ANEXO PARA O LEITORATO
O valor litúrgico da Palavra de Deus
Iluminados pelas novas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil
2008-2010 (DGAE), aprovadas em abril deste ano na 46ª Assembléia Geral da
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), reflitamos aqui um pouco sobre o
valor litúrgico da Palavra de Deus.
De acordo com as Diretrizes, “a proclamação da Palavra de Deus pela Igreja é decisiva
para a fé do cristão, já que ela possibilita o acolhimento livre do anúncio salvífico da
pessoa de Cristo, acolhimento esse possibilitado pela atuação do Espírito Santo” (DGAE
60).
É preciso tomar contato com a Palavra de Deus, sentir o prazer e a alegria de acolhê-la e
meditá-la, saborear do seu conteúdo, pois alimentados por ela, conseguiremos dar o
devido testemunho.
Sendo assim, despertamos para a importância da Liturgia da Palavra no contexto
celebrativo. Primeiro recordamos que em toda ação litúrgica deve-se reservar um espaço
para a proclamação e meditação desta Palavra. E neste sentido encontramos ainda nas
Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil, n. 62: “O anúncio e a
acolhida da Palavra são, portanto, fundamentais para a vida e a missão da Igreja e
ocupam lugar central na liturgia”. Salientamos ainda, a responsabilidade daquele que
exerce o ministério da Palavra em nossas Comunidades Eclesiais, pois, “a proclamação
da Palavra na liturgia torna-se para os fiéis a primeira e fundamental escola da fé. Por
isso, é essencial que pastores e fiéis se empenhem para que a Palavra seja claramente
anunciada nas celebrações ao longo do ano litúrgico, seja comentada e refletida com
homilias cuidadosamente preparadas, e encarnada na vida” (DGAE 62 ).
Não podemos esquecer-nos da importância de uma boa reflexão a partir dos textos
bíblicos iluminando a vida, ou seja, a homilia deve justamente conduzir a todos, para uma
experiência concreta. Assim, ministros ordenados e ministros extraordinários, aqueles que
presidem as celebrações nas diversas realidades, não podemos desprezar o momento da
homilia, ou fazer dele apenas uma reflexão moralista. É saber partilhar daquilo que Deus
partilha conosco.
A Igreja cresce e se constrói ao ouvir a Palavra de Deus. Iluminados pela graça do
Espírito Santo, precisamos superar uma liturgia racional da Palavra para chegarmos a
uma Liturgia do Coração. Não basta sermos repetidores de um texto bíblico; é preciso ser
praticante desta Palavra; nisto encontramos o sentido de sermos proclamadores. É
preciso, na prática da pastoral litúrgica, educar os leitores para uma Lectio Divina,
desenvolvendo assim uma espiritualidade, buscar formação bíblico-teológica, promover
momentos comunitários de partilha da palavra.
Na Introdução do Lecionário, n. 3, encontramos uma afirmação muito particular sobre o
valor litúrgico da Palavra de Deus: “A mesma celebração litúrgica, que se sustenta e se
apóia principalmente na Palavra de Deus, converte-se num acontecimento novo e
enriquece a palavra com uma nova interpretação e eficácia. Por isso a Igreja continua
fielmente na Liturgia o mesmo sistema que usou Cristo na leitura e interpretação das
Sagradas Escrituras, visto que ele exorta a aprofundar o conjunto das Escrituras, partindo
do ‘hoje’ de seu acontecimento pessoal (cf. Lc 4, 16-21; 24, 25-35. 44-49)”.
O impulso recebido pela Igreja, a partir das reflexões conclusivas expressas no
Documento de Aparecida e nas novas DGAE, faz-nos perceber que é preciso encontrarse verdadeiramente com Jesus Cristo, e este trabalho, passa pelo Ministério da Palavra.
Que sustentados pela graça de Deus, abracemos com ardor esta causa.
Perguntas para reflexão pessoal e em grupos:
1.
Como estamos valorizando o momento da Liturgia da Palavra em nossas
celebrações?
2.
Qual deve ser a nossa atitude espiritual durante a proclamação da Palavra?
3.
O que podemos fazer para melhorar o desempenho dos ministérios dos leitores e
salmistas em nossa comunidade? O que de bom já conseguimos?
Palavra de Deus: Livro ou Pessoa Viva?
Ainda é bastante comum a gente chegar no início de uma celebração litúrgica
e perceber que a "equipe" de liturgia está procurando leitores para aquela
celebração. É muito comum também, as leituras serem lidas de folhetos chamados
de "litúrgicos", o padre beijar o folheto no final do evangelho, não estante própria
para a Palavra... É muito comum ainda, o leitor não se comunicar com a assembléia
e o povo todo acompanhar a leitura lendo o folheto, cada um por si. Em algumas
comunidades, insiste-se em que todos tragam a Bíblia para fazer este
acompanhamento individual. O que pensar de tudo isso?
1. Fazer a leitura ou proclamar a Palavra?
Geralmente, quem aborda uma pessoa para ser leitor ou leitora, diz o
seguinte: "Você pode fazer a leitura hoje?"
Fazer uma leitura assim, até que é relativamente fácil. Se não houver palavras
complicadas no texto e se o leitor tiver um mínimo de prática, poderá se sair até
bem. Acontece que na liturgia, não se trata de "fazer a leitura", simplesmente. Tratase de proclamar a Palavra. É bem diferente.
Qual é a diferença?
Pode até parecer que é uma questão de lermos apenas. Mas não é.
Fazer a leitura significa ir lá na frente, ler o que está escrito para informação
minha e da comunidade. Ou, no pior dos casos, é apenas uma formalidade.
Celebração supõe leitura, alguém deve fazê-la; pouco importa se os presentes
entenderam o que foi dito ou se foram atingidos pelo que ouviram.
Proclamar a Palavra é um gesto sacramental. Coloco-me a serviço de Jesus
Cristo que, através da minha leitura, da minha voz, da minha comunicação, quer
falar pessoalmente com o povo reunido.
