AS REVISTAS DE DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA NA ESCOLA:
INSTRUMENTO PEDAGÓGICO EFICIENTE?
Paulo Sérgio da Silva Santos (UFS)
[email protected]
Cleide Emília Faye Pedrosa (UFRN/UFS)
[email protected]
INTRODUÇÃO
A divulgação da ciência é uma atividade que passa por um crescimento sem
precedentes. Nas últimas décadas, a divulgação científica (DC) se consolidou no mundo
inteiro não só como ramo de atuação profissional, mas principalmente como campo de
estudos. A literatura que trata do assunto é vasta e a demanda social é crescente. A
ciência tem sido caracterizada, em geral, como projeto de crescimento social e estratégia
de soberania nacional e a sua divulgação não deve ser entendida de forma diferente.
Exemplo disso são os números que demonstram que a pesquisa no Brasil tem avançado
a passos largos acompanhando o progresso econômico e social pelo qual passa o país.
A importância da ciência e da tecnologia, nesse quadro social, caracterizado
por uma grande competitividade internacional, aumenta cada vez mais, e a comunicação
dos avanços científicos e tecnológicos alcança, nos dias atuais, um patamar nunca visto
antes, muito pela abrangência proporcionada pela internet. Por isso mesmo, as formas e
procedimentos para a veiculação desse tipo de informação tem variado bastante.
São constitutivos do discurso da Divulgação Científica, a utilização de
recursos, técnicas, processos e produtos para a veiculação de informações científicas,
tecnológicas ou de inovações ao leigo. Assim, compõem a DC os livros didáticos, as
palestras de cientistas abertas ao público, o uso de histórias em quadrinhos ou de
folhetos para veiculação de informações científicas, determinadas campanhas
publicitárias ou de educação, espetáculos de teatro com a temática de ciência, as revistas
e mesmo a literatura de cordel.
Sendo assim, o presente estudo pretende discutir o “lugar” que as revistas de
Divulgação Científica (DC) estão ocupando no processo educacional brasileiro. Como
dissemos, há, nos dias de hoje, uma crescente demanda por informações de cunho
científico, as pessoas estão sendo chamadas a posicionar-se acerca de questões
importantes o tempo inteiro: energia nuclear, alimentos geneticamente modificados,
reposição hormonal etc. As revistas de Divulgação Científica estão ocupando esse lugar
de “alfabetização científica”, e atingem milhões de leitores todos os meses, dentre esses
leitores está uma parcela importante da população: os estudantes de ensino fundamental.
Para nós, essas publicações estão longe de ser fonte neutra de informação, e
merecem um olhar mais atento a respeito do status de instrumento pedagógico que
atingiram na atualidade. As revistas de divulgação científica são, hoje em dia, uma das
principais fontes de informação sobre ciência usada na escola. O seu uso tem, em
muitos casos, substituído o livro didático dentro da sala de aula. Entretanto, os
resultados de nossa análise demonstram que essas revistas, por seu caráter
mercadológico, não dão o tratamento adequado a informações importantes relacionadas
a conteúdos das séries do ensino fundamental e veiculam erros conceituais graves que
podem causar prejuízos ao processo de aprendizagem dos alunos.
Dessa forma, trazemos uma análise das erratas veiculadas na revista
SuperInteressante. Nossa hipótese é que os erros cometidos pelo divulgador, (que não
domina o discurso científico) no desempenho de sua função causam prejuízos graves,
uma vez que a plateia é jejuna em ciência.
Para isso, vamos lançar mão do arcabouço teórico proposto pela ACD. A
Análise Crítica do Discurso, tal como postulada por Fairclough (2008); van Dijk (2008)
e Wodak (2003) nos permitirá tratar os discursos científico e jornalístico não só como
práticas discursivas, mas também como práticas sociais. Além disso, e para que a
análise do corpus seja mais aprofundada, faremos uma interface entre ACD e
Pragmática. Recorremos para tanto ao estudo da Teoria dos Atos de Fala, desenvolvido
por Searle (2002). Os atos de fala nos mostrarão o caminho percorrido pelas publicações
no sentido de proteger a própria face.
O corpus será composto por edições da revista SuperInteressante da editora
Abril. Os objetivos serão: verificar se as erratas contidas nas referidas edições contém
erros referentes ao conteúdo programático da disciplina de Ciências Naturais para o
ensino fundamental, assim como a gravidade desses erros para o programa curricular da
disciplina.
Os resultados de nossa análise demonstraram que as revistas de divulgação
científica em questão apresentam uma frequência de erros que não condiz com o papel
de “instrumento pedagógico” a elas outorgado. Esses erros longe de ser algo inofensivo
ou absolutamente sem importância demonstram que a mídia não deve ser incorporada à
vida escolar sem passar por uma avaliação dos fatores que a subjazem: sobrevivência
mercadológica, sensacionalismo visando ao aumento do público leitor e pouco domínio
do discurso científico por parte dos jornalistas científicos.
