem apoio, os jacobinos não puderam reagir eficazmente e Robespierre e Saint-just entre outros, foram guilhotinados. Convenção Termidoriana A eliminação dos jacobinos, conhecida como reação termidoriana, determinou uma mudança no processo revolucionário. Os girondinos sobreviventes voltaram a fazer parte da Convenção; os jacobinos foram expulsos. A Convenção termidoriana se tornou cada vez mais conservadora. Em março, abril e maio de 1795, os sans-culottes se revoltaram, mas foram derrotados e eliminados pela repressão burguesa, conhecida como terror branco. Em 1795, a Convenção aprovou uma nova Constituição, menos liberal do que a de 1791. Por ela, a Convenção era dissolvida e o poder legislativo ficava dividido em duas casas: o Conselho dos Quinhentos e o Conselho dos Anciãos, com 250 deputados. O executivo era entregue a cinco Diretores. Daí o nome de Diretório. O Diretório Consolidados no poder, os homens do Pântano promulgaram a nova Constituição em agosto de 1795, criando um novo regime conhecido pelo nome de Diretório. Segundo a nova Carta, o poder executivo era exercido por cinco diretores escolhidos pelo Corpo Legislativo que, por sua vez, se compunha de uma Câmara de Deputados, chamada Conselho dos 500, e um Senado, o Conselho dos Anciãos. O sufrágio era concedido apenas aos alfabetizados, privando-se a imensa maioria da nação de qualquer participação política. O novo regime, além de se caracterizar pelo domínio da alta burguesia, mostrou-se fiel às suas origens, que se encontravam no grupo do Pântano. Foi um período de intensa corrupção e especulações desenfreadas, que enriqueceram rapidamente elementos do governo, financistas e empresários. Corrupção e especulações somadas ao prosseguimento da guerra levaram a um aumento acelerado da inflação, que prejudicava principalmente a camada popular. A situação animou os velhos inimigos da revolução. Em outubro de 1795 a nobreza realista tentou um golpe de força em Paris para depor o Diretório. O governo foi salvo graças à intervenção de tropas comandadas por um jovem general de nome Napoleão Bonaparte. 01. (UFRS) A Revolução Francesa de 1789 apresentou distintas fases com resultados diferentes. De qualquer forma, ela foi responsável pela eliminação do Antigo Regime e pela transformação 16 da sociedade francesa e européia da época. Assinale entre as alternativas abaixo, relativas aos resultados obtidos no campo, a que estiver incorreta: a) Abolição da monarquia e criação de um amplo setor de pequenos proprietários rurais. b) Eliminação da condição de servidão que se mantinha entre parte da população camponesa. c) Abolição dos deveres e tributos discriminatórios feudais e reais que recaíam sobre as diferentes regiões e o campo. d) Expropriação e venda das terras da monarquia, da Igreja e da aristocracia contra-revolucionária aos burgueses e aos camponeses. e) Transformação dos senhorios feudais em empresas agrícolas pela libertação do ônus do serviço militar e expulsão dos camponeses servis. 02. (UFMS) A Revolução Francesa, segundo o historiador Holland Rose, foi “a série de acontecimentos mais terrível e momentosa em toda a história (…) … o ponto de partida real para a história do século XIX; pois esse grande levante afetou profundamente a vida política e, mais ainda, a vida social do continente europeu”. HOBSBAWM, Eric. Ecos da Marselhesa. São Paulo: Companhia das Letras, 1996, p. 20. Assinale a(s) alternativa(s) que evidencia(m) as tensões e impasses da Revolução Francesa. 01) O drama da Revolução Francesa, para os chamados liberais moderados, pode ser resumido nos seguintes termos: sem a multidão não haveria a nova ordem (o apoio do povo era essencial contra a aristocracia, o antigo regime e a contrarevolução); com ela, viria o risco da revolução social, o que pareceu tornar-se realidade por um breve período em 17931794, o da República Jacobina. 02) A Revolução Francesa provocou profundas mudanças em seu país, mas foi um episódio de alcance apenas regional, pois nos demais países e continentes apenas conseguiu difundir vagas idéias sobre igualdade e fraternidade. 04) Tanto os girondinos como os jacobinos queriam radicalizar a Revolução, questionavam a existência da propriedade privada e, inspirados em Rosseau, desejavam implantar uma democracia popular. 