O Documento Conciliar sobre a Sagrada Liturgia (Sacrosanctum Concilium) o
exprime da seguinte maneira, no artigo 7: "Presente está pela sua Palavra, pois é
Ele mesmo que fala quando se lêem as Sagradas Escrituras na Igreja", isto é, na
comunidade reunida.
2. Uma realidade sacramental, feita de sinais visíveis
A presença de Jesus Cristo pela sua Palavra é uma presença simbólico
sacramental. Passa pelos sinais sensíveis: o leitor, a leitura, o tom de voz, o lugar
da proclamação, a comunicação entre o leitor e ouvintes, a disposição em ouvir da
parte da assembléia.
Os sinais realizam o que significam. Mas a significação não é automática,
depende da comunicação, depende da compreensão. Depende, portanto, de um
trabalho a ser feito pela equipe, preparando os leitores e preparando o povo. Como
é que poderá haver comunicação entre Jesus e o povo reunido se os microfones
não funcionam direito, se o leitor ou leitora não pronunciam direito as palavras, se a
estante da Palavra fica escondida atrás de um pilar, ou se os leitores ficam
escondidos atrás da estante? Como é que poderá haver comunicação entre Jesus e
o povo reunido, se a leitura vem numa linguagem tão complicada ou erudita que o
povo não acompanha, se a homilia não ajuda a olhar a vida, a realidade do dia-a-dia
com os olhos de Deus? Como é que poderá haver comunicação entre Jesus e o
povo reunido se as preces que são a resposta do povo à Palavra ouvida nas leituras
e na homilia vem prontas nos folhetos?
3. O lugar da proclamação da Palavra
O Concílio desenterrou uma expressão antiga: mesa da Palavra. Diz que na
Igreja deve haver duas mesas: a mesa da Eucaristia e a mesa da Palavra. Duas
mesas nas quais a vida de Cristo é repartida em alimento para nossa vida: o
alimento da Palavra e o alimento de seu Corpo e Sangue.
Geralmente, essa "mesa" da Palavra tem a forma de uma estante, em cima da
qual se coloca a Bíblia. Mas pode ter também a forma de um tipo de púlpito ou
"ambão", principalmente nas igrejas maiores. Em todo caso, não deve ser pequena
demais em relação ao altar. Não é bom ter um altar enorme e uma estante
insignificante. Daria a impressão que a Palavra não é tão importante. No caso de
uma igreja ou capela bem pequena, onde não há espaço para duas mesas,
podemos colocar a Bíblia em cima da mesa do altar e fazer a leitura do altar.
Muitas comunidades enfeitam a estante ou com um pano bonito da cor do
tempo litúrgico ou com um vaso de flores ou folhagem, ou com velas, ou com um
jato de luz.
Observe: na Igreja ou Capela de sua comunidade há um lugar próprio para a
proclamação da Palavra? É bem destacado? É enfeitado em dias de festa? Ajuda a
gente a dar valor à Palavra de Deus?
4. O livro de onde se faz a leitura.
Em cima da Estante da Palavra, cabe permanentemente uma Bíblia. Quem
entra na Igreja, vê a Estante, vê a Bíblia em cima e logo relaciona com a Palavra de
Deus. É na Bíblia que devemos fazer as leituras bíblicas, de preferência.
Existem também os lecionários, livros de leitura bíblica na liturgia. Já trazem as
leituras certas para cada domingo ou para cada dia da semana. Trazem a vantagem
de não precisarmos procurar as leituras na Bíblia, em livros separados, ou pular os
versículos que não entram na leitura litúrgica.
O que jamais deveríamos fazer é ler de um folheto! É muito prático, mas
como sinal da Palavra de Deus é muito fraco. Muito sem aparência, muito
descartável. O folheto é usado neste domingo e depois é jogado fora. Como é que o
folheto pode criar em nós o respeito pela Palavra de Deus? Vamos supor que uma
comunidade ache difícil procurar as leituras na Bíblia, cada domingo, ou acha difícil
a tradução da Bíblia; não tem dinheiro também para comprar os lecionários. Por
isso prefere ficar com o folheto. Mas então que coloque o folheto dentro da Bíblia,
para que fique clara a origem da leitura. Não é uma leitura qualquer de um
"jornalzinho"; é uma leitura da Bíblia.
Além da Estante da Palavra, há ainda outros meios de vivenciarmos a
importância da Bíblia como sinal da Palavra de Deus: antes da leitura do Evangelho,
a Bíblia é beijada pelo leitor, pelo celebrante e às vezes, também por toda a
comunidade, quando esta é relativamente pequena. Nos dias de grande festa,
podemos incensar a Bíblia antes da leitura do Evangelho.
Observe: na sua comunidade os leitores usam a Bíblia? O lecionário?
Folheto? Quais são os sinais ou gestos usados para valorizar a Bíblia?
5. Os leitores, ministros da Palavra .
Leitura não é aula, não é informação, não é noticiário. Leitura é Jesus Cristo
presente com o seu espírito, falando na comunidade, anunciando o Reino,
denunciando as injustiças, convocando a comunidade, convidando-a para a
renovação da Aliança, à conversão, à esperança, à ação, purificando e
transformando-nos. Por isso, alguém da comunidade é chamado a ser ministro,
servidor desta Palavra.
Não só pelo conteúdo da leitura, mas por todo o seu modo de ser e de falar,
de olhar e de se movimentar, é que o leitor ou a leitora deverão ser, no meio da
comunidade, sinais vivos do Cristo-Palavra e do seu Espírito. Se fosse pelo
conteúdo da leitura apenas, poderia ser mais interessante cada pessoa ler sozinha
num folheto ou na sua Bíblia. Mas a leitura litúrgica é um acontecimento
comunitário e sacramental. Jesus Cristo fala à comunidade reunida, pela mediação
do leitor ou da leitora. E o Espírito está presente na pessoa que lê e está atuante
também nos ouvintes, para que acolham a Palavra em suas vidas. Os ouvintes não
são leitores! Os ouvintes devem: ouvir, escutar, acolher a Palavra. Ouvem as
palavras proclamadas pelos leitores e têm os olhos fixos neles para não perderem
nem uma vírgula, nem um sinal daquilo que é anunciado.