Ficou claro que os interesses das revistas em questão passam ao largo dos
interesses educacionais que devem orientar o trabalho pedagógico nas escolas
brasileiras. Dessa forma, pensamos que o presente artigo traz uma contribuição
importante ao debate acerca do uso dos instrumentos pedagógicos, e ainda, sobre a
relação da mídia com o processo educacional.
O ENQUADRE TEÓRICO
O discurso como parte indiscutível das práticas sociais é uma perspectiva
assumida pela Análise Crítica do Discurso (ACD), por essa razão ela investiga não só o
papel que a linguagem ocupa na reprodução dessas práticas sociais e das ideologias,
mas também sua basilar função para a transformação social. Outro grande interesse da
ACD, em conformidade com Pedrosa (2008), é verificar o modo como a dominação
ideológica, a desigualdade social e o abuso de poder praticado, principalmente, pela
Mídia (4º poder) são representados pelos vários discursos presentes no contexto social.
Assim sendo, um determinado texto não deverá ser estudado, se não, buscandose entender, principalmente, questões como representações sociais e relações de poder
que permeiam as relações na sociedade. Os analistas críticos do discurso buscam
identificar quais as estruturas, estratégias ou outras propriedades do texto, falado ou
escrito, da interação verbal, ou dos acontecimentos comunicativos em geral, que
desempenham um papel nestes modos de reprodução.
Por esta razão, “a Análise Crítica do Discurso desenvolve-se, procurando não
só descrever as estruturas subjacentes aos variados eventos discursivos, mas buscando
sua superação através de sua explicação” (VAN DIJK, 2008, p, 115). A superação a que
Van Dijk faz alusão diz respeito à desconstrução ideológica dos discursos que estão
presentes nas práticas sociais, “tal desconstrução pode resultar em uma mudança social,
revelando, desta forma relações de dominação, reproduzidas através de textos orais e
escritos” (FAIRCLOUGH, 2008). Por isso mesmo, é que a ACD enfatiza as implicações
entre poder e ideologia, entendendo que um aparece a serviço do outro, nos mais
variados textos.
Maingueneau (2010) assume que há diversas formas de se fazer análise critica,
a depender da concepção assumida pelos pesquisadores: 1) do saber; e da 2) linguagem.
‘Saber’, em um sentido mais amplo, engloba a linguística, as ciências humanas
e sociais, a filosofia ou mesmo o conjunto das práticas cientificas. Atinente à
‘linguagem’, o autor afirma que os que fazem uma ACD maximalista, irão assumir que
a linguagem está a serviço de interesses ocultos, precisando ser desvelada. Na
concepção minimalista, a ACD não questiona as condições do saber “e nem considera
que a linguagem esteja a serviço de interesses escusos”; seu posicionamento será de
“uma disciplina especializada na crítica de certas disfunções sociais, que propõe
métodos de análise para os pesquisadores em ciências sociais” (MAINGUENEAU,
2010, p. 74; PEDROSA et al, 2010).
Diante destas duas posições extremas, Maingueneau acrescenta “que há uma
terceira via, o regime canônico da ACD, que norteia as pesquisas nos campos da
compreensão dos funcionamentos discursivos e das transformações sociais”
(PEDROSA et al, 2010).
Nesta terceira via, situamos a vertente britânica da ACD, representada por
Fairclough (embora não encontremos menção desta classificação apontada por
Maingueneau em Fairclough), a Teoria Social do Discurso (TSD). Esta configura uma
abordagem científica transdisciplinar para estudos críticos que se ocupam da linguagem,
tanto na sua exterioridade quanto na sua interioridade. A proposta se insere na tradição
da “ciência social crítica”, comprometida em oferecer suporte científico para
questionamentos de problemas sociais relacionados a poder e justiça (SILVA &
RAMALHO, 2008, p. 268).
A Teoria Social do Discurso será o modelo de análise que se fará nessa
pesquisa, primeiro por privilegiar a articulação entre práticas sociais e práticas
discursivas, segundo por promover o estatuto do texto a um lugar não menos
importante, e depois por centrar-se na análise das estratégias discursivas que legitimam
o controle, que naturaliza a ordem social e, especificamente, as relações de desigualdade
proporcionando, desta forma, uma análise mais adequada do corpus.
Além dos pressupostos teóricos da Teoria Social do Discurso, faremos uma
interface com a pragmática. Segundo Chouliaraki & Fairclough (1999, p.2) “a ACD
pode figurar dentro da pesquisa ‘transdisciplinar’, envolvendo um diálogo entre teorias
em que a lógica de uma teoria é posta para funcionar dentro de outra, sem que esta seja
adequada à primeira”.
