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Fundação Universitária Norte de Minas – FUNORTE
Unidade Brasília
Virlene Carrilho Nepomuceno
Prof. Dr. Leonardo Fernandes da Cunha
Brasília
2014
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Virlene Carrilho Nepomuceno
“Associação de resinas nanohíbridas e de micropartículas para
fechamento de diastemas: relato de caso clínico”
Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado
ao
Curso
de
Especialização em Dentística da
Funorte, Unidade Brasília, como parte
dos requisitos para a obtenção do
título de Especialista em Dentística.
Orientador: Prof. Dr. Leonardo
Fernandes da Cunha.
Brasília
2014
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O trabalho de conclusão de curso intitulado “Associação de resinas nanohíbridas e de
micropartículas para fechamento de diastemas: relato de caso clínico” elaborado por
Virlene Carrilho Nepomuceno e aprovado pela banca examinadora do curso de Especialização
em Dentística foi aceito como requisito parcial para a obtenção do título de especialista em
Dentística.
Brasília, 15 de fevereiro de 2014.
___________________________________________
Prof. Dr. Leonardo Fernandes da Cunha
Professor Orientador
___________________________________________
Prof. Dr. Júlio César Franco Almeida
Membro da Banca examinadora
___________________________________________
Prof. Dr. José Mondelli
Coordenador do Curso
4
O aluno Virlene Carrilho Nepomuceno abaixo assinado do Curso de Especialização em
Dentística, da FUNORTE – Unidade Brasília, realizado de 31/09/2012 a 15/02/2014, declara
que o conteúdo do trabalho de conclusão de curso intitulado “Associação de resinas
nanohíbridas e de micropartículas para fechamento de diastemas: relato de caso clínico”
é autêntico, original, e de sua autoria exclusiva.
Brasília, 15 de fevereiro de 2014.
_________________________________________________
Virlene Carrilho Nepomuceno
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RESUMO
Objetivos: Em algumas situações, a mecânica ortodôntica não é suficiente para solucionar os
casos de fechamento de diastemas. Nesses casos, uma abordagem restauradora é necessária.
Diversas resinas compostas estão disponíveis no mercado para o fechamento de diastemas. As
resinas de micropartículas sempre foram uma ótima opção para restaurações em dentes
anteriores. Atualmente, as resinas de nanopartículas podem ser uma opção interessante para
esses casos. A associação dessas duas classes de resina também é possível e interessante
Assim, o presente trabalho demonstra por meio de um caso clínico, a possibilidade de
realização de fechamento de diastema empregando a associação de uma resina nanohíbrida
com micropartículas. Descrição do Caso: após tratamento ortodôntico, foi feita a
estratificação de resina composta aproveitando as características das diferentes resinas
disponíveis. Conclusões: resinas nanohíbridas e de micropartículas são uma opção de
tratamento de fácil manuseio e excelentes propriedades estéticas para o fechamento de
diastemas.
Descritores: diastema, estética dentária, ortodontia, odontologia cosmética.
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Abstract
Objectives : In some situations, orthodontic treatment is not enough to solve the cases of
diastema. In such cases, a restorative approach is needed. Several composite resins are
available in the market for restorative dentistry. Microfill resins have always been a great
choice for restorations in anterior teeth. Currently, dental nanohybrid light-cured resin
composites can be an interesting option for such cases. The association of these two classes of
resin is also possible and interesting. Thus, this paper demonstrates by means of a clinical
case, the possibility of restore dental diastema with a dental nanohybrid light-cured resin
composite associated with microfilled resin. Case Description: After orthodontic treatment,
resin composite was used to restore aesthetic and functional aspects. Conclusions: dental
nanohybrid light-cured resin composites and microfilled resins are a treatment option for easy
handling and excellent aesthetic properties to anterior tooth.
Key words: diastema, esthetics, dental, orthodontics
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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO
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2. REVISÃO DE LITERATURA
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2.1 COMPOSIÇÃO
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2.2 CLASSIFICAÇÃO DAS RESINAS COMPOSTAS
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2.3 ILUMINAÇÃO
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2.4 COR
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2.4.1 Critérios para Seleção de Cor
2.4.2 Seleção Automatizada da Cor
2.5 PARTICULARIDADES DA RESINA COMPOSTA
3. RELATO DE CASO CLÍNICO
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12
12
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4. DISCUSSÃO
5. CONCLUSÃO
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6. REFERÊNCIAS
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1. INTRODUÇÃO
Diversas situações podem causar desconforto estético para os pacientes em
odontologia. Os tratamentos ortodônticos, de forma geral, promovem uma melhora estética na
composição dento-facial. No entanto, espaços entre os dentes anteriores podem ocorrer
mesmo após o tratamento ortodôntico. Nesses casos, uma avaliação estética para uma
intervenção ortodôdontica-restauradora é necessária para estabelecer estética (Ribeiro, 2011).
A técnica restauradora para o fechamento de diastemas tem sido amplamente
divulgada (Cunha et al, 2012). A utilização de resinas compostas tem sido uma opção
conservadora, rápida e de fácil acesso para cirurgiões-dentistas e pacientes. Além disso, as
resinas compostas apresentam ainda ótimas propriedades ópticas, podendo reproduzir não só a
cor, mas também a translucidez, textura e brilho da dentição natural (Cunha et al, 2011).
Dessa forma, a correta aplicação dessa técnica restauradora pode colaborar na resolução do
caso.
Diferentes opções de resinas estão disponíveis. As resinas de micropartículas sempre
foram uma opção interessante para restaurações em dentes anteriores. Essas resinas
apresentavam facilidade de manipulação e polimento. Esses materiais com pequenas
partículas apresentam estabilidade de cor favorecida. Dessa forma, facilitando seu emprego
em restaurações anteriores. Contudo sua resistência mecânica é inferior quando comparada
com outras classes de resinas compostas (koottathape, 2014).
Recentemente, o uso da nanotecnologia tem sido uma opção para Dentística
Operatória. Vários fabricantes têm oferecido resinas compostas nanohíbridas, ou seja, com
partículas nanométricas e outras partículas maiores. Os materiais que apresentam esse tipo de
partículas proporcionam superfície lisa e favorecem o resultado após polimento e,
consequentemente sua estabilidade de cor. As resinas contendo partículas carga em escala
nanométrica tendem a apresentar menor perda de brilho e menor aumento da rugosidade
superficial com o passar do tempo. Dessa forma favorecendo as restaurações estéticas em
dentes anteriores. Diferente das resinas de micropartículas, as resinas de nanopartículas
apresentam resistência mecânica satisfatória (Costa et al, 2010).
Assim, uma associação desses materiais pode favorecer o resultado final e a
longevidade das restaurações em dentes anteriores. Dessa forma, o objetivo do presente
trabalho é apresentar um caso clínico empregando a associação de uma resina nanohíbrida e
de micropartículas no fechamento de diastemas após tratamento ortodôntico.
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2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1 COMPOSIÇÃO
As resinas são compostas por:
 Matriz orgânica: constitui - se geralmente de metacrilatos (Bis-GMA – bisfenol
A glicidilmetacrilato), UDMA (uretano dimetacrilato) monômeros diluentes
como TEGDMA (trietilenoglicoldimetacrilato). A resina P90 tem matriz de
silorano, combinação química entre os componentes dos siloxanos e oxiranos.
