Sumário 1 UMA DECISÃO IMPORTANTE ..................................................................................................... 3 1.1 ATIVIDADES PARA CASA ...................................................................................................... 5 2 COMO ENFRENTAR O MUNDO? ................................................................................................. 6 2.1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 6 2.1.1 O AMOR AO MUNDO ................................................................................................... 8 2.1.2 A COBIÇA DA CARNE..................................................................................................... 8 2.1.3 A COBIÇA DOS OLHOS ................................................................................................ 11 2.1.4 OSTENTAÇÃO DOS BENS ............................................................................................ 12 2.2 COMO SOMOS AFETADOS PELO MUNDO ......................................................................... 13 2.3 COMO CONFRONTAR O MUNDO E PERMANECER FIRME ................................................ 14 2.4 ATIVIDADES PARA CASA .................................................................................................... 16 3 COMO FALAR COM DEUS ......................................................................................................... 18 3.1 COMO DESENVOLVER O HÁBITO DE ORAR ....................................................................... 19 3.2 ATIVIDADES PARA CASA .................................................................................................... 22 4 VIDA EQUILIBRADA: CONHECENDO A VONTADE DE DEUS ...................................................... 24 4.1 O PROJETO DE CRESCIMENTO........................................................................................... 24 Dimensão Mental ................................................................................................................ 25 Dimensão Física ................................................................................................................... 26 Dimensão Social .................................................................................................................. 28 Dimensão Espiritual............................................................................................................. 28 4.2 ATIVIDADES PARA CASA .................................................................................................... 31 5 A PALAVRA DE DEUS: FONTE DE VIDA ..................................................................................... 32 5.1 CINCO COISAS QUE PRECISAMOS SABER SOBRE AS ESCRITURAS..................................... 33 5.1.1 A Bíblia é a Palavra de Deus ....................................................................................... 33 5.1.2 A Palavra de Deus é Atual .......................................................................................... 33 5.1.3 A Palavra de Deus é Suficiente ................................................................................... 34 5.1.4 A palavra de Deus possui autoridade ......................................................................... 34 5.1.5 A Bíblia não possui erros ............................................................................................ 34 5.2 ALGUMAS ATITUDES QUE PRECISAMOS TER FRENTE A BÍBLIA ........................................ 34 5.2.1 Crer que a Palavra de Deus é Viva.............................................................................. 35 5.2.2 Meditar na Palavra de Deus ....................................................................................... 35 5.2.3 Obedecer a Palavra de Deus ...................................................................................... 35 5.3 ALGUMAS CAPACIDADES QUE A PALAVRA NOS DÁ ......................................................... 35 5.4 ATIVIDADE PARA CASA ...................................................................................................... 37 Notas ........................................................................................................................................... 38 3 1 UMA DECISÃO IMPORTANTE Mudanças ocorrem na nossa vida todo o tempo. Mudamos os hábitos, as atividades diárias, nossos relacionamentos com outras pessoas e até de opiniões sobre os mais diversos assuntos. No entanto, as mudanças só ocorrem depois que decidimos fazer, ou não, determinada coisa. Mesmo quando a situação parece não depender de nossa vontade, temos a responsabilidade de decidir se vamos, ou não, acomodar-nos às circunstâncias externas. Na vida cristã acontece a mesma coisa. Você só está iniciando o curso “Primeiros Passos” porque decidiu fazê-lo. Primeiramente decidiu entregar a vida a Jesus e depois tomou a decisão de participar de estudos sobre os ensinamentos d’Ele. Certo ou errado? O objetivo dessa lição é entender a importância da decisão que tomamos quando recebemos a salvação dada por Deus. Pense e responda: Por que você tomou a decisão de entregar a vida a Cristo? ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ A Bíblia nos ensina que o Pai criou a humanidade e toda a natureza. O plano d’Ele era que todos os seres humanos vivessem segundo a sua grande sabedoria. Mas, querendo ser igual a Deus, o ser humano pecou e se afastou do Criador. 4 A figura da página anterior é um pequeno diagrama ROMANOS 5:12-18 bíblico e nos mostra que ninguém é perfeito e sem pecado (Rm 12 3:23), mas, que, ao contrário disso, desde o advento da Queda, estamos todos na condição pecadores. A figura também nos faz Portanto, da mesma forma como pecado entrou no mundo por um homem, e pelo pecado a morte, assim também a morte perceber que pecar é andar afastado da pessoa de Deus. Assim, entedemos que a recompensa que recebemos pelo pecado é a veio a todos os homens, porque todos pecaram; 13 pois antes de ser dada a Lei, o pecado já morte espiritual (Rm 6:23a), ou seja, por causa do pecado, estamos TODOS condenados a viver longe de Deus. estava no mundo. Mas o pecado não é levado em conta quando não existe lei. 14 Se a mensagem da Bíblia terminasse dessa forma, nós não teríamos esperança alguma. Mas, o imenso amor de Deus Todavia, a morte reinou desde o tempo de Adão até o de Moisés, mesmo sobre aqueles que não nos conduz para um caminho de retorno ao seu projeto inicial, Ele providenciou uma alternativa para nos livrar dos efeitos do cometeram pecado semelhante à transgressão de Adão, o qual era um tipo daquele que haveria pecado (Jo 3:16). de vir. Jesus anulou, com o derramamento do seu próprio 15 Entretanto, não há comparação entre a dádiva e a sangue, os efeitos da Queda na vida daqueles que o recebem. Ou seja, por meio do seu sacrifício, Cristo nos reaproximou de Deus. transgressão. De fato, muitos morreram por causa da transgressão de um só homem, Mas, a crucificação de Jesus somente faz sentido quando entendemos que não existe absolutamente nenhum outro mas a graça de Deus, isto é, a dádiva pela graça de um só, Jesus Cristo, transbordou ainda caminho para o perdão dos nossos pecados. É por meio do sacrifício d’Ele que podemos ter a certeza de que o Senhor nos perdoou – e, também, podemos perdoar a nós mesmos pelas nossas falhas e transgressões. mais para muitos. 16 Não se pode comparar a dádiva de Deus com a consequência do pecado de um só homem: por um pecado veio o julgamento que trouxe a condenação, mas O Pai planejou um meio para nos salvar, mas a experiência da salvação é individual. Cada pessoa precisa tomar a dádiva decorreu de muitas transgressões e trouxe a justificação. 17 Se pela uma decisão de fé no seu coração e desfrutar da segurança da transgressão de um só a morte reinou por meio dele, muito obra de Cristo. mais aqueles que recebem de Deus a imensa provisão da RECAPITULANDO graça e a dádiva da justiça reinarão em vida por meio de um único homem, Jesus Cristo. Pecamos, e isso nos afasta de Deus; A consequência do pecado é a morte espiritual; 18 Consequentemente, assim como uma transgressão resultou na condenação de Jesus veio ao mundo para tirar o pecado de nós; todos os homens, assim Quem tem Jesus, tem a vida eterna; também um só ato de justiça resultou na justificação que traz vida a todos os homens. 5 A vida eterna é conhecer a Deus e Jesus; Deus quer que tenhamos salvação em Cristo; A decisão de ser salvo é pessoal. 1.1 ATIVIDADES PARA CASA 1. Leia Lucas 9:23 e responda: O que é preciso para seguir a Jesus? ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ 2. Em João 17:3, Jesus está falando com Deus. Só Ele pode nos dar a vida eterna. Leia o versículo e complete: A vida eterna é ________________________________________ ______________________________________________________________________ 3. Veja I Tessalonicenses 5:9. Qual é o destino que Deus quer para nossa vida? ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ 4. Complete o quadro a seguir colocando o seu nome nos espaços em branco: “Porque Deus amou ___________________de tal maneira que deu o seu filho Jesus para que se _______________ crer nele não pereça, mas tenha a vida eterna.” Leia novamente no início da lição o que você escreveu sobre a decisão que tomou. Você deseja confirmar o compromisso de seguir a Jesus? [ ] Sim [ ] Não Versículo para Decorar Porque Deus tanto amou o mundo que deu o seu Filho Unigênito, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna. (João 3:16) 6 2 COMO ENFRENTAR O MUNDO? 2.1 INTRODUÇÃO Uma das coisas mais importantes que lhe aconteceram recentemente foi a decisão de entregar sua vida a Cristo. Esta decisão o levou a escolher uma igreja. Agora, você está tendo a oportunidade de conhecer a vida em uma comunidade cristã e é muito importante que você aprenda como viver esta nova fase da sua caminhada com Deus, aplicando os princípios ensinados por Ele para que sua vida se torne vitoriosa. Ao refletir sobre sua vida agora, comparando-a com a vida que tinha antes, quando vivia distante da presença de Deus, diferenças podem ser notadas. Pense e responda: Como posso descrever a minha vida antes Quais são as expectativas que tenho para de receber Cristo como Senhor e esse novo momento da minha vida? Salvador? O objetivo deste estudo é que você entenda que sua decisão em seguir Jesus deve ser caracterizada pela obediência a Deus, pautando-se em uma vida de liberdade e responsabilidade orientada pela Bíblia Sagrada (I Co 6:12). Vivemos em um mundo confuso, com valores contraditórios e, muitas vezes, baseados no egoísmo, no individualismo e em prazeres imediatistas. Nesse contexto, o certo e o errado são dois conceitos que se misturaram por que as pessoas confundem o verdadeiro significado de liberdade e não querem aceitar nenhuma regra de vida e fé. Essa falsa ideia de liberdade tem causado muitos dos problemas sociais que enfrentamos na atualidade que, por sua vez, estão diretamente relacionados com a desobediência a Deus. Pior ainda, esses problemas estão relacionados com a falta de vontade que as pessoas têm de obedecer a Deus. É nesse mundo, confuso e egoísta, que nós cristãos vivemos. Por isso, precisamos entender a necessidade de sermos constantemente fortalecidos através do contato direto com Deus, de desenvolver a nossa vontade de viver segundo o padrão divino e de aprender como viver segundo o projeto d’Ele. Mas, aprendemos no capítulo anterior, que “Deus amou o mundo” e poderíamos perguntar: que mundo é esse que Deus ama? Aprendemos, também, desde quando éramos crianças, que Deus fez o mundo, mas era isso que Ele tinha em mente quando criou o mundo? Ou será que Ele perdeu o controle? Talvez isso tudo pareça complicado demais, mas, na realidade, não é. O que acontece é que a Bíblia usa a palavra mundo 7 com vários significados diferentes, que precisam ser compreendidos em contextos específicos para que tenhamos sempre a certeza de estar fazendo a coisa certa. Então, vamos lá, vamos aprender o que significa “mundo” segundo a Palavra de Deus para que possamos saber a forma ideal de viver nele. Significados Bíblicos para a palavra “mundo” Versículos de exemplo Porque Deus tanto amou o mundo que deu O mundo entendido como os habitantes de o seu Filho Unigênito, para que todo o que toda a terra. nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna. (Jo 3:16) O Deus que fez o mundo e tudo o que nele O mundo no sentido de universo material, há é o Senhor do céu e da terra, e não ou seja, tudo que foi criado. habita em santuários feitos por mãos humanas. (At 17:24) Se vocês pertencessem ao mundo, ele os amaria como se fossem dele. Todavia, O mundo compreendido como as pessoas vocês não são do mundo, mas eu os hostis ao Senhor e a sua santidade. escolhi, tirando-os do mundo; por isso o mundo os odeia. (Jo 15:19) Pois, que adiantará ao homem ganhar o O mundo visto como todo o círculo de mundo inteiro e perder a sua alma? Ou, o bens materiais, talentos e prazeres. que o homem poderá dar em troca de sua alma? (Mt 16:26) Porque a sabedoria deste mundo é loucura O mundo percebido como um conjunto de aos olhos de Deus. Pois está escrito: "Ele ideias e filosofias humanas. apanha os sábios na astúcia deles. (I Co 3:19) Em resumo, a palavra “mundo”, além de significar a terra literalmente, as coisas que nela estão e as pessoas que nela vivem, diz respeito, também, ao sistema organizado contrário aos princípios e mandamentos divinos. Quando somos salvos, o propósito do Pai é que vençamos toda a influência que esse sistema organizado possa exercer sobre nós e tenhamos uma vida abundante, com significado e propósito, sabendo distinguir o que é certo e errado aos olhos de Deus e dos homens. É importante frisar que não existe uma luta entre Deus e o mundo, mas, sim, uma luta entre a nova natureza que recebemos de Deus quando nos convertemos e o pecado. O apóstolo João esclarece isso muito bem quando nos ensina: Não amem o mundo nem o que nele há. Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele. Pois tudo o que há no mundo – a cobiça da carne, a cobiça dos olhos e a ostentação dos bens – não provém do Pai, mas do mundo. O mundo e a sua cobiça passam, mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre (1 Jo 2:15-17). 8 Vamos compreender melhor algumas expressões contidas nesse versículo. Mas, antes de começar a verificar o significado do texto, vamos lembrar que quando Deus, através de João, nos diz para não amar o mundo, nem o que nele há, está se referindo ao mundo como um sistema de influências materiais e filosóficas que nos afasta d’Ele. Afinal, o plano de Deus é que estejamos sempre juntos com Ele em todos os sentidos. Voltemos ao texto e tentemos compreender as suas principais expressões: 2.1.1 O AMOR AO MUNDO Aqui, João se refere ao amor como criação de vínculo1. Isto é, ele está falando para pessoas que ligam as suas mentes e corações, ou seja, suas preocupações e desejos em coisas materiais. Quando João diz, “não amem o mundo”, ele está propondo um relacionamento de confiança integral em Jesus Cristo, sabendo que n’Ele nós teremos muito além do que desejamos e precisamos. Não se trata de uma abnegação cega, mas de não sermos dominados pelos desejos e paixões que, muitas vezes, confundimos com necessidades. 2.1.2 A COBIÇA DA CARNE A palavra “carne” faz parte de um vocabulário especial utilizado principalmente no Novo Testamento. Essa expressão é utilizada para se opor à espiritualidade, à santidade e à eternidade. Ela representa afastamento de Deus, desvio do caráter de Deus e materialismo imediatista2. A cobiça da carne, nesse contexto, se refere aos desejos internos, àqueles que as pessoas não podem ver, mas estão no nosso coração. Não se trata apenas de desejos sexuais, mas de tudo o que Paulo nos ensina em Gl 5:19-21: Ora, as obras da carne são manifestas: imoralidade sexual, impureza e libertinagem; idolatria e feitiçaria; ódio, discórdia, ciúmes, ira, egoísmo, dissensões, facções e inveja; embriaguez, orgias e coisas semelhantes. Eu os advirto, como antes já os adverti, que os que praticam essas coisas não herdarão o Reino de Deus (Gl 5:19-21). Vamos tentar organizar essa lista assim: • Pecados sexuais: imoralidade sexual, impureza e libertinagem; • Pecados de religiosidade: idolatria e feitiçaria; • Pecados de relacionamento: facções, dissensões, discórdia, egoísmo; • Pecados de caráter: ódio, ciúmes, inveja, ira; • Pecados sociais: embriaguez, orgias e coisas semelhantes. Essa lista que Paulo faz, nos mostra a que tipo de pecado João está se referindo. Ou seja, João e Paulo falam em consonância sobre a nossa tendência de pecar e fazer o mal. Isso mesmo, temos uma grande tendência a pecar. Trata-se da nossa natureza pecaminosa, veja o que Paulo nos aconselha: 9 Assim, façam morrer tudo o que pertence à natureza terrena de vocês: imoralidade sexual, impureza, paixão, desejos maus e a ganância, que é idolatria (Cl 3:5). E a razão de o apóstolo nos pedir para matar a nossa natureza terrena, que é o desejo da carne, está resumida nos seguintes versículos: Pois a carne deseja o que é contrário ao Espírito; e o Espírito, o que é contrário à carne. Eles estão em conflito um com o outro, de modo que vocês não fazem o que desejam (Gl 5:17). Quem vive segundo a carne tem a mente voltada para o que a carne deseja; mas quem [vive], de acordo com o Espírito, tem a mente voltada para o que o Espírito deseja. A mentalidade da carne é