Com base nessa proposta transdisciplinar, e por entender as erratas analisadas
nesse trabalho como “pedidos de desculpa”, trabalharemos com as categorias da Teoria
dos Atos de Fala. O conceito de Atos de Fala foi cunhado por John Austin, mas com
John Searle (2002) ganhou maior visibilidade.
Os atos de fala são ações realizadas por meio da linguagem, como pedir,
ordenar, prometer e desculpar-se. Austin (1962, Apud PEREIRA, 1999) chamou a
atenção para o fato de alguns enunciados realizarem ações ao serem pronunciados.
Nesse modelo teórico a linguagem não é apenas uma forma de representação da
realidade, mas uma forma de ação sobre essa realidade. Segundo Pereira (1999, p. 162),
Austin desenvolveu a teoria dos atos de fala, cujo objetivo é definido como: propor uma
base para a análise da linguagem enquanto forma de realização de atos que são
contextualizados, convencionalizados e intencionais.
As expressões linguísticas estudadas por Austin são chamadas de Expressões
performativas. São expressões usadas pelos falantes para realizar determinadas ações.
Verbos como avisar, prometer, nomear, desafiar e desculpar são verbos performativos.
De forma que, o falante ao pronunciar uma dessas expressões performativas, estaria
realizando um ato. Esses atos foram caracterizados em Locutórios (Ato de dizer algo e
que tem um significado), Ilocutórios (Ato que se realiza ao se dizer algo empregando
certa força ilocucionária) e Perlocucionários (Ato de se dizer algo com o propósito de
produzir algum efeito no interlocutor pelo fato de se dizer algo) (SEARLE, 2002).
Temos interesse em caracterizar especialmente os pedidos de desculpas. Estes
são um ato pelo qual o locutor tenta obter de seu destinatário o perdão pelo
cometimento de um erro. No caso da revista em questão, as características desse pedido,
como veremos mais adiante, atendem a interesses do veículo.
OBJETIVOS E METODOLOGIA
O objetivo geral deste trabalho é refletir sobre o fato de o discurso da mídia vir
sendo tomado como um instrumento didático na sala de aula em substituição ao livro
didático. Além disso, buscamos demonstrar dois objetivos específicos: analisar se as
erratas contidas nas referidas edições contém erros referentes ao conteúdo programático
da disciplina de Ciências Naturais para o ensino fundamental, bem como verificação
(interpretativa) da gravidade desses erros para o programa curricular da disciplina.
Para que os objetivos do trabalho fossem alcançados, constituímos o corpus da
pesquisa com textos selecionados das “erratas” contidas na revista Superinteressante
(editora Abril. Através de um trabalho de pesquisa das edições buscamos as erratas que
continham erros referentes ao conteúdo programático da disciplina Ciências Naturais e
as relacionamos com as matérias na íntegra a fim de cotejar os dados. A partir daí,
procedemos à análise do corpus composto pela reportagem e por sua errata, observando
os objetivos elencados acima.
DISCUSSÃO E RESULTADOS
•
A mídia como instrumento pedagógico
Para Pfeiffer (2001, p.41) “a mídia vem sendo marcada em seu funcionamento,
desde meados da década de 80 em diante, por um largo uso escolar que a tem elevado à
categoria de instrumento didático”. Os livros, as coleções e enciclopédias tem cedido
lugar à mídia.
O discurso de que era necessário quebrar a linguagem “razinza” e pouco
atrativa dos materiais didáticos tradicionais provocou um aumento considerável e
constante na busca por suportes midiáticos, principalmente os impressos como as
revistas.
O uso da mídia em sala de aula tem funcionado como o elemento fomentador
de discussão de temas polêmicos e como fornecedora de exemplos de aplicação prática
daquilo que está sendo estudado em teoria nas diversas disciplinas. Para Pfeiffer, as
universidades e escolas técnicas têm tomado a mídia
Como base das formulações de suas questões nos exames de
admissão. Nesse caso a mídia é tida mais evidentemente como reflexo
daquilo que acontece no mundo em termos das informações (dos
“fatos”), das opiniões, dos exemplos, e, no caso específico da língua
portuguesa, do modo como se deve e não se deve escrever a nossa
língua nacional. A mídia é tomada, então, como espaço em que se
encontram exemplos de o que e o modo que é correto e incorreto dizer
(PFEIFFER, 2001, p.42).
Assim, a mídia tem substituído os textos literários e a gramática como
instrumento didático. A justificativa para isso, como vimos, é que para atrair a atenção
dos alunos é necessário o uso de textos que não sejam “chatos” e “entediantes” como o
são, em suposição, os textos da literatura clássica.
É nesse contexto que pretendemos desenvolver a discussão a respeito do uso
das revistas de divulgação científica nas aulas de Ciências Naturais. Esse tipo de
publicação tem sido utilizada como instrumento capaz de atrair os alunos e quebrar a
monotonia encontrada na linguagem dos livros tradicionais.
