Marchando em Solidariedade: Marcha Das Mulheres Negras 16 de novembro de 2015 Por Amina Doherty Reflexões sobre a solidariedade Enquanto ativista, muitas vezes penso sobre o que significa "ser solidária com” e o que isso significa para usar o meu corpo, coração e voz para amplificar as histórias e lutas dos meus irmãos e irmãs a quem a sociedade tem, por várias razões, “deliberadamente silenciado" ou “preferencialmente não-escutado”. Enquanto negra, africana, mulher, e feminista – para mim a "solidariedade" tem significado coisas diferentes em diferentes momentos. Significa usar minha voz de diferentes maneiras para falar contra a injustiça e a opressão, expressar o meu apoio inabalável a outras irmãs feministas, e estar disposta a fazer o trabalho real de chegar, estar presente, e ser capaz de navegar as complexidades muito reais dos diversos movimentos sociais aos quais pertenço. Solidariedade, segundo minha compreensão, é mais do que apenas um conceito passivo ao qual as pessoas se referem quando, por qualquer motivo, elas queiram dizer que a apoiam; é de fato um verbo, e é algo que, como as feministas, devemos ativamente “fazer”. A solidariedade envolve a prática profunda e intencional de ouvir uns aos outros e ouvir o que é que cada um/a de nós precisa e quer, tanto quanto diz respeito à confiança e o respeito mútuos. Refere-se à construção de relações fortes que mantém cada um/a de nós responsável, e nos obriga a desvelar o privilégio que temos, e, simultaneamente, abraçar a beleza que existe em nossas diversidades e múltiplas formas de estar no mundo. Marchando em solidariedade Neste momento, enquanto me preparo para viajar para o Brasil com um grupo de irmãs negras com raízes, famílias e casas na Jamaica, Zimbábue, Nigéria, Haiti, Quênia, África do Sul e nos EUA, para estar nas ruas - como parte da histórica Marcha das Mulheres Negras contra o racismo e a violência (março Marcha das Mulheres Negras) - tenho muitas questões em mente, incluindo pensar sobre a minha compreensão de solidariedade - e, finalmente, o que nos conecta em nossas lutas, em nossa organização, e em (nossas)tórias coletivas. A À medida que pretendo fazer parte deste momento histórico, eu penso sobre o que é que nós (enquanto grupo) temos a esperança de "fazer", e como temos a intenção de ‘estarmos’ juntas em solidariedade com as nossos irmãs e família negra em Brasília. Juntas, e com o apoio da Associação para Direitos das Mulheres no Desenvolvimento (AWID), nos juntamos a essa marcha contra o racismo e a violência, a fim de compartilhar nossas vozes, as semelhanças de nossas histórias e lutas, e o imenso amor que temos umas pelas outras enquanto família negra global. Em uma conversa preparatória entre o grupo que viaja para o Brasil, uma das irmãs observou que, para ela, uma das formas de oferecer solidariedade é sermos mais deliberadas nos tipos de conexões e compreensões sendo construídas. Ela disse: "para mim, realmente reservar tempo para verdadeiramente ouvir e entender como as mulheres negras no Brasil estão se organizando em torno da violência racializada e da brutalidade policial é extremamente importante." Em nossas discussões, o grupo concordou que parte do trabalho que deve ser feito em conjunto no Brasil deve girar em torno de estabelecer conexões globais / locais e pensar criativamente sobre como podemos visibilizar e ampliar as histórias e lutas de nossas irmãs no Brasil em todos os espaços em que nos engajamos, e em nossas próprias comunidades. Uma das irmãs que fazem parte do grupo que viaja para o Brasil - Thenjiwe McHarris, escreveu: "Para mim, não há nada que possa ser construído a menos que as pessoas aprendem aprendam a amar uns umas às outrasaos outros. Isso leva tempo, mas, precisamos amar e apreciar um/a a/o outra/o. Há tanta coisa que podemos realizar com a nossa geração, mas precisamos descobrir o que deixar para a próxima geração e ajudá-las/os a chegar a uma posição melhor com a qual nos deparamos. Por um lado, devemos estabelecer um entendimento de nossas lutas comuns, mas há também o tipo de vínculo que é necessário lutarmos juntas/os, porque todos os nossos povos merecem viver.” É com estas palavras, essas discussões, e nesses momentos, que eu obtenho energia e discernimento e preparo-me estar com/e entre, e estar presente com as minhas irmãs no Brasil, quando marchamos em Solidariedade. Sobre a Marcha das Mulheres Negras Em 18 de novembro de 2015, há a expectativa de que milhares de mulheres negras de todos os estados e regiões do Brasil (e em escala global!) desçam na capital da Brasília. A Marcha das Mulheres Negras, reunirá milhares de mulheres negras para marchar pelos direitos, justiça , liberdade e a democracia. A Marcha, que representa o ápice de anos de mobilização e organização coletiva, é uma iniciativa de várias organizações e grupos que fazem parte dos Movimentos de Mulheres Negras e do Movimento Negro no Brasil. A Marcha recebeu apoio de uma gama diversificada de intelectuais negras/os, artistas e ativistas de todo o Brasil, América Latina, Estados Unidos e África. A Marcha das Mulheres Negras é particularmente significativa em função do que ocorre durante a Década Internacional de Afrodescendentes da ONU, entre 2015-2024, e no mês da Consciência Negra no Brasil. Ligação Conectando o do local ao global Reconhecendo o incrível privilégio de que nós, enquanto grupo, temos a possibilidade de fazer parte deste evento histórico, e em nossos esforços para ampliar essa experiência que nós convocamos todas/os vocês - que não podem estar fisicamente presentes conosco na Marcha no Brasil, para compartilhar conosco suas palavras, arte, vídeos, fotos e poesia em apoio a todas as mulheres negras que marcharão nas ruas de Brasília na próxima semana. Apresentamos algumas das maneiras através das quais você pode se juntar a nós ... 1) Faça um cartaz escrito à mão dizendo: "SEU NOME/ORGANIZAÇÃO apoia a Marcha das Mulheres Negras 2) Segure o cartaz durante a gravação de um vídeo curto (30 seg - 3 min), indicando o seu nome / organização, de onde você é e por que você apoia a Marcha das Mulheres Negras. * Se possível, indique por que a luta no Brasil é importante para você e suas lutas locais. O objetivo é enfatizar que a nossa luta coletiva enquanto negras e negros é uma questão global. 3) Poste o vídeo para a página Facebook da sua organização e / ou pessoal e marque #MarchaDasMulheresNegras e coloque um adesivo twibbon no seu perfil do Facebook ou do Twitter . http://twibbon.com/Support/afroléseu-sou-marcha2015 4) Participe do tweetaço tuitaço do dia 18 de novembro ao vivo. Poste um tweet com seu vídeo usando a hashtags #MarchaDasMulheresNegras #BlackFeminisms #AfriFem 5) Espalhe a notícia! Informe as pessoas sobre a Marcha, convide as pessoas a aderirem a este esforço de solidariedade, visite www.awid.org para ler mensagens de solidariedade de organizações de direitos das mulheres em escala global. Encontre mais informações sobre este evento muito importante através da página do Facebook e no Twitter e Instagrammarcha_negras @ marchanegras2015. Este artigo é oferecido a você como parte das atividades desenvolvidas pelo Fórum Feminista Negro (BFF) do qual Amina Doherty é o a Coordenadora do Programa. Esse fórum negro será realizado nos dias 2 & e 3 de maio de 2016 em Salvador, Bahia, antes do Fórum AWID que ocorrerá em de 05 a 08 de maio - 8 de 2016. A lista completa de ativistas apoiadas pela AWID para participar da Marcha de Mulheres Negras incluem: Amina Doherty (AWID), Sokari Ekine (Blacklooks), Thenjiwe McHarris (O Movimento pelas Vidas Negras), Gathoni Blessol (The Rules), Maggie Mapondera (Just Associates - JASS), Sabriya Simon, Carolina Pires, e Raquel de Souza (Instituto Cultural Steve Biko).