08) O golpe de Estado de 18 de Brumário, encabeçado por Napoleão, foi apoiado pela burguesia conservadora. Para essa burguesia a questão era apoiar o golpe ou deixar que a Revolução continuasse. 16) Houve vários momentos dentro da Revolução Francesa. Destes, duas vertentes distintas podem ser identificadas: uma em 1789 e outra em 1793. A primeira inspirou-se na autoridade, na hierarquia das classes e na liberdade perante a lei. A segunda aprofunda a Revolução e volta-se mais para a igualdade. 03. (UFES) “A Revolução Francesa dominou a história, a própria linguagem e o simbolismo da política ocidental, desde sua irrupção até o período que se seguiu à Primeira Grande Guerra Mundial.” Do texto acima, de Eric Hobsbawm, pode-se inferir ter sido a Revolução Francesa um dos processos mais importantes do século XVIII. Entre os acontecimentos que a marcaram, destacase o golpe de 18 Brumário de 1799, pelo qual: WWW.ALUNONOTA10.COM.BR A Revolução Francesa a) a burguesia girondina reassumiu o poder, retomando o controle da Revolução. b) Napoleão Bonaparte assumiu o poder, na condição de Primeiro Cônsul. c) se instalou a Ditadura Montanhesa, sob a liderança de Robespierre. d) se instalou o Regime do Terror, com a aprovação da Lei dos Suspeitos. e) foi proclamada a República, após a vitória salvadora de Valmy. 04. (UFSC-SP) A queda na produção de cereais, às vésperas da Revolução Francesa de 1789, desencadeou uma crise econômica e social, que se manifestou: a) na alta dos preços dos gêneros alimentícios, na redução do mercado consumidor de manufaturados e no aumento do desemprego. b) no aumento da exploração francesa sobre o seu império colonial, na reação da elite colonial e no início do movimento de independência. c) no abrandamento da exploração senhorial sobre os servos, na divisão das terras dos nobres emigrados e na suspensão dos direitos constitucionais. d) na decretação, pelo rei absolutista, da lei do preço máximo dos cereais, na expansão territorial francesa e nas guerras entre países europeus. e) na intensificação do comércio exterior francês e no aumento da exportação de tecidos para a Inglaterra, que foi compensada pela compra de vinhos ingleses. 06. (UNICAMP-SP) Em sua obra Os sans-culottes de Paris, o historiador Albert Soboul escreveu: “Os cidadãos de aparência pobre e que em outros tempos não se atreveriam a apresentar-se em lugares reservados a pessoas elegantes passeavam agora nos mesmos locais que os ricos, de cabeça erguida.” (Citado por Eric Hobsbawn, A Era das Revoluções, São Paulo, Paz e Terra, 1976, p. 231.) (nota: sans-culottes significa “sem culotes”, “sem-calças”) a) Caracterize o movimetno dos sans-culottes na Revolução Francesa. b) Compare o movimento dos sans-culottes com o movimento dos sem-terra do Brasil. Gabarito 01. e 02. V, F, F, V, V 03. b 04. a 05. E, C, C, C 06. ANOTAÇÕES 05. (UNB-DF) A Revolução Francesa é um marco da contemporaneidade. Ela fez parte de um conjunto de revoluções, de caráter burguês, que marcaram a transição dos Tempos Modernos para a Era Contemporânea. A respeito da inserção da Revolução Francesa no conjunto de transformações que conduziram o mundo aos tempos contemporâneos, julgue os itens seguintes, colocando (C) para as certas e (E) para as erradas. ( ) O ano de 1789, início do processo revolucionário francês não é um marco consensualmente aceito por todas as historiografias como o início da Era Contemporânea. ( ) O ciclo das revoluções atlânticas permite associar a libertação das treze colônias britânicas na América do Norte às duas grandes revoluções européias do século XVIII: a industrial iniciada pelos ingleses, e a política conduzida pelo fervor apaixonante dos revolucionários franceses. ( ) O mesmo caráter burguês com que as revoluções atlânticas foram conduzidas pode ser encontrado na capacidade econômica empreendedora e na coragem política das elites criollas latino-americanas, ávidas para transformar o quadro social e colonial. ( ) Latino-americanos participaram das correntes do liberalismo internacionalista do século XIX e vários do então conhecidos princípios franceses moveram rebeliões e movimentos políticos na América Latina. 17