No entanto, precisamos olhar com mais atenção esse “simples” e “prático” uso
do texto das revistas de divulgação científica, afinal de contas ele não foi “pensado”
para uso em sala de aula, trata-se de um texto que está em suporte midiático e limitado
por todas as questões que envolvem a mídia.
As revistas de divulgação têm acompanhado o crescimento vertiginoso
apresentado pela mídia especializada em divulgação científica. A partir da década de
1980 surgiram várias revistas, como exemplo podemos citar: em 1982 a revista Ciência
Hoje da SBPC; em 1987 é a vez da SuperInteressante da Editora Abril; em 1991 a
Editora Globo lança a Globo Ciência (que mais tarde passaria a se chamar Galileu).
Recentemente a versão brasileira da revista scientific American passou a circular no
país, publicada pela Duetto Editorial desde junho de 2002. São muitas as revistas que
circulam pelo país com o intuito de divulgar ciência, e a maioria das editoras possuem
mais de uma publicação nesse ramo.
O discurso dessas revistas de divulgação é resultado de um processo que
mescla diversas semioses com o intuito de despertar o interesse no leitor. O resultado
desse trabalho é um texto que, antes de mais nada, não é científico e é produzido por
um jornalista que tem, a nosso ver, pouco domínio dos procedimentos científicos.
Por isso, estamos preocupados com o uso das revistas de divulgação científica
em sala de aula. Para nós os erros contidos nessas revistas ao invés de contribuir para o
processo de aprendizagem pode gerar o efeito contrário além de produzir imagens
equivocadas sobre a ciência.
CARACTERIZAÇÃO DO CORPUS
Enquadramos a revista SuperInteressante no rol das revistas de divulgação
científica, utilizando para isso o quadro teórico proposto por Gomes (2001). Dessa
forma, para nós as revistas de divulgação científica são as publicações nas quais se
reproduz o conhecimento apenas com o propósito de informar, tem como alvo um
público não-especializado e publica textos produzidos exclusivamente por autores
jornalistas.
Em nossa opção de tomar as erratas da revista SuperInteressante como objeto
deste estudo recaiu o fato de ser ela o maior veículo do gênero “revista mensal de
informação científica” do mercado nacional, com 432.211 mil exemplares de tiragem e
2.803.000,00 milhões de leitores. A revista possui ainda um total de 244.959 mil
assinantes e consegue vender cerca de 131.345 mil revistas em bancas por todo o país .
O alcance da Superinteressante e o prestígio que ela desfruta entre os leitores
foram determinantes para a sua escolha, já que estamos preocupados com as
consequências provocadas pelos equívocos cometidos pela revista. A nosso ver, o
prejuízo causado nos leitores é potencializado pelo alcance do veículo e por seu poder
de persuasão.
A SuperInteressante (doravante Super, como se autodenomina) surgiu em
1987, resultado, segundo (GOMES, 2001), de um acordo entre a Editora Abril e o
escritório espanhol da empresa Gruner & Jhar, responsável pelo projeto original da
revista Muy Interesante, que havia sido lançada com sucesso na Alemanha, Espanha,
França, México, Colômbia, Venezuela, Equador e Argentina.
A proposta da revista é revelar a ciência (daí a caracterizarmos como veículo
de divulgação científica) onde há dúvida, mistério e curiosidade, apresentando ao
mesmo tempo a ciência como aventura do conhecimento (DIEGUEZ, 1996, APUD
GOMES, 2001, p.103).
Gomes (2001, P. 103) acrescenta ainda que a Super é dirigida, predominantemente, a
leitores jovens, no setor publicitário, a revista tenta se fixar em produtos que atendam a
faixa etária de seu público. Assim, o espaço publicitário da revista é ocupado por
produtos consumidos por estudantes universitários e de nível médio.
Seu público é composto basicamente por 47% de mulheres contra 53% de
homens , desses, 63% são Jovens com idade entre 10 e 34 anos. Sobre a efetividade da
abordagem da Super entre os mais jovens Gomes diz que
embora tenha como público-alvo jovens estudantes dos níveis médio e
superior, Superinteressante também procura atender à curiosidade dos
pais que pagam a assinatura ou compram mensalmente a revista nas
bancas. Em seis anos essa revista alcançou uma tiragem em torno de
280 mil exemplares mensais, tendo se tornado o maior sucesso
editorial brasileiro das últimas décadas, fato que vem comprovar a
existência de uma demanda bastante significativa pela informação
científica tratada em linguagem jornalística (GOMES, 2001,
p.103/104).
A Super possui hoje, no mercado brasileiro uma marca respeitada e
estabelecida. A publicação tem ditado o padrão da divulgação científica de massa no
país. Seus leitores, que na sua maioria é composta por assinantes, são quase três milhões
que, todos os meses consomem as informações aí veiculadas.
