Prof Jean CURSO-CPCE CURSO PREPARATÓRIO PARA CONCURSOS EM ELETROTÉCNICA – CPCE ELETRICIDADE AULA 7 TÉCNICAS DE RESOLUÇÃO DE CIRCUITOS: • • • • • • • • Divisor de tensão Divisor de corrente Leis de Kirchhoff Corrente de malha Tensões nodais Teorema de Thevénin e Norton Superposição Máxima transferência de potência Prof.: Jean WWW.escoladoeletrotecnico.com.br 23 de maio de 2007 1 Prof Jean 7 - TÉCNICAS DE RESOLUÇÃO DE CIRCUITOS CURSO-CPCE 7.1 – Divisor de tensão O divisor de tensão é aplicado em circuitos de uma malha onde os elementos passivos estão em série. Ele é usado para calcular a QUEDA DE TENSÃO sobre um dos elementos em série a partir do valor da tensão aplicada sobre todos os elementos em série e dos seus valores em ohm. ou VR1 = V .R1 R1 + R2 + R3 VR 2 = V .R2 R1 + R2 + R3 VR 3 = V .R3 R1 + R2 + R3 Exemplo: Calcule a queda de tensão no resistor de 3Ω do circuito abaixo. Solução: V3Ω = 42 42 .3 = .3 = 3 .3 = 9 V 1 + 3 + 10 14 7.2 – Divisor de corrente O divisor de corrente é aplicado em circuitos de duas malhas onde os elementos passivos estão em paralelo. Ele é usado para calcular a CORRENTE em um dos elementos em paralelo a partir do valor da corrente total que alimenta os elementos em paralelo e dos seus valores em ohm. I R1 = R2 .I R1 + R2 I R2 = R1 .I R1 + R2 2 Prof Jean Exemplo: Calcule a corrente que flui pelo resistor de 2Ω e de 5 Solução: I10Ω = 5 5 .15 = .15 = 5 A 10 + 5 15 I 5Ω = CURSO-CPCE 10 10 .15 = .15 = 10 A 10 + 5 15 7.3 – Leis de Kirchhoff 7.3.1 – Lei de Kirchhoff para tensão (LKT) Essa lei é também conhecida como a lei das malhas e afirma que a soma das tensões (observando os sinais das tensões) em uma malha fechada é NULA. Obs.: • O sentido das quedas de tensões é contrário a o da corrente nos elementos passivos. • A malha é qualquer caminho fechado de um circuito independentemente do caminho conter ou não fonte de tensão ou de corrente. • A LKT pode ser aplicada tanto para CORRENTE CONTÍNUA como para CORRENTE ALTERNADA em circuitos que contém R, L e/ou C. Aplicando a LKT: V1 – VR1 – V2 –VR2 + V3 – VR3 = 0 A partir da equação da LKT acima, pode-se calcular o valor de uma das seis tensões se cinco delas foram conhecidas. Exemplo: Calcule a tensão V no circuito da figura abaixo. Solução: LKT: 15 – (1 . 1) – V – (1 . 2) + 8 – (1 . 5) = 0 15 – 1 – V – 2 + 8 – 5 = 0 - V = - 15 + 1 + 2 – 8 + 5 - V = - 15 V = 15 V 3 Prof Jean CURSO-CPCE Obs.: Ao escrever a equação da LKT, a primeira tensão será tida como a de referência para as demais. Aquelas tensões que forem contrarias a ela serão tidas como negativas (-) e as que estiverem no mesmo sentido que ela serão positivas (+). No exemplo acima, a primeira tensão da LKT foi 15V com o sentido de baixo para cima ou sentido horário. Não há critérios para a escolha da primeira tensão, qualquer uma delas poderia ser a primeira tensão da equação da LKT. 7.3.2 – Lei de Kirchhoff para corrente (LKC) Essa lei é também conhecida como a lei dos nós e afirma que a soma das correntes que entram em um nó é igual à soma das correntes que saem desse nó. Aplicando a LKC no nó A: I1 = I2 + I3 + I4 Aplicando a LKC no nó B: I3 + I4 = I5 Aplicando a LKC no nó C: I2 + I5 = I1 Exemplo: Calcule a corrente IR5 Solução: LKC no nó B: I3 + 3 = I5, para determinar I5, tem que calcular I3 primeiro. LKC no nó A: 10 = 3 + I3 + 5 => I3 = 10 -3 -5 = 2 A, logo, Nó B: 2 + 3 = I5, I5 = 5A 4 Prof Jean 7.4 – Correntes de malhas CURSO-CPCE Esse método permite calcular as correntes reais do circuito a partir das de malhas reduzindo assim, o número de equações necessárias para o cálculo dessas correntes(reais). Ele consiste em escolher algumas malhas através das quais irão fluir as CORRENTES DE MALHAS. O sentido dessas correntes é arbitrário, mas geralmente se adota o sentido horário. O método aqui abordado é usado em conjunto com as leis de Kirchhoff. A corrente de malha I1 só flui através dos elementos V1, R1 e R3, enquanto a corrente de malha I2 flui por R3 , R2 e V2. Exemplo: Calcule as correntes reais IR1, IR2 e IR3 Solução: Aplicando a técnica das correntes de malha nas duas malhas temos: MALHA 1: Escrevendo a Lei de Kirchhoff para a Tensão V1 – R1.I1 – R3.(I1 – I2) = 0 58 – 4.I1 – 3.(I1 – I2) = 0 58 - 4.I1 - 3.I1 + 3.I2 = 0 - 7I1 + 3.I2 = -58 Multiplicando os dois lados da equação por -1 temos: 7I1 - 3.I2 = 58 5 Prof Jean MALHA 2: CURSO-CPCE Escrevendo a LKT V2 + R2.I2 + R3.(I2 – I1) = 0 10 + 2. I2 + 3. (I2 – I1) = 0 10 + 2.I2 + 3.I2 – 3I1 = 0 10 + 5.I2 -3.I1 = 0 -3.I1 + 5.I2 = - 10 Multiplicando os dois lados da equação por -1 temos: 3.I1 - 5.I2 = 10 Agora, juntando as duas equações: (1) 7I1 - 3.I2 = 58 (2) 3.I1 - 5.I2 = 10 Vamos procurar eliminar uma das duas variáveis. Para isso, podemos multiplicar a equação (1) por 5, a (2) por 3 e depois subtrair a equação (2) da (1). Assim, iremos eliminar a corrente I2 (1) 5x(7I1 - 3.I2 = 58) (2) 3x(3.I1 - 5.I2 = 10) (1) 35I1 - 15.I2 = 290 (2) 9.I1 - 15.I2 = 30 ------------------------------------(1) – (2) = 26.I1 = 260 => I1 = 10A Substituindo o valor de I1 encontrado na equação (1), temos: 7.10 – 3.I2 = 58 70 - 3.I2 = 58 - 3.I2 = 58 – 70 - 3.I2 = -12 I2 = 4 A Cálculo das correntes reais: IR1 = I1 = 10 A IR2 = I2 = 4 A IR3 = I1 – I2 = 10 – 4 = 6 A 6 Prof Jean 7.5 – Análise das tensões nodais CURSO-CPCE Nesse método, é possível determinar os valores de tensão em algum nó ou fonte de tensão e correntes no circuito se foram conhecidos os valores dos elementos passivos do circuito e de algumas tensões. Os nós B e T são nós principais (são nós que têm três ou mais conexões). O nó T é o nó de referência, pois é aterrado. VA é a tensão entre o nó A e a referência T VB é a tensão entre o nó B e o T VC é a tensão entre o nó C e o T A tensão entre os nós A e B, (VA-VB) é a queda de tensão sobre o resistor R1, VA-VB = VR1 A tensão entre os nós C e B, (VC-VB) é a queda de tensão sobre o resistor R2, VC-VB = VR2 A tensão entre os nós B e T, (VB-VT = VB, pois VT = 0 V) é a queda de tensão sobre o resistor R3 , VB = VR3 Sendo assim, I R1 = VR1 V A − VB = R1 R1 I R2 = VR 2 VC − VB = R2 R2 I R3 = VR 3 VB = R3 R3 Os sentidos das correntes foram escolhidos arbitrariamente. Agora, pode-se escrever a Lei de Kirchhoff para corrente (LKC), em função das tensões e resistências, em qualquer nó desejado. Exemplo: Resolve a questão do exemplo do item 7.4 usando a analise das tensões nodais 7 Prof Jean Solução: CURSO-CPCE a) Determinação da tensão VB Aplicando a LKC no nó B: IR1 + IR2 = IR3 IR3 = IR1 + IR2 VB V −V V − VB = A B + C , onde VA= 58V, VC = 10 V R3 R1 R2 VB 58 − V B 10 − V B = + 3 4 2 Multiplicando cada termo por 12, tem-se: 12 x (58 − V B ) (10 − V B ) VB + 12 x = 12 x 3 4 2 4.VB = 3.