morte, mas a mentalidade do Espírito é vida e paz; a mentalidade da carne é inimiga de Deus porque não se submete à lei de Deus, nem pode fazêlo (Rm 8:5-7). Essas passagens bíblicas nos mostram que dentro de nós há uma guerra entre dois opositores: a nossa velha natureza, caída e escrava do mundo, e a nova natureza, dada por Deus no momento da nossa conversão. A nova natureza nos convoca a cumprir o mandato cultural do Senhor, ou seja, a dominar sobre toda a terra. Deus não nos criou para sermos dominados! Pelo contrário, Ele nos criou para que dominássemos o mundo e tudo que nele há (Gn 1:28). Quando a nossa mente se volta para os desejos da carne, nós nos tornamos dominados pelo mundo e fugimos do propósito da criação de Deus. Para nos ajudar nessa luta, Jesus Cristo nos enviou o Espírito Santo: E eu pedirei ao Pai, e ele lhes dará outro Conselheiro para estar com vocês para sempre, o Espírito da verdade. O mundo não pode recebêlo, porque não o vê nem o conhece. Mas vocês o conhecem, pois ele vive com vocês e estará em vocês. (Jo 14:16-17) E, assim, Ele nos ajuda a manter nossas mentes e corações livres do pecado que nos submete ao mundo. Como age o Espírito Santo? Ele não é uma energia que dá sorte ou um poder mágico. Jesus disse que enviaria o Espírito, o Ajudador, o Consolador, para habitar em nós. Assim, sua vida agora é um santuário em que o Pai habita (c. f. I Co 6:19). Por essa razão, mesmo sendo tentados, podemos pedir ao Espírito Santo que nos livre das tentações. Outro aspecto relevante é o nosso “querer”, que no aspecto negativo é movido pela carne, gerando o pecado e produzindo a morte. Na nova vida esse “querer” pecaminoso deve ser acidente de percurso e não estilo de vida. 10 A luta travada pelo Espírito é para que esse “querer” não nos domine e nos subjugue, ou seja, que não tenhamos de atender a seus apelos; pelo contrário, que o vençamos. E como essa luta é vencida? Pelo Espírito Santo. Não há outro modo, pois, a luta sendo espiritual; as armas precisam ser espirituais e a eficácia é d’Ele e não nossa. 2.1.3 A COBIÇA DOS OLHOS João descreve o desejo como “cobiça dos olhos”. Os olhos são os canais para a alma do ser humano. Quando um homem é atraído pela luxúria, seus olhos servem de instrumento que o levam à transgressão e ao pecado. João reflete a postura de Jesus (registrada no Sermão do Monte – Mt 5-7), que classifica o olhar de luxúria como um pecado: “Mas eu lhes digo: qualquer que olhar para uma mulher para desejá-la, já cometeu adultério com ela no seu coração” (Mt 5:28). Nosso modo de olhar refletirá decisivamente no nosso modo de viver. Este é um “princípio” que percorre a história humana desde o jardim do Éden. Essa experiência vivida por Eva trouxe prejuízos gravíssimos para toda a criação. É o que diz a Palavra: Quando a mulher viu que a árvore parecia agradável ao paladar, era atraente aos olhos e, além disso, desejável para dela se obter discernimento, tomou do seu fruto, comeu-o e o deu a seu marido, que comeu também (Gn 3:6). A mulher fixou os olhos em alguma coisa e aquilo a atraiu de tal forma que ela sequer pensou nas consequências da desobediência, sobre a qual já fora advertida. Viu que algo era agradável aos olhos, de bom aspecto, sedutor; algo possível de ser alcançado, conquistado e que traria satisfação. Cobiçou, foi seduzida, consumou o ato e recebeu a morte. Jesus nos adverte de maneira clara a respeito do modo como olhamos para as coisas e pessoas: Os olhos são a candeia do corpo. Se os seus olhos forem bons, todo o seu corpo será cheio de luz. Mas se os seus olhos forem maus, todo o seu corpo será cheio de trevas. Portanto, se a luz que está dentro de você são trevas, que tremendas trevas são! (Mt 6:22-23). Jesus faz menção, nesse texto, à saúde dos olhos, mostrando que se os olhos não forem sadios, não importa quanta luz haverá no ambiente, nós não poderemos ver bem. Mas, se o olho for sadio, poderemos nos adaptar e enxergar mesmo sob a luz fraca. Essa alusão é feita por Jesus para que compreendamos que assim como uma pessoa tem olhos naturais para iluminar sua existência física e para mantê-la em contato com o ambiente terreno, ela igualmente possui olhos espirituais, ou seja, a mente, para iluminar sua vida interior, para guiá-la moral e espiritualmente e para mantê-la em contato com o Pai celestial. 11 Se o nosso olhar for correto, santo, puro, a mente não se contaminará e todo o corpo dará respostas adequadas através das emoções, forma de falar, pensar, agir, relacionar-se, etc. Se o olhar for impuro ou pecaminoso, a mente será afetada pelo pecado, que gradativamente destruirá o caráter. O corpo, utilizando-se dos sentidos, buscará a satisfação dos desejos desencadeados. Corremos o risco de sermos cativados por esses sentimentos sem ponderar seus reais valores, tornando-se um vício, que somente será saciado se forem atendidos os apelos carnais, tendo uma vida de trevas. 2.1.4 OSTENTAÇÃO DOS BENS Essa expressão seria melhor traduzida do grego pela palavra “soberba”. Aquele sentimento de superioridade e autovalorização excessiva. Os soberbos cometem violências morais e muitas vezes físicas baseados simplesmente nas riquezas ou na posição que eles ocupam ou acham que merecem ocupar. É uma inversão de valores totalmente desaprovada por Deus. O salmista diz acerca do Senhor: “salvas os que são humildes, mas humilhas os de olhos altivos” (Sl 18:27). Os soberbos têm uma tendência a formar interpretações falsas do evangelho, falando sobre a prosperidade material e sobre a forma como Deus os abençoa de maneira excepcional. O apóstolo Paulo nos dá um conselho valioso: Pois pela graça que me foi dada digo a todos vocês: ninguém tenha de si mesmo um conceito mais elevado do que deve ter; mas, pelo contrário, tenha um conceito equilibrado, de acordo com a medida da fé que Deus lhe concedeu (Rm 12:3). A soberba é provocada por uma autoavaliação distorcida, o grande problema dela é que faz as pessoas se sentirem melhores ou mais dignas do que as outras. A soberba pode ser entendida como ostentação material, mas também pode ser ostentação de conhecimento ou de poder. Na realidade, a soberba é um dos pecados mais odiados por Deus. O Rei Salomão escreveu o livro de Provérbios e disse: “Há seis coisas que o Senhor odeia, sete coisas que Ele detesta” (Pv 6:16). Você sabe qual é a primeira coisa da lista? É, é isso mesmo, a soberba, que ele chama de “olhos altivos”. E, assim, o sábio Salomão percebe, talvez, a partir de sua própria vida de momentânea dissolução, que “o orgulho vem antes da destruição; o espírito altivo antes da queda” (Pv 16:18). Os três vícios mencionado até agora (cobiça da carne, cobiça dos olhos e ostentação dos bens) têm a sua origem no “mundo” enquanto sistema maligno que se forma para fazer oposição a Deus, ou seja, esses vícios têm sua origem no diabo. É isso que João queria ensinar com a expressão “não provém do Pai, mas do mundo”. Mas, a grande mensagem e o grande conforto estão em uma expressão que não precisa de muitas explicações: “O mundo e a sua cobiça passam, mas aquele que faz a 12 vontade de Deus permanece para sempre”. João nos mostra que a vida eterna é o projeto de Deus para o seu povo. 2.2 COMO SOMOS AFETADOS PELO MUNDO O prório Jesus, na oração que faz em João capítulo 17, explica a nossa relação com o mundo, dizendo: “eles estão no mundo, mas não pertencem ao mundo”. Essa ligação que temos com o mundo é a nossa própria condição humana, ou seja, fomos criados por Deus e colocados no mundo, em última instância, somos parte do mundo criado por Deus. No entanto, não carregamos mais, em nossas mentes e corações, as afinidades que tínhamos com os valores do mundo. Sobre isso, o apóstolo Paulo ensina: Vocês estavam mortos em suas transgressões e pecados, nos quais costumavam viver, quando seguiam a presente ordem deste mundo e o príncipe do poder do ar, o espírito que agora está atuando nos que vivem na desobediência. (Ef 2:2). Observe que o verbo “estar”, que inicia a frase, é conjugado no passado, isto é, Paulo estava falando sobre uma condição em que nos encontrávamos antes da nossa conversão. Condição essa que foi mudada pela nova natureza que recebemos de Cristo. Mesmo assim, dotados de uma nova natureza, mas, vivendo no mundo, não podemos deixar de sofrer suas influências em nosso modo de pensar, falar, agir, vestir, conviver, etc. Afinal, esse mundo é o que conhecemos1. A grande questão é que estamos bem no meio de um grande campo guerra espiritual, sendo que, em certas circunstâncias, nós somos a arena em que as batalhas acontecem. O “príncipe do poder do ar” não quer perder o domínio sobre as pessoas e faz tudo para manter a mente delas sob uma forte influência, utilizando os mais variados métodos para fazer isso. É suficiente que olhemos para dentro dos nossos próprios lares e observemos como os filmes, as novelas, reality shows, músicas, Internet e outros veículos de comunicação em massa inserem mensagens de apoio e incentivo a tudo que a Bíblia condena. As novelas popularizaram comportamentos relacionais e sexuais distorcidos em vários sentidos: pais contra filhos, filhos contra pais, falta de respeito aos mais velhos, mentiras, adultérios, sexo fora do casamento, homossexualidade, dentre muitos outros comportamentos. Quando as pessoas assistem uma novela, em pouco tempo estão torcendo para que os amantes fiquem juntos e os casais casados se separem. Os filmes popularizaram a violência, apresentando assassinatos e pancadaria como a forma de resolver problemas. Além disso, criam uma cultura em que os indivíduos que bebem, andam em alta velocidade, enganam os outros, são considerados “descolados”. 