O grau de confiança que se estabelece entre revistas e leitores, muito por conta
do nível de intimidade que caracteriza a linguagem típica de revistas, provoca nos
leitores um sentimento de pertencimento a um grupo em comum e que, por isso, esses
leitores muitas vezes desenvolvem comportamentos típicos. Exemplo disso é que “não é
à toa que leitores gostem de andar abraçados às suas revistas, ou de andar com elas à
mostra para que todos vejam que eles pertencem a este ou àquele grupo. Por isso, não se
pode nunca esquecer: quem define o que é uma revista, antes de tudo, é o seu leitor”
(SCALZO, 2008, p.12)
Contudo, o prestígio da Super não é o mesmo quando nos referimos a um
público mais seleto, ou seja, os especialistas. As características da revista não agradam
àqueles que dominam os procedimentos científicos, sobre os motivos dessa aparente
desconfiança, Gomes afirma que
Talvez seja devido ao caráter comercial e à superficialidade dos textos, que
Superinteressante e Galileu sejam vistas com algum descrédito pela comunidade
científica brasileira, que exige maior profundidade e precisão nas informações.
Ciência Hoje, ao contrário, é bem aceita, pois, além de aprofundar os temas,
prima pela precisão, pelo rigor. As matérias nela publicadas passam pelo crivo
de referees que tem o poder de vetá-las, quando as consideram cientificamente
inconsistentes (GOMES, 2001, P.105).
A escrita, no jornalismo científico necessita de pesquisa, e de cuidados
justamente porque, do nosso ponto de vista, as consequências de erros podem ser
desastrosas. A esse respeito, (FERREIRA & TARGINO, 2008, P.21) afirma que a
comunicação no contexto da ciência deve evitar conotações. A linguagem literária é
conotativa, permitindo um sentido translato ou subjacente aos conteúdos, de teor
subjetivo e interpretativo. Por sua vez, a linguagem científica é denotativa.
Para os autores, o divulgador científico deve ter curiosidade e humildade
intelectual para esclarecer as dúvidas surgidas ao longo do processo de escrita. Esse
profissional deve, caso seja necessário procurar ajuda especializada, evitando dessa
forma, veicular textos contendo informações que não refletem uma determinada
realidade científica.
Contudo, não tem sido essa a prática entre os divulgadores, pelo menos entre
aqueles que escrevem para a revista Super. A nossa afirmação está embasada nos
resultados encontrados a partir da análise das edições da publicação em questão.
Assim, são muitos os estudos que tomam como objeto de pesquisa o discurso
da divulgação científica, e alguns, assim como nós, as revistas de DC. No entanto, a
nossa pesquisa aponta um aspecto inédito, que a diferencia no quadro dos estudos em
divulgação científica: as erratas da revista Superinteressante como objeto de estudo.
O nosso objeto de pesquisa são as erratas veiculadas nas edições da Super,
justamente por estarmos preocupados com a gravidade desses erros no uso em sala de
aula. Partimos do pressuposto de que o discurso científico sofre alterações na transição
entre o texto do cientista e a reescrita do jornalista, e por isso, por vezes, ocorrem tais
erros.
As erratas que compõem o corpus de análise deste trabalho aparecem, desde o
início da revista na seção de cartas do leitor, contudo, o nome e a diagramação sofreram
modificações com o passar dos anos.
Nas edições de 1987 a 1990, a nomenclatura era “falhas nossas”, nas edições
do ano 2000, “correções” e depois “Superequívoco”; já em edições mais recentes o
nome mudou para “foi mal”, em resumo, o título da seção dedicada à correção das
falhas das edições anteriores muda bastante conforme mostram as imagens abaixo.
Além disso, do ano de lançamento da revista (1987) até o início de 2000 a
errata vinha com a indicação de quem identificou o erro, se o leitor ou o próprio veículo,
no entanto, a partir de março de 2000, essa indicação desaparece, embora na maioria
dos casos fique claro que só um leitor iniciado em assuntos científicos pudesse
reconhecer determinado engano.
É a partir de 2002 que a seção começa a aparecer nas primeiras folhas da
revista, ao contrário dos anos anteriores nos quais a seção vinha nas últimas folhas.
Contudo, as erratas sempre acompanharam a seção de cartas dos leitores.
ANÁLISE DOS EXEMPLOS
Vamos então passar à análise dos exemplos. Escolhemos apresentá-los por
categoria (tipo) de pedido de desculpa em que se enquadram. A partir dessa
categorização vamos desenvolver a discussão a respeito da gravidade do equívoco
apresentado bem como da responsabilidade discursiva da revista.
Optamos por não elencá-los por assunto, uma vez que os Parâmetros
Curriculares Nacionais também não o fazem. O conteúdo de Ciências Naturais para as
séries do Ensino Fundamental estão divididos por tema: ambiente, ser humano e saúde e
recursos tecnológicos. Assim sendo, foram esses temas que nos guiaram na pesquisa do
material coletado.