(58 − VB ) + 6.(10 − VB ) 4VB = 174 – 3VB + 60 – 6VB 13VB = 234 VB = 18 V b) Determinação das quedas de tensão VR1 = VA – VB = 58 – 18 = 40 V VR2 = VC – VB = 10 – 18 = - 8 V VR3 = VB = 18 V c) Determinação das correntes I R1 = VR1 40 = = 10 A R1 4 I R2 = VR 2 − 8 = = − 4A R2 2 I R3 = VR 3 18 = = 6A R3 3 8 Prof Jean CURSO-CPCE Obs.: O sinal negativo da corrente IR2 é devido ao fato do sentido adotado para esta corrente (sentido para a esquerda) não é o correto (o certo seria o sentido para a direita). 7.6 – Teorema de Thévenin Ele permite reduzir um circuito de várias malhas (circ. Complexo, fig1), visto entre dois pontos quaisquer (a e b, por exemplo), em um circuito de apenas uma malha, fig2. Se quisermos determinar a corrente I no resistor de 6 Ω da fig. 1, seu cálculo será mais fácil se usarmos o circuito equivalente de Thévenin. Para determinar o circuito equivalente de Thévenin, basta calcular a tensão de Thévenin (VTh) e a resistência de Thévenin (RTh). => Fig.1: Circuito de várias malhas Fig. 2: Circuito equivalente de Thévenin (circuito de uma malha) 7.6.1 – Regras para determinar VTh e RTh As regras serão apresentadas resolvendo o exemplo a seguir. Exemplo1: Calcule a corrente I no circuito abaixo. Fig. 3 • Determinação de VTh Olhando para o circuito, observa-se que os pontos a e b devem estar sobre o resistor de 10 Ω Fig. 4 9 Prof Jean 1ª regra: O elemento, passivo ou ativo, entre a e b (se houver) deve ser retirado. CURSO-CPCE Fig. 5 2ª regra: Nesta nova configuração, calcular a tensão entre a e b, e ela será a VTh (Vab = VTh) Fig. 6 Solução: A tensão entre a e b é a queda de tensão sobre o resistor de 40Ω (V40), a qual pode ser calculada aplicando a técnica do divisor de tensão, pois os dois resistores estão em série. VTh = Vab = V40 = 54 .40 = 43,2 V 10 + 40 VTh = 43,2 V • Determinação de RTh 1ª regra: O elemento, passivo ou ativo, entre a e b (se houver) deve ser retirada. Fig. 7 2ª Regra: Todas as fontes independentes de tensão e de corrente devem ser desativadas Para desativar a fonte de tensão: Coloque uma chave fechada no seu lugar. Para desativar a fonte de corrente: Coloque uma chave aberta no seu lugar. 10 Prof Jean CURSO-CPCE Fig. 8 3ª Regra: Calcule a Req vista por uma fonte de tensão colocada entre a e b (Rab), Rab = RTh Os dois resistores estão em paralelo. Rab = RTh = 10x 40 =8Ω 10 + 40 RTh = 8 Ω Circuito equivalente de Thévenin encontrado: Fig. 9 I= VTh 43,2 = = 2,4 A RTh + 10 8 + 10 7.7 – Teorema de Norton Ele permite reduzir um circuito de várias malhas (circ. Complexo, fig1), visto entre dois pontos quaisquer a e b, por exemplo, em um circuito de duas malhas, fig10. Onde, IN é a corrente de Norton e RN a resistência de Norton. A corrente entre os pontos a e b poderá ser calculada aplicando a técnica de divisor de corrente. Fig. 10: Circuito equivalente de Norton do circ. da fig.1 Obs.: Existe uma relação entre o teorema de Thévenin e a de Norton. Conhecendo um, conhece o outro. 