UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Programa de Pós-Graduação em Sistemas de Produção Agrícola Familiar Tese Avaliação de cenários hidroagrícolas em sistemas de produção de base familiar na região do Extremo Oeste Catarinense Clístenes Antônio Guadagnin Pelotas, 2013 CLÍSTENES ANTÔNIO GUADAGNIN Engenheiro Agrônomo AVALIAÇÃO DE CENÁRIOS HIDROAGRÍCOLAS EM SISTEMAS DE PRODUÇÃO DE BASE FAMILIAR NA REGIÃO DO EXTREMO OESTE CATARINENSE Tese apresentada ao Programa de PósGraduação em Sistemas de Produção Agrícola Familiar, da Universidade Federal de Pelotas, como requisito parcial à obtenção do título de Doutor em Agronomia. Orientador: Dr. Edgar Ricardo Schöffel Pelotas, 2013 Dados de catalogação na fonte: (Gabriela Machado Lopes - CRB: 10/1842) G897a Guadagnin, Clístenes Antônio Avaliação de cenários hidroagrícolas em sistemas de produção de base familiar na região do Extremo Oeste Catarinense / Clístenes Antônio Guadagnin; orientador Edgar Ricardo Schöffel - Pelotas, 2013. 86 f. : il. Tese (Doutorado). Programa de Sistemas de Produção Agrícola Familiar, Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel. Universidade Federal de Pelotas. Pelotas, 2013. 1. Água disponível 2. Armazenamento de água no solo 3. Propriedades físicas 4. Agrometeorologia 5. Época de semeadura I. Schöffel, Edgar Ricardo (orientador) II.Título. CDD 551.48 Banca Examinadora: Edgar Ricardo Schöffel (Presidente) Eng. Agrônomo, Dr., Universidade Federal de Pelotas, Pelotas/RS, Brasil Ana Cláudia Rodrigues de Lima Eng. Agrícola, Ph.D, Universidade Federal de Pelotas, Pelotas/RS, Brasil Helvio Debli Casalinho Eng. Agrônomo, Dr., Universidade Federal de Pelotas, Pelotas/RS, Brasil Ivan Luiz Zilli Bacic Eng. Agrônomo, Ph.D, EPAGRI/CIRAM, Florianópolis/SC, Brasil Aos meus amores, Cristina, Giulianne e Lucas por todo carinho, dedicação e incentivo. DEDICO Agradecimentos À EPAGRI - Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina por oportunizar a promoção do desenvolvimento pessoal e profissional. À Universidade Federal de Pelotas pela oportunidade de realizar o curso de Pós-Graduação em Sistemas de Produção Agrícola Familiar. À EMBRAPA pela concessão da bolsa de estudos. Aos meus pais Edmundo e Fidelia, aos irmãos Demétrio, Firléia, Rosane e familiares, aos sogros Iodomi (in memorian) e Reiko Ide e aos integrantes de nossas famílias pelo incentivo, carinho e apoio em todos os momentos e trajetórias. Aos pesquisadores da Epagri Ivan Luiz Zilli Bacic, Milton da Veiga e Angelo Mendes Massignam pela amizade, orientação, profissionalismo e eterna disposição para colaborar, revisar, sugerir, melhorar e construir sempre. Aos colegas extensionistas e a todos profissionais da Epagri pela competência, amizade, apoio e diversas contribuições para esse estudo. Aos agricultores familiares da região do Extremo Oeste Catarinense e aos verdadeiros amigos e amigas, em especial ao grande amigo Técnico Agrícola Adriano Canci, pela parceria, estímulo e compartilhamento de saberes. Aos Professores Edgar Ricardo Schöffel, Eloy Antonio Pauletto, Luís Carlos Timm e Vitor Emanuel Quevedo Tavares pela amizade, orientação e ensinamentos. Aos colegas de curso e a todos que contribuíram de diversas formas, através de ações, ou simplesmente por sua positividade, para a construção e desenvolvimento de mais uma etapa da minha vida, a mais sincera gratidão. “Saber muito não lhe torna inteligente. A inteligência se traduz na forma que você recolhe, julga, maneja e, sobretudo, onde e como aplica esta informação”. Carl Seagan Resumo GUADAGNIN, Clístenes Antônio. Avaliação de cenários hidroagrícolas em sistemas de produção de base familiar na região do Extremo Oeste Catarinense. 2013. 86f. Tese (Doutorado) – Programa de Pós-Graduação em Sistemas de Produção Agrícola Familiar. Universidade Federal de Pelotas, Pelotas. A agricultura familiar do Extremo Oeste Catarinense se caracteriza por diversificados sistemas de integração lavoura-pecuária, combinando diferentes usos e manejos em distintas classes de solos. Estes sistemas podem provocar alterações nas propriedades físico-hídricas e influenciar a qualidade física do solo e o armazenamento de água disponível para as plantas. Nesta região os períodos de deficiência hídrica frequentemente reduzem a produtividade do milho, principal cultura de importância socioeconômica. O estudo justifica-se em função da demanda definida em 2009 pela Epagri – UGT9 na área de gestão de recursos hídricos com ênfase em metodologias de captação, armazenamento, utilização/reuso da água na agricultura. O objetivo do trabalho foi gerar informações sobre as alterações nas propriedades físico-hídricas do solo nos diversificados sistemas de produção da região e avaliar os impactos da deficiência hídrica sobre a redução de produtividade do milho. Neste sentido avaliaram-se os efeitos de diferentes usos e manejos nas classes predominantes de solos sobre o armazenamento de água facilmente disponível e estimou-se a redução de produtividade devido à deficiência hídrica através de simulações de épocas de semeadura. A pesquisa foi desenvolvida em 36 estabelecimentos de agricultores familiares da região do Extremo Oeste Catarinense. Amostras de solo de cada classe e sistema de uso e manejo foram coletadas em quatro estabelecimentos, em quatro camadas (0-0,10, 0,10-0,20, 0,200,40 e 0,40-0,60 m), totalizando 144 amostras (3 solos x 3 usos e manejos x 4 camadas x 4 estabelecimentos), seguindo um delineamento fatorial. Através do modelo ISAREG calculou-se o balanço hídrico decendial baseado na metodologia Penman-Monteith/FAO, e estimou-se a redução de produtividade do milho para o período 1989/90 a 2010/11, simulada para dezenove datas de semeadura e três ciclos de maturação. Os resultados obtidos permitem concluir que: as alterações nas propriedades físico-hídricas devido aos usos e manejos não comprometeram a qualidade física dos solos da região do Extremo Oeste Catarinense; os manejos em cultivo mínimo, semeadura direta e uso de pastagem perene não afetaram o armazenamento de água facilmente disponível, porém as variações foram influenciadas pelas classes de solos; o conteúdo médio de armazenamento de água facilmente disponível foi 31,4 e 49,6% superior no Cambissolo, respectivamente em relação ao Latossolo e Nitossolo no manejo em cultivo mínimo; o modelo ISAREG estimou uma redução de produtividade média de 25,1%; a maior redução ocorre na semeadura de agosto e a menor nas semeaduras entre janeiro e fevereiro, com variação de até 3,9% entre os ciclos de maturação avaliados; o modelo ISAREG é apropriado para estimar a redução de produtividade, porém superestima seu valor quando a razão Etr Etc-1 é maior que 0,8; há 50% de probabilidade de ocorrer redução de 25% na produtividade de milho nas épocas avaliadas na região do Extremo Oeste Catarinense. Palavras-chave: água disponível, armazenamento de água no solo, propriedades físicas, agrometeorologia, épocas de semeadura Abstract GUADAGNIN, Clístenes Antônio. Evaluation of scenarios hydro-agricultural in family-based agriculture systems in the Western Region of Santa Catarina State, Brazil. 2013. 86f. Thesis (Doctoral in Agronomy) – Graduate Program in Agricultural Family Production Systems. Federal University of Pelotas, Pelotas. The family-based agriculture in the Western region of Santa Catarina State is characterized by a diversity of integrated crop-livestock systems, combining different uses and managements in a complex set of soil types. These systems can changes in their physical and hydrological properties and influence its physical qualities, including the capacity to storage of water available to crops. In the studied region, periods of water deficiencies frequently reduce the productivity of maize, the crop of major socioeconomic importance. This study complies a priority demand set in 2009 by Epagri – UGT9 in the field of water resources management, focusing methods of catchment, storage and use of water in agriculture. Our goals were to analyze the changes in the soil's physical and hydrological properties in several production systems and the effects of water limitation on maize production. We analyzed the effect of land uses and management in the commonest soil types and on the readily available water storage and estimated the reduction in productivity due to water limitation in simulations, considering different seeding seasons. We conducted the research in 36 family-based properties in the West region of Santa Catarina State. We collected soil samples of three classes, in three land uses and management types, four properties and four soil layers (0-0.10, 0.10-0.20, 0.20-0.40 e 0.40-0.60 m), totaling 144 samples, following a factorial design. We used the software ISAREG to calculate the water balance according to the Penman-Monteith/FAO methodology and estimated the loss of maize productivity for the seasons 1989/90 to 2010/11, simulating 19 different seeding dates and three different maturation cycles. We concluded that (1) the changes in the soil's physical and hydrological properties due to the land uses and management didn't impair the physical quality of the soils in the region; (2) the managements of minimum tillage, direct seeding and permanent pastures didn't affected the readily available water storage; (3) that, otherwise, the variations in water storage were influenced by the soil classes; (4) the mean content of readily available water storage was 31.4 and 49.6% higher in Cambissoils, comparing respectively with Latossoils and Nitossoils in the minimum tillage system; (5) the ISAREG model estimated a mean reduction of maize productivity of 25.1%; (6) the highest loss was for August seeding and the lowest for seeding in January and February, varying up to 3.9% among maturation cycles evaluated; (7) the ISAREG model was appropriate to estimate the loss in productivity, but overestimates the loss when Etr / Etc-1 rate is greater than 0.8; (8) there is a 50% probability of maize productivity losses of 25% in the evaluated seasons for the western region of Santa Catarina. Key words: available water, agrometeorology, sowing dates soil water storage, physical properties, Lista de Figuras METODOLOGIA GERAL Figura 1 Figura 2 Localização espacial da região do Extremo Oeste Catarinense............................................................................... 31 Mapa de solos da região do Extremo Oeste Catarinense............................................................................... 33 CAPÍTULO 1 Figura 1 Armazenamento de água facilmente disponível (AFD) na camada 0-0,60 m em classes de solos sob Cultivo Mínimo (CM), Semeadura Direta (SD) e Pastagem Perene (PP). Região do Extremo Oeste Catarinense, 2011........................................................................................... 53 CAPÍTULO 2 Figura 1 Figura 2 Figura 3 Produtividade média de milho na região do Extremo Oeste Catarinense no período de 1990-2011..................................... 59 Redução de produtividade média estimada pelo modelo ISAREG para três grupos de maturação de milho cultivado em Cambissolo sob semeadura direta, em 19 épocas de semeadura, no período de 1990-2011 na região do Extremo Oeste Catarinense.................................................................... 62 Redução de produtividade média estimada pelo modelo ISAREG para cada ano agrícola em diferentes épocas de semeadura de milho cultivado em Cambissolo sob semeadura direta, no período de 1990-2011 na região do Extremo Oeste Catarinense. Dados médios para três ciclos de maturação de milho.............................................................. 64 Figura 4 Figura 5 Figura 6 Relação entre a redução de produtividade com base em dados do IBGE e a razão (ETr Etc-1) para safras da cultura de milho cultivado em Cambissolo sob semeadura direta, no período de 1990-2011 na região do Extremo Oeste Catarinense. Valores médios de 19 épocas de semeadura e três ciclos de maturação de milho............................................. 65 Relação entre a redução de produtividade com base em dados do IBGE e a redução de produtividade estimada pelo modelo ISAREG para safras da cultura de milho cultivado em Cambissolo sob semeadura direta, no período de 1990-2011 na região do Extremo Oeste Catarinense. Valores médios de 19 épocas de semeadura e três ciclos de maturação de milho.......................................................................................... 67 Probabilidade de ocorrência de redução de produtividade estimada pelo modelo ISAREG para safras da cultura de milho cultivado em Cambissolo sob semeadura direta, no período de 1990-2011 na região do Extremo Oeste Catarinense. Valores médios de 19 épocas de semeadura e três ciclos de maturação de milho............................................. 68 Lista de Tabelas METODOLOGIA GERAL Tabela 1 Distribuição dos solos na região do Extremo Oeste Catarinense............................................................................... 35 CAPÍTULO 1 Tabela 1 Tabela 2 Tabela 3 Tabela 4 Efeitos dos usos e manejos em Cultivo Mínimo (CM), Semeadura Direta (SD) e Pastagem Perene (PP) sobre a densidade do solo (Ds), porosidade total (Pt), macroporosidade (Ma), mesoporosidade (Me), microporosidade (Mi), água facilmente disponível (AFD), matéria orgânica (MO) e resistência à penetração (RP) de três classes de solos sob diferentes usos ou manejos. Região do Extremo Oeste Catarinense, 2011....................................... 48 Efeitos dos usos e manejos, solos e a interação destes sobre a água facilmente disponível. Região do Extremo Oeste, 2011........................................................................................... 51 Significância dos contrastes entre os sistemas de uso e manejo e as classes de solo sobre a AFD. Região do Extremo Oeste, 2011................................................................. 51 Contribuição de cada variável, baseada na covariância, sobre a água facilmente disponível. Região do Extremo Oeste Catarinense, 2011..................................................................... 52 Sumário Resumo ............................................................................................................. 6 Abstract ............................................................................................................. 7 Lista de Figuras.................................................................................................. 8 Lista de Tabelas................................................................................................. 10 1 INTRODUÇÃO GERAL................................................................................... 13 2 REVISÃO DE LITERATURA.......................................................................... 15 15 2.1 Sistemas de uso e manejo........................................................................... 15 2.2 Qualidade física do solo............................................................................... 16 2.3 Alterações em propriedades físico-hídricas................................................. 17 2.4 Armazenamento de água no solo................................................................ 21 2.5 Deficiência hídrica e redução de produtividade na cultura do milho............ 23 2.6 Modelos de simulação de balanço hídrico................................................... 27 3 METODOLOGIA GERAL................................................................................ 30 3.1 Caracterização da Área de Estudo.............................................................. 30 3.2 Solos da região do Extremo Oeste Catarinense.......................................... 33 3.3 Sistemas de uso e manejo do solo na região do Extremo Oeste Catarinense.................................................................................................. 35 3.4 Dados Meteorológicos da região do Extremo Oeste Catarinense............................................................................................ 36 3.5 Propriedades físico-hídricas dos solos do Extremo Oeste Catarinense...... 37 3.5.1 Coleta e preparo de amostras.................................................................. 37 3.5.2 Granulometria........................................................................................... 38 3.5.3 Densidade do solo.................................................................................... 39 3.5.4 Macroporosidade, mesoporosidade, microporosidade e porosidade total 39 3.5.5 Resistência à penetração.......................................................................... 40 3.5.6 Curva característica de água no solo........................................................ 40 3.5.7 Armazenamento de água facilmente disponível....................................... 41 3.6 Modelo ISAREG........................................................................................... 41 CAPÍTULO 1 - EFEITOS DE DIFERENTES SISTEMAS DE USO E MANEJO NAS PROPRIEDADES FÍSICO-HÍDRICAS DE SOLOS DO EXTREMO OESTE CATARINENSE………..........……………............ 43 Introdução........................................................................................... 43 Materiais e métodos............................................................................ 45 Resultados e discussão...................................................................... 47 Conclusões.......................................................................................... 53 CAPÍTULO 2 - IMPACTO DA DEFICIÊNCIA HÍDRICA NA REDUÇÃO DE PRODUTIVIDADE DO MILHO NO EXTREMO OESTE DE SANTA CATARINA.................................................................................... 54 Introdução........................................................................................... 54 Materiais e métodos............................................................................ 58 Resultados e discussão ...................................................................... 61 Conclusões......................................................................................... 69 DISCUSSÃO GERAL........................................................................................ 70 CONCLUSÕES GERAIS................................................................................... 72 REFERÊNCIAS.................................................................................................. 