1. Cartas de leitores como forma indireta de corrigir erros
Uma das formas de reconhecer um erro publicado, usado pela revista, é a
publicação da carta do leitor apontando o erro. Vejamos o primeiro exemplo:
Exemplo 1: (Super Ano 2, nº 06, junho de 1988)
Seção: “Falhas Nossas”
Gostaria de fazer uma pequena correção na nota “segredos de um
sobrevivente” (SI nº 2, ano 2): o Nautilus Macromphallus não é o último
“fóssil” vivo. Na reserva Ecológica de Trípuí, em Ouro Preto, MG, existe o
Peripatus Acacioi, semelhante a fósseis de mais de 500 milhões de anos,
contra os 400, milhões do Nautilus. (Neuza Barbosa Lopes – Vespasiano,
MG)
No exemplo acima vemos uma das formas discursivas usadas pelos editores
para “pedir desculpas”, ou seja, uma carta de um leitor que aponta o erro, não há nesse
caso a intervenção do editor.
A manutenção do prestígio social está ligada a uma questão de sobrevivência
mercadológica na qual todos os veículos do gênero estão necessariamente vinculados. A
proposta teórico-metodológica da Análise Crítica do Discurso apresenta a prática
discursiva, a produção, distribuição e o consumo de textos como uma faceta dessa luta
mercadológica travada pelas revistas “especializadas”.
Por isso, o não reconhecimento do erro cometido entra como componente
importante de nossa análise. Não se trata de, apenas, atribuir a autoria da correção, mas
antes de auto-proteção, uma vez que a carta da leitora não inviabiliza o pedido de
desculpa do editor.
Através desse tipo de pedido de desculpa, o editor tenta transmitir
confiabilidade ao seu leitor, e assim, preserva a imagem da instituição. Dessa forma, os
recursos discursivos utilizados pelo jornalista que deveriam ter como objetivo principal
a tentativa de correção da falha cometida, na verdade, jogam papel importante no
sentido de esconder a falha do veículo de informação.
A nosso ver, devemos chamar atenção para o papel do editor. A autonomia
editorial lança mão de todos os meios para salvar “a face” da instituição. Sendo assim, o
pedido de desculpa perde o seu principal sentido, qual seja, o de desculpar-se e permitir
a correção de uma falha.
Caracterizamos o pedido de desculpa como indireto justamente pela ausência
da “voz” do editor. O que temos são as palavras de um leitor que aponta um erro, mas
em momento algum, surge o parecer do veículo acerca desse erro.
Essa forma de pedido de desculpa (o pedido indireto) carrega um eufemismo
que tem como função minimizar o prejuízo causado. Isso também tem a ver com o
público a que o veiculo se dirige, a saber, o público jovem. Em momento algum, o
editor entra em detalhes referentes ao erro cometido, ou se desculpa diretamente, de
forma que a linguagem utilizada atinge o seu interlocutor de forma indireta, desviando,
desta forma, o foco do pedido.
Devemos destacar também que há nas palavras da leitora um eufemismo
quando escreve: “Gostaria de fazer uma pequena correção[...]”. Essa posição da leitora
indica uma atitude de “não-agressão” para com a instituição. Esse pacto de não-agressão
nos mostra que os leitores sabem que caso suas palavras não sejam um tanto suaves
talvez a carta não seria publicada.
2. Pedido de desculpa direto
Nesse caso, temos três exemplos de pedido de desculpa realizado diretamente,
através do próprio reconhecimento do erro. Vejamos:
Exemplo 5: (Super, fevereiro, 1989, ed. 017)
Seção: “Falhas Nossas”
No artigo “a estratégia das aranhas” está escrito que o piolho não é um inseto,
mas um aracnídeo. Na verdade, piolho é inseto. Aracnídeo além da aranha e
do escorpião é o carrapato.
Exemplo 6: (Super, abril, 2002, ed. 175)
Seção: “SuperEquívoco”
Aranhas são aracnídeos e não inseto.
Exemplo 7: (SUPER, ed. 284, novembro de 2010)
Seção: “Foi Mal”
Ao contrário do que o texto “Aracnofilia” (Super 282, pág. 95) possa ter dado
a entender, a aranha não é um inseto, e sim um aracnídeo.
Exemplo 8: (Super, ano 4, nº 7, julho de 1990)
Seção: “Falhas nossas”
O ácaro é um aracnídeo e não um inseto, como está escrito na matéria
“Anatomia de um grão de poeira” (SI, nº 4, ano 4). (Anselmo Mauryama –
São Paulo / Marcelo H. Pereira – Ipatinga, MG / Marcelo Saísse, Octávio A.
F. Presgrave – Rio de Janeiro, RJ / Rogério F. de Souza – Londrina, PR / João
B. Pereira, Alessandra de Carvalho e mais trinta alunos da sétima série do
colégio Dona Sinhá Junqueira – Ribeirão Preto, SP).