1 Para uma visão filosófica sobre a ideia de estar no mundo e não ser do mundo e para compreender as limitações do nosso conhecimento sobre a vida, ver: HEIDEGGER, M. Introdução à Filosofia. Ed. Martins Fontes, 2009 (p. 324-368). 13 Se não estivermos atentos aos métodos empregados pelo inimigo de nossas almas, correremos sérios riscos de nos envolver com os valores que deixamos para trás, esquecendo dos propósitos de Deus para as nossas vidas. Outras estratégias de Satanás estão relacionadas a ridicularizar, criticar, zombar, debochar, aviltar as pessoas que não se envolvem com os caminhos que ele sutilmente tem preparado para nos envolver. Esse tipo de perseguição é utilizado para combater, por meio da força da violência psicológica, as pessoas que se recusam a aceitar o seu domínio. Os mais jovens são as principais vítimas desse tipo de estratégia, pois eles se sentem, muitas vezes, constrangidos por alguns colegas a fazer coisas que sozinhos não fariam. 2.3 COMO CONFRONTAR O MUNDO E PERMANECER FIRME Podemos, como cristãos, mesmo sofrendo tentações, resistir às influências e aos ataques do mundo; não permitindo que eles sobrepujem os valores aprendidos na Palavra. Para isso, devemos nos posicionar e agir corretamente em relação ao mundo, nos dedicando a oração, à vida comunitária e aprendendo os ensinamentos da Palavra de Deus. Abaixo, seguem alguns ensinamentos que precisamos ter em mente: a) A nossa vida não pertence mais a esse mundo Eles não são do mundo, como também eu não sou (Jo 17:16) b) Não precisamos de reconhecimento por parte do mundo, precisamos apenas de Cristo Se vocês fossem do mundo, ele os amaria como se fossem dele. Todavia, vocês não são do mundo, mas eu os escolhi, tirando-os do mundo; por isso, o mundo os odeia (Jo 15:19). c) A paz em Cristo é maior que o mundo Eu lhes disse essas coisas para que em mim vocês tenham paz. Neste mundo vocês terão aflições; contudo tenham ânimo! Eu venci o mundo (Jo 16:33). d) A nossa vitória sobre o mundo é pela fé 14 O que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a nossa vitória que vence o mundo: a nossa fé (I Jo 5:4). e) Bons relacionamentos nos livram de embaraços Bem aventurado o homem que não anda no conselho dos ímpios, que não se detem no caminho dos pecadores, nem e assenta na roda dos escarnecedores (Sl 1:1). f) Nós podemos fazer diferença no destino eterno das pessoas Lembrem-se disto: quem converte um pecador do erro do seu caminho, salvará a vida dessa pessoa e fará que muitíssimos pecados sejam perdoados (Tg 5:20). 15 2.4 ATIVIDADES PARA CASA 1. Como vimos, a palavra “mundo” assume vários significados, dependendo do contexto bíblico. Então, como podemos entendê-la em I Jo 5:19? Ainda segundo esse versículo, quem governa o mundo ali referido? ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ 2. Segundo o texto I João 2:16, que elementos manifestam o amor ao mundo? a._____________________________________________________________ b._____________________________________________________________ c._____________________________________________________________ 3. Em relação ao que está escrito em I João 2:15, é certo afirmar que: I – Devemos procurar isolamento do mundo, evitando falar e interagir com pessoas que não são cristãs; II – Podemos continuar agindo da mesma maneira que agíamos antes da conversão, pois, afinal, continuamos no mundo; III – Devemos ter a consciência de que nós mudamos, mas somos importantes para que o mundo também mude; IV – Amar o mundo, nesse contexto, significa se distanciar de Deus. Esse é um caminho impossível para o cristão. [a] Todas as afirmativas são falsas [b] As afirmativas II e III são verdadeiras [c] As afirmativas I e IV são verdadeiras [d] As alternativas I e III são falsas [e] Apenas as alternativas III e IV são verdadeiras 4. Como são entendidos os desejos da carne? ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ 16 5. A cobiça dos olhos não é apenas um problema relacionado ao que vemos, mas, principalmente, ao que pensamos e imaginamos a partir da imagem que nossos olhos captam. Quais os perigos da cobiça dos olhos e como podemos evitá-los. ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ 6. Leia o capítulo seis carta de Paulo aos Efésios e explique o que é guerra espiritual e como ela afeta as nossas vidas. ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ Versículo para Decorar Porque Deus tanto amou o mundo que deu o seu Filho Unigênito, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna. (João 3:16) 17 3 COMO FALAR COM DEUS Quando nos convertemos a Cristo, naturalmente, desejamos conhecer mais sobre Deus, ter intimidade com Ele, viver experiências que outras pessoas contam, conhecer a Palavra d’Ele, viver uma vida vitoriosa e muito mais. Gostaríamos que tudo isso acontecesse em um só dia. Se nós desejamos todas essas coisas, precisamos saber que Deus deseja ainda mais. O Senhor gosta da proximidade com seus filhos, Ele cuida de cada um como se estivesse cuidando de um filho único, por isso é importante confiarmos plenamente n’Ele, pois a única retribuição que Ele nos pede pelo seu grande amor é a nossa fé. Isso significa: ter a ousadia de depender inteiramente d’Ele. Essa dependência de Deus é uma atitude extremamente positiva que depende de vida íntima com o Pai, pois só a intimidade plena vivida por meio da oração e da meditação na leitura da Palavra podem nos dar confiança para depender inteiramente d’Ele, colocando as nossas vidas em Suas mãos. Mas, lembre-se, depender de Deus não significa perder a liberdade, pelo contrário, significa exercer a liberdade em toda a sua plenitude, tornando-se capaz de fazer sempre a escolha correta. Dessa maneira, precisamos perceber a necessidade de cultivar o hábito da oração e da meditação na Palavra de Deus, tornando isso uma rotina diária, um verdadeiro estilo de vida. Essa vida de oração nos dá a segurança e a intimidade que precisamos para a vida cotidiana. Jesus nos ensinou o significado prático da oração. Mesmo sendo Deus, Jesus jamais deixou de orar e mostrar que dependia inteiramente do Pai e que essa dependência foi o fundamento do seu ministério aqui na terra. Jesus sempre cultivou o hábito de orar, mas orava principalmente nos momentos em que precisava tomar decisões ou realizar prodígios e maravilhas. Orou no momento do seu batismo - o céu se abriu e Deus falou com Ele (Lc 3:21); Orou solitário, no monte, da tarde até a madrugada - depois andou sobre o mar: (Mt 14:23-24); Orou a sós, em um lugar deserto, levantando-se de madrugada - depois saiu para pregar (Mc 1:35); Orou no monte, uma noite inteira - depois escolheu os doze discípulos (Lc 6:12); Orou com três discípulos em um monte - depois se transfigurou diante deles (Lc 9:29); Orou com os discípulos no jardim do Getsêmani - depois enfrentou a cruz (Mt 26:36). 