É evidente que o leitor deverá ler e meditar a leitura em casa, durante a
semana, para poder ser ministro da Palavra. Ele deve de alguma maneira "sumir"
diante do Cristo, a quem empresta sua voz e seu jeito de se comunicar. O leitor é
também ouvinte. Enquanto proclama a Palavra, ele presta atenção, como toda a
comunidade, para tentar perceber o que o Espírito está querendo dizer à Igreja
naquele dia.
Antes da proclamação do Evangelho, está previsto um pequeno gesto, feito em
silêncio, que mostra claramente como deve ser a atitude dos leitores.
Quando é um diácono que irá fazer a proclamação, este se inclina diante do
sacerdote e pede a sua bênção; o sacerdote, então, diz: "O Senhor esteja em teu
coração e em teus lábios para que possas anunciar dignamente o seu Evangelho:
em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo". Quando é o próprio sacerdote a
fazer a proclamação ele se inclina diante do altar e reza assim: "Ó Deus TodoPoderoso, purificai-me o coração e os lábios para que eu anuncie dignamente o
vosso santo Evangelho". Os dois textos se referem ao coração e aos lábios. Ao
coração, porque é nele que acolhemos a Palavra e o Espírito do Senhor que é Amor;
a proclamação deverá partir do coração. Aos lábios porque são o instrumento de
comunicação. "Lábios" significa aqui todo o esforço feito para que a Palavra
concebida no coração, sob a ação do Espírito possa atingir o coração dos ouvintes,
possa gerar neles a Palavra que quer fazer-se carne outra vez, em nossa vida, em
nossa realidade. "Lábios" significa: dicção, entonação de voz, ritmo, respiração,
ênfase. Devemos deixar que o Senhor esteja presente nesse processo de
comunicação e, por isso, devera ser realizado com toda a dedicação e unção
possíveis. Também o olhar e a postura do corpo têm parte neste processo de
comunicação e até mesmo o alto-falante e a instalação de som.
Observe: na sua comunidade, os leitores estão sendo sinais vivos do Cristo
que fala a seu povo reunido? O que poderia melhorar?
6. Silêncio, Salmo, homilia, preces.
As leituras são apenas um elemento da Liturgia da Palavra. Há outros
elementos que as vêm completar. Pela homilia, a leitura recebe a sua necessária
atualização no hoje da história e da vida da comunidade. O silêncio possibilita a
necessária concentração e disponibilidade para ouvir e receber a Palavra, para fazêla ecoar dentro de nossa mente e nosso coração. O Salmo de resposta responde à
Palavra de Deus, com a própria Palavra de Deus. Falamos a Deus com as palavras
da revelação, nascidas no decorrer da história do povo de Deus, por inspiração do
Espírito Santo e que foram moldando a espiritualidade do povo a caminho.
As preces também são fruto do Espírito que nos faz atentos, ao mesmo
tempo, à Palavra proclamada e à história atual, dentro da qual devem ir se
realizando as promessas do Pai. Ele nos faz pedir de acordo com o desejo e o
projeto do Pai. Ele nos une ao Cristo glorificado sentado à direita de Deus,
intercedendo por seus irmãos, acolhendo o clamor do povo oprimido, pedindo
libertação. Portanto, as preces devem brotar do momento celebrativo. Devem ser
feitas pela comunidade que ficou atenta às leituras e à homilia e que se preocupa
com a vinda do Reino dentro de nossa realidade. As preces que vêm impressas nos
folhetos, podem às vezes ser muito bem elaboradas, porém, não equivalem à
oração viva, que nasce por inspiração do Espírito na comunidade, no momento
litúrgico e dentro do contexto atual de vida daquela comunidade, daquela
assembléia reunida.
7. Concluindo
Em muitas comunidades, a liturgia da Palavra ainda sofre de uma doença
muito séria: o formalismo, a rotina. É urgente nos curar deste mal. Devemos
redescobrir a liturgia da Palavra como um diálogo vivo, atual de Jesus com os seus
discípulos, um diálogo amoroso, através do qual o Senhor vem alimentar nossa
esperança, podar nossos vícios, aprofundar nossa fé, botar a comunidade com
mais firmeza no caminho do Reino. Mas isso só será possível se gastarmos tempo
e energia na formação dos ministros da Palavra e da Oração, se levarmos a sério a
presença atuante e dinâmica do Senhor e do seu Espírito em cada liturgia da
Palavra que realizamos.
Dicas práticas para quem quer fazer a leitura da Palavra
•
•
A proclamação da palavra é para os outros, não para si, por isso olhe para os
outros. Leia olhando para a assembléia, sem perder o ritmo, dando ênfase ao que
destaca. A assembléia deve olhar para o leitor e não para o folheto, valorizando a
proclamação. 99% da proclamação depende da preparação, 1% da execução, por
isso nunca improvise.
•
•
Fale direto no microfone, sem gritar e sem se colocar longe, para ser bem
ouvido. Cuide da acústica, que permita audição clara e precisa em qualquer parte
do templo. O mínimo de técnica é ter boa dicção, articulação, pausa e ritmo na
proclamação.
•
•
A Palavra deve ser proclamada, atualizada e respondida em espírito e
verdade. Evitar proclamação teatral (falsa), impessoal (neutra) e monótona
(retilínea) O texto faz eco na interpretação e vibra na significação dada pelo leitor. A
proclamação expressiva atinge os ouvidos, a compreensão e o coração de todos.
DIZER O NOME DE QUEM VAI FAZER
AS LEITURAS NA LITURGIA?
Principalmente em missas mais importantes, com grande afluxo de pessoas
vindas de diferentes lugares, existe muitas vezes, em nossas igrejas, o costume de dizer
o nome de quem vai proclamar a palavra de Deus. “Quem vai fazer a leitura é fulano...”,
proclama lá na frente o(a) comentarista para toda a assembléia reunida.
