Vida nova para mais de 16 mil pessoas Fotos: Arquivo Demhab V iver dignamente é um direito básico de qualquer cidadão. A construção de uma melhor qualidade de vida começa pela casa própria. E por uma moradia que ofereça condições básicas de higiene e de conforto, com água encanada, rede de esgoto e de eletricidade e até mesmo um endereço certo para o recebimento das correspondências. E esse sonho já está se transformando em realidade para várias famílias que lutaram por esse direito. Tudo graças ao Programa Integrado Entrada da Cidade (PIEC), um dos 21 programas da Prefeitura de Porto Alegre, englobando um total de 24 áreas da capital. Na Região Humaitá, vai abranger 18 vilas, beneficiando 16 mil pessoas. O PIEC prevê o atendimento de 3.775 famílias, com 3.061 unidades habitacionais com uma amplitude de 15.666 habitantes. Foram entregues os loteamentos Vila Tecnológica, Pampa e Mario Quintana (em 2000), Progresso e Pôr-do-Sol (no ano de 2004). “O programa existe há mais de uma década e, com o passar do tempo, acabou sendo adaptado à nossa realidade”, afirma Rosângela Gomes Ferro, conselheira da Região Humaitá, Navegantes e Ilhas. O aposentado Vilmar Marques Pedroso revela que sua vida melhorou “mil 02 Educação sanitária e ambiental N O PIEC prevê a construção de moradias, além de geração de renda, educação sanitária e ambiental por cento” depois de ter se transferido com a família para o Pampa. Ele recorda dos tempos em que morava no mesmo bairro, porém nas margens de uma vala. “Quando chovia a água invadia a minha casa”, diz ele. Hoje, a atual residência fica numa rua iluminada, asfaltada, segura e perto de creche, supermercado e farmácia. “Eu lembro do tempo em que não tinha nada perto e eu tinha de caminhar muito.” A maioria da população foi retirada do leito da Voluntários da Pá- tria, onde irá passar a 3ª Perimetral, e da beira da freeway (todas com previsão de entrega no final do ano). Além dessas construções, outras estão em andamento, inclusive em outras regiões da Capital, caso da Vila Tronco Neves (152 unidades), Cristiano Kraemer (140 unidades), Vila Canadá (20 unidades), Espaço Kaingangue (23 unidades) e segunda etapa do Condomínio Princesa Isabel (172 unidades). Para todos os loteamentos foram previstas, além das residências, algumas unidades comerciais para atendimento das demandas da própria comunidade e casas específicas para o atendimento de famílias que possuem pessoas portadoras de deficiência. Esta iniciativa do Demhab foi reconhecida e premiada pela Associação Brasileira de Cohabs. Em relação à questão da circulação viária, está prevista a construção do Viaduto Leonel Brizola, que fará a ligação da 3ª Perimetral à Avenida Dona Teodora. A execução destas vias permitirá uma nova perspectiva de integração com a cidade. O PIEC está estruturado em cinco eixos de ação: circulação viária, ha- Loteamento Pôr-do-sol bitação de interesse social, geração de trabalho e renda, mobilização e organização comunitária, educação sanitária e ambiental. Atualmente, são quatro as obras em fase de finalização. A primeira delas está situada na Dona Teodora, número 1066 (163 unidades habitacionais e 11 comerciais), a Vila dos Papeleiros (213 unidades habitacionais e 10 comerciais, além de creche e centro comunitário), Loteamento 813 (124 Loteamento Progresso unidades habitacionais, seis comerciais, uma praça e uma creche) e a A.J. Renner, 773 (61 unidades habitacionais e três comerciais, contando com praça e creche). Estimados em 55 milhões de dólares, os recursos do PIEC são divididos em 50% do financiamento do Fonplata e os outros 50% como contrapartida municipal obtidos junto à Caixa Econômica Federal, por meio do programa Habitar Brasil. o eixo de Geração de Trabalho e Renda, vem sendo desenvolvida uma série de cursos de capacitações para a população, oferecendo conhecimento profissional tão importante na disputa no mercado de trabalho. Para isso, está prevista a instalação de Usinas de Reciclagem de Resíduos Sólidos, visto