73 1 INTRODUÇÃO GERAL Os problemas de pesquisa que geraram este estudo relacionam-se com questões de relevante importância para a região do Extremo Oeste Catarinense: os sistemas de uso e manejo das principais classes de solos da região promovem alterações sobre as suas principais propriedades físico-hídricas, interferem na qualidade do solo e afetam o armazenamento de água disponível; os frequentes períodos de deficiência hídrica induzem a redução da produtividade do milho, cultura de maior importância socioeconômica regional. A definição do tema de pesquisa justifica-se em função da demanda definida em 2009 pela Epagri – UGT9 na área de gestão de recursos hídricos com ênfase em metodologias de captação, armazenamento, utilização/reuso da água na agricultura. A região do Extremo Oeste Catarinense é constituída de 21 municípios pertencentes à microrregião de São Miguel do Oeste, cuja caracterização socioeconômica tem como base a agricultura familiar. O setor agropecuário apresenta diversificados sistemas de produção agrícola que contribuem significativamente na dinâmica econômica regional e estadual, destacando-se na bovinocultura de leite como a quinta bacia leiteira do país, além da significativa importância das cadeias produtivas do setor agroindustrial da suinocultura e avicultura. As culturas de milho e soja se inserem nestas cadeias, pois tem elevada demanda interna devido à produção insuficiente frente ao crescente consumo dos produtos. A cultura do milho ocupa a maior área cultivada e produção agrícola entre as culturas de importância econômica, seguida pela soja, fumo, trigo, feijão, mandioca e pastagens anuais cultivadas (EPAGRI/CEPA, 2012). Os tipos de usos e manejos dos solos da região constituem usos de pastagens perenes associados às lavouras manejadas em semeadura direta ou cultivo mínimo, conduzidos em sistemas de integração lavoura-pecuária em áreas com a ocorrência predominante de Cambissolos, Latossolos e Nitossolos. 14 Esses sistemas geram impactos sobre as propriedades físico-hídricas dos solos que podem comprometer o armazenamento de água do solo e a sua disponibilidade para as plantas (FIDALSKI et al., 2008; DALMAGO et al., 2009). As complexas interações dinâmicas entre os diferentes usos e manejos de solos com propriedades físicohídricas como a densidade do solo, resistência do solo à penetração, volume de poros e a capacidade de armazenamento de água, em função do grau de alteração estrutural provocado, podem comprometer a qualidade física do solo (SPERA et al., 2010; MOREIRA et al., 2012; VEIGA et al., 2012; ROSSETTI; CENTURION, 2013). A produção agrícola na região do Extremo Oeste Catarinense é realizada em diferentes épocas de semeadura, basicamente em condições de sequeiro. A ocorrência de períodos de deficiência hídrica, como a estiagem entre os anos de 2011 e 2012, gerou significativa redução de produtividade do milho, severas perdas econômicas, problemas de abastecimento de água e declaração de situação de emergência em mais de cento e cinquenta municípios do Estado de Santa Catarina (EPAGRI/CEPA, 2012). A disponibilidade hídrica é um dos principais fatores para a expressão do potencial de produção das culturas nas diversas regiões do mundo, principalmente para o milho (BERGAMASCHI et al., 2004; NIED et al., 2005; MASSIGNAM, 2005; NANGOI, 2010; WAGNER et al., 2013). As oscilações nas safras de milho estão frequentemente associadas à disponibilidade de água, especialmente no período crítico da cultura que vai do pendoamento ao início do enchimento de grãos (BERGAMASCHI et al., 2004; NIED et al., 2005). O objetivo geral deste estudo foi gerar informações para a melhoria do uso da água na agricultura no contexto dos diversificados sistemas de produção de base familiar e das condições edafoclimáticas na região do Extremo Oeste Catarinense. Desse modo, o trabalho foi elaborado na forma de dois capítulos. No primeiro analisaram-se os efeitos de diferentes sistemas de uso e manejo sobre as propriedades físico-hídricas de solos da região de estudo. O tema abordado no segundo capítulo foi o impacto da deficiência hídrica na redução de produtividade do milho para a região. 2 REVISÃO DE LITERATURA 2.1 Sistemas de uso e manejo Os usos e manejos do solo devem manter as propriedades físicas do solo o mais próximo possível das condições originais em que se encontrava na natureza para assegurar a qualidade física do solo e a sustentabilidade do sistema produtivo. Nesse sentido, os manejos conservacionistas como a semeadura direta se aproximam em alguns aspectos das condições naturais, mas não reproduzem as condições das coberturas naturais originais de mata, cerrado ou campos nativos (FUENTES-LLANILLO et al., 2006). Os diversificados sistemas de uso e manejo do solo objetivam minimizar os efeitos da degradação da sua estrutura, que por consequência influenciam a compactação e a restrição à infiltração de água, os quais podem comprometer o desenvolvimento do sistema radicular das plantas e a produtividade das culturas (ROSSETI; CENTURION, 2013). A semeadura direta realizada com a mínima mobilização e sem o preparo prévio do solo, sobre a palha originada de resíduos culturais, caracteriza o Sistema de Plantio Direto (SPD). No Estado de Santa Catarina, atinge 100% da área cultivada com soja, 90% da área com trigo e 80% da área com milho e feijão. O SPD é praticado em diversas escalas de produção de grãos, principalmente entre o Planalto e o Extremo Oeste Catarinense, regiões nas quais a produtividade aumentou em média 10% em relação ao manejo convencional e os custos de produção diminuíram porque não ocorrem as operações de aração e gradagens. Na safra agrícola 2010/2011 o SPD abrangeu mais de um milhão de hectares cultivados, com acréscimo de R$ 247,8 milhões na renda bruta da produção estadual de grãos, devido à melhoria nas condições físicas e químicas do solo, redução da evaporação da água e do processo erosivo nas lavouras (VEIGA, 2013). 16 O manejo do solo em cultivo mínimo com o uso do escarificador é caracterizado por mobilizar o solo em menor intensidade do que o arado de discos e grade pesada. O escarificador é um equipamento normalmente composto de ponteiras estreitas (4 a 8cm de largura), espaçadas de 25 a 32cm. Os escarificadores equipados com hastes que formam com a superfície do solo um ângulo ao redor de 20º a 25º propiciam força de tração baixa, penetração fácil e movimentação adequada no solo. Para o adequado preparo do solo necessita ser operado em solo com teor de umidade equivalente ao ponto de friabilidade e dispensa a gradagem de nivelamento do solo quando adaptado com pentes de discos ou rolo destorroador (FERREIRA et al., 2000). O uso de pastagens anuais no inverno, manejadas sob pastejo direto, em alternância com a semeadura direta de culturas para produção de grãos no verão, caracterizam o sistema de integração lavoura-pecuária (SILP), muito difundido no Sul do Brasil (VEIGA et al., 2012). Independentemente do sistema de uso e manejo do solo associado ao SILP, o controle da pressão de pastejo e da taxa de lotação animal em função da produção e do manejo adequado de pastagens proporciona a manutenção e melhoria da qualidade física do solo (FIDALSKI et al., 2008). 2.2 Qualidade física do solo A avaliação da qualidade do solo é destinada a fornecer uma melhor compreensão e consciência de que os recursos do solo são corpos vivos com propriedades físicas, processos biológicos e químicos, e realizando serviços ecossistêmicos essenciais (KARLEN et al., 2003). A qualidade do solo foi definida por Doran e Parkin (1994) como a aptidão do mesmo funcionar dentro dos limites de um ecossistema natural ou manejado para sustentar a produtividade de plantas e animais, manter ou aumentar a qualidade do ar e da água e promover a saúde das plantas, dos animais e dos homens. Do ponto de vista técnico, um sistema de manejo deve contribuir para a manutenção ou melhoria da qualidade do solo e do ambiente, bem como para a obtenção de rendimentos adequados das culturas em longo prazo (SPERA et al., 2010). A qualidade física do solo é estabelecida através de indicadores que se relacionam com as suas propriedades físicas, principalmente a densidade do solo, distribuição do tamanho dos poros, infiltração da de água do solo e resistência à 17 penetração (LANZANOVA et al., 2007; MOREIRA et al., 2012; ROSSETTI; CENTURION, 2013). Estas propriedades físicas devem ser condizentes com as condições estruturais que estabelecem um adequado funcionamento físico do solo. Assim, fatores relacionados com o solo (textura) e com o manejo (matéria orgânica e estrutura), que influenciam a distribuição do tamanho de poros, refletem alterações sobre as propriedades físicas e, portanto, na qualidade física do solo (MAIA, 2011). A qualidade do solo, do ponto de vista físico, conforme Reichert et al. (2003) está associada àquele solo que: a) permite a infiltração, retenção e disponibilização de água às plantas, córregos e subsuperfície; b) responde ao manejo e resiste à degradação; c) permite as trocas de calor e de gases com a atmosfera e raízes de plantas; e d) possibilita o crescimento das raízes. Para os mesmos autores quando empregamos a expressão qualidade do solo, estamos nos referindo à capacidade física do solo em sustentar o pleno desenvolvimento de plantas. As propriedades físicas mais amplamente utilizadas na quantificação da qualidade física do solo são a densidade e a porosidade do solo (FIDALSKI et al., 2008). Entretanto, conforme Lanzanova et al. (2007), a infiltração de água no solo é considerada uma avaliação adequada para estimar sua qualidade física e estrutural, sendo fortemente influenciada pelo grau de compactação do solo, diminuição da porosidade, tamanho e continuidade de poros. Segundo Rossetti e Centurion (2013), sabendo-se, porém, que o cultivo inadequado do solo altera os atributos físicos em relação ao solo não cultivado, surge a necessidade de se quantificar e qualificar as condições estruturais do solo para, desta forma, obter informações sobre a eficácia do manejo do solo e suas influências na produtividade da cultura agrícola. 2.3 Alterações nas propriedades físico-hídricas do solo A relação dos diferentes usos e manejos de solos com as complexas interações dinâmicas entre a densidade do solo (Ds), porosidade total (Pt), macroporos (Ma), mesoporos (Me) e microporos (Mi) e o armazenamento de água facilmente disponível (AFD) e resistência à penetração (RP) podem expressar alterações na qualidade física do solo (SPERA et al., 2010; VEIGA et al., 2012; ROSSETI; CENTURION, 2013). As alterações em propriedades físico-hídricas em função dos sistemas de uso e manejo do solo destacam as vantagens de manejos conservacionistas como a 18 semeadura direta quanto aos teores de matéria orgânica do solo (MOS), na estabilidade dos agregados, na compressibilidade e na condutividade hidráulica, mas revelam limitações quanto à Ds e RP, enquanto o cultivo mínimo baseado na escarificação demonstra eficiência na velocidade de infiltração, na condutividade hidráulica e na RP (FUENTES-LLANILLO et al., 2006). No sistema plantio direto (SPD), a possibilidade de compactação da camada superficial do solo tem sido apontada como um dos fatores de redução da qualidade física. Contudo, a utilização do SPD normalmente propicia o incremento de MOS e o desenvolvimento de um sistema poroso contínuo e estável, que atenuam os impactos negativos da compactação. Independentemente dos limites críticos de RP, verificou-se que a qualidade física de um Latossolo Vermelho não é limitante à produção de culturas após 30 anos de utilização do SPD (BETIOLI JUNIOR et al., 2012). O SPD contribui para a redução das perdas de solo, água e nutrientes provocadas pela erosão hídrica, constituindo o principal tipo de manejo de solo utilizado na produção de grãos na região Sul do Brasil (TORMENA et al., 2007). A adoção de semeadura direta em um Argissolo Vermelho em Eldorado do Sul (RS) aumentou os teores de MOS na camada superficial e a RP em subsuperfície em relação ao preparo convencional, no qual o revolvimento do solo não influenciou a Pt e a distribuição do tamanho dos poros, mas aumentou a condutividade hidráulica saturada em superfície, que por sua vez, não restringi u o desenvolvimento radicular e também não afetou o armazenamento de AFD entre os manejos avaliados (SILVA et al., 2005). O preparo escarificado de um Latossolo Vermelho permitiu maior retenção de água na camada superficial em função do aumento da Pt, enquanto a maior disponibilidade de água foi verificada em profundidade, no manejo em plantio direto, quando comparado ao preparo escarificado e convencional (CASTRO et al., 2010). Os tipos de manejo que mobilizam o solo, como o cultivo mínimo com escarificação, promovem alterações na sua estrutura, na qual a magnitude das mudanças é reduzida ao longo do tempo após a operação e depende da classe do solo, do método de preparo e do teor de água no solo. Na avaliação dos manejos em preparo convencional, plantio com escarificação e semeadura direta, em um Nitossolo Vermelho, após o período de um ano do preparo do solo verificou-se o aumento da Pt, da Ma e Me, e a redução da Ds na camada superficial (0,00–0,05m), 19 porém esse efeito diminuiu nas avaliações realizadas após nove anos nesses manejos, devido à reconsolidação natural do solo (VEIGA et al., 2008). O uso continuado do SILP pode promover alterações nos atributos físicos do solo e afetar a produtividade das culturas semeadas em sucessão à pastagem. No SILP, o pisoteio animal pode aumentar a Ds e reduzir a Pt, ambos indicadores do aumento do estado de compactação, verificado especialmente na camada superficial do solo (VEIGA et al., 2012). A compactação é caracterizada pela redução do volume de poros, da taxa de difusão de oxigênio e da água disponível para as plantas, e pelo aumento da Ds, da RP e da energia de retenção da água no solo, refletindo a intensidade de preparo do tipo de manejo do solo utilizado, a umidade no momento das operações, as pressões exercidas, a espessura da camada mobilizada e o histórico de uso da área (GENRO JÚNIOR et al., 2009). A degradação da qualidade do solo em SILP foi observada por Lanzanova et al. (2007) e Fidalski et al. (2008), a partir de índices considerados críticos para a Ds > 1,4Mg m-3, Pt < 0,50m3 m-3, Ma < 0,10m3 m-3 e RP > 2,0MPa. Esse valor de RP foi proposto por Taylor et al. (1966) para a camada superficial do solo (< 0,10m), embora alguns autores admitam RP (> 2,5MPa) em SILP (PETEAN et al., 2010) e (> 3,5MPa) em solos sob semeadura direta (TORMENA et al., 2007). Na avaliação da qualidade física de Latossolos Vermelhos do Noroeste do Rio Grande do Sul sob SILP, Collares et al. (2011) verificaram que o pisoteio animal na camada superficial do solo (0,10m) indicaram aumento da compactação, onde os valores de Ds estavam acima de 1,4Mg m-3, a Ma abaixo de 0,10m3 m-3 e a RP acima de 2MPa, indicadores da degradação física do solo e da necessidade de práticas de manejo adequadas para a recuperação desses solos. Entretanto, as alterações sobre as propriedades físico-hídricas dos solos nem sempre atingem índices considerados críticos, que se traduzem em limitações para o desenvolvimento das raízes e das plantas. Em um Latossolo Vermelho do Noroeste do Paraná, após oito anos de SILP com semeadura direta, a densidade do solo, porosidade e a permeabilidade do solo ao ar não confirmaram a hipótese de que o pisoteio animal reduziu a qualidade física do solo (MOREIRA et al., 2012). Entretanto, os mesmos autores verificaram que a intensificação de pastejo indicou a redução da qualidade física do solo na camada até 0,15m devido aos valores restritivos de RP (entre 2,5 e 4,0MPa), onde este atributo apresentou maior sensibilidade na detecção de alterações físicas entre os manejos das áreas. 20 Em um Latossolo Vermelho, na região do Cerrado de Minas Gerais, submetido aos usos e manejos de semeadura direta, preparo convencional do solo, pastagem e campo nativo, não foram observadas alterações significativas com relação aos atributos físicos, nos quais todos os sistemas de uso e manejo avaliados apresentaram valores médios de Ma próximos ou superiores daquele considerado ideal (0,33m3 m-3). Apenas no campo nativo não ocorreu valores de RP maiores que 2MPa. As maiores variações do índice de sensibilidade (Is), usado para estimar o grau das alterações dos atributos físicos do solo em função dos diferentes usos demonstraram, para os atributos capacidade de campo e condutividade hidráulica saturada, o efeito prejudicial do preparo convencional e uso de pastagem sobre a estrutura do solo quando comparados à semeadura direta (TORRES et al., 2011). As pressões provocadas pelo pisoteio animal pode determinar a compactação da camada superficial do solo, no qual alterações dos atributos físicos como a RP, Ma e condutividade hidráulica saturada foram os indicadores mais sensíveis de diferentes formas de uso e manejo em um Latossolo Vermelho-Amarelo do Cerrado Mato-Grossense. Nestes sistemas, as maiores alterações nas propriedades físico-hídricas do solo ocorreram na área sob plantio direto, porém não apresentaram índices críticos ao desenvolvimento das plantas e elevaram a capacidade de armazenamento de água (SILVA et al., 2008). Na região do Planalto Médio do Rio Grande do Sul, em SILP sob plantio direto, o aumento da compactação na camada de 0-0,05m foi evidenciado pelo aumento da Ds. Na camada de 0-0,15m a compactação foi verificada pelo aumento da Ma e na camada 0-0,20m pela redução da Pt e aumento da RP. Entretanto, o manejo através de pastejo contínuo não afetou a taxa de infiltração de água no solo após a cultura do milho, devido ao aporte de MOS e manutenção de resíduos culturais na superfície do solo (LANZANOVA et al., 2007). Em um Nitossolo manejado em SILP, a semeadura direta de pastagem de inverno, independentemente do revolvimento adicional do solo com grade niveladora, não alterou os atributos físicos do solo, com exceção da RP. Além disso, não afetaram a fitomassa aérea remanescente da pastagem e o rendimento das culturas de soja e milho cultivadas em sucessão à pastagem (VEIGA et al., 2012). Em um Latossolo Vermelho, em Coxilha (RS), após dez anos da implantação de seis SILP sob plantio direto, verificou-se que apesar dos indícios de compactação, esta não atingiu níveis considerados críticos ao desenvolvimento dos cultivos, apesar da 21 Ma apresentar, de modo geral, valores abaixo de 0,10m3 m-3, considerado ideal para o enraizamento e desenvolvimento das plantas (SPERA et al., 2010). O manejo inadequado das pastagens de inverno associado ao uso de monoculturas no verão pode limitar o aporte de resíduos vegetais ao solo e reduzir os estoques de MOS em SILP. Em um Argissolo Vermelho-Amarelo da região do Planalto Médio Gaúcho, foi necessária a adição de 4,5Mg ha-1 ano -1 de carbono orgânico através de resíduos vegetais para que se mantivessem os estoques originais de MOS em campo nativo sob SILP. Nesta condição, os resíduos culturais da soja no verão foram responsáveis por mais da metade do aporte de carbono orgânico ao solo, recomendando-se, nesta situação, incluir no manejo de rotação de culturas espécies para cobertura do solo com alta produção de fitomassa (NICOLOSO et al., 2008). A consorciação de espécies de Brachiaria spp. e milho proporcionaram aumento na Ma do solo na camada de 0,0-0,10m e nas camadas de 0,0-0,10 e 0,200,30m para Pt, nos quais a boa quantidade de palha foi suficiente para manutenção da estabilidade do manejo em semeadura direta (CHIODEROLI et al., 2012). A manutenção de resíduos vegetais formadores de palha no manejo de semeadura direta contribui para o aumento da MOS, que atua como condicionador do solo, com efeitos favoráveis à maior estabilidade dos agregados, aumento da Pt e redução da Ds. A palha mantida sobre a superfície do solo com o acúmulo de MOS atua positivamente sobre a taxa de infiltração e armazenamento de água no solo (BRAIDA et al., 2010). 