O nome de alguém sempre foi muito importante. Ele representa a própria pessoa.
E dizer o nome da pessoa, conseqüentemente, significa colocá-la como que em primeiro
plano, dar-lhe destaque frente à assembléia. É muito importante.
A Constituição sobre a Liturgia, do concílio Vaticano II, nos ensina que, “é Cristo
mesmo que fala quando se lêem as Sagradas Escrituras na Igreja” (SC 7). Portanto,
quando na liturgia se fazem as leituras, se canta o salmo e se proclama o Evangelho, é
Cristo mesmo que se comunica com seu povo reunido. Ele é o personagem central, o
grande protagonista da ação litúrgica. “Na liturgia Deus fala a seu povo. Cristo ainda
anuncia o Evangelho” (SC 33). É o que nos ensina a Igreja.
Assim sendo, quando o(a) comentarista diz o nome da pessoa que vai proclamar a
palavra de Deus na liturgia..., sabe o que acontece? Acontece uma espécie de
deslocamento de eixo, um “desvio de atenção” em relação Àquele que deveria ser o
personagem central e único do momento celebrativo. A atenção que deveria ser voltada
toda só para o Senhor que nos fala, para a sua Palavra, essa atenção de repente é
desviada, mesmo que seja por um instante só, para o nome da pessoa que vai fazer a
leitura. O nome da pessoa tomou o lugar da Palavra... Aconteceu uma espécie de “ruído”
teológico-litúrgico, uma desconcentração.
Pensemos! Naquele momento, no momento da Palavra, importante mesmo, mais
importante que tudo, e que unicamente merece destaque, é o Nome por excelência, isto
é, o Verbo que nos fala! Por isso, vale aqui aquela máxima do profeta João Batista: “É
necessário que ele cresça e eu diminua” (Jo 3,30). É necessário que a Palavra apareça, e
quem a proclama diminua.
Assim sendo, por causa da insubstituível dignidade que a palavra de Deus tem, fica
claro que se deve realmente evitar dizer o nome da pessoa que vai fazer a leitura na
missa ou em outras celebrações litúrgicas. E assim estaremos também colaborando para
que a Palavra, acima de tudo ela, apareça e cresça em toda a sua pujança no coração da
assembléia litúrgica!...
E se você fizer questão de dizer o nome do leitor ou da leitora, faça-o talvez antes
de a missa começar, mas não em plena celebração da liturgia. Por que? Você já sabe!...
Por causa da importância central da Palavra na celebração litúrgica, tão enfatizada pelo
concílio Vaticano II há quarenta anos já passados.
Perguntas para reflexão pessoal e em grupos:
1)
Em sua comunidade, há o costume de dizer o nome da pessoa que vai fazer a
leitura durante a liturgia?
2)
O que acontece de importante na hora em que se proclama uma leitura na
missa ou em outras celebrações litúrgicas?
3)
Por que então se deveria evitar dizer o nome da pessoa que vai proclamar a
Palavra, durante a celebração?
OS “COMENTÁRIOS” NA LITURGIA DA PALAVRA
Pe. Carlos Gustavo Haas
É comum em nossas celebrações o uso de subsídios, mais conhecidos como “folhetos”
para orientar e ajudar as comunidades a bem celebrar. Além dos “comentários” no início
da celebração, na preparação das oferendas, na comunhão e no final (sobre eles
falaremos em outra oportunidade), alguns folhetos apresentam um “comentário” para
cada uma das leituras enquanto que outros apresentam apenas um comentário geral, no
início da Liturgia da Palavra. Qual a maneira correta?
Na celebração litúrgica, as “introduções”, os “comentários”, prestam o serviço de “iniciar”,
despertar, dispor a assembléia para a ação litúrgica que irá acontecer. Para usarmos um
termo dos Meios de Comunicação Social, estas “introduções” poderiam ser comparadas
às “chamadas” que anunciam e preparam a assembléia para a escuta do Senhor.
No caso específico da Liturgia da Palavra, não é absolutamente necessário um
“comentário”. Poderia muito bem ser dispensado. Mas muitas comunidades sentem a
necessidade de uma pequena “motivação” ou introdução. Neste caso, é conveniente
fazer apenas um comentário para introduzir a Liturgia da Palavra, com a finalidade de
preparar e dispor os fiéis a ouvirem atentamente as três leituras (1a. leitura, 2a. leitura e
Evangelho).
Porquê? Desta forma, daremos mais valor à Palavra proclamada. Esta não pode ser
interrompida ou intercalada com comentários e explicações que quebrem sua unidade e o
ritmo da celebração. A explicação e a atualização da Palavra devem ser feitas em seu
local próprio, a homilia.
A assembléia litúrgica não é apenas destinatária da ação litúrgica, mas é protagonista,
povo sacerdotal, não dependendo de “palavras de ordem” para participar. A liturgia não
é apenas “palavra” mas uma ação ritual-simbólico-sacramental. Por isso, muito mais do
que um “comentário”, é a atitude do leitor, do salmista, do diácono ou do presidente da
assembléia que vai ajudar para que a Palavra seja ouvida e acolhida. Neste contexto,
para uma frutuosa proclamação e acolhida da Palavra, adquirem muita importância o
ambão, sua localização e sua ornamentação; um bom microfone; a veste litúrgica própria
dos leitores, um refrão orante.
