PARECER SOBRE A EXPERIÊNCIA COM O NÚCLEO DE DRAMATURGIA SESI / BRITISH COUNCIL
A experiência com o Núcleo de Dramaturgia, para mim, foi uma oportunidade única. De um
modo geral, o curso atendeu à minha expectativa, que era ampliar e aprofundar meu conhecimento
acerca dos principais elementos da dramaturgia. Acho importante ressaltar que a prática prevaleceu
sobre a teoria, confirmando o caráter formativo (mais do que informativo) do Núcleo.
A meu ver, os pontos mais fortes do processo foram as leituras dos textos, tanto pela
coordenadora do Núcleo (Marici Salomão), que demonstrou um conhecimento sólido, uma exigência
generosa e uma disposição para o trabalho exemplares, quanto pelos colegas, que souberam criticar
sem rebaixar e opinar sem teimar.
Gostaria de destacar também o contato com as diretoras inglesas (Tessa Walker e Roxana
Silbert), que nos mostraram como melhorar nossas peças sem pedir para que escrevêssemos peças
diferentes daquelas que, de fato, queríamos escrever.
Evidentemente, um ano é muito pouco tempo para uma formação em dramaturgia. Já temos
elementos que nos permitirão escrever de outra forma nossos próximos textos; ainda assim, acho
que o Núcleo seria mais produtivo se houvesse um segundo ano destinado exclusivamente (ou
principalmente) à montagem das nossas peças: participaríamos, assim, dos ensaios; aprimoraríamos
nossos textos de acordo com a experiência do palco; enfim, teríamos uma oportunidade de pôr à
prova tudo o que aprendemos ao longo deste último ano.
Algumas sugestões para tornar o curso ainda mais produtivo: realizar mais workshops com três
ou quatro dias de duração (a meu ver, a concentração das atividades intensifica o aprendizado);
realizar, nas semanas em que não há aulas, encontros virtuais, para que a distância entre uma aula e
outra não seja tão grande; trazer, em algum momento, os avaliadores para conversar com os
dramaturgos sobre pontos específicos de suas peças; realizar mais de uma leitura dos textos, com
atores profissionais.
O assunto “leitura” merece um parágrafo à parte. A experiência de ter o texto lido por atores
que tenham ensaiado previamente é muito reveladora para o dramaturgo, podendo evidenciar
(positiva e/ou negativamente) o verdadeiro potencial do seu texto. No entanto, para que isso de fato
aconteça, é preciso que haja certo “controle de qualidade” na escolha dos atores, que, além de ter
experiência, devem se comprometer a preparar a leitura antes de efetuá-la. Infelizmente, a qualidade
(e o comprometimento) dos atores na leitura de abril foi muito heterogênea: alguns excelentes,
outros sofríveis.
Tenho plena compreensão de que, por sermos a primeira turma do Núcleo de Dramaturgia
SESI / British Council, ficamos sujeitos a percalços que as próximas turmas não terão de enfrentar.
É o preço pago pelos desbravadores... Certamente, nenhum desses percalços diminuirá a riqueza e a
fecundidade da experiência. Foi um ano de aprendizado e crescimento.
Marco Catalão
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