18 3.1 COMO DESENVOLVER O HÁBITO DE ORAR Como acabamos de ver, Jesus orou em muitas circunstâncias diferentes e de muitas formas diferentes: só, acompanhado, agradecendo, pedindo, consagrando, e muitas outras formas que não foram relatadas aqui. Desenvolver o nosso hábito de orar é a forma mais forte que temos de cultivar uma relação de intimidade com Deus. Vejamos algumas práticas que podemos nos ajudar: Estabeleça um horário De madrugada, quando ainda estava escuro, Jesus levantou-se, saiu de casa e foi para um lugar deserto, onde ficou orando (Mc 1:35). Oração é um estilo de vida, não precisa de preparos, nem de cerimônias para começar. Podemos orar a qualquer hora do dia e em qualquer lugar, mesmo quando estamos fazendo outras coisas. Mas, é sempre bom ter o hábito de reservar um tempo do dia para fazer as nossas orações com maior concentração e dedicação. A qualidade do nosso tempo de oração é fundamental. Escolha um horário que você não esteja com sono, ou apressado, priorize esse horário, não o substitua por nenhuma outra atividade. Procure um lugar adequado Quando Daniel soube que o decreto tinha sido publicado, foi para casa, para o seu quarto, no andar de cima, onde as janelas davam para Jerusalém. Três vezes por dia ele se ajoelhava e orava, agradecendo ao seu Deus, como costumava fazer (Dn 6:10). Procurar um lugar que favoreça o nosso momento de intimidade com Deus pode ser uma boa estratégia. O próprio Jesus nos ensina que não há um lugar próprio para adorar, o que importa é que sejamos verdadeiros adoradores. Mas, se você tiver condições de ficar mais a vontade, sem barulhos ou qualquer tipo de coisa que disperse a sua atenção, este, sem dúvidas, será um lugar melhor. Mas, lembre-se: com Deus, podemos falar a qualquer hora e em qualquer lugar. Creia no poder da sua oração Mas quando você orar; vá para seu quarto, feche a porta e ore a seu Pai, que está no secreto. Então seu Pai, que vê no secreto, o recompensará (Mt 6:6). Um dos aspectos da vida de oração é a ligação direta com o Pai. Podemos ter a certeza de que Ele “vê no secreto”, ou seja, Ele ouve a nossa voz em qualquer 19 circunstância, Seus olhos e ouvidos estão sempre atentos para a oração de um filho amado. Creia, também, no poder da oração junto aos irmãos Também lhes digo que se dois de vocês concordarem na terra em qualquer assunto sobre o qual pedirem, isso lhes será feito por meu Pai que está nos céus. Pois onde se reunirem dois ou três em meu nome, ali eu estou no meio deles (Mt 18:19-20). A oração é, também, um meio de comunhão da Igreja, quando oramos juntos os elos da Igreja do Senhor se tornam mais fortes. A oração conjunta exige concordância e esse é o grande elemento da força da Igreja de Deus: que oremos juntos e em concordância para que o Senhor atenda as nossas súplicas e para que não sejamos atingidos pela seta da desunião. Interceda pelos necessitados, pelos amigos, pelos parentes e, também, pelos que lhe ofenderam A oração de intercessão é aquela que coloca as vidas e necessidades das outras pessoas diante de Deus. Esse tipo de oração nos eleva em amor, ao orar pelos outros o amor que une a Igreja é introjetado em nossos corações. Além de orar pela família e pelas pessoas que amamos, a Bíblia nos ensina a orar pelos nossos governantes (I Tm 2:1-2); pelos nossos pastores (Hb 13:17-18); pela paz em Israel (Sl 122:6); pelos nossos inimigos (Mt 5:44). A intercessão é um tipo muito especial de oração, pois ajuda a pessoa que é o alvo de nossas orações e, ao mesmo tempo, transforma o coração da pessoa que ora. Ore com fé Ele respondeu: ‘Por que a fé que vocês têm é pequena. Eu lhes asseguro que se vocês tiverem fé do tamanho de um grão de mostarda, poderão dizer a este monte: ‘Vá daqui para lá’, e ele irá. Nada lhes será impossível (Mt 17:20). Aguarde a resposta de Deus Todas as nossas orações são respondidas. E elas podem ter três tipos de resposta: sim, não e espere. A nossa tendência é pensar que Deus nos responde apenas quando atende ao que lhe pedimos. Quando ele nos responde de outra forma às vezes ficamos magoados. Se seu filhinho insistisse muito, você lhe daria uma navalha para brincar? Claro que não! E faria isso por amor a ele. E se ele fosse apenas uma criança e lhe pedisse um carro de presente, tendo condição financeira, você lhe daria? Certamente que não, mas você talvez lhe dissesse para esperar até que tenha idade e condição legal 20 para dirigir. Deus nos trata como filhos e sabe o que é melhor para nós. Confie sempre na sua direção e vontade. Ore, pedindo sempre que a vontade dele seja feita. 21 3.2 ATIVIDADES PARA CASA 1. Leia a oração que Jesus no ensinou (Pai Nosso) em Mt 6:9-13 e mostre o que aprendeu nesse capítulo, escrevendo, nas linhas abaixo, a interpretação que você faz dessa oração. ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ 2. Depender de Deus significa: I. Que devo confiar no projeto de Deus para as nossas vidas e cumprir a Sua vontade, mesmo quando ela aparentar destoar dos nossos planos; II. Que não preciso tomar iniciativa nos meus empreendimentos, ou nos meus relacionamentos, pois o Senhor vai fazer com que tudo acabe bem; III. Que a oração resolverá todos os meus problemas sem que eu precise fazer nada; IV. Que eu devo obedecer incondicionalmente àquilo que a Bíblia ensina, sem medo ou vergonha do evangelho, assumindo a minha fé diante de Deus e dos homens. [a] Apenas as respostas I e II estão corretas; [b] As alternativas II e III estão erradas; [c] As alternativas I e IV estão erradas; [d] Todas as alternativas estão erradas. 3. Depois do nosso estudo, o que você pensa sobre a oração? Ela é uma obrigação, uma experiência, uma oportunidade... ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ 22 4. Como você acha que o ambiente em sua volta pode influenciar a sua oração? Descreva aspectos positivos e negativos. Aspectos positivos Aspectos negativos No espaço abaixo, escreva as soluções para os aspectos negativos e a melhor forma de aproveitar os aspectos positivos para que o seu tempo de oração seja maravilhoso. 5. Leia os versículos abaixo e, no quadro ao lado, descreva que atitudes devemos ter durante a nossa oração. Hb 11:6 Sl 66:18 Jo 16:24 23 4 VIDA EQUILIBRADA: CONHECENDO A VONTADE DE DEUS Filósofos importantes como Santo Agostinho3 e Immanuel Kant4 investiram grande parte de seu tempo estudando a ideia de felicidade. Os dois trilharam sobre os mesmos caminhos, identificando que praticamente todas as ações de nossas vidas são formas de tentar encontrar a vida feliz. O problema é que, quando não conhecemos os planos de Deus, costumamos confundir os caminhos da felicidade com os prazeres de uma vida temporária, tendemos a pensar que dinheiro, festas e poder são suficientes. Mas, lá no fundo, nós, mesmo praticando essas coisas, já sabíamos que elas não nos completavam. Frequentemente, os cristãos são criticados pela forma como buscam a felicidade. As pessoas costumam acusar os cristãos de serem radicais, intolerantes e de não saber viver. Por que isso acontece? Por que essas pessoas ainda estão presas a uma visão completamente materialista do mundo e, ainda, não são capazes de compreender que Deus tem um projeto de vida plena para todos nós. O objetivo dessa lição é compreender a vida plena que Deus oferece aos seus filhos, considerando quatro dimensões da vida: mental, física, espiritual e social. 4.1 O PROJETO DE CRESCIMENTO Comecemos entendendo que Deus deseja que nós cresçamos nessas quatro dimensões da vida (mental, física, espiritual e social). Veja que Lucas, o mais historiador dos quatro evangelistas, chama a atenção para o fato de que “Jesus ia crescendo em sabedoria, estatura e graça diante de Deus e dos homens” (Lc 2:52). Texto Bíblico ... crescendo em sabedoria, ... estatura, ... graça na presença de Deus e ... [graça na presença] dos homens. Dimensão da Vida Mental Física Espiritual Social Quadro de auxílio à interpretação textual Esse projeto de crescimento multidimensional é próprio da natureza que Deus nos deu. Veja que o Senhor pretende que tenhamos um conjunto de capacidades que nos permitam progredir em todos os aspectos da nossa vida. Então, qual é a nossa participação nesse projeto? Atentemos para o fato de que em três das quatro dimensões, a saber mental, espiritual e social, nós dividimos com o Senhor a responsabilidade pelo nosso próprio desenvolvimento. No versículo que citamos no parágrafo anterior, a palavra grega que encontramos traduzida como “crescendo” é proekopten, uma derivação de prokopto que quer dizer avançar, seguir adiante. Esse termo nos ajuda a compreender como Deus deseja que participemos no nosso processo de crescimento: sendo intencionais no nosso 24 desenvolvimento multidimensional, focando em nossas capacidade individuais, mas, também, em nossos relacionamentos com o Pai e com a sociedade. Isso significa que a vida plena que o Senhor nos garante em Jo 10:10 depende essencialmente do equilíbrio entre essas quatro dimensões das nossas vidas. Afinal, essas foram as quatro dimensões que o próprio Cristo desenvolveu antes de iniciar o seu ministério terreno. Temos a convicção de que a vida cristã não se baseia em atitudes de radicalismo, de intolerância, nem de nenhum tipo de comportamento antissocial, pelo contrário, o equilíbrio entre essas quatro dimensões deve nos conduzir a uma vida pacífica com todos (Rm 12:18). Esse equilíbrio aprimora a qualidade da vida. Vejamos como cada uma dessas dimensões se apresenta na Bíblia e em nossas vidas. Dimensão Mental No versículo base desse estudo (Lc 2:52) a palavra grega que é utilizada para descrever sabedoria é sophia2 e ela se opõe claramente – tanto no contexto bíblico, quanto nos principais escritos