 Matriz inorgânica: utiliza-se quartzo ou vidro sílica coloidal; vidro de bário,
zinco, estrôncio e silicato-lítio, alumínio. Tem a finalidade de promover a
estabilidade dimensional à matriz resinosa, além de melhorar as propriedades
de sorção de água, resistência à tração, compressão, abrasão e radiopacidade.
 Agente de união: metacriloxipropil – trimetoxisilano para aderir a carga
inorgânica à matriz.
 Agentes iniciadores e ativadores: agentes que dão início ao processo de
polimerização. Nos sistemas quimicamente ativados o peróxido de benzoíla é
ativado por uma amina terciária e nos sistemas fotopolimerizáveis, o ativador é
a luz halógena ou o LED e o iniciador geralmente é a canforoquinona.
 Agentes inibidores – acrescenta-se a hidroquinona para que não haja
fotopolimerização espontânea.
2.2 CLASSIFICAÇÃO DAS RESINAS COMPOSTAS
Na década de 50, BUONOCORE (1955) apresentou a técnica de condicionamento
ácido do esmalte, a qual melhorava a adesão dos compósitos resinosos a estrutura dental. Em
1956, Bowen introduziu o Bis-GMA que melhorou as propriedades das resinas compostas.
Com Nakabayashi et al (1976) a adesão dos compósitos resinosos à estrutura dental tornou-se
mais eficiente.
As resinas continuaram a evoluir com alterações promovidas na sua composição, em
relação ao tamanho e distribuição das partículas de carga, o que vem aprimorando as
propriedades desses materiais.
No mercado estão disponíveis as seguintes resinas de acordo com o tipo de partículas:
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 Macropartículas – estão quase extintas no mercado, pois apresentam lisura
superficial insatisfatória devido ao tamanho das partículas inorgânicas (15 a
100 micrômetros).
 Micropartículas – apresentam um polimento excelente, entretanto têm alto
índice de contração de polimerização, pois possuem pouca porcentagem de
carga em peso dessas resinas. Apresentam partículas de 0,04 micrômetro.
 Híbridas e microhíbridas – representam o maior contingente de marcas
comerciais e associam as vantagens das resinas híbridas e microhíbridas,
podendo ser indicadas de forma universal. As híbridas apresentam partículas
entre 0,6 a 3,0 micrômetros e as microhíbridas entre 0,4 e 1,0 micrômetro.
 Nanopartículas – são constituídas por partículas de 20 a 75 nanômetros. Essas
resinas têm demonstrado que não apenas a quantidade de carga é importante
como também o seu formato, composição e distribuição para que o material
restaurador apresente boas propriedades físicas e ópticas.
Com relação à viscosidade, as resinas compostas podem ser classificadas em:
 Baixa viscosidade – apresenta alta fluidez, pois apresentam pequena
quantidade
de
carga
inorgânica,
sendo
indicada
para
cavidades
ultraconservadoras (lesões cervicais não cariosas e em defeitos estruturais do
esmalte) e como forramento em restaurações de dentes posteriores, pois
apresentam baixo módulo de elasticidade, funcionando como amortecedores de
choque. São resinas mais fluidas, com grau de escoamento e são chamadas de
flow.
 Média viscosidade - há um equilíbrio da quantidade de partículas inorgânicas
em relação à fase orgânica. Apresentam alto módulo de elasticidade, o que lhe
confere melhores características e propriedades e podem ser utilizadas em
praticamente todos os tipos de trabalhos restauradores.
 Alta viscosidade - possui alto conteúdo de carga inorgânica com partículas,
resultando em alta viscosidade e resistência ao desgaste. Apresentam menor
fluidez, são mais compactas e têm altíssimo módulo de elasticidade É indicada
para restaurações de posteriores. São conhecidas como resinas condensáveis ou
compactáveis.
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2.3 ILUMINAÇÃO
A capacidade que um objeto possui em modificar as propriedades de absorção,
reflexão, transmissão, brilho e refração da luz, denomina-se cor. Bastonetes e cones são as
células específicas da retina do olho humano que permitem captar a luz. Os cones, ao serem
atingidos pela luz que ultrapassa a retina, transmitem os sinais de luz através do nervo ótico,
diretamente ao centro visual identificando as cores (matiz e croma). Os bastonetes são
responsáveis pela visão periférica e não distinguem as cores, interpretam o brilho (valor),
sendo acionado em condições de pouca iluminação.
Na identificação da cor de um dente podem-se usar métodos diretos ou assistidos. No
método direto, compara-se a cor do dente com uma escala de cores; no método assistido,
podem-se utilizar espectrofotômetros, colorímetros e a normalização e análise com software
de imagens obtidas através de máquinas fotográficas digitais. Essas ferramentas auxiliam e
complementam o processo de obtenção da cor, entretanto não substituem o método direto. A
escala VITA é a escala de cor mais utilizada na Odontologia, a qual organiza-se em quatro
família de matizes: A – laranja; B – amarelo; C – amarelo-cinza; D – laranja-cinza (Baratieri
et al, 2010).
Para obtenção de resultados estéticos é necessário que se conheça as propriedades
ópticas das resinas compostas: fluorescência e opalescência. A capacidade que o dente tem
em absorver a radiação ultravioleta (tipo “luz negra”) e emitir essa radiação na faixa de luz
visível dando um aspecto azulado ao dente. Quando a resina não apresenta fluorescência, a
restauração aparece como uma área escura. A opalescência é a propriedade óptica do esmalte
de transmitir ondas longas de comprimento de luz naturais e refletir as ondas curtas, fazendo
com que as resinas ofereçam resultados estéticos de maior naturalidade semelhantes as
estruturas dentais.
2.4 COR
A cor é uma das características mais marcantes dos dentes e pode ser descrita através
de parâmetros: matiz, croma e valor. O matiz corresponde ao tipo de comprimento de onda
dominante e ao tipo de pigmento contido no objeto (ex: amarelo, verde, entre outros), ou seja,
é a cor propriamente dita. O croma responde pela saturação (concentração) de pigmento em
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uma cor, logo, quanto mais matiz aparecer em um dente, mais saturado ele será. O valor
remete a quantidade de luz refletida por um objeto, independente do matiz que ele possua.
Quanto maior a reflexão de luz (chamadas cores claras), maior o valor da cor, de forma que o
preto por possuir ausência total de reflexão da luz apresenta o valor mais baixo possível.
O esmalte através da sua espessura modula o croma e o valor do matiz dado pela
dentina do dente. O terço cervical apresenta-se mais escurecido, pois a espessura do esmalte é
menor, quando comparado aos terços médio e incisal. No processo de escolha da cor há de se
considerar que a água desempenha papel fundamental. A desidratação do esmalte reduz sua
translucidez em 82%, levando o clínico a optar por uma cor de resina mais clara e opaca do
que a cor natural do dente, uma vez que os índices de refração da luz na água (1,33) e no ar
(1,0) são diferentes, ao secar o esmalte a água evapora, o ar ocupa o espaço interprismático e
a percepção visual é de um dente mais claro e opaco (Brodbelt, 1980).
