ADORAÇÃO a DEUS (e não ethelothraskeia) Escola Dominical - IPJG Presb. Geraldo M. B. Valim 8 de julho de 2012 Adoração A esse respeito, NÃO podemos deixar de começar afirmando que SOMENTE DEUS deve ser adorado e cultuado. O próprio Senhor,quando foi confrontado pelo diabo, disse: “AO SENHOR TEU DEUS ADORARÁS, E SÓ A ELE DARÁS CULTO.” Mateus 4:10. 2 Adoração Jesus havia se retirado para o deserto, e apareceu o diabo. O Senhor o reconheceu, e colocou as coisas em ordem. Mas às vezes a coisa é mais sutil, como Paulo mostra: 3 Adoração “Tais coisas, com efeito, têm aparência de sabedoria, como CULTO DE SI MESMO, e de falsa humildade, e de rigor ascético; todavia, não têm valor algum contra a sensualidade.” Colossenses 2:23. 4 Adoração O termo grego é ethelothaskeia, bem traduzido por CULTO A SI MESMO. Uma pretensa religiosidade, uma observância religiosa autoimposta, para suprir sob medida as necessidades do “adorador”, mas que nem para ele resolve o problema religioso. 5 Adoração O próprio Senhor Jesus falou: “Este povo me honra com os lábios, mas seu coração está longe de mim. Em vão me adoram; seus ensinamentos não passam de regras ensinadas por homens”. Mateus 15:8,9 (NIV) 6 Adoração Porque o Senhor disse: Pois que este povo se aproxima de mim, e com a sua boca, e com os seus lábios me honra, mas o seu coração se afasta para longe de mim e o seu temor para comigo consiste só em mandamentos de homens, em que foi instruído; Isaías 29:13 7 Adoração Durante a história de Israel, há uma advertência constante para o povo não cultuar nem adorar outros deuses, senão o Deus verdadeiro. E mais ainda, tanto o V.T como o N.T. ensinam que Deus deve ser cultuado e adorado como Ele nos ensina: 8 Adoração “Os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade. São estes os adoradores que o Pai procura. Deus é espírito, e é necessário que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade”. João 4:23,24. 9 Adoração Na realidade, o que passar disso pode ser enquadrado como “superstição”, que é a crença em relações de causa e efeito contrárias a racionalidade. 10 Adoração Quem assim pratica, acredita que certas ações rituais podem ter influência decisiva em sua vida, e por isso adéquam o culto as suas necessidades, ou seja, a si mesmos. É a ethelothraskeia, que Paulo falou. 11 Adoração O que Paulo ensinava era o culto racional: “Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo, e agradável a Deus, que é o vosso culto racional”. Romanos 12:1. Culto a Deus! 12 Adoração A palavra grega para esse culto, que deve ser prestado apenas a Deus, é latria, que significa “adorar”. A igreja romana diz que só a Deus ela presta culto de latria, e que aos santos se presta o culto de dulia (douleuo no grego significa honrar). 13 Adoração Seria um culto de veneração, não de ADORAÇÃO, aos santos. No caso de Maria, mãe de Jesus, ela recebe um culto de hiperdulia. Mas desde a reforma do século 16 sabemos que a dulia implica na invocação dos santos como 14 Adoração intermediários ou mediadores para com o Pai do céu, e a Bíblia é clara quanto a suficiência de Cristo como mediador e intercessor; além disso, mesmo a honra é apenas de Deus. 15 Adoração “Eu sou o Senhor, este é o meu nome; a minha glória, pois, não a darei a outrem, nem a minha honra, às imagens de escultura”. Isaias 42:8. 16 Adoração Já a palavra que nós usamos para a organização de nosso culto é liturgia. O termo grego é leitourgia, que por sua vez veio de ergosleitor, significando uma AÇÃO DO POVO, da COMUNIDADE. 17 Adoração A palavra leitourgia, no grego clássico, passou por quatro etapas de significado: Nos tempos antigos, significava um trabalho público voluntário, afim de bem servir ao estado; 18 Adoração Mais tarde, significou o trabalho obrigatório que o estado impunha aos cidadãos que possuíssem mais que três talentos (uma grande quantia de dinheiro para a época), e era remunerado pelo estado; 19 Adoração Mais tarde ainda, essa palavra, leitourgia, veio a descrever qualquer serviço; nos tempos do Novo Testamento leitourgia era uma palavra regular para o serviço de um sacerdote ou um servo prestado em um templo dos deuses. 