clássicos da Antiguidade Grega – à palavra mória (que significa estultícia, tolice) e suas derivações, ou seja, a palavra sabedoria se opõe a todos os comportamentos e falas inapropriados5 para o convívio espiritual e social. Mas, quando essa palavra chegou aos tempos da escrita do Novo Testamento, ela já possuía um significado mais amplo. Assim, podemos, também, entender sophia como capacidade intelectual para o desenvolvimento do trabalho e para o desenvolvimento da relação entre o ser humano e a natureza. No Antigo Testamento a sabedoria é um dos valores fundamentais da vida com Deus. No livro de Provérbios, o rei Salomão, discorre longamente sobre a sabedoria e seu significado prático para a vida entre os homens e para o relacionamento intenso com Deus. Ali, a sabedoria é relacionada ao trabalho, à vida política, à vida espiritual, ao casamento, à relação entre pais e filhos e à muitas outras atividades da vida. Para desenvolver essa dimensão de nossas vidas, devemos começar pedindo o apoio de Deus, pedindo que Ele oriente os nosso corações para desejar aquilo que faz parte dos planos eternos e que nós possamos nos contentar com a vida que Ele nos proporciona. Mas, além de orar e pedir sabedoria ao Senhor, precisamos estudar a Palavra e desenvolver em nós mesmos o desejo, cada vez mais profundo, de aplicá-la no cotidiano. 2 A palavra sophia é uma derivação do adjetivo sophos que representava no mundo antigo um atributo do indivíduo. Esse termo era muito utilizado para se referir a capacidade e conhecimento incomuns. Ou seja, o termo era utilizado para se referir a um nível de discernimento fora dos padrões normais e acima dos seus próprios preconceitos. Na Ilíada de Homero ele se refere a sophia de um carpinteiro (Il., 15,4142) não é uma alusão a Jesus Cristo, mas serve como uma ideia do significado da palavra. Pois, não se esperava que pudesse haver tanta sophia em um homem simples. No sentido bíblico, a sophia é dom de Deus (ver Tg 1:5). 25 Dimensão Física Jesus também crescia em estatura. E não era apenas um crescimento físico natural, mas um crescimento sadio. E nós precisamos buscar isso. Somos muitas vezes relapsos com o cuidado do nosso corpo. A Bíblia diz que nosso corpo é templo do Espírito Santo e que somos responsáveis por ele: I Co 3:16-17. Como cultivar um conceito saudável do corpo? Para responder a essa questão, precisamos pensar na fonte primária do nosso oxigênio – a conexão espiritual com nosso Criador. Se não estivermos conectados à máscara de oxigênio do Pai teremos dificuldades com esse conceito porque vamos respirar as mentiras da sociedade sobre aquilo que é aceitável. O inimigo do nosso sucesso prefere que respiremos o monóxido de carbono que ele nos dá. São mensagens como: “Aparência é tudo!”, “Você pode ser tão magro quanto quiser!”, “Seja sexy, sensual!”, “Faça o impossível para ter uma aparência jovial!”, “Fumar emagrece!” e assim por diante. Quando aceitamos essas mensagens, nós nos envenenamos com conceitos errados sobre a verdadeira saúde do corpo físico. Se nosso corpo é templo do Espírito, precisamos estar atentos a dois conceitos extremos que as pessoas têm do corpo: Adoração do Templo Alguns pessoas adoram o templo (corpo) e esquecem de adorar o Senhor do templo, esquecem de adorar àquele que o criou e ficam olhando para o templo em si. Essas pessoas não costumam medir esforços e recursos para fazer o que for necessário para melhorar o físico – algo que sempre sofrerá alterações – e por isso sofrem e ficam inseguros. A mitologia grega fala acerca de um jovem chamado Narciso6 que se apaixonou pelo próprio reflexo, daí a expressão narcisismo para se referir a essa verdadeira paixão que algumas pessoas desenvolvem pela própria beleza. Abandono do Templo No outro extremo, estão aqueles que destroem o templo. Normalmente, negligenciam o corpo completamente sem se preocupar com a saúde. Isso acontece por que as pessoas esquecem que seu corpo é um altar de adoração. Fazem isso, cometendo todo tipo de excessos e negligências, desde faltas de cuidados simples como, por exemplo, alimentar-se corretamente, fazer exercícios físicos, consultar médico e dentista regularmente, até o desenvolvimento de vícios (cigarro, bebidas, drogas, remédios, etc.). Além disso, há expressões de uma vida sexual fora do que Deus deseja para nós, tais como: prostituição, sexo fora do casamento, adultério, homossexualidade, sexo com animais, pornografia pela internet etc. O vício, além de ser uma dependência da carne que se acostumou com a droga, é, em primeiro lugar, uma ação maligna na vida daquele que deu lugar ao inimigo e tornou-se escravo dele. Ele destrói o templo! 26 O uso de drogas pesadas (maconha, cocaína, crack, anfetaminas etc.) ajuda a financiar a criação de um poder paralelo e criminoso, em que “leis” são criadas, “tribunais” são estabelecidos e pessoas são aprisionadas e assassinadas. E como se isso não bastasse, as constantes brigas entre grupos rivais pelo domínio desse “poder” causam verdadeiras guerras urbanas em que centenas de inocentes são mortos. Tal cenário é devastador, visto que lhes rouba o direito de viver com tranquilidade e aniquila muitas famílias. Com certeza não é este o propósito de Deus para a humanidade. A Vida Sexual Ainda na dimensão física, precisamos falar sobre a vida sexual. Será que o sexo é pecado? Algumas pessoas ensinaram, durante muito tempo, que o pecado original teria sido o sexo. Esse ensino equivocado causou muitos transtornos na vida das pessoas. Mas, espere, tenhamos cuidado, não andemos pelos extremos pensando como a música que diz que “qualquer maneira de amor vale a pena”. O Senhor criou o homem e a mulher (Gn 1:27-28) e determinou: “sejam férteis e multipliquem-se”, mais adiante, explicando como Deus criou a mulher a partir do homem, o Senhor nos ensina que homem e mulher são uma só carne (Gn 2:20-24). O sexo é uma dádiva de Deus, uma prática necessária ao cumprimento do propósito original da Criação. Não há nada de impuro, ou mesmo pecaminoso, no sexo enquanto projeto divino. O problema é que as pessoas têm distorcido o sentido da vida sexual, tentaram modificar o seu significado puro e afastaram-no do amor. Biblicamente, o sexo só tem significado no âmbito da família, no âmbito da convivência e do amor marital. O sexo para o ser humano não é uma atitude meramente instintiva como para os animais irracionais. O sexo é uma entrega, tem um significado social, tem uma relação muito forte com as emoções. As pessoas que se entregam ao sexo sem dar a ele o devido significado, normalmente, encontram tristeza e depressão no final de suas histórias. Que tipo de consequências nós podemos esperar de uma vida sexual desregrada? - Afastamento de Deus: I Co 6:13; - Sentimento de culpa: Pv 14:12; - Gravidez indesejada e doenças sexualmente transmissíveis; - Sentimento de vazio, desprezo e insegurança. Para se ter uma vida saudável, devemos buscar práticas, pessoas e ambientes saudáveis. Assim, - Fortaleça sua relação com Deus e Ele lhe livrará do mal (I Co 10:13); - Viva de acordo com a vontade de Deus; - Prepare-se para enfrentar as tentações (Hb 2:18); 27 - Busque ajuda os irmãos, ou, especializada se for o caso; - Fuja das pessoas e ambientes que lhe conduzem ao erro. Dimensão Social Muitos, no desejo sincero de servir a Cristo, tomam atitudes radicais em relação à vida e aos relacionamentos do passado e vão a outro extremo. Com isso, afastam-se das pessoas, isolam-se, tornam-se por vezes legalistas, rigorosos, intolerantes, antipáticos e anti-sociais. Assim, alguns crentes em Cristo passam a ideia de que somos os “não pode”. Não pode ir ao cinema, não pode usar calça comprida, maquiagem, não pode brincar, não pode rir, não pode isso, não pode aquilo... Tratam as pessoas de fora com distância e ar de superioridade. Não vemos isso na vida abundante de Jesus. Ele deu valor às pessoas, interessou-se por elas, conhecia suas necessidades e supriu cada uma delas. O Rei Salomão, no auge de sua sabedoria, nos aconselha, dizendo: “que o amor e a fidelidade jamais o abandonem; prenda-os ao redor do seu pescoço, escreva-os na tábua do seu coração. Então você terá o favor de Deus e dos homens, e boa reputação” (Pv 3:3-4). O legalismo e a falta de amor não conduzem ninguém a Cristo, pelo contrário gera ódio. Jesus não andava julgando ninguém, longe disso, ele se envolvia com as pessoas sem discriminação. Perto dele andavam os excluídos, os mendigos, os doentes, as prostitutas, como, também, pessoas de elevada posição social. Jesus participava de caminhadas, subia aos montes, frequentava casamentos, jantares e visitava o templo. Porém Jesus jamais se deixou influenciar pelo modo de vida deles, antes os influenciava para que tivessem