Escrito por Manuela Ventura
MEALHADA
Hospital da Misericórdia
preparado para mais 4.200 consultas
Protocolo assinado com Ministério da Saúde vai canalizar para aquela unidade hospitalar utentes de toda a região para consultas em oito especialidades e
também cirurgias
«É uma data histórica para nós e para a região, mas sobretudo para a Mealhada». Palavras do provedor da Santa Casa da Misericórdia da Mealhada a propósito
do acordo assinado com a tutela, no âmbito da prestação de cuidados de saúde. Visivelmente satisfeito, João Peres considera que o protocolo representa, sem
dúvida, «uma maisvalia», particularmente para as populações da região, uma vez que, defende, «os cuidados de saúde devem ter um estatuto preferencial de proximidade».
E é essa proximidade que, a partir de agora, ganha uma franja populacional extremamente significativa, que envolve os concelhos da Mealhada, Cantanhede,
Mortágua, Anadia, Oliveira do Bairro, Mira e Sever do Vouga, de uma forma mais específica, muito embora “a porta” esteja aberta a todas as pessoas, que,
orientadas pelos respectivos médicos de família, passam a poder efectuar um conjunto de consultas de especialidade no Hospital da Misericórdia da Mealhada.
«Ganha-se proximidade», no entender do provedor, mas sobretudo, permite-se uma resposta e uma eficácia que até agora não existia.
João Peres aponta, como particularmente relevante, o impacto que esta “abertura” vem criar na diminuição das listas de espera e na poupança de tempo, pois
«acudimos às populações de uma forma muito mais rápida». E faz notar ainda o impacto que esta possibilidade tem, ao “aliviar” as estruturas dos Hospitais da
Universidade de Coimbra, que, desta forma, ficam, mais disponíveis «para dar resposta a situações mais “pesadas” e exigentes”», relativamente às quais o
Hospital da Misericórdia, à semelhança de outros, terá menos capacidade de resposta.
Se o impacto para a região não deixa margem para dúvidas ao responsável máximo da Misericórdia da Mealhada, também é verdade que este protocolo com o
Ministério da Saúde representa, de acordo com o provedor «o reconhecimento pelos serviços prestados pelo hospital pelo esforço que a misericórdia tem feito
para servir a comunidade». No fundo, «é o retomar de uma tradição, da qual nos vimos privados desde o 25 de Abril», diz ainda, sem esconder o seu orgulho, o
provedor da Santa Casa.
Esforço reconhecido
E, por isso, João Peres dá por bem empregue o esforço gigantesco «para os nossos meios» em que a Misericórdia se empenhou, «há meia dúzia de anos», ao
avançar com um projecto de requalificação e ampliação do hospital. Foi uma reforma profunda, que implicou um investimento «de cerca de 10 milhões de
euros». «Muito dinheiro para a Misericórdia», confessa, que «acreditou no projecto e avançou com ele», obtendo financiamento junto da Caixa Geral de
Depósitos, entidade que «também acreditou em nós». «Avançámos porque entendemos que era importante criar, na região, uma resposta em termos de saúde,
que não existia» e relativamente à qual «Coimbra, como hospital central que é, tem naturalmente as suas limitações». «Os cuidados médicos devem ser de
proximidade», defende João Peres e foi essa a aposta da Santa Casa, hoje amplamente reconhecida e que este protocolo vem contemplar de uma forma
inquestionável.
Todavia, João Peres confirma que esse “reconhecimento” já tem vindo a dar alguns passos, nos últimos anos, através da Administração Regional de Saúde do
Centro (ARSCentro). Outra entidade que, diz, «também acreditou no nosso projecto e na nossa capacidade». E sublinhando muito particularmente a actuação
do actual responsável, João Pedro Pimentel, o provedor reconhece que foram celebrados um conjunto de acordos que «permitiram dar visibilidade ao nosso
trabalho» e ajudar a garantir a «viabilidade económica do hospital».
Acordos assinados
O primeiro desses acordos foi feito há cinco anos e contempla a área de cuidados continuados. «Começámos com 24 camas e hoje temos 30», refere João
Peres, que faz notar ainda o «total apoio» que a Misericórdia recebeu por parte da coordenadora nacional dos cuidados continuados, Inês Guerreiro. Trata-se,
exclusivamente, de respostas de média duração e a Misericórdia já está a pensar em “crescer” neste domínio.
O Hospital da Misericórdia também faz parte, há três/quatro anos, do SIGIC (Sistema Integrado de Gestão de Inscritos para Cirurgias), destinado a combater as
enormes listas de espera existentes. Desde há cerca de dois anos tem, também, acordos para prestação de cuidados de saúde na área da Fisioterapia e, há pouco
mais de um ano, protocolou, também com a ARSC consultas na área da Imagiologia e, mais recentemente, firmou um acordo contemplando a área da
Cardiologia. Acordos dos quais João Peres fala com particular agrado, mas sem esconder o desejo de “alimentar” um novo “namoro”, desta feita destinado às
áreas de Pneumologia e Gastrenterologia. E porque nunca é demais sonhar, o provedor pensa mesmo em, mais tarde, eventualmente, alargar esses acordos
também à área da Urgência.
Cuidados continuados
de longa duração em perspectiva
Actualmente com 30 camas protocoladas, no âmbito da prestação de cuidados continuados de média duração, a Santa Casa da Mealhada está a ponderar
seriamente avançar para um outro projecto, que lhe permita, também, prestar cuidados de longa duração. As negociações estão em curso com os ministérios
envolvidos, assegura João Peres, reconhecendo, muito embora, que a resposta está de alguma forma “emperrada” com questões burocráticas e, como tal, ainda
não há luz verde.
Espaço já existe, pois, explica o provedor, o objectivo é transformar o centro de noite, valência construída «há três anos e que está fechada porque não tem
utentes». Com este espaço disponível e a estrutura, em termos logísticos, a funcionar, a Misericórdia pensou transferir os utentes para o centro de noite, criando
vagas no edifício contíguo ao hospital, que passaria, então, a funcionar como unidade de cuidados de longa duração. Um projecto em “carteira” que a
Misericórdia promete não esquecer.
Consultas contemplam
oito especialidades
O protocolo assinado terça-feira na Misericórdia do Porto entra em vigor amanhã, mas, em termos de eficácia real, de acordo com o provedor da Mealhada, as
consultas só começam a funcionar no dia 1 de Maio.
Até ao final do ano «temos cerca de 4.200 consultas contratualizadas com a ARSC», afirma João Peres, que contemplam oito especialidades, a saber: Cirurgia
Geral, Cirurgia Vascular, Ortopedia, Oftalmologia, Otorrino, Urologia, Dermatologia e Ginecologia. O provedor reconhece que a«ausência de histórico», uma
vez que este foi o primeiro passo, criou algumas dificuldades na concertação, facto que certamente será mais fácil quando, antes do final do ano, o acordo «for
negociado», porque, nessa altura «já temos uma análise da situação», que permitirá aferir pormenores.
O Hospital da Santa Casa da Misericórdia da Mealhada está, hoje, como estava ontem, «absolutamente preparado» para dar todas as respostas, garante o
provedor, que não se escusa a elogiar a «competência e dedicação dos profissionais de excelência que temos ao nosso serviço», bem como o «empenho e
espírito de sacerdócio da direcção clínica». «Estamos no bom caminho para servir bem as populações», remata.
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