Mundo do Trabalho: Atualidades, Desafios e Perspectivas Homenagem ao Ministro Arnaldo Süssekind 5061.5 Mundo do Trabalho.indd 1 30/04/2014 10:17:15 5061.5 Mundo do Trabalho.indd 2 30/04/2014 10:17:15 Any Ávila Douglas Alencar Rodrigues José Luciano de Castilho Pereira (organizadores) Mundo do Trabalho: Atualidades, Desafios e Perspectivas Homenagem ao Ministro Arnaldo Süssekind 5061.5 Mundo do Trabalho.indd 3 30/04/2014 10:17:17 EDITORA LTDA. Todos os direitos reservados Rua Jaguaribe, 571 CEP 01224-001 São Paulo, SP — Brasil Fone (11) 2167-1101 www.ltr.com.br LTr 5061.5 Maio, 2014 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Mundo do trabalho : atualidades, desafios e perspectivas : homenagem ao Ministro Arnaldo Süssekind / Any Ávila, Douglas Alencar Rodrigues, José Luciano de Castilho Pereira, organizadores. — São Paulo : LTr, 2014. Bibliografia ISBN 978-85-361-2908-2 1. Direito do trabalho 2. Trabalho e classes trabalhadoras — Aspectos sociais 3. Trabalho e classes trabalhadoras — História I. Ávila, Any. II. Rodrigues, Douglas Alencar. III. Pereira, José Luciano de Castilho. 14-01918 CD34:331(091) Índice para catálogo sistemático: 1. Trabalho : Dirieto do trabalho : História 34:331(091) 5061.5 Mundo do Trabalho.indd 4 30/04/2014 10:17:17 Sumário Apresentação................................................................................................................................................................9 Süssekind e a Comissão de Peritos da OIT............................................................................................................11 Lelio Bentes Corrêa Arnaldo Süssekind....................................................................................................................................................15 Carlos Alberto Reis de Paula Estruturação e Desenvolvimento da Justiça do Trabalho no Brasil............................................................19 Mauricio Godinho Delgado; Gabriela Neves Delgado A Denúncia da Convenção n. 158 da OIT como Retrocesso Social: Desdobramentos Materiais dos Passos de Arnaldo Süssenkind..........................................................................................................................27 Daniela Muradas Reis; Pedro Augusto Gravatá Nicoli Direitos Humanos na Modernidade Avançada: o Trabalho na Era Cibernética.......................................35 Grijalbo Fernandes Coutinho As Bases do Modelo Sindical Brasileiro sob a Ótica da Teoria Crítica de Direitos Humanos...............46 Cristiano Siqueira de Abreu e Lima O Direito do Trabalho e a Negociação Coletiva no Brasil............................................................................58 Luciano Castilho Condutas Antissindicais: Construção de Jurisprudência Crítica no Brasil...............................................67 José Eymard Loguércio A Súmula n. 277 e a Defesa da Constituição.......................................................................................................79 Augusto César Leite de Carvalho; Kátia Magalhães Arruda; Mauricio Godinho Delgado A Ultra-Atividade das Normas Coletivas. Atualização de uma Nova Velha Questão...........................91 Roberto Pessoa —5— 5061.5 Mundo do Trabalho.indd 5 30/04/2014 10:17:17 “Batalhadores do Brasil”: Mundo do Trabalho Metamorfoseado e as Persistentes Desigualdades....100 Noemia Aparecida Garcia Porto Mão de Obra Estrangeira no Brasil e Brasileira no Exterior......................................................................111 Alexandre Agra Belmonte Novas Tecnologias e as Repercussões do art. 6º da CLT.................................................................................118 Maria Cristina Irigoyen Peduzzi Direito ao Desenvolvimento e Terceirização: Interrelações entre os Sistemas Econômico, Jurídico, Político e Moral.................................................................................................................................................124 Saulo Tarcísio de Carvalho Fontes Relações de Trabalho Terceirizadas no Serviço Público...............................................................................142 Any Ávila Assunção; Ulisses Borges de Resende Relações de Trabalho Precarizadas....................................................................................................................161 Luís Antônio