Observemos o que dizem dois documentos litúrgicos:
a) Sacrosanctum Concilium, 35: “Procure-se também inculcar, por todos os modos, uma
catequese mais diretamente litúrgica, e prevejam-se nas próprias cerimônias, quando
necessário, breves esclarecimentos, feitos só nos momentos mais oportunos, pelo
sacerdote ou ministro competente, com palavras prescritas ou semelhantes às prescritas”.
b) Instrução Geral ao Missal Romano, 31: “Da mesma forma cabe ao sacerdote, no
desempenho da função de presidente da assembléia, proferir certas admoestações
previstas no próprio rito. Quando estiver estabelecido pelas rubricas, o celebrante pode
adaptá-las um pouco para que atendam à compreensão dos participantes; cuide, contudo,
o sacerdote de manter sempre o sentido da exortação proposta no livro litúrgico e a
expresse em poucas palavras. Pode, com brevíssimas palavras, introduzir os fiéis na
missa do dia, após a saudação inicial e antes do rito penitencial, na liturgia da palavra,
antes das leituras; na Oração eucarística, antes do Prefácio, nunca, porém, dentro da
própria Oração; pode ainda encerrar toda a ação sagrada antes da despedida” .
Seria interessante retomar tudo o que o Missal Romano prevê para a celebração da
Liturgia da Palavra, com destaque aos momentos de silêncio após cada leitura (cf. IGMR,
128-134). Aí está claro que os “comentários” não têm a finalidade de dar informações
catequéticas ou moralistas, mas devem ser mistagógicos, isto é, conduzir a assembléia à
plena participação da ação litúrgica. Devem ser convites de cunho espiritual, sempre
discretos, orantes, a serviço do diálogo entre Deus e seu povo reunido, portanto, sem
interrupção do fluxo do rito. Vale lembrar um dos princípios na ação litúrgica: “que as
nossas palavras na Liturgia não neguem a Palavra, mas a sirvam”.
Seria igualmente interessante não mais usar a palavra “comentarista” ou “comentário” em
nossos folhetos, visto que não é este o espírito das monições apresentadas. Muitos usam
a palavra “animador” que, mesmo não sendo a ideal, é a que mais se aproxima da função
litúrgica exercida por esta pessoa.
Nota da Comissão de Liturgia sobre os Folhetos Litúrqicos
A Comissão Episcopal Pastoral para a Liturgia (CEPL) realizou, nos dias 02 e 03 de
julho de 2007, em Aparecida, São Paulo um encontro com os responsáveis pelos
"folhetos litúrgicos" do Brasil.
O assunto estudado e debatido pelos participantes, com a ajuda de nossos
assessores, foram os "comentários" apresentados nos folhetos litúrgicos em diversos
momentos da celebração. Com o pleno consenso dos participantes do referido encontro,
a CEPL faz um apelo a todos os responsáveis pelos folhetos litúrgicos para que se
apresente apenas um comentário para introduzir a Liturgia da Palavra, com a finalidade
de preparar e dispor os fiéis a ouvirem atentamente as três leituras (1a. leitura, 2a. leitura
e Evangelho). Assim não mais se teria, separadamente, um comentário para cada uma
das leituras.
Optamos por essa decisão, para darmos mais valor à Palavra proclamada. Esta
não pode ser interrompida ou intercalada com comentários e explicações que quebram
sua unidade e o ritmo da celebração. A explicação e a atualização da Palavra devem ser
feitas em seu local próprio, a homília. A assembléia litúrgica não é apenas destinatária da
ação litúrgica, mas é protagonista, povo sacerdotal, não dependendo de "palavras de
ordem" para participar. A liturgia não é apenas "palavra" mas uma ação ritual simbólicosacramental. Por isso, muito mais do que um "comentário", é a atitude do leitor, do
salmista, do diácono ou do presidente da assembléia que vai ajudar para que a Palavra
seja ouvida e acolhida. Neste contexto, para uma frutuosa proclamação e acolhida da
Palavra, adquirem muita importância o ambão, sua localização e sua ornamentação; um
bom microfone; a veste litúrgica própria dos leitores, um refrão orante.
Na celebração litúrgica, as "introduções" prestam o serviço de "iniciar", despertar,
dispor a assembléia para a escuta atenta da Palavra. Para usarmos um termo dos Meios
de Comunicação Social, estas "introduções" poderiam ser comparadas às "chamadas"
que anunciam e preparam a assembléia para a escuta do Senhor.
Fundamentamos nosso pedido em dois documentos litúrgicos:
a)
Sacrosanctum Concilium, 35: "Procure-se também inculcar, por todos
os modos, uma catequese mais diretamente litúrgica, e prevejam-se nas próprias
cerimônias, quando necessário, breves esclarecimentos,
feitos só nos momentos mais oportunos, pelo sacerdote ou ministro competente, com
palavras prescritas ou semelhantes às prescritas".
b)
Instrução Geral ao Missa) Romano, 31: "Da mesma forma cabe ao
sacerdote, no desempenho da função de presidente da assembléia, proferir certas
admoestações previstas no próprio rito. Quando estiver estabelecido pelas
rubricas, o celebrante pode adaptá-las um pouco para que atendam à
compreensão dos participantes; cuide, contudo, o sacerdote de manter sempre o
sentido da exortação proposta no livro litúrgico e a expresse em poucas palavras.
Pode, com brevíssimas palavras, introduzir os fiéis na missa do dia, após a
saudação inicial e antes do rito penitencial, na liturgia da palavra, antes das
leituras; na Oração eucarística, antes do Prefácio, nunca, porém, dentro da própria
Oração; pode ainda encerrar toda a ação sagrada antes da despedida".
Seria interessante retomar tudo o que o Missal Romano prevê para a celebração
da Liturgia da Palavra, com destaque aos momentos de silêncio após cada leitura (cf.
IGMR, 128-. 134). Aí está claro que os "comentários" não têm a finalidade de dar
informações catequéticas ou moralistas, mas devem ser mistagógicos, isto é, conduzir a
assembléia à plena participação da ação litúrgica. Devem ser convites de cunho espiritual,
sempre discretos, orantes, a serviço do diálogo entre Deus e seu povo reunido, portanto,
sem interrupção do fluxo do rito. Vale lembrar um dos princípios na ação litúrgica: "que as
nossas palavras na Liturgia não neguem a Palavra, mas a sirvam".