2.4.1 Critérios para Seleção de Cor
1) O dente que servirá como referência deverá ter estrutura dentária suficiente, sem
restaurações extensas e tratamento endodôntico. Sempre dar preferência ao dente
homólogo ou aos dentes vizinhos ao espaço que está sendo reabilitado. Como
última alternativa, utilizar dentes antagonistas. Os dentes devem estar limpos,
livres de manchas ou placas bacterianas, e não devem estar desidratados, o que
aumentaria a luminosidade observada.
2) A seleção de cor deve ser realizada no início da consulta para evitar um cansaço
visual.
3) Evite cores fortes e brilhantes no paciente durante a tomada de cor, por exemplo
batom, óculos coloridos, roupas coloridas e brilhantes ou adereços com cores
intensas que distraiam o observador ou influenciem a cor observada. Quando
necessário recubra o paciente com cores neutras.
4) O ambiente para seleção de cor deve ser constituído de cores neutras, visando
reduzir interferência no processo de seleção de cor. É preferível que o teto e
paredes sejam branco opaco. Os pisos e móveis de cores claras, de preferência
azul-celeste.
5) Determinar o matiz observando o dente íntegro que apresente a maior saturação,
preferencialmente o canino.
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6) Em dentes clareados a seleção da cor deve ser mais criteriosa, pois o dente
apresenta maior reflexão da luz e consequentemente maior valor.
2.4.2 Seleção Automatizada da Cor
Nos últimos anos, aparelhos para facilitar a seleção de cor dos dentes foram
desenvolvidos, de maneira a facilitar esse procedimento, tornando-o mais simples e mais
rápido, sendo estes divididos em duas categorias: espectrofotômetros e colorímetros.
Os espectrofotômetros são instrumentos de medição de cor, que medem o reflexo
espectral de uma cor e o traduz em um valor de três estímulos ou em um valor numérico
reconhecido internacionalmente. Ele mensura valor, croma e matriz do dente e imediatamente
converte estes registros para as escalas VITAPAN Clássica e VITAPAN 3D-Master. Se a cor
do dente não existe nas escalas, o aparelho aponta a alternativa de mistura de cores para
obtenção do resultado. O VITA Easyshade é um exemplo de espectrofotômetro.
Os colorímetros são instrumentos de medição cromática que medem as cores
utilizando o método de três estímulos semelhantes aos utilizados pelo olho humano e
traduzem esta medição em forma de números com ajuda de sistemas cromáticos
internacionalmente conhecidos. Um exemplo de colorímetro é o Shadeeye NCC,
desenvolvido pela Shofu e dará ao operador os parâmetros para uma reprodução exata de cor
da restauração no sistema cerâmico Shofu vintage Halo, e ainda permite uma leitura para
outras escalas de cor como a Vita 3D Master, Chromascop, Vita Classical, NCC e Biodent.
2.5. PARTICULARIDADES DA RESINA COMPOSTA
A odontologia adesiva e estética sofreu grande avanço nas últimas décadas, fazendo
com que esses materiais passassem a ser mais utilizados. Entretanto, apesar dessa evolução, as
resinas ainda apresentam propriedades negativas, as quais se devem buscar minimizá-las
durante o ato restaurador.
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O profissional deve estar atento aos requisitos para durabilidade de uma restauração,
para tanto é necessário tentar minimizar os fatores de falhas das restaurações em resina
composta, entre eles, presença de lesão de cárie secundária, fratura, desgaste, alteração de cor
e defeitos marginais (Ritter, 2008; Bernardo et al, 2007; Opdam, 2007).
O principal motivo de falha de restaurações é o diagnóstico clínico de lesões de cáries
secundárias, as quais ocorrem 3,5 vezes mais nas resinas compostas que no amálgama,
conforme apontou o estudo de sete anos de avaliação de Bernardo (2007) e colaboradores. Os
fatores relacionados aos pacientes, tais como a atividade e/ou risco à cárie podem interferir na
longevidade de restaurações posteriores em resina composta (Köhler, 2000). O segundo
principal motivo de falha é a fratura, que ocorre com maior probabilidade em restaurações
amplas e em molares. A avaliação longitudinal de 17 anos em restaurações de resina em
dentes posteriores realizadas em clínica privada detectou que 34,8% das 282 restaurações
falharam por fratura da restauração (Rodolpho et al, 2006).
No início do desenvolvimento das resinas compostas, o desgaste prematuro
significativo era uma das suas principais características negativas, pois as partículas de carga
grandes desprendiam-se em razão do desgaste da matriz da resina, formando orifícios
microscópicos e consequente rugosidade, mas com o surgimento de partículas de carga
menores, o desgaste vem reduzindo significativamente. Além da evolução do material, os
avanços das técnicas e equipamentos de polimerização contribuíram para o aumento da
resistência da resina ao desgaste (Ritter, 2008). Entretanto, dados clínicos concluem que o
desgaste oclusal das resinas posteriores permanece um problema clínico, embora não tão
grave nos últimos anos (Ferracane, 2006). Para evitar um colapso da oclusão é importante que
o desgaste do material restaurador seja semelhante ao do esmalte dental. O desgaste desigual
entre o dente natural e a restauração pode levar a interferências oclusais em trabalho e
balanceio, fratura do dente e potencialmente disfunção temporomandibular.
Já a deficiência estética é uma das razões mais comuns para a substituição das
restaurações. Estudos têm avaliado a máxima estabilidade de cor de compósitos com o passar
do tempo, uma vez que uma boa combinação de cor entre a resina e os tecidos dentais, bem
como a cor após a polimerização e ao longo da vida útil da restauração são importantes
fatores para o sucesso do resultado estético da restauração. A alteração de cor dos materiais
resinosos pode ser causada por fatores intrínsecos e extrínsecos. Os fatores intrínsecos
envolvem a descoloração, devido a mudanças na carga, matriz ou camada de silano. Os
fatores extrínsecos incluem manchamento pela absorção de colorantes como resultado da
contaminação por fontes exógenas (Paravina, 2004). O manchamento de materiais
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poliméricos por soluções coloridas, café, chá, fumo, molho de soja, bebidas alcoólicas (vinho
tinto) e à base de cola têm sido frequentemente relatado. O manchamento da superfície da
resina é um fenômeno complexo, o qual envolve vários mecanismos, tais como, o acabamento
e polimento, a polimerização e a correta translucidez das resinas compostas.
O acabamento e polimento podem retardar a descoloração e o processo de
envelhecimento do compósito. Estudos indicam que o polimento é tão importante quanto o
procedimento restaurador em si e indicam que deve ser encarado como um passo minucioso.
O acabamento da restauração, a rugosidade e a integridade superficial, bem como as
propriedades físico-químicas do material podem influenciar na retenção de placa e no
manchamento da resina composta. Superfícies rugosas retêm mecanicamente corantes mais
facilmente que superfícies lisas. Estudos relataram que pastas de polimento à base de
diamante produzem superfícies mais lisas que as pastas à base de óxido de alumínio (Güler,
2005). No acabamento e polimento não raramente formam-se bolhas de ar aprisionadas
durante a inserção e que ficam rodeadas por resina não polimerizada, as quais ficam bastante
suscetíveis ao manchamento e devem ser completamente removidas no processo de
acabamento. Caso isso comprometa o resultado estético da restauração, a possibilidade de
refazer o procedimento deve ser considerada (Reis et al, 2002).