20 Adoração No texto do grego usado no NT mesmo, a palavra leitourgia e suas derivadas têm três usos principais. São usadas para o serviço que uma pessoa presta a outra. Assim, quando Paulo levanta a coleta em dinheiro para os santos pobres de Jerusalém, o termo 21 Adoração que ele usa é leitourgen e leitourgia (Romanos 15:27; 2 Corintios 9:12), bem como quando ele fala a respeito do auxilio que os filipenses e Epafrodito lhe prestaram (Filipenses 2:17, 30). 22 Adoração São usadas para serviços especificamente religiosos (Lucas 1:23; Atos 13:2). Há dois usos de especial interesse em Paulo: 23 Adoração a) O magistrado, a pessoa que detém o poder, é chamado de leitourgos (Romanos 13:6). b) Paulo chama a si mesmo de leitourgos de Jesus Cristo aos gentios (Romanos 15:16). 24 Adoração O que aprendemos da palavra leitourgia é que tem um pano de fundo, que descreve um serviço voluntário, mas também um serviço imposto. 25 Adoração Aplica-se ao cristão, que trabalha para Deus e para os homens, em primeiro lugar porque quer, mas também porque o amor de Cristo o constrange. 26 Adoração O culto é litúrgico. É por querermos, e por devermos. É coletivo (e que, portanto, diz respeito à crença da comunidade) e também por isso deve ser organizado. O nosso culto aqui na IPJG segue uma liturgia. 27 Adoração Essa organização é antiga. João Calvino, em Genebra, tinha o culto baseado em três pontos: 1. no canto de salmos; 2. no uso de melodias, e não de harmonia (Melodia é a combinação de sons sucessivos; Harmonia é a combinação de sons simultâneos). A razão dessa distinção era 28 Adoração para se entender a letra dos salmos cantados; 3. o ponto central, a pregação da palavra. O culto na IPJG segue a orientação dos “Princípios de Liturgia” promulgados em 1951, pela IPB, que diz o seguinte: 29 Adoração “O culto público é um ato religioso, através do qual o povo de Deus adora o Senhor, entrando em comunhão com ELE, fazendo-lhe confissão de pecados e buscando, pela mediação de Jesus Cristo, o perdão, a santificação da vida e o crescimento espiritual. 30 Adoração É ocasião oportuna para proclamação da mensagem redentora do Evangelho de Cristo e para a doutrinação e congraçamento dos crentes”. 31 Adoração “O culto público consta ordinariamente de leitura da Palavra de Deus, pregação, cânticos sagrados, orações e ofertas. A ministração dos sacramentos, quando realizada no culto público, faz parte dele.” 32 Adoração A partir de uma estruturação inicial desde o tempo de Calvino, o culto reformado vem mudando, sempre conservando a pregação da palavra como ponto central e chegou assim hoje. 33 Adoração E continua mudando, dentro dessas diretrizes. Mas essas mudanças são sempre difíceis, por vários motivos. Uma das dificuldades é a nossa tendência a sermos conservadores. 34 Adoração Quando falamos de conservadorismo quero referir-me ao apego aos usos anteriores ou tradicionais. Cai fora de nossos objetivos tentar explicar as origens desse conservadorismo, e então vamos falar como o encontramos hoje. 35 Adoração Podemos observar, a grosso modo, três formas de conservadorismo nas nossas igrejas evangélicas. Primeiro, há o conservadorismo psicológico: os membros das igrejas estão acostumados a certa forma litúrgica. 36 Adoração Não é que eles tenham posições firmes sobre a forma litúrgica. Eles simplesmente estão ligados a um sistema religioso que lhes é familiar, e com o tempo se habituam a essas formas, e evitam qualquer inovação. 