Pedimos também não mais usar a palavra "comentarista" ou "comentário" em
nossos folhetos, visto que não é este o espírito das monições apresentadas. Muitos usam
a palavra "animador" que, mesmo não sendo a ideal, é a que mais se aproxima da função
litúrgica exercida por esta pessoa.
Aproveito a ocasião para agradecer aos responsáveis pelos folhetos litúrgicos que
estiveram presentes no encontro promovido por nossa Comissão, sua boa vontade e seu
empenho em
apresentar e ajudar nossas comunidades a bem celebrarem o Mistério
Pascal, como Igreja reunida pelo Pai.no amor de Cristo, pela ação do Espírito Santo.
Convido a todos para assumirem nosso pedido neste espírito, e desde já os
convido para o próximo encontro que será nos dias 30 de junho e 1o. de julho de 2008,
em Aparecida, São Paulo. Aparecida, São Paulo. Brasília, 6 de agosto de 2007.
Festa da Transfiguração do Senhor Dom Joviano de Lima Júnior Arcebispo
de Ribeirão Preto Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Liturgia
Perguntas para os grupos:
1.
Como percebemos os “comentários” em nossas celebrações? Lemos dos
“folhetos”? Preparamos textos próprios? Em que momentos os fazemos?
2.
Qual a importância e a função da pessoa que exerce o ministério de
animador(a) da celebração?
3.
Proposta: sem consultar os “folhetos litúrgicos”, vamos preparar juntos o que
será dito pelo(a) animador(a) da celebração do próximo domingo?
A DIGNIDADE DA PALAVRA DE DEUS
Os cuidados que devemos ter durante a Celebração Litúrgica ao proclamar a Palavra de
Deus.
No nosso último artigo vimos os diversos tipos de lecionários que são livros próprios pra a
Proclamação da Palavra de Deus. Na verdade, os lecionários são como que “Bíblias”
editadas especialmente para a ação litúrgica. Neles encontramos os textos já prontos
para a celebração, evitando que fiquemos procurando diretamente no livro das Sagradas
Escrituras. Por isso os lecionários mais novos trazem no alto da capa a inscrição “Palavra
de Deus”. E na verdade são Palavra de Deus!
Por isso mesmo o livro do lecionário deve ser um livro digno, bonito e bem conservado,
pois estamos falando da Palavra de Deus. Cada comunidade deveria esmerar-se em ter o
livro próprio para a proclamação da Palavra da Celebração Litúrgica.
E veja que usamos o termo “proclamar” (que também é usado na introdução do
lecionário, o chamado “Elenco das leituras da Missa”), que é muito mais forte do que
simplesmente “fazer” a leitura, como estamos acostumado a ouvir. “Ah, é fulano quem vai
fazer a leitura na Missa de hoje”. Está errado! Não “ser faz uma leitura”, mas se proclama
a Palavra de Deus. “É fulano quem vai proclamar hoje a primeira leitura”. Na Liturgia da
Palavra nós ouvimos a sonora proclamação da Palavra de Deus. Segundo o documento
Sagrado Concílio (em latim: Sacrosanctum Concilium – sigla: SC), do Concílio Vaticano
2°, uma das presenças fortes de Cristo na sua igreja é quando se proclamam as
escrituras na ação litúrgicas, “pois é Ele mesmo que fala quando se lêem as Sagradas
Escrituras na Igreja” (SC 7). E isso traz conseqüências muito comprometedoras para
quem proclama a Palavra. Quem proclama está emprestando sua voz a Deus, para que
Ele, durante a solene ação litúrgica, nos mostre seus caminhos, nos oriente e nos
console. Por isso aquele ou aquela que proclama a palavra deveria preparar-se muito
bem.
Para preparar proclamação da Palavra de Deus é preciso tempo e dedicação. É
inaceitável escolher um leitor para a Palavra de Deus cinco minutos antes de começar a
celebração. Corre-se o risco de fazer uma proclamação muito mal feita, sem vida, sem ter
entendido o sentido daquilo que se está proclamando. Como disse, para proclamar a
Palavra é preciso investir tempo, dedicação e atenção. A pessoa indicada para a
proclamação da Palavra na liturgia deveria começar a preparar a leitura uma semana
antes da celebração. Durante toda semana, um pouco antes da celebração, a pessoa
deveria pegar o texto e ler, reler e meditar. Ela deveria sentir o texto é seu, ou seja, deve
sentir-se anunciando, em nome de Deus. E isso não se faz da noite para o dia e muito
menos cinco minutos antes da celebração. Um padre amigo meu deu uma fórmula
exagerada, mas que serve bem para entendermos a dedicação na preparação da
proclamação da Palavra de Deus. Ele dizia que a pessoa deve pegar a Bíblia (ou o
lecionário), pegar a leitura, escolher uma arvore qualquer (sim, uma árvore) e ficar lendo a
leitura para a arvore. No momento em que a arvore se dobrar, é sinal de que a leitura está
pronta para ser anunciada na assembléia litúrgica. Claro que ele está exagerando, mas
serve como alerta. A pessoa deve ler, reler e, acima de tudo, meditar a Palavra antes da
proclamação.
Sentido do texto - Um segundo ponto ao qual os proclamadores da Palavra de Deus
devem estar atentos é ao sentido do texto que está sendo proclamado. O leitor deve se
perguntar: É um texto de denúncia? Trata-se de uma exortação? Para quem o autor
bíblico está falando? Ou é Deus que fala naquele texto, ao invés de um profeta? Quem é
a personagem central? Quais são os sentimentos do autor e o que você percebe?
À primeira vista tudo isto parece muito complicado, mas não é. A própria CNBB
(Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), em suas Diretrizes Gerais da Ação
Evangelizadora (DGAE) da Igreja no Brasil 2003 – 2006, nos dá excelentes e preciosas
dicas para o que se chama de Ministério da Palavra. Para os bispos a “proclamação da
Palavra na liturgia torna-se para os fieis a primeira e fundamental escola da fé” (DGAE,
21). Por isso devemos nos empenhar para que a Palavra de Deus seja cada vez melhor
proclamada durante o ano litúrgico. Para que isso aconteça de verdade em nossas
comunidades, os proclamadores da Palavra de Deus devem aperfeiçoar-se não somente
na técnica de proclamação, mas também, no estudo das Sagradas Escrituras, procurando
não só um aprofundamento para si, mas para que sua proclamação seja cada vez mais
eficaz, a ponto de penetrar nas vidas das pessoas.