O acabamento e polimento podem influenciar a qualidade e a longevidade das
restaurações de resina composta. No mercado existem diversos sistemas de polimento que
oferecem melhor ou pior lisura superficial, as resinas de nanopartículas e nanohíbridas
apresentam maior longevidade quanto ao aspecto brilho, lisura superficial e menor quantidade
de desgaste das restaurações.
A durabilidade das restaurações sofre influência da eficácia de polimerização. Uma
polimerização quando inadequada pode resultar em retenção insuficiente da resina ao tecido
dental, devido à falta de resistência dos prolongamentos resinosos; riscos maiores de agressão
pulpar, pelas camadas dos monômeros não polimerizadas; ou ainda diminuição das
propriedades mecânicas do material; flexão e trincas no dente; manchamento; degradação
marginal prematura.
A polimerização exerce importante papel no processo da cor do dente, pois uma
descoloração pode ocorrer nas camadas profundas do compósito em virtude das reações
físico-químicas do próprio material, como as que ocorrem com aminas terciárias e podem
tornar o compósito amarelado. Se a irradiação não for suficiente, a canforoquinona que
deveria tornar-se incolor, permanece com uma coloração amarelada. Assim, sob a influência
do ambiente uma conversão adicional de canforoquinona ocorrerá, apesar do compósito já ter
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sido polimerizado, tornando a restauração mais clara (Lee et al, 2004). Para se evitar isso, um
bom nível de conversão deve ser obtido com o uso correto da fonte de luz, determinado pelo
número de ligações duplas de carbono que são convertidas em ligações simples.
A contração de polimerização geralmente é responsável pela ruptura adesiva, uma das
principais falhas das restaurações. Essa contração ocorre durante a polimerização com a
formação de ligações covalentes, o que resulta em contração volumétrica. Na tentativa de
melhorar essa propriedade, tem-se incorporado uma quantidade cada vez maior de partículas
inorgânicas, aumentando sua porcentagem em peso. Dessa forma, tem-se dado preferência às
resinas de partículas menores, que permitem melhor distribuição de carga e aumentam a
porcentagem da matriz orgânica. A correta técnica restauradora também pode minimizar a
contração de polimerização. Atualmente, tem-se lançado mão de manobras clínicas que
buscam compensar e minimizar os efeitos indesejáveis da contração de polimerização como a
técnica incremental, que consiste na aplicação de incrementos de aproximadamente 2 mm,
sem a união de paredes opostas para reduzir o fator C, resultando em áreas de superfícies
livres para alívio das tensões de contração, o que proporciona menor tensão na interface
adesiva e melhor adaptação marginal das resinas compostas.
Alguns fatores podem influenciar na profundidade de polimerização dos compósitos
como o tempo de exposição à luz halógena, a cor do material, a opacidade, a translucidez, o
conteúdo de carga inorgânica, o tamanho das partículas, espessura das porções de resina,
distância entre a fonte de luz e a superfície da resina composta e a técnica restauradora
adotada pelo profissional. O tipo de aparelho fotopolimerizador utilizado e seu estado de
conservação desempenham papel fundamental na qualidade de polimerização das resinas
compostas, uma vez que a emissão da intensidade de luz em quantidade satisfatória está
diretamente relacionada à qualidade e ao desempenho do fotopolimerizador.
No mercado existem diferentes aparelhos fotoativadores. Além dos aparelhos de luz
halógena tradicionalmente utilizados para fotoativação das resinas compostas, o laser de
argônio, o arco plasma xenônio e o LED – Light Emitting Diodes (luz emitida por diodo). Os
aparelhos fotoativadores de luz halógena apresentam as seguintes vantagens: custo menor,
utiliza tecnologia simples e conhecida. Contudo, apresentam como desvantagens um tempo de
polimerização mais lento, quando comparados ao arco de plasma e aos LED; os aparelhos são
relativamente grandes e pesados; as lâmpadas diminuem a potência e com o tempo precisam
ser substituídas. Os aparelhos de LED apresentam vantagens em relação aos aparelhos de luz
halógena, tais como: luz espectralmente mais seletiva; luz fria, não aquece a resina e o dente;
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equipamento compacto e simples; baixo consumo de energia; maior tempo de vida útil; não
utiliza filtro; mantém constante a potência durante toda vida útil do LED.
A necessidade estética leva os fabricantes a desenvolverem compósitos resinosos com
grande variedade de cores. Porém, utilizando-se um mesmo tempo de polimerização, as
resinas de cores mais escuras possuem menores valores de dureza superficial que as mais
claras. Uma das hipóteses para justificar a redução de polimerização em profundidade das
resinas mais escuras, é a presença de pigmentos utilizados nas tonalidades mais escuras que
provavelmente absorvem a luz que passa através da resina e prejudicam sua polimerização,
atuando como filtros seletivos para certos comprimentos de onda de luz. Assim, a formação
de um maior número de barreiras à difusão da luz na resina pode justificar uma menor
microdureza na base dos incrementos das resinas opacas em relação às convencionais.
Em dentes anteriores, a translucidez da restauração é tão importante para o efeito
estético quanto a cor. A translucidez, propriedade de permitir a passagem parcial da luz, o que
é interpretado pelo olho humano como a percepção em profundidade de determinado objeto
(Crisp, 1979). Em restaurações extensas em dentes anteriores com comprometimento das
faces vestibular e palatina, o uso de resina muito translúcida pode ter como resultado uma
restauração escurecida, devido ao efeito do fundo escuro da boca. A luz consegue atravessar
toda a espessura da restauração e o fundo da boca torna-se aparente através da resina. Ao
contrário, resinas opacas não permitem a passagem de luz porque a luz que incide na
superfície da resina é totalmente espalhada e refletida de volta, impedindo a visão em
profundidade. A translucidez da restauração depende do número e tamanho das partículas e da
diferença entre o índice de refração dos componentes (resina e carga). As resinas
micropartículadas tendem a ser mais translúcidas, pois o seu conteúdo de partículas de carga é
relativamente baixo, levando a uma suscetibilidade à alteração de cor elevada, pelo maior
conteúdo do componente resinoso. As resinas micro-híbridas ou as com elevado conteúdo de
partículas são menos translúcidas. Há que se considerar que pequenas variações de cor podem
ser perceptíveis para um operador treinado, mais imperceptíveis ou insignificantes para um
leigo.
Quando uma restauração apresenta alteração de cor, o primeiro passo é diagnosticar
sua causa; tentando classificá-la em intrínseca ou extrínseca, o segundo passo é obter
informações quanto à idade da restauração e como ela foi realizada (uso de isolamento
absoluto, tempo operatório, procedimento de acabamento e polimento e etc.). Outro grupo de
informações trata-se do uso das substâncias potencialmente corantes presentes na dieta. Uma
vez diagnosticado o tipo, a severidade e a causa da descoloração da restauração as alternativas
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para a sua correção são as seguintes, da mais conservadora para a mais invasiva: recontorno e
renovação, reparo ou substituição da restauração. O recontorno e a renovação devem ser
realizados em restaurações que foram realizadas há pouco tempo e o material apresenta boa
compatibilidade estética com o tecido vizinho, mas que sofreu pigmentação considerada
superficial, pois nesses procedimentos remove-se a camada de resina que está pigmentada
com discos de abrasividade de média a fina sem alterar a forma anatômica da restauração.