37 Adoração Qualquer coisa nova, no campo religioso, é visto como um sacrilégio. E, como regra geral, as pessoas não tem um conhecimento muito profundo da sua fé (crença), não vem razão para mudar de uma posição onde se sentem seguros. 38 Adoração A mudança de outros, mesmo que eles mesmos estejam fora dessa mudança, pode trazer insegurança. A tendência, nesse grupo, é ao imobilismo. Trata-se de uma expressão de uma convicção não verbalizavel de se estar correto. Se questionados, a resposta é porque sim. 39 Adoração É sério, pois todos deveriam ser capazes de submeter-se ao senhorio de Cristo, sabendo o que cremos, mesmo que isso nos seja incômodo. Se for como a Bíblia ensina (e aí está à dificuldade, a segurança em saber o que a Bíblia ensina), devemos aceitar, mesmo que nos seja incômodo. 40 Adoração Uma segunda forma de conservadorismo é o: conservadorismo histórico. As pessoas tem a tendência de se ligarem a um tipo específico de manifestação religiosa, litúrgica ou eclesiástica de maneira geral, 41 Adoração por respeito aos que a antecederam na fé, como uma fidelidade ao passado. Essa ligação ao passado é encontrada mais frequentemente em grupos minoritários, que vivem aonde a sua expressão religiosa é combatida pela maioria. 42 Adoração Por exemplo, em locais aonde o catolicismo é muito forte, onde os de confissão evangélica foram perseguidos, há uma tendência de ser da igreja por oposição aos católicos, conservando as formas de culto dos que foram perseguidos. 43 Adoração Sociologicamente, isso é entendido como relacionado a grupos históricos, que tem sua referencia no passado, em oposição a um antigo opositor. Por exemplo, os Amishes. 44 Adoração O mais importante para esses grupo é serem distintos dos seus opositores, sendo essa consideração a que prepondera sobre todas as outras. Se uma manifestação é nova, mesmo que biblicamente correta, ela é rejeitada. 45 Adoração Se uma manifestação lembrar, mesmo de longe, o grupo opositor, mesmo fora da liturgia ela é rejeitada. Uma festa folclórica, por exemplo, pode ser rejeitada por lembrar uma festa religiosa católica. Esse mesmo raciocínio se aplica a 46 Adoração oposição a certo ecumenismo, entre igrejas locais. Não se permitem acampamentos, EBFs, etc. É em nome da tradição que as pessoas se separam, mesmo quando há concordância de pontos de vista bíblicos. 47 Adoração Apenas um maior entendimento da sua própria fé permite distinguir o que é periférico do que é central na crença de cada um, e por isso quase sempre é mais seguro basear-se na história de grupos separados e não se unir para nada. 48 Adoração A terceira forma de conservadorismo é a mais séria. É o conservadorismo administrativo. Ele não se manifesta, como os outros dois, no indivíduo, mas sim na organização. Toda igreja é, e tem que ser, organizada, e sua organização é 49 Adoração instrumento do Espírito na manutenção da Igreja pelos milênios. E por isso, a Igreja tem suas estruturas administrativas e financeiras, seus ministérios, sua hierarquia, seus sínodos, e coisas bem comuns, como conta bancária, etc. 50 Adoração Mas, quando a Igreja se organiza desta maneira, ela deixa de ser puramente espiritual para ser também organizacional. Ela se torna uma verdadeira ONG! 51 Adoração Agora, toda a existência da Igreja é para ser e permanecer fiel ao seu Senhor, e para isso ela deve submeter a administração a direção do Espírito Santo. Mas não é fácil. Só de falar soa estranho. 52 Adoração Pois assim que a Igreja se torna uma organização, ela fica sujeita as leis e as determinantes sociais que se aplicam a uma organização. Ela é sobrecarregada pelo peso de ter que se integrar no mundo, e não é possível evitar isso. 53 Adoração Vemos organizações eclesiásticas que tentam não ser parte do mundo, isolar-se e fingir que só ela existe. É apenas uma tentativa vã, embora ligada a um idealismo. Todas as entidades que fazem isso 54 Adoração perdem o contato com a realidade, e vão ficando cada vez mais impossibilitadas de agirem como sal e luz para o mundo. O que a Igreja deve fazer para manter-se fiel a Deus é rever tudo o tempo todo, à luz da FÉ BÍBLICA. 