Não podemos aqui deixar de falar também na preparação técnica. Saber ler é uma arte,
um dom, que pode e deve ser aprendido sim. Ninguém de nós é tão bom que não
necessite aprender nada. E as comunidades podem partilhar os conhecimentos e
aprender juntos técnicas para melhor proclamar a Palavra de Deus. Tudo isso em vista
não só da técnica pela técnica, o que não seria nem cristão, mas tudo para melhor
proclamar a Palavra de Deus, afinal, Ele fala conosco em cada Liturgia da Palavra. Em
cada Celebração, a Palavra de Deus é um toque em nossos corações, seja nos
motivando, seja nos dando alento, seja nos aconselhando, seja nos instruindo.
Estudo do sentido das Sagradas Escrituras, técnicas de leitura, aperfeiçoamento
constante: nosso povo merece ouvir em bem a Palavra de Deus! E a Palavra de Deus
tem que ser proclamada e bem proclamada, até atingir o coração do nosso povo!
DIZER O NOME DE QUEM VAI FAZER
AS LEITURAS NA LITURGIA?
Principalmente em missas mais importantes, com grande afluxo de pessoas
vindas de diferentes lugares, existe muitas vezes, em nossas igrejas, o costume de dizer
o nome de quem vai proclamar a palavra de Deus. “Quem vai fazer a leitura é fulano...”,
proclama lá na frente o(a) comentarista para toda a assembléia reunida.
O nome de alguém sempre foi muito importante. Ele representa a própria pessoa.
E dizer o nome da pessoa, conseqüentemente, significa colocá-la como que em primeiro
plano, dar-lhe destaque frente à assembléia. É muito importante.
A Constituição sobre a Liturgia, do concílio Vaticano II, nos ensina que, “é Cristo
mesmo que fala quando se lêem as Sagradas Escrituras na Igreja” (SC 7). Portanto,
quando na liturgia se fazem as leituras, se canta o salmo e se proclama o Evangelho, é
Cristo mesmo que se comunica com seu povo reunido. Ele é o personagem central, o
grande protagonista da ação litúrgica. “Na liturgia Deus fala a seu povo. Cristo ainda
anuncia o Evangelho” (SC 33). É o que nos ensina a Igreja.
Assim sendo, quando o(a) comentarista diz o nome da pessoa que vai proclamar a
palavra de Deus na liturgia..., sabe o que acontece? Acontece uma espécie de
deslocamento de eixo, um “desvio de atenção” em relação Àquele que deveria ser o
personagem central e único do momento celebrativo. A atenção que deveria ser voltada
toda só para o Senhor que nos fala, para a sua Palavra, essa atenção de repente é
desviada, mesmo que seja por um instante só, para o nome da pessoa que vai fazer a
leitura. O nome da pessoa tomou o lugar da Palavra... Aconteceu uma espécie de “ruído”
teológico-litúrgico, uma desconcentração.
Pensemos! Naquele momento, no momento da Palavra, importante mesmo, mais
importante que tudo, e que unicamente merece destaque, é o Nome por excelência, isto
é, o Verbo que nos fala! Por isso, vale aqui aquela máxima do profeta João Batista: “É
necessário que ele cresça e eu diminua” (Jo 3,30). É necessário que a Palavra apareça, e
quem a proclama diminua.
Assim sendo, por causa da insubstituível dignidade que a palavra de Deus tem, fica
claro que se deve realmente evitar dizer o nome da pessoa que vai fazer a leitura na
missa ou em outras celebrações litúrgicas. E assim estaremos também colaborando para
que a Palavra, acima de tudo ela, apareça e cresça em toda a sua pujança no coração da
assembléia litúrgica!...
E se você fizer questão de dizer o nome do leitor ou da leitora, faça-o talvez antes
de a missa começar, mas não em plena celebração da liturgia. Por que? Você já sabe!...
Por causa da importância central da Palavra na celebração litúrgica, tão enfatizada pelo
concílio Vaticano II há quarenta anos já passados.
Perguntas para reflexão pessoal e em grupos:
1)
Em sua comunidade, há o costume de dizer o nome da pessoa que vai fazer a
leitura durante a liturgia?
2)
O que acontece de importante na hora em que se proclama uma leitura na
missa ou em outras celebrações litúrgicas?
3)
Por que então se deveria evitar dizer o nome da pessoa que vai proclamar a
Palavra, durante a celebração?
DICAS PARA UMA BOA EDUCAÇÃO VOCAL
(Sepac - Serviço à Pastoral du Comunicação).
• Tomar pelo menos 8 (Oito) copos de água diariamente.
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• Não respirar de boca aberta se o ambiente for úmido, com mofo;
• O Nariz tem.função de purificar o ar. Sempre que não estiver falando,
..•respirar pelo nariz;
• Não sair com voz aquecida na friagem (se fizer, usar cachecol e não respira
pela boca);
• Tomar cuidado com gelado, ele baixa a resistência do corpo;
• Doces e derivados do leite e mel, faz salivar muito;
• Chá, sem açúcar, é uma boa opção;
• Inimigos da voz: Chocolate, café e fumo.
• Maçã é ótimo para cortar a salivação excessiva;
• Gengibre é uma boa opção ou chá de menta, antes de dormir. Não sair na
friagem após tomar estes produtos.
• Cansaço físico (estafa) afeta a voz. O repouso vocal é importante para
conservá-la. É aconselhável fazer ressonância.
• Não sussurrar (é o mesmo esforço que falar alto). Para sussurrar é preciso
usar ressonância baixa.