Nos casos de reparo da restauração, a quantidade de resina removida precisa ser maior
que aquela que se consegue com discos abrasivos. Deve-se lembrar de expor toda a margem
do preparo idealmente em esmalte. Já a substituição da restauração deve ser utilizada quando
as alternativas anteriores não apresentarem resultado satisfatório ou quando houver grave
alteração de cor. Um estudo de Villalta e colaboradores (2006) mostrou que dois tipos de
resina (nanopartículada e micro-híbrida) expostas a pigmentos extrínsecos (café e vinho tinto)
e posteriormente clareadores dentais por 14 dias, foram capazes de remover o pigmento
adquirido pelas resinas.
Uma boa maneira de prever falhas nas restaurações é a presença de deterioração
marginal. Em um estudo de cinco anos em resinas compostas de dentes posteriores, notou-se
que as restaurações com deterioração marginal eram 5,3 vezes mais sãs suscetíveis a falhas
após cinco anos do que as restaurações sem deterioração marginal, ao passo que as
restaurações com descoloração marginal aos três anos eram 3,8 vezes mais suscetíveis a
falhas aos cinco anos do que as restaurações com descoloração marginal aos três anos. Além
disso, as restaurações que apresentavam os dois problemas – deterioração e descoloração –
aos três anos falhavam 8,7 vezes mais do que restaurações com margem íntegra aos três anos
(Hayashi et al, 2003). Assim, quanto mais cedo a deterioração e a descoloração marginal
forem corrigidas, maior a longevidade das restaurações.
Não são raros os casos de pacientes que apresentam sensibilidade pós-operatória, a
qual é influenciada pela intensidade e duração da agressão, pela condição inicial do dente e
pela capacidade de resposta biológica do paciente. Briso e colaboradores (2007) avaliaram a
ocorrência da sensibilidade pós-operatória em restaurações de resina composta após 24 horas
e após 30 e 90 dias e verificaram que essa está relacionada a complexidade da forma e do
procedimento restaurador e que a sensibilidade tende a diminuir com o tempo. A sensibilidade
pós-operatória pode ser desencadeada por inúmeros fatores, tais como, estado pulpar préoperatório, inserção inadequada do material, polimerização insuficiente, contaminação
bacteriana, ação tóxica dos materiais, infiltração marginal e interferências oclusais.
19
Quando realizadas corretamente, as restaurações de resina podem durar muitos anos.
Estudos divulgam dados com taxas de sucesso que variam de 70 a 100% (Köhler, 2000).
Opdam e colaboradores (2007) publicaram um estudo restrospectivo sobre a longevidade de
1.995 restaurações posteriores de resina composta colocadas em clínicas privadas, no qual
verificaram uma taxa de sobrevivência de 91,7% em 5 anos e de 82,2% em 10 anos.
Em 1912, Black reconheceu originalmente a associação de fatores iatrogênicos com
prejuízos periodontais. Dessa forma, a interação entre periodontia e os procedimentos
restauradores vêm sendo analisada ao longo dos anos. Os estudos abordam aspectos diferentes
da interação restauração-periodonto, tais como, a posição da restauração com relação à
margem gengival, a presença de restaurações com sobrecontornos ou fendas marginais, a
aspereza das superfícies e o tipo de material restaurador (Schatzle, 2001; Roman, 2006).
Santos (2007) e colaboradores não verificaram, após 6 meses, em um estudo controlado de
restaurações subgengivais de cimento de ionômero de vidro modificado por resina (CIVMR)
e de resina composta de micropartículas, diferença significativa entre os grupos quanto a
placa visível, ao sangramento gengival após sondagem e da pronfundidade de profundidade
de sondagem. Entretanto, o CIVMR exerceram efeito melhor na composição do biofilme
subgengival, quando comparado a resina composta, o que pode estar relacionado a sua boa
adaptação marginal, à reduzida aspereza superficial e à liberação do fluoreto de alumínio
(Burke, 2006). Apesar dos resultados microbiológicos com a resina composta não serem tão
bons quanto com o CIVMR, os achados clínicos favoráveis e a diminuição de alguns
periodontopatógenos podem estar relacionados a melhor lisura superficial da resina composta
após o acabamento e polimento, levando a uma maior aderência de biofilme e menor
inflamação gengival (Santos, 2007).
Desde a introdução do conceito de resina composta, o tamanho das partículas vem
diminuindo e sua composição vem sendo modificada. Partículas de dióxido de silício, que são
utilizadas em resinas de micropartículas, como a Durafill (Heraeus Kulzer, Armonk, N.Y.) e a
Heliomar (Ivoclar/ Vivadent Amherst, N.Y) mantêm o polimento superficial ao longo do
tempo, entretanto apresentam resistência moderada sofrendo fraturas diante do esforço
mastigatório (Christensen, 2007).
A resina nanopartículada Filtek Supreme Plus (3M ESPE, St. Paul, Minn) que contém
carga de esferas pequenas de óxido de zircônio (20-70 nanômetros) sintetizadas exibiram
20
lisura e resistência, características que se devem ao tamanho extremamente pequeno e à
resistência das partículas de carga nanométricas de óxido de zircônio.
O sucesso clínico da resina composta está intimamente relacionado a técnica
restauradora. Sendo assim, o restabelecimento correto do ponto de contato é indiscutível e
promove múltiplos benefícios, tais como: contorno proximal apropriado, proteção da papila
contra impacção alimentar, adequada higiene das superfícies interproximais, entre outros
(DoÈrfer et al, 2000). Ao longo dos anos diversas orientações foram apresentadas para
obtenção de ponto de contato adequado, entre elas, utilização de matrizes pré-contornada,
colocação de cunha interdental, empregar fotopolimerizador com ponteiras de pequeno
diâmetro, usar inserts de resina pré-polimerizadas ou pré-fabricadas, utilização de
instrumentais próprios (Varlan, 2008). Além disso, as evidências indicam que a probabilidade
de falhas é maior para restaurações em molares e para restaurações amplas (Rodolpho, 2006).
Moncada e colaboradores (2008) avaliaram 78 restaurações defeituosas de resina
composta de 66 pacientes, em um intervalo de dois anos e identificaram que o selamento de
defeitos marginais levou a melhorias na adaptação marginal, enquanto a renovação das
restaurações levou a melhoria da forma anatômica, do brilho, da adaptação marginal e da
rugosidade, entretanto o reparo melhorou significativamente a forma anatômica e o
manchamento superficial.
No Reino Unido, um estudo apontou que houve uma pequena quantidade de
tratamentos dentais desnecessários, apontando simultaneamente que uma grande proporção de
dentistas adotaram uma filosofia ultrapassada de tratamento (Pine, 2001). Um estudo
semelhante na cidade de Recife com tratamento restaurador com diagnóstico impreciso e
técnica restauradora não apropriada provavelmente ampliaram a abrangência do ciclo
restaurador repetitivo nos últimos 50 anos e demonstraram que a maioria dos dentes extraídos
em função de cárie havia sido restaurada duas ou mais vezes (Caldas, 2003). Esse fato pode
ser elucidado pela dificuldade em diagnosticar essas lesões e pode estar ligado a fatores
relacionados aos pacientes e aos cirurgiões-dentistas. Medidas como tomada radiográfica para
complementar o diagnóstico, a definição do local preciso da lesão de cárie e o
estabelecimento de um critério ao formular o diagnóstico, podem auxiliar na redução do
número de dentes que entram no ciclo restaurador repetitivo (Kidd, 2004).