uma vida diferente. Relacionava-se com eles de maneira equilibrada. Para os religiosos hipócritas, aquele povo não passava de pecadores. Para Jesus era gente de valor, pessoas em quem Ele viu potencial e investiu. Isso causou a admiração do povo que comentava a diferença entre o ensino de Jesus e o dos religiosos. Só nos desenvolveremos como pessoas nos relacionamentos. E eles devem ser saudáveis, baseados em princípios do caráter cristão, bondade, respeito, discrição, fidelidade, serviço, amor etc. Vivendo dessa forma, acharemos graça diante de Deus e das pessoas e as ganharemos para Cristo. Dimensão Espiritual Quando falamos da dimensão espiritual pensamos que é a mais importante e que está acima das outras. As pessoas às vezes perguntam “como vai sua vida espiritual?” Parece até que é outra vida, separada das coisas do cotidiano. Na verdade, toda nossa vida é espiritual, pois devemos ser guiados pelo Espírito. A Bíblia relata que primeiramente a graça de Deus estava sobre Jesus (Lc 2:40), em seguida, narra que ele crescia em graça diante do Pai (Lc 2:52). Ele recebe a graça e cresceu na graça. Todas as dimensões da vida humana dependem da graça de Deus. É nesse sentido que a visão espiritual pode nos ajudar a ter experiências realmente 28 elevadas ainda nesta vida. Pois, a graça nos impulsiona a viver da maneira correta diante de Deus. A sabedoria, a estatura, o favor dos homens e todas as demais coisas, provêm da graça divina. E o crescimento na graça decorre do viver pela graça, numa busca contínua de Deus para conhecê-lo e viver de modo agradável a ele, como revela a Bíblia: Por isso mesmo, empenhem-se para acrescentar à sua fé a virtude; à virtude o conhecimento; ao conhecimento o domínio próprio; ao domínio próprio a perseverança; à perseverança a piedade; à piedade a fraternidade; e à fraternidade o amor. Porque, se essas qualidades existirem e estiverem crescendo em suas vidas, elas impedirão que vocês, no pleno conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo, sejam inoperantes e improdutivos. (2 Pe 1:5-8). Não se esqueça: A escada do crescimento espiritual começa pela fé, o primeiro degrau na caminhada cristã e depois vamos subindo, passo a passo, até chegarmos ao amor, o dom supremo. Mas, para isso, precisamos de diligência, aplicação e dedicação. Portanto, para experimentar a vida abundante de Jesus em todas as suas dimensões, física, mental, social e espiritual, é importante abandonar nosso jeito de ser e seguir o plano e o propósito de Deus, conhecendo a sua vontade. Conhecer a vontade do Pai é uma grande aventura na vida cristã e executar a sua vontade em todas as áreas de nossas vidas depende das decisões de obediência que tomamos todos os dias. Fazer as coisas à nossa maneira, independente de Deus, sem consultá-lo ou pedir-lhe direção poderá nos levar a cometer erros grosseiros que podem afetar nossa vida inteira. Ele se interessa pelos pequenos detalhes da nossa vida e sua Palavra tem resposta e direção para tudo o que nos diz respeito. Qual é o caminho para experimentar a vontade do Pai? Paulo nos ensina: “... se ofereçam em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus; este é o culto racional de vocês. Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente, para que sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (Rm 12:1-2). Esse texto revela três atitudes que precisamos tomar para experimentar a vontade de Deus: Texto “... se ofereçam em sacrifício vivo” “Não se amoldem ao padrão deste mundo” “Transformem-se pela renovação de suas mentes” Atitude Consagração Posição Transformação Texto auxiliar Lv 11:44 Js 24:15-16 Jo 17:17 29 Essas atitudes certamente podem nos conduzir a um aperfeiçoamento da dimensão espiritual de nossas vidas. Mas, lembremo-nos de que o Senhor deseja um equilíbrio dessas quatro dimensões, portanto é necessário fazer uma auto-avaliação e pensar sobre como as nossas vidas estão sendo apresentadas ao Senhor. 30 4.2 ATIVIDADES PARA CASA 1. Vamos recordar, releia Lc 2:52 e liste as dimensões da vida em que Jesus obteve crescimento. ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ 2. O que significa crescer à luz da Palavra? ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ 3. Leia Pv 13:4 e relacione o texto com as dimensões metal e física. ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ 4. O Salmo 133:1 faz menção ao quanto é bom e agradável que os irmãos vivam em união. Tente encontrar nas Escrituras um ou mais textos que se reportem a importância da dimensão social da vida. ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ 5. Em II Pe 1:8-10, o apóstolo está falando sobre a dimensão espiritual da vida, identifique, nesse texto, três razões para nos empenharmos em desenvolver a nossa espiritualidade. ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ 6. Leia Cl 3:1-4 e explique a importância de termos alvos espirituais em nossas vidas. ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ 31 5 A PALAVRA DE DEUS: FONTE DE VIDA Praticamente tudo que utilizamos no nosso cotidiano vem com um manual de instruções, os brinquedos das crianças, os eletrodomésticos, os computadores, os celulares, os carros e, até mesmo os remédios – que possuem bulas – e aquelas comidas pré-prontas que vêm com instruções de preparo. Quando temos qualquer dúvida sobre o funcionamento, manuseio ou manutenção dos equipamentos, remédios ou comidas, recorremos imediatamente às instruções escritas nos manuais ou nas bulas. Fazemos isso por que o fabricante daquele produto, certamente, sabe, melhor do que qualquer outro, como fazer bom uso do objeto por ele fabricado. Seria muito bom ter uma manual desse para vida, não é verdade? Um manual que nos dissesse como agir em cada situação, que valores devemos cultivar no coração, que escolhas são melhores para as nossas vidas... enfim, seria maravilhoso ter instruções úteis e seguras para as nossas dúvidas e decisões na vida. Mas, acontece que esse manual existe, chama-se Bíblia. A Bíblia é a fonte inesgotável da sabedoria de Deus, escrita por mãos humanas, porém divinamente inspirada. Vejamos o que o salmista fala sobre esse assunto. Por favor, abra sua Bíblia no Sl 119:105 e complete a frase abaixo: A tua palavra é __________________ que ilumina os meus pés e luz que clareia o meu _______________________________. A declaração do salmista nos faz perceber o quanto a Bíblia é importante para que o cristão possa se aproximar de Deus e de sua vontade. Mas, repare que a declaração que ele faz sobre a Palavra é eminentemente prática, ou seja, o salmista reconhece que a palavra de Deus é útil para a vida cotidiana. Ela não é apenas um manual de manuseio, mas um conjunto de saberes indispensável para a vida em todos os seus aspectos. Todos nós, independentemente de profissão, sexo, idade, estado civil, posição social, passamos por momentos de crise na vida e precisamos de um conselho sábio para nos ajudar a superar as dificuldades. A Bíblia – como manifestação da sabedoria e do poder divinos – aparece como algo muito mais perfeito do que uma simples solução para os nossos problemas, ela nos capacita para evitá-los. Os seus ensinamentos estão intimamente ligados com a vida e com as diversas situações que enfrentamos, ela foi inspirada por Deus, mas fundamentada nas mais diversas dificuldades humanas. Afinal, como ensina o apóstolo Paulo, “toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção e para a instrução na justiça, para que o homem de Deus seja apto e plenamente preparado para toda boa obra” (II Tm 3:16-17). 32 5.1 CINCO COISAS QUE PRECISAMOS SABER SOBRE AS ESCRITURAS A nossa fé é inteiramente baseada na Bíblia. Por essa razão, precisamos conhecer as bases da nossa fé na Bíblia e, assim, nos capacitar para responder dúvidas e críticas acerca do que nós cremos: 5.1.1 A Bíblia é a Palavra de Deus Precisamos entender que a Bíblia não apenas contém a Palavra de Deus, mas ela é a Palavra de Deus. Não há nenhuma parte da Bíblia, nenhuma frase ou palavra que não seja divinamente inspirada. Algumas pessoas criticam a Bíblia, dizendo que se trata de um livro escrito por homens. Isso é verdade, a Bíblia é um livro escrito por homens, mas não pela sabedoria humana. A Bíblia é fruto da inspiração divina, ela foi revelada de maneiras muito especiais a cada um dos seus autores7. Podemos apontar algumas evidências de sua inspiração: a Bíblia levou mais de 1.500 anos para ser composta, foi escrita por mais de 40 homens diferentes, em situações diferentes, com níveis educacionais diferentes e, mesmo assim, não possui nenhum tipo de contradição. Nenhum tipo de estudo de qualquer campo científico conseguiu comprovar falhas nos relatos bíblicos. A “teoria” da evolução, só para citar um exemplo, levantou dúvidas contra a bíblia, mas jamais foi capaz de comprovar qualquer de suas hipóteses que conflitam com a Palavra de Deus8. Como se isso não bastasse, vejamos o que a própria Bíblia diz acerca de si mesma: Assuntos tratados O tipo de sabedoria nela contida Sua origem e propósito Sua relação com a humanidade Textos Bíblicos I Co 2:13 II Tm 3:16 II Pe 1:21 5.1.2 A Palavra de Deus é Atual Apesar de ter sua escrita concluída a quase dois mil anos, a Bíblia continua atual, pois ela é regida por princípios válidos eternamente. Princípios como amar ao próximo não perdem a validade jamais. Imagine se esse princípio fosse atendido, nós não teríamos miséria nem guerras no mundo. As atitudes mudam, mas os princípios bíblicos são eternos. “Pois tudo o que foi escrito no passado, foi escrito para nos ensinar, de forma que, por meio da perseverança e do bom ânimo procedentes das Escrituras, mantenhamos a nossa esperança” (Rm 15:4). 