2.4 Armazenamento de água no solo O conhecimento do armazenamento de água no solo e suas relações com os atributos físicos do solo são de importantes para o manejo do solo, da água e das culturas, visto que os sistemas de uso e manejo afetam a estrutura do solo e podem influenciar a disponibilidade de água para as plantas (SILVA et al., 2005). Os solos funcionam como um sistema complexo que retém e disponibilizam água, ar, calor e nutrientes para o desenvolvimento vegetal, sendo capaz de proporcionar um ambiente físico favorável ao crescimento radicular e a maximização da produtividade das culturas (TORMENA et al., 2002). Neste contexto, estudos avaliaram as alterações nas propriedades físico-hídricas de solos submetidos a diferentes 22 sistemas de uso e manejo sobre os processos envolvidos no armazenamento de água e na qualidade física de solos, especialmente em SILP (LANZANOVA et al., 2007; MOREIRA et al., 2012; VEIGA et al., 2012; JEMAI et al., 2013). A disponibilidade de água às plantas não está diretamente relacionada à capacidade de armazenamento de água no solo, visto que o armazenamento depende da textura, do espaço poroso e da profundidade do solo, enquanto a disponibilidade às plantas é influenciada pelas propriedades do solo e pela capacidade de extração de água pelas plantas nos diferentes teores de umidade e tensões de energia de retenção da água no solo. O maior armazenamento de água no solo pode não representar maior disponibilidade de água às plantas quando houver restrições ao desenvolvimento radicular e redução severa na disponibilidade de água em situação de deficiência hídrica. Assim, as variações no armazenamento de água disponível relacionam-se à textura, aos sistemas de uso e manejo dos solos, além da quantidade e distribuição das chuvas (PETRY et al., 2007). Os impactos favoráveis do plantio direto sobre alguns atributos relacionados ao armazenamento de água foram verificados, após três e sete anos, em um solo argiloso do Norte da Tunísia. A melhoria significativa dos teores de água disponível com a maior retenção de água na camada 0-0,10m, aumento do armazenamento de água e adequada infiltração de água em profundidade foram atribuídos ao aumento da matéria orgânica do solo, maior porosidade total e macroporosidade, redução da densidade do solo e da microporosidade ao longo do tempo em relação ao preparo convencional do solo (JEMAI et al., 2013). Em um Argissolo Vermelho em Eldorado do Sul (RS), Dalmago et al. (2009) verificaram que o armazenamento de água foi 80% maior no sistema de plantio direto próximo à superfície (2,5cm) e em potenciais matriciais mais elevados, com a maior disponibilidade de água às plantas em relação ao preparo convencional. Nesta camada superficial do solo, a mesoporosidade, que é o tamanho de poros responsável pela retenção da água facilmente disponível às plantas, apresentou valores mais elevados e variação direta com a densidade do solo no plantio direto, diferenciando-se significativamente do preparo convencional. Essa tendência, segundo os mesmos autores, foi atribuída ao maior teor de matéria orgânica nas camadas superficiais, a maior agregação do solo, estabilidade da estrutura, agregados mais resistentes e a redução da densidade do solo no plantio direto, 23 enquanto para profundidades maiores (60 e 75cm), a variabilidade natural do solo explica as variações da mesoporosidade entre os dois manejos avaliados. A disponibilidade de água para a cultura do milho cultivado em manejos de semeadura direta e preparo convencional, foi avaliada por Petry et al. (2007) em um Argissolo Vermelho de Santa Maria (RS). Em dois anos consecutivos de cultivo, os sistemas de manejo não influenciaram a capacidade de armazenamento e a disponibilidade de água às plantas de milho, as quais quando submetidas à deficiência hídrica terminal apresentaram índice de área foliar diretamente relacionado à extração de água na camada superficial do solo. A capacidade de armazenamento de água é um indicador sensível para avaliar os efeitos da intensificação do pastejo em SILP, no qual o controle da taxa de lotação animal em função da produção de forragem não comprometeu a qualidade física do solo (FIDALSKI et al., 2008). Nesse sistema, o indicador da capacidade de armazenamento de água no solo, calculado através da razão entre o conteúdo de água do solo retido à capacidade de campo no potencial matricial de -10kPa e a porosidade total do solo, revelaram que o tratamento da gramínea coastcross (Cynodon dactylon) com a aplicação de 200kg ha -1 de Nitrogênio anualmente apresentou a maior capacidade de reter água no solo (0,49), aproximando-se do índice ideal de 0,66 (adimensional) proposto por Reynolds et al. (2002). 2.5 Deficiência hídrica e redução de produtividade na cultura do milho As oscilações nas safras de milho nas principais regiões produtoras do Brasil estão associadas à deficiência hídrica, principalmente no período crítico da cultura que ocorre entre a polinização, formação do zigoto e desenvolvimento inicial do grão. Nesse período a razão Etr Etc-1 explica quase 80% das variações na produção de grãos, que se estabiliza acima de uma razão de 0,7. As reduções de produtividade do milho são frequentes e intensas no Rio Grande do Sul, apesar da tendência de aumento de rendimento da cultura decorrentes de avanços tecnológicos em insumos, melhoramento genético e manejo da cultura, além da redução dos riscos climáticos proporcionada pelo zoneamento agrícola (BERGAMASCHI et al., 2006). A disponibilidade hídrica é o fator mais importante para a expressão do rendimento potencial da cultura do milho. Para quantificá-la, a evapotranspiração 24 relativa é um dos indicadores utilizados, definida através da relação entre a evapotranspiração real (Etr), decorrente da disponibilidade hídrica existente, e a evapotranspiração da cultura (Etc) da cultura em cada subperíodo do ciclo de desenvolvimento das plantas. Sequencialmente, a determinação da fração deficitária de água (FD = 1 – Etr Etc-1) permite a identificação das épocas de semeadura com menor risco de deficiência hídrica às culturas (NIED et al., 2005). Nos estudos das relações solo-água-planta-atmosfera e na caracterização da disponibilidade hídrica um índice amplamente utilizado é a relação Etr Etc -1, também denominado índice R ou ISNA (Índice de satisfação das necessidades de água). Esse índice varia entre zero e um, indicando ótima disponibilidade hídrica quando o valor for igual a um e, consequentemente, quanto mais próximo de zero maior a deficiência hídrica (LEIVAS et al., 2006). Considerando o valor de R = 0,6 proposto por Silva e Azevedo (1994), como o índice crítico de transição entre as condições de umidade favoráveis às culturas, os riscos de deficiência hídrica para o milho, no Rio Grande do Sul, foram classificados por Matzenauer et al. (2002) em três faixas: áreas de baixo risco (Etr Etc -1 > 0,70); médio risco (0,50 ≤ Etr Etc -1 ≤ 0,70) e áreas de alto risco (Etr Etc -1 < 0,50). O milho é cultivado em todas as regiões do Estado de Santa Catarina, em diversas condições climáticas e diferentes épocas de semeadura. Entretanto, as adversidades climáticas são frequentes e geralmente determinam períodos de deficiência hídrica entre os meses de novembro a janeiro na região do Oeste Catarinense com elevada redução de produtividade para a cultura. De maneira geral, as semeaduras do cedo (setembro a meados de outubro) resultam em maior produtividade de milho, estimulando a floração em momentos de menor risco de estresse causados pelas altas temperaturas e baixa umidade durante a polinização, mas é dependente da temperatura do solo para uma rápida germinação e emergência. Assim, para a região de Chapecó (SC), as semeaduras entre 10 de setembro e 10 de outubro são as mais produtivas, devendo-se evitar semeaduras a partir de janeiro devido à queda drástica na produtividade pela redução da radiação solar e risco de geadas durante o ciclo da cultura (FLESCH; MASSIGNAM, 2000). A ocorrência de deficiência hídrica é indicada como uma das grandes causas de variabilidade da redução de produtividade no milho em Santa Catarina. Em função da estiagem ocorrida na safra 2004/2005 os municípios da região do Meio Oeste Catarinense apresentaram redução de produtividade no milho que 25 variaram de 40 a 64%, devido às diferenças entre as épocas de semeadura e à pequena intensidade de precipitações. Nesta safra, a análise das épocas de semeadura através de modelos de simulação demonstrou a inexistência de escalonamento das épocas de semeadura em vários municípios, sendo que naqueles com plantios no mês de dezembro houve maior impacto da estiagem (MASSIGNAM, 2005). Em períodos de ocorrência de deficiência hídrica severa em que há restrições ao desenvolvimento radicular da cultura do milho, a maior capacidade de armazenamento de água no solo pode não representar aumento da disponibilidade de água às plantas. Entretanto, o comportamento das plantas cultivadas em períodos de deficiência hídrica é influenciado pela intensidade com que ocorre esse déficit e da adaptação das plantas às situações adversas. As plantas desenvolvem alguns mecanismos fisiológicos que permitem a obtenção de produtividades satisfatórias, mesmo em situações de deficiência hídrica quando a falta de água ocorre de maneira gradativa (PETRY et al., 2007). A avaliação dos riscos climáticos associados às épocas de semeadura da cultura do milho para Campos Novos (SC) foram analisadas por Massignam (2007). Nesta região, verificou-se uma pequena diferença na disponibilidade hídrica média entre dezoito épocas de semeadura simuladas, indicando que a disponibilidade hídrica não interfere na determinação da época de semeadura para a cultura do milho. Entretanto, os maiores valores da relação Etr Etc-1 ocorreram no final da época de semeadura simulada (janeiro), demonstrando uma tendência de decréscimo da deficiência hídrica a partir das semeaduras do cedo (agosto). As melhores épocas de semeadura de milho para Campos Novos (SC) situam-se entre o final de setembro até meados de novembro, condicionando a decisão do momento da semeadura à ocorrência de temperatura média do ar próxima ou acima da média climatológica. Essa decisão também deve considerar o decréscimo da radiação solar que determina uma menor produção de biomassa devido à diminuição das taxas de fotossíntese, e consequentemente a redução da produtividade da cultura. O declínio da radiação solar influencia negativamente tanto as semeaduras do cedo (mês de agosto), na qual afeta o subperíodo da emergência à floração, como nas semeaduras do tarde (final de dezembro até janeiro) quando interfere na fase crítica do enchimento de grãos (MASSIGNAM, 2007). 26 Entre os fenômenos climáticos de maior importância no Brasil está o El Niño Oscilação Sul (ENOS), de ocorrência no Oceano Pacífico Equatorial, relacionado no Sul do Brasil ao aumento do volume de chuvas. A fase oposta é representada pelas condições de La Niña, que no Oeste Catarinense registra chuvas de moderada a forte intensidade, geralmente abaixo da média no bimestre outubro/novembro, coincidindo com períodos críticos do milho semeado entre agosto/setembro. Resultados indicaram que o Oeste Catarinense é a região com o maior req uerimento de irrigação para o milho em anos de La Niña, na qual as reduções de produtividade por deficiência hídrica tendem a ser menores para semeaduras realizadas a partir de 10 de outubro (MINUZZI; RIBEIRO, 2012). O milho pertence ao grupo de plantas com metabolismo fotossintético do tipo C4, caracterizado pelo elevado potencial produtivo. Porém, mesmo em anos de El Niño, que indicam uma distribuição favorável de chuvas, há risco de redução de produtividade de milho se ocorrer deficiência hídrica no período crítico da cultura, que vai do pendoamento ao início do enchimento de grãos. Os componentes da produção de grãos de milho mais afetados em condições de deficiência hídrica no período crítico da cultura foram o número de grãos por espiga e o número de espigas por planta (BERGAMASCHI et al., 2004). A escolha da época de semeadura do milho é um processo de tomada de decisão importante que influencia a produtividade da cultura, sendo condicionada pela disponibilidade hídrica e condições térmicas do solo durante a semeadura. Os riscos de semeaduras tardias de milho para a região Planalto Catarinense, simulados através do modelo Ceres-Maize, demonstraram a inviabilidade de semeaduras após o mês de janeiro devido ao elevado risco de frustração de colheita com a redução de produtividade de milho, associada principalmente à deficiência hídrica, às baixas temperaturas, à diminuição da radiação solar e ao alto risco de geadas (CARDOSO; SOCCOL, 2008). A maior frequência de deficiência hídrica no município de Santa Maria (RS), considerando o ciclo total da cultura do milho, ocorre para as épocas de semeadura de início de outubro à primeira quinzena de dezembro, porém as deficiências mais acentuadas ocorrem para as épocas de semeadura de início de outubro à primeira quinzena de novembro. As épocas de semeadura com menores probabilidades de riscos de deficiência hídrica, durante os subperíodos mais críticos do milho, foram determinadas entre dezembro à primeira quinzena de janeiro (NIED et al., 2005). 27 A variabilidade de precipitações pluviais na metade sul do Rio Grande do Sul (sul do paralelo 30ºS) registra normais anuais inferiores a 1.500mm, enquanto a metade norte possui totais anuais superiores a esse valor. A avaliação dos riscos de deficiência hídrica apresentou uma maior probabilidade de ocorrência na região da Campanha, principalmente entre o 2º decêndio de dezembro e o 2º de janeiro. A menor deficiência hídrica na metade sul foi verificada na região da Depressão Central do Estado (LEIVAS et al., 2006). A estimativa da produtividade do milho em Guarapuava (PR) foi afetada pela distribuição da disponibilidade hídrica ao longo do ciclo fenológico, com probabilidade média próxima de 50% de redução da produtividade por deficiência hídrica. Nessa região, indicou-se a data de 10 de novembro para semeadura de milho por apresentar maior probabilidade de aumento da produção de grãos e menor risco de deficiência hídrica na fase da antese à fecundação (WAGNER et al., 2013). Os efeitos das épocas de semeadura do milho safrinha em Londrina (PR) indicaram aumentos do ciclo de 120 a 140 dias para semeaduras em janeiro e de 160 a 170 dias para semeaduras em abril, com tendência de aumento de falhas no estabelecimento da cultura devido à deficiência hídrica e risco de geada à medida que se atrasou a semeadura (CARDOSO et al., 2004). 2.6 Modelos de simulação de balanço hídrico Os diversos modelos de simulação do balanço hídrico constituem ferramentas preciosas para a determinação das necessidades de água pelas culturas, planejamento de projetos de irrigação e avaliação do uso da água na agricultura (TEIXEIRA; PEREIRA, 1992). Considerando-se os custos e o tempo necessários em procedimentos experimentais, predições de balanço hídrico vêm sendo satisfatoriamente realizadas através de modelos de simulação (LOUZADA, 2004). Os softwares computacionais usados nestas aplicações são programas que calculam o consumo de água da cultura e de irrigação para diferentes condições de manejo e padrões de cultivo, permitem avaliar o rendimento e a quebra de produtividade da cultura a partir de dados do clima, do solo e da cultura (PEREIRA et al., 2003). Possibilitam, também, a escolha correta da época de semeadura, para que a cultura não fique exposta a déficits hídricos em momentos cruciais para a obtenção de boas produções (FRIZZONE et al., 2005; VIVAN, 2010). 