que parte das pessoas que ali residem garante seu sustento no trabalho desses materiais. Existem, ainda, os espaços destinados às associações comunitárias, com o desenvolvimento de uma série de acompanhamentos. Desta forma, acontecerá a organização das comunidades, apontando lideranças e estabelecendo um novo patamar de relacionamento com o poder público. Para esta linha de ação, existe a CRAP (Comissão Regional de Acompanhamento do Programa), constituída por pessoas indicadas por cada uma das vilas. Em cada loteamento, existe sua subcomissão que acompanha a evolução da obra. E na questão da educação sanitária e ambiental, são desenvolvidas atividades que permitem um nível de compreensão sobre este tema. “Realizamos palestras informando a melhor maneira de guardar o lixo, de como armazenar os alimentos na geladeira e o uso racional da água”, acrescenta a conselheira Rosângela. 03 Comunidade do Loteamento Pampa constrói instituição-modelo Fotos: Carlos Henrique da Cruz D Maio 2006 - Nº 1 Capoeira resgata valores e auto-estima Fotos: Arquivo Accara M Obra iniciou em 2002 (foto abaixo) e foi entregue recentemente para as oito educadoras contratadas. Ainda farão parte do quadro de funcionários uma coordenadora, uma secretária, duas ajudantes de serviços gerais, duas cozinheiras e um segurança. A creche, mantida pela Associação dos Moradores, funcionará na Rua 624, número 103 e já é considerada modelo pelo grande número de parcerias envolvidas. Contará, ainda, com a presença de estagiários de educação e voluntários. O SESI irá colaborar com a alimentação, utilizando as doações do Banco de Alimentos, e ministrará aulas para as nutricionistas e as mães sobre a melhor maneira de se aproveitarem os alimentos, em especial as verduras. A cobrança da mensalidade da escola seguirá os critérios estipulados pela Secretaria Municipal de Educação (SMED) e pelos Conselhos Tutelares. Assim, por meio de visitas, serão analisados o número de crianças e adultos residentes na mesma casa e a verdadeira situação social das famílias beneficiadas. “Esquecer é permitir, lembrar é combater” A caminhada “Esquecer é permitir, lembrar é combater” tem por objetivo a integração da comunidade, resgatando as qualidades atribuídas à região e combatendo as desigualdades sociais. O foco prioritário é a prevenção da exploração e do abuso sexual de crianças e de adolescentes – um problema que assola diversas regiões do país. Outra finalidade da iniciativa é a de mostrar que é PARCERIA É... possível mudar esta situação, por meio de uma atuação em conjunto da comunidade, das entidades e das escolas. O evento se realizará no dia 17 de maio, das 9h às 17h. Inicia na Rua Caio Brandão de Melo, defronte à escola Antônio Giúdice, e depois percorre as ruas Palmira Gobi, Engenheiro Felício, Travessa A.J. Renner e Graciano Comossato. A chegada é no antigo espaço do SESI, na Vila Tecnológica. quando duas ou mais pessoas ou instituições juntam esforços para realizar uma ação em benefício de uma causa comum, por exemplo, o desenvolvimento das comunidades de Porto Alegre. Coordenação: Secretaria Municipal de Coordenação Política e Governança Local - Praça Montevidéu, 10 - Fone: 3289-3766 / Rua Uruguai, 155 11º andar - Fone: 3289-3693 Jornalista Responsável: Cristiane Ostermann - MTB RS 8256 (Ostermann&Ostermann Ltda) epois de muita luta e articulação, a comunidade do Loteamento Pampa terá a sua creche. Carlos Henrique da Cruz, presidente da Associação dos Moradores, lembra do tempo em que a demanda entrou no Orçamento Participativo, no ano de 2000. Desde então, salienta ele, foram diversas as barreiras que a população precisou ultrapassar. A obra teve início em 2002, mas em seguida parou por falta de verba. “O espaço chegou a ficar em ruínas. Se transformou em estábulo de cavalos com mato alto em volta”, lembra ele. Mas em 2004, a comunidade voltou a se mobilizar e conseguiu, recentemente, concluir a creche. Ainda sem nome definido, a instituição de ensino, feita de