33 5.1.3 A Palavra de Deus é Suficiente A Bíblia contém todas as palavras divinas que Deus quis dar ao seu povo em cada estágio da história da redenção. Significa dizer que a Bíblia é o que nós precisamos para a salvação e para o desenvolvimento da nossa santidade e caráter. Não há nenhum tipo de revelação posterior, ou escrito que complemente a Bíblia, ela é suficiente. Sobre a suficiência das Escrituras, Paulo nos ensina: “...ainda que nós ou um anjo do céu pregue um evangelho diferente daquele que lhes pregamos, que seja amaldiçoado!” (Gl 1:8). (Veja também: Dt 4:2; Dt 12:32, Pv 30:5-6, Ap 22:18-10). 5.1.4 A palavra de Deus possui autoridade A inspiração concede autoridade indiscutível ao texto bíblico. Disse Jesus: “a Escritura não pode ser anulada” (Jo 10:35). Em numerosas ocasiões o Senhor recorreu à Palavra Escrita de Deus. Jesus sempre considerou as Escrituras como suficientes para arbitrar sobre a nossa fé e vida prática. Veja, no quadro abaixo, como Jesus utilizou as Escrituras em algumas ocasiões: Como fonte de autoridade para purificar o templo Para contestar a tradição dos fariseus Para resolver divergências doutrinárias Para repreender Satanás Mt 11:17 Mt 15:3-4 Mt 22:29 Mt 4:4, 7, 10 Jesus também ensinou que “É mais fácil o céu e a terra desaparecerem do que cair da Lei o menor traço” (Lc 16:17). A Palavra de Deus não pode ser anulada. Provém de Deus e está envolta na autoridade divina que o próprio Deus lhe concedeu. 5.1.5 A Bíblia não possui erros A inspiração divina, também, concede às Escrituras a certeza de que elas não contém qualquer mácula, erro ou contradição. Os sessenta e seis livros que compõem a Bíblia estão em perfeita harmonia histórica, geográfica e doutrinária. Não sendo possível deixar de reconhecer a inteireza de sua revelação9. 5.2 ALGUMAS ATITUDES QUE PRECISAMOS TER FRENTE A BÍBLIA Algumas pessoas têm lido a Bíblia como um livro meramente histórico, ou, pior ainda, como um livro de contos. Alguns cristãos estão, também, relativizando a Bíblia e 34 insinuando que parte das Escrituras não têm valor. Mas, para tirar verdadeiro proveito da leitura a Bíblia, precisamos: 5.2.1 Crer que a Palavra de Deus é Viva Isso significa que a palavra é revestida de poder sobrenatural, apresentando-se como manifestação clara do poder de Deus. A Palavra que sai da boca de Deus se torna em ação prática. Desta forma, para Deus, falar é agir. Por meio da Palavra Deus criou o mundo (Gênesis 1: 3,6,9,11,14,20,24; Hb 11:3). Mas, crer que a Palavra é viva significa, sobretudo, crer que ela pode agir em nossas vidas: Pois a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais afiada que qualquer espada de dois gumes; ela penetra ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e julga os pensamentos e intenções do coração (Hb 4:12). 5.2.2 Meditar na Palavra de Deus Nada adianta crer nas características acima citadas da Palavra de Deus se não pararmos para conhecê-la e para meditar nela. A Palavra só tem efeito em nossas vidas quando a praticamos e nós só a praticamos se estivermos meditando, ou seja, pensando na forma de aplicá-la ao nosso dia a dia. Leia: Js 1:8; Sl 1 e Sl 119:11 5.2.3 Obedecer a Palavra de Deus A prática da Palavra de Deus significa obediência incondicional. Mesmo quando não entendemos qual é o proveito que teremos em certas circunstâncias, devemos obedecer sem dúvidas a Palavra de Deus. Jesus termina o Sermão da Montanha falando sobre a necessidade de ouvir e praticar as suas palavras. Leia: Mt 7:24-29 e Tg 1:25. 5.3 ALGUMAS CAPACIDADES QUE A PALAVRA NOS DÁ Quando somos fiéis a Deus, quando obedecemos e seguimos a sua Palavra temos a garantia de que Ele estará cuidando de nós em todos os pontos. O Senhor sabe de nossas fraquezas, mas Ele se interessa em nos capacitar para fazer a sua obra e, também, para sermos felizes. A lista abaixo é apenas uma contemplação de algumas das muitas capacidades que o Senhor nos oferece por meio da riqueza de sua Palavra. 35 Capacidades Vencer o pecado Ter poder na oração Vencer as lutas espirituais Ter paz em meio a aflição Tomar decisões seguras Ter certeza da salvação Testemunhar da nossa fé Textos Bíblicos Sl 119:11 Jo 15:7 Ef 6:17 Fl 4:7 Sl 119:105 I Jo 5:13 At 1:8 e I Pe 3:15 A Palavra de Deus é dotada de um poder sobrenatural que nos capacita a realizar essas e muitas outras proezas no mundo espiritual e na vida prática. O conhecimento e a obediência à Palavra do Senhor dão frutos eternos. Por isso, Josué ensinava ao povo que havia saído do Egito, dizendo: “Não deixe de falar as palavras deste Livro da Lei e de meditar nelas de dia e de noite, para que você cumpra fielmente tudo o que nele está escrito. Só então os seus caminhos prosperarão e você será bem sucedido” (Js 1:8). E o salmista diz: “Assim será abençoado o homem que teme ao Senhor” (Sl 128:4). 36 5.4 ATIVIDADE PARA CASA 1. Leia novamente Js 1:8 e destaque três atitudes que o Senhor deseja que tenhamos em relação à sua Palavra. a._____________________________________________________________________ b._____________________________________________________________________ c._____________________________________________________________________ 2. Ainda usando o mesmo texto, quais serão as consequências para quem realizar essas atitudes? ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ 3. Segundo Efésios 6:17 (importante ler também todo o contexto), para que serve a Palavra de Deus e como posso usá-la? ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ 4. A nossa fé é constantemente atacada por pessoas que não compreendem a grandeza e o amor de Deus. Para cada ataque abaixo, apresente uma resposta em conformidade com o que foi estudado: Ataque 1: A Bíblia foi escrita por homens, por que eu devo crer nela? Resposta:_______________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ Ataque 2: Existem assuntos que a Bíblia não trata, portanto ela não serve para orientar tudo na minha vida. Resposta:_______________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ Ataque 3: A Bíblia está desatualizada, precisa ser revista. Resposta:_______________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ 5. Quais são as atitudes que temos que tomar para que a Palavra de Deus tenha efeito em nossas vidas? 1._____________________________________________________________________ 2._____________________________________________________________________ 3._____________________________________________________________________ 37 Notas 1 C.f.: Kistemaker, Simon. Comentário do Novo Testamento: Tiago e Epístolas de João. Ed. Cultura Cristã, 2006. 2 C.f.: Coenen, L & Brown, C. Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento. Ed. Vida Nova, 2000. Vol. 1. 3 C.f.: Agostinho, Santo. Solilóquios e A Vida Feliz. Ed. Paulus, 1998. Col. Patrística. Vol. 11 4 C.f.: Kant, Immanuel. Fundamentação da Metafísica dos Costumes e outros escritos. Ed. Martin Claret, 2002. 5 C.f.: Coenen, L & Brown, C. Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento. Ed. Vida Nova, 2000. Vol. 2. 6 Para conhecer o mito de Narciso acesse: http://www.sca.org.br/artigos/Narciso.pdf 7 Sobre as Teorias da Inspiração Divina, veja: GRUDEN, Wayne. TEOLOGIA SISTEMÁTICA. Ed. Vida Nova, 2000. Ou FERREIRA, Franklin. TEOLOGIA SISTEMÁTICA: uma análise histórica, bíblica e apologética para o contexto atual. Ed. Vida Nova, 2007. 8 Para maior embasamento sobre os conflitos entre ciência e fé, veja: MCDOWELL, Josh. CRISTIANISMO: Fraude ou Fato Histórico? Ed. Candeia, 1999. Ou KELLER, Werner. E a Bíblia tinha razão... Ed. a Melhoramentos, 2005 (26 Edição). 9 Para saber mais sobre a doutrina da Inerrância, além das sugestões da nota VII, veja, COSTA, Hermisten Maia Pereira de. A Inspiração e Inerrância das Escrituras. Ed. Cultura Cristã, 1998. 38