O primeiro aspecto a se destacar é o fato do mesmo erro ter se repetido por
quatro vezes (embora o último exemplo não seja de um pedido direto, entendemos que
era importante trazê-lo pelo conteúdo a que se refere). Os erros que se seguem são
exemplo do pouco critério com que são tratadas as informações científicas.
A informação básica já havia sido veiculada, e na segunda vez que foi utilizada
surge em meio ao mesmo tipo de erro. Fica claro que não há um estudo mais minucioso
por trás das matérias, ficando ao acaso o risco de se repetirem erros como esse. Além
disso, pode indicar que a matéria foi “copiada” e “reutilizada” em ocasiões diferentes.
As revistas de divulgação devem lançar mão do mesmo rigor que foi usado na
descoberta científica no momento de se apropriar desse discurso que não lhe pertence,
sob pena de desinformar e deseducar em vez do contrário. O que fica claro nesse
exemplo é que o que rege as informações contidas nas matérias é, na verdade, o senso
comum. Por isso, entendemos como problemático o uso “indiscriminado” das revistas
de divulgação como instrumento pedagógico.
É devido a erros grosseiros como o que vimos acima que as críticas aos
veículos de divulgação (elas se atribuem a tarefa de alfabetizar cientificamente os seus
leitores) ganham força. Não bastasse errar sobre algo primário, o veiculo repete o
mesmo erro repetidas vezes, tornando a situação ainda mais grave.
Chamamos de erro “primário” justamente porque mesmo consultando um
dicionário que não é especializado na área científica encontramos a informação correta.
Ou seja, a informação está acessível a não-técnicos, basta procurá-la. Utilizamos
propositalmente o dicionário Houaiss da língua portuguesa, para mostrar que não é
necessário um livro técnico ou especializado para que se encontrem as informações que
sofreram deformações na revista Superinteressante.
Segundo o Houaiss “aracnídeo” “é uma classe de artrópodes quelicerados,
cosmopolita, que reúne 50.000 spp. distribuídas em 11 ordens, vulgarmente conhecidos
por aranhas, ácaros e escorpiões; caracterizam-se pela presença de quatro pares de patas
e um par de palpos, pelo corpo dividido em cefalotórax e abdome e pela ausência de
antenas; arácnidos. Por sua vez, os insetos se caracterizam por uma classe de artrópodes
que possuem três pares de patas e que tipicamente dispõem de dois pares de asas, um
par de antenas e um par de olhos compostos; as mais de 750.000 spp. descritas são
geralmente terrestres; insectos”.
As palavras geralmente apresentam significado cultural, variável e mutável.
Sendo assim, não é incomum que o termo “aracnídeo” seja tomado com o sentido de
inseto. Os jornalistas, muitas vezes, empregam o sentido científico como equivalente do
sentido do cotidiano, e isso provoca muitos erros, já que dificilmente os sentidos dessas
duas culturas se equivalem.
3. A divulgação científica, as erratas e pedidos de desculpa: consequências sociais e
pedagógicas.
A divulgação da ciência é hoje instrumento necessário para consolidar a
democracia e evitar que o conhecimento seja sinônimo de poder e dominação
(CANDOTTI, 2001, p. 5). Por isso, ela precisa estar comprometida com a verdade dos
fatos científicos, do contrário gera desinformação. Mas isso não é tarefa fácil, pois não
bastasse a falta de entendimento entre cientistas e jornalistas, o próprio público
frequentemente reclama porque a informação científica disponível nos meios de
comunicação de massa é contraditória ou incompreensível. A exemplo disso, temos:
Exemplo 12: (Super, fevereiro, 2010, ed. 275).
Seção: “Foi mal”
Diferentemente do que foi publicado, o paracetamol pode ser usado para casos
de dengue clássica, devendo ser evitado em casos de dengue hemorrágica.
Segundo Epstein (2002), “a ignorância do público sobre fatos elementares de
ciência, mesmo em países do primeiro mundo, é surpreendente”. Este dado torna erros
desta natureza ainda mais graves, porque se trata de saúde pública e nesse campo
qualquer informação truncada pode levar a situações críticas. É interessante ler a
chamada da matéria:
Qual a diferença entre Aspirina, Novalgina e Tylenol?
Apesar de eles serem os campeões de venda (3 em cada 10 itens comprados
nas farmácias) e furtos (9 entre os 20 remédios mais roubados), pouca gente
sabe diferenciar os efeitos dos principais analgésicos.
Não, não é tudo a mesma coisa. Apesar de servirem ao propósito geral de
diminuir dores, eles podem ter efeitos colaterais perigosos dependendo do
paciente, como você vê nas fichas abaixo. É importante aprender essas
diferenças agora que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)
mandou-os para trás do balcão da farmácia. A idéia é fazer com que os
clientes sejam orientados pelo farmacêutico, evitando a automedicação.