28 No oeste do Estado de Santa Catarina, a intensificação da produção agrícola sem o acompanhamento de práticas adequadas de manejo e de uma sólida regulamentação da atividade pode levar a sérios problemas ambientais, como os observados na produção intensiva de suínos que tem causado grande acúmulo de dejetos e, consequentemente, poluição da água. Os tomadores de decisões frequentemente questionam os pesquisadores da área de recursos naturais sobre práticas de manejo e decisões relacionadas à legislação ambiental. Para auxiliar na resposta à esses questionamentos, modelos de simulação do ambiente podem ser ferramentas úteis, uma vez que podem ser usados para explorar as consequências de diversas práticas de manejo (BACIC et al., 2008). O movimento cíclico do balanço da água no solo inicia com a sua infiltração, continua com o armazenamento da água na região do sistema radicular das plantas e termina com sua remoção através da evaporação, da absorção pelas raízes e da drenagem. A contabilização das entradas e saídas de água que ocorrem num volume de solo caracteriza a variação do armazenamento de água num determinado intervalo de tempo onde o solo representa o reservatório de água. As formas de entrada de água no sistema podem ocorrer através da chuva, orvalho, escoamento superficial, a ascensão capilar e/ou irrigação. As possíveis saídas de água são representadas pela evapotranspiração, escoamento subterrâneo e a percolação ou drenagem profunda. O armazenamento de água no solo pode atuar tanto nas entradas como nas saídas de água no balanço hídrico (TEIXEIRA; PEREIRA, 1992). Diversos modelos foram desenvolvidos para quantificar o balanço hídrico visando a avaliação do déficit hídrico e as estratégias de irrigação. Estes modelos podem ser classificados em modelos pedológicos, baseados na determinação dos teores de água no solo; modelos físicos, que analisam a relação do teor de umidade com a tensão da água no solo; modelos fisiológicos, que relacionam a deficiência hídrica do solo com as reações das plantas; modelos irrigacionistas, que utilizam valores de evapotranspiração determinados por algum método de estimativa, como Penman-Monteith, Thorthwaite, tanque “Classe A” e outros, e modelos climatológicos, baseados no balanço entre a precipitação e a evapotranspiração da cultura (VIVAN, 2010). Os modelos de simulação podem ser basicamente agrupados em modelos mecanicistas (determinísticos), baseados na simulação do fluxo de água no solo, e os modelos matemáticos (empíricos), baseados no cálculo direto do balanço hídrico 29 da água do solo (ROSA et al., 2012). Para os mesmos autores, os modelos mecanicistas são altamente exigentes em termos de dados, particularmente em relação às propriedades hidráulicas do solo e das culturas, além de informações nutricionais, geralmente requerem investimento substancial para a aquisição de dados e necessitam de complexa parametrização e calibração. Exemplos desses modelos incluem CERES-Maize (JONES; KINIRY, 1986), DSSAT (NIELSEN et al., 2002), SWAP (VAZIFEDOUST et al., 2008) e AquaCrop (RAES et al., 2009). Em contraste aos modelos mecanicistas, os modelos matemáticos são geralmente concebidos para a simulação mais prática da programação de irrigação que pode ser de natureza empírica. Os modelos matemáticos exigem menos dados de entrada do solo, tem mais fácil parametrização da cultura, e pode empregar procedimentos mais simples para estimar a evapotranspiração da cultura, tais como os modelos de Stewart (STEWART et al., 1977; DOORENBOS; KASSAM, 1979) e JENSEN (1986). A precisão destes modelos no manejo da irrigação é alta quando os dados de solo e clima são de boa qualidade. Estes modelos são muito adequados para a programação de irrigação, além de permitirem avaliar a deficiência hídrica para se estimar, por exemplo, a redução de produtividade, como nos modelos ISAREG (TEIXEIRA; PEREIRA, 1992; LIU et al., 1998), CROPWAT FAO (SMITH, 1989), ISM (GEORGE et al, 2000), BUDGET (RAES et al., 2006), Osiri (CHOPART et al., 2007) e PILOTE (KHALEDIAN et al., 2009). O ISAREG é um modelo matemático de simulação do balanço hídrico do solo, facilmente parametrizado, que requer apenas a caracterização hidráulica essencial do solo e dados básicos da cultura, além de adotar funções simplificadas da relação água-rendimento para avaliar os efeitos da deficiência hídrica nas reduções de produtividade (TEIXEIRA; PEREIRA, 1992). Apesar da simplicidade deste modelo em relação aos que exigem parametrizações complexas, o ISAREG também necessita de validação de seus pressupostos antes de sua utilização (JOBIM, 2007). O modelo ISAREG foi aplicado com bons resultados para diversas culturas e ambientes, tanto no âmbito internacional como para as condições da agropecuária brasileira (PEREIRA et al., 2003; VICTORIA et al., 2005; JOBIM, 2007; POPOVA; PEREIRA, 2011; CHATERLÁN et al., 2012; GUADAGNIN et al., 2012; SARAIVA et al., 2013). 3 METODOLOGIA GERAL 3.1 Caracterização da Área de Estudo O trabalho teve como área de abrangência a região do Extremo Oeste do Estado de Santa Catarina, com área total de 4.241,99 km2 (Fig. 1). A região agrupa 21 municípios (Anchieta, Bandeirante, Barra Bonita, Belmonte, Descanso, Dionísio Cerqueira, Guaraciaba, Guarujá do Sul, Iporã do Oeste, Itapiranga, Mondaí, Palma Sola, Paraíso, Princesa, Riqueza, Romelândia, Santa Helena, São João do Oeste, São José do Cedro, São Miguel do Oeste e Tunápolis) que constituem a microrregião de São Miguel do Oeste. A região do Extremo Oeste Catarinense pertence à mesorregião Oeste Catarinense, cuja base econômica e social é fundamentada na agricultura familiar. A região delimita-se ao norte com o Estado do Paraná, ao sul com o Estado do Rio Grande do Sul, a leste com a microrregião de Chapecó e a oeste com a Argentina (EPAGRI/CEPA, 2012). A região do Extremo Oeste abrange totalmente a bacia hidrográfica do rio Peperi-Guaçu e parte da bacia do rio das Antas, que ocupam respectivamente 2.183 e 3.652km2. Estas bacias constituem a Região Hidrográfica 1 (RH1) de Santa Catarina que têm suas nascentes no limite entre os Estados do Paraná e Santa Catarina e deságuam na margem direita do rio Uruguai (SANTA CATARINA, 2008). Os estudos para elaboração do Plano Estadual de Recursos Hídricos de Santa Catarina (PERH/SC) no ano de 2008 verificaram a estimativa total de disponibilidade de água para a dessedentação animal nas bacias dos rios PeperiGuaçu e das Antas, consecutivamente de 512.257 e 577.471m 3, em cenário de crescente aumento da atividade de bovinocultura de leite na região, além da alta concentração de suínos e aves existentes. A demanda de água para irrigação é estimada em 22.098 e 23.605m3 mês -1, nessa ordem para as bacias dos rios PeperiGuaçu e das Antas, uma vez que as principais culturas regionais não utilizam 31 irrigação suplementar. O consumo doméstico da água na RH1 foi estimado em 194,5L habitante-1 dia, no ano de 2004 (SANTA CATARINA, 2008). Figura 1 – Localização espacial da região do Extremo Oeste Catarinense Fonte: SANTA CATARINA (2008). Adaptado pelo autor. Geologicamente, a região do Extremo Oeste Catarinense encontra-se na Província Estrutural do Paraná, sobre a área de sedimentação denominada Bacia da Serra Geral. Em condicionamento à evolução tectônica, ocorre uma série de lineamentos/fraturas estruturais, cujas direções são variáveis. A ocorrência de fraturas é relevante à recarga dos sistemas aquíferos, pois a infiltração das águas ocorre através de fraturas presentes nas rochas. Assim, a quantidade de fraturas na região é diretamente proporcional à capacidade de armazenar água, configurando importante reservatório de água. Entretanto, é importante salientar que áreas com 32 maiores densidades de fraturas apresentam maior possibilidade de percolação de compostos poluentes, sendo mais vulneráveis à contaminação das águas subterrâneas (SANTA CATARINA, 2008). A frequência de estiagens destaca-se como evento climático crítico com efeitos drásticos para a produção agropecuária regional. Entre os anos de 1980 a 2003, a frequência de estiagens foi identificada como muito alta em sete municípios: Anchieta, Descanso, Guarujá do Sul, Itapiranga, Romelândia, São José do Cedro e Tunápolis; alta em oito municípios: Belmonte, Dionísio Cerqueira, Guaraciaba, Iporã do Oeste, Mondaí, Palma Sola, São João do Oeste e São Miguel do Oeste; média em dois municípios: Princesa e Riqueza; e baixa a nula em quatro municípios: Bandeirante, Barra Bonita, Paraíso e Santa Helena (SANTA CATARINA, 2008). A classificação quanto à capacidade de uso do solo da região agrupa diferenciadas classes. No grupo A, as áreas consideradas aptas para lavouras, pastagens e/ou reflorestamento apresentam as seguintes classes: IIs: 291,4km 2 (6,9%), áreas com pequenas limitações, com problemas simples de conservação e/ou fertilidade do solo; IIIs: 14,6km2 (0,3%) e IIIe: 799,2km2 (18,8%), áreas com limitações tais que reduzem a escolha dos cultivos e/ou necessitam de práticas de conservação e/ou fertilidade do solo; IVe: 1.481,2km2 (34,9%), áreas com limitações severas para cultivos intensivos devido ao risco de erosão, cultivadas com lavouras anuais ocasionalmente e com cultivos perenes e práticas complexas de conservação do solo. A maior área da região pertence ao grupo B e classe Ve com 1.602,3km 2 (37,8%), abrangendo áreas impróprias para lavouras, mas adaptáveis para pastagens, silvicultura e refúgio da vida silvestre, onde predominam áreas com alto grau de erodibilidade (SANTA CATARINA, 2008). Os sistemas de produção desenvolvidos na região do Extremo Oeste Catarinense são característicos da agricultura familiar. A população total foi estimada em 174.732 habitantes, na qual 73.537 pessoas vivem no espaço rural. A área agrícola cultivada na safra 2010/2011 foi de aproximadamente 59.110ha de milho safra, 11.515ha de milho safrinha, 28.820ha de soja, 3.900ha de feijão, 8.012ha de fumo, 4.300ha de trigo e 1.948ha de mandioca. A pecuária regional apresentou no ano de 2010 um rebanho bovino de corte composto por 489 mil cabeças (11,7% de SC), 9,5 milhões de aves (6,0% de SC), 746 mil suínos (9,3% de SC) e 19,9% da produção estadual de leite e derivados, em crescente expansão e, atingiu no ano de 2010 o volume de 1,7 bilhões de litros (EPAGRI/CEPA, 2012). 33 Os indicadores médios dos fatores de produção regionais apresentam 3,0 unidades de trabalho homem-familiar em uma superfície agrícola útil de 20,35ha, distribuídos em 6,65ha de pastagem nativa (32,68%); 5,75ha de milho safra (28,26%); 3,75ha de pastagem perene de verão (18,43%); 2,80ha de pastagem de inverno (13,76%) e 1,40ha de fumo de galpão (6,87%) (ARAÚJO, 2009). 3.2 Solos da região do Extremo Oeste Catarinense As ordens de solos de ocorrência predominante na região do Extremo Oeste Catarinense são os Cambissolos, Latossolos e Nitossolos (Fig. 1). A classificação dos solos apresenta quatro subordens distribuídas em Cambissolo Háplico, Latossolo Bruno, Latossolo Vermelho e Nitossolo Vermelho (EMBRAPA, 2004). Figura 2 – Mapa de solos da região do Extremo Oeste Catarinense Fonte: EMBRAPA (2004). Adaptado pelo autor Os Cambissolos abrangem grupamento de solos constituídos por material mineral com horizonte B incipiente subjacente a qualquer tipo de horizonte superficial, exceto hístico com 40cm ou mais de espessura ou horizonte A chernozêmico quando o B incipiente apresentar argila de atividade alta e saturação 34 por bases alta. Possuem pedogênese pouco avançada evidenciada pelo desenvolvimento da estrutura do solo, com alteração do material de origem expressa pela quase ausência da estrutura da rocha ou da estratificação dos sedimentos, croma mais alto, matizes mais vermelhos ou conteúdos de argila mais elevados que o dos horizontes subjacentes (EMBRAPA, 2013). Os Latossolos compreendem solos constituídos por material mineral, apresentando horizonte B latossólico precedido de qualquer tipo de horizonte A dentro de 200cm de superfície do solo ou dentro de 300cm se o horizonte A apresenta mais que 150cm de espessura. São solos em avançado estádio de intemperização, muito evoluídos, capacidade de troca de cátions da fração argila baixa (< 17cmolc kg-1), são normalmente muito profundos, sendo a espessura do solum raramente inferior a 100cm, fortemente a bem drenados. Os Latossolos Brunos são solos com caráter retrátil e horizonte A húmico ou conteúdo de carbono orgânico superior a 10g kg-1 até 70 cm de profundidade, apresentando, na parte superior do horizonte B (inclusive BA), coloração brunada predominantemente no matiz 7,5 YR ou mais amarelo, em concomitância com valor ≤ 4 e croma ≤ 6 (cor úmida). Admitem-se solos com matiz 5 YR na parte superior do horizonte B (inclusive BA), desde que o valor seja ≤ 4 e croma < 6 (cor úmida). Os Latossolos Vermelhos são solos com matiz 7,5 YR ou mais amarelo na maior parte dos primeiros 100 cm do horizonte B, inclusive BA (EMBRAPA, 2013). Os Nitossolos compreendem solos constituídos por material mineral, textura argilosa ou muito argilosa (teores de argila ≥ 350g kg -1) inclusive no horizonte A, que apresentam horizonte B nítico abaixo do horizonte A, com argila de atividade baixa ou caráter álico, os quais devem ocorrer na maior parte do horizonte B dentro de 150cm a partir da superfície do solo. Apresentam estrutura em blocos subangulares ou angulares ou prismática, de grau moderado ou forte, com cerosidade expressiva e/ou superfícies de compressão, com gradiente textural ≤ 1,5. Praticamente não apresentam policromia acentuada no perfil (EMBRAPA, 2013). A distribuição dos solos (tabela 1) obedece a uma topossequência típica das litologias da região, onde predominam rochas básicas da Formação Serra Geral, com os Latossolos ocupando os divisores de águas, seguidos pelos Nitossolos em posição de meia encosta e pelos Cambissolos em áreas mais declivosas. Os Latossolos ocupam as cotas mais altas (entre 600 e 1.000m), ocorrendo nos locais de menor incidência de processos erosivos do relevo. Nas porções mais dissecadas 35 do relevo ocorrem geralmente na forma de associações de solos, os Nitossolos e os Cambissolos. A topografia é ondulada (8 a 20%) a fortemente ondulada (20 a 45%), com altitude variável entre 200 a 900m (EMBRAPA, 2004). Tabela 1 – Distribuição dos solos na região do Extremo Oeste Catarinense Classes de Solos Área (km2) % Cambissolos 2746,0 64,7 Latossolos 479,3 11,3 Nitossolos 970,2 22,9 Áreas urbanas e corpos d’água 46,5 1,1 Fonte: EMBRAPA (2004). Adaptado pelo autor. 3.3 Sistemas de uso e manejo do solo na região do Extremo Oeste Catarinense Os sistemas de uso e manejo praticados nos solos amostrados constituem o uso do solo com pastagem perene associado às lavouras manejadas em semeadura direta ou cultivo mínimo, constituindo sistemas de integração lavoura-pecuária na região do Extremo Oeste Catarinense. O cultivo mínimo consiste no manejo do solo com o uso do escarificador, através de tração mecânica ou animal, promovendo a mobilização da camada superficial do solo. A semeadura direta consiste no ato de depositar diretamente no solo sementes de espécies de culturas anuais através da mínima mobilização do solo. A semeadura direta integra um tipo de manejo do solo orientado pelos princípios do sistema de plantio direto na palha, abrangendo: o cultivo de diversificadas espécies (plantas de cobertura) destinado à produção de fitomassa formadora de palha para manter a superfície do solo coberta; o manejo mecânico ou químico dessas espécies; o uso de semeadoras-adubadoras de tração mecânica ou animal, regulada para depositar as sementes e o adubo na profundidade adequada, através de discos de corte e/ou hastes sulcadoras; a mobilização do solo apenas na linha ou na cova de semeadura; e a rotação e/ou consorciação de culturas. A estabilidade do sistema de semeadura direta na região é influenciada, em muitas situações, pela integração com a pecuária leiteira da região, intensificação do pisoteio animal, pouca ou ausente cobertura do solo com espécies de inverno que se destinam tanto à produção de forragem como a formação de palha e ao manejo do solo em condições inadequadas de umidade que podem comprometer a sua qualidade física. 36 O uso do solo com pastagens perenes compreende o sistema denominado “produção de leite à base de pasto”, baseado em princípios de eficiência do processo produtivo dependente da quantidade, qualidade e da distribuição estacional das pastagens produzidas. que por sua vez, se relacionam com as características botânicas das espécies, das condições climáticas, da qualidade do solo, dos manejos das pastagens e dos animais. As formas de implantação das pastagens são: preparo convencional do solo com gradagens e arações; cultivo mínimo com escarificação da camada superficial do solo; sobressemeadura de sementes sobre pastagens estabelecidas com ou sem o cultivo mecânico do solo; distribuição das sementes à lanço ou em linhas e implantação de mudas. As áreas de pastagens perenes podem ser constituídas de uma única espécie ou consórcios com diversas espécies. As principais espécies de gramíneas perenes são as cultivares: Capim elefante (Pennisetum purpureum); Missioneira-gigante (Axonopus catharinensis); Hemártria (Hemartria altíssima); Pastagens do gênero Cynodon: Estrela-africana (Cynodon nlemfluensis), coastcross (Cynodon dactylon), Tifton 85 e Tifton 68 (Cynodon sp.); Cultivares de Brachiária (Brachiaria sp.) e Festuca (Festuca arundinaceae). As gramíneas anuais de clima temperado são: Aveia-preta e aveiabranca (Avena strigosa); Azevém-anual (Lolium multiflorum); Capim-lanudo (Holcus lanatus) e Centeio (Secale cereale). As gramíneas anuais de verão mais utilizadas são: Milheto (Pennisetum glaucum); Sorgo forrageiro (Sorghum bicolor); Teosinto (Euchlaena mexicana); Capim-sudão (Sorghum sudanense) e Papuã ou capim marmelada (Brachiaria plantaginea). As principais leguminosas perenes são: Amendoim-forrageiro (Arachis pintoi); Pega-pega (Desmodium sp.); Trevo-branco (Trifolium repens); Trevo-vermelho (Trifolium pratense); Cornichão (Lotus corniculatus); Lótus-serrano (Lotus uliginosus); Feijão-miúdo (Vigna unguiculata) e Mucunas (Stilozobium sp.). 