O controle da umidade é condição indispensável para indicação de resina composta.
Um isolamento inadequado do campo operatório pode resultar na união deficiente e no
comprometimento da qualidade de inserção. Assim, recomenda-se a utilização de isolamento
21
absoluto sempre que posssível. Outro aspecto importante quanto a indicação da resina
composta é a margem gengival em restaurações classe II, nas quais a margem é a área mais
crítica para uma adequada adaptação do material e a mais suscetível à microinfiltração
marginal, pois estudos mostram que a união em margens gengivais não é tão eficaz quanto em
margens axiais e oclusais em restaurações classe II (Purk, 2004).
As resinas compostas atingiram uma evolução tão significativa, que podem ser
indicadas tanto para dentes anteriores quanto para posteriores. Dessa forma, a resina composta
pode ser indicada em dentes anteriores para os seguintes casos: classe III, classe IV, classe V,
restaurações de lesões cervicais, fechamento de diastema, reanatomização dentalcd, facetas
laminadas diretas e plástica dental. Nesses dentes, os quesitos mais exigidos são sua estética
(lisura superficial e propriedades ópticas) e resistência ao impacto. As resinas consideradas
micro-hibrídas e as nanopartículadas são utilizadas como rotina, pois apresentam grande
resistência mecânica e boa lisura superficial com recursos ópticos que lhe permitem atingir as
exigências estéticas (Conceição, 2007; Baratieri, 2010; Reis et al, 2007). Dependendo da
necessidade estética e da particularidade de cada caso, o clínico deverá utilizar, em uma
mesma restauração, associações de resinas compostas com propriedades mecânicas e ópticas
diferentes, que possibilitem uma reprodução fiel do dente envolvido. A ideia é associar
resistência mecânica com alto desempenho estético (Mauro, 2003).
Para restaurações de dentes posteriores, a resistência mecânica é mais importante,
principalmente ao impacto, ao desgaste superficial e no ponto de contato. O rigor estético não
deve ser considerado como primordial, entretanto a reprodução da anatomia dental, com todos
os detalhes e restabelecimento do ponto de contato, devem ser feita com dedicação. Os
recursos estéticos que devem ser reproduzidos em restaurações de dentes posteriores são a
reprodução óptica do esmalte e da dentina. Em dentes posteriores, a resina composta pode ser
indicada nos seguintes casos: classe I, classe II, classe V, restaurações de lesões cervicais.
Nos casos de preparos amplos, a indicação mais precisa são as restaurações indiretas metal
free, do tipo inlay e onlay de cerâmica ou resina de laboratório As resinas micro-híbridas e de
nanopartículas, à semelhança dos dentes anteriores, também são utilizadas como rotina,
porque apresentam grande resistência mecânica e boa lisura superficial.
A viabilidade restauradora das resinas compostas diretas em dentes posterioes pode
ser atribuída às vantagens apresentadas por esses materiais quando comparados ao amálgama,
como preservação de tecidos dentários hígidos, possibilidade de reparo e excelente resultado
estético. Outro fator relevante a ser considerado é a evolução alcançada por esses compósitos,
permitindo aumento da resistência ao desgaste, a diminuição da falha de união à dentina, a
22
redução da contração de polimerização e o menor manchamento superficial (Conceição,
2005).
Para se conseguir restaurações naturais, pode-se usar tintas caracterizadoras (corantes)
que são resinas compostas de baixa viscosidade, com cerca de 20% de carga em peso, em que
são incorporados óxidos férricos, que coram as resinas em diferentes tons. O pigmento deve
ser aplicado com um pincel de cerdas afinadas ou com instrumentais com pontas bem finas
(espátulas específicas para essa finalidade ou sondas exploradoras preparadas). Os corantes
apresentam melhores resultados quando aplicados em camadas finas fotopolimerizadas
individualmente. A caracterização deve ser feita de maneira sutil, evitando acentuações
exageradas, que dariam um aspecto artificial.
Segundo Leinfelder (1997), o melhoramento das resinas compostas se iniciou com o
surgimento do material P-10 (3M ESPE), quando o fabricante diminui o tamanho das
partículas de carga de 30 micrômetros para 3 micrômetros, sendo possível aumentar seu
volume em massa de 76% para 85%. A partir desses conhecimentos, a diminuição no
tamanho das partículas de carga e o aumento de sua concentração, na busca de uma melhor
distribuição na massa, o que resultou em um aumento considerável na resistência mecânica e
ao desgaste.
Na década de 80, as resinas compostas apresentavam dois tipos de partículas de carga
em relação ao tamanho: as partículas finas (1,0 a 5,0 micrômetros) e as micropartículadas
(0,02 a 0,07 micrômetro), o que levou a criação das resinas compostas híbridas, em que foi
possível incorporar partículas de carga com tamanhos variados (0,04 a 5,0 micrometros), o
que permitiu melhor distribuição das partículas de carga na fase orgânica, levando a melhora
da relação entre as duas fases e conferiu maior resistência mecânica e menor contração de
polimerização.
Nas resinas micro-híbridas e macro-hibrídas o tamanho das partículas de carga varia
entre 0,1 e 5,0 micrômetros. As resinas compostas com partículas de carga de tamanho entre
0,1 e 1,0 micrômetro e quantidade de 60 a 70 % em volume (micro-híbridas) permitem grande
resistência ao desgaste. O mais importante é a distribuição das partículas na massa, com
distância mínima de 0,1 micrômetros entre as partículas, para proteger a matriz resinosa da
ação abrasiva. A contração de polimerização e a característica tixotrópica (fluidificar-se
perante a uma pressão ou agitação) não permitia a condensação dessas resinas e obtenção do
ponto de contato em restaurações de classe II. Para solucionar o problema, o mercado
desenvolveu uma resina com tamanho de partículas menores e aumentou sua porcentagem na
massa. Esse investimento resultou no lançamento das resinas compactáveis (condensáveis)
23
(Bayne, 1992). No lançamento dessas resinas, o fabricante diminuiu a quantidade da fase
orgânica e incorporou outros tipos de partículas, tornando-as mais viscosas, facilitando a
compactação na cavidade. A nova formulação determinou maior resistência às forças
compreensivas, alto módulo de elasticidade, menor flexibilidade, maior rigidez, dificuldade
de escoamento durante o processo de polimerização com maior desadaptação nas paredes
cavitárias e grande tensão na interface adesiva. Com isso, perdeu-se a translucidez e a cor não
era compatível com as estruturas dentais. Por esses fatores indesejáveis as resinas
¨condensáveis¨ não tiveram boa aceitação.
Algumas resinas micro-híbridas apresentam taxa de desgaste mensal menor que 1
micrômetro. O desgaste pode ser afetado por uma série de fatores, especialmente a localização
e o tamanho das restaurações. Quanto mais posterior a localização e maior o tamanho da
cavidade (sentido vestibulolingual), maiores serão os índices de desgastes apresentados pelas
resinas compostas, em razão da fadiga que o material sofre com o passar do tempo
(Leinfelder, 1997).