alvenaria, telhado colonial e banheiros para deficientes físicos, atenderá 114 crianças com até 6 anos de idade, em turno integral. “Para nós, é um grande motivo de orgulho”, acrescenta Carlos. No começo de maio, teve início a realização de cursos especiais arcos Alexandre dos Santos Flores, 28 anos, era tímido e sua auto-estima baixa. Os amigos eram poucos. Isso antes de praticar capoeira. Hoje, depois de seis anos de ginga, Marcos em nada lembra o rapaz que era antes. “A capoeira foi fundamental na minha vida. Foi por meio dela que me enturmei. Hoje tenho muitos amigos”, alegra-se. Assim como Marcos, muita gente se beneficia desse verdadeiro instrumento de educação. A capoeira é luta, dança, expressão corporal e técnica, ligada às necessidades básicas de todo o ser humano, seja nos aspectos físicos, psíquicos, como culturais. É com essa filosofia que trabalha a Associação Cultural de Capoeira Angola Rabo de Arraia (Accara), fundada em abril de 1995 pelos professores Anselmo da Silva Accurso e José Alberto Ferreira. Através de suas vivências, eles sentiram a necessidade de fundar um movimento cultural que trouxesse à tona a ligação profunda da capoeiragem com as raízes do povo afrobrasileiro e sua trajetória dentro da evolução histórica do Brasil. Hoje, este trabalho se estende a cinco centros da FESC (Fundação de Educação Social e Comunitária) e a Associação da Vila Tecnológica. Ou seja, a ONG atua diretamente nas comunidades locais, beneficiando uma população que necessita também resgatar seus valores. O público é amplo e heterogêneo, abrangendo crianças de rua e periferia, além de adolescentes e jovens de classe média. O grupo, conforme informa Gilmar dos Santos Rosa, faz parte do Região Humaitá / Navegantes Capoeira: diversão, cultura e cidadania projeto Escola Aberta, com apresentações todos os sábados, das 14h às 16h, na Escola Polivalente, na Vila Farrapos, dentro da região do Humaitá. “Lá, promovemos vários seminários periódicos sobre a temática negra e a cidadania através da capoeira e outros eventos onde somos convidados”, diz ele. Representantes afro-religiosos ministram palestras sobre ética religiosa, a lei de proteção dos animais e outros assuntos. Nas apresentações abertas realizadas nas ruas, praças e parques, oferece-se a oportunidade da participação popular nas rodas. “Junto com os golpes ensinamos a história do negro no Brasil, além do respeito ao corpo”, acrescenta Gilmar. É desse modo, que os praticantes vão conhecendo seus limites, desenvolvendo a auto-estima e incrementando a qualidade de vida, num processo de transformação. Paula Fernanda da Rosa, 28 anos, há seis joga capoeira e acredita que os aspectos teóricos são muito importantes. “Participamos de grupos de estudos, trocamos muito. Um sabe de história, outro de religião. Assim, ampliamos nosso conhecimento sobre a capoeira e sobre a cultura negra.” E ela acredita que os benefícios da capoeira são muitos. “É cultura, têm as questões físicas, como alongamento, tonicidade muscular e flexibilidade e, principalmente, o desenvolvimento da parte cultural do indivíduo, inserindo-o na sociedade – é uma forma de inclusão social.” Bairros: Anchieta, Farrapos, Humaitá, Navegantes e São Geraldo População: 42.086 habitantes Área: 15,11 Km2 Taxa de analfabetismo: 4,1% Rendimento médio dos responsáveis por domicílio: 6 salários mínimos. Fonte: Observatório da Cidade de Porto Alegre (www.observapoa.com.br) Objetivos do Grupo de Capoeira Rabo de Arraia D espertar a consciência na comunidade sobre a contribuição da cultura negra em nossa sociedade; oportunizar manifestações culturais e artísticas de nosso povo, garantindo a participação de seus membros, a valorização do indivíduo, o reconhecimento de sua linguagem, identidade e harmonização entre as vivências pessoais e culturais da mesma; resgatar a identidade nacional e usá-la como instrumento de educação popular. CAR Humaitá/Navegantes- Av. Cairú, 721 / Telefones: 3343-0822 / 3342-5964 / www.governancalocal.com.br