11 Prof Jean 7.8- Relação entre Thévenin e Norton. CURSO-CPCE Fig. 11: Modelo de Thévenin Fig. 12: Modelo de Norton Obs: A corrente de Norton (IN) é também conhecida como CORRENTE DE CURTO-CIRCUITO (Icc ou Isc), pois pode ser determinada colocando os terminais a e b em curto e a corrente de curto entre a e b, nessa condição de curto, será a de Norton (IN). Resolvendo o circuito da fig. 4 pelo teorema de Norton: Exemplo 2: Calcule a corrente sobre o resistor de 10 Ω no circuito abaixo. Fig. 13 Solução: Usando os valor de RTh e de VTh obtidos anteriormente (no item 4.6.1), temos: RN = RTh = 8 Ω IN = VTh/RTh = 43,2/8 = 5,4 A, ou se quisermos obter IN através do calculo da corrente de curtocircuito, temos: Fig. 14 ICC = IN = 54/10 = 5,4 A 12 Prof Jean CURSO-CPCE Fig. 15 RN 8 Aplicando o divisor de corrente: I = R + 10 .I N = 8 + 10 .5,4 = 2,4 A N 7.9 – Teorema de superposição: Ele é usado para calcular tensão ou corrente sobre um dado elemento quando o circuito tem duas ou mais fontes ativas. Neste caso, o problema é resolvido calculando a contribuição de cada fonte, por vez, (as demais fontes devem ser desativadas e podem ser desativada da seguinte forma: Fonte de tensão: chave fechada; Fonte de corrente: chave aberta.) A corrente ou a tensão procurada será a soma (a soma deve ser feita observando as polaridades das tensões e o sentido das correntes) das contribuições de cada uma das fontes. Tensão: V1 V2 V1 V2 => Soma = V1 - V2 => Soma = V1 + V2 Corrente: I1 I2 I1 I2 => Soma = I1 - I2 => Soma = I1 + I2 Exemplo 3: Calcule a corrente I3 no resistor R3 aplicando o teorema de superposição. Fig. 16 13 Prof Jean Solução: • CURSO-CPCE Contribuição da fonte de tensão V = 10 V: Fig. 17 V 10 Como a fonte de tensão enxerga R1 em série com R3 , logo I V = R + R = 4 = 2,5 A 1 3 • Contribuição da fonte de corrente de 1A: Fig. 18 Para calcular ICb pode-se aplicar a técnica do divisor de corrente, pois R1 e R3 estão em paralelo. I Cb = • R1 2 .1 = .1 = 0,5 A R1 + R3 2+2 Determinação da corrente I3 a partir da contribuição de cada fonte: Fig. 19 I3 = ICb – ICa = 0,5 – 2,5 = - 2 A O sinal negativo na corrente I3 indica que o sentido real do fluxo de corrente pelo resistor R3 é contrário ao indicado (sobe, em vez de descer, pois Ica é maior que Icb). 14 Prof Jean 7.10 – Transferência máxima de potência: CURSO-CPCE Uma fonte real (que tem uma resistência interna Rint diferente de zero) só fornecerá a potência máxima a uma carga resistiva R conectada a ela através dos terminais a e b, se R = Rint. Em um dado circuito, a fonte ou as fontes só fornecerão a máxima potência à carga R, se R = RTh do circ. equivalente de Thévenin do circuito em questão. Exemplo 4: Calcule o valor do resistor R do circuito a seguir para que a fonte transfere a máxima potência possível à carga R e calcule o valor dessa potência. Solução: Com auxílio do exemplo 1, sabemos que o circuito equivalente de Thévenin do circ. acima entre os pontos a e b produz uma tensão VTh = 43,2 V e RTh = 8 Ω Para que a fonte de tensão forneça a potência máxima ao resistor R, R deve ser igual a RTh, ou seja R = 8Ω. Neste caso, a potência em questão será obtida da seguinte forma: I= VTh 43,2 = = 2,7 A ⇒ Pmáx = R.I 2 = 8.(2,7) 2 = 58,32 W RTh + R 8 + 8 15