Atualmente, o mercado odontológico tem direcionado seus estudos para o
desenvolvimento das resinas compostas consideradas nanopartículadas (Filtek Supreme XT,
Filtek Z350 e Filtek Z350XT- 3M ESPE) que se caracterizam por apresentar partículas de
tamanho entre 0,005 e 0,01 micrômetro. Esse tamanho de partícula possibilita uma altíssima
concentração de carga na massa, que pode atingir 90 a 95% em peso, com melhoria nas
propriedades físicas e diminui drasticamente a contração de polimerização com possibilidade
de obtenção de alta lisura superficial (Sideridou, 2001).
O preparo cavitário de restaurações de dentes anteriores e posteriores com resina
composta não obedece a um rigor específico e definido, porém ele é fundamental para o
sucesso da restauração final. Em alguns casos, ele deve restringir-se em remover a cárie
dental, realizar algum tipo de desgaste e dar condições para inserção da resina composta, além
disso a resina deve ter corpo suficiente para não fraturar e para que se obtenha um bom
resultado estético. Esmalte, sem suporte de dentina, muitas vezes, precisa de remoção a fim de
favorecer a estética. Em alguns casos, como no fechamento de diastemas e na reanatomização
dental, o preparo é dispensado quando os dentes estão posicionados de maneira a permitir
uma boa recuperação estética. Nas restaurações de classe II, III e IV, é imprescindível a
remoção do ponto de contato, especialmente na região cervical, o que favorece a passagem da
borracha de isolamento, a execução de amarrias e o adequado posicionamento de matrizes e
cunhas.
24
A realização do bisel do ângulo cavossuperficial vestibular deve ser considerada como
rotina, para favorecer a estética dos dentes anteriores. A realização do bisel em preparos de
classe III e IV, deve ser realizada no ângulo cavossuperficial vestibular e gengival, de maneira
a eliminar o ponto de contato nessa região proximal. Deve apresentar profundidade e largura
que favoreçam a realização de uma restauração imperceptível, e, no terço cervical vestibular,
ele deve ser mais profundo e mais largo sempre, pois esta região é considerada crítica em
relação à estética, por apresentar grande contraste entre o branco do dente, o vermelho do
tecido gengival e o escuro do fundo da boca.
A inserção da resina composta deve ser executada com espátula não aderente,
pressionando-a contra as paredes cavitárias que receberam aplicação do sistema adesivo, em
incrementos de aproximadamente 2 mm de espessura. É interessante que o incremento fique
em contato com o menor número de paredes possível, para diminuir o fator C. A inserção
incremental predispõe as restaurações a menos infiltração marginal e a menos formação de
fendas na interface adesiva.
3. RELATO DE CASO CLÍNICO
Paciente de 17 anos, gênero masculino, procurou atendimento após finalização do
tratamento ortodôntico. Clinicamente constatou-se presença de diastema entre os incisivos
centrais superiores (Figuras 1). O diastema pode ser classificado como pequeno, ou seja,
menor que 2 milímetros (Figura 2). Constatou-se inflamação gengival durante o tratamento
ortodôntico, e portanto, inicialmente foi feita a profilaxia dos dentes e orientação de higiene.
Figura 1 – Fotografia do sorriso inicial evidenciando presença de diastema entre os incisivos
centrais que incomodava o paciente quanto ao aspecto estético.
25
Figura 2 – Pormenor dos dentes anteriores superiores. Composição dentária evidenciando o
diastema com 2mm, aproximadamente.
Optou-se pela restauração dos dentes empregando o sistema restaurador adesivo
direto. Foi feita seleção da cor dos dentes e o isolamento absoluto do campo operatório com
lençol de borracha Hygienic (Coltene Whaledent Group). Uma fita de teflon odontológica
(Isotape – TDV) foi posicionada sobre os incisivos laterais para evitar o condicionamento
ácido destes dentes. A superfície de esmalte foi condicionada com ácido fosfórico a 37%
sobre todo o dente para evitar a aplicação de resina sobre área não condicionada. Em seguida,
a superfície foi seca, aplicou-se o adesivo (Gluma Confort Bond – Heraeus Kulzer) e realizouse a polimerização conforme instrução do fabricante utilizando-se um fotopolimerizador à
base de LED (Radii-cal – SDI).
A face palatina foi aplicada a mão livre com o auxílio da espátula GiftMin3 (Oraltech)
utilizando a resina translúcida AM (Charisma Diamond – Heraeus Kulzer) inclinada para
terminar em um angulo de 0°com a superfície de esmalte. Dessa forma, evitando a formação
de um degrau entre a resina e o dente, e consequentemente, inflamação gengival. Em seguida,
foi inserida resina na cor OM (Dentina – Charisma Diamond – Heraeus Kulzer). Uma camada
final única de resina A1 para esmalte (Durafill VS – Heraeus Kulzer ) foi aplicada sobre a
superfície vestibular e acomodada com o auxílio de um pincel sintético número 4B (Kota)
previamente à polimerização final. Os incrementos eram aplicados sobre o incisivo direito e,
em sequência, sobre o esquerdo. Para evitar união entre os incrementos foi passada uma tira
serrilhada (Separating Strip – Komet) entre os dentes após cada incremento. A mesma
sequência restauradora foi feita sobre o incisivo lateral direito para restaurar a mancha
hipoplásica desse dente.
26
Após uma semana, o acabamento das restaurações foi delimitado com discos abrasivos
de granulometria sequencial (Sof-Lex – 3M); e o polimento final, com taças de borracha
(Enhance - Dentsply). O aspecto final das restaurações pode ser visto nas Figuras 3 e 4.
Figura 3 – Vista aproximada dos dentes uma semana após fechamento do diastema com resina
nanohíbrida e de micropartículas para restabelecer a estética.
Figura 4 – Aspecto final do sorriso após o acabamento e polimento das restaurações adesivas
diretas.
4. DISCUSSÃO
O adequado diagnóstico e plano de tratamento devem ser considerados inicialmente
para o sucesso restaurador final. De acordo com Barrancos Mooney, o diastema presente no
caso apresentado pode ser classificado como pequeno, ou seja, entre 0,5 e 2 mm de tamanho.
Devido a essa pequena extensão, o tratamento restaurador direto foi eleito para o caso em
questão. Em casos como o apresentado, a avaliação do tamanho do diastema é fundamental
para a decisão do tratamento (Mooney, 1999).
Além disso, o fechamento de diastemas com resinas compostas pode ser considerado
reversível. A idade do paciente deve ser considerada na decisão do plano de tratamento
27
(restaurações diretas ou indiretas) para o fechamento de diastemas. Isso possibilitará
abordagens futuras, sem prejuízo da resistência da estrutura dentária remanescente (Boselli et
al, 2007; Mondelli, 2003). Além disso, os atuais sistemas restauradores adesivos diretos
apresentam boa durabilidade (Mondelli, 2007), baixo custo, e é um tratamento relativamente
rápido de ser executado.
A excelência de um tratamento restaurador é dada pela resposta do complexo dentinopulpar e periodontal ao tratamento executado (Mondelli, 1984). O degrau ou excesso de
material restaurador próximo à margem gengival resulta em inflamação gengival. Assim, o
isolamento absoluto pode favorecer o afastamento dos tecidos moles e adaptação da resina
nessa região de forma a favorecer com previsibilidade a longevidade da restauração.
Diferentes técnicas para fechamento de diastemas são descritas na literatura.