3.4 Dados Meteorológicos da região do Extremo Oeste Catarinense Os dados meteorológicos diários da série histórica representativa para a região, para o período de 25 anos (1987 a 2011), do posto de observações meteorológicas da estação São Miguel do Oeste, SC (latitude 26°47'05''S, longitude 53°30'13''W e altitude de 700m) foram disponibilizados através da EPAGRI/CIRAM. As variáveis meteorológicas utilizadas foram: temperatura máxima, mínima e média 37 do ar (ºC); umidade relativa do ar (%); precipitação (mm), insolação (h) e velocidade do vento (m s-1). Estes dados foram utilizados para as simulações de balanço hídrico através do modelo ISAREG na estimativa da redução de produtividade do milho. Os dados meteorológicos foram organizados em planilhas eletrônicas, posteriormente atualizados por meio da eliminação e ou substituição de falhas, sendo estruturado de forma sequencial a partir do dia 01/01/1987. A partir desta estrutura, os dados diários foram transformados em valores anuais, mensais e decendiais, conforme necessidade da variável. A região está na interface de dois tipos climáticos, o Cfa, subtropical úmido com verão quente e Cfb, clima subtropical úmido e verão ameno, segundo a classificação de Köppen (Pandolfo et al., 2002). A região apresenta insolação anual entre 2.200 e 2.400h ano -1 e média mensal de 177h, temperatura média anual de 19,3ºC, sendo a temperatura média no mês mais quente de 25,3ºC e no mês mais frio de 14,2ºC. As temperaturas mínimas inferiores a 15°C, com duração de cerca de 120 dias entre os meses de maio a setembro, frequentemente conduzem a formação de geadas e a penetração de frentes polares. A precipitação pluviométrica média anual varia de 1.430 a 2.280mm, com o total anual de dias de chuva entre 118 e 146 dias, o maior índice pluviométrico do Estado. A evapotranspiração, fortemente influenciada pelo saldo de radiação, velocidade dos ventos e umidade do ar, apresenta valores anuais entre 800 a 1.000mm/ano (WREGE et al., 2011) 3.5 Avaliação das propriedades físico-hídricas dos solos do Extremo Oeste Catarinense 3.5.1 Coleta e preparo de amostras As amostras de solos para a realização das análises físicas do solo foram coletadas em 36 propriedades de agricultores familiares, em sistemas de uso e manejo característicos da região do Extremo Oeste Catarinense. As coletas de amostras de solo na área de estudo localizaram-se entre as coordenadas geográficas 27º9’35” e 26º16’38” latitude sul, 53º46’26” e 53º14’4” longitude oeste. O critério de seleção dos locais para coleta das amostras considerou os usos e manejos dos solos adotados há mais de cinco anos na mesma área, segundo informações de técnicos da Epagri. As coletas de amostras de solo para cada classe 38 de solo e sistema de uso e manejo avaliado foram realizadas em quatro estabelecimentos, em quatro camadas (0-0,10, 0,10-0,20, 0,20-0,40 e 0,40-0,60m), totalizando 144 amostras (3 classes de solos x 3 tipos de uso e manejo x 4 camadas amostradas x 4 estabelecimentos), seguindo um delineamento fatorial. Nas avaliações do capítulo 1 foi considerado o total de amostragens realizadas em todas as classes de solos (Cambissolos, Latossolos e Nitossolos) e em todos os sistemas de uso e manejo (Cultivo Mínimo, Semeadura Direta e Pastagem Perene). No capítulo 2 foi considerada apenas a classe de solo de maior ocorrência (Cambissolo) e o manejo predominante para o milho (Semeadura Direta). Para a coleta de amostras de solo com estrutura preservada foram utilizados anéis de aço inox com dimensões aproximadas de 5,0cm de diâmetro e 4,0cm de altura para as duas camadas superiores e 2,5cm de altura para as duas camadas inferiores. A determinação das análises físicas (granulometria, densidade do solo, macroporosidade, mesoporosidade, microporosidade, resistência à penetração e curva de retenção de água no solo) foi realizada no Laboratório de Física do Solo da Estação Experimental da Epagri de Campos Novos/SC (EPAGRI/EECN). Nos mesmos locais descritos foram coletadas amostras com estrutura alterada para análise da matéria orgânica (MO) e atributos químicos do solo. Essa análise foi realizada no Laboratório de Química do Solo do Centro de Pesquisa para Agricultura Familiar (EPAGRI/CEPAF) em Chapecó/SC. 3.5.2 Granulometria A determinação da granulometria corresponde à caracterização da distribuição de tamanho das partículas do solo com diâmetro < 2mm (terra fina), em classes que definem suas frações texturais. As três principais frações texturais são a argila (Ø < 0,002mm), o silte (0,002 < Ø < 0,05mm) e a areia (0,05 < Ø < 2mm). O método utilizado para determinação da granulometria foi o da pipeta, baseado na velocidade de queda das partículas que compõem o solo, a qual é definida pela densidade específica, pelo diâmetro da partícula e pela densidade e viscosidade da solução (GEE; OR, 2002). O momento da coleta em cada leitura é definido pela temperatura ambiente, a qual, afeta a viscosidade da solução. A fração areia foi separada por peneiramento e a fração silte foi determinada por diferença em relação à massa total da amostra. Na análise granulométrica é necessário 39 individualizar as partículas primárias através da dispersão completa da amostra por ação química, através da adição de hidróxido de sódio ou de calgon, e física, através da agitação intensa em stirrer por 15 minutos ou agitação lenta em movimentos reciprocantes por um período mínimo de 4 horas (VEIGA, 2011). 3.5.3 Densidade do solo A densidade do solo e a porosidade total são atributos calculados a partir da relação entre a massa e o volume ocupado por uma fração de solo. A densidade é determinada em um cilindro de solo coletado com o uso de um anel de volume conhecido, o qual é seco em estufa até a evaporação completa da água. A relação entre a massa do cilindro de solo seco, correspondente à massa dos sólidos da amostra (g) e o volume interno do anel (cm3) corresponde à densidade do solo, que pode ser expressa em g cm-3 ou Mg m-3 (VEIGA, 2011). 3.5.4 Macroporosidade, mesoporosidade, microporosidade e porosidade total A distribuição do volume de poros (macroporosidade, mesoporosidade, microporosidade e porosidade total) é determinada na mesma amostra da densidade do solo, utilizando-se o método descrito em EMBRAPA (1997). Nesse método, amostras saturadas são colocadas sobre box de areia com vertedouro regulado a 60cm da superfície, que corresponde à aplicação de uma tensão de 6kPa na base da amostra, por um período de 24 horas. De acordo com a equação da capilaridade, essa tensão drena os poros com diâmetro ≥ 0,05mm (Ø ≥ 50m), que são denominados macroporos. Para determinar o volume de poros que retém água na faixa de tensão de fácil absorção pelos vegetais (água facilmente disponível) acrescentou-se ao método da EMBRAPA (1997) a aplicação, no extrator de Richards, a tensão de 600kPa nas amostras, a qual drena os poros com diâmetro equivalente de 0,5m, o que permite determinar o volume dos mesoporos (50m ≥ Ø ≥ 0,5m). A água que permanece na amostra após a aplicação dessa tensão está retida nos microporos (Ø ≤ 0,5m), cujo volume corresponde à diferença entre a massa da amostra antes e depois de secá-la em estufa. A porosidade total (m3 m-3) 40 é calculada pelo somatório do volume total de poros (macroporosidade + mesoporosidade + microporosidade). 3.5.5 Resistência à penetração A resistência à penetração foi determinada em amostras com umidade equilibrada na tensão de 600kPa em extrator de Richards, utilizando-se um penetrógrafo de bancada, equipado com haste cônica com inclinação de 30º e 150mm de comprimento e velocidade de penetração de 1mm s -1, e escala de determinação entre 0,4 a 15MPa. 3.5.6 Curva característica de água no solo A determinação da curva de retenção de água no solo é similar à da porosidade, diferindo apenas na determinação da massa da amostra em um maior número de tensões aplicadas. A determinação da massa da amostra é realizada após a saturação das mesmas e da aplicação das tensões de 0,2, 0,6, 2 e 6kPa (2, 6, 20 e 60cm) em box de areia e de 20, 60, 200, 600 e 1.500kPa (0,2, 0,6, 2, 6 e 15bar) no extrator de Richards. Com os pares de valores de tensão de água no solo, plotados em escala logarítmica, e da umidade volumétrica, elabora-se a curva característica de água no solo da respectiva amostra (VEIGA, 2011). Essas curvas foram ajustadas ao modelo de VAN GENUCHTEN (1980), utilizando o software SWRC (DOURADO NETO et al., 2000), o qual fornece os parâmetros de ajuste e n do modelo, que estão correlacionados, principalmente, com a textura de um solo, através da seguinte equação: (1) Onde: = conteúdo de água volumétrica (m3 m-3); r = conteúdo de água volumétrica na tensão de 1.500kPa (m3 m-3); s = conteúdo de água volumétrica do solo saturado (m3 m-3); m = potencial mátrico da água no solo (kPa); α, m, n = parâmetros empíricos de ajuste da equação. 41 3.5.7 Armazenamento de água facilmente disponível O armazenamento de água representa a soma algébrica das entradas e saídas de água de um sistema, sendo as quantidades expressas em volume de água por unidade de área ou altura de água no solo (LIBARDI, 2005). Desta maneira o armazenamento de água no solo pode ser estimado através da seguinte equação, de acordo com Reichardt e Timm (2004): (2) onde: AL = armazenamento de água no solo (mm); = umidade volumétrica da camada de estudo (m 3 m-3); L = profundidade da camada de estudo (mm). 3.6 Modelo ISAREG O ISAREG é um software de simulação do balanço hídrico do solo, desenvolvido por Teixeira e Pereira (1992), utilizado para avaliação da necessidade de água pelas culturas, a redução de rendimento provocada por deficiência hídrica e o planejamento de irrigação, através da combinação entre os fatores ligados ao sistema solo-planta-atmosfera. O cálculo do balanço hídrico da cultura com o uso do modelo ISAREG considera a metodologia Penman-Monteith/FAO (DOORENBOS; PRUITT, 1977; ALLEN et al., 1998). As simulações podem ser realizadas para períodos diários, decendiais ou mensais. O modelo ISAREG foi escolhido devido a menor exigência de dados de entrada, mais fácil parametrização da cultura e emprego de procedimentos mais simples na estimativa da redução de produtividade do milho devido à deficiência hídrica. A entrada de dados para simulações através do modelo ISAREG requer parâmetros meteorológicos, agronômicos, culturais, edáficos e, além de adotar funções simplificadas da relação água-rendimento para avaliar os efeitos da deficiência hídrica nas reduções de produtividade. Os dados requeridos pelo modelo para computar o balanço hídrico do solo são armazenados em vários arquivos comandados por um menu principal. As variáveis de entrada estão organizadas em arquivos meteorológicos, com os valores da precipitação e da evapotranspiração de referência e em arquivos agronômicos, onde se incluem os arquivos culturais, 42 indicando a variação ao longo do ciclo vegetativo das datas do início das fases fenológicas da cultura, da profundidade do sistema radicular (z), do coeficiente cultural (Kc) e do fator de disponibilidade de água no solo (p), bem como o valor médio para todo o ciclo vegetativo do coeficiente de sensibilidade hídrica da cultura (ky), também denominado de fator de resposta específico da cultura e tabulado para diversas culturas por Doorenbos e Kassan (1979); os arquivos pedológicos, indicam os valores da profundidade potencial de exploração pelas raízes (pr), da capacidade de campo (CC) e do ponto de murcha permanente (PMP), definidos para cada camada de solo (TEIXEIRA; PEREIRA, 1992). O modelo permite a estimativa do déficit de rendimento relativo da cultura, também denominado de redução da produtividade devido à deficiência hídrica, segundo o modelo monofásico de Stewart (STEWART et al., 1977), modificado por Doorenbos e Kassam (1979). A estimativa da redução de produtividade (Qy) é calculada pela razão entre o déficit de evapotranspiração relativa estimada pelo modelo através da equação: (3) onde: Qy é a redução de produtividade devido ao déficit hídrico; ky é o coeficiente de sensibilidade hídrica da cultura, tabulado por Doorenbos e Kassam (1979); Etr é a evapotranspiração real da cultura e Etc é a evapotranspiração da cultura em determinada fase fenológica, sem deficiência hídrica no solo. No modelo cada déficit hídrico corresponde a um déficit de evapotranspiração relativa (1 – Etr Etc-1). A correspondente redução de produtividade (1 – Ya Ym-1) relaciona o rendimento obtido (Ya) e o rendimento máximo (Ym) da cultura obtido para o respectivo déficit de evapotranspiração relativa. CAPÍTULO 1 - EFEITOS DE DIFERENTES SISTEMAS DE USO E MANEJO NAS PROPRIEDADES FÍSICO-HÍDRICAS DE SOLOS DO EXTREMO OESTE CATARINENSE Introdução Os diversificados sistemas de produção agrícola familiar da região do Extremo Oeste Catarinense incluem usos de pastagens perenes associados a lavouras manejadas em semeadura direta ou cultivo mínimo conduzidos em sistemas de integração lavoura-pecuária (SILP). Esses usos e manejos podem provocar alterações sobre as propriedades físico-hídricas e influenciar o armazenamento de água do solo e a sua disponibilidade para as plantas (FIDALSKI et al., 2008; DALMAGO et al., 2009). A relação dos diferentes usos e manejos de solos com as complexas interações dinâmicas entre a densidade do solo (Ds), porosidade total (Pt), macro (Ma), meso (Me) e microporos (Mi) e o armazenamento de água facilmente disponível (AFD) podem expressar alterações na qualidade física do solo (SPERA et al., 2010; VEIGA et al., 2012; ROSSETI; CENTURION, 2013). As alterações nas propriedades físico-hídricas de solos submetidos a diferentes sistemas de uso e manejo podem afetar o armazenamento de água e provocar interferências na qualidade física dos solos (LANZANOVA et al., 2007; MOREIRA et al., 2012; VEIGA et al., 2012; JEMAI et al., 2013). A capacidade de armazenamento de água pode ser um indicador sensível para avaliar efeitos do uso intensivo do solo, no manejo sob semeadura direta em SILP (FIDALSKI et al., 2008), no qual a intensificação do pastejo nem sempre compromete a qualidade física do solo (BALBINOT JUNIOR. et al., 2009; MOREIRA et al., 2012). Porém, as pressões do pisoteio animal podem aumentar a compactação na camada superficial do solo (LANZANOVA et al., 2007; FIDALSKI et al., 2008; DEBIASI ; FRANCHINI, 2012), 44 onde a RP, a Ma e a condutividade hidráulica saturada (CHS) foram indicadores mais sensíveis para avaliar os efeitos do uso e manejo do solo sobre as alterações nas propriedades físico-hídricas (SILVA et al., 2008), embora essas alterações podem não representar limitações críticas para a produtividade das culturas (SPERA et al., 2010; TORRES et al., 2011). A degradação da qualidade do solo em SILP foi observada por Lanzanova et al. (2007) e Fidalski et al. (2008), a partir de índices considerados críticos para a Ds > 1,4Mg m-3, Pt < 0,50m3 m-3, Ma < 0,10m3 m-3 e RP > 2,0MPa. Esse valor de RP foi proposto por Taylor et al. (1966) para a camada superficial do solo (< 0,10m), embora alguns autores admitam RP > 2,5MPa em SILP (PETEAN et al., 2010) e > 3,5MPa em solos sob semeadura direta (TORMENA et al., 2007). A semeadura direta geralmente aumenta o armazenamento de água no solo (VEIGA et al., 2010), que pode não configurar maior disponibilidade de água às plantas devido às restrições físicas do solo sob deficiência hídrica severa, relacionadas com a textura, estrutura e porosidade, os sistemas de manejo e as precipitações pluviais (PETRY et al., 2007). A melhoria da qualidade física do solo em SILP, ao longo do tempo, tem sido atribuída à maior produção de palhada e ao aumento da cobertura do solo (CHIODEROLI et al., 2012); à menor variação da temperatura e menor evaporação de água na camada superficial (VEIGA et al., 2010); ao aumento de matéria orgânica (BRAIDA et al., 2010); maior atividade da mesofauna e desenvolvimento de bioporos contínuos e estáveis que podem gerar rotas alternativas para a melhor exploração do perfil do solo pelas raízes (NICOLOSO et al., 2008); às alterações em atributos físicos não limitantes à produção vegetal e a atenuação da compactação (SPERA et al., 2010); à presença de agregados maiores e mais estáveis e à estrutura favorável ao desenvolvimento radicular (FUENTES-LLANILLO et al., 2013), ao aumento do armazenamento de água no solo e a melhoria da dinâmica da água no solo (JEMAI et al., 2013). Considerando as características edafoclimáticas e carência de informações na região de estudo sobre os diferentes sistemas de uso e manejo associados aos SILP em distintas classes de solos, os objetivos deste trabalho foram avaliar os efeitos dos principais sistemas de uso e manejo sobre as alterações nas propriedades físico-hídricas dos solos predominantes na região do Extremo Oeste Catarinense, e verificar a influência desses sistemas de uso e manejo, e das classes de solo sobre o armazenamento de água facilmente disponível. 45 Materiais e métodos Foram coletadas amostras de solos em 36 estabelecimentos de agricultura familiar nos 21 municípios da região do Extremo Oeste do Estado de Santa Catarina, situados entre 27º 16´S, 53º 48´WO e 26º 27´S, 53º 57´WO e entre 243 e 848m de altitude. A topografia é ondulada (8 a 20%) a fortemente ondulada (20 a 45%). As amostragens foram realizadas nas classes de solos predominantes da região, constituídas por Cambissolos, Nitossolos e Latossolos (EMBRAPA, 2004) e o uso do solo com pastagens perenes e lavouras, sendo estas manejadas em semeadura direta ou cultivo mínimo, compondo um SILP (VEIGA et al., 2012). O critério para seleção dos locais para coleta das amostras considerou usos e manejos dos solos adotados há mais de cinco anos na mesma área, segundo informações de técnicos da Epagri. Para cada classe de solo e sistema de uso e manejo do solo coletaram-se amostras em quatro estabelecimentos de agricultura familiar, no centro das camadas de 0-0,10, 0,10-0,20, 0,20-0,40 e 0,40-0,60m, totalizando 144 amostras (3 solos x 3 usos e manejos x 4 camadas x 4 estabelecimentos). Para a coleta das amostras com estrutura preservada, utilizarem-se cilindros de aço inox de dimensões aproximadas de 5,0cm de diâmetro e 4,0cm de altura para as duas camadas superiores e 2,5cm de altura para as duas camadas inferiores. As propriedades físico-hídricas Ds, porosidade (Pt, Ma, Me e Mi), RP, curvas características de retenção de água no solo e granulometria foram determinadas no Laboratório de Física do Solo da Estação Experimental da Epagri de Campos Novos/SC (EPAGRI/EECN), conforme metodologias descritas em Veiga (2011) e Embrapa (1997). A análise da matéria orgânica (MO) foi realizada no Laboratório de Química do Solo do Centro de Pesquisa para Agricultura Familiar (EPAGRI/CEPAF) em Chapecó/SC, conforme metodologia descrita em Embrapa (1997). As análises de RP e MO foram feitas somente nas duas primeiras camadas (0-0,10 e 0,10-0,20m). A análise granulométrica foi realizada pelo método da pipeta, a Ds foi calculada pela razão entre a massa de solo seco e o volume da amostra, segundo EMBRAPA (1997). O teor médio de argila do Cambissolo, Latossolo e Nitossolo foi, consecutivamente, de 207, 571 e 556g kg -1. A RP foi determinada em amostras com umidade equilibrada na tensão de 600kPa em Extrator de Richards, utilizando-se um penetrógrafo de bancada, equipado com haste cônica com inclinação de 30º e 46 150mm de comprimento e velocidade de penetração de 1mm s -1, e escala de determinação entre 0,4 a 15MPa. As curvas de retenção de água no solo foram determinadas após a saturação das amostras, aplicando-se as tensões de 0,2, 0,6, 2 e 6kPa em box de areia e, as tensões de 20, 60, 200, 600 e 1500kPa no extrator de Richards (VEIGA, 2011). Os dados de umidade volumétrica e respectivas tensões foram ajustados ao modelo de van Genuchten, pelo programa Soil Water Retention Curve – SWRC (DOURADO NETO et al., 2000). As classes de poros foram determinadas a partir das curvas características de retenção de água no solo, da seguinte forma: o volume total de poros (Pt) corresponde ao volume de água armazenado na amostra saturada; o volume de macroporos (Ma = poros com diâmetro ≥ 50m) corresponde ao volume de água extraído entre a saturação da amostra e a tensão de 6kPa; o volume de mesoporos (Me = poros com diâmetro entre 50 e 0,5m) correspondente ao volume de água extraído entre as tensões de 6 e 600kPa; e o volume de microporos (Mi = poros com diâmetro < 0,5m) correspondente ao volume de água retido nas amostras na tensão de 600kPa. O volume de água facilmente disponível (AFD) foi estimado pela diferença de umidade volumétrica entre as tensões de 6 e 600kPa, correspondente ao teor de água retido na classe dos mesoporos (VEIGA, 2011). O armazenamento de AFD no solo foi calculado pelo produto do volume de AFD e a espessura de cada camada e, a capacidade total de armazenamento de AFD foi obtida pelo somatório destas. Os sistemas de uso e manejo foram comparados para cada atributo físicohídrico, em cada solo e em cada camada amostrada, através de análise de variância, aplicando-se o teste de Scott-Knott com 5% de probabilidade de erro. Anova fatorial foi empregada para testar a hipótese de que os tipos de solo e de manejo e a interação entre eles determinam variações na AFD. As diferenças entre as médias de AFD, para