• Usar taponagem (batidas leves para soltar o catarro, melhor nas costas) e
inalação quando estiver com o peito cheio de catarro.
• Sauna é ótimo.
• Quando Acordamos, nosso corpo está em estado basal,,, portanto é preciso
diminuir o esforço vocal. Quanto mais frouxa a garganta, mais a voz fica
densa. Quando--se usa tencionar a garganta, a voz afina. Não gritar ao
acordar.
• Não concorrer com a voz em ambiente ruidoso.
Exercício de articulação:
Inicialmente pronunciar estas seqüências com calma, sem carregar nas articulações, "saboreando"
as palavras. Em seguida, variar a velocidade e a tonalidade .
Z AS ;XAS PRAS NAS DRAS CAS VÁS VRAS TAS TRÁS MAS LÁS J ÁS GÁS CRAS
BÁS BRÁS SÃS RÃS GRAS FÁS QÜÁS PÁS FRAS
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ZES XES VÊS VRES TÊS TRÊS PRÊS, NÊS MÊS LÊS JÊS GUÊS DRÊS1" QUÊS CRÊS BÊS
BRÊS SÉS RÉS GRÊS FÉS GÜÊS PÊS FRÊS
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RÔS PRÓS NÓS MÓS LOS JÔS GUOS GROS FÓS DRÓS QUÔS CRÒS BÔS BROS QUÔS
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BRÈN
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XEN VEM VREN TEN TREN SEM
QUEN PEN
PREN NEN
MEN LEN
FREN DEN
DREN CREN BEM BREN
GEN
TREINAMENTO PARA OBTER FÔLEGO
REN
PREN
GUEN GREN
FREN
IMPORTANTE
Tentar falar este texto usando todo o ar que inspirou. Quanto menos
inspirações você der, mais fôlego estará desenvolvendo.
//CAFÉ COM PÃO/ CAFÉ COM PÃO / CAFÉ COM PÃO
Virgem Maria / Que foi com isso maquinista / Agora sim / Agora sim / Café com pão /
Agora sim / Agora sim / Agora sim / Café com pão!
Voa fumaça / Corre cerca / Ai seu foguista / Bota fogo / Na fornalha / Que eu preciso /
Muita força / Muita força / Muita força / Foge bicho / Foge povo!
Passa ponte / Passa poste / Passa pasto / passa boi / Passa boiada / Passa galho / De
ingazeira / Debruçada / No riacho / Que vontade / De cantar!
Quando me prenderam / No canaviá / Xada pé de cana / Era um oficia / Menina bonita /
Do vestido verde / Me dá tua boca / Pra matar minha sede !
Vou mimbora / Vou mimbora / Não gosto daqui / Nasci no sertão / Sou de
Ouricuri / Vou depressa / Vou correndo / Vou na toda / Que só levo / Pouca
gente / Pouca gente / Pouca gente. //
"O SEGREDO DO SUCESSO É O TREINAMENTO"!.
Repita várias vezes, até conseguir falar todo o texto num só fôlego!
TEATRO UNIVERSITÁRIO "DICÇÃO" - Prof. Otávio Cardoso (Articulação - flexibilidade)
Bela baiana boneca de bronze bailava brejeira um burlesco bendenguê da Bahia no
barraco do babalaô que borborinha / e dançam depressa disciplinados e decididos os dez
dedos delgados da datilografa dinâmica que decifra os documentos / na oficina "quem
com ferro fere com ferro morre" forjam frente a frente a fronte a afronta o ferreiro
Felizberto Felizardo e seu filho Frederico Furtado farto de fazer força / enquanto hábil
Leonel leva o animal indócil pela alameda marginal sob céu azul / e o mameluco
melancólico meditava e a megera megalocéfala macabra maquiavélica mastigava
mostarda na maloca miasmática no momento / em que o Pedro Paulo Pacífico da Paixão
pacato e pachorrento preto da propriedade do meu pranteado pai provava uma pinga e
tomava um piléque / porque o pardal pardo paira por ser o pardal pardo palrador dei rei
perquiridor /já que / o rato a ratazana e o ratinho roeram as rútilas roupas e rasgaram as
ricas rendas da rainha Dona Urraca de Rombarral / pois o assassino sensual sugava o
seu sangue sobre o seu seio sem cessar passando sedento certo dia por Santos / quanto
o turco tatuado troncudo e tagarela com o tabuleiro a tiracolo troca tudo pelo triplo com
trajes ternos toucas tartarugas talismãs e talheres /já que / nasceu no Nanuque no tempo
do Nono da Nenem e da Nini naquela noite nociva nula e inútil / quando o vento veloz
varre a várzea e o verdugo violento vergasta a vegetação de Votuverava no / globo grácil
e glacial conglomerado no Congo / ganhando agasalho grande no gramado gateado e
galhardo das bruzundangas do bricabraque que abrangem brequeis de bronze brunido / e
/ acrósticos cravados na cruz de crisálidas da criança acreana / irmã da hidra da dríade e
do dragão ladrão do dromedário druida que viajava na frota de frágeis fragatas fretadas
por frustrados franco atiradores e pelo / grumete desgrenhado que gritava na gruta de
grisu / à entrada triunfal da tropa de trezentos truculentos troianos em trajes tricolores
com / pratos de prata premiada e preciosa sem preço que foi presente do preceptor do
primaz e do lavrador lavrense que estudava as livrilhas e as lavrascas do livreiro que / no
tablado oblongo tinha emblemas das blusas das oblatas oblíquas com o changor dos
clarins dos ciclistas ecléticos eclodindo / a flâmula flexível no florete do flébil flibusteiro
fluorescente / aglomerado na gleba glacial que glosava a inglesa que glisava / enquanto
na réplica a plebe pleiteia planos plausíveis / de magnetismo ignorado pelo insignificante
gnomo gnatodonte / adverso do advogado maligno e ignorado / enquanto a gata
amarrada arranha a aranha. Um prato de trigo para três tigres.
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ANEXO PARA O LEITORATO O valor litúrgico da Palavra de Deus