55 Adoração E se a administração dominar a igreja, ela mesma vai impedir da luz brilhar e do sal de salgar. Isso pelo fato de uma boa administração, como deve ser a administração de uma igreja, ser muito sedutora aos crentes. 56 Adoração Primeiro, é sedutora porque ela é rígida, ou seja, fixa padrões bem definidos, com regras coerentes de atividades. E é mais fácil viver com regras bem determinadas do que termos que negociar toda vez que há uma atividade. 57 Adoração O risco aí, com estatutos e regulamentos, é transformar as relações interpessoais em relações legais. A administração tem que existir, mas é a administração que é da igreja, e não a igreja da administração. 58 Adoração É um risco semelhante ao do dinheiro. Quando fui a formatura de direito de meu sobrinho, o paraninfo disse que era para ganharem dinheiro, pois essa seria a profissão deles. 59 Adoração Mas, quando ganhassem os primeiros honorários, deveriam fazer um maço grande de notas de 100, e colocar na gaveta. E todo dia, antes de começar o trabalho, deveriam abrir a gaveta, 60 Adoração olhar para o dinheiro, e dizer: você é meu! Isso para tentar evitar o risco de, com o tempo, fosse o dinheiro que dissesse: você é que é meu! 61 Adoração Segundo, é sedutora por ser racional. A boa administração nos é atrativa, e nos protege de impulsos irracionais, e é capaz de tornar ordeira uma esfera de ação que potencialmente é desordeira, a esfera das atividades eclesiásticas. Aqui o risco é viver só por regras, e não pela fé. Outra vez. 62 Adoração Terceiro, a administração é uma força estabilizadora. Ela coloca as barreiras entre um grupo e outro, tornando a divisa nítida. Mas também perpetua uma determinada forma de organização, que é sentida como segura. 63 Adoração Essa segurança faz com que parâmetros administrativos durem mais que do que qualquer outro, passando de geração a geração. É por isso que as vezes nos deparamos com igrejas sem base espiritual nem religiosa, mas que seguem vivendo 64 Adoração administrativamente, como ONGs de trabalho social, sem expressão espiritual, e achando que isso é igreja, por manter a forma administrativa. Se alguém for a Europa, lá esse tipo de igreja é maioria. 65 Adoração Mas existem aqui, nos EUA, e em todo mundo. Outro grande exemplo é a igreja Católica Romana. A partir do Concilio de Trento, só para fixar posição frente aos questionamentos muito procedentes dos reformadores, 66 Adoração a administração romana tomou atitudes de fixar pontos que antes eram indeterminados, só com a lógica de que eram antagônicos aos reformadores. 67 Adoração E se formos ao Vaticano podemos ver ao vivo e a cores uma igreja medieval, fixada lá pela administração (cúria ou corte da igreja). 68 Adoração Outra grande força que atrapalha as possíveis mudanças em nossa liturgia, mesmo quando essas mudanças repeitam toda a base bíblica da adoração, é o sectarismo. 69 Adoração Se a mudança lembrar a de determinada denominação ou até mesmo de determinado grupo da mesma denominação, não serve. Outro aspecto do sectarismo são movimentos de renovação, que começam bem, mas vão evoluindo 70 Adoração sectariamente dentro da própria igreja, e acabam provocando divisões. A aula de hoje termina com bastante informação, e mais ainda, com muito material para reflexão (mesmo tendo só arranhado o tema), e com duas perguntas: 71 Adoração Quais ações podemos tomar para colaborar com a adoração em nossa igreja e continuarmos submissos ao Espírito Santo? 72 Adoração E como podemos aprimorar a administração da igreja? Em ambos os casos, a resposta deve evitar a ethelotraskeia !!!(culto a si mesmo) 73 Adoração 74