todos os níveis dos fatores, foram complementarmente comparadas através de análise de contrastes não-ortogonais. Análise de Covariância foi usada para avaliar o efeito de cada variável e das camadas de amostragem como fatores interferentes do efeito dos usos e manejos e das classes de solo sobre a AFD. Os fatores de inflação e variância (VIFs) foram calculados para o modelo final para averiguar problemas de colinearidade e empregou-se a Anova 47 para testar o ajuste do modelo final em relação a modelos nulos incluindo apenas os interceptos. Os testes de comparação de médias das propriedades físico-hídricas, entre os sistemas de uso e manejo, foram realizados no programa Sisvar (FERREIRA, 2011). Os demais testes estatísticos foram realizados no programa R software 3.0.1 utilizando as funções lm (Anova), aov (contrastes) e GLM (covariância). A normalidade e homocedasticidade dos dados foram verificadas através de plotagem dos resíduos. Todos os valores de VIF foram inferiores a 2,0. Resultados e discussão Os sistemas de uso e manejo dos solos proporcionaram diferentes alterações sobre as propriedades físico-hídricas (tabela 1). O efeito diferenciado dos usos e manejos entre as classes de solos foi observado somente para um grupo de propriedades físicas em cada camada amostrada, como o verificado para a Ds, Pt, Me e AFD no Cambissolo, enquanto o Latossolo e Nitossolo apresentaram poucas variações de valores das propriedades físicas na mesma camada amostrada. O efeito significativo de diferentes sistemas de uso e manejo sobre apenas alguns atributos físicos do solo, semelhante ao encontrado neste estudo, foram constatadas por DALMAGO et al. (2009), SPERA et al. (2010), MOREIRA et al. (2012), VEIGA et al. (2012) e ROSSETI ; CENTURION (2013). Na avaliação dos efeitos dos sistemas de uso e manejo sobre a Ds verificase, de modo geral, a ausência de variações significativas entre as camadas dos solos estudados. Porém, percebem-se algumas variações com o aumento da Ds (Tabela 1), principalmente na camada de 0,10 a 0,20m do Cambissolo e Latossolo e nas duas camadas superficiais dos Nitossolo, que podem representar indícios de compactação devido aos manejos e ao uso continuado destas áreas. Apesar do maior valor da Ds nas camadas superficiais de solos argilosos, os índices de Ds inferiores ao limite crítico (< 1,4Mg m-3) indicam que não há o comprometimento da qualidade física dos solos, concordando com os resultados observados por Lanzanova et al. (2007), Spera et al. (2010) e Moreira et al. (2012) em SILP. 48 Tabela 1 – Efeito dos usos e manejos em Cultivo Mínimo (CM), Semeadura Direta (SD) e Pastagem Perene (PP) sobre a densidade do solo (Ds), porosidade total (Pt), macroporosidade (Ma), mesoporosidade (Me), microporosidade (Mi), água facilmente disponível (AFD), matéria orgânica (MO) e resistência à penetração (RP) em três classes de solos. Região do Extremo Oeste Catarinense, 2011 Uso e Ds Pt Ma -3 Me 3 manejo (Mg m ) Mi -3 (m m ) AFD MO RP -3 (g dm ) (MPa) Cambissolo 0-0,10 m 0,126 b 0,229 b 0,228 a 2,23 b 2,11 0,104 b 0,312 a 0,183 b 2,70 a 1,96 0,183 a 0,293 b 0,178 b 2,78 a 3,02 Cambissolo 0,10-0,20 m CM 1,20 a 0,535 b 0,113 b 0,106 b 0,316 a 0,161 b 1,78 b 2,66 SD 1,14 a 0,492 b 0,147 b 0,105 b 0,240 b 0,175 b 2,03 b 2,39 PP 1,16 a 0,561 b 0,142 b 0,178 a 0,242 b 0,122 c 2,33 b 2,59 Cambissolo 0,20-0,40 m CM 1,04 b 0,585 b 0,213 a 0,122 b 0,251 b 0,143 c SD 1,09 b 0,618 a 0,239 a 0,113 b 0,266 b 0,120 c PP 1,13 a 0,584 b 0,138 b 0,217 a 0,229 b 0,153 b Cambissolo 0,40-0,60 m CM 1,03 b 0,620 a 0,171 b 0,180 a 0,269 b 0,145 c SD 1,08 b 0,609 a 0,224 a 0,109 b 0,276 b 0,133 c PP 1,06 b 0,568 b 0,186 a 0,205 a 0,177 b 0,139 c Latossolo 0-0,10 m CM 0,98 b 0,673 a 0,221 a 0,105 b 0,346 a 0,176 b 2,80 a 2,02 SD 1,03 b 0,631 a 0,201 a 0,123 b 0,307 a 0,201 a 3,20 a 2,31 PP 1,08 b 0,563 b 0,114 b 0,142 b 0,307 a 0,216 a 3,00 a 2,92 Latossolo 0,10-0,20 m CM 1,17 a 0,567 b 0,109 b 0,089 b 0,369 a 0,118 c 2,38 b 2,24 SD 1,22 a 0,516 b 0,111 b 0,078 b 0,327 a 0,145 c 2,58 a 2,60 PP 1,16 a 0,578 b 0,102 b 0,124 b 0,352 a 0,114 c 2,60 a 2,87 Latossolo 0,20-0,40 m CM 1,13 a 0,574 b 0,133 b 0,104 b 0,337 a 0,116 c SD 1,11 b 0,608 a 0,132 b 0,114 b 0,362 a 0,135 c PP 1,11 b 0,591 b 0,104 b 0,142 b 0,345 a 0,131 c Latossolo 0,40-0,60 m CM 0,99 b 0,673 a 0,147 b 0,109 b 0,417 a 0,104 c SD 0,94 b 0,668 a 0,154 b 0,109 b 0,405 a 0,103 c PP 1,04 b 0,649 a 0,143 b 0,113 b 0,394 a 0,116 c Nitossolo 0-0,10 m CM 1,14 a 0,574 b 0,154 b 0,095 b 0,324 a 0,145 c 2,48 a 1,93 SD 1,21 a 0,580 b 0,144 b 0,084 b 0,352 a 0,119 c 2,60 a 2,83 PP 1,26 a 0,564 b 0,111 b 0,104 b 0,348 a 0,164 b 2,58 a 3,08 Nitossolo 0,10-0,20 m CM 1,21 a 0,560 b 0,129 b 0,082 b 0,349 a 0,092 c 1,98 b 2,27 SD 1,29 a 0,536 b 0,103 b 0,086 b 0,347 a 0,175 b 1,95 b 2,43 PP 1,25 a 0,570 b 0,125 b 0,090 b 0,356 a 0,135 c 1,98 b 2,26 Nitossolo 0,20-0,40 m CM 1,08 b 0,609 a 0,160 b 0,081 b 0,368 a 0,081 c SD 1,14 a 0,639 a 0,156 b 0,116 b 0,366 a 0,092 c PP 1,13 a 0,636 a 0,157 b 0,099 b 0,380 a 0,131 c Nitossolo 0,40-0,60 m CM 1,05 b 0,577 b 0,158 b 0,100 b 0,319 a 0,123 c SD 1,06 b 0,642 a 0,166 b 0,115 b 0,360 a 0,109 c PP 1,11 b 0,617 a 0,148 b 0,112 b 0,356 a 0,074 c CV (%) 9,69 8,60 23,99 33,79 17,93 23,72 21,88 15,39 (1) Médias seguidas da mesma letra na coluna não diferem significativamente entre si pelo teste de Scott-Knott em nível de p < 0,05. CM SD PP (1) 1,16 a 1,18 a 1,09 b 0,502 b 0,560 b 0,626 a 0,148 b 0,144 b 0,150 b b b a a b a b b a b a a b a a b b b A Pt apresentou valores considerados adequados (> 0,5m3 m-3) e, em geral, uma tendência inversa à Ds, nos diferentes sistemas de uso e manejo para todas as 49 camadas dos solos estudados. Os maiores valores de Pt na camada superficial foram observados no Latossolo sob cultivo mínimo e semeadura direta e no Cambissolo sob pastagem perene, de modo semelhante ao obtido em outros estudos sobre alterações de atributos (Pt, Ma, Mi e Ds) em SILP (BALBINOT JUNIOR. et al., 2009; VEIGA et al., 2012), os quais atribuíram essa maior Pt e menor Ds à ocorrência de ciclos de umedecimento e de secagem, ao aumento do teor de MO, maior cobertura do solo, menor pressão de pastejo e à ausência de efeitos negativos da semeadura de pastagem após o revolvimento do solo com grade. A Ma apresentou comportamento semelhante à Pt, com valores considerados adequados (> 0,1m3 m-3) para a difusão de oxigênio no solo, drenagem do excesso de água e crescimento de raízes, conforme descreve Tormena et al. (2007). A ausência de índices críticos de Ma e Pt, sem comprometer a qualidade física do solo, foi atribuído ao controle da taxa de lotação animal e manejo da fitomassa da pastagem, resultando no aumento do armazenamento de água disponível em um Latossolo Vermelho (FIDALSKI et al., 2008). Os mesmos efeitos foram verificados por SILVA et al. (2008), em um Latossolo VermelhoAmarelo, no qual a RP, Ma e CHS foram bons indicadores de alterações físicas provocadas pelo uso e manejo do solo sob semeadura direta e pastagem cultivada. A ausência de variações da Me entre as camadas do Latossolo e Nitossolo, independente dos usos e manejos, pode estar relacionada à estabilidade estrutural e às características intrínsecas dos solos estudados. Observaram-se os maiores valores de Me no uso de pastagem perene em todas as camadas do Cambissolo, indicando uma condição favorável para o aumento de AFD que, no entanto, não foi constatado provavelmente devido aos maiores valores de RP verificados neste tipo de manejo. A distribuição do tamanho de poros da Me, responsável pela energia de retenção da AFD às plantas, foi maior nas camadas superficiais de um Argissolo Vermelho sob semeadura direta em relação ao preparo convencional, associados aos aumentos de MO, maior resistência dos agregados do solo, estabilidade estrutural e a redução da Ds (DALMAGO et al., 2009). A Mi apresentou comportamento inverso da Me quanto à ocorrência dos maiores valores para os sistemas de uso e manejo, entre os quais não se verificou variações significativas para o Latossolo e o Nitossolo. Nestes solos, os maiores valores de Mi podem estar relacionados ao maior teor de argila, e ser responsáveis pela retenção de água em tensões não facilmente disponíveis às plantas. Em um 50 Latossolo Vermelho, Spera et al. (2010) atribuíram a ausência de diferença na Mi entre os SILP, devido a recuperação da estrutura após dez anos sob diferentes sistemas de semeadura direta. Entretanto, Torres et al. (2011) constataram variações significativas na Mi, que apresentaram maiores valores em campo nativo, indicando que esta variável é mais resistente às alterações nos sistemas de uso e manejo quando comparada à Ma. Os sistemas de uso e manejo estudados em duas camadas dos solos provocaram diferenças significativas na RP. No uso de pastagem perene foram observados, em todas as classes de solos, valores de RP superiores ao limite crítico de 2MPa proposto por Taylor et al. (1966) e, com exceção da camada 0,10-0,20m do Nitossolo, valores de RP superiores a 2,5MPa considerado crítico por Petean et al. (2010) para este tipo de uso. Apesar desses indícios de compactação, a Ds, Pt e Ma não apresentaram índices críticos comprometedores da qualidade física do solo. Na camada superficial dos solos manejados em cultivo mínimo observaramse valores reduzidos de RP (entre 1,93 a 2,11MPa), possivelmente relacionados às operações de escarificação e/ou gradagens praticadas nestes solos. Na semeadura direta, em todas as camadas e classes de solo, observaram-se valores inferiores ao limite crítico de 3,5MPa considerado por Tormena et al. (2007) para este manejo. De modo semelhante ao encontrado neste estudo, Fidalski et al. (2008), Balbinot Junior et al. (2009) e Spera et al. (2010), verificaram alterações em atributos como RP, Pt e Ds em SILP que não comprometeram a qualidade física dos solos avaliados. Em um Latossolo Vermelho, Rosseti e Centurion (2013) verificaram aumentos de RP entre 1,5 a 3,0MPa, após trinta anos de adoção de semeadura direta que não comprometem a qualidade física do solo. Entretanto, Moreira et al. (2012) observaram que as RPs mais elevadas reduziram a AFD na camada superficial de um Latossolo Vermelho sob SILP. Os teores médios de MO não apresentaram variações significativas entre os sistemas de uso e manejo, para cada camada dos solos avaliados, com exceção da camada 0-0,10m do Cambissolo e da camada 0,10-0,20m do Latossolo. Os valores médios de MO (entre 2,23 e 3,20g dm-3) observados na camada superficial das três classes de solos podem contribuir para a ausência de índices críticos de Ds, Pt e Ma que não comprometeram a qualidade física do solo, atribuída segundo FuentesLlanillo et al. (2013), ao aumento de MO, à manutenção dos resíduos vegetais na camada superficial, à maior atividade biológica e ao menor revolvimento do solo. 51 Estes fatores, conforme Braida et al. (2010), podem reduzir a susceptibilidade do solo à compactação e proporcionar efeitos positivos sobre a retenção de água, coesão e Ds. Os diferentes usos e manejos, nas camadas e classes de solos avaliados apresentaram variações na quantidade média de AFD entre 0,074-0,228m3 m-3 (tabela 1). Mas, o conteúdo de AFD nas três classes de solos não foi afetado pelos sistemas de uso e manejo (tabela 2), evidenciando a ausência de efeito significativo desse fator sobre a AFD. Este resultado pode ter relação com a ausência de índices críticos de Ds e a distribuição de volume de poros nos SILP associados aos usos e manejos. Observa-se na tabela 2 que as classes de solos apresentaram efeito significativo sobre a AFD (p <0,001), que pode estar relacionada à variabilidade intrínseca de cada classe. Na interação entre os fatores usos e manejos com os solos não foi observado efeito significativo no conteúdo de AFD. Tabela 2 - Efeitos dos usos e manejos, solos e a interação destes sobre a água facilmente disponível. Região do Extremo Oeste, 2011 Fator F Probabilidade (1) Usos e Manejos 0,0012 0,9988 Solos(2) 8,5827 0,0003*** Interação Usos e Manejos x Solos 1,8416 0,1244 (1) Cultivo mínimo, semeadura direta e pastagem perene; (2) Cambissolo, Latossolo e Nitossolo. A análise dos contrastes entre os manejos em cultivo mínimo e semeadura direta e do uso de pastagem perene não produziram variações sobre os valores de AFD (tabela 3). Contrariamente a este efeito, as classes de solos proporcionaram variações sobre a AFD, evidenciando contrastes significativos. Tabela 3 - Significância dos contrastes entre os sistemas de uso e manejo e as classes de solo sobre a AFD. Região do Extremo Oeste, 2011 Contrastes Probabilidade ns(1) Cultivo Mínimo x Semeadura Direta ns Cultivo Mínimo x Pastagem Perene ns Semeadura Direta x Pastagem Perene * Cambissolo x Latossolo *** Cambissolo x Nitossolo *** Latossolo x Nitossolo (1) não significativo; * significativo a 5%; *** significativo a 0,1%. A ausência de efeitos dos sistemas de uso e manejo sobre a AFD também foi verificada por Petry et al. (2007) em um Argissolo Vermelho, onde os sistemas de 52 manejo sob semeadura direta e preparo convencional da camada superficial do solo não diferiram quanto ao armazenamento e à disponibilidade de água às plantas. Entretanto, Jemai et al. (2013) constataram aumento de AFD e melhoria da qualidade do solo no manejo sob semeadura direta, diferenciando-se em relação ao preparo convencional. A análise de covariância apresentou valores de VIF inferiores à 2,0 que indicaram ausência de colinearidade para a Ma, Me, Mi e Ds adequado ajuste do modelo (Tabela 4). O modelo final não inclui a variável Pt porque esta apresentou colinearidade. A variação entre os sistemas de uso e manejo não interferiu significativamente sobre a AFD, assim como as covariáveis Ma, Mi e Ds. As variáveis que produziram efeitos significativos sobre a AFD foram a Me, as variações entre as classes de solos e entre as camadas amostradas. Observou-se que o Nitossolo apresentou a maior variação significativa sobre o conteúdo de AFD em relação às demais classes de solos. Tabela 4 - Contribuição de cada variável, baseada na covariância, sobre a água facilmente disponível. Região do Extremo Oeste Catarinense, 2011 Variável Coeficiente EP(1) t(2) p(3) Intercepto 0,28683 0,06792 4,223 < 0,001 Macroporosidade -0,00127 0,00102 -1,248 0,9720 Mesoporosidade -0,00215 0,00095 -2,273 0,0246 Microporosidade -0,00123 0,00068 -1,794 0,0752 Densidade do solo -0,00127 0,03596 -0,035 0,9720 Semeadura Direta 0,00065 0,00785 0,082 0,9345 Pastagem Perene 0,00375 0,00837 0,448 0,6547 Latossolo -0,01813 0,00955 -1,899 0,0598 Nitossolo -0,04106 0,00961 -4,273 < 0,001 Cam. 0,10-0,20 m -0.05266 0,00957 -5,504 < 0,001 Cam. 0,20-0,40 m -0.05831 0,00902 -6,464 < 0,001 Cam. 0,40-0,60 m -0.06346 0,00943 -6,733 < 0,001 (1) Erro padrão; (2) Teste t; (3) Probabilidade. O Cambissolo possui a maior quantidade total de armazenamento de AFD, em relação ao Latossolo e o Nitossolo, respectivamente, de 31,4 e 49,6% no manejo em cultivo mínimo (Fig. 1). O maior armazenamento total de AFD do Cambissolo se relaciona com a contribuição significativa da Me e das diferenças entre as camadas analisadas. A maior disponibilidade de AFD nas camadas superficiais de um Argissolo Vermelho, conforme Dalmago et al. (2009), foi devida à maior retenção de 53 AFD na classe dos Me, maior teor de MO, estabilidade dos agregados, qualidade estrutural do solo e menor Ds. 110 CM 100 SD 90 PP AFD (mm) 80 70 60 50 40 30 20 10 0 Cambissolo Latossolo Nitossolo As barras se referem aos erros padrões das médias Figura 1 - Armazenamento de água facilmente disponível (AFD) na camada 0-0,60m em classes de solos sob Cultivo Mínimo (CM), Semeadura Direta (SD) e Pastagem Perene (PP). Região do Extremo Oeste Catarinense, 2011 Conclusões 1. Os usos e manejos em semeadura direta, cultivo mínimo e pastagem perene em diferentes solos da região do Extremo Oeste Catarinense proporcionam alterações nas propriedades físico-hídricas avaliadas, sem comprometer a sua qualidade física. 2. A quantidade de água facilmente disponível não é influenciada pelos sistemas de uso e manejo, diferenciando-se entre as classes de solo na região. 3. O Cambissolo apresenta o maior armazenamento de água facilmente disponível, superior ao Latossolo e Nitossolo, respectivamente, em 31,4 e 49,6% no manejo em cultivo mínimo. CAPÍTULO 2 - IMPACTO DA DEFICIÊNCIA HÍDRICA NA REDUÇÃO DE PRODUTIVIDADE DO MILHO NO EXTREMO OESTE DE SANTA CATARINA Introdução A cultura do milho é o principal componente da cadeia produtiva de suínos e aves existente no Estado de Santa Catarina. A cultura se destaca como a de maior importância em área cultivada (537.000ha), produção (2.947.000t) e produtividade média (5.491kg ha-1), com valor bruto da produção de R$ 1.423.565.000 na safra 2011/12. Entretanto, desde 2003 quando houve a maior área plantada e a maior produção de milho, a área da cultura tem diminuído com o aumento da área de soja no Estado. O maior déficit entre a insuficiente produção e a crescente demanda de milho foi registrado em 2012, estimado em 2.609.000t. Como milho e soja integram as cadeias de carnes de aves, de suínos e de bovinos (principalmente de leite), a elevada demanda interna interfere significativamente sobre esses mercados de grande importância para o desenvolvimento agrícola (EPAGRI/CEPA, 2012). A região do Extremo Oeste Catarinense agrupa 21 municípios que formam a microrregião de São Miguel do Oeste, com área de 4.241,99km2, abrigando uma população total de 174.732 habitantes, na qual 73.537 habitantes vivem no meio rural. A região apresentou na safra 2010/2011 a terceira maior área semeada de milho (72,4mil ha) e produção (562,2mil t) no Estado, com produtividade média de 7.762kg ha -1 (EPAGRI/CEPA, 2012). Os sistemas de produção agrícola familiar da região tem a integração lavoura-pecuária como sistema típico, cujos indicadores médios dos fatores de produção apresentam 3,0 unidades de trabalho homemfamiliar em uma superfície agrícola útil de 20,35ha, distribuídos em 6,65ha de pastagem nativa (32,68%); 5,75ha de milho safra (28,26%); 3,75ha de pastagem perene de verão (18,43%); 2,80ha de pastagem de inverno (13,76%) e 1,40ha de fumo de galpão (6,87%), (ARAÚJO, 2009). 