Camargo de Melo Deslocamento do Centro do Poder Empregatício e o Salário-Resultado..................................................169 Amauri Cesar Alves Ambientes Saudáveis de Trabalho.......................................................................................................................180 José Augusto Rodrigues Pinto Dano Moral Ontológico e Dano Moral por Similitude Ontológica no Direito do Trabalho.............187 Antonio José de Barros Levenhagen A Garantia de Emprego contra Dispensa Discriminatória do Portador de HIV/AIDS........................196 Maria Cecilia de Almeida Monteiro Lemos; Rejane Alves da Silva Brito; Thiago Vilela Dania; Valéria de Oliveira Dias A Não Concorrência após o Término da Relação de Emprego......................................................................206 Rafael Grassi Ferreira Férias Anuais Remuneradas..................................................................................................................................221 Mauricio de Figueiredo Corrêa da Veiga A Formação Profissional de Juízes no Século XXI: Experiência da Enamat...............................................230 Aloysio Corrêa da Veiga; Giovanni Olsen Notas sobre a Súmula da Jurisprudência...........................................................................................................239 João Batista Brito Pereira Uma Execução Trabalhista Efetiva como Meio de se Assegurar a Fruição dos Direitos Fundamentais Sociais...................................................................................................................................................................247 José Roberto Freire Pimenta; Adriana Campos de Souza Freire Pimenta —6— 5061.5 Mundo do Trabalho.indd 6 30/04/2014 10:17:18 A Intuição no Campo do Direito..........................................................................................................................270 Pedro Paulo Teixeira Manus A Competência da Justiça do Trabalho Segundo a EC n. 45/2004.................................................................280 Alexandre Nery de Oliveira Recurso de Revista: Outro Enfoque....................................................................................................................294 Vantuil Abdala Prestação Jurisdicional e Racionalidade — as Ações Coletivas na Justiça do Trabalho.....................303 Douglas Alencar Rodrigues A Legitimidade das Entidades não Sindicais nas Ações Civis Públicas e Ações Civis Coletivas no Processo do Trabalho........................................................................................................................................314 Marcos D’Ávila Melo Fernandes —7— 5061.5 Mundo do Trabalho.indd 7 30/04/2014 10:17:18 5061.5 Mundo do Trabalho.indd 8 30/04/2014 10:17:18 Apresentação O final do século XIX marcou profundas e radicais alterações no curso da história do mundo. A segunda Revolução Industrial, alimentada por desenfreado liberalismo, tornava cada vez mais difícil a indicação do norte verdadeiro para o encontro de uma sociedade mais justa, na qual o dinheiro não fosse a razão de ser de todo desenvolvimento, com o homem sendo transformado em objeto descartável. A questão social foi a novidade da segunda metade do século XIX, quando tudo passou a ser questionado. Tal encruzilhada foi apreendida pelo papa Leão XIII, que, em maio de 1891, anotou o seguinte, na Encíclica Rerum Novarum: “A sede de inovações, que há muito tempo se apoderou das sociedades e as tem numa agitação febril, devia, tarde ou cedo, passar das regiões da política para a esfera vizinha da economia social. Efetivamente, os progressos incessantes da indústria, os novos caminhos em que entraram as artes, a alteração das relações entre os operários e patrões, a influência da riqueza nas mãos de um pequeno número ao lado da indigência da multidão, a opinião enfim mais avantajada que os operários fizeram de si mesmos e a sua união mais compacta, tudo isto, sem falar da corrupção dos costumes, deu em resultado final um terrível conflito.” Infelizmente, terríveis conflitos aconteceram, no século seguinte, o breve século XX, no dizer de Hobsbawm. Foi quando também ocorreu a Revolução Russa de 1917, que anunciou uma radical mudança nas relações internacionais, colocando em enorme destaque a tragédia ocorrendo em todo o mundo do