Conhecendo-os ou não, o negócio é usá-los só quando necessário, para que a
medicação não se transforme em uma dor de cabeça. (Super, dezembro, 2009,
ed. 273).
Vemos que a “intenção” da matéria é orientar para os riscos da automedicação
e chamar a atenção dos leitores para o uso adequado dos medicamentos indicados,
mostrando que eles não são todos iguais. Porém, se a intenção era orientar e sobre tema
tão importante, o resultado não foi alcançado, pois há um erro grave na matéria.
Pesquisa recente da National Science Foundation mostrou que menos do que a
metade dos americanos adultos compreende que a terra gira anualmente em torno do
sol, que apenas 21% podem definir o DNA e que só 9% sabem o que é uma molécula
(EPSTEIN, 2002, p. 82). Os dados da pesquisa só reforçam o fato de que as publicações
científicas devem ter uma crescente responsabilidade com o que mostram em suas
páginas, pois estão veiculando informações importantes para um público que não tem o
domínio necessário para discernir o tipo de informação que está consumindo. Para esse
público, a realidade da ciência é essa apresentada pelas revistas “especializadas”. O
trecho da matéria que contém o erro apresenta-se assim:
PARACETAMOL
Marcas conhecidas: Sonridor, Tylenol.
Indicação: efeito analgésico semelhante ao da aspirina. Mas é o único que não
tem ação anti-inflamatória.
Contraindicação: não pode ser usado em caso de dengue, pois a doença faz com
que o fígado pare de fabricar uma enzima que metaboliza o paracetamol e a
substância fica acumulada no organismo, o que pode levar o paciente à morte.
Em excesso, ele pode causar danos no fígado, então deve ser evitado por quem
já agride o órgão regularmente, como doentes de hepatite e quem bebe em
excesso. Ou seja, tomar um tylenol para aliviar ressaca é uma péssima idéia.
(Super, dezembro, 2009, ed. 273).
Por causa de erros como esse que a ideia que apresentamos aqui de tratar a
errata com maior cuidado ganha força. Porque se uma informação como essa não é
corrigida adequadamente pode trazer danos reais, para além dos pedagógicos, à vida de
alguém desavisado. As pessoas costumam receber as informações das revistas com
bastante boa vontade, e isso não é bom nesse quadro de erros tão graves.
Podemos levantar a seguinte questão a partir dos exemplos apresentados:
quantas pessoas entre as que leram a matéria viram a sua errata? Podemos deduzir que
poucas, pois não é uma prática de leitura comum, checar erratas para verificar se leu
alguma informação errada em artigos divulgados em números anteriores .
Enquanto as matérias são construídas para chamar a atenção e despertar a
curiosidade, as erratas são minúsculas e aparecem em espaços pouco procurados das
revistas. Um leitor que já sabe através da própria experiência que não se deve usar o
paracetamol em um dos casos de dengue pode, evidentemente, ficar confuso em qual
caso se deve e em qual não se deve usar o medicamento.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Optamos por utilizar o arcabouço teórico da Análise Crítica do Discurso
(ACD) e especificamente a abordagem Faircloughiana da ACD, a Teoria Social do
Discurso (TSD). A TSD busca revelar o papel do discurso na reprodução da dominação
exercida pelas elites, instituições ou grupos. Além disso, fizemos uma interface com a
teoria dos Atos de Fala seguindo assim os pressupostos da Pragmática.
Fizemos nesse artigo uma análise das erratas veiculadas na revista
Superinteressante. Nossa hipótese era de que os erros cometidos pelo divulgador (que
não domina o discurso científico) no desempenho de sua função causam prejuízos
conceituais ao processo de aprendizagem uma vez que a plateia é jejuna em ciência.
O nosso corpus foi composto por edições da revista Superinteressante da
editora Abril. Os objetivos foram: analisar se as erratas contidas nas referidas edições
contém erros referentes ao conteúdo programático da disciplina de Ciências Naturais
para o ensino fundamental, bem como a verificação da gravidade desses erros para o
programa curricular da disciplina de Ciências Naturais.
Os resultados de nossa análise demonstraram que as revistas de divulgação
científica em questão apresentam uma frequência de erros que não condiz com o papel
de “instrumento pedagógico” a elas outorgado. Esses erros longe de ser algo inofensivo
ou absolutamente sem importância demonstram que a mídia não deve ser incorporada à
vida escolar sem passar por uma avaliação dos fatores que a subjazem: sobrevivência
mercadológica, sensacionalismo visando ao aumento do público leitor e pouco domínio
do discurso científico por parte dos jornalistas científicos.
Ficou claro que os interesses das revistas em questão passam ao largo dos
interesses educacionais que devem orientar o trabalho pedagógico nas escolas
brasileiras. Dessa forma, pensamos que o presente artigo traz uma contribuição
importante ao debate acerca do uso dos instrumentos pedagógicos, e ainda, sobre a
relação da mídia com o processo educacional.
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