55 A produção de milho na região do Extremo Oeste do Estado de Santa Catarina é realizada basicamente em condições de sequeiro com frequentes períodos de deficiência hídrica que podem reduzir a produtividade de grãos. O principal manejo do solo é praticado através do sistema de semeadura direta, porém, com impactos relacionados ao manejo inadequado do solo, ao uso intensivo de pastagens de inverno nas mesmas áreas de lavouras de verão conduzidos em sistemas de integração lavoura-pecuária, ao aumento da compactação do solo devido ao pisoteio animal e a redução da cobertura vegetal que prejudicam o armazenamento de água no solo e limitam o desenvolvimento das culturas. No Sudoeste do Paraná, região com características da agricultura familiar semelhantes ao oeste de Santa Catarina, o perfil do manejo da cultura do milho revelou que as principais interferências sobre a produtividade são a deficiência hídrica e o manejo fitossanitário (MARTIN et al., 2011). A disponibilidade hídrica é considerada um dos fatores mais importantes para a expressão do potencial de produção da cultura do milho em diversas regiões do mundo (BERGAMASCHI et al., 2004; NIED et al., 2005; MASSIGNAM, 2005; NANGOI, 2010; WAGNER et al., 2013). A redução da produtividade da cultura do milho para diferentes anos, épocas de semeadura e locais tem como uma importante variável a evapotranspiração relativa (NIED et al., 2005; NANGOI, 2010). Um de seus indicadores é o consumo relativo de água, também denominado índice de satisfação das necessidades de água (ISNA), expresso através da razão entre a evapotranspiração real (Etr), que fornece a disponibilidade hídrica existente, em relação a evapotranspiração da cultura (Etc) na ausência de deficiência de água (MATZENAUER et al., 2003; NIED et al., 2005; LEIVAS et al., 2006; BATTISTI et al., 2013). A deficiência hídrica é caracterizada quando a evapotranspiração real é menor que a evapotranspiração da cultura, pois quanto maior for a deficiência, maior será o risco de redução na produtividade da cultura. Matzenauer et al. (2002) classificaram os riscos de deficiência hídrica, em nível decendial, para a produção de milho no Rio Grande do Sul em três níveis: baixo risco (Etr Etc-1 > 0,70); médio risco (0,50 ≤ Etr Etc-1 ≤ 0,70) e alto risco (Etr Etc-1 < 0,50). Leivas et al. (2006) adotaram o índice hídrico de 0,6 para a relação ETr Eto-1 como ponto crítico, abaixo do qual há deficiência hídrica climática severa. Independentemente da condição climática regional, as oscilações nas safras de milho, das principais regiões produtoras do Brasil, estão associadas à 56 disponibilidade de água, sobretudo no período crítico da cultura, que vai do pendoamento ao início do enchimento de grãos (BERGAMASCHI et al., 2004; NIED et al., 2005). No Sul do Brasil, mesmo em anos climaticamente favoráveis como aqueles de ocorrência do fenômeno El Niño, que apontam uma distribuição adequada de chuvas, pode haver redução da produtividade se a deficiência hídrica ocorrer no período crítico da cultura do milho (BERGAMASCHI et al., 2006). Em anos de ocorrência do fenômeno La Niña estudos realizados em São Miguel do Oeste e Chapecó, Oeste de Santa Catarina, verificaram que diminui a necessidade de água para a cultura do milho quanto mais tardia forem as semeaduras, simuladas em três datas (10/09, 10/10 e 10/11) onde as reduções na produtividade decorrentes da deficiência hídrica tendem a ser menores para semeaduras a partir de 10 de outubro (MINUZZI; RIBEIRO, 2012). Em Chapecó, Oeste Catarinense, a deficiência hídrica, que geralmente ocorre entre os meses de novembro a janeiro, é um dos fatores determinantes para a definição da melhor época de semeadura do milho por parte dos agricultores, pois é fundamental para evitar a coincidência de fatores negativos com os períodos críticos da cultura (FLESCH; MASSIGNAM, 2000). Em locais com altitude acima de 950 m, como na região Serrana de Santa Catarina, a produtividade do milho decresce significativamente quando os ciclos de cultivo coincidem com períodos de baixas temperaturas do ar, deficiência hídrica, menor disponibilidade de radiação solar e aumento da ocorrência de geadas, especialmente em semeaduras além do mês de janeiro (CARDOSO; SOCCOL, 2008). Para Serpa et al., (2012) em ambientes de sequeiro no Município de Eldorado do Sul, região da Depressão Central do Estado do Rio Grande do Sul é recomendada a antecipação da semeadura para o início de agosto até meados de setembro como uma estratégia para reduzir o risco de disponibilidade hídrica insuficiente em períodos críticos da cultura. Segundo esses autores, quando não há limitação de disponibilidade hídrica, a época preferencial para a semeadura ocorre em meados de outubro no Sul do Brasil, a fim de coincidir o estádio em que o milho apresenta a maior área foliar (espigamento) com o período do ano de maior disponibilidade de radiação solar (meados de dezembro a meados de janeiro) e com condições de temperatura favoráveis (em torno de 25 a 30°C). Porém, em regiões mais quentes do Rio Grande do Sul, quando a semeadura do milho ocorre em 57 outubro há maior probabilidade de ocorrência de deficiência hídrica no período crítico da cultura (MATZENAUER et al., 2002). A estimativa da redução de produtividade na cultura do milho é importante para o planejamento e tomada de decisões desde ao nível de propriedade rural até o nível de Estado. Uma das maneiras de se quantificar essas perdas devido à deficiência hídrica tem sido por meio de modelos de simulação (MASSIGNAM, 2005). Conforme Rosa et al. (2012) os modelos de simulação do balanço hídrico podem ser basicamente agrupados em modelos mecanicistas (determinísticos), baseados na simulação do fluxo de água no solo, e os modelos matemáticos (empíricos), baseados no cálculo direto do balanço hídrico da água do solo. Os modelos mecanicistas são altamente exigentes em termos de dados, particularmente em relação às propriedades hidráulicas do solo e das culturas, além de informações nutricionais, geralmente requerem investimento substancial para a aquisição de dados e necessitam de complexa parametrização e calibração. Exemplos para simulações com a cultura do milho incluem os modelos CERESMaize (JONES; KINIRY, 1986), DSSAT (NIELSEN et al., 2002), SWAP (VAZIFEDOUST et al., 2008) e AquaCrop (RAES et al., 2009). Em contraste a estes, os modelos matemáticos são geralmente concebidos para a simulação mais prática da programação de irrigação que pode ser de natureza empírica, exigem menos dados de entrada do solo, tem mais fácil parametrização da cultura, e pode empregar procedimentos mais simples para estimar a ETc. Os impactos da deficiência hídrica sobre a redução de produtividade são geralmente considerados por meios empíricos tais como os modelos de Stewart (STEWART et al., 1977; DOORENBOS; KASSAM, 1979) e JENSEN (1986). A precisão destes modelos para manejo da irrigação é alta quando os dados de solo e clima são de boa qualidade. Esses modelos são geralmente muito adequados para a programação de irrigação quando são capazes de relacionar a deficiência hídrica para se estimar, por exemplo, a redução de produtividade, como nos modelos ISAREG (TEIXEIRA; PEREIRA, 1992; LIU et al., 1998), ISM (GEORGE et al, 2000), BUDGET (RAES et al., 2006 ), Osiri (CHOPART et al., 2007) e PILOTE (KHALEDIAN et al., 2009). O ISAREG é um modelo de simulação volumétrico de balanço hídrico, facilmente parametrizado, que requer apenas a caracterização hidráulica essencial do solo e dados básicos da cultura, além de adotar funções simplificadas da relação água-rendimento para avaliar os efeitos da deficiência hídrica nas reduções de 58 produtividade (TEIXEIRA; PEREIRA, 1992). Apesar da simplicidade deste modelo em relação aos que exigem parametrizações complexas, o ISAREG também necessita de validação de seus pressupostos antes de sua utilização (JOBIM, 2007). O modelo ISAREG foi aplicado com bons resultados para diversas culturas e ambientes, tanto no âmbito internacional como para as condições da agropecuária brasileira (PEREIRA et al., 2003; VICTORIA et al., 2005; JOBIM, 2007; POPOVA; PEREIRA, 2011; CHATERLÁN et al., 2012; SARAIVA et al., 2013). A validação do modelo ISAREG para a região do Extremo Oeste Catarinense foi realizada conforme descrito em Guadagnin et al. (2012). Os resultados de redução de rendimento estimados pelo modelo na simulação do balanço hídrico foram comparados com dados de rendimento médio da cultura de milho IBGE (BRASIL, 2012b), considerando um Cambissolo nos usos e manejos de cultivo mínimo, plantio direto e pastagem perene. Os índices de precisão, exatidão e desempenho foram calculados e revelaram que os altos valores dos coeficientes de correlação obtidos em todas as avaliações indicaram o pequeno grau de dispersão dos dados em relação à média; os índices de concordâncias revelaram a boa precisão do modelo; os valores do indicador de desempenho obtidos na avaliação classificaram o modelo como ótimo, conforme a escala de Camargo e Sentelhas (1997). Este estudo diferencia-se de outros trabalhos relacionados à dinâmica das relações no sistema água-solo-planta-atmosfera em função da carência de pesquisas para as características da região de estudo, que registra a ocorrência de períodos de deficiência hídrica com impactos para a cultura do milho. Considerando as condições edafoclimáticas da região do Extremo Oeste Catarinense o presente trabalho tem por objetivos avaliar o impacto da deficiência hídrica no grau de redução de produtividade de milho, identificar as épocas de semeadura com menor risco de redução de produtividade do milho devido à deficiência hídrica, testar o modelo ISAREG na estimativa da redução de produtividade e definir os riscos de redução de produtividade decorrentes de deficiência hídrica. Materiais e métodos O estudo foi desenvolvido na região do Extremo Oeste do Estado de Santa Catarina. As variáveis meteorológicas com dados diários de temperatura, umidade 59 relativa do ar, precipitação pluvial, radiação solar e velocidade do vento foram obtidas na série histórica representativa para a região, para o período de 25 anos (1987 a 2011), da estação São Miguel do Oeste, SC (latitude 26°47'05''S, longitude 53°30'13''W e altitude de 700m) através da EPAGRI/CIRAM. Os parâmetros do solo foram obtidos através da coleta de 12 amostras de solos nas camadas de 0-0,10, 0,10-0,20, 0,20-0,40 e 0,40-0,60m, conforme metodologia descrita em VEIGA (2011). Foi considerada a classe predominante de solo da região constituída de 65% por Cambissolos (EMBRAPA, 2004). A seleção dos locais de coleta de solos foi baseada nas informações dos técnicos da Extensão Rural da Epagri, que identificaram estabelecimentos rurais com as características do solo e do sistema de manejo predominante na região, que conforme Veiga (2013) corresponde à semeadura direta. O modelo ISAREG (TEIXEIRA; PEREIRA, 1992) foi utilizado para calcular o balanço hídrico, em escala decendial, e estimar a redução da produtividade da cultura do milho. A validação do modelo foi realizada, conforme descrito em Guadagnin et al. (2012), através da comparação entre os resultados estimados pelo modelo e os dados de produtividade média do milho para a região (Fig. 1). Produtividade (kg ha-1) 7000 6000 5000 4000 3000 2000 1000 2011 2010 2009 2008 2007 2006 2005 2004 2003 2002 2001 2000 1999 1998 1997 1996 1995 1994 1993 1992 1991 1990 0 Anos Figura 1 – Produtividade média de milho na região do Extremo Oeste Catarinense no período de 1990-2011. Fonte: IBGE (BRASIL, 2012b) As variáveis de entrada do modelo ISAREG são: capacidade de campo, ponto de murcha permanente, profundidades das camadas de amostragem do solo, datas do início das fases fenológicas da cultura do milho, fator “p” de disponibilidade 60 de água no solo, profundidade do sistema radicular, coeficientes culturais (Kc e ky), total de precipitação e evapotranspiração de referência. A opção de simulações com o uso do modelo ISAREG deve-se à menor exigência de dados de entrada deste modelo quanto aos parâmetros de solo e de cultura, o emprego de procedimentos simples para estimar as reduções de produtividade, além de ter apresentado bons resultados para diferentes culturas e condições edafoclimáticas (PEREIRA et al., 2003; VICTORIA et al., 2005; JOBIM, 2007; POPOVA; PEREIRA, 2011; CHATERLÁN et al., 2012; SARAIVA et al., 2013). Para a aplicação do modelo ISAREG foram consideradas 19 épocas de semeadura de milho para os ciclos de maturação precoce, normal e tardio, espaçadas de dez em dez dias, de 12 de agosto a 08 de fevereiro, período de recomendação do Zoneamento Agrícola de Risco Climático do Ministério da Agricultura da safra 2011/2012 (BRASIL, 2012a), para os municípios da região do Extremo Oeste. A estimativa das datas de início de cada fase fenológica do milho foi definida com base em graus dia. Considerou-se os coeficientes de cultura (Kc) e o fator de disponibilidade de água no solo (p) conforme descrito em Doorenbos e Kassam (1979). O cálculo do balanço hídrico da cultura com o modelo ISAREG considera a metodologia Penman-Monteith/FAO (DOORENBOS; PRUITT, 1977; ALLEN et al., 1998). A identificação das épocas de semeadura menos sujeitas à deficiências hídricas prejudiciais ao milho foi avaliada através da estimativa da redução da produtividade, segundo o modelo monofásico de Stewart (STEWART et al., 1977), alterado por Doorenbos e Kassam (1979) expressa por uma relação linear entre o déficit de produção e o déficit de evapotranspiração, conforme a equação: (1) onde: Ya e Etr são respectivamente as produtividades e a evapotranspiração real da cultura e Ym e Etc são seus valores máximos. A relação Etr Etc-1 foi obtida por meio do balanço hídrico decendial. O fator de resposta da cultura à deficiência hídrica (ky), também denominado coeficiente de sensibilidade hídrica foi mantido constante (1,15) para todo o ciclo da cultura, conforme parametrização do modelo ISAREG. Essa parametrização pode representar uma limitação de desempenho do modelo ao 61 não permitir a introdução de valores de ky para as diferentes fases fenológicas do milho. Conforme Doorenbos e Kassam (1979), a sensibilidade da cultura do milho ao suprimento de água é classificada como média/alta, com valores de ky entre 1,00 a 1,15 isto porque o fator ky > 1,0 indica que a intensidade de redução da produtividade é proporcionalmente maior em relação ao aumento da deficiência hídrica. Andrioli e Sentelhas (2009) determinaram índices de sensibilidade à deficiência hídrica (ky) para diferentes fases fenológicas de milho e classificaram os genótipos em dois grupos. Os de resistência normal tiveram Ky entre 0,4 e 0,5 no período vegetativo, 1,4 e 1,5 no florescimento, 0,3 e 0,6 na frutificação, e 0,1 e 0,3 no período de maturação, enquanto os genótipos de maior resistência tiveram, respectivamente, os seguintes valores de Ky: 0,2-0,4; 0,7-1,2; 0,2-0,4; e 0,1-0,2. A estimativa das probabilidades de ocorrência de redução de produtividade foi determinada nas frequências superiores aos níveis de 10, 25 e 40% de redução na produtividade, níveis também estudados por Nied et al. (2005). As probabilidades foram calculadas através da função gama (), que permitiu o melhor ajuste dos parâmetros para cada uma das 19 séries de épocas de semeadura simuladas. A aderência das probabilidades para as frequências estimadas foi verificada pelo teste Qui-Quadrado em um nível de significância de 5%, conforme descrito em Naghettini e Pinto (2007). Resultados e discussão A média de redução de produtividade estimada através do modelo ISAREG foi de 25,1% entre as diferentes épocas e ciclos de maturação (Fig. 2). A redução de produtividade da cultura do milho devido à deficiência hídrica, estimada através do modelo ISAREG, na região do Extremo Oeste Catarinense apresentou pequena variação média entre as épocas de semeadura e ciclos de maturação analisados de até 3,9%. Devido à deficiência hídrica as reduções médias de produtividade variaram entre 23,9% a 27,1%, 22,8% a 26,6% e 22,5% a 26,4% para os ciclos de maturação precoce, normal e tardio, respectivamente. As maiores reduções de produtividade ocorreram no período inicial de semeadura (agosto) com tendência de decréscimo destas reduções até as épocas de semeadura tardia (janeiro-fevereiro), independente do ciclo de maturação. Estes resultados concordam com aqueles encontrados por Massignam (2007) para Campos Novos, Meio Oeste do Estado de 62 Santa Catarina, que também verificou uma pequena variação na disponibilidade hídrica média entre as épocas de semeadura e ciclos de maturação da cultura do milho, e de modo similar ao encontrado neste estudo, houve uma tendência de diminuição da deficiência hídrica a partir da época de semeadura do cedo (agosto) em relação às semeaduras do tarde (janeiro-fevereiro). Segundo o mesmo autor, além do risco de deficiência hídrica as semeaduras de milho no cedo (agosto) apresentam riscos elevados decorrentes do aumento da duração do subperíodo da semeadura à emergência devido às baixas temperaturas do ar, riscos de danos pela ocorrência de geadas no subperíodo da emergência à floração, valores da radiação solar média baixa que poderá ocasionar uma menor produção de biomassa devido a 8/2 29/1 19/1 9/1 30/12 20/12 Milho Tardio 10/12 30/11 20/11 31/10 Milho Normal 21/10 11/10 1/10 21/9 11/9 1/9 22/8 Milho Precoce 10/11 27.5 27.0 26.5 26.0 25.5 25.0 24.5 24.0 23.5 23.0 22.5 22.0 12/8 Redução de produtividade (%) menores taxas de fotossíntese. Épocas de semeadura Figura 2 – Redução de produtividade média estimada pelo modelo ISAREG para três grupos de maturação de milho cultivado em Cambissolo sob semeadura direta, em 19 épocas de semeadura, no período de 19902011 na região do Extremo Oeste Catarinense A tendência observada de ocorrerem reduções de produtividade mais elevadas nas épocas de semeadura do cedo em relação às semeaduras tardias, apesar das pequenas variações (Fig. 2), pode ser explicada em função dos períodos com maior risco de ocorrências de deficiências hídricas coincidirem com os subperíodos críticos da cultura. Neste sentido, Nied et al. (2005), em pesquisas na região central do Rio Grande do Sul, constataram que os maiores riscos de deficiências hídricas associadas às temperaturas elevadas ocorreram nas épocas de 63 semeadura de outubro à primeira quinzena de novembro, devido a maior probabilidade da coincidência do período crítico da cultura com a menor ocorrência de chuvas, que prejudicam a polinização e reduzem o número de grãos por espiga. Pequenas variações na redução de produtividade entre os três ciclos de maturação, em torno de 1%, foram observadas para as semeaduras realizadas até 10 de dezembro (Fig. 2). Nied et al. (2005) verificaram que existem diferenças de até 10% de probabilidade de maior ocorrência de deficiência hídrica no subperíodo crítico para três grupos de maturação de milho, avaliados na região central do Rio Grande do Sul, recomendando-se os genótipos superprecoces nas semeaduras do cedo (agosto) porque a maior probabilidade de deficiência hídrica ocorre 10 dias após o período mais crítico da cultura. Considerando as pequenas variações de redução média de produtividade em função da deficiência hídrica entre as épocas de semeadura e entre os ciclos de maturação representados na Fig. 2, pode-se inferir que a escolha da época de semeadura de milho para a região do Extremo Oeste Catarinense não deve se restringir apenas à ocorrência dos períodos com maior probabilidade de deficiência hídrica, devendo considerar a complexidade de fatores bióticos e abióticos relacionados com os diferentes sistemas de produção, como as características do estabelecimento rural, das cultivares de milho, o nível tecnológico do agricultor e o capital financeiro disponível. Massignam (2007) verificou que a disponibilidade hídrica não interfere na determinação da época de semeadura de milho em Campos Novos, região do Meio Oeste Catarinense. Porém, a concentração da semeadura em apenas uma época que normalmente é praticada na região, pode potencializar os riscos de ocorrências de deficiências hídricas, e necessita de estratégias como o escalonamento de semeadura e o manejo adequado do solo e da água para minimizar a probabilidade de redução de produtividade entre as safras. Os resultados da redução de produtividade, estimados pelo modelo ISAREG, apresentaram grande variação entre os anos (1987-2011) da série histórica e as épocas de semeaduras, apresentando reduções entre 0,6 a 61,2% (Fig. 3). A redução média de produtividade entre as 19 épocas de semeadura e os anos agrícolas foi estimada em 25,1%. Reduções superiores a 40% na produtividade do milho foram verificadas em 8% dos anos considerados. Os resultados de redução de produtividade estimados para o ano de 2005, um dos anos com altos índices que variaram entre 35 a 52%, foram semelhantes aos encontrados por Massignam 64 (2005) em municípios da região do Meio Oeste Catarinense, com valores de redução entre 40 a 64% devido às estiagens ocorridas na safra 2004/2005, que afetaram severamente a cultura do milho em diversas regiões do Estado de Santa Catarina. 