trabalho, permitindo que o grito do Manifesto de 1848 ecoasse por toda parte. Enquanto isso, o século XX foi vítima de duas guerras mundiais: 1914 a 1918 e 1939 a 1945. Elas provocaram outras enormes tragédias, agravando a exposição da questão social. Também no Brasil, a preocupação social inundou as mentes mais jovens, mas somente a partir de 1930, sendo que uma dessas privilegiadas mentes foi, inegavelmente, a do jovem Arnaldo Süssekind, que nasceu no Rio de Janeiro, em 9 de julho de 1917, quando o mundo estava em completa ebulição. Desde muito jovem, Süssekind esteve na vanguarda do direito social, no Brasil, participando de indormida luta para dar dignidade ao trabalho humano nesta terra de Santa Cruz, que ainda não ouviu o grito da Declaração de Filadélfia de que o trabalho não é uma mercadoria e de que a penúria, seja onde for, constitui um perigo para a prosperidade geral. Como advogado, como professor, como magistrado, como jurista de escol, como inigualável doutrinador, como integrante de órgãos diretivos da Organização Internacional do Trabalho, ele sempre viu o Direito do Trabalho como um insubstituível instrumento de afirmação da dignidade humana do trabalhador. —9— 5061.5 Mundo do Trabalho.indd 9 30/04/2014 10:17:18 O Brasil muito deve ao Ministro Süssekind, na sustentação incansável de relações de trabalho marcadas pela dignidade do homem trabalhador, sem o que não se há falar em desenvolvimento democrático da economia, o que restou consagrado pela Constituição Federal de 1988. Daí ele insistentemente pregar que a legislação brasileira, em caso de reforma trabalhista, deveria impor um rol de direitos irrenunciáveis, abaixo dos quais não seria concebida a dignidade do ser humano. Não de direitos mínimos mas de direitos justos, arrematou o mestre. Note-se que já em 1990, em comentários à nova Constituição, ele escreveu, sobre tema sempre recorrente, o seguinte: “A flexibilização tem por objeto conciliar a fonte autônoma com a fonte heterônoma do Direito do Trabalho, tendo como alvo a saúde da empresa e a continuidade do emprego. No dizer de Giuseppe Ferraro, ela compreende ‘aquelas normas que legitimam a contratação coletiva a introduzir derrogações a normas inderrogáveis de lei, em consideração a particulares exigências conjunturais ou ambientais. Também alcança as normas que conferem à contratação coletiva uma finalidade complementar de integração do conteúdo legal, sem o que este ficaria incompleto e inoperante’. Contudo, se é certo que a flexibilização abre uma senda no princípio da inderrogablilidade das normas de ordem pública impostas pelo intervencionismo estatal, não menos certo é que essa exceção apenas confirma o princípio protetor do Direito do Trabalho, eis que, em última ratio, ela visa a amparar o trabalhador e a prestigiar a ação sindical na tutela dos interesses dos seus representados.” (cf. Comentários à Constituição — com outros autores. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1990. p. 334). Esta obra coletiva foi escrita para celebrar a memória do Ministro Arnaldo Süssekind, falecido em 9 de julho de 2012. Ele nasceu no alvorecer do século XX e faleceu no despertar do século XXI, no auge de sua invejável juventude, alimentada pelo sonho de Mário de La Cueva de que o Direito do Trabalho é uma das grandes utopias da História, na medida em que procura dar satisfação à esperança de assegurar a cada pessoa que trabalha uma vida digna para ela e para sua família, sem temor de ser transformada em simples mercadoria, subordinada às leis do mercado. Claro que esta utopia não pode levar ao extremo de acabar com a saúde da empregadora, como antes registrado. Mas percebe-se que este ainda é o tema central do mundo ocidental, como apontam as notícias vindas até mesmo dos chamados países desenvolvidos. Este livro procurou reunir importantes figuras que militam no mundo do trabalho como juízes, desembargadores, ministros, advogados, professores, para celebrar a vida de Arnaldo Süssekind, que levou a sério o verso de Drummond, ao cantar que já que ficou chato ser moderno, serei eterno. Com forte lembrança da privilegiada convivência com o Ministro Süssekind, reconheço que a razão está mesmo com Guimarães Rosa, ao dizer que só as pessoas não morrem: tornam a ficar encantadas. José Luciano de Castilho Pereira — 10 — 5061.5 Mundo do Trabalho.indd 10 30/04/2014 10:17:18