Basicamente, pode-se utilizar um enceramento prévio e confecção de uma muralha de silicone
ou pode-se realizar a técnica de estratificação à mão livre. A técnica com matriz ou muralha
de silicone exige uma sessão a mais para moldagem, e consequentemente, maior custo e
tempo. Normalmente, indicada em casos mais extensos nos quais haja envolvimento de
múltiplos dentes. Contudo, em casos de diastema unitário, como o apresentado a técnica de
estratificação a mão livre pode ser indicada com previsibilidade de forma simples e rápida.
Os resultados mecânicos e estéticos também tem sido amplamente relatados na
literatura especializada (Villarroel et al, 2011; Furuse et al, 2007) das atuais resinas
compostas. As resinas de micropartículas apresentam resistência mecânica limitada, sendo
portanto indicadas apenas para a face vestibular de restaurações em dentes anteriores. Sua
consistência também facilita a escultura anatômica dos dentes. Contudo, devido a sua
resistência em região palatina e incisal de incisivos superiores, onde há contato oclusal, a
associação com uma resina com melhores propriedades mecânicas pode ser utilizada, como
foi feito no presente trabalho.
Senawongse (2007) compararou a rugosidade superficial de resina de nanopartícula,
nanohíbrida e resinas compostas microhíbridas com os materiais após o polimento ou
escovação. Quarenta espécimes de cada resina composta foram polimerizados por 40
segundos em uma tira matriz em moldes cilíndricos. Cada tipo de polímero foi dividido em
quatro subgrupos: sem polimento, polido com discos abrasivos (Sof-Lex – 3M ESPE), polidas
com dispositivos de polimento de silicone impregnados (Astropol) e escovado com uma
escova de dente (Oral B) e creme dental (Colgate). O uso de resinas compostas feitas com
nanopartículas demonstraram as superfícies mais suaves após o polimento e escovação
28
(Senawongse et al, 2007). Dessa forma, justificando o uso de uma resina com nanotecnologia
na face palatina durante o procedimento apresentado.
O objetivo deste estudo de Nasim (2010) foi avaliar o efeito de duas bebidas, chá e
Pepsi na estabilidade de cor de três resinas compostas diferentes, após um período de 7 e 30
dias. Estabilidade de cor de uma resina de micropartículas, microhíbrida e nanopartículas
foram avaliadas após o armazenamento em chá, uma bebida gaseificada ou água destilada por
7 e 30 dias. A alteração da cor exibida pelos três grupos foi significativamente diferentes para
todas as três bebidas estudadas, em ambos os períodos de tempo (p <0,05). Entre os
compostos estudados, o microhíbrido verificou-se ser mais estável em termos de cor. A resina
composta microparticulada descoloriu mais em água destilada e Pepsi no sétimo e trigésimo
dia. O nanocompósito descoloriu mais no chá de 7 e 30 dias. Todos os esforços devem ser
feitos para minimizar a descoloração de restaurações de resina composta, adotando técnicas
de polimento excelentes. Os pacientes também devem ser orientados sobre a possibilidade de
se submeter a restauração de coloração sob a influência de bebidas (Nasim et al, 2010).
Janda e colaboradores em 2007 investigaram a influência de um dispositivo de luz
halógena utilizado com o modo de polimerização constante ou exponencial na estabilidade de
cor de materiais de enchimento à base de resina contemporâneos. Oito amostras de Charisma,
Durafill, Definite e Dyract AP foram polimerizadas com potência constante ou com o modo
soft-start para 20, 40 ou 60 segundos. Os valores de CIE-Lab foram medidos antes e depois de
realizar o envelhecimento a seco, o envelhecimento água ou Suntest. Durafill e Charisma
foram os materiais mais estáveis neste teste. O grau de descoloração depende do (a) tempo de
polimerização, (b) modo de polimerização, (c) condições de envelhecimento, e (d) o material.
Para o modo de polimerização constante, 40s tempo de cura parece ser apropriado (Janda et
al, 2007). A pesquisa acima favorece a associação desses materiais sem prejuízo estético para
a restauração. Também justifica o tempo de polimerização de 40 segundos para cada
incremento utilizado no presente caso.
Em 2009, Nomoto e colaboradores avaliaram as características de unidades de diodo
emissores de luz (LED) em comparação com o tungstênio-halógena convencional, arco
plasma, e as unidades de LED de primeira geração. Os resultados sugeriram que o LED pode
polimerizar as resinas compostas de forma mais eficiente que as lâmpadas halógenas e os
arcos de plasma (Nomoto et al, 2009). Por isso, no presente trabalho foi utilizado um aparelho
à base de LED.
O acabamento e polimento não devem ser negligenciados e também favorecem a
longevidade das restaurações (Senawongse et al, 2007), com menor perda de brilho e menor
29
aumento da rugosidade superficial com o passar do tempo (Costa et al, 2010). Uma segunda
sessão de atendimento para o acabamento e polimento é favorável pois, segundo Fahl, este
tempo permite ao paciente avaliar os resultados estéticos e funcionais das restaurações,
especialmente no caso de restaurações em dentes anteriores, como as apresentadas neste
artigo. Este tempo também permite ao profissional refinar a anatomia final com maior
acuidade visual (Fahl, 2007) e estando descansado. Uctalsi et al. concluíram que o efeito do
acabamento e polimento da superfície restaurada é dependente do sistema utilizado, portanto,
o profissional deve selecionar cuidadosamente os instrumentais de acabamento e polimento
(Uçtaşli et al, 2007).
Da mesma forma, orientação ao paciente, cuidados e retornos periódicos para
avaliação do trabalho são fundamentais (Furuse et al, 2007).
5. CONCLUSÃO
A aplicação prática dos conceitos de forma, textura e cor é indivisível, portanto
selecionar a cor mais adequada para elementos dentais não é suficiente, a forma e o contorno
dental também devem ser restabelecidos e a textura superficial deve ser reproduzida de forma
semelhante aos dentes adjacentes. Há que se considerar que em razão da habilidade do olho
humano em apreciar diferenças que podem variar de indivíduo para indivíduo, ela se torna
uma combinação entre as características do olho e a habilidade do operador. Portanto
pequenas variações de cor podem ser perceptíveis para um operador treinado, mas
imperceptíveis ou insignificantes para um leigo (Diab et al, 2007).
O sucesso estético não depende somente da perfeita tomada de cor. Alguns efeitos
importantes na reflexão da luz pelo dente (textura e brilho superficial, opalescência,
fluorescência, translucidez, manchas e etc) devem ser registrados. Dessa forma, os aparelhos
para seleção de cor não resolvem todos os problemas envolvidos no processo de escolha da
cor. A combinação de seleção digital da cor básica do dente com registros visuais destes
efeitos possibilita reproduções precisas.
Dependendo do preparo cavitário, do dente envolvido e do rigor na aplicação do
protocolo restaurador, uma restauração de resina composta pode apresentar uma longevidade
maior que uma restauração confeccionada com amálgama. Novos materiais restauradores,
novas tecnologias de polimerização e aperfeiçoamento técnicos têm sido introduzidos
constantemente no âmbito dos compósitos de uso odontológico. É importante acompanhar a
30
literatura científica, sempre aguardando as evidências laboratoriais e clínicas dos benefícios
clínicos para os pacientes.
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