22-ago 11-out 30-nov 19-jan 1-set 21-out 10-dez 29-jan 11-set 31-out 20-dez 8-fev 21-set 10-nov 30-dez RP média 2011 2010 2009 2008 2007 2006 2005 2004 2003 2002 2001 2000 1999 1998 1997 1996 1995 1994 1993 1992 1991 1990 1989 1988 65 60 55 50 45 40 35 30 25 20 15 10 5 0 1987 Redução de produtividade (%) 12-ago 1-out 20-nov 9-jan Ano agrícola Figura 3 – Redução de produtividade média estimada pelo modelo ISAREG para cada ano agrícola em diferentes épocas de semeadura de milho cultivado em Cambissolo sob semeadura direta, no período de 19902011 na região do Extremo Oeste Catarinense. Dados médios para três ciclos de maturação de milho As maiores reduções na produtividade média do milho estimada pelo modelo ISAREG foram observadas nos anos de 1991, 2002 e 2005 (Fig. 3). Verifica-se que os resultados de deficiência hídrica encontrados nesses anos correspondem às safras em que ocorreram reduções nas produtividades médias registradas pelo IBGE (Fig. 1). Apesar disso, a produtividade média do milho registrada pelo IBGE (BRASIL, 2012b) na região do Extremo Oeste Catarinense praticamente dobrou de valor entre os anos de 1990 a 2011, com uma tendência de acréscimo anual de aproximadamente 155,2kg ha-1. A diversidade de valores médios de redução de produtividade encontrada entre os anos podem refletir a complexidade de fatores que abrangem a variabilidade dos sistemas de cultivo em diversas condições edafoclimáticas, fitossanitárias e com custos de produção modificados a cada safra. No Sul do Brasil, as maiores reduções na produtividade devido à deficiência hídrica estão principalmente associadas às condições meteorológicas verificadas em 65 períodos de maior radiação solar, temperaturas elevadas e desigual distribuição das chuvas (MASSIGNAM, 2005; NIED et al., 2005; BERGAMASCHI et al., 2006). Nos anos agrícolas de 1988/89, 1995/96, 1998/99, 1999/00, 2000/01, 2007/08, 2010/11 foi verificada a ocorrência do evento La Niña (NOOA, 2013), que normalmente estão associados às maiores ocorrências de estiagens na região do Oeste Catarinense, especialmente entre outubro e novembro. Nos anos de La Niña verificou-se uma tendência de maiores reduções de produtividade nas semeaduras do cedo, como no ano agrícola 1995/96 no qual as semeaduras realizadas até o primeiro decêndio de setembro obtiveram reduções de produtividade estimadas em valores superiores a 30% (Fig. 3). Resultados similares também foram encontrados por Minuzzi e Ribeiro (2012) nas regiões de São Miguel do Oeste e Chapecó, Oeste de Santa Catarina, que constataram em anos de ocorrência de La Niña o maior risco de deficiência hídrica para semeaduras de milho no cedo (10/09). A análise entre a razão Etr Etc-1 e a redução de produtividade estimada com base em dados do IBGE, representados na Fig. 4, indica que 83,3% dos valores foram superiores a 0,7 e qualificados como de baixo risco, enquanto os demais resultados apresentaram índices entre 0,6 e 0,7 considerados como de médio risco, conforme a classificação proposta por Matzenauer et al. (2002). Redução de produtividade (%) 60 50 40 30 20 10 0 0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 ETr 0.6 0.7 0.8 0.9 1.0 ETc -1 Figura 4 - Relação entre a redução de produtividade com base em dados do IBGE e a razão (ETr Etc-1) para safras da cultura de milho cultivado em Cambissolo sob semeadura direta, no período de 1990-2011 na região do Extremo Oeste Catarinense. Valores médios de 19 épocas de semeadura e três ciclos de maturação de milho 66 Observou-se na Fig. 4 o baixo risco de deficiência hídrica severa, considerando como limite o valor crítico inferior a 0,6 para a razão Etr Eto -1 admitido por Leivas et al. (2006). Verifica-se que não há restrições para as épocas de semeadura consideradas de acordo com as normas do Zoneamento Agrícola de Risco Climático, para a cultura do milho no Estado de Santa Catarina, que declara aptos os municípios que apresentaram em, pelo menos 20% de seu território a razão Etr Etc-1 maior ou igual a 0,55 com frequência de 80% nos anos avaliados e risco de ocorrência de geada igual a 20% (BRASIL, 2012a). A não linearidade entre a razão Etr Etc-1 e a redução de produtividade, caracteriza uma limitação do modelo do ISAREG, que superestimou a redução de produtividade quando a razão Etr Etc-1 foi superior a 0,8. Acima desta razão ocorre um baixo risco de redução de produtividade, em média inferior a 10%. Segundo Bergamaschi et al. (2006), a razão Etr Etc-1 se estabiliza acima de 0,7 e explica quase 80% das variações da produtividade de milho que ocorreram no período mais crítico da cultura, quando a relação é quadrática e com maior grau de associação entre a produtividade e a deficiência hídrica. Embora os resultados apontem a maior frequência de baixo risco de deficiência hídrica, a ocorrência de razões Etr Etc-1 inferiores a 0,7 indica a possibilidade de períodos de deficiência hídrica que podem determinar reduções de produtividade elevadas (Fig. 4), principalmente quando se considera a grande variação existente entre os anos (Fig. 3). Massignam (2005) verificou que os menores valores de Etr Etc-1, quando coincidiram com períodos de elevada demanda evaporativa atmosférica e com grande variabilidade de precipitações determinaram as maiores reduções de produtividade na região do Meio Oeste Catarinense. Em ambientes com elevada variabilidade interanual das precipitações, como aquelas verificadas por Leivas et al. (2006) na região da Campanha do Rio Grande do Sul, ocorre maior probabilidade de deficiência hídrica decendial, concentrada no período entre o 2º decêndio de dezembro e o 2º de janeiro, visto que nesta região as condições de disponibilidade hídrica são inferiores às verificadas na metade norte do Rio Grande do Sul, próximas ao Estado de Santa Catarina. A correlação entre as estimativas de reduções de produtividade do IBGE e do modelo ISAREG apresenta grau satisfatório de dependência das variáveis (Fig. 5). Verifica-se que aproximadamente 70% das variações anuais de redução de produtividade estimada pelo modelo ISAREG estão correlacionadas com as 67 variações de redução de produtividade observadas a partir dos dados do IBGE. Assim, considera-se que o modelo ISAREG foi capaz de estimar a redução de produtividade devido à deficiência hídrica entre os anos quando comparado aos dados do IBGE, porém quando a razão Etr Etc-1 é superior a 0,8 o modelo foi menos Red. produtividade - IBGE (%) eficiente para estimar os valores de redução de produtividade da cultura do milho. 60 y = 0.0423x 2 - 1.4599x + 13.497 R² = 0.7096 50 40 30 20 10 0 0 10 20 30 40 50 60 Red. produtividade - ISAREG (%) Figura 5 - Relação entre a redução de produtividade observada pelo IBGE e a redução de produtividade estimada pelo modelo ISAREG, para safras da cultura de milho cultivado em Cambissolo sob semeadura direta, no período de 1990-2011 na região do Extremo Oeste Catarinense. Valores médios de 19 épocas de semeadura e três ciclos de maturação de milho A probabilidade de ocorrência de redução de produtividade com risco superior a 50% prejudicial à cultura do milho foi em média de 2,6% (Fig. 6). Verificou-se em média, 10,5% de probabilidade de ocorrer redução de produtividade em nível de 40%. Resultados semelhantes, com frequências de probabilidade inferiores a 10% para riscos de deficiências hídricas superiores a 40% foram encontrados por Nied et al. (2005) na região Central do Rio Grande do Sul. Por outro lado, observaram-se neste estudo que reduções de até 5% de produtividade obtiveram 98,2% de probabilidade de ocorrência. Verifica-se assim, que na maioria dos anos existem pequenas probabilidades da cultura do milho ficar exposta a deficiências hídricas severas na região do Extremo Oeste Catarinense, apesar do risco médio de 50% de probabilidade de ocorrer reduções de produtividade de até 25,1%, independente da época de semeadura e ciclo de maturação de milho. 68 1.00 0.90 Probabilidade 0.80 0.70 0.60 0.50 0.40 0.30 0.20 0.10 0.00 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 Redução de produtividade (%) Figura 6 – Probabilidade de ocorrência de redução de produtividade estimada pelo modelo ISAREG para safras da cultura de milho cultivado em Cambissolo sob semeadura direta, no período de 1990-2011 na região do Extremo Oeste Catarinense. Dados médios de 19 épocas de semeadura e três ciclos de maturação de milho A frequência de 50% de probabilidade de rendimentos nulos para semeaduras tardias realizadas após o 2º decêndio de fevereiro foi verificada por Cardoso e Soccol (2008) no Planalto Catarinense, devido especialmente às baixas temperaturas, maior risco de deficiência hídrica e redução de radiação solar. Na estimativa de produtividade de milho em função da disponibilidade hídrica para a região Central do Paraná, Wagner et al. (2013) concluíram que a probabilidade média de redução de produtividade por deficiência hídrica é de aproximadamente 50%, diferentemente ao encontrado neste estudo. Considerando a grande variabilidade de reduções de produtividade encontrada entre os anos, é recomendável buscar estratégias que minimizem a probabilidade de reduções drásticas, mesmo que em níveis baixos de ocorrência. A observação do zoneamento agroclimático considerando os riscos climáticos para o adequado planejamento agrícola, além da possibilidade de distribuição das épocas de semeadura através do escalonamento bem como a melhoria da qualidade do solo através de sistemas de manejo que promovam o aumento do armazenamento de água no solo representam contribuições importantes para reduzir os riscos de deficiência hídrica. 69 Conclusões 1. A deficiência hídrica tem impacto sobre a redução de produtividade estimada pelo modelo ISAREG, com redução média de produtividade de 25,1%. 2. As maiores reduções de produtividade de milho ocorrem no período inicial de semeadura (agosto) e as menores reduções nas épocas de semeadura tardia (janeiro-fevereiro) na região do Extremo Oeste Catarinense. 3. A redução de produtividade devido à deficiência hídrica apresenta pequena variação, entre 27,1 a 22,5%, entre as dezenove épocas de semeadura e três ciclos de maturação de milho analisados para a região de estudo. 4. O modelo ISAREG foi capaz de estimar a redução de produtividade, entretanto superestima os valores de redução quando a razão Etr Etc-1 é maior que 0,8. 5. Existe 50% de probabilidade da produtividade ser reduzida em 25% em relação a produtividade potencial da região do Extremo Oeste Catarinense. DISCUSSÃO GERAL A avaliação dos cenários hidroagrícolas em sistemas de produção de base familiar da região do Extremo Oeste Catarinense permitiu gerar informações sobre o uso da água na agricultura, a partir da demanda regional prioritária na área de gestão de recursos hídricos com ênfase em metodologias de captação, armazenamento, utilização/reuso da água na agricultura. Desse modo, o estudo contemplou aspectos especialmente relacionados às alterações nas propriedades físico-hídricas, a qualidade do solo e o armazenamento de água facilmente disponível em função de sistemas de uso e manejo em diferentes classes de solos e dos impactos da deficiência hídrica sobre a redução de produtividade do milho. Inicialmente verificou-se que os efeitos dos diferentes sistemas de uso e manejo, e da variabilidade existente entre as principais classes de solos da região do Extremo Oeste Catarinense, influenciam alterações nas propriedades físicohídricas como a densidade, a porosidade, a resistência à penetração e a água facilmente disponível. Entretanto, as variações observadas nesses atributos não atingem índices considerados críticos e, portanto, não comprometem a qualidade física dos solos estudados. As condições estruturais satisfatórias, com exceção da resistência à penetração, e os teores adequados de matéria orgânica na camada superficial dos solos não confirmaram a hipótese de que os sistemas de uso e manejo afetam o armazenamento de água facilmente disponível que, no entanto, foi influenciado pela variabilidade intrínseca existente entre as classes de solo. A análise da contribuição de cada uma das variáveis que interferem sobre a capacidade de água facilmente disponível permite verificar que o maior armazenamento foi observado no Cambissolo manejado em cultivo mínimo, superior à capacidade de armazenamento encontrada no Latossolo, que por sua vez, difere do conteúdo de água facilmente disponível do Nitossolo. 71 As avaliações do efeito da deficiência hídrica na redução de produtividade de milho, através do cálculo do balanço hídrico decendial, foram realizadas com o uso do modelo ISAREG, segundo a metodologia Penman-Monteith/FAO, considerando um Cambissolo manejado no sistema de semeadura direta. As simulações de dezenove datas de semeadura de milho, para os grupos de maturação precoce, normal e tardio, no período 1989/90 a 2010/11 apresentaram o valor médio de 25,1% de redução de produtividade devido à ocorrência de deficiência hídrica. Constatou-se pequena variação na redução de produtividade média, entre 27,1 a 22,5% para os três grupos de maturação de milho, e uma tendência de redução de produtividade a partir das épocas iniciais de semeadura avaliadas. As análises da redução de produtividade estimada pelo modelo ISAREG apresentaram grande variação (entre 0,6 a 61,2%) para a série histórica avaliada (1987-2011), sendo que em 8% dos anos verificaram-se reduções superiores a 40% entre as diferentes épocas de semeadura estudadas, provavelmente associadas à períodos de severa estiagem. Contudo, entre os anos de 1990 a 2011 a produtividade média do milho para a região do Extremo Oeste Catarinense praticamente duplicou de valor devido aos avanços tecnológicos da cultura, segundo dados do IBGE (BRASIL, 2012b). A relação entre a redução de produtividade baseado em registros do IBGE e a razão Etr Etc-1 apresentaram valores superiores a 0,7 indicando baixo risco de deficiência hídrica em 83,3% das simulações realizadas. Entretanto, a não linearidade entre a razão Etr Etc-1 e a redução de produtividade demonstra uma limitação do modelo ISAREG, o qual superestimou valores de redução de produtividade quando a razão Etr Etc-1 foi superior a 0,8. No entanto, o ISAREG permite estimar a redução de produtividade devido à deficiência hídrica, visto que apresenta grau de satisfatório de correlação, próximo de 70%, na análise das variações anuais de redução de produtividade estimadas pelo modelo em relação às reduções constatadas pelo IBGE. O risco de deficiência hídrica, capaz de provocar índice igual ou superior a 40% de redução de produtividade para o milho, apresenta probabilidade de ocorrência inferior a 10,5%. As reduções de produtividade em nível de até 5% apresentam 98,2% de probabilidade de ocorrência nas simulações realizadas através do modelo ISAREG, para a região do Extremo Oeste Catarinense. CONCLUSÕES GERAIS Os resultados obtidos para as condições edafoclimáticas do estudo permitem aplicar as informações geradas para a melhoria do uso da água na agricultura da região do Extremo Oeste Catarinense. Os usos e manejos em semeadura direta, cultivo mínimo e pastagem perene em Cambissolos, Latossolos e Nitossolos da região influenciaram alterações nas propriedades físico-hídricas, porém sem comprometer a qualidade física dos solos avaliados. Os sistemas de uso e manejo praticados na região não afetam o armazenamento de água facilmente disponível, o qual é influenciado pelas diferentes classes de solos, nas quais o Cambissolo apresenta quantidade superior de armazenamento em relação ao Latossolo e Nitossolo, respectivamente, em 31,4 e 49,6% no manejo em cultivo mínimo. A redução de produtividade média estimada pelo modelo ISAREG foi de 25,1% para a região do Extremo Oeste Catarinense. As épocas de semeadura e os ciclos de maturação de milho avaliados apresentam pequena variação de até 3,9% na redução de produtividade, com a tendência de decréscimo a partir do período inicial de semeadura de agosto em relação a fevereiro. A maior variação na redução de produtividade média é encontrada entre os anos agrícolas, com valores entre 0,6 a 61,2%, estimadas pelo modelo ISAREG para as épocas de semeadura avaliadas. REFERÊNCIAS ALLEN, R. A.; PEREIRA, L. S.; RAES, D.; SMITH, M. Crop evapotranspiration: guidelines for computing crop requerimentns. Roma: FAO, 1998. 328p. (Irrigation and drainage paper, 56). ANDRIOLI, K. G.; SENTELHAS, P. C. Brazilian maize genotypes sensitivity to water deficit estimated through a simple crop yield model. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.44, n.7, p.653-660, 2009. ARAÚJO, L. A. Indicadores técnicos e econômicos para a gestão de propriedades rurais produtoras de fumo em Santa Catarina. Florianópolis: Epagri, 2009. 63p. (Epagri. 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