A beleza e os mares
Postado por Paul Rose em Explorers Journal em 1º de abril de 2014
Para o mês de abril 2014, a equipe da National Geographic Mares Límpidos embarcará em
uma expedição à costa sul de Moçambique, onde residem algumas das populações de
megafauna mais saudáveis, como arraias-manta, dugongos e tubarões-baleia. O líder da
expedição, Paul Rose, comandará um grupo de cientistas importantes e cinematógrafos em
conjunto com a National Geographic Emerging Explorer Andrea Marshall e a Marine
Megafauna Foundation para explorar, pesquisar e registrar o que esperam ser um dos recifes
mais saudáveis do Leste Africano. Acompanhe aqui no blog de Explorers Journal.
Os mares agitados das primeiras semanas da nossa expedição fizeram com que as nossas
interações com a vida marinha fossem todas inesperadas. Eu deparei com arraias-manta,
arraias-touro e tubarões-leopardo. Tivemos dificuldades para encontrar um ao outro por causa
de todo sedimento e as densas escolas de peixes ao nosso redor. Nas minhas "paradas para
descompressão" enquanto eu subia à superfície para liberar o nitrogênio pressurizado do meu
sistema, me sentia como se estivesse dentro de uma lavadora de roupas cheia de plâncton,
com uns tubarões passando por perto rapidamente. Então, logicamente, chegávamos à
superfície barulhenta e ondeante onde iniciávamos a nossa batalha para tentarmos retornar ao
barco sem danificar o nosso equipamento ou causar muitos ferimentos.
Mergulhamos assim três vezes ao dia por duas semanas e quando as coisas se acalmaram,
isso aconteceu quase instantaneamente. Um momento tínhamos que planejar bem todas as
nossas ações e em seguida poderíamos relaxar e admirar o quão fácil a vida poderia ser.
A Boa Vida
Quando cada mergulho é uma batalha, sonhamos com aquele mergulho perfeito e para mim
este mergulho finalmente ocorreu aqui em Bazaruto. Estava bastante calmo, com os raios
solares se refletindo n' água e emitindo a sua luz até o fundo do mar, e eu podia sentir que um
mergulho maravilhoso estava para acontecer.
Uma escola de peixes, amarelo brilhante embaixo e escuro em cima, engolfava os
mergulhadores durante a subida deles (Foto por Manu San Félix).
Rolei para dentro d'água e quase caí em cima de um tubarão-touro de três metros e meio, que
então me acompanhou na minha longa e fácil descida espiralando até o fundo do mar azul.
Estava tão perto de mim que eu só conseguia ver metade da cabeça e um só olho grande e
sereno dele. Ele partiu quando chegamos a uns 33,5 metros de profundidade, mas antes de ir,
deu umas batidinhas na lateral do meu corpo que me fizeram olhar para frente e ver que estava
prestes a me unir a uma linda arraia-manta passando por uma estação de limpeza.
Ela estava recebendo o tratamento completo: As partes bucais, as bordas principais e fendas
estavam sendo limpas por centenas de peixes e as mordidas de tubarão-touro na borda
traseira de suas asas estavam sendo limpas por peixes-borboleta coloridos (75% de todas as
arraias-manta aqui tem grandes mordidas de tubarões-touro). Após esta linda exposição de
relacionamentos simbióticos, ela se aproximou a mim e nadou tão perto que para me passar
tinha que levantar uma de suas asas e depois voltava ao lado oposto, erguendo suas asas,
mergulhando por cima de mim, dando voltas embaixo de mim e depois ficando quase parada a
minha frente por alguns momentos com a sua boca ao mesmo nível que a minha cabeça.
Pensei que talvez as minhas bolhas de ar estivessem tendo algum efeito sobre ela, mas não
importava se eu prendesse a respiração ou soprasse bolhas, ela continuava ao meu lado e eu
adorei esta interação tão especial.
As garoupas-batata são alguns dos maiores membros da família de garoupas. Elas também
são maiores do que a média dos membros da equipe da expedição Mares Límpidos.
(Foto por Manu San Félix).
Passei a última parte do meu mergulho nadando ao lado de um recife imaculado, com milhares
de peixes escolaridade e algumas garoupas-batata grandes e amigáveis, e depois tive que
começar a minha longa ascensão pelo mar azul com 7 minutos de paradas para
descompressão. Após mergulhos excelentes como este, em águas mornas e límpidas, é uma
sensação fantástica esperar o tempo da parada para descompressão passar, não subindo e
nem afundando, mas flutuando perfeitamente em neutro, sabendo que sou apenas uma
partícula minúscula de vida neste vasto e lindo mundo azul.
Aqui em Bazaruto estamos ao ponto mais boreal da nossa expedição e amanhã começaremos
a nossa trajetória ao sul. No caminho vamos pôr em prática as Drop Cams de águas profundas
para filmar onde não podemos mergulhar, e mergulharemos tudo que pudermos, mantendo os
nossos dedos cruzados. torcendo para conseguirmos chegar a Inhambane antes que o próximo
vendaval se aproxime. Moçambique continua a nos manter em estado de alerta!
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A